MPE-Ação PabloMarcal-17ago204

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Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo

PJe - Processo Judicial Eletrônico

19/08/2024

Número: 0601144-85.2024.6.26.0001
Classe: AçãO DE INVESTIGAçãO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador: 001ª ZONA ELEITORAL DE SÃO PAULO SP
Última distribuição : 17/08/2024
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0600413-89.2024.6.26.0001
Assuntos: Abuso - De Poder Econômico
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SAO PAULO
(AUTOR)
PABLO HENRIQUE COSTA MARCAL (REU)

Outros participantes
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
(FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
124606746 17/08/2024 AIJE-0600413-89.2024.6.26.0001-AB-PE Manifestação do MPE
12:06
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª ZONA ELEITORAL DO


ESTADO DE SÃO PAULO – BELA VISTA

O Ministério Público Eleitoral, pelo Promotor


Eleitoral que esta subscreve, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
ajuizar, com fundamento no art. 22, c. c. art. 24, ambos da Lei Complementar n.º 64/90,
a presente AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL contra o candidato
PABLO HENRIQUE COSTA MARCAL, candidato ao cargo de Prefeito Municipal de
São Paulo, no endereço constante do seu Registro de Candidatura (RECAND n.º
0600413-89.2024.6.26.0001), que pode ser citado na pessoa de seu representante legal,
no endereço e nos meios indicados no endereço do representante legal constante do banco
de dados da Justiça Eleitoral ou no pedido de registro, o que faz nos seguintes termos.

I – DA PRIORIDADE DOS ATOS.

Diante do fato de se tratar de ação de investigação eleitoral,


o art. 26-B da referida atribui prioridade na tramitação dos autos, fato que postulamos
para a análise do mérito da demanda.

II – DOS FATOS.

Durante o período pré-eleitoral e da formação de campanha


política para as eleições que se aproximam, houve o recebimento pelo Ministério Público

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Eleitoral de representação do PSB contra o candidato, em face dos fatos a serem postos
em discussão sobre temas que apontam para mérito que pode interferir no registro de sua
candidatura. Portanto, após o pedido de informações para o candidato, para o partido e
para os envolvidos temos os seguintes pontos que justificação a presente ação de
investigação. Assim, diante dos documentos reunidos e em anexo, temos os fatos
suscitados pelos representantes.

III – DO ABUSO DO PODER ECONÔMICO.

Quanto ao abuso do poder econômico, o Diretório


Municipal do MDB efetivou representação sobre os fatos relacionados aos eventos
carnavalescos com farta distribuição de brindes promocionais de candidatura com uso de
evento público para seu favorecimento e promoção pessoal.

A representação trouxe informação, citando vídeos e sites


de noticiários, para mencionar que o candidato “vem desenvolvendo uma estratégia de
cooptação de colaboradores para disseminação de seus conteúdos em redes sociais e
serviços de streaming que, com os olhos voltados para as eleições, se reveste de caráter
ilícito e abusivo”. Prosseguiu, informando a matéria do Jornal o GLOBO: “16.06.2024
divulgou notícia (PDF em anexo) com o seguinte título: Marçal turbina audiência nas
redes sociais com promessa de ganhos financeiros a apoiadores”.

Informou a representação que há “impossibilidade de


qualquer tipo de propaganda feita ou custeada por pessoa jurídica e a exclusividade de
que propaganda paga na internet se dê apenas por meio de partidos, coligações,
federações e candidatos, com o uso de recursos disponibilizados a todos pelas próprias
plataformas que tenham previamente se cadastrado perante a Justiça Eleitoral”.

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De acordo com o material e com a documentação anexa,


temos que o estímulo das redes sociais para replicar sua propaganda eleitoral é financiado,
mediante a promessa de pagamentos aos “cabos eleitorais” e “simpatizantes” para que as
ideias sejam disseminadas no sentido de apoio eleitoral à sua candidatura.

Neste sentido, tem-se que o impulsionamento pago é


vedado pela legislação eleitoral. Para desviar desta proibição, o candidato não faz o
impulsionamento diretamente. Ao contrário, estimula o pretenso cabo eleitoral ou eleitor
para que, de vontade própria, façam sua própria postagem ou propaganda. Neste
momento, poder-se-ia até identificar a voluntariedade. Mas o comportamento não
repousou apenas neste aspecto.

Ao estimular o eleitorado a propagar as mensagens


eleitorais pela internet, o candidato, sem declarar a forma de pagamento e computar os
fatos financeiramente em prestação de contas ou documentações transparentes e hábeis à
demonstração da lisura de contas, aponta para uma quantidade financeira não declarada,
não documentada e sem condições de relacionamento dos limites econômicos utilizados
para o ‘fomento eleitoral’ de tais comportamentos, desequilibrando o pleito eleitoral.

Neste sentido, o abuso do poder econômico e a omissão do


dinheiro desempenhado para os pagamentos e impulsionamento de tais publicidades
documentadas pelo material em anexo são comportamentos que depõem
desfavoravelmente ao registro de candidatura do representado, em face do financiamento
não declarado de campanha, fato que compromete sistematicamente as contas a serem
analisadas.

Os documentos estão colacionados nos autos em anexo para


a demonstração dos fatos.

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IV – DOS FUNDAMENTOS.

O direito eleitoral visa resguardar a isonomia e a lisura dos


processos eleitorais, que devem se desenvolver livres do abuso de poder econômico e
político, como deriva do art. 14, § 9.º, da Constituição Federal.

A Lei Complementar n.º 64/90, que em seus arts 19 a 22,


indicou com clareza que as transgressões pertinentes à origem de valores pecuniários, o
abuso de poder econômico, o abuso de poder de autoridade e o uso indevido de meios de
comunicação social em benefício de candidaturas devem ser reprimidos com veemência,
gerando a cassação do registro/diploma e a pena de inelegibilidade cominada potenciada
por oito anos quando demonstrada a procedência das acusações.

Na tarefa de tutelar a lisura e a normalidade dos certames


eleitorais, a Justiça Eleitoral vem fazendo uma interpretação mais ampla e sistemática das
regras que compõem do sistema e contenção do abuso nas eleições (derivado do art. 14,
§ 9º da CF/88 e da legislação infraconstitucional que lhe dá concretude) para gerar meios
de inibição de outras cepas de poderes que, tanto quanto o econômico, o político e o
derivado dos meios de comunicação social, podem ser utilizados para alavancar
candidaturas em prejuízo da igualdade de chances na disputa eleitoral.

O abuso do poder econômico é todo gasto ilegal e excessivo


de recursos a determinadas candidaturas, desigualando as forças dos concorrentes na
disputa eleitoral e comprometendo, com isso, a lisura do certame e a liberdade de voto
(TSE, RO ng 457327, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, DJE 26.09.2016; AgR-Respe
38923, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 01.09.14).

No caso dos autos, é muito nítida a existência de um


verdadeiro abuso de direito por parte do investigado porque este, a pretexto de

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desenvolver sua pré-campanha (que admite a divulgação amplíssima de ideias e opiniões


políticas, mas veda o gasto excessivo e descontrolado de recursos financeiros), iniciou
verdadeiramente sua campanha eleitoral, com utilização dos recursos econômicos não
declarados e, outrora, originados de empresas e de financiamento públicos questionáveis,
realizando atos ilícitos, não de propaganda ilícita antecipada já apuradas, mas abusando
também do poder político para extrair sua vantagem indevida na captação de votos.

Na pré-campanha, pode-se discutir política e temas de


interesses comunitários; pode haver reuniões para debater tais temas, organizar eleições
e viabilizar candidaturas e alianças; contudo, não podem existir gastos excessivos nesse
período, especialmente se eles ficarem, num primeiro momento, à margem de qualquer
contabilização oficial e fiscalização da Justiça Eleitoral.

Com o máximo respeito, não se sabe de onde vieram os


recursos utilizados para alavancar o nome do investigado e tampouco quanto de dinheiro
foi utilizado nesse momento. O que se sabe, com o máximo respeito, é que tais atos
(típicos de campanha) consumiram recursos financeiros que não poderiam ser gastos
nesse momento e, por isso, resta caracterizado o abuso de poder econômico (art. 237 do
CE, art.18, 19, 20 e 22 da LC 64/90; art.14, § 9º da CF/88) e também o ilícito do art. 30-
A da L.9.504/97.

Por isso, os fundamentos previstos nos incisos XIV e XVI


do art. 22, da Lei Complementar n.º 64/90 (inserido pela LC 135/2010), não se exige o
exame da potencialidade lesiva do ato ou de qualquer nexo de causalidade do fato com o
resultado da demanda (do contrário, seria impossível julgar o abuso de poder antes da
realização das eleições, inexistindo razão jurídica para ser a cassação do registro uma das
penas possíveis em caso de procedência).

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Exige-se apenas o exame da gravidade da conduta que,


considerando-se aqui seu aspecto subjetivo (culpabilidade do agente), é muito aquilatada.

Ante o exposto, e pelo mais que consta dos autos, o


Ministério Público requer a instauração da presente Ação de Investigação Judicial
Eleitoral, diante dos comportamentos expostos quanto ao abuso do poder econômico, com
a devida notificação do requerido para sua defesa formal, e, ao final, que seja julgada
procedente a ação de investigação judicial eleitoral para se aplicar as penas do art. 22,
XIV e XVI, da Lei Complementar n.º 64/90 (inelegibilidade e cassação do
registro/diploma), bem como o reconhecimento da inelegibilidade por 08 (oito) anos, com
as demais consequências das penas do art.30-A, §2.º da L.9.504/97 (negação ou cassação
do diploma).

Postula, ainda, liminarmente a suspensão do registro de


candidatura do representado, para se evitar a irreversibilidade dos fatos, até julgamento
final.

Postula-se, por fim, as seguintes provas:

a) Prova oral, trazendo o rol abaixo;

b) que sejam baixados todos os vídeos indicados nas URLs mencionadas na


documentação para integrar a prova dos autos;

c) que seja notificado Pablo Marçal para que informe o total de recursos financeiros
pagos aos titulares dos perfis que fazem os cortes e a origem desses recursos que foram
repassados (com prova documental de PIX ou qualquer forma de transferência desses
recursos para as contas bancárias dos titulares), bem como os dados pessoas que permitam

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a identificação das pessoas beneficiadas com as transferências de recursos


financeiros/remuneração;

d) que seja efetivada a quebra de sigilo fiscal e bancário das empresas do representado.

ROL DE TESTEMUNHAS

- HÉLIO FREITAS DE CARVALHO DA SILVEIRA;


- MARCELO SANTIAGO DE PADUA ANDRADE;
- TABATA CLAUDIA AMARAL DE PONTES.

São Paulo, 17 de agosto de 2024.

Fabiano Augusto Petean


Promotor Eleitoral

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