0600156-23.2024.6.18.0022-6

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Tribunal Regional Eleitoral do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

11/09/2024

Número: 0600156-23.2024.6.18.0022
Classe: RECURSO ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Relatoria Juiz de Direito 1
Última distribuição : 08/09/2024
Assuntos: Impugnação ao Registro de Candidatura, Registro de Candidatura - RRC - Candidato,
Cargo - Prefeito, Eleições - Eleição Majoritária
Segredo de Justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
FEDERAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA - FE BRASIL (PT/PC
do B/PV) - CRISTALÂNDIA DO PIAUÍ - PI (INTERESSADA)
ARIANO MESSIAS NOGUEIRA PARANAGUA
(RECORRENTE)
LAYANA ARAUJO ALVES GOIS (ADVOGADO)
NAIRA FERNANDA PEREIRA DA SILVA (ADVOGADO)
VICTOR BARRETO ARAUJO (ADVOGADO)
EDSON VIEIRA ARAUJO (ADVOGADO)
MILLIA DE OLIVEIRA MACEDO SOUZA (ADVOGADO)
DIRETORIO PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO
BRASILEIRO (RECORRIDO)
ROSIANE AGUIAR SILVA (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PIAUÍ
(RECORRIDO)

Outros participantes
MINISTERIO PUBLICO DA UNIAO (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22225068 11/09/2024 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
14:18
PR-PI-MANIFESTAÇÃO-14984/2024

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NO PIAUÍ

PROCESSO TRE-PI-RE-0600156-23.2024.6.18.0022

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RECORRENTE: ARIANO MESSIAS NOGUEIRA PARANAGUA
RECORRIDO: PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO PIAUÍ e DIRETÓRIO
PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO
RELATOR: LIRTON NOGUEIRA SANTOS

Excelentíssimo Senhor Relator,


O Ministério Público Eleitoral, pelo Procurador Regional Eleitoral, vem
apresentar PARECER nos autos, nos seguintes termos:

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I. RELATÓRIO
Trata-se de recurso interposto pelo ARIANO MESSIAS NOGUEIRA
PARANAGUA em face de sentença que julgou procedente a impugnação apresentada
pelo MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO- MDB e pelo MINISTÉRIO
PUBLICO ELEITORAL, e indeferiu o pedido de registro de candidatura de ARIANO
MESSIAS NOGUEIRA PARANAGUÁ, para concorrer ao cargo de Prefeito nas Eleições
municipais de 2024, no Município de Cristalândia do Piauí, com fulcro no art. 1º, inciso I,
alínea “g”, da Lei Complementar N.º 64/90.
Na origem, publicado o edital do registro, houve a apresentação de
impugnação, por parte do MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO - MDB, bem
como pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, pugnando pelo indeferimento do registro,
em razão de existência de inelegibilidade.
Em ambas as impugnações, os fatos imputados ao candidato impugnado foi a
incidência de inelegibilidade, considerando:
1 - as contas do Cargo de Prefeito do município de Cristalândia do Piauí/PI -
julgadas irregulares pela Câmara de Vereadores do município de
Cristalândia do Piauí/PI, do Exercício de 2017 – PRESTAÇÃO DE
CONTAS DE GESTÃO – PROCESSO TCE/PI TC 007018/2018 e TC
016090/2021 (Análise de Recurso de Reconsideração);
2 - as contas do Cargo de Prefeito do município de Cristalândia do Piauí/PI -

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julgadas REPROVADAS pela Câmara de Vereadores do município de


Cristalândia do Piauí/PI, do Exercício de 2018 – PRESTAÇÃO DE

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CONTAS DE GOVERNO – PROCESSO TCE/PI TC 011374/2018.
3 - as contas do Cargo de Prefeito do município de Cristalândia do Piauí/PI
- julgadas REPROVADAS pela Câmara de Vereadores do município de
Cristalândia do Piauí/PI, do Exercício de 2019 – PRESTAÇÃO DE
CONTAS DE GOVERNO – PROCESSO TCE/PI TC 022157/2019 e TC
004709/2022
Transcorrido regularmente a tramitação das ações impugnatória, sobreveio a
sentença recorrida, que resumiu-se a dizer "o candidato carece de condição de elegibilidade,
sendo o indeferimento do seu requerimento de registro a medida que se impõe".

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Inconformado, o recorrente fundamentou suas razões recursais, no que segue: I
- a decisão não levou em consideração o novo dispositivo contido na mesma LC 64/90, qual
seja, o parágrafo 4º-A, do art. 1º, inciso I, alínea g; II - o candidato encontra-se totalmente
elegível por não ter os 05 (cinco) requisitos que geram a inelegibilidade, faltar-lhe 02
(requisitos), pois apesar de ter suas contas sido julgadas irregulares, não houve caracterização
de improbidade no julgamento das contas e não houve a imputação de débito e foram
sancionadas exclusivamente com pagamento de multa, enquadrando-se na exceção prevista
na Lei Complementar nº 184/21 que trouxe alterações imediatas na Lei Complementar nº
64/90 e III - A competência para o julgamento da prestação de contas de governo do chefe do
poder executivo municipal cabe ao legislativo local, no caso, a Câmara Municipal de
Cristalândia – PI, esta julgou – homologando ipsis litteris o Parecer Prévio do Tribunal de
Contas do Piauí (o julgamento teve o resultado de 5X4 pela homologação, logo a Câmara não
teve o quórum qualificado de 2\3 para conseguir alterar o parecer do TCE\PI) - as contas
referentes ao exercício de 2017, 2018 e 2019, irregulares.
Contrarrazões do MPE em ID 22219520.
Contrarrazões do MDB em ID 22219522.
Remetidos os autos para este Tribunal Regional Eleitoral, vieram para emissão
de parecer.

II. DA ADMISSIBILIDADE RECURSAL


De início, tem-se que o presente recurso é tempestivo, posto que interposto no

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prazo de 3 dias, previsto no artigo 58, §2º, da Resolução TSE nº 23.609/2019 e no artigo 8º,
caput, da LC 64/90.

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Aliado ao cumprimento do requisito da tempestividade, verifica-se que o
recorrente é parte legítima e que possui interesse recursal, devendo, portanto, o recurso ser
conhecido.
III. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
No mérito, a celeuma gira em torno de examinar a incidência da ou não da
inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I, “g”, da LC 64/90, cite-se:
Art. 1º São inelegíveis:

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I - para qualquer cargo:
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente,
salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as
eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da
data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da
Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de
mandatários que houverem agido nessa condição.
In casu, o candidato teve:
1 - as contas de gestão, enquanto ocupou o Cargo de Prefeito do município
de Cristalândia do Piauí/PI - julgadas irregulares pela Câmara de Vereadores
do município de Cristalândia do Piauí/PI, do Exercício de 2017 –
PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GESTÃO – PROCESSO TCE/PI TC
007018/2018 e TC 016090/2021.
2 - as contas de governo, enquanto ocupou o Cargo de Prefeito do município
de Cristalândia do Piauí/PI - julgadas REPROVADAS pela Câmara de
Vereadores do município de Cristalândia do Piauí/PI, do Exercício de 2018
– PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GOVERNO – PROCESSO TCE/PI TC
011374/2018.
3 - as contas de governo, enquanto ocupou o Cargo de Prefeito do
município de Cristalândia do Piauí/PI - julgadas REPROVADAS pela
Câmara de Vereadores do município de Cristalândia do Piauí/PI, do
Exercício de 2019 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GOVERNO –
PROCESSO TCE/PI TC 022157/2019 e TC 004709/2022
Quanto aos requisitos configuradores da referida inelegibilidade, a sentença

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entendeu que houve o cumprimento de todos. Esses são: i) o exercício de cargos ou funções
públicas; ii) a rejeição das contas por órgão competente; iii) a insanabilidade da irregularidade

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apurada, iv) o ato doloso de improbidade administrativa; v) a irrecorribilidade do
pronunciamento que desaprovou as contas; vi) a inexistência de suspensão ou anulação
judicial do aresto condenatório.
No tocante à competência, compete à Câmara Municipal o julgamento das
contas de exercício e de gestão do prefeito, sendo o parecer técnico emitido pela Corte de
Contas meramente opinativo.
Assim o STF, no julgamento do RE nº 848.826, com repercussão geral
reconhecida, decidiu que "é exclusivamente da Câmara Municipal a competência para julgar

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as contas de governo e as contas de gestão dos Prefeitos, cabendo ao Tribunal de Contas
auxiliar o Poder Legislativo, emitindo parecer prévio e opinativo, que somente poderá ser
derrubado por decisão de 2/3 dos vereadores".
Fixadas as balizadas, passa-se à análise de cada rejeição.
Antes porém, necessário avaliar o argumento do recorrente de que "a decisão
não levou em consideração o novo dispositivo contido na mesma LC 64/90, qual seja, o
parágrafo 4º-A, do art. 1º, inciso I, alínea g", que prevê que "A inelegibilidade prevista na
alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei
como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada".
Cuida-se de questão que já foi enfrentada pelo TSE, mas encontra-se em
debate no STF, considerada como de repercussão geral, assim reconhecida em julgamento do
dia 06.09.2024. É o tema 1304 de Repercussão Geral do STF (ainda não julgado de forma
definitiva) que trata da “incidência do § 4º-A do art. 1º da LC nº 64/90 ao julgamento de
contas de Chefe do Poder Executivo perante o Poder Legislativo”.
A despeito disso, como dito, o TSE já se pronunciou sobre a temática,
entendendo que a nova regra trazida no § 4º–A do art. 1º da LC 64 /90 se aplica apenas nas
hipóteses em que o julgamento das contas públicas seja realizado por tribunal de contas.
Cite-se o teor do precedente:
RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2022. DEPUTADO ESTADUAL.
REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. REJEIÇÃO DE
CONTAS PÚBLICAS. ART. 1º, I, G, DA LC 64/90.1. Recurso ordinário

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interposto contra acórdão do TRE/SP em que se deferiu o registro do ora


recorrido, candidato não eleito ao cargo de deputado estadual de São Paulo

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nas Eleições 2022 (obteve 6.990 votos), afastando–se a inelegibilidade do
art. 1º, I, g, da LC 64/90 (rejeição de contas públicas), em decorrência da
regra do § 4º–A do mesmo dispositivo legal.INTERPRETAÇÃO
CONFORME A CONSTITUIÇÃO DO § 4º–A DO ART. 1º DA LC 64/90.
APLICAÇÃO APENAS NAS HIPÓTESES DE JULGAMENTO POR
TRIBUNAIS DE CONTAS. MORALIDADE E PROBIDADE
ADMINISTRATIVA. PROTEÇÃO. ADEQUADA CONCRETIZAÇÃO
DO DIREITO .2. Consoante o art. 1º, inciso I, alínea g, da LC 64/90, são
inelegíveis "os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou
funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato
doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão

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competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder
Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes
[...]" .3. De acordo com o art. 1º, § 4º–A, da LC 64/90, incluído pela LC
184/2021, "[a] inelegibilidade prevista na alínea g do inciso I do caput deste
artigo não se aplica aos responsáveis que tenham tido suas contas julgadas
irregulares sem imputação de débito e sancionados exclusivamente com o
pagamento de multa" .4. A Constituição brasileira prevê sistema de controle
externo em que a fiscalização dos gestores públicos é exercida por dois
órgãos autônomos – Poder Legislativo e Tribunais de Contas – com distintas
competências estabelecidas no próprio texto constitucional (arts. 49, IX, 70
e 71 da CF/88) .5. Nas hipóteses em que o Tribunal de Contas da União é
competente para julgar as contas (art. 71, II, da CF/88), há previsão
constitucional expressa de imposição de multa e de imputação de débito (art.
71, VIII e § 3º, da CF/88), o que também se aplica ao julgamento pelas
demais Cortes de Contas. Por sua vez, o Poder Legislativo, ao julgar contas
anuais de chefe do Executivo – e, no caso de prefeitos, também as contas de
exercício – limita–se a decidir por sua aprovação, aprovação com ressalvas
ou rejeição, não se prevendo qualquer espécie de penalidade .6. Impõe–se
conferir interpretação conforme a Constituição ao § 4º–A do art. 1º da LC
64/90 a fim de que essa regra incida apenas nas hipóteses de julgamento de
gestores públicos pelos tribunais de contas. Não se afigura razoável que o
dispositivo seja aplicado de modo absolutamente incompatível com a
proteção dos valores da probidade administrativa e da moralidade para
exercício de mandato, especialmente destacados no art. 14, § 9º, da CF/88, o
que ocorreria caso os chefes do Poder Executivo fossem excluídos de forma
automática da incidência dessa causa de inelegibilidade, já que no
julgamento de suas contas anuais e de exercício não há imputação de débito
ou imposição de multa.CASO DOS AUTOS. CONTAS DE PREFEITO.
JULGAMENTO PELA CÂMARA MUNICIPAL. § 4º–A DO ART. 1º DA
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LC 64/90. INAPLICABILIDADE. REJEIÇÃO DE CONTAS.


EXERCÍCIOS FINANCEIROS DE 2018 E 2019. IRREGULARIDADES

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INSANÁVEIS. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE.
CARACTERIZAÇÃO. INELEGIBILIDADE CONFIGURADA .7. Na linha
do que decidiu esta Corte em recentíssimo julgado, "a nova redação da Lei
de Improbidade Administrativa passou a exigir o dolo específico para a
configuração do ato de improbidade administrativa", o que se aplica à causa
de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC 64/90 (RO 0601046–26/PE,
redator para acórdão Min. Ricardo Lewandowski, publicado em sessão em
10/11/2022) .8. Na espécie, é incontroverso que o recorrido, na qualidade de
Prefeito de Rio Claro/SP, teve contas públicas relativas aos exercícios de
2018 e 2019 rejeitadas pelo Poder Legislativo do município .9. As contas do
exercício de 2018 foram rejeitadas por meio do Decreto Legislativo nº 640,

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de 8/9/2021 em decorrência da falta de recolhimento de obrigações
previdenciárias. As contas de 2019, por sua vez, foram desaprovadas por
meio do Decreto Legislativo nº 662, de 29/6/2022, tendo em vista, entre
outras irregularidades, déficit de execução orçamentária, elevação do
endividamento e falta de pagamento de encargos previdenciários.10.
Assume particular gravidade o déficit de execução orçamentária, tendo em
vista o expressivo valor da irregularidade, superior a quatorze milhões de
reais, bem como a circunstância apontada no parecer prévio do TCE/SP de
que "o resultado orçamentário deficitário contribuiu para a elevação do
déficit financeiro do exercício anterior, que passou a ser de R$
53.051.868,31 (cinquenta e três milhões e cinquenta e um mil oitocentos e
sessenta e oito reais e trinta e um centavos) em 2019".11. A presença de
dolo específico do gestor público é patente no caso, pois se registrou no
parecer prévio que "o Município foi alertado tempestivamente, por sete
vezes, sobre desajustes em sua execução orçamentária e que o interessado
não apresentou justificativas em relação aos apontamentos efetuados".12.
Da mesma forma, constitui falha insanável que configura ato doloso de
improbidade a reiterada falta de recolhimento de encargos sociais ao regime
de previdência do município. Em 2018, identificou–se não terem sido
recolhidas as contribuições patronais no valor total de R$ 14.191.299,08 e a
ausência de aporte para cobertura do déficit atuarial no montante de R$
12.888.310,51. Já em 2019, a irregularidade atingiu o elevado importe de R$
65.019.530,29. 13. Impõe–se reconhecer o dolo específico do gestor
também neste ponto, considerando–se a reiteração e o agravamento das
condutas do exercício de 2018 para o de 2019 e, ainda, o fato de não terem
sido realizados nem mesmo o pagamento de todas as parcelas vencidas no
exercício em relação a dois acordos judiciais de parcelamento com o RPPS e
o parcelamento junto ao FGTS.CONCLUSÃO. PROVIMENTO DO
RECURSO. INDEFERIMENTO DO REGISTRO DE
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CANDIDATURA.14. Recurso ordinário a que se dá provimento para


indeferir o registro de candidatura do recorrido ao cargo de deputado

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estadual de São Paulo nas Eleições 2022.
(TSE - RO-El: 06025978920226260000 SÃO PAULO - SP 060259789,
Relator: Min. Benedito Gonçalves, Data de Julgamento: 13/12/2022, Data
de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão)
Esta Procuradoria, então, filia-se ao entendimento do TSE, aplicando-o ao
caso, para entender que não há a incidência do § 4º-A do artigo 1º da LC 64/90 aos casos cujo
julgamento de contas de chefe do Poder Executivo seja de competência do Poder Legislativo.
Por isso, o cumprimento ou não do referido requisito não será objeto de exame,
por entender, como dito, descabido no caso dos autos.

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1 - as contas de gestão, do Exercício de 2017- PROCESSO TCE/PI TC
007018/2018 e TC 016090/2021.
O impugnado teve suas contas de gestão, relativas ao exercício de 2017,
julgadas REPROVADAS pela Câmara de Vereadores do Município de Cristalândia do
Piauí/PI, conforme documento de ID 22219473.
O parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, nº 88.2021, no
processo TCE/PI TC 007018/2018, foi aprovado pela decisão da Câmara Municipal de
Cristalândia do Piauí, por meio do Decreto Legislativo nº 001/2023, de 24 de maio de 2024,
que está em ID 22219473, fls.64/65, por 4 votos favoráveis e 3 votos contra.
Quanto aos cumprimentos dos requisitos, tem-se que:
a) o exercício de cargos ou funções públicas: o candidato exercia função
pública (Prefeito de Cristalândia);
b) a rejeição das contas por órgão competente: teve a rejeição de contas por
decisão irrecorrível de órgão competente - Câmara Municipal aprovou o parecer do TCE;
c) inexiste decisão judicial que suspenda ou anule a decisão que rejeitou as
contas;
d) atendimento ao prazo do prazo "para as eleições que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão": a decisão é de 24 de maio de
2024, conforme Decreto Legislativo nº 001/2023.
e) por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
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administrativa

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Extrai-se do Relatório e voto (conforme Decisão Plenária nº 394/2018 de
22/03/2018), do TC/007018/2018, que consta em ID 22219469, fls. 72/87, que as
irregularidades praticadas sob a responsabilidade do ex-gestor, quanto à prestação de contas
de governo da Prefeitura Municipal de Cristalândia do Piauí, exercício de 2017, foram:
1. Atraso no envio de peças de planejamento governamental: Anexo de
Metas Fiscais (21 dias de atraso); Anexo de Riscos Fiscais (21 dias de
atraso); LDO (198 dias de atraso); LOA (198 dias de atraso); PPA (não
envio) – inobservância ao art. 165 - CF/88, art. 33 - CE/89 e art. 3º da
Resolução TCE nº 27/2016;
2. Irregularidades na abertura de créditos adicionais:

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a) Relação de créditos adicionais do balanço geral/2017
referentes a outro município;
b) Não localização da publicação dos Decretos de créditos
adicionais de números 01, 02, 03, 10 e 12 no Diário Oficial dos
Municípios;
c) Publicação dos decretos de números 04, 05, 06, 07, 08, 09 e
11 fora do prazo estabelecido na Constituição Estadual do
Piauí/89;
d) Referência à matéria de natureza não orçamentária nos
decretos de números 01, 02, 03 e 10, publicados no DOM;
3. Envio de prestação de contas mensal fora do prazo: março (Sagres-
Contábil: atraso de 3 dias); abril (Sagres-Contábil: atraso de 1 dia);
setembro (Sagres-Contábil: atraso de 3 dias);
4. Atraso no envio de peça que compõe a prestação de contas anual: trata-se
do Termo de Conferência da Conta Caixa, cujo atraso foi de 66 (sessenta e
seis) dias - inobservância ao art. 33, inciso IV, CE/89 e Resolução TCE nº
27/2016, art. 4º;
5. Ausência de registro nos Anexos 02 e 10 - Balanço Geral dos valores
arrecadados com contribuição do servidor para o regime previdenciário do
município;
6. Irregularidades na receita tributária: a) Insuficiência na arrecadação da
receita tributária (IPTU e ITBI); b) Ausência na contabilização da COSIP
(R$ 144.821,83); c) Omissão da receita arrecadada com IRRF R$ 82.827,59
(Retido nas folhas de pagamento mensais);
7. Omissão da receita arrecadada com IPVA - R$ 28.871,86;

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8. Descumprimento do limite mínimo de despesa com ações e serviços


públicos de saúde (2,21%) – inobservância ao art. 198, Constituição Federal

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c/c art. 77, inciso III, ADCT;
9. IEGM - Índice de Efetividade da Gestão Municipal: os indicadores i-
Amb, iCidade, i-Fiscal, i-Gov TI e iPlanejamento demonstram necessidade
de melhoria na gestão dos respectivos setores representados, tendo em vista
que as notas obtidas nestes índices estão na Faixa de Resultado "Em Fase de
Adequação (C+)" e/ou "Baixo Nível de Adequação (C)";
10. IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica: anos iniciais –
26,2% abaixo da meta projetada para o exercício; anos finais - 32% abaixo
da meta projetada para o exercício;
11. Irregularidade na Demonstração da Dívida Flutuante

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(PARCIALMENTE SANADO);
12. Portal da transparência de Cristalândia/PI 2017: inobservância à
Instrução Normativa TCE nº 02/2016;
13. Inobservância ao princípio do equilíbrio financeiro e atuarial: alteração
das alíquotas em inobservância ao art. 25 da Portaria 403/2008 do MPS;
14. Certificado de regularidade previdenciária (CRP) inválido,
administrativamente, de 22.06.2016 a 15.05.2017; e de 13.11.2017 a
09.12.2018.
Compulsando o conjunto das irregularidades e a gravida da falha, a
Conselheira subscritora do parecer prévio arrazoou que:
[...]
O atraso no envio das peças orçamentárias prejudica a fiscalização e põe em
xeque a veracidade e legitimidade dos dados apresentados.
Acerca da publicação intempestiva de decretos, insta salientar que a
publicação é condição de eficácia do ato administrativo e somente com sua
realização o ato pode produzir seus efeitos.
In casu, os Decretos municipais foram publicados após o prazo de 10 dias
da conclusão do ato, implicando na ordenação de despesa não autorizada na
Lei Orçamentaria, bem como na violação do disposto no art. 28 da
Constituição Estadual do Piauí.
Quanto à insuficiência na arrecadação da receita tributária, ressalta-se que o
art. 11 da LRF, estabelece vedações ao ente que se omite quanto à
instituição, previsão e efetiva arrecadação dos tributos se sua competência
constitucional.

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Demonstra-se muito grave o fato de o Município não ter atingido o limite


mínimo constitucional de Despesa com ações e serviços públicos em saúde,

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descumprindo, portanto, o mandamento constitucional elencado no art. 198,
combinado com art. 77, III, ADCT, da Constituição Federal. Ademais,
ressalta-se que a Lei de Acesso à informação (Lei nº. 12.527/11) é de
cumprimento obrigatório por todos os entes governamentais, determinando
que como canal obrigatório para a divulgação das iniciativas de
Transparência Ativa a Internet.
In casu, o Portal do Município descumpriu tal legislação. Por fim, a conduta
do Sr. Ariano Messias Nogueira Paranaguá, que descumpriu o disposto no
caput do artigo 40 da CF/88, pela inobservância reiterada ao princípio
equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS de Cristalândia do Piauí demonstra-
se falha gravíssima.

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É importante registrar que as consequências de um CRP invalidado são
danosas ao município, pois, ficam impedidos da realização de transferências
voluntárias de recursos pela União e celebração de acordos, contratos,
convênios ou ajustes, dentre outras medidas, conforme prevê o art. 4.º, I, II,
III, IV e V da Portaria MPS n.º 204/2008.
[....]
Dentre as inúmeras irregularidades, esta Procuradoria destaca que o
"Descumprimento do limite mínimo de despesa com ações e serviços públicos de saúde
(2,21%) – inobservância ao art. 198, Constituição Federal c/c art. 77, inciso III, ADCT" é a
mais grave delas, como também pontuado pelo TCE.
Do parecer, tem-se que "Confrontando-se o total das despesas em ações e
serviços públicos de saúde com o total da receita proveniente de impostos e transferências,
constatou-se que o município aplicou, no exercício, o equivalente 2,21%, descumprindo,
portanto, o mandamento constitucional elencado no art. 198, combinado com art. 77, III,
ADCT, da Constituição Federal, que fixa o limite de gastos com ações de saúde em 15% (fl.
10, peça nº 25)".
A defesa alegou que houve uma divergência entre o primeiro demonstrativo
encaminhado e o corrigido, devido a codificação da origem das fontes de recursos e que,
conforme demonstrativo da Receita e Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde no
6º bimestre reenviado pelo sistema de controle do TCE-PI e Relatório do SIOPS 2017, o
município teria atingido o percentual de 16,65%, cumprindo o limite constitucional.
Entretanto, conforme a divisão técnica, a defesa não acostou relação de
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empenhos demonstrando em quais despesas se procedeu à alteração das fontes de recursos


para averiguação das informações por aquele Tribunal.

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O tema da descumprimento do limite mínimo de despesa com ações e serviços
públicos de saúde foi alvo de debates por muito tempo no âmbito do TSE, porém, hoje,
encontra-se pacificado, de certo que o entendimento firmado é o de que “ a não aplicação de
percentual mínimo de receita resultante de impostos nas ações e serviços públicos
de saúde constitui irregularidade insanável que configura ato doloso de improbidade
administrativa – para efeito da incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei
Complementar 64/90” (AgR–REspe 441–44, rel. Min. Henrique Neves, DJE de 6.3.2013).
Cita-se, ainda, em reforço, que a tese se perpetuou e foi mantida nos julgados

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posteriores, a exemplo do TSE - REspEl: 060021641 FIRMINO ALVES - BA, Relator: Min.
Sergio Silveira Banhos, Data de Julgamento: 10/03/2021, Data de Publicação: 10/03/2021.
Veja-se, também, o seguinte julgado:
RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA.
INDEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2020. VEREADOR. REJEIÇÃO DE
CONTAS PELA CÂMARA DE VEREADORES. EX-PREFEITO. NÃO
APLICAÇÃO DO MÍNIMO CONSTITUCIONAL PARA A ÁREA DE
EDUCAÇÃO E MÍNIMO LEGAL PARA ÁREA DA SAÚDE.
EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE GASTOS PREVISTOS NA LEI
DE RESPONSABILIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO
DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. IRREGULARIDADES
INSANÁVEIS QUE CONFIGURAM ATO DOLOSO DE
IMPROBIDADE. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I,
G, DA LC Nº 64/90. CAUSA DE INELEGIBILIDADE CONHECIDA DE
OFÍCIO. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
AUSÊNCIA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. A jurisprudência do
Tribunal Superior Eleitoral é firme no sentido de que a rejeição de contas
por desrespeito: a) à aplicação do mínimo constitucional para a área de
educação e mínimo legal para área da saúde, b) aos limites de gastos
previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, e c) à obrigação de
recolhimento das contibuções previdenciárias, são irregularidades
insanáveis que configuram ato doloso de improbidade administrativa, a
atrair a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da
Lei Complementar nº 64/1990. 2. Ausência de ofensa ao contraditório e a
ampla defesa. O art. 36, § 2º, da Res. TSE 23.609/2019 permite ao
magistrado, na busca da verdade real dos fatos preconizada nos processos de
registro de candidatura, tomar ciência de ofício de causa de inelegibilidade,
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franqueando prazo para manifestação do recorrente, ainda que tenha não


conhecido Notícia de Inelegibilidade proposta intempestivamente. 3.

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Recurso eleitoral a que se nega provimento para manter o indeferimento do
registro do candidato.
(TRE-PE - RE: 0600226-91.2020.6.17.0027 ITAMBÉ - PE 060022691,
Relator: MARCUS VINÍCIUS NONATO RABELO TORRES, Data de
Julgamento: 12/11/2020, Data de Publicação: PSESS Publicado em Sessão,
data 12/11/2020)
Portanto, esta Procuradoria compreende, em consonância com o TSE, que a
não aplicação de percentual mínimo de receita resultante de impostos nas ações e serviços
públicos de saúde constitui irregularidade insanável que configura ato doloso de improbidade
administrativa – para efeito da incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei

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Complementar 64/90.
2 - as contas de governo, do Exercício de 2018 – PRESTAÇÃO DE
CONTAS DE GOVERNO – PROCESSO TCE/PI TC 011374/2018.
Aqui, o impugnado teve suas contas de governo, relativas ao exercício de
2018, julgadas REPROVADAS pela Câmara de Vereadores do Município de Cristalândia do
Piauí/PI, conforme documento de ID 22219474.
O parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, nº 52/2021-SPC,
de ID 22219474, fls. 104/114, relativo ao TCE/PI TC 011374/2018, foi devidamente
referendado pela decisão da Câmara Municipal de Cristalândia do Piauí, por meio do Decreto
Legislativo nº 002/2023, de 13 de dezembro de 2023, que está em ID 22219475, fls. 47/48,
por 4 votos favoráveis e 2 votos contrários.
Quanto aos cumprimentos dos requisitos, tem-se que:
a) o exercício de cargos ou funções públicas: o candidato exercia função
pública (Prefeito de Cristalândia);
b) a rejeição das contas por órgão competente: teve a rejeição de contas por
decisão irrecorrível de órgão competente - Câmara Municipal aprovou o parecer do TCE;
c) inexiste decisão judicial que suspenda ou anule a decisão que rejeitou as
contas;
d) atendimento ao prazo do prazo "para as eleições que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão": a decisão é de 13 de dezembro
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de 2023, conforme Decreto Legislativo nº 002/2023.

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e) por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa
Extrai-se do Relatório e voto nº 52/2021-SPC, de ID 22219474, fls.
104/114, relativo ao TCE/PI TC 011374/201, que as irregularidades praticadas sob a
responsabilidade do ex-gestor, quanto à prestação de contas de governo da Prefeitura
Municipal de Cristalândia do Piauí, exercício de 2018, foram:
a) envio da LDO fora do prazo;
b) publicação dos Decretos fora do prazo estabelecido na CE-PI/89;
c) envio da Prestação de Contas Mensal fora do prazo;

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d) envio do balanço geral fora do prazo;
e) insuficiência da arrecadação tributária;
f) ausência na contabilização da COSIP;
g) divergências no registro da receita de impostos federais e estaduais; h)
omissão da receita arrecadada com IRRF e IPVA;
i) divergências no percentual de MDE;
j) divergências no percentual de ASPS (Ações e Serviços Públicos de
Saúde);
l) despesas com pessoal do Poder Executivo superior ao limite legal;
m) despesa de Pessoal contabilizada indevidamente como Outros Serviços
de Terceiros Pessoa Física;
n) indicador FUNDEB com valor negativo;
o) avaliação – IEGM;
p) divergência no saldo da dívida flutuante;
q) iIrregularidades no Portal da Transparência

Dentre as inúmeras irregularidades, esta Procuradoria destaca que a realização


de "despesas com pessoal do Poder Executivo superior ao limite legal" é irregularidade
insanável que configura ato doloso de improbidade administrativa.
Aqui, o Tribunal de Contas explicitou que " a DFAM ressaltou que foi emitido
um alerta pelo Tribunal de Contas do Piauí, informando que o município descumprira o

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limite legal, conforme Relatório de Gestão Fiscal – RGF referente ao 3º quadrimestre/2º


semestre. Além disso, informa que foi publicada no Diário Oficial do TCE de 03/05/2019, a

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nº 542/19, tendo como anexo a relação das prefeituras que ultrapassaram os limites de
gastos com pessoal. Consta também que houve o descumprimento do limite prudencial
(53,87%), conforme Peça 17. Entretanto, apesar dos alertas, no final do exercício, a DFAM
apurou o índice e constatou que o percentual aplicado foi de 61,33%, o qual ultrapassou o
limite legal (54%)"
A posição do Tribunal Superior Eleitoral sobre a temática, desde há muito, é
induvidosa quanto à inequívoca configuração de ato doloso de improbidade administrativa
pelo simples fato de haver qualquer mínima extrapolação dos percentuais, em patamares que

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for, de despesa com pessoal em desconformidade com os limites estabelecidos no art. 29-A
da Lei Fundamental de 1988 (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 44196, rel. Min. Luiz Fux,
DJE 07/08/2017; TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 58895, rel. Min. Luiz Fux, Publicado em
Sessão, Data 01/12/2016; TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 39659, rel. Min. Luciana
Lóssio, DJE 17/05/2013).
Pelo entendimento remansoso do TSE, a mera extrapolação dos limites do art.
29-A da Carta Política de 1988 consubstancia vício insanável e ato doloso de improbidade
administrativa, independentemente do percentual que exorbita o teto de gastos
constitucionais, rechaçando a possibilidade de aplicação dos princípios da proporcionalidade
e razoabilidade para afastar a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º , I , g, da LC n.º
64 /90, ainda que a exorbitância se dê em percentual mínimo ou desprezível.
E, mais ainda, de acordo com o entendimento da Colenda Corte Superior, esse
dolo da conduta imputada como ímproba do Prefeito que realiza despesas acima dos tetos
constitucionais do art. 29-A é presumido, pouco importando se o agente tinha real intenção de
praticar o ato irregular.
Cite-se os precedentes:
AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2020.
VEREADOR. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE.
REJEIÇÃO DE CONTAS PÚBLICAS. ART. 1º, I, G, DA LC 64/90.
IRREGULARIDADE INSANÁVEL. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. AUMENTO. DESPESA COM PESSOAL.
EXTRAPOLAMENTO. LIMITE LEGAL. LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL. INOBSERVÂNCIA. NEGATIVA DE PROVIMENTO. 1. No

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decisum monocrático, manteve–se aresto unânime do TRE/PR em que se


indeferiu registro de candidatura ao cargo de vereador de Ubiratã/PR nas

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Eleições 2020, por se entender configurada a inelegibilidade do art. 1º, I, g,
da LC 64/90. 2. Consoante o art. 1º, I, g, da LC 64/90, são inelegíveis "os
que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente,
salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as
eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes [...]". 3. Para fim da
referida inelegibilidade, não se exige a presença de dolo específico, mas
apenas de dolo genérico, que se caracteriza quando o administrador assume
os riscos de não atender aos comandos constitucionais e legais que vinculam
e pautam os gastos públicos. Precedentes. 4. No caso dos autos, extrai–se da

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moldura fática do aresto do TRE/PR que o agravante tivera contas públicas
rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, relativas ao cargo
de presidente da Câmara Municipal, quanto ao exercício financeiro de 2001,
por extrapolar o limite de 10% para evolução de despesas com pessoal
estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal. 5. É possível inferir o dolo
in concreto diante do seguinte quadro fático: a) a Lei de Responsabilidade
Fiscal entrou em vigor em 5/5/2000, trazendo inúmeras mudanças em
termos de contabilidade a fim de tornar os gastos mais transparentes e de
instituir gestão responsável e planejada no âmbito da administração pública;
b) quase um ano depois da sua vigência, ou seja, em abril de 2001, o então
presidente da Câmara (ora candidato) promoveu aumento remuneratório dos
servidores e dos parlamentares em inobservância aos parâmetros restritivos
estabelecidos pelo novel diploma; c) a evolução de despesa com pessoal
"atingiu o índice de 24,14% [enquanto o limite era de 10%], passando de
1,45% da Receita Corrente Líquida de 2000 para 1,80 da Receita Corrente
Líquida em 2001". 6. O vício que motivou a rejeição das contas –
extrapolamento do teto das despesas com pessoal – demonstra grave
desrespeito ao equilíbrio das finanças públicas e ao princípio da
economicidade e configura, portanto, ato doloso de improbidade
administrativa, nos termos do art. 1º, I, g, da LC 64/90. 7. A mera
distância temporal entre os fatos (que ocorreram há mais de 20 anos) e as
Eleições 2020, por si só, não convalida a ilegalidade anterior consistente no
excesso de gastos em ultraje ao limite legal, ressaltando–se que o aresto do
TCE/PR foi proferido apenas em 21/5/2019. 8. Descabe a incidência dos
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade para afastar o óbice ao
ius honorum, pois as falhas não possuem natureza formal, revelando–se, na
verdade, inequívoco descumprimento de regras objetivas quanto à gestão
econômica da administração pública. 9. Agravo interno a que se nega
provimento.
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(TSE - REspEl: 060010826 UBIRATÃ - PR, Relator: Min. Luis Felipe


Salomão, Data de Julgamento: 05/04/2021, Data de Publicação: 22/04/2021)

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grifo nosso

ELEIÇÕES 2020. RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE


CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, INCISO
I, ALÍNEA G, DA LC 64/90. CONFIGURAÇÃO. REJEIÇÃO DE
CONTAS PELO CÂMARA MUNICIPAL DAS CONTAS DO
RECORRIDO QUANDO SE ENCONTRAVA NO CARGO DE
PREFEITO, RELATIVAS AO EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2012.
AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS, PATRONAIS E DOS SEGURADOS, DO REGIME

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PREVIDENCIÁRIO. LIMITES COM GASTOS DE PESSOAL
ULTRAPASSADOS. AUSÊNCIA DE RECURSOS SUFICIENTES PARA
OS EMPENHOS REALIZADOS. CARACTERIZAÇÃO DE
IRREGULARIDADES INSANÁVEIS QUE CONSTITUEM ATOS
DOLOSOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROVIMENTO
DOS RECURSOS. 1. Para a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º,
I, G, da LC 64/90, faz-se mister a presença dos seguintes pressupostos: 1.
rejeição das contas relativas ao exercício de cargo ou funções públicas, 2.
irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa e 3. decisão irrecorrível do órgão administrativo competente,
que não tenha sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 2. Cabe a esta
Justiça Especializada fazer o enquadramento dos fatos que ensejaram a
reprovação de contas do pretenso candidato à norma descrita, averiguando
tão somente se as condutas se enquadram no conceito de irregularidade
insanável, que configure ato doloso de improbidade administrativa, para fins
da incidência ou não da inelegibilidade. 3. Por outro lado, não compete a
esta Justiça Eleitoral analisar o acerto ou desacerto da decisão que rejeitou
as contas do gestor, mas tão somente analisar se o fato trazido a julgamento
é apto ou não a ensejar a inelegibilidade em voga, fazendo o devido
enquadramento jurídico à norma eleitoral, em obediência ao disposto na
Súmula 41 do TSE. 4. Caracteriza como irregularidade insanável e dolosa a
rejeição das contas assentada em ausência de recolhimento de contribuições
previdenciárias, patronais e dos segurados, inclusive de parte da
contribuição dos servidores que foi retida na fonte. 5. O mesmo ocorre com
outros vícios encontrados, a exemplo da extrapolação reiterada do limite de
gastos com pessoal e do empenho de despesas sem a existência de recursos
suficientes para quitação dos débitos pelo seu sucessor na prefeitura. 6.
Inevitável a declaração de inelegibilidade do recorrido e, em consequência,
o provimento dos recursos em seu desfavor, com o indeferimento de seu
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registro de candidatura.
(TRE-PE - RE: 06002240620206170130 CAPOEIRAS - PE, Relator: Des.

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JOSÉ ALBERTO DE BARROS FREITAS FILHO, Data de Julgamento:
13/11/2020, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data
13/11/2020 )

EMENTA REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA.


ELEIÇÕES 2020. RECURSO EM AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO.
SENTENÇA QUE INDEFERIU O REGISTRO. ART. 1º, INCISO I,
ALÍNEA G, DA LC Nº 64/90. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
QUE EXTRAPOLOU O LIMITE DE GASTOS COM FOLHA DE
PAGAMENTO DE PESSOAL DO LEGISLATIVO NOS EXERCÍCIOS

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DE 2014 E 2015. VIOLAÇÃO AO ART. 29–A DA CF. PRESENÇA DE
TODOS OS ELEMENTOS DESCRITOS NO TIPO ELEITORAL.
INDEFERIMENTO DO REGISTRO. I – Decisao do TCE/RJ que
desaprovou as contas do recorrente, na qualidade de Presidente da Câmara
Municipal de Guapimirim e ordenador de despesas, relativas aos exercícios
de 2013 e 2014, por descumprimento do limite legal de gastos com Folha de
Pagamento de pessoal do Poder Legislativo, previsto no art. 29–A da CF. II
– Restrição de direitos que exige requisitos expressos, assim enumerados: (i)
decisão do órgão competente; (ii) decisão irrecorrível no âmbito
administrativo ou não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário; (iii) prazo
de oito anos contados da rejeição não exaurido; (iv) irregularidade insanável
que configure ato doloso de improbidade administrativa. III – Rejeição do
TCE/RJ, órgão competente para o seu julgamento, à luz dos arts. 31, § 1º;
70; 71, II e 75, todos da CRFB. Alegação de existência de Ofício do atual
Presidente da Câmara Municipal de Guapimirim ao Ministério Público,
informando suas convicções pessoais a respeito daquele julgamento não
retira o dolo e não tem o condão de afetar o veredicto do TCE/RJ. IV –
Decisão da Corte de Contas na qual não há discussão quanto à
irrecorribilidade, restando ainda pendente, segundo informações trazidas no
Ofício do Presidente da Câmara, no processo administrativo que analisa o
exercício financeiro de 2015, um Recurso de Revisão, instrumento utilizado
apenas para atacar decisões definitivas transitadas em julgado no âmbito do
TCE/RJ. V – Não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou
desacerto das decisões proferidas pelo Tribunal de Contas, conforme
enunciado nº 41 do TSE e não há indícios de que o candidato tenha logrado
a obtenção de provimento judicial anulando ou suspendendo tal deliberação.
VI – Ainda encontra–se em curso o prazo de 08 anos contados das duas
decisões administrativas que rejeitaram as contas do recorrente, ocorridas,
respectivamente, em 23/02/2017 e 26/09/2019. VII – Candidato que, em
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2014, excedeu o teto constitucional em R$ 382.813,12, o que corresponde a


12,70% acima do limite legal, sendo reconhecido ainda a impossibilidade de

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se verificar o cumprimento do art. 42 da LC nº 101/2000, pela falta de
remessa de dados prevista na Deliberação TCE–RJ nº 248/08. VIII – No
exercício de 2015, por sua vez, extrapolou–se a restrição legal em R$
437.286,40, equivalente a 13,54% além do permissivo constitucional. IX –
Contas julgadas irregulares, em razão de grave infração à norma legal, nos
termos do art. 20, III, a, da LC nº 63/90–RJ, conforme expressamente
destacado nas duas decisões condenatórias, que ensejaram a condenação em
multas ao recorrente nos valores de R$ 9.006,90 e R$ 16.469,50,
respectivamente. X – Não se sustenta a alegação recursal de que o candidato
foi surpreendido com a mudança no entendimento do TCE/RJ, que teria
aprovado suas contas em 2013, mesmo tendo ultrapassado o limite

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constitucional àquela época, pois, naquela oportunidade, este comprovou
que o item “indenizações trabalhistas” configurava uma redução futura de
despesa com pessoal, a ensejar sua exclusão do cômputo de gastos com
Folha de Pagamento, não infringindo, assim, o teto legal. XI–
Diferentemente, nos feitos que julgaram as contas de 2014 e 2015, o
candidato não participou do processo, mesmo após ser regularmente
intimado, operando–se a sua revelia, o que fez com que tais despesas, não
devidamente esclarecidas, compusessem o somatório de gastos com pessoal.
XII – Redução posterior, em recurso de reconsideração, do valor
extrapolado no exercício de 2015 para R$ 205.878,89, que não afastou a sua
condenação pela Corte de Contas, pois permaneceu ultrapassando o teto
constitucional. XIII – Irregularidades insanáveis, diante da substancial
gravidade, mormente considerando o valor excedido nos dois exercícios,
envolvendo o montante somado de R$ 588.692,01, a ensejar aplicação de
multa pessoal, no total de R$ 25.476,40. Precedentes do TSE. XIV – A
prática irregular auditada deve assumir as feições de ato doloso, sendo
suficiente a simples presença do dolo genérico ou eventual, tanto na vontade
dirigida à conduta que gerou a improbidade, quanto na assunção do risco de
inobservar as prescrições constitucionais e legais que devem pautar a
realização dos gastos públicos. Desnecessidade de se perquirir a má–fé do
agente público. Julgados da Corte Superior. XV – Conduta ímproba do
pretenso candidato que, a par de legalmente qualificada como grave à norma
legal ou regulamentar e causadora de injustificado dano ao erário, na forma
do art. 20, III, a, da Lei Complementar Estadual nº 63/90, também
corporifica ato de improbidade administrativa a infligir prejuízos ao Erário,
como bem ilustram os incisos IX e XI do art. 10 da Lei nº 8.429/92.
Desprovimento do recurso, mantendo–se o indeferimento do registro.
(TRE-RJ - REl: 06002144520206190149 GUAPIMIRIM - RJ 060021445,

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Relator: Des. Guilherme Couto De Castro, Data de Julgamento: 30/10/2020,


Data de Publicação: 30/10/2020)

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Portanto, esta Procuradoria compreende, em consonância com o TSE, que
configura de ato doloso de improbidade administrativa qualquer mínima extrapolação dos
percentuais, em patamares que for, de despesa com pessoal em desconformidade com os
limites estabelecidos no art. 29-A da CF.
3 - as contas de governo, do Exercício de 2019 – PRESTAÇÃO DE
CONTAS DE GOVERNO – PROCESSO TCE/PI TC 022157/2019 e TC 004709/2022
No caso dos autos, o impugnado teve suas contas de governo, relativas ao
exercício de 2019, julgadas reprovadas pela Câmara de Vereadores do Município de

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Cristalândia do Piauí/PI, conforme documento de ID 22219478.
O parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, de nº 07/2022,
relativo ao processo TCE/PI TC 022157/2019, foi devidamente referendado pela decisão da
Câmara Municipal de Cristalândia do Piauí, por meio do Decreto Legislativo nº 002/2024, de
14 de junho de 2024, que está em ID 22219478, fls. 37 e 38, por 5 votos favoráveis e 4 votos
contrários.
Quanto aos cumprimentos dos requisitos, tem-se que:
a) o exercício de cargos ou funções públicas: o candidato exercia função
pública (Prefeito de Cristalândia);
b) a rejeição das contas por órgão competente: teve a rejeição de contas por
decisão irrecorrível de órgão competente - Câmara Municipal aprovou o parecer do TCE;
c) inexiste decisão judicial que suspenda ou anule a decisão que rejeitou as
contas;
d) atendimento ao prazo do prazo "para as eleições que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão":
Extrai-se do Relatório e voto nº 07/2022, de ID 22219477, fls. 105/, relativo
ao TCE/PI TC 022157/2019, que as irregularidades praticadas sob a responsabilidade do ex-
gestor, quanto à prestação de contas de governo da Prefeitura Municipal de Cristalândia do
Piauí, exercício de 2019, foram:
- Ingresso extemporâneo as Peças Orçamentárias;

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- Não envio da Lei Orçamentária Anual – LOA;


- Publicação de Decretos fora do prazo estabelecido na CE/89;

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- Peças ausentes;
- Envio extemporâneo da Prestação de Contas Anual;
- Divergência na contabilização do IRRF – Reincidência;
- Insuficiência na arrecadação da Receita Tributária;
- Descumprimento do Limite de Despesa Pessoal do Poder Executivo;
- Despesa de Pessoal contabilizada indevidamente como “Outros Serviços
de Terceiros” – Pessoa Física;
- Distorção Idade/Série;

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- Análise do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
– IDEB;
- Inconsistências no Balanço Orçamentário;
- Inconsistências no Balanço Financeiro;
- Inconsistências no Balanço Patrimonial; -
Divergências entre SAGRES Contábil e Documentação Web;
- Resgate da Dívida sem emissão e saldo anterior negativo – Reincidência;
- Inconsistências na Demonstração da Dívida Flutuante;
- Não cumprimento das Metas Fiscais;
- Avaliação do Portal da Transparência do município (Deficiente).
Neste item, novamente, esta Procuradoria destaca que a realização de
"despesas com pessoal do Poder Executivo superior ao limite legal" é irregularidade
insanável que configura ato doloso de improbidade administrativa.
Sobre o achado, o TCE bem delineou que "O montante das despesas de
pessoal do Poder Executivo, no exercício, foi R$ 11.286.182,84, perfazendo o percentual de
60%, descumprindo assim, o limite legal (54%). Informa-se ademais, que o índice vem sendo
descumprido desde o exercício de 2017, conforme tabela abaixo, contrariando o disposto no
art. 23 da LRF, que determina que caso ultrapasse os limites definidos no art.20, o
percentual excedente deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo
menos um terço no primeiro".
Veja-se que o ex-gestor, ora candidato recorrente, reincidiu na irregularidade

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desde o ano de 2017, mesmo diante dos alertas emitidos pela Corte de Contas.

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Logo, recaem à espécie o quanto arguido no tópico anterior, de que, em
consonância com o TSE, configura de ato doloso de improbidade administrativa qualquer
mínima extrapolação dos percentuais, em patamares que for, de despesa com pessoal em
desconformidade com os limites estabelecidos no art. 29-A da CF.
Em suma, as irregularidades - 1) Descumprimento do limite mínimo de
despesa com ações e serviços públicos de saúde (2,21%) – inobservância ao art. 198,
Constituição Federal c/c art. 77, inciso III, ADCT e 2) Realização de despesas com pessoal do
Poder Executivo superior ao limite legal - de forma reiterada - por vários exercício
financeiros, mesmo diante dos alertas emitidos pelo TCE.

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Os atos demonstram o desequilíbrio financeiro da gestão do recorrente.
As impropriedades, em seu conjunto, demonstraram a ineficiência do gestor e
sua irresponsabilidade no trato da coisa pública, caracterizando a presença de irregularidade
insanável que caracteriza ato doloso de improbidade administrativa, com enquadramento nos
seguintes artigos da Lei de Improbidade Administrativa:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e
comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e
comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente:
[...]
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou
regulamento;
[...]
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário
contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar
nº 116, de 31 de julho de 2003.
Presentes os requisitos caracterizadores da inelegibilidade prevista no art. 1º ,

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inciso I , alínea g, da LC nº 64/90, e, uma vez ausente decisão suspensiva ou anulatória da


decisão que julgou as contas de governo de 2017, 2018 e 2019 do recorrente, o candidato ex-

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gestor público deve ser considerado inelegível e, em consequência, ter seu requerimento de
registro de candidatura indeferido.

IV. CONCLUSÃO

Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral opina pelo


CONHECIMENTO do recurso eleitoral e, no mérito, pelo DESPROVIMENTO, para

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manter a sentença que indeferiu o pedido de registro de candidatura de ARIANO MESSIAS
NOGUEIRA PARANAGUÁ, para concorrer ao cargo de Prefeito nas Eleições de 2024, no
Município de Cristalândia do Piauí, com fulcro no art. 1º, inciso I, alínea “g”, da Lei
Complementar N.º 64/90.

Teresina, 11 de setembro de 2024.

ALEXANDRE ASSUNÇÃO E SILVA


PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL

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