Qualificação V1

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Construção e Infraestrutura

JORGE LUIZ DA SILVA NUNES

ANÁLISE DOS EFEITOS DE ELEVADAS TEMPERATURAS NA RESISTÊNCIA A


TRAÇÃO RESIDUAL DO CONCRETO REFORÇADO TÊXTIL (TRC)

Porto Alegre
2024
JORGE LUIZ DA SILVA NUNES

ANÁLISE DOS EFEITOS DE ELEVADAS TEMPERATURAS NA RESISTÊNCIA A


TRAÇÃO RESIDUAL DO CONCRETO REFORÇADO TÊXTIL (TRC)

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia.

Orientadora: Drª Ângela Gaio Graeff

Porto Alegre
2024
RESUMO

As mudanças climáticas tornam cada vez mais evidentes a necessidade de mudanças


nas técnicas de produção de forma a reduzir o impacto dos processos industriais sob o meio
ambiente.
Neste contexto são cruciais abordagens inovadoras como forma de promover
melhorias na tecnologia associada à fabricação, bem como formas de aperfeiçoar o consumo
de cimento e seus produtos.
Soluções que buscam moderar as emissões de CO 2 associadas ao fabrico de cimento,
tais como desenvolvimento e utilização de cimentos de baixo carbono, promoção de práticas
com melhoria da eficiência energética do processo, incentivar o uso de substitutos de clínquer,
como cinzas volantes ou pozolanas, sem comprometer a qualidade do cimento, representam
opções promissoras para aperfeiçoamento e rematar os danos trazidos pelo setor, entretanto
estas medidas necessitam de mudanças profundas, que enfrentam certo lobby do setor, avesso
aos onerosos custos inerentes de tal modernização.
Alternativamente, a promoção de técnicas de construção que minimizem a demanda de
cimento, como o uso de concretos alternativos ou métodos construtivos mais eficientes,
mostra-se uma estratégia eficaz e factível de implantação no curto e médio prazo. Neste
contexto, o concreto reforçado têxtil vem preencher adequadamente esta lacuna, ao oferecer
um material já consolidado em desempenho, associado a redução no consumo de cimento
para sua produção, representando um ganho no campo da sustentabilidade a industria do
cimento.
Entretanto o concreto reforçado têxtil, até este momento, é um material inovador, qual
carece de pesquisas frente alguns aspectos técnicos, tais como seu comportamento e
desempenho quando exposto a cargas térmicas de serviço e acidentais. Assim esta pesquisa
trouxe um estudo das respostas do compósito quando imerso num ambiente com altas
temperaturas, revelando (...)
Palavras-chave: Calor, concreto, têxtil, fibra, resina.
ABSTRACT
Climate change makes the need for changes in production techniques increasingly
evident in order to reduce the impact of industrial processes on the environment.
In this context, innovative approaches are crucial as a way of promoting improvements
in the technology associated with manufacturing, as well as ways of improving the
consumption of cement and its products.
Solutions that seek to moderate CO2 emissions associated with cement manufacturing,
such as developing and using low-carbon cements, promoting practices that improve the
energy efficiency of the process, encouraging the use of clinker substitutes, such as fly ash or
pozzolans, without compromising the quality of the cement, they represent promising options
for improvement and to put an end to the damage caused by the sector. However, these
measures require profound changes, which face a certain lobby in the sector, averse to the
onerous costs inherent in such modernization.
Alternatively, the promotion of construction techniques that minimize the demand for
cement, such as the use of alternative concrete or more efficient construction methods, proves
to be an effective and feasible strategy for implementation in the short and medium term. In
this context, textile reinforced concrete adequately fills this gap, by offering a material already
consolidated in performance, associated with a reduction in cement consumption for its
production, representing a gain in the field of sustainability for the cement industry.
However, textile reinforced concrete, until now, is an innovative material, which lacks
research regarding some technical aspects, such as its behavior and performance when
exposed to service and accidental thermal loads. Thus, this research brought a study of the
responses of the composite when immersed in an environment with high temperatures,
revealing (...)
Keywords: Heat, concrete, textile, fiber, resin.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção mundial de cimento....................................................................................9


Figura 2 - Concreto reforçado textil (TRC)..............................................................................10
Figura 3 - Concreto reforçado têxtil (TRC)..............................................................................11
Figura 4 - Diagrama do delineamento da pesquisa...................................................................14
Figura 5 - Sistema de reforço para concreto: (a) concreto armado convencional (b) concreto
reforçado com fibras dispersas (c) TRC...................................................................................15
Figura 6 - Esquema de painel sanduíche usando TRC.............................................................16
Figura 7 - Reforço de TRC sobre concreto convencional.........................................................17
Figura 8 – Têxteis empregados na produção de TRC...............................................................18
Figura 9 - Malha de fibra de vidro............................................................................................19
Figura 10 - Esquema filamento impregnado.............................................................................20
Figura 11- Resinas utilizadas para impregnação......................................................................21
Figura 12 - Processo de fabrico de fibra de vidro.....................................................................23
Figura 13- Dimensões corpos de prova....................................................................................33
Figura 14 - Moldes para confecção dos corpos de prova..........................................................33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores calculados para kfl.......................................................................................26


Tabela 2 - Mistura de concreto.................................................................................................29
Tabela 3 - Composição química Secar®51................................................................................29
Tabela 4 - Caracterização malha AR-360-RA-4R....................................................................30
Tabela 5 - Caracterização resina acrílica aplicada a malha AR-360-RA-4R............................32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AR – Álcali resistente
PBO – Polibenzoxazol
RWTH - Rheinische Westfälische Technische Hochschule ( Faculdade técnica de Rheinische
Westfälische)
SNIC – Sindicato Nacional da Indústria do Cimento
Tg – Ponto de transição vítrea
TRC - textile reinforced concrete (concreto reforçado têxtil)
TRM - textile reinforced mortar (argamassa reforçada têxtil)
UV – Ultra violeta
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................9
1. DIRETRIZES DE PESQUISA................................................................................12
1.1. QUESTÃO DE PESQUISA.......................................................................................12
1.2. OBJETIVOS...............................................................................................................12
1.2.1. Objetivo geral...........................................................................................................12
1.2.2. Objetivos específicos................................................................................................12
1.3. PREMISSA................................................................................................................13
1.4. DELIMITAÇÕES......................................................................................................13
1.5. LIMITAÇÕES............................................................................................................13
1.6. DELINEAMENTO....................................................................................................13
2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................15
2.1. CONCRETO REFORÇADO TÊXTIL......................................................................15
2.2. TÊXTEIS....................................................................................................................18
2.3. FIBRA DE VIDRO....................................................................................................22
2.4. CIMENTO REFRATÁRIO........................................................................................23
2.5. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS.............................................................24
3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................27
3.1. MATRIZ CIMENTÍCIA............................................................................................28
3.2. CIMENTO REFRATÁRIO........................................................................................29
3.3. TÊXTIL......................................................................................................................30
3.4. CORPOS DE PROVA...............................................................................................33
3.5. ENSAIOS ESTADO FRESCO..................................................................................34
3.6. ENSAIOS ESTADO ENDURECIDO.......................................................................34
4. ANALISE DE RESULTADOS...............................................................................35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................36
9

1. INTRODUÇÃO

A produção de cimento compreende uma indústria complexa que engloba desde


empresas locais até grandes grupos internacionais integrados, cujo investimentos no setor em
2022 movimentaram em torno de US$ 180,00 a US$200,00/t/ano de clínquer, segundo o
Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC, 2023).
A produção de cimento se mantém num crescente nas ultimas décadas (Figura 01),
com 4100Mton fabricadas em 2022 , sendo produto industrializado mais utilizando no
segmento de materiais de construção e o 4° produto manufaturado mais consumido
mundialmente, refletindo um percentual de crescimento próximo a 8,1% na última década e
com perspectiva de aumentar 2,5 vezes até 2050, puxado pelo crescimento dos países em
desenvolvimento (JOHN, 2024).

Figura 1 - Produção mundial de cimento

Fonte: GEA Group Aktiengesellschaft, 2024.

Porém este setor enfrenta desafios, tais como a emissão de CO2 consequente do fabrico
do cimento, fator que toma destaque frente à pauta de mudanças climáticas no debate
internacional. Esta emissão varia de país para país, dependendo das matérias-primas e
técnicas utilizadas na produção. O Brasil tem hoje um fator de emissão de aproximadamente
610 kg CO2/t cimento, enquanto Inglaterra e China emitem 839 kg e 848 kg CO 2/ton. cimento,
respectivamente. É estimado que o seja responsável 5% do total de CO 2 emitido na atmosfera
10

e, caso este ritmo seja mantido sem inovações, é estimado que no futuro o setor poderá ser
responsável por cerca de 20% do total de CO2 emitido. (JOHN, 2024).
Neste sentido, várias alternativas estão sendo desenvolvidas de forma a aperfeiçoar o
uso de cimento pela construção civil, dentre elas o uso do concreto reforçado têxtil.
Concreto reforçado têxtil (TRC - textile reinforced concrete), também chamado de
argamassa reforçada têxtil (TRM - textile reinforced mortar) é um concreto de granulação
fina, onde a armadura de aço é substituída por tramas têxteis produzidas a partir de fibras, tais
como vidro, carbono, aramida, basalto, polibenzoxazol (PBO), sisal, etc. (Figura 2).

Figura 2 - Concreto reforçado textil (TRC)

Fonte: Chalmers University of Technology, 2014

A alta resistência à tração das fibras em relação ao seu peso e dimensões é uma das
principais vantagens da utilização de têxteis como alternativa ao aço, além da alta
flexibilidade e maior durabilidade contra ambientes corrosivos, permitindo limitar a camada
de cobertura de concreto a uma escala de alguns milímetros, possibilitando o projeto de
elementos de concreto que apresentam a mesma resistência do concreto convencional, mas
com seções transversais menores, leves e delgadas, permitindo espessuras entre 5 e 50 mm de
espessura por camada, consequentemente reduzindo o consumo de cimento quando
comparado ao sistema convencional (Figura 3).
11

Figura 3 - Concreto reforçado têxtil (TRC)

Fonte: Chalmers University of Technology, 2014

Entretanto esta característica vantajosa do TRC sob a ótica da economia, eficiência e


sustentabilidade, ironicamente podem conferir desvantagens ao material quando submetido a
ação de cargas térmicas acidentais. A baixa taxa de propagação de energia através de
materiais cimentícios confere aos mesmos um bom comportamento isolante térmico, todavia
há uma lacuna de pesquisa do quanto este atributo é suficiente em garantir a eficiência
estrutural do TRC em situações de exposição a elevadas temperaturas, uma vez que a reduzida
camada de cobrimento poderia não conferir um isolamento térmico efetivo as camadas têxteis,
propiciando o incremento da temperatura que acabaria por prejudicar o desempenho das
resinas de impregnação, afetando a ligação matriz-têxtil e comprometendo estruturalmente o
sistema.
Apesar de ser um material que vem se consolidando no mercado há mais de duas
décadas, ainda carece de literaturas, grupos de pesquisa e fontes especializadas no compósito,
não havendo uma forma de garantir um projeto inteiramente eficaz frente cargas térmicas
acidentais, nem um método para avaliar a comportamento mecânico residual pós-incidente,
neste sentido, o presente estudo se propõe a analisar a resistência mecânica residual do TRC
exposto a elevadas temperaturas, investigando o comprometimento da armadura têxtil, a partir
dos danos infringidos as fibras e resina de impregnação, pelas elevadas temperaturas, bem
como a substituição de cimento convencional por cimento refratário impacta na manutenção
da resistência residual do sistema, assim produzindo dados relevantes a pesquisa e aplicação
do TRC.
12

1. DIRETRIZES DE PESQUISA

As diretrizes que nortearam o desenvolvimento deste estudo são descritas nos


próximos itens.

1.1. QUESTÃO DE PESQUISA

A perda de resistência mecânica resultante da exposição do TRC a elevadas


temperaturas é um fator significativo a ponto de reduzir sua capacidade portante, levando ao
comprometimento dos elementos confeccionados neste material?

1.2. OBJETIVOS

Os objetivos do presente estudo foram classificados em objetivo geral, o qual trás o


tema central abordado na pesquisa e objetivos específicos, que correspondem questões
decorrentes do tema, com propósito de complementar o entendimento e trazer esclarecimentos
das questões levantadas a partir do objetivo geral.

1.2.1. Objetivo geral

Como objetivo geral, foi realizado um estudo sobre resistência mecânica do TRC
imerso num ambiente de altas temperaturas, analisando experimentalmente seus parâmetros
de resistência a tração direta, pós-exposição a cargas térmicas elevadas.

1.2.2. Objetivos específicos

Quanto aos objetivos específicos, associados ao objetivo principal, na busca de


melhor entendimento de fenômeno abordado são:
a) Análise da redução na resistência em função do comprometimento da resina de
impregnação sob altas temperaturas;
b) Análise da manutenção da resistência trazida ao substituir cimento
convencional por cimento refratário.
13

1.3. PREMISSA

Uma vez que todas as estruturas estão sujeitas ao potencial risco de incidentes
envolvendo elevadas cargas térmicas, é salutar a pesquisa e entendimento do comportamento
de materiais, de forma a garantir seu melhor desempenho, eficiência e garantia de máxima
segurança a todos os usuários daquela estrutura.

1.4. DELIMITAÇÕES

A pesquisa delimita-se ao estudo dos efeitos das elevadas temperaturas apenas sob a
resistência a tração residual do TRC, com foco no comportamento da armadura têxtil visto que
o compósito é constituído pela união de vários materiais que de forma integrada fornecem sua
estabilidade mecânica, como por exemplo, sua matriz cimentícia.

1.5. LIMITAÇÕES

São limitações desta pesquisa:


a) Cimentos CPV-ARI e refratário;
b) Armadura de fibra de vidro AR;
c) Resina impregnação acrílica termoplásticas;
d) Temperatura de ensaios de 100°C e 250°C;
e) Cura em câmara úmida, 100% umidade;
f) Ensaio de resistência mecânica a tração direta, idade 28 dias;

1.6. DELINEAMENTO

O trabalho será realizado através das etapas apresentadas no diagrama da Figura 4 e são
descritas nos próximos parágrafos:
a) Pesquisa bibliográfica;
b) Definição do programa experimental
c) Ensaios e coleta de resultados;
d) Análise dos resultados obtidos através dos ensaios;
e) Considerações finais e conclusões.
14

Figura 4 - Diagrama do delineamento da pesquisa

Inicialmente realizou-se a pesquisa bibliográfica, buscando conhecimento mais


aprofundado do assunto proposto neste estudo, objetivando alcançar a compreensão dos
fenômenos decorrentes do aquecimento do TRC a altas temperaturas. O estudo foi realizado
por meio de uma pesquisa do tema em livros, publicações em revistas, trabalhos acadêmicos e
sites específicos de material acreditado. Cabe salientar que pesquisa acompanhou todo o
transcurso de construção deste estudo em razão da extensão, particularidades e melhor
entendimento dos resultados obtidos no decorrer da investigação.
Após o aporte de conhecimento básico do comportamento do TRC e aquilo que
deveria ser investigado para aquisição de informações que corroborassem o objetivo
anteriormente apresentado, foram definidas as condições de contorno para este fim. Dentre as
infinitas variáveis, foram elencadas aquelas que seriam mais significativas, pertinentes e
exequíveis para realização do trabalho.
O próximo passo foi modelagem dos corpos de prova e realização dos ensaios para
obtenção de dados para uma análise comparativa entre aquilo proposto pela bibliografia e os
resultados mostrados pelos testes efetuados.
Por fim foi realizada análise dos resultados, a qual serviu de subsídio para as
considerações finais do trabalho.
15

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são apresentados os títulos e suas informações colhidas a partir da


literatura e pertinentes à pesquisa, os quais servindo de subsidiou para a contextualização e o
melhor entendimento do assunto abordado, bem como a base para produção deste trabalho.

2.1. CONCRETO REFORÇADO TÊXTIL

O concreto têxtil é um material inovador, desenvolvido no início dos anos 2000 nas
universidades de RWTH Aachen University Aachen e Technische Universität Dresden, ambas
na Alemanha, onde a partir dos fundamentos do uso de fibras curtas no reforço do concreto e
princípios utilizados no dimensionamento de estruturas convencionais de concreto armado, foi
obtido um material que possibilitava a produção de elementos significativamente mais finos e
leves, mantendo a mesma resistência mecânica do concreto convencional. (HEGGER et al.,
2006).
O concreto têxtil é um material compósito que combina uma matriz cimentícia
produzida com agregados de baixa granulometria e uma armadura têxtil geralmente
confeccionada de fibras de alta resistência, tais como carbono, aramida, vidro, polipropileno
ou poliéster (Figura 5). Essas fibras tramadas em configurações bi ou tridimensionais são
incorporadas durante a moldagem dos elementos de concreto, melhorando suas propriedades
mecânicas, como resistência à tração, tenacidade e durabilidade (HEGGER et al., 2008).

Figura 5 - Sistema de reforço para concreto: (a) concreto armado convencional (b) concreto
reforçado com fibras dispersas (c) TRC.

Fonte: Hegger, 2006


16

Devido aos elementos confeccionados em concreto têxtil terem como característica a


esbeltez é possível produzir estruturas com economia de até 80% na massa de concreto em
relação àquelas de concreto armado convencionais, reduzindo também os custos de transporte
para componentes pré-fabricado (KULAS; GMBH, 2015)
Em função da maior demanda de cimento pela matriz cimentícia do TRC, o uso
exclusivo do material não o torna economicamente viável, sendo necessária sua associação ao
concreto convencional para produção de elementos mais robustos. Nesta configuração, a
redução de peso e volume de material empregado, aliado a durabilidade superior do TRC,
torna o projeto competitivo e sustentável frente os sistemas convencionais. Assim, os
benefícios do concreto têxtil encontram aplicações onde elementos estruturais com
capacidade de suportar grandes solicitações enquanto mantendo espessuras delgadas, sendo
compósitos TRC encontrando utilização em sistemas ventilados de fachadas, módulos de
estações de transformadores, unidades de estocagem como tanques e silos, estruturas de
cascas, lajes de sacadas, reforços estruturais colunas, telhados, lajes e pontes, elementos
sujeitos a exposição de cloretos e elementos sanduíche. (RAUPACH et al., 2006)
Os elementos sanduíche são um ótimo exemplo de otimização dos atributos do TRC
(Figura 6). Nesta conformação com alto nível de pré-fabricação traz grandes vantagens, uma
vez que os componentes acessórios, como estrutura de sustentação e isolamento térmico são
produzidos a parte. A parede interna do elemento pode ser executada em concreto armado
convencional, de forma a prevenir processos de flambagem, oriunda do carregamento dos
pisos. A parede externa é exposta solicitada principalmente a cargas horizontais de vento,
estando sujeita apenas a tensões de flexão (KULAS; GMBH, 2015).

Figura 6 - Esquema de painel sanduíche usando TRC

Fonte: Solidian, 2017


17

Outra aplicação empregando com eficiência as qualidades do TRC são os reforços de


alto desempenho, quando a conservação dos produtos armazenados é uma preocupação, os
padrões de durabilidade são altos ou para ambientes agressivos, como estruturas marítimas,
garagens de estacionamento e passarelas de pedestres (KULAS; GMBH, 2015).
Uma técnica eficiente de execução deste processo de reforço consiste no tratamento
inicial com jato de areia na superfície do elemento que será reforçado, após esta deve ser
umedecida para evitar absorção da água da mistura do TRC, provendo assim uma boa
aderência sob o concreto antigo. Uma primeira camada de concreto fino é aplicada, seguida
da camada de têxtil, alternado este processo conforme a previsão de camadas de têxtil
exigidas pelo reforço. Finalizado esta etapa, uma última camada de concreto é aplicada, com
atenção a processo de cura adequado, por um período não inferior a sete dias. Esta técnica
reduz a incidência de falhas por aderência, visto que o tratamento com o jato de areia sob o
substrato e aplicação direta camada a camada, resultam num forte intertravamento entre o
concreto existente e o reforço aplicado. Eventualmente as falhas de aderência verificadas
ocorreram apenas no substrato existente de concreto ou por de laminação dentro da camada de
têxtil (JESSE et al., 2002).
Uma ilustração esquemática e registros da aplicação do reforço de concreto têxtil
sobre uma estrutura de concreto armado convencional é representada na Figura 7.

Figura 7 - Reforço de TRC sobre concreto convencional

Fonte: Karl Mayer Co., 2024.


18

Entretanto, mesmo que o TRC seja um material consolidado por mais de duas décadas
de uso, ainda não há regulamentações aprovadas para seu emprego. Alguns procedimentos
pontuais foram necessários para o desenvolvimento de suas aplicações, sendo os primeiros
procedimentos gerais apresentados em 2013 para pequenos painéis de fachadas e 2014 para
reforço de estruturas internas de concreto armado, especialmente submetidas a esforços de
flexão na zona de tração sob carregamento predominantemente estático. Este último é tido um
importante marco para o concreto têxtil e deixa precedentes para futuras regulações
(SCHEERER et al., 2017).

2.2. TÊXTEIS

Os têxteis técnicos são aos materiais confeccionados com fibras de alta resistência,
como carbono, polipropileno, poliéster, aramida ou vidro, tramadas para formar malhas
flexíveis, duráveis e leves, que ao serem incorporados ao concreto, resultam na melhoria de
propriedades mecânicas (Figura 8). Estes materiais desempenharam um papel crucial na
evolução do concreto convencional para o concreto têxtil, proporcionando ganhos
significativos de desempenho estrutural, durabilidade e economia de materiais (RAUPACH et
al., 2006).

Figura 8 – Têxteis empregados na produção de TRC

Fonte: BTF Internacional, 2024.


19

As fibras utilizadas na produção de têxteis são classificadas fibras artificiais, as quais


são obtidas a partir de uma molécula ou macromolécula, já existente na natureza, que sofre
uma transformação química e/ou mecânica da matéria-prima natural e fibras sintéticas, que
são obtidas através de macromoléculas que precisam ser sintetizadas quimicamente a partir de
polímeros derivados do petróleo (BUNSELL, 2005). Cabe ressaltar embora fibras naturais
apresentem potencial para produção de têxteis, porém seu emprego não tem
representatividade comercial, estando ainda restrito ao campo da pesquisa.
Apesar da variedade de têxteis e da diversidade dos processos de fabricação, a
utilização no TRC se restringe a têxteis que possuem estrutura estável, em relação ao
movimento entre fios de trama e de urdume, com abertura de espaços maiores entre fios
consecutivos de urdume e fios consecutivos de trama, quando comparados a tecidos a serem
impregnados por resinas. Dessa forma, os têxteis utilizados no TRC, majoritariamente, são
estruturados em grelhas ou telas (Figura 9) produzidas com a sobreposição de fios com ou
sem pontos de fixação (PERRY et al., 2020).

Figura 9 - Malha de fibra de vidro

Fonte: BTF Internacional, 2024.

Os têxteis utilizados na produção de TRC são constituídos de fios ou feixes de


filamentos, com diâmetro variando entre 5 e 30µm, dependendo do material. A unidade de
medida do feixe é o Tex, cujo significado é grama por quilômetro e pode ser calculado em
função do seu diâmetro e da sua massa específica. Por exemplo, um feixe de 320 Tex consiste
em aproximadamente 800 filamentos com um diâmetro de aproximadamente 14µm e massa
específica de 2,68 g/cm3 (KULAS; GMBH, 2015).
20

As malhas têxteis são normalmente dispostas de uma a três camadas, sendo as fibras
de carbono ou vidro as mais utilizadas na produção do TRC, permitindo customizar e otimizar
projetos ao empregar o quantitativo exato de reforço, devidamente ajustado as propriedades e
geometria do elemento ao qual será agregado (ORTLEPP et al., 2008).
Os fios da malha têxtil são constituídos por filamentos, e estes podem ser externos ou
internos. Assim, o tratamento dado aos fios de um têxtil influi na aderência entre os próprios
filamentos e entre os filamentos e a matriz, implicando em comportamentos diversos de uma
matriz reforçada com o têxtil quando ela é submetida, por exemplo, a carregamento de tração
(DONINNI et al., 2017).
Os têxteis podem ser previamente tratados por meio de um processo denominado
impregnação, que consiste em alinhadas as fibras, agrupando-as na configuração desejada e
posteriormente sendo revestidas ou saturadas com resina líquida, apresentando
comportamento termofixo ou termoplástico após o processo de cura. A impregnação assegura
que as fibras sejam completamente envolvidas pelo material de resina, proporcionando-lhes
resistência adicional, estabilidade estrutural e proteção contra agressividade ambientais
(KÖCKRITZ et al., 2006). Através da impregnação, é possível ativar os filamentos de núcleo
do feixe e transmitir a carga igualmente por toda trama (Figura 10), uma vez que este
tratamento propicia uma maior homogeneidade às mechas, resultado da colagem entre
filamentos, resultando numa melhor ativação da seção transversal de todo o têxtil (HEGGER
et al., 2006).

Figura 10 - Esquema filamento impregnado

Fonte: Hegger, 2006

A indústria de têxteis faz uso de vários tipos de resina para impregnação das fibras
(Figura 11), fornecendo características específicas que influenciam diretamente o desempenho
21

do material, dentre estas as resinas de poliéster, acrílica e epóxi se mostram eficientes na


produção de têxteis que agregam robustez e com estabilidade dimensional ao TRC associado,
atributos buscados no fabrico de pré-moldados e durante o processo de concretagem
(KULAS; GMBH, 2015).

Figura 11- Resinas utilizadas para impregnação

Fonte: Gemalabs, 2023.

Resina de poliéster é um polímero termofixo ou termoplástico, tipicamente curado


com emprego de um agente de cura, formando estruturas rígidas e estáveis. É conhecida por
sua combinação de resistência, leveza e custo geralmente mais baixo entre as demais resinas.
Oferecendo boa resistência mecânica e durabilidade, tendo um coeficiente de expansão
térmica relativamente alta, o que pode levar a distorções dimensionais sob variações de
temperatura. A maioria das resinas de poliéster tem uma temperatura de serviço de 80°C a
120°C, podendo manter suas propriedades mecânicas e estruturais por períodos prolongados
dentro desta faixa. O processo de degradação térmica se dá em temperaturas entre 150°C e
200°C, onde a exposição prolongada resulta em perda de propriedades mecânicas e
degradação da estrutura do material. (SPERLING, 2005).
Resina acrílica é um tipo de polímero termofixo rígido ou flexível, dependendo das
necessidades da aplicação, amplamente utilizada em uma variedade de aplicações, alta
resistência à degradação UV, boa resistência a impactos e abrasão, bem como moderada
resistência produtos químicos, apresentando um coeficiente de expansão térmica
relativamente alto comparado com outros polímeros, podendo resultar em distorções e
mudanças dimensionais em função da temperatura, comprometendo seu desempenho quando
exposta a cargas térmicas. Apresentam temperatura de serviço na faixa de 80°C a 90°C, a
partir da qual tem início o processo de degradação, tipicamente caracterizado nas
temperaturas entre 120°C a 150°C, quando há comprometimento de suas propriedades
mecânicas (SPERLING, 2005).
22

Resina epóxi é uma classe de polímeros termofixos amplamente utilizada em uma


variedade de aplicações devido às suas propriedades excepcionais. São formadas pela reação
de um epóxido (ou grupo epóxi) com um agente de cura, resultando em uma estrutura
tridimensional cruzada que proporciona alta adesão a diversos substratos, resistência química,
estabilidade em condições ambientais adversas, como umidade e luz UV, além de boa
resistência ao impacto, compressão e tração. É um material conhecido por sua versatilidade,
sendo utilizado em aplicações que variam desde adesivos e revestimentos até compósitos
avançados nos setores da construção civil. As resinas epóxi são conhecidas por suas boas
propriedades térmicas em comparação com muitos outros tipos de resinas, apresentando um
coeficiente de expansão térmica relativamente baixo, o que ajuda a manter a estabilidade
dimensional sob variações de temperatura, com algumas sendo desenvolvidas para suportar
cargas termicas por períodos prolongados, mas ainda assim, possuem limites em termos de
resistência a altas temperaturas. Apresentam temperatura de serviço contínua de até cerca de
120°C à150°C, com temperatura de degradação entre 150°C e 200°C, onde a resistência do
material é comprometida, levando a uma perda de propriedades mecânicas (SPERLING,
2005).
As resinas também são classificadas conforme seu comportamento em resposta a
exposição ao calor, sendo classificadas em termofíxa (ou termorrígidas) quando perdem a
estrutura cristalina e propriedades mecânicas se submetidas a uma temperatura superior à sua
temperatura de transição vítrea (Tg), não voltando ao seu estado original mesmo se aquecidas,
por isso são chamadas termofíxas. Peças fabricadas com resinas termofíxas não podem ser
fundidas ou remoldadas, no entanto as propriedades mecânicas são elevadas quando se refina
o método de laminação. Suas propriedades térmicas, normalmente, variam entre 80ºC e
250ºC. A segunda classificação é de resinas termoplásticas, tendo como característica a
possibilidade de volta ao seu estado original após aquecido, podendo ser amolecido,
remoldado, retrabalhado, fundido e reciclado facilmente. Além das vantagens de manuseio e
indefinida vida útil, os termoplásticos proporcionam alta cadência produtiva de peças
estruturais com baixo peso e requerimentos estruturais desafiadores.

2.3. FIBRA DE VIDRO

As fibras de vidro são produzidas a partir de sílica da areia (SiO 2) que é fundida a
temperaturas maiores do que 1350°C, a qual sendo resfriada rapidamente, resulta numa
estrutura atômica amorfa, conhecida como vidro.
23

O processo de fiação e transformação do vidro fundido nos filamentos que irão


compor as fibras envolve etapas sucessivas a partir da mistura de matérias primas, podendo
ser utilizado somente sílica ou adicionados outros componentes, de forma a obter
propriedades específicas, como condutividade elétrica, resistência alcalina, resistência à
tração (Figura 12). Posteriormente os elementos são fundidos num forno com temperatura em
torno de 1450°C, o qual possui três zonas por onde a mistura escoa: na primeira (zona de
fusão) a mistura é recebida e a fundição acontece; na segunda (zona de homogeneização)
acontece o refino a 1370°C; na terceira (zona de condicionamento) há vários queimadores e
abafadores, assegurando o controle da temperatura. No final do processo o vidro fundido
chega ao ponto de extração, onde é extrusado ao passar por vários orifícios, sendo mantido
aquecido para controlar e conservar sua viscosidade. No local de saída do ponto de extrusão,
jatos de água resfriam os filamentos que estavam a 1240°C. Um jato de ar em alta velocidade
é direcionado aos filamentos para cortá-los, se necessário, ou os filamentos permanecem
contínuos, sendo acondicionados em bobinas (GARDINER, 2020).

Figura 12 - Processo de fabrico de fibra de vidro

Fonte: Gerson Marinucci, 2019.

2.4. CIMENTO REFRATÁRIO

Materiais refratários são todos aqueles naturais ou manufaturados, não metálicos,


capazes de resistir a ambientes hostis sob solicitações diversas de altas temperaturas,
oscilações de temperaturas, abrasão, erosão, corrosão e outros. Trata-se de materiais
24

multicomponentes, polifásicos, policristalinos e com estabilidade volumétrica (DUARTE,


2012). São fabricados a partir de uma variedade de matérias-primas e composições químicas,
viabilizando os processos de produção que envolva necessidade de altas temperaturas, como
na indústria de aços, vidros e petroquímicos (CAMPOS, 2011).
O cimento refratário se encontra neste grupo de materiais, sendo um tipo especial de
material cimentício que é formulado para resistir a altas temperaturas sem perder suas
propriedades estruturais e de ligação. Ele é projetado para ser utilizado em aplicações onde
materiais convencionais não conseguiriam suportar altas temperaturas, desempenhando um
papel crucial na indústria onde altas temperaturas são exigidas, garantindo a durabilidade e a
eficiência dos equipamentos que utilizam calor extremo em seu processo operacional (IBAR,
2012).
Há vários tipos de concreto refratário disponíveis no mercado, sendo em geral
fabricados com adição de cimento de aluminato de cálcio em diferentes teores, de acordo com
seu uso. Há ainda concretos refratários sem cimento, que são ligados por aditivos químicos
especiais, e concretos isolantes compostos por agregados leves de baixa condutividade
térmica. O mercado conta com empresas especializadas na produção de materiais refratários
oferecem concretos sob medida de acordo com a utilização pretendida, como misturas
especiais para concretagem de pisos ou revestimentos específicos e outras aplicações que
exigem propriedades únicas, além de outros produtos como argamassas e cimentos para todo
o mercado industrial (STUDART et al., 2001).

2.5. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS

Os projetos em TRC não podem ser dimensionados a parir de modelos prescritos para
o concreto armado convencional, uma vez que o comportamento dos esforços sobre a
armadura têxtil difere daquele sobre armadura de aço, devido, entre outras, as propriedades de
aderência de cada material, sendo necessário equações específicas para o dimensionamento de
elementos neste material. As equações 2, 3 e 4 permitem o computo da capacidade de carga à
tração (Fctu) de uma seção de concreto têxtil (HEGGER et al., 2008).

Fctu = At * ft * k1 * k0,α * k2 (equação 2)


Sendo:
Fctu = capacidade de carga à tração;
25

At = área da seção transversal do reforço têxtil;


ft = resistência à tração do filamento;
k1 = coeficiente de eficiência (equação 3);
k0,α = coeficiente de carregamento oblíquo (equação 4);
k2 = coeficiente de carregamento biaxial.

k1 = Smax / ffil (equação 3)


Sendo:
k1 = eficiência deduzida;
Smax = resistência à tração do reforço no compósito;
ffil = resistência à tração do filamento.

k0,α = 1 - α/90° (equação 4)


Sendo:
k0,α = coeficiente de carregamento oblíquo;
α = ângulo entre a direção do reforço e a direção de carregamento;

O cálculo da capacidade de carga à flexão resulta da resistência à tração do reforço e o


braço de alavanca interno. Aqui, a deformação máxima da armadura é dada pela deformação
do filamento na falha, sendo as influências do carregamento e da taxa de reforços, estimadas
pelo fator kfl. As equações para dimensionamento à flexão são dadas pela equação 5. O
coeficiente de carregamento à flexão k fl para alguns têxteis é dado pela tabela 01, onde p l é o
grau de reforço longitudinal em porcentagem. (HEGGER et al., 2008).

Mu = kfl * Fctu * z (equação 5)


Sendo:
Mu = momento último;
kfl = coeficiente de carregamento à flexão conforme material da fibra;
Fctu = capacidade à tração (equação 3);
z = braço de alavanca interno.
26

Tabela 1 - Valores calculados para kfl


Tipo de tecido kfl
Corrente – vidro AR 1,0
Tricô – vidro AR 1,0 + 0,15pl
Carbono 1,0 + 0,4pl
Fonte: Hegger, 2008.
27

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O desempenho mecânico do TRC tem sido amplamente estudado nas últimas décadas,
estando a pesquisa do tema ainda em andamento. Apesar dos anos de investigações contínuas,
há alguma dificuldade em compilar o conhecimento obtido, pois ainda não há um método de
teste padrão (D’ANTINO, PAPANICOLAOU, 2017). A situação é ainda pior quando se trata
de carga térmica, visto que conhecimento disponível de investigações experimentais onde o
TRC, foi construído a partir de ensaios com significativas variações nas taxas de aquecimento,
nos métodos e posicionamento das medições de temperatura e nos tempos de exposição e
tipos de carregamentos, além das variações nas amostras, tais como geometria ou métodos de
fixação, resultando em certo grau, na inconsistência dos métodos de ensaio e respostas de
fenômenos relacionados a exposição a elevadas temperaturas (KAPSALIS et al., 2021).
Também é verificado que a literatura, que os ensaios de térmicos são projetados num
regime permanente de temperatura, onde uma taxa de calor fixa é entregue as amostras até
que seja atingido um patamar esperado, a partir do qual a temperatura é mantida constante
durante todo o período do ensaio. Entretanto esta conformação não é aquela verificada na
ocorrência real de um sinistro, onde elevadas temperaturas são ofertadas aos elementos de
concreto em curtos períodos, a taxas variáveis de aquecimento. Outras observações
pertinentes se referem ao fato dos fornos e muflas utilizadas nos trabalhos citados não
conseguirem entregar as taxas de aquecimento preconizadas pelas curvas de incêndio
padronizadas. Também foi verificado grande variedade de patamares de temperatura durante
os ensaios térmicos (KAPSALIS et al., 2021).
Neste sentido, na tentativa de contornar a limitação trazida pela efêmera padronização
nas pesquisas e visando alcançar uma base comparativa para a boa análise de resultados,
foram elencadas as condições de contorno que guardam similaridade do referencial
bibliográfico com os objetivos deste estudo.
Do exposto, a metodologia experimental empregada visa avaliar as propriedades
mecânicas residuais do TRC, que transitou da temperatura ambiente, até aquelas avaliadas,
retornando, por meio de um resfriamento lento, novamente a temperatura ambiente.
Finalizada esta fase, os corpos de prova foram analisados para coleta final de resultados que
serviriam para verificar os impactos das variáveis sob a resistência a tração direta do TRC.
28

3.1. MATRIZ CIMENTÍCIA

O comportamento pormenorizado da matriz em altas temperaturas ainda não é bem


conhecido, uma vez devido à falta de padronização nas misturas de TRC ensaiadas. A
bibliografia trás o cimento Portland, como o ligante mais utilizado, aproximando o
comportamento da matriz ao do concreto de alto desempenho, entretanto a performance do
TRC exposto a elevadas temperaturas não depende apenas dos materiais constituintes, mas
também na sua interação dada por meio da camada de ligação matriz-fibra, a qual está sujeita
aos efeitos danosos das altas temperaturas, sobretudo naqueles compósitos produzidos a partir
de têxteis impregnados (KAPSALIS et al., 2021).
Neste direcionamento, o presente estudo além de analisar a extensão do
comprometimento no desempenho do TRC, utilizando têxteis impregnados, após os efeitos
deletérios das cargas térmicas sob a resina de revestimento, também analisa o emprego do
concreto refratário na busca de melhora do isolamento térmico da matriz.
Uma vez que as propriedades térmicas do concreto refratário conferem ao material
bom comportamento para aplicação em ambientes sujeitos a estresse térmico (RAMBO et al.,
2017, NGUYEN et al., 2017, KAMSEU et al., 2015, STONYS et al., 2016), é potencial o seu
emprego junto ao TRC em função do aprimoramento no comportamento térmico da matriz,
desta feita, preservando a ligação matriz-têxtil e otimizando sua eficiência frente elevadas
temperaturas.
A pesquisa de BROCKMANN (2006) cita três misturas comumente utilizadas na
pesquisa do comportamento mecânico do TRC, indexados como PZ-0899-01, FA-1200-01 e
RP-03-2E, sendo a mistura PZ-0899-01 escolhida pelo pesquisador, por apresentar melhores
respostas aos esforços de tração, uma maior resistência em maiores idades e pela melhora na
alcalinidade da matriz, trazida pelas adições presentes em sua composição, particularidade
que impacta diretamente sobre o têxtil de fibra de vidro que foi utilizado. Guardando
similaridades com esta mistura, a pesquisa realizada por RIZZO (2023), a qual foi alcançada
por meio do estudo da equação de Funk e Dinger, a qual determina a curva teórica de
empacotamento de materiais para produção de concretos autoadensáveis. A partir destas
características e na busca de minimizar a variabilidade de condições de contorno, o presente
estudo fará uso da mistura apresentada por RIZZO (2023), a qual utiliza aditivo
desincorporador de ar "Densil 10" da empresa GCP Applied Technologies, aditivo
29

superplastificante "MC Powerflow 4000" e aditivo modificador de viscosidade "Centrament


Stabi 520"; ambos da empresa MC-Bauchemie Brasil.
A pesquisa relacionada ao uso de concretos refratário na composição do TRC,
apresentou uma grande dispersão na composição das misturas. Uma vez que não foi
encontrado dados que subsidiassem a influência do uso de cimento refratário sob a resistência
mecânica do TRC, esta pesquisa optou pela manutenção das mesmas proporções de
componentes do traço de RIZZO (2017), apenas substituindo o cimento Portland, por cimento
refratário. A tabela 2 apresenta os componentes e medidas da mistura analisada.

Tabela 2 - Mistura de concreto

Material Consumo (kg/m³) Traço


Cimento 471,26 1
Sílica ativa 113,10 0,24
Cinza volante 358,16 0,76
Carbonato de cálcio 334,59 0,71
Areia 966,08 2
Água 263,90 0,56
Aditivo superplastificante 28,28 0,06
Aditivo modificador de viscosidade 9,43 0,02
Aditivo desincorporador de ar 9,43 0,02

Fonte: Brockmann, 2006.

3.2. CIMENTO REFRATÁRIO

Na seleção do cimento refratário empregado neste estudo, optou-se por seguir aquele
já utilizado na pesquisa de RAMBO (2017), uma vez que não foram relatados problemas ou
alterações com o produto ao longo de trabalho. O produto atende pelo nome comercial de
SECAR®51 da empresa Imerys, o qual segundo a empresa, se trata de um ligante hidráulico,
com teor de alumina de aproximadamente 50% e baixo teor de ferro, parâmetros que resultam
na produção de concretos adequados a suportar condições severas de trabalho, com excelentes
propriedades mecânicas. A tabela 3 apresenta a composição química do material.

Tabela 3 - Composição química Secar®51


Constituinte Percentual (%)
Al2O3 50,8 – 54,2
CaO 35,9 – 38,9
30

SiO2 4,0 – 5,5


Fe2O3 1,5 – 2,7
TiO2 < 4,0
MgO < 1,0
K2O + Na2O < 0,5
Fonte: Imerys, 2024

3.3. TÊXTIL

A pesquisa utiliza como reforço têxtil de tela de fibra de vidro impregnada, malha
10x10mm, índice AR-360-RA-4R da empresa TEXIGLASS®, caracterizado a tabela 4.
Embora não seja o têxtil com maior resistência a esforços, se trata de um material
capaz de atender o objeto do estudo. Também é relevante salientar, que os têxteis de fibra de
vidro ainda são os mais empregados na para produção de TRC, sendo um produto de baixo
custo e facilitada disponibilidade junto ao mercado (GRIES et al.,2006).
Além disso, um requisito importante para que as fibras de vidro sejam usuais na
construção civil é ter seus fios especificamente projetados, incorporando minerais como
dióxido de silício e óxido de zircão, de forma a resistir ao meio alcalino corrosivo do concreto
(GRIES et al.,2006).

Tabela 4 - Caracterização malha AR-360-RA-4R


Parâmetro Medição
Peso 360g/m²
Número de fios de urdume 0,75 fios/cm
Número de fios de trama 0,75 fios/cm
Título de fio do urdume 2400 Tex
Título de fio de trama 2400 Tex
Tipo de tecelagem Giro inglês
Largura 130 cm
Comprimento rolo 100 m
Espessura sem resina 0,55 mm
Espessura com resina 1,15 mm
Carga de ruptura teórica do urdume 54 kgf/cm
Carga de ruptura teórica da trama 54 kgf/cm
Resina de impregnação Acrílica termoplástica
Porcentagem resina em peso 20%
Fonte: Texiglass, 2019

A investigação dos efeitos da impregnação sobre a resistência a esforços do TRC


mostrou que o aumento do nível de impregnação dos fios (sem resina a completamente
31

impregnados), resultou no aumento da carga última de ruptura das amostras, ressaltando a


importância desta variável em conferir resistência ao TRC. Isso acontece, pois, na situação
sem impregnação, apenas os filamentos externos dos fios, em contato com a matriz, suportam
a carga aplicada, enquanto os filamentos internos, quando solicitados, deslizam facilmente
pela pouca fricção trazida da baixa aderência com os fios externos, porém quando os fios são
impregnados com resina tanto os filamentos externos quanto internos trabalham em conjunto
quando a armadura têxtil é solicitada (DONINNI et al., 2017).
Foi verificado que o emprego de têxteis não revestidos na produção do TRC, resulta
em poucas alterações, quando submetidos a temperaturas de até 200°C, independentemente
das condições de teste, apresentando comprometimento nas propriedades residuais da ligação
degradadas após exposição a 400°C, devido à degradação química da matriz, desidratação e
alterações na morfologia da interfase. Nos ensaios com TRC utilizando têxteis revestidos, a
literatura diverge, uma vez foram encontrados resultados com melhor desempenho para
temperaturas inferiores a 200°C, em virtude do derretimento e re-endurecimento do
revestimento termoplástico após o resfriamento, sendo observado um aumento na resistência à
tração e na capacidade de deformação com o aumento da temperatura para as amostras de
TRC pré-aquecidas até 150°C. Até esta temperatura, o mecanismo de intertravamento matriz-
polímero ajuda a criar uma alta ligação entre os filamentos e a matriz. Além disso, a
resistência do fio é impactada pela penetração do revestimento que, após resfriado, promove
uma melhor redistribuição de carga entre os filamentos, no entanto outros estudos apontam
uma reduções significativas (variando entre 20% e 60%) após exposição a apenas 100°C. Para
temperaturas de exposição na faixa de 250°C e 400°C, a resistência de união residual
deteriorou-se severamente em todos os casos, uma vez que os revestimentos poliméricos
foram completamente decompostos, levando à ausência da força de ligação. Após exposição a
600°C, houve uma degradação severa das fibras, levando a uma carga residual muito baixa,
independentemente do tratamento de superfície, sendo muitos casos relatado, a falha devido à
ruptura das fibras e não devido ao arrancamento. No entanto, os resultados ainda são
limitados e apresentam grandes variações, portanto, mais pesquisas são necessárias
(KAPSALIS et al., 2021) .
O têxtil de vidro AR-360-RA-4R utiliza resina de impregnação acrílica, caracterizada
a tabela 5. Com base no tipo de resina utilizada, foram parametrizadas duas temperaturas, de
forma que os ensaios promovessem mudanças sobre a resina, porém sem provocar danos a
matriz cimentícia. Assim, com base na literatura (SPERLING, 2005), a primeira temperatura
de ensaio foi definida em 100°C, assim permitindo ultrapassar o limite da temperatura de
32

serviço, alcançando o ponto de transição vítrea (Tg) e consequente mudança do estado solido,
para o estado plástico e flexível do material. A segunda temperatura de ensaio foi definida em
250°C, tal limite foi escolhido de forma a transpor o limite da temperatura de degradação
prevista para a resina, quando ocorrem danos a sua estrutura molecular levando a uma
deterioração significativa das suas propriedades físicas e químicas, com perda de aderência e
comprometimento da resistência mecânica.

Tabela 5 - Caracterização resina acrílica aplicada a malha AR-360-RA-4R


Requisito Resultado Norma técnica
Resina acrílica estirenada e
hidrocarbonetos aromáticos, 1,2,4-
trimetilbenzeno, cumeno,
Composição propilbenzeno, mesitileno, solvente -
de nafta (petróleo), aromática leve;
nafta de baixo ponto de ebulição.
Não contém álcool ou querosene.
Densidade relativa 0,96 – 1,02 g/cm³ NBR 15382
Volume de sólidos 3 – 9% NBR 8621
pH 7,00 – 8,00 ASTM E70
VOC 730 g/L NBR 16388
Teor de sólidos 21,00% NBR 15315
Permeabilidade ao vapor Sd ≤ 2,0 m EN ISO 12572
Absorção de água por capilaridade C24h ≤ 0,50 kg/m²,√ h EN ISO 15148
Aptidão à dissimulação de fissura > 0,2 mm EUatc 1978
Fonte: Texiglass, 2024

A taxa de aquecimento para todos os ensaios térmicos foi fixada em 10°C/min.,


conformando um regime de linear de incremento de temperatura. Embora este seja um
procedimento divergente daquele sugerido para ensaios desta natureza, nos quais se incentiva
seguir as taxas de aquecimento das curvas padronizadas temperatura/tempo dos gases, como
por exemplo, a curva ISO 834, foi adotada a mesma taxa de aquecimento utilizada por
RAMBO (2017) a qual guarda semelhanças com os trabalhos trazidos pela literatura
(KAPSALIS, P et al.,2021, NGUYEN et al., 2016, SILVA et al., 2014, TLAIJI et al.,2018).
Esta parametrização também se baseou nas orientações da norma RILEM 129-MHT (2000), a
qual postula o emprego de uma taxa linear de aquecimento como sendo mais adequado aos
estudos com foco nas propriedades do material concreto em si, estando as curvas
temperatura/tempo dos gases mais consoante ao ensaio de estrutura construídas com concreto.
Esta taxa de aquecimento é mantida até a temperatura de cada ensaio ser alcançada,
posteriormente este patamar é mantido por 60 minutos. Este período foi escolhido em função
33

da condutividade térmica do concreto (0,8 – 1,5 W/mK) de forma que toda massa das
amostras atingisse um equilíbrio térmico com o interior da mufla e sofresse as possíveis
alterações causadas pelas cargas térmicas em todo o volume do corpo de prova.

3.4. CORPOS DE PROVA

Os corpos de prova empregados no estudo seguiram a metodologia apresentada a


RILEM TC 232, na qual 28 pesquisadores assinam o trabalho com especificações de
dimensionamento daquelas amostras de TRC que serão trabalhadas em ensaios de tensão
uniaxial (BRAMESHUBER et al, 2016). Tal estudo também foi seguido por RIZZO (2023)
para dimensionamento (Figura 13) e conformação dos moldes em aço SAE 1020 para
produção suas amostras (Figura 14).

Figura 13- Dimensões corpos de prova

Fonte: Rizzo, 2023

Figura 14 - Moldes para confecção dos corpos de prova

Fonte: Rizzo, 2023


34

Seguindo orientação da autora, foi utilizado uma membrana de borracha de espessura


igual a 1mm na interface entre o corpo de prova e as garras do equipamento, de forma a
distribuir com melhor eficiência as cargas sobre as amostras figura 00.
Como o presente estudo não objetiva avaliar o ganho de resistência trazido pelo
reforço têxtil, foi utilizado uma camada de malha AR-360-RA-4R na produção do TRC, desta
feita evidenciando nos resultados o potencial comprometimento trazido pelos danos das altas
temperaturas sob o TRC, com atenção as mudanças sofridas pela resina de impregnação.
Do exporto, a pesquisa utilizou de 30 corpos de prova, conformados de acordo com as
variáveis de estudo, sendo dois tipos de aglomerante (C1 e C2) e três temperaturas (T0, T1 e
T2), indexados conforme segue:
a) C1T0 – cimento CPV-ARI, temperatura ambiente (5 corpos de prova);
b) C2T0 – cimento refratário, temperatura ambiente (5 corpos de prova);
c) C1T1 – cimento CPV-ARI, temperatura 100°C (5 corpos de prova);
d) C2T1 – cimento refratário, temperatura 100°C (5 corpos de prova);
e) C1T2 – cimento CPV-ARI, temperatura 250°C (5 corpos de prova);
f) C2T2 – cimento refratário, temperatura 250°C (5 corpos de prova);

3.5. ENSAIOS ESTADO FRESCO


(...)

3.6. ENSAIOS ESTADO ENDURECIDO


(...)
35

4. ANALISE DE RESULTADOS
36

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
37

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