TCC Nicholas
TCC Nicholas
TCC Nicholas
ENGENHARIA METALÚRGICA
Vitória
2018
NICHOLAS HENRIQUE DOS SANTOS RUPP
Vitória
2018
À memória dos meus queridos avôs,
Arthur e José, meus primeiros heróis
e eternos mestres.
AGRADECIMENTOS
Aos meus tios José Luiz e Eunice, que me acolheram em boa parte dessa aventura.
À prof. Dra. Rosana Vilarim da Silva, por ter sido minha mãe no mundo acadêmico e
por ter me orientado e direcionado por tantos semestres.
À prof. Dra. Desilvia Machado Louzada e à prof. Dra. Georgia Serafim Araújo, pela
orientação, pelos “macetes” e pelas risadas.
With the search for more sustainable production techniques, researchers are more
interested in research about the reuse of waste and recycling of products and
components. In this context, construction stands out as an industry that is able to
absorb its own waste almost completely. Construction and demolition waste (CDW),
has high potential for reuse and can be used as aggregates in paving. In this area
stand out the permeable pavements that can attenuate another serious urban
problem: the soil sealing. Considering these problems, the proposal of this work is to
develop and to characterize composite plates with potential for application in
permeable pavements. The composite is formed by polypropylene (PP) and CDW.
The composite plates were made by the hot pressing process and characterized in
terms of permeability and flexural strength. Four types of plates were made, three of
which were permeable and one impermeable. For the permeable plates, the effect of
the CDW granulometric distribution and the insertion of a steel grid in the center of
the plate were analyzed as additional reinforcement. The permeable plates
presented high permeability coefficients, much higher than the minimum predicted by
the ACI - 552R - 06 standard for pervious concretes. The incorporation of the steel
grid inside the permeable plates promoted increased flexural properties without loss
of permeability. On the other hand, the impermeable plates presented flexural
properties about three times superior to the permeable plates, with the same
granulometric distribution and percentage of RCD. The performance of the plates
was compared to the minimum requirements required by ABNT NBR 13818 standard
for coating materials. The plates presented rupture loads higher than the minimum
required, but did not meet the minimum for flexural modulus. It is important to note
that this standard is specific for ceramic materials and was used in this work because
there is no specific standard for the material developed. In general, there is still room
to improve the flexural performance of the composite plates.
CR – Carga de ruptura
PP – Polipropileno
k – coeficiente de permeabilidade
t – Tempo em que o nível de água leva para percorrer a marca de hi até hf (Ensaio
de permeabilidade)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ................................................................................................... 3
4 METODOLOGIA ......................................................................................... 21
4.2 MÉTODOS.................................................................................................. 22
6 CONCLUSÕES .......................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 43
1
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
Identificar a razão em massa RCD/PP mais adequada para atender aos requisitos do
compósito;
3 REVISÃO DE LITERATURA
Nas sociedades mais primitivas não havia grande preocupação com a produção e
descarte de resíduos, visto que a produção de resíduos era insignificante diante da
grande assimilação ambiental. Entretanto, a partir do século XVIII, com o advento da
revolução industrial, a humanidade se viu diante de uma explosão produtiva, que
culminou em um crescimento urbano acelerado e na sociedade de consumo
(BRASILEIRO e MATOS, 2015).
Nesta nova sociedade, o desenvolvimento econômico está atrelado à transformação
da natureza, de forma a melhorar a qualidade de vida da parte beneficiada de seus
membros. Sua cultura está associada a um modelo de produção linear, no qual bens
são concebidos, projetados, construídos, utilizados, e em seguida, descartados no
meio ambiente, juntamente com os resíduos gerados durante sua produção. Fica
implícito nessa cultura produtiva que os recursos naturais disponíveis são infinitos e
que a natureza é capaz de absorver resíduos e dejetos ilimitadamente (JOHN,
2000).
Entretanto, principalmente no século XX, as consequências ambientais dessa cultura
se tornaram claras. Começam a surgir então, os primeiros questionamentos relativos
ao efeito estufa, ao aumento do consumo de energia, destruição da camada de
ozônio, poluição atmosférica e chuva ácida, consumo desmedido de matérias-primas
não renováveis, geração de resíduos, entre outros (BRASILEIRO e MATOS, 2015;
JOHN, 2000). A partir dessa preocupação, surge a ideia de desenvolvimento
sustentável. Segundo Chen e Chambers (1999), o desenvolvimento sustentável
pode ser definido como:
Aquele que permite atender às necessidades básicas de toda a população
e garante a todos a oportunidade de satisfazer suas aspirações a uma vida
melhor sem, no entanto, comprometer a habilidade das gerações futuras
de atender às suas próprias necessidades.
5
Segundo John (2000), “[...] a construção civil é o setor da indústria cuja função é a
transformação do ambiente natural no ambiente construído, que será adequado ao
desenvolvimento das mais diversas atividades.” Este autor afirma ainda que toda
atividade econômica é precedida da construção civil, pois depende de edifícios e
instalações que são produtos desta indústria.
Brasileiro e Matos (2015) afirma que para cada 100 empregos diretos gerados pelo
setor, são gerados 62 empregos indiretos. Oliveira (2012) diz que esse setor é
prioritário na alocação de recursos escassos da economia e no fortalecimento do
setor social, devido à grande geração de empregos.
A importância do setor, em diversos aspectos, sejam eles sociais ou econômicos, é
indiscutível. Entretanto, visto o porte desta indústria, pode-se deduzir que esta seja
uma das grandes vilãs ambientais.
Estima-se que cerca de 50% dos recursos naturais extraídos sejam destinados à
construção civil (BRASILEIRO e MATOS, 2015). Mattos (2013) afirma que cerca de
50% do entulho gerado é disposto de maneira irregular na maioria dos centros
urbanos brasileiros. Além disso, ainda segundo Brasileiro e Matos (2015), a
construção civil causa danos ambientais em praticamente todos os seus processos,
desde a extração e processamento das matérias-primas, até a construção, uso e
manutenção dos produtos da construção civil.
Dentre os principais recursos naturais necessários à construção civil, estão materiais
como areias e cascalhos, que são extraídos de sedimentos aluviais. A extração
desses materiais modifica o perfil dos rios e seu equilíbrio, alterando suas estruturas
hidrológicas e hidrogeológicas. Outros materiais como rochas, são extraídos
6
Definir uma composição padrão para os RCD é uma questão complicada, e talvez
impossível, pois dependerá da cultura construtiva de cada região, bem como
técnicas empregadas, o que definirá quais materiais farão parte da composição do
resíduo e sua proporção. Não se pode generalizar a composição desse material,
mas seus componentes devem ser caracterizados e classificados, de maneira a se
definir uma devida aplicação para cada tipo de RCD conforme sua composição
(BAPTISTA JUNIOR e ROMANEL, 2013; KARPINSK et al, 2009).
No Brasil, há a predominância de materiais cimentícios nos RCD, seguidos de outros
materiais, como rochas, componentes de vedação (tijolos maciços e furados de
cerâmica ou de concreto), e em alguns casos, solos. Em pequenas quantidades,
verifica-se resíduos de madeira, metais e plástico. Os RCD com grande quantidade
de materiais cimentícios e rochas tendem a se apresentar como um material de alta
qualidade e ampla aplicabilidade (KARPINSK et al, 2009).
Os RCD possuem uma ampla gama de aplicações na construção civil, que
dependerá, é claro, de sua composição. Os RCD de Classe A, mais
especificamente, podem ser transformados em pó de concreto, brita 1, 2, 3 e 4, bica
de corrida para aplicação em reforço de subleitos e sub-bases para a pavimentação
de estradas, estacionamentos, calçadas e ciclovias; cobertura de estradas vicinais e
pavimentos permeáveis. Podem ser utilizados ainda como agregados em concretos
não-estruturais, na confecção de argamassas de assentamento e revestimento, além
de sua alta aplicabilidade em produtos pré-moldados (blocos, meio-fio, entre outros).
Geralmente evita-se o uso de RCD em aplicações estruturais, pois, devido a sua
heterogeneidade, é comum apresentarem propriedades inferiores às matérias
primas naturais (BAPTISTA JUNIOR e ROMANEL, 2013; BRASILEIRO e MATOS,
2015).
10
Compósitos
Contínuo Descontínuo
(Alinhado) (curto)
Partículas
grandes Reforçados Painéis em Laminados
por dispersão sanduíche
Orientado
Alinhado aleatóriamente
maioria dos materiais podem ser convertidos em pós por processos de moagem e
por métodos como precipitação em solução, atomização e sol-gel. Além disso, há
um alto potencial de aproveitamento de resíduos, que podem ser convertidos em
partículas (LEVY NETO e PARDINI, 2006).
Em muitos casos, além de melhorar certas propriedades dos materiais, reforços
particulados podem substituir parte do volume da matriz, o que é vantajoso quando o
reforço é um material de baixo custo se comparado à matriz. Esse é o caso de
diversos polímeros com enchimento particulado mineral. Além desse exemplo,
outros compósitos reforçados por partículas são os concretos. (CALLISTER
JUNIOR, 2002; LEVY NETO e PARDINI, 2006).
Além do já exposto sobre o PP, este polímero possui alto potencial de reciclagem,
tornando-o um material de uso favorável em um contexto de desenvolvimento
sustentável.
4 METODOLOGIA
4.1 MATERIAIS
4.2 MÉTODOS
O RCD granulado bruto, da maneira como foi recebido, foi peneirado e classificado
em três faixas granulométricas, conforme a Tabela 2.
Faixa Granulometria
1 (grosso) Menor que 9,5 mm e maior que 6,3 mm
2 (médio) Menor que 6,3 mm e maior que 4,8 mm
3 (fino) Menor que 4,8 mm e maior que 2,4 mm
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Figura 6 - RCD: faixa 1(grosso), faixa 2 (médio) e faixa 3 (fino); da esquerda para a
direita.
O ferramental utilizado na confecção das placas foi uma termo-prensa com molde
adaptado. Os moldes são do tipo macho e fêmea, com 240 mm de largura e 255 mm
de comprimento. A altura pode variar entre 3 e 34 mm. A Figura 7-a apresenta a
termo-prensa e a Figura 7-b o molde já preenchido com o material a ser conformado.
24
Figura 7 - (a) Termo-prensa com molde adaptado e (b) detalhe do molde com
distribuição da mistura de RCD e PP.
% em
% em Massa Composição
massa Razão Espessura
Placas massa total granulométrica
de RCD/PP (mm)
de PP (g) Grosso/Médio/Fino
RCD
P1 10%/70%/20%
18,3 81,7 4,5 930,0 13,39
(permeável)
P2
19,9 80,1 4,0 1356,6 19,26 10%/60%/30%
(permeável)
P3
(permeável 19,9 80,1 4,0 1439,4 20,70 10%/60%/30%
com tela)
P4
28,4 71,6 2,5 1516 19,93 10%/60%/30%
(impermeável)
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
O procedimento para esse ensaio foi adaptado de Marchioni et al (2011), que utilizou
a norma ACI – 552R – 06, proposta pela American Concrete Institute, para medida
da permeabilidade de concretos permeáveis. Foi construído um permeâmetro,
mostrado na
Figura 9, específico para este trabalho. As placas foram ensaiadas inteiras, não
sendo necessária a retirada de amostras, deste modo tem-se resultados mais
representativos uma vez que o material tem estrutura muito heterogênea.
O permeâmetro consiste em duas caixas de acrílico que se encaixam perfeitamente.
A placa a ser ensaiada é posicionada exatamente no encaixe das duas caixas. A
caixa inferior possui um furo circular em uma das laterais, ao qual é acoplado um
tubo de PVC de 100 mm, conectado a um joelho, que é conectado a outro tubo,
disposto para cima. A saída deste segundo tubo deve estar nivelada à superfície
superior da placa. A caixa superior é aberta e possui duas marcações, uma a 70 mm
acima do nível da placa e outra a 290 mm. Após o encaixe da placa o sistema deve
ser devidamente vedado, inclusive os contatos laterais entre a placa e as laterais da
caixa de acrílico.
𝐾= 𝑙𝑜𝑔 (1)
×
𝐶𝑅 = (2)
×
𝑀𝑅𝐹 = × (3)
×
𝐶𝑅𝑒 = (4)
𝑀𝑅𝐹𝑒 = (5)
30
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base no trabalho desenvolvido por Neptune e Putman (2010), para concretos
permeáveis, e por Christ (2016) para compósitos de polipropileno e brita, optou-se
por utilizar uma distribuição granulométrica descontínua na confecção do compósito,
visando obter a melhor relação entre permeabilidade e resistência. Após testes
prévios duas composições granulométricas foram analisadas: Composição 1 (10%
do RCD grosso, 70% do RCD médio e 20% do RCD fino); Composição 2 (10% do
32
RCD grosso, 60% do RCD médio e 30% do RCD fino). A proposta é que os espaços
entre os granulados não sejam completamente preenchidos pelo polímero de modo
a garantir a permeabilidade sem perda significativa na resistência.
Além da composição granulométrica a proporção entre o RCD e o PP é outro ponto
influente na busca da melhor relação entre a permeabilidade e resistência. Para as
placas permeáveis a proporção 80/20 foi a que forneceu melhores resultados; já
para as placas impermeáveis foi utilizada a proporção 70/30. No caso das placas
permeáveis, além das placas compostas por apenas RCD e polímero, foram também
fabricadas placas reforçadas por uma tela de aço (Figura 8), inserida no centro da
peça, formando um compósito do tipo sanduíche. A intenção foi de aumentar a
resistência da placa sem perda da permeabilidade.
Para a definição da espessura das placas dois pontos foram considerados, o
primeiro é a fluidez do polímero; como o material é aquecido apenas nas superfícies,
inferior e superior, se a placa for muito espessa haverá variação significativa de
temperatura no interior da placa dificultando uma fusão uniforme do polímero e
consequente impregnação dos granulados. O segundo ponto diz respeito à Carga de
Ruptura e Módulo de resistência à Flexão, propriedades estas que são proporcionais
à espessura da mesma. Após testes prévios duas espessuras foram selecionadas:
13 mm e 20 mm (valores médios).
Para as placas impermeáveis (P4), como pode ser observado na Figura 15, há
poucos vazios entre os granulados de RCD que estão bem impregnados pelo
polímero. Nota-se também excesso de polímero na superfície superior da placa.
A Figura 16 apresenta uma placa (P1) sendo submetida a um fluxo de água de uma
torneira, uma simples demonstração visual de sua permeabilidade. Os valores para
os coeficientes de permeabilidade, obtidos a partir do ensaio proposto, são
apresentados na Tabela 5.
36
P1 (Permeável) P2 (Permeável)
P3 (Permeável com Tela) P4 (Impermeável)
2500
2000
CARGA (N)
1500
1000
500
0
0 5 10 15 20 25 30 35
DESLOCAMENTO (MM)
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D790 – 02: standard test
methods for flexural properties of unreinforced and reinforced plastics and electrical
insulating material. Philadelphia, 2002.
ARAÚJO, Paulo Roberto de; TUCCI, Carlos Eduardo Morelli; GOLDENFUM, Joel
Avruch. Avaliação da eficiência dos pavimentos permeáveis na redução de
escoamento superficial. Revista brasileira de recursos hídricos, Porto Alegre, v. 5,
n. 3, p. 21-29, 2000.
BHUTTA, Muhammad Aamer Rafique et al. Properties of porous concrete from waste
crushed concrete (recycled aggregate). Construction and building materials, v. 47,
p. 1243-1248, 2013.
BRASILEIRO, Luzana Leite; MATOS, José Milton Elias de. Literature review: reuse
of construction and demolition waste in the construction industry. Cerâmica, v. 61, n.
358, p. 178-189, 2015.
MARK, James E. Polymer Data Handbook. 2ª ed. Nova York: Oxford University
Press, 1999. p.983-5.
NEPTUNE, Andrew I.; PUTMAN, Bradley J. Effect of Aggregate Size and Gradation
on Pervious Concrete Mixtures. ACI Materials Journal, v. 107, n. 6, 2010.
OLEK, Jan et al. Development of quiet and durable porous Portland cement
concrete paving materials. Purdue University, 2003.