Criatividade e Lideranca

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QUALIFICAÇÃO DE GESTORES PÚBLICOS E PRIVADOS DOS MUNICÍPIOS

TURÍSTICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CRIATIVIDADE
E LIDERANÇA
TODOS OS DIAS DIFERENTE

Claudio Alexandre de Souza


Qualificação de Gestores Públicos e Privados dos Municípios Turísticos
do estado do Rio de Janeiro

CRIATIVIDADE E
LIDERANÇA
Claudio Alexandre de Souza
Pós-Doutor em Gestão de Negócios pela Université du Québec
`a Montréal - UQAM. Doutor em Geografia - UFPR com estudos
no International Center for Responsible Tourism - ICRT em
Leeds Metropolitan University - LMU, na Inglaterra. Mestre em
Hospitalidade - UAM. Especialista em Ecoturismo, Educação e
Interpretação Ambiental - UFLA. Bacharel em Turismo e Hotelaria
- UNIVALI. Professor do Mestrado Profissional em Tecnologias,
Gestão e Sustentabilidade (PPGTGS), Coordenador e Professor
do Curso de Bacharelado em Hotelaria da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná - UNIOESTE - Campus de Foz do Iguaçu.

[email protected] http://lattes.cnpq.br/6529509228250270
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Souza, Claudio Alexandre de


Criatividade e liderança [livro eletrônico] :
todos os dias diferente / Claudio Alexandre de Souza.
-- Niterói : Laboratório de Políticas, Governança e
Turismo (LabPGTUR), 2021. -- (Curso de gestores
públicos e privados / coordenação Fábia Trentin)
PDF

Parceiros: Ministério do Turismo (MTUR),


Universidade Federal Fluminense (UFF), Laboratório de
Políticas Governança e Turismo (LabPGTUR).
Bibliografia.
ISBN 978-65-84620-03-2

1. Criatividade 2. Empreendedorismo 3. Gestão de


negócios 4. Liderança 5. Turismo - Administração
I. Trentin, Fábia. II. Título. II. Série.

21-90941 CDD-338.4791
Índices para catálogo sistemático:

1. Qualificação de gestores : Criatividade e


liderança : Turismo 338.4791

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380


Ficha técnica
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA COORDENADOR DE INOVAÇÃO DA
DO BRASIL QUALIFICAÇÃO DO TURISMO
Jair Messias Bolsonaro Sergio Jose do Santos

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA COORDENADORA DO PROJETO


FEDERATIVA DO BRASIL Fábia Trentin
Hamilton Mourão
EQUIPE TÉCNICA
MINISTRO DE ESTADO DO TURISMO Cibele Priscila Vicente Solano
Gilson Machado Neto
AUTORIA DO CONTEÚDO
SECRETÁRIO EXECUTIVO Claudio Alexandre de Souza
Daniel Diniz Nepomuceno
REVISÃO
SECRETÁRIO NACIONAL DE Erly Maria de Carvalho e Silva
DESENVOLVIMENTO E COMPETITIVIDADE
DO TURISMO PROJETO GRÁFICO
Fábio Augusto Oliveira Pinheiro - Eduardo Silva Sant’Anna
Interino
IMAGEM DA CAPA
DIRETORA DE QUALIFICAÇÃO DO TURISMO Digital Buggu
Andrea de Souza Pinto
APOIO INSTITUCIONAL
COORDENADORA-GERAL DE Secretaria de Estado de Turismo do
QUALIFICAÇÃO DO TURISMO Rio de Janeiro - SETUR/RJ
Neuza Helena Portugal dos Santos Companhia de Turismo do Estado do
Rio de Janeiro - Turisrio
COORDENADORA DE QUALIFICAÇÃO
PROFISSIONAL DO TURISMO
Maria Luiza Moreira Nova da Costa

COORDENADOR DE PADRONIZAÇÃO DE
SERVIÇOS TURÍSTICOS
Francisco Glauber Lima Mota Filho

Apoio: Realização:
Apresentação do curso

O Curso de Qualificação de Gestores Públicos e Privados dos Municípios


Turísticos do estado do Rio de Janeiro é uma proposta do Laboratório de Políticas,
Governança e Turismo (LabPGTUR), da Faculdade de Turismo e Hotelaria (FTH)
da Universidade Federal Fluminense (UFF), baseado em pesquisa com gestores
dos municípios fluminenses, com a finalidade de identificar temas de interesse
desses municípios no que tange ao turismo.

Com a identificação dessa demanda, procuramos apoio junto ao Deputado


Federal Rodrigo Maia, que destinou orçamento por meio de emenda parlamentar
ao Ministério do Turismo. Este, por sua vez, acolheu a proposta do projeto de
Qualificação de Gestores Públicos e Privados dos Municípios Turísticos
do estado do Rio de Janeiro, com suporte financeiro e técnico, por meio da
Coordenação Geral de Qualificação do Turismo e do Departamento de
Qualificação (DEQUA), para elaboração do Termo de Execução Descentralizada,
formalizado entre o referido Ministério e a Universidade Federal Fluminense.
Contamos ainda com o apoio institucional da Secretaria de Turismo do estado do
Rio de Janeiro e da Companhia de Turismo do estado do Rio de Janeiro.

Como resultado, elaboramos o curso de Qualificação de Gestores Públicos e


Privados dos Municípios Turísticos do estado do Rio de Janeiro, estruturado
em 13 módulos, dos quais 11 possuem carga-horaria de 12 horas-aula e dois de
6 horas-aula, assim distribuídos: Criatividade e Liderança; Ética e Cidadania;
Gestão Pública do Turismo; Política e Planejamento do Turismo; Governança
Municipal e Regional do Turismo; Demanda Turística; Oferta Turística; Estudo
de Mercado em Turismo; Segmentação do Mercado Turístico; Impactos
Econômicos do Turismo; Marketing de Destinos Turísticos; Inovação e
Empreendedorismo na Gestão Pública; e Inovação e Empreendedorismo
na Gestão Privada.

O Módulo desenvolvido nesta publicação constitui-se em uma dessas etapas,


que juntos iremos percorrer.

Que tenhamos êxito em nossa jornada!

Fábia Trentin
Coordenadora do projeto
novembro de 2021

Criatividade e Liderança 5
Apresentação do módulo

Neste módulo iremos abordar o tema criatividade e liderança, pela perspectiva


das necessidades que o mercado vem impondo de forma cada vez mais explicita
para todas as formas de organizações.

Tanto se fala em inovação, mas muitos gestores se questionam, como agora, de


uma hora para outra, tornar-se inovador. Quando buscamos compreender a base
da inovação compreendemos que ela é resultado de uma dada invenção que é
incorporada no mercado e torna este dado mercado inovador.

Quando uma inovação incorporada altera estruturalmente aquele mercado, diz-


se que ela é disruptiva, vide o caso do AIRBNB, NETFLIX e do UBER, para
ficarmos em algumas ideias que alteraram significativamente o mercado no qual
estão inseridas e no caso do AIRBNB diz respeito direto à área de turismo.

Mas ainda fica a dúvida: Como irei me tornar um criador de inovações? Esta será
uma das ideias deste módulo. Já dissemos que uma inovação resulta de uma
invenção que “deu muito certo” e agora cabe saber que as invenções resultam
de ideias. E de muitas ideias, resultam muitas invenções e então cabe a nós,
gestores, sabermos aplicar a metodologia das startups para criar ideias e validar
os protótipos gerados a partir delas.

Para que compreendamos bem do que se tratam esses assuntos, vamos


apresentá-los e discuti-los com base nos seguintes tópicos: Criatividade;
Liderança; e Liderança Criativa.

Este módulo é composto pelos seguintes tópicos:

- Objetivos

- Criatividade

- Liderança

- Liderança criativa...

- Líderes e equipes criativas, criando inovações...

- Para concluir

6 Criatividade e Liderança
- Para saber mais

- Referências

Estes tópicos possibilitam uma compreensão geral sobre criatividade, liderança, e


liderança criativa, liderando equipes criativas para criação de projetos disruptivos.
Os materiais no tópico “Para saber mais” e nas “Referencias”, irão auxiliar aqueles
que buscam mais conteúdo para intensificar os seus estudos sobre os temas.
Ressalto, porém, que não existe nem pílula, nem fórmula mágica. Existe apenas
o aprender com as muitas lições, com cada projeto em que você for atuar, com
cada ação realizada, dividindo todo esse aprendizado com todos os membros de
sua equipe.

Objetivos
Ao completar o estudo deste módulo, você deverá ser capaz de:

i) conceituar o que são as habilidades de Criatividade


e de Liderança;

ii) identificar como essas habilidades podem ser


desenvolvidas para construir com a sua equipe de
trabalho uma equipe de alta performance;

iii) analisar as suas práticas profissionais;

iv) aplicar em suas atividades diárias a capacidade de


liderança criativa;

v) avaliar continuamente em busca da melhoria continua;

vi) reconhecer a necessidade de rever todas as práticas, ousando pensar, criar,


testar, validar, alterar, readequar ou perseverar, aprendendo ao longo de todo o
processo.

Criatividade e Liderança 7
1. Noções preliminares

O mundo não é o mesmo que era há 20 anos – e olha que estamos falando já
do século XXI.

O mundo não é o mesmo que era há 30 anos – agora sim, chegamos no século
XX, quando compreendemos as significativas diferenças entre as gerações.

O mundo não é o mesmo que era há 50 anos – a população do planeta extrapolou


as previsões.

O mundo não é o mesmo que era há 100 anos– quando tínhamos guerras
mundiais em curso no planeta.

Alguns diriam que isto é óbvio, então se é mesmo óbvio, por que apesar do
mundo não ser o mesmo, muitas estruturas ainda são? Muitas formas de gerir
as organizações ainda são? Muitas formas de trabalhar com o setor de turismo
ainda prevalecem?

Por que a gestão do turismo nas organizações mudou tão pouco? Por que a
forma de planejarmos o setor de turismo, de construirmos equipes para atuar
com turismo, também pouco mudou? Este módulo vem nos apresentar como
sermos Líderes Criativos para conduzirmos o turismo em nossas localidades,
tanto na esfera pública quanto na privada, buscando criar um turismo que seja
inovador.

Este módulo nos auxilia a compreender como usamos a Liderança Criativa para
pensarmos uma forma diferenciada de gerirmos o setor de turismo, tanto de
organizações privadas, quanto públicas.

A abordagem aqui apresentada pega gancho nas startups e nos modelos mentais
para o processo de ideação que elas adotam, nos explicando alguns aspectos
dessa metodologia. Como, por quê e para quê criar em uma organização que
busca se manter atualizada. Temos Líderes criativos que criam equipes de
alta performance ou criam organizações inovadoras? Como incentivamos o
empreendedorismo e o intraempreededorismo?

Como e por que usar a criatividade na liderança?

8 Criatividade e Liderança
Mais do mesmo. Bem, já temos prova de que mais do mesmo, não está dando
certo. Então por que não pensarmos de forma criativa, organizando uma equipe
de alta performance que busque, por meio de técnicas inovadoras, formas de
criar ideias diferentes.

Um mesmo município, com os mesmos atrativos turísticos, mas que podem ser
diferentes, por meio das ações criativas. Um mesmo município, com a mesma base
espacial, mas com atrativos turísticos criados, ou cocriados com os moradores
e por que não com os visitantes? Por que não ousarmos fazer diferente? Desta
forma iremos buscar um turismo que irá construir-se com os moradores e os
visitantes e não somente para eles, mas por eles, em uma gestão integrada com
os seus respectivos stakeholders com Liderança Criativa.

Criatividade e Liderança 9
2. Criatividade

“O ser humano é um animal criativo.” By CAS

O que é a criatividade? Para que serve a criatividade? Como desenvolver a


criatividade? Me perguntei quando comecei a escrever este material como uma
forma de auxiliá-los a compreendê-la. Seguirei essa linha de raciocínio ao longo
deste texto para maior clareza.

O que é a criatividade? Para muitos autores pode ser compreendida como a


habilidade que os seres humanos possuem para resolver situações adversas
quando estas surgem diante de si, nas mais variadas situações e momentos
de suas vidas. Essa habilidade é usada pelos seres humanos, tanto para
adversidades simples quanto complexas, nas mais diferentes culturas e nas mais
diferentes faixas etárias.

Para que serve a criatividade? Como citado, a habilidade da Criatividade tem o


seu uso percebido principalmente quando nos é apresentada uma adversidade,
um cenário novo a ser resolvido. Para resolvê-lo, caso este cenário nos seja
desconhecido, começamos a pensar em formas diversas de resolvê-lo e a
habilidade que nos possibilita criar opções de resolução diferenciada é a
criatividade.

Situações adversas novas na vida de uma pessoa exigem soluções até então
desconhecidas por aquele indivíduo. Isto faz com que ele busque em seu repertório
individual as habilidades e condições para resolvê-la. E isto ele faz, usando essa
habilidade chamada criatividade, que o municiará de ferramentas que o auxiliarão
a criar soluções. Por isto, atribui-se o seguinte corolário popular: “A necessidade
é a mãe da criatividade” e aí alguns dizem que o pai é a oportunidade. Ou seja,
muitos indivíduos apesar de terem necessidades similares não têm a mesma
oportunidade para criar as soluções, que iremos chamar de criativas, apesar do
que se observa em muitos casos de terem já pensado sobre elas.

Como desenvolver a criatividade? Então como desenvolver estas ideias criativas


para resolução de situações adversas, tendo em vista que muitos pensam nas
soluções, mas não as criam, não as tornam reais, deixando-as somente no mundo
das ideias, como diria Platão. Esta perspectiva vem sendo discutida com forte
ênfase nos dias atuais, como criar espaços propícios para geração de soluções.
Nas obras citadas nas referências você encontrará autores que identificaram que
os resultados de muitas ideias consideradas criativas, não foram momentos de

10 Criatividade e Liderança
lampejos de iluminação isolados, mas sim, resultado de muito esforço, aliados à
criação de muitas opções de ideias, para resultar na considerada ideia criativa
de sucesso.

Com a busca, então, de compreendermos como as ideias surgem, chegamos


à obra de Steve Johnson, que você encontra nas referências e também vídeos
onde ele explica “De onde vêm as boas ideias”, título de seu livro (JOHNSON,
2011). O autor apresenta sete situações que geram ideias nos seres humanos, as
quais tomo como base para apresentar essas possibilidades:

– o possível adjacente: neste caso, o autor aborda a situação de que sim,


os seres humanos têm as mesmas ideias, mesmo sem nunca terem tido
contato direto entre si. Fato este também chamado pelo autor de “múltiplo”.
Outro ponto que ele aborda, é o fato de muitas ideias terem que esperar a
época certa, o espaço certo, para se desenvolverem enquanto referência
em suas respectivas áreas.

– Redes líquidas: neste caso, o autor aborda a ideia de uma rede ser mais
contributiva para geração de um número maior de ideias, do que um ou
alguns indivíduos. O aspecto líquido atribuído à rede é pela característica
de que quanto mais fluida ela for, maior será o “transbordamento” de ideias
que fluem na respectiva rede, aumentando sua quantidade e sua qualidade.

– A intuição lenta: neste caso, o autor aborda uma questão fundamental


em relação ao chamado tempo necessário para que uma ideia possa ser
consolidada. Discute-se o fato de que as ideias têm o seu tempo necessário
para que possam se desenvolver em um dado individuo, mesmo que ele
se sinta inquieto em relação a algo, ou tenha intuição em relação a alguma
coisa que ele não saiba explicar. E o autor argumenta da necessidade de se
dedicar tempo necessário para esta inquietação ou instinto para dar tempo
ao tempo, para que a ideia possa ser desenvolvida.

– Serendipidade: neste caso, o autor aborda uma ideia que contradiz


um senso comum no mundo esportivo “Em time que está ganhando não
se mexe”. Um exemplo que o autor utiliza para explicar a contradição que
é a ideia de serendipidade seria a de “nos perdermos em nossa própria
garagem”. Provocar descobertas por acidentes onde já sabemos o que tem
lá. Buscarmos um olhar diferente para aquilo que sempre vimos, mas não
percebemos. Por isto, costuma-se pedir o olhar de alguém de fora, que
observa incongruências com as quais já tínhamos nos acostumados.

– Erro: “O acerto nos mantém no mesmo lugar. O erro nos força a explorar.
Quando estamos errados, temos de desafiar nossas suposições, adotar
novas estratégias. O erro por si só não abre novas portas para o possível

Criatividade e Liderança 11
adjacente, mas nos força a procurá-las.” Compreender que o erro ocorreu
por alguma razão, e ao explorar a compreensão para saber porque o erro se
comportou daquela forma específica e não de outra, acabamos aprendendo
novos conhecimentos e tendo novas ideias a partir destas ideias surgidas
em função da busca para compreender o erro.

– Exaptação: neste caso, entende-se por exaptação a apropriação para


uma função completamente de um traço otimizado de um organismo criado
para uma finalidade específica. Podemos dizer que é quando vamos para
além de uma área ou campo específico com a aplicação de uma ideia que
aparentemente não tem nenhuma relação com o que se está propondo para
o novo uso. Testarmos funções, traços, ferramentas, ideias, perspectivas já
consolidadas em uma dada área, em outra completamente diferente, para
aprender com os possíveis resultados.

– Plataformas: neste caso, o autor aborda a ideia de criação gerada


pelas plataformas. Plataformas naturais como recifes de corais ou outros
ecossistemas, ou artificiais como a internet. Ao observar com detalhe as
muitas bases existentes, que não são trabalhadas como plataforma, há
possibilidades de se identificar ideias novas. Como base para se criar
muitas plataformas podem se tomar como referência as muitas bases de
dados sem uso efetivo, que foram criadas somente para fins de registros e
controles, que muitas organizações possuem. Uma plataforma é um espaço
generativo de ideias em função do muito que se pode observar nas redes
necessárias para a sua existência.

Agora que sabemos que dessas muitas formas são geradas ideias, que as
muitas ideias quando aplicadas para a resolução de situações específicas, nos
tornam criativos, mas então por que não seguimos sendo criativos todos os
dias durante a nossa vida? Neste caso tomaremos como base o professor Ken
Robinson (ROBINSON, 2012), quando este analisa a estrutura educacional em
vários países do mundo e o impacto que ela exerce sobre a habilidade “natural”
do ser humano que é a criatividade.

Nascemos e somos naturalmente criativos, buscamos soluções a cada adversidade


que a vida nos apresenta, assim foi, e assim é, com os seres humanos e eles
vêm se desenvolvendo ao longo dos séculos e séculos. Utilizando o que sempre
esteve a sua disposição, o ser humano criou e cria soluções para superar a cada
adversidade que lhe surge na história da humanidade. Desta forma, ele inventou
muitas “coisas” que temos como normais em nossas vidas, como a ‘roda’ por
exemplo.

Contudo, cabe aqui a ressalva que o professor Robinson faz (ROBINSON, 2012):

12 Criatividade e Liderança
somos ensinados para perdermos a nossa habilidade da criatividade a cada ano
passado em uma escola regular, onde vamos para termos instrução formal sobre
assuntos tidos como necessários para a nossa convivência social e profissional,
nesse ambiente chamado de sociedade.

Entretanto a escola – como a entendemos para


ensino de massa, mundo afora - foi criada para uma
finalidade específica, que era de educar os seres
humanos para serem funcionários adequados para as
organizações privadas que surgem com a Revolução
Industrial. E por sua vez, isto foi bem feito (ROBINSON,
2012). Pois ao educar os seres humanos para aquela
finalidade naquele tempo, tínhamos que educá-
los para que abrissem mão de suas habilidades,
principalmente aquelas que os diferenciavam, para
que se enquadrassem dentro do padrão dominante,
serem o padrão de funcionários que se buscavam.

Esse cenário, entretanto, entra em choque com o mundo nos últimos anos,
simplesmente porque o mundo muda, mas esta estrutura chamada escola, criada
pelos seres humanos, ainda em sua grande maioria, continua com a mesma
estrutura. Mas o nosso foco aqui não é discutir a escola, mas compreender o
cenário atual da criatividade. Ou seja, muitas pessoas que hoje têm que gerir o
turismo, em muitos municípios, como no estado do Rio de Janeiro, e precisam ser
criativos, precisam desenvolver esta habilidade da criatividade para que possam
saber atuar no atual mercado. Mesmo que não tenham sido educados a serem;
muito pelo contrário.

Então agora sabemos como pensamos tão pouco de forma criativa e por quê.
Mas precisamos compreender que sermos criativos é literalmente darmos asas
a nossa imaginação para que ela possa subsidiar as nossas ideias, para que
saibamos criar opções diferentes de propostas de soluções para as muitas
adversidades do dia a dia de nossa atividade social, educacional, e neste caso,
profissional.

Precisamos compreender que por mais que as ideias ousadas, diferentes e/


ou malucas possam ser motivo de críticas, saberemos porquê, foi assim que
fomos ensinados. Agora cabe a nós, profissionais da área de turismo, gestores
municipais em busca de propostas alternativas para as adversidades que
surgem nosso ambiente de trabalho, estarmos abertos a conscientemente
não julgarmos nenhuma ideia (OSBORN, 1962; GOLEMAN; KAUFMAN; RAY,
1992; KIM; MAUBORGNE, 2005). Quando julgamos inicialmente alguma ideia,
nos comportamos de forma maniqueísta, vendo ou o lado bom ou o ruim. De

Criatividade e Liderança 13
qualquer uma das formas, deixamos de ser o profissional técnico que irá analisar
a ideia pela potencialidade dela, pois já estamos influenciados pelo nosso pré-
julgamento (BLANK; DORF, 2014).

Cabe a nós desenvolvermos práticas para (OSBORN, 1962; OECH, 1983, 1987;
BONO, 1989; GRANT, 2017):

- gerarmos quantidades de ideias;

- selecionarmos as ideias mais adequadas;

- prototiparmos as muitas ideias;

- validarmos os protótipos mais adequadas a nossa realidade;

- implementarmos o protótipo validado;

- seguirmos avaliando e adequando a proposta implantada.

Devo dizer que na atualidade, e em outros módulos, você encontra sugestão de


ideias para realização destas etapas, com auxílio do método mais adequado a
sua realidade, de acordo com as condições do seu município e com a mão de
obra técnica que você possua. A sua equipe deve ser qualificada para usar o
método que vocês selecionarem e usá-lo regularmente para desenvolver todas as
etapas e consequentemente terem em seu ambiente de trabalho uma liderança
criativa, a partir da existência de uma equipe qualificada, para ser criativa, para
gerar ideias para o desenvolvimento contínuo de ações inovadoras para o seu
município.

Você deve ter notado que não estou usando as palavras problemas e melhoria
neste texto. Sim, de fato estou evitando usá-las. Não é por acaso, mas sim, estou
fazendo isto intencionalmente e agora vou explicar o porquê.

Caso eu usasse a palavra problema relacionada a questão de termos ideias


para resolvê-las, você poderia ficar com a abordagem de que somente devemos
ter ideias quando temos problemas. Em vez disto, eu estou usando adversidades,
com a lógica de que adversidades não são boas nem más, mas somente situações
diferentes, adversas do normal, por isto são chamadas de adversidades. E neste
caso cabe em função de uma situação adversa, ou seja, diferente do normal que
não se resolve com as atitudes normais. Buscamos uma solução tão adversa
quanto a situação geradora dessa necessidade.

Em geral, as situações adversas surgem, por várias razões, não cabe a nós
discutirmos as razões pelas quais elas surgem, mas sim, neste momento, pensar
em como resolvê-las e as suas causas. Mas alguns poderão dizer que, se não

14 Criatividade e Liderança
surgirem adversidades, por que então eu devo desenvolver métodos para gerarmos
ideias? Precisamos entender que mesmo que a situação se torne estável, e não
vou dizer que isto é ruim, mas vou dizer que o mundo muda, e caso não façamos
isto intencionalmente o mundo fará isto conosco, caso nos acomodemos e quando
nos dermos conta, pode ser que ainda tenhamos tempo, mas teremos deixado
muitas oportunidades para sermos criativos, inovadores e pioneiros passar pela
nossa acomodação aceita consciente ou inconscientemente.

Caso eu usasse a palavra melhoria relacionada à questão de termos ideias


somente para tornar algo melhor, você poderia ficar com a abordagem de que
somente devemos ter ideias quando queremos melhorar algo. Por outro lado, eu
estou usando adequarmos ou adaptarmos, com a lógica de que ao adequarmos
algo, isto não quer dizer que a situação atual é boa ou má, mas somente que
eu creio que devemos buscar situações, ações, projetos, ou ideias diferentes,
adversas do normal, por isto são chamadas de adequarmos ou adaptarmos.
E neste caso cabe em função de termos a ideia de adequação constante ou
adaptação constante, como o desenvolvimento da habilidade de flexibilidade
comportamental e cognitiva de nossa equipe. Criando desta forma uma cultura
em nossa equipe que a torna aberta a mudanças, indiferentemente da situação
atual em que esta se encontra.

Como diz o nosso Hino Nacional “deitado eternamente em berço esplendido”, é


o que muitos fizeram e fazem em nosso imenso Brasil e em muitas cidades do
estado do Rio de Janeiro, também. Isto é bom ou ruim? Não sei e não cabe a
mim, neste momento, argumentar sobre isto ou julgar, bem, como eu creio que
não cabe a ninguém julgar. Mas com certeza, o tempo dirá. E pelo que vejo, o
tempo não demonstra que esta situação – a estabilidade/acomodação - seja a
melhor atitude para organização nenhuma, seja ela publica, privada ou para as
pessoas físicas.

Sabemos que teremos que desenvolver a capacidade de imaginar de nossa


equipe, aprendermos métodos que nos auxiliem no emprego de nossa imaginação
para gerar ideias, aprendendo a conviver com elas sem julgá-las, aprendermos
a aceitá-las e a trabalhá-las para que elas tenham um ambiente possível para
se desenvolver em possíveis propostas para o desenvolvimento do turismo de
nosso município.

Alguns podem estar perguntando por que então este módulo não nos apresenta
um método A ou B, para usarmos em nosso município? Cada município é diferente
do outro, é único, e possui uma estrutura de gestão do turismo de forma específica,
composta por pessoas únicas também, com características bem diferentes entre
si. Seria ilógico um módulo sobre criatividade não respeitar isso e fazer o que
as escolas fazem e matam a criatividade que existe nas individualidades. Posso

Criatividade e Liderança 15
sugerir algumas ideias para que possam buscar conhecê-las e aprender para
verificarem qual se adequa a sua respectiva realidade.

Busquem conhecer as seguintes ferramentas e vejam quais delas serão as mais


adequadas para a sua realidade: Brainstorming; Seis Chapéus; Canvas; Hackthon;
Design Thinking; Sprint etc (OSBORN, 1962; BONO, 1989; OSTERWLDER;
PIGNEUR, 2011; KNAPP, 2017). Ao aprender estas e outras, suas variações e
cruzamentos, vejam também a lógica das “startups” para geração de negócios, e
como aplicá-las na gestão pública

Cabe lembrarmos que o erro, diferentemente de como vem sendo tratado a partir
das “escolas”, não é nem bom nem ruim, mas uma oportunidade para aprendermos
(OSTERWLDER; PIGNEUR, 2011; KNAPP, 2017). Precisamos compreender
que ele é parte do processo de aprendizado continuo se buscamos nos manter
atualizados, ao nos adequarmos regularmente. Ao recomendar que as equipes
gestoras compreendam a mentalidade das startups, isto quer dizer que dentre
os muitos ensinamentos que elas nos trazem, uma delas é que elas erram muito,
mas aprendem com os seus erros e seguem em frente, melhores do que eram
antes do erro. Além de possuir ideias, para as suas práticas para testar, validar,
rearticular, negar ou aceitar a proposta prototipada, com base em dados técnicos
e objetivos para reduzirem ou eliminar as tomadas de decisões baseadas em
“achismos” (BELSKY, 2011; BLANK; DORF, 2014; MARINO; MAGNANI, 2019).

Agora que sabemos como ser uma pessoa criativa, contribuindo para resolução
de adversidades e criando soluções criativas, mas porque eu deverei fazer isto?
Será que todos fazem uso dessa habilidade da criatividade? Não fazem isto,
eu posso garantir, mas deveriam. Várias situações do nosso dia a dia poderiam
ser melhor resolvidas. Contudo há um grupo de pessoas que tem necessidade
de ser criativo em seu trabalho. Não, não são os artistas, estes também, mas
sim todos aqueles que desejam se posicionar como líderes em sua respectiva
área de atuação, assim como você que está à frente de departamentos em sua
organização, seja ela pública ou privada.

Você que já ocupa um cargo em sua organização. Você que já atua no setor de
turismo. Você que busca diferenciar o seu destino turístico, a sua organização e os
projetos nos quais está envolvido. Sim, você deve se preocupar em compreender
como aplicar a habilidade da criatividade aliada à habilidade da liderança em
suas atividades profissionais, e por que não em suas atividades pessoais? Sim,
para levar a sua organização para outro nível mercadológico, você deverá fazer
algo diferente, ou porque não dizer, disruptivo. E estas páginas e este curso todo,
irão lhe orientar para que você construa uma equipe que possa trabalhar para
geração de projetos turísticos criativos, inovadores e disruptivos.

16 Criatividade e Liderança
Verificação de aprendizado
Para que você possa avaliar o quanto compreendeu sobre o assunto desenvolvido,
iremos propor pequenas tarefas que você deverá realizar antes de prosseguir
para o próximo módulo. Se sentir dificuldade para realizá-las, retome a leitura ou
anote suas dúvidas para discuti-las posteriormente.

Como a rede interna de uma organização pode contribuir para termos


pessoas com mais habilidades?

Com toda a sua experiência, o que você diria que pode ser feito para
desenvolver o potencial criativo de cada um?

Na atualidade, como os membros de sua equipe podem contribuir para


gerar mais ideias?

Criatividade e Liderança 17
3. Liderança

O que é liderança? Bem, iremos falar aqui sobre liderança, a característica


exercida pelas pessoas que são líderes. Ainda não compreendi, afinal eu não
sei o que é um líder e sigo sem saber o que é liderança. Um líder será aquela
pessoa que tem liderados. Um líder será aquela pessoa que as demais pessoas
do seu grupo de relacionamento, pessoal, escolar ou profissional olham para
ela e a seguem por ela ser quem é e pela maneira como ela se comporta, pois
olham para ele e mesmo, sem saber explicar veem ali um líder (BELSKY, 2011;
GRANT, 2017).

Esse indivíduo, quando reconhece que os outros o veem como um líder e o


aceitam, exerce essa característica que alguns irão chamar de habilidade, a
habilidade que ele exerce neste momento é a habilidade da liderança. Agora se
ele exerce consciente ou inconscientemente é algo a ser pensado. Pois caso
exerça esta habilidade inconscientemente, terá dificuldade em saber lidar com ela
em situações adversas que exigirão do líder atitudes embasadas e conscientes
para que se alcance o resultado buscado.

O que é um líder? Eu sou o Secretário de Turismo, eu sou um líder? Pode ser


que sim, mas também pode ser que não. Existe diferença entre ser um líder e
ser um chefe. Quando você foi empossado como secretário ou diretor de turismo,
ou outro cargo similar para executar essas funções no executivo municipal, você
foi empossado para ser o chefe da área de turismo do município, mas isto não o
torna um líder.

Pode ser que em seu município, ou até mesmo em sua própria equipe, há alguém
que as pessoas vejam como um líder. Ou seja, alguém que elas seguiriam,
alguém por quem elas se sentem lideradas. Você precisa entender isto para
compreender que não há nada de pessoal em relação às pessoas lhe boicotarem
ou não acreditarem em você. Isto tem a ver com o fato de que o outro já era um
líder nesta área e você é o chefe, caso queira ser um líder precisa compreender
o que é ser um líder e buscar ser compreendido como tal.

Primeiro precisamos compreender qual é a nossa função pela chefia que temos,
o que está em nossa alçada de poder. O que poderemos ou não fazer, dentro do
que está previsto na legislação do município ao qual eu estou vinculado. Quais
funções cabem ou não ao cargo que eu ocupo e as condições para executá-las.
Ciente desta realidade, ciente da pessoa que eu sou, cabe agora eu me organizar

18 Criatividade e Liderança
conscientemente para planejar a minha atuação profissional frente a esta chefia.

Ótimo, agora eu já sei sobre as minhas funções como chefe definidas em lei,
dentro da estrutura administrativa da prefeitura do município em que trabalho,
agora devo buscar compreender sobre liderança. Ao estudar sobre liderança,
irei observar que não existe um único tipo de liderança ou de líder. Que existem
tipos de líderes tão amplos quanto os agrupamentos humanos. E eu preciso
compreender isto, para compreender que eu tenho que descobrir que tipo de
líder eu sou, em vez de tentar copiar algum tipo de liderança que me pareça
interessante, mas que eu não tenha condições de sê-lo.

Um exemplo do quão extremo são os tipos de líderes, veja os dois personagens


históricos: Mahatma Gandhi e Saddan Hussein. Ambos foram líderes para o seu
povo e ainda o são. Ou seja, ambos têm ainda, nos dias de hoje, seguidores.
Saddan Hussein foi um chefe, pois tinha um cargo formalmente constituído e
foi também um líder, pois as pessoas o seguiram literalmente para e na morte.
Mahatma Gandhi não um tinha cargo formalmente constituído para a realidade
de sua época, mas foi reconhecido como um líder e como tal foi e é seguido até
os dias de hoje.

Eu gosto de usar o exemplo desses dois líderes para mostrar que a liderança
não é boa e nem má. O que os líderes fazem com a habilidade de liderança que
possuem sim, é que resultará em ações que aos olhos da humanidade serão
julgadas pelos valores dos seres humanos. Então, como você já é naturalmente?
Qual é a sua inclinação comportamental? Veja bem, não estou perguntando isto
em relação aos dois nomes citados, mas para que pense sobre o quanto você
conhece a si mesmo.

Então, como você pode compreender mais sobre o líder que você tem condições
de vir a ser?

Vamos fazer uma atividade para compreender de forma mais aplicada esta ideia:

Cite três líderes que você tem como referência pessoal, pela liderança deles
na área que eles atuaram, pode ser vivo ou morto?

1.

2.

3.

Para cada líder, liste três características e virtudes que você destacaria da
atitude deles no exercício da liderança?

Criatividade e Liderança 19
1.

2.

3.

Verifique, do total destas características e virtudes, com quais você mais


se identifica?

Liste quais destas características e virtudes para um líder você possui, e


como você gostaria de ser visto?

Comece desta maneira a compreender quais são as características e virtudes


que você valoriza e quais você possui, para compreender se aquelas que você
possui estão alinhadas com o que você valoriza. Reflita sobre isto, para dar o
direcionamento para a sua postura como chefe, para que ela se alinhe com as
características e virtudes de líder que você busca ter um dia. Lembrando que
as pessoas o/a seguirão se você for um líder. Aquele que faz o que precisa ser
feito, sinergicamente, contribuindo para o desenvolvimento dos liderados. Desta
maneira, os liderados o/a seguem, pois sentem naturalmente que você busca
aquilo que é bom para todos que se identificam com as suas atitudes como líder.

As pessoas nascem ou podem se desenvolver como líderes? Sim, existem


pessoas que nascem com algumas características que possibilitam que
desde cedo elas se destaquem como líderes. Algumas pessoas nascem com
o que alguns irão chamar de talento e outros de dom (BURCKIGHAM, 2012;
BUCKINGHAM; CLIFTON, 2014). Neste caso, o que se recomenda quando você
nasce com predisposição para A ou B, é que se aliem a esta característica natural
o conhecimento e a técnica, para que você possa se destacar profissionalmente
a partir daquela habilidade natural, talento ou dom, que possui desde cedo, em
sua vida.

E você que não nasceu com um talento ou dom, sabedor que a liderança é
uma habilidade, entende que ela pode ser aprendida. Então, caberá a você,
consciente da busca que deseja seguir para seu autodesenvolvimento, elaborar
um plano de trabalho para o desenvolvimento de sua habilidade de Liderança.
E neste caso também, além de desenvolver as características básicas para a
compreensão desta habilidade, deverá acrescentar conhecimento e técnica. O
quanto um profissional será melhor que o outro, então não dependera de como

20 Criatividade e Liderança 20
você nasceu, mas do quanto você se dedicará para ser exímio eterno aprendiz
desta habilidade.

Lembrando sempre que você lidera muito mais pelo seu exemplo do que pelas
suas palavras. Enquanto as suas palavras dizem, suas atitudes mostram com
mais riqueza de detalhes o que deve de fato ser feito. Quando abordamos a
questão das virtudes é porque elas são vistas como um alicerce para as suas
soft skills, ou habilidades comportamentais. As suas virtudes serão a estrutura
que balizarão as atitudes do líder que você é, na liderança que você exerce
no dia a dia para com os seus liderados. Consciente sempre de que temos
sempre o que aprender e sempre aprendemos com tudo e com todos. Ser um
líder é ter a consciência de que a adaptação é uma necessidade básica para
o líder e os liderados no tocante à sobrevivência do grupo. E ao compreender
isto, compreende-se que sempre há o que aprender, pois não sabemos o dia de
amanhã, mas devemos sempre nos preparar para o inesperado, construindo o
futuro que desejamos para nós e os nossos.

Ser um líder é atuar para o desenvolvimento máximo de todos os seus liderados,


para que em dado momento, eles se tornem líderes em suas áreas, em seus
projetos. Aprendendo pelo seu exemplo, pelas suas orientações na construção
do melhor de cada um. Um líder constrói uma equipe de novos líderes, pois desta
forma, a sua equipe será de fato uma equipe de alta performance, pois será
formada por pessoas habilidosas em várias áreas de seus respectivos interesses.

Verificação de aprendizado
Para que você possa avaliar o quanto compreendeu sobre o assunto desenvolvido,
iremos propor pequenas tarefas que você deverá realizar antes de prosseguir
para o próximo módulo. Se sentir dificuldade para realizá-las, retome a leitura ou
anote suas dúvidas para discuti-las posteriormente.

Eu sou um líder? Que tipo de líder eu sou? Que tipo de líder eu buscarei
me tornar?

Eu sei como eu lidero?

Criatividade e Liderança 21
Eu sei como ser um líder, ótimo. Mas será que eu sei como ser um líder
necessário para os dias atuais e futuros, pós 2020? Pois nos anteriores bastava
eu aplicar conhecimento e técnica ao meu talento natural de liderança e teria
fortes chances para eu me destacar como líder (BUCKINGHAM; CLIFTON, 2012;
BUCKINGHAM, 2012). Mas quando observamos aqueles líderes que de fato foram
criativos, vemos algo a mais (GLADWELL, 2008; GRANT, 2017), então como nos
desenvolvermos para além de apenas ser um bom líder e nos tornarmos líderes
criativos, lideres que saibam construir equipes criativas?

22 Criatividade e Liderança
4. Líderes Criativos

Um líder criativo ou um líder que possui ou busca construir uma equipe criativa
valoriza a intuição, valoriza o salto de fé, valoriza o insight, valoriza as ideias
ousadas, pois ele compreende que a origem de boas ideias está em todos os
momentos e em todas as pessoas, mesmo que elas não saibam explicar o porquê
ou como tiveram aquela ideia, sim, isto é possível (BELSKY, 2011; GRANT, 2017).

Compreender e valorizar todas as pessoas que trabalham em sua equipe, faz de


você um líder que entende a importância de todos e principalmente de trabalharem
com métodos para registrar o processo de criação. Criando desta maneira uma
equipe competente que registra o capital intelectual gerado no processo de
criação de ações, para atuação na área de turismo em seu município.

Você é um líder que trabalha com a realidade. Sabe que quando se cria, corre-
se o risco de falhar, quando se busca o novo, existe a possibilidade de nem
sempre o novo ser o que se espera dele e que isto tudo faz parte do processo de
criação, isto tudo está implícito nos métodos de trabalho que você realiza com a
sua equipe, em seu departamento, e todos sabem disto (BELSKY, 2011). Desta
forma, constrói-se um espaço aberto para a germinação de ideias que possam
ser pioneiras para o município, a região, o estado e o Brasil, enfim para o turismo
como um todo.

Constrói-se desta forma uma equipe que compreende, dentro da metodologia


utilizada, a margem sujeita a falhas, sem se condenarem, sem se julgarem,
mas como aprendizes que são sobre as falhas que ocorrem, para que elas
possam servir de degrau para o desenvolvimento de todos (BELSKY, 2011).
Uma equipe que possui métodos para provocar a criação de ideias, mas, mais
ainda, para transformar estas muitas ideias em protótipos que contribuam para
o desenvolvimento do turismo da sua cidade. Com um método que possibilitará
a geração de novas atividades na área de turismo, bem como a adequação
constante das atividades já existentes.

Uma liderança criativa que leva ao pioneirismo (BELSKY, 2011). Um líder


provocador, auxiliando os seus liderados a serem pioneiros em suas respectivas
áreas de atuação, para que façam o turismo do município ser pioneiro também.
Adaptar é uma necessidade – afinal os seres humanos mudam, o mundo muda
- ou fazemos isto, ou pereceremos. Ou o turismo da sua cidade faz isto, ou
deixará naturalmente de receber novos visitantes e não mais será atrativa para

Criatividade e Liderança 23
os visitantes que já a conhecem. Um líder adaptável cria uma equipe adaptável,
uma equipe flexível para criar um destino turístico flexível, adaptável ao fluxo
natural das atividades do turismo.

Um líder que irá criar para liderar e irá liderar criando. Um líder que irá liderar
mentorando a sua equipe, para que se tornem seres humanos melhores,
preparando-os a cada novo dia para adequarem o município para todos os
visitantes, locais, nacionais e internacionais (HOFFMAN; CASNOCHA, 2012). Um
líder que irá liderar aconselhando a sua equipe, para que se tornem profissionais
melhores, para que o espaço de trabalho seja um espaço de criação de novas
formas de se desenvolver o turismo. Um líder que irá ser um líder criativo,
ensinando a todos da equipe a serem profissionais criativos.

Você agora já sabe que é um líder, para além do cargo que ocupa em uma
organização turística. Mas é preciso que esteja atento sempre para que seja
o líder criativo que a sua organização precisa que você seja. Tempos como o
que foi vivido em 2020, com chamados “problemas complexos”, exigem soluções
complexas dos líderes criativos para saber como produzi-las e implementá-las.

Compreenda que você deve ser um líder. Compreenda que você deve ser um
líder criativo. Compreenda que você deve ser o líder criativo que irá formar
uma equipe criativa para estar em condições de atuar frente às adversidades
do presente e do futuro. Pois não tenha dúvidas: elas virão! E por ser um líder
criativo, com uma equipe criativa, vocês não irão esperá-las– as adversidades
– chegarem, você estará criando cenários, gerando ideias e validando as
opções para se posicionar da melhor forma possível para a sua organização
e os seus respectivos stakeholders. E enquanto as adversidades não se fazem
presentes, você irá, gradativamente, melhorando as atividades administrativas e
operacionais, com a aplicação das técnicas, ideias, sugestões, referências aqui
citadas, na melhoria contínua da operação de sua organização.

Ser um líder criativo é co-criar, respeitando todas as ideias para liderá-las


para o seu máximo potencial. By CAS

24 Criatividade e Liderança
Verificação de aprendizado

Para que você possa avaliar o quanto compreendeu sobre o assunto desenvolvido,
iremos propor pequenas tarefas que você deverá realizar antes de prosseguir
para o próximo módulo. Se sentir dificuldade para realizá-las, retome a leitura ou
anote suas dúvidas para discuti-las posteriormente.

Como ser líder e criativo para com a sua equipe?

Como a rede interna de sua equipe e organização pode contribuir para


valorização das habilidades de criatividade, liderança, trabalho em
equipe, análise crítica, tomadas de decisão com base em dados?

Quais são as suas fontes para ter ideias? Registrar e sistematizá-las


para se tornar um hábito.

Quais foram os três últimos cursos que eu fiz em que aprendi algo
novo e no que isto me auxilia na vida e por que me chamou a atenção?

Qual foi a última adversidade real que eu ajudei ou resolvi com uma
ideia criativa?

Como eu me posiciono diante de ter que resolver alguma adversidade


e por quê?

Quando foi a última vez que eu acrescentei algo diferente em minha


rotina diária para me trazer novos insights?

Criatividade e Liderança 25
5. Líderes e equipes criativas,
criando inovações

Compreenda que para que você seja um líder considerado criativo, você deverá
liderar uma equipe criativa. Você deverá construir uma equipe que seja criativa
e de alta performance (BELSKY, 2011). Compreender o que é chamado de
“química” entre os seres humanos que irão formar e tornar a sua equipe criativa.
Uma equipe que buscará realizar aquilo que você deseja realizar como se esse
desejo fosse dela, de forma criativa. Buscando construir desconstruindo.

Compreenda que tudo que você buscar se tornar como um líder criativo é o que
você deve buscar construir em cada membro de sua equipe. Você não será um líder
criativo porque tem uma equipe criativa, você será um líder criativo porque todos
vocês – você e liderados - constroem-se para serem todos pessoas criativas em
todas as suas atitudes, rumo a objetivos sinérgicos. Principalmente construindo
ideias que possam vir a ser ideias que substituam projetos já existentes, como
forma de provocar disrupção no turismo que estarão criando para a sua cidade
ou a sua organização (BELSKY, 2011).

Tudo bem ate aqui. Compreendi como eu devo ser como líder e como a minha
equipe deve ser para ser criativa. Mas agora você me diz que eu tenho que provocar
disrupção para que os resultados sejam de fato criativos. O que quer dizer isto de
fato? Como eu posso ser enfim um líder com equipe criativa no dia a dia em um
destino e em organizações turísticas? Enfim como atuar para desenvolver uma
Liderança criativa na gestão pública, uma Liderança criativa para a inovação e
uma Liderança criativa para o desenvolvimento do empreendedorismo?

Para apresentar uma proposta para ter um caminho para que possa caso este
seja o seu desejo, ser líder criativo de uma equipe criativa, sugiro as orientações
a seguir com base em alguns autores (BELSKY, 2011; HOFFMAN; CASNOCHA,
2012; BLANK; DORF, 2014; GRANT, 2017; KNAPP, 2017; MARINO; MAGNANI,
2019).

Compreender o que motiva a sua equipe:

Buscar com a sua própria equipe compreender o que os motiva para que eles
estejam engajados, pois acreditam na “recompensam” que o projeto ao qual eles
estão vinculados trará. Contudo, o mesmo se aplica a você. No que você acredita?
Qual é a recompensa que você espera de cada projeto em que está atuando?
Compreenda que tem que descobrir isto em você e em todos os membros de sua

26 Criatividade e Liderança
equipe e todos precisam ter esta clareza, consciência e consistência, pois isto os
fará atuarem no projeto por eles mesmos.

Incentivar o desenvolvimento de habilidades complementares:

Você deseja ter uma equipe criativa de alta performance, então talvez opte por
buscar atuar com pessoas que são chamadas de profissionais em “T”. Profissionais
com uma base sólida: representada pela base vertical do “T”, mas como uma
experiência diversa e ampla: representada pela parte superior horizontal do “T”.
Pois desta forma você será – pois essas ideias servem para o seu desenvolvimento
também - e terá uma equipe formada por pessoas altamente qualificadas, mas
com experiência ampla, que possibilita ter mais chances de saber se relacionar
e trabalhar com equipes multidisciplinares de forma sinérgica e complementar.

Ter flexibilidade para gerar produtividade

Você deve buscar criar regras e normas pelo bem da


eficiência das ações individuais e coletivas na equipe. Regras
e normas cocriadas para o bem do alcance do resultado dos
projetos em que o líder e a sua equipe estão envolvidos. Se
buscam resultados diferentes, as formas efetivas de todos
trabalharem acabarão sendo naturalmente diferentes para
produzir o algo diferente que a equipe almeja, você e a sua
equipe têm confiança e flexibilidade cognitiva suficientes
para atuarem em um cenário com tais características?

Pensar em como seriam vocês os seus melhores concorrentes e matar


as suas ideias

Inovação disruptiva é aquela ideia que foge do padrão (KIM; MAUBORGNE,


2005). São aquelas ideias ou que matam ou que colocam os atuais produtos
que existem em uma situação delicada, pois esses estavam acomodados. Não
permita que o seu setor, a sua organização ou o destino turístico que você lidera
acomode-se. Pense e oriente a sua equipe a pensar como os concorrentes e
descobrirem formas de matar o projeto em que vocês atuam e o porquê (SINEK,
2018). Desta maneira vocês irão compreender os seus pontos de vulnerabilidade
que ou podem ser melhorados, ou sugerir novas ideias para novos projetos,
mantendo constantemente o processo de inovação do projeto que está sob a
sua liderança.

Ser aguerrido para alcançar avanços significativos

Em geral, equipes que buscam atuar com ideias diferentes em um espaço onde
podem expô-la é natural que gerem discordância. Este atrito que a discordância

Criatividade e Liderança 27
provoca eleva o nível de reflexão se os “porquês” são realizados de forma
respeitosa, por mais aguerrida que posa ser. Essas situações permitem que os
membros lutem sinergicamente para alcançar os resultados que estão buscando
com o projeto em que atuam. Cabe ao líder compreender esta potencialidade
e saber lidar com a equipe para entender a necessidade de administrar as
situações que surgirem para que sigam avançando em sua respectiva demanda.

Compartilhar ideias

Um líder criativo deve ter suas próprias ideias, bem


como todos os membros de sua equipe. Mas depois
que a equipe decidiu em qual ideia trabalhar, ela deve
ser compartilhada e assumida por todos. Passando
a ser a ideia da equipe, como um processo, para
que todos passem a construir a partir dela para
potencializar ao máximo o seu desenvolvimento.
Lembrando que agora que a ideia é da equipe, ela
será o que tiver que ser, mesmo que sofra alterações
ao longo do processo, pois ela será o melhor resultado
para a equipe e não para o criador da ideia.

Desenvolver-se e desenvolvê-los

Todos fazem parte da equipe, o líder também. O líder lidera, mas não é o “senhor
da verdade”. Não pode haver posturas narcisistas por apego ou ego. Todos devem
ser trabalhados para compreender que em todos os conflitos, todos devem buscar
o melhor para todos e os conflitos servem para o desenvolvimento de todos.
Compreenda-se e compreenda a todos e desenvolva esta percepção em todos
os membros de sua equipe. Caso esteja pensando então que você deverá atuar
como um Mentor, Coaching, Counseling...sim você está correto, você devera ser
todos eles na figura do líder criativo que busca construir uma equipe criativa de
alta performance. Encontre o caminho da auto liderança para liderar. Compreenda
a tolerância e a ambiguidade para ensiná-los a compreendê-las.

Compreender os fracassos

Esteja sempre aberto às lições aprendidas sobre todas as etapas de todo os


projetos em que estejam envolvidos. A equipe deve compreender que as entregas
de resultados devem ser compartilhadas, para que todos possam ao conhecê-las,
compreender qual é o rumo que elas estão tomando e aprender com todas elas.
Cada etapa, bem ou malsucedida, ensina, mas somente se for compreendida e
todos estiverem abertos para aprender a olhar para os fatores externos e internos
que poderiam ter explicado o fracasso ou não do projeto. Independentemente se
houve fracasso ou não: Qual foi a lição aprendida totalmente inesperada e por

28 Criatividade e Liderança
quê?

Nem ter sabedoria especial e nem ter sabedoria convencional

Compreenda que você não é o único que sabe aquilo.


Esteja aberto a ouvir tudo e a todos sobre tudo, e a
questionar a tudo e a todos. Não se prenda por ser o
líder, pela ideia ser diferenciada que ela é, e possa
estar “acima do bem e do mal”. Questione sempre para
que possa compreender cada detalhe do projeto, da
ideia das ações realizadas, somente assim as lições
aprendidas contribuíram para o desenvolvimento do
líder e equipe criativas. Da mesma forma, não confie
na “voz do povo”, no “sempre foi feito assim”, “nunca
deu errado antes”, esteja com a sua mente aberta
para que busca compreender para saber e, a partir
daí, criar.

Atuar de forma empreendedora

Compreenda que nem sempre você terá todas as respostas, mas esteja sempre
consciente de que você deverá saber em quais das suas muitas ideias, mesmo
sem todas as respostas, você deve investir a sua energia e a de sua equipe
e até quando. Não existe resposta pronta para tudo sobre quando parar ou
não. Precisará ser o empreendedor que a sua organização, o seu município,
o seu projeto precisa. Mas somente você saberá, sentirá o quanto deverá ou
não se dedicar a dado projeto, à dada ideia. Mas saiba sempre que isto é ser
empreendedor, compreender que alguns projetos darão certo; outros não. Alguns
darão certo com outros líderes ou com outras equipes, em outras organizações
e em outras cidades. Mas você saberá por que com você, naquele período e
momento, não deram certo, pois terá consigo as lições aprendidas.

Por que ser normal?

Você deverá, sim, saber que em muitos projetos o amor que você sente pelo
projeto, pela sua organização, pelo seu município o motiva e a sua equipe, além
de mantê-los integrados sinergicamente. Mas deve saber também que este amor
decepciona e também reconcilia. Compreenda que nem tudo é normal, ou que
nem tudo acontece com todos sempre da mesma forma. Compreenda que todos
são únicos, tanto as pessoas, como os projetos. Compreenda que aceitamos
o que é normal, mas buscamos nos diferenciar pelo que é criativo, inovador,
disruptivo. Compreenda que isto é ser um líder criativo de uma equipe criativa à
qual isto tudo você terá que ensinar, compreendendo como ensinar a cada um
como alcançar o seu máximo potencial e lá você chegará. Não existe caminho

Criatividade e Liderança 29
fácil, nunca houve, mesmo para aqueles considerados referência mundial
(GLADWELL, 2008), (GRANT, 2017).

Você pode estar imaginando que o que foi escrito aqui reproduz a metodologia
da “tentativa e erro”. Foi o que fizeram Thomas Edison, Steve Jobs, Taiichi Ohno,
em suas respectivas áreas e seus momentos em suas organizações. E o mesmo
podemos dizer de Walt Disney ao criar um dos principais destinos turísticos do
mundo. Tentaram, erraram muito e acertaram também, mas descobriram que não
existe receita pronta.

Você se lembra desta pergunta: “como atuar para desenvolver uma Liderança
criativa na gestão pública, uma Liderança criativa para a inovação e uma
Liderança criativa para o desenvolvimento do empreendedorismo? ”

Caso ainda esteja em dúvida sobre a resposta para elas, eu direi o seguinte.
Mesmo após ler as orientações vindas de práticas minhas e dos muitos autores
citados, além de pensar nos nomes citados como referência, você tem que se
lembrar que cada vida é única e singular. Uma solução que funcionou para Steve
Jobs pode não funcionar para você. Não porque você é melhor ou pior, mas
simplesmente porque são outros momentos com outras pessoas. Então saiba
que à frente de cada melhoria necessária ou adversidade, você terá que construir
a partir das suas ideias, novas soluções. Para ter grande chance de dar certo,
a única forma é vocês se prepararem ao máximo, você, a sua equipe e a sua
organização. Então busque ser o melhor líder criativo da melhor equipe criativa
que você puder ousar sonhar.

“Seja o líder criativo que a sua equipe necessita para criativa tornar-se.” By
CAS

30 Criatividade e Liderança
Verificação de aprendizado
Qual é a diversidade de sua formação e de sua equipe? E como você irá
incentivá-los para que se mantenham em processo de aprendizagem
contínua multidisciplinarmente?

Como criar uma equipe criativa que compreenda como deve ser normal
pensar sobre como matar os nossos próprios projetos?

Como eu lido com o fracasso? E como ensinarei a minha equipe a


lidar com o fracasso?

para concluir
Para concluir este módulo, ressaltamos os pontos que foram abordados nesta
obra. Somos cientes que o vasto material que existe sobre esta temática nunca
se esgotaria nestas páginas, contudo, o objetivo foi apresentar algumas ideias
que pudessem servir de reflexão sobre possíveis caminhos para compreender
um pouco mais sobre as habilidades da Criatividade e da Liderança.

Sobre a habilidade da Criatividade foram discutidas algumas ideias sobre este


tema, contudo deixando claro algumas referências que podem auxiliá-lo (a) a
buscar mais informações sobre este conteúdo, que apesar de fundamental, como
citado, foi e é negligenciado estruturalmente no processo de educação formal.

Sobre a habilidade da Liderança foram citadas abordagem para apresentar


para você, que nos acompanha até aqui, múltiplas possibilidades de liderança
existentes, usando como referência dois exemplos extremos. Intencionalmente
utilizados para demonstrar que dentro daquele espectro, você pode encontrar o
seu estilo de liderança, o jeito de liderar que está alinhado à pessoa que você
sempre foi.

Criatividade e Liderança 31
Com essas duas habilidades, é possível atuar como um líder criativo, contudo
cabe a você compreender que ser este tipo de líder, esta para além de exercer duas
habilidades, é ser um líder que de fato tenha a mudança como uma constante, em
busca da constante adaptação. Atuar como um líder criativo é ser um líder que
busca adotar ou criar para a sua equipe de trabalho, uma metodologia que gere
um clima em que a criatividade para a adaptação aberta, franca e participativa,
seja a regra do setor.

A qualificação, a necessidade de conhecimento mais técnica é condição


sine qua non, para a existência de um líder criativo, de membros criativos, de
uma equipe criativa, de um clima criativo. Compreender esta máxima é estar
consciente da necessidade que todos terão de se qualificarem constantemente
para o exercício de suas atividades. Onde o processo criado será o gerador das
ações da equipe.

Ser um líder criativo é buscar construir uma equipe de alta performance,


consciente da necessidade de orientação, mentoria e suporte aos membros da
equipe para que compreendam como fazer a diferença na equipe, e mais do que
isto, para os profissionais que eles são. Buscar a adaptação como uma regra
base para uma constante flexível e criativa forma de gestão.

Essas ideias abordadas podem não parecer convencionais à primeira leitura para
uma estrutura de gestão pública. Contudo, existem exemplos em prefeituras do
Brasil, como é o caso de Congonhas em MG, com o projeto Hackthon Sustentável
e no Distrito de Colúmbia, com o projeto Apps for Democracy. Ou seja, estruturas
públicas atuando com a lógica das startups, em suas gestões. Sim, é possível
fazer diferente, se nos abrirmos para o diferente. Exemplos existem se formos
buscá-los. Mas será que queremos?

Conversando com uma profissional de uma prefeitura do Brasil, eu mencionei


essa iniciativa do Distrito de Colúmbia, em que “desenvolvedores de software
foram convidados para criar aplicativos que fizessem uso dos dados abertos,
que o governo municipal punha a seu dispor. Esses aplicativos poderiam assumir
praticamente qualquer forma imaginável – websites, aplicativos do Facebook, do
IPhone -, contanto que tentassem tornar alguma parte do acervo de dados do
governo, útil para moradores, visitantes, empresas ou agências governamentais.”
A questão por ela levantada foi: Quantas gestões públicas de estados e municípios
são transparentes e honestas o suficiente para isto?

As recomendações a seguir contribuirão para ampliar a sua perspectiva sobre


algumas ideias abordadas aqui, para que você possa dar sequência ao seu
aperfeiçoamento profissional e pessoal.

32 Criatividade e Liderança
para saber mais
A fim de que você possa buscar mais aprofundamento sobre o conteúdo
apresentado, sugerimos atividades que certamente irão despertar seu interesse
e auxiliar na compreensão mais aprofundada do tema tratado.

Cursos on-line:
Alguns cursos que podem lhe auxiliar a desenvolver habilidades para atuarem
com mais conhecimento e técnicas para serem um Líder Criativo. Em geral,
essas plataformas cobram pelos certificados dos cursos, mas não pelos cursos,
recomendo-os pelo conteúdo, pois são opções para seguirmos com nossos
planos de autodesenvolvimento:

Learn design thinking skills to develop innovative products

https://www.edx.org/micromasters/ritx-design-thinking

Creative Thinking: Techniques and Tools for Success

h t t p s : / / w w w. c o u r s e r a . o r g / l e a r n / c r e a t i v e - t h i n k i n g - t e c h n i q u e s -
a n d - t o o l s - f o r- s u c c e s s ? r e c o O r d e r = 9 & u t m _ m e d i u m = e m a i l & u t m _
source=recommendations&utm_campaign=recommendationsEmail~recs_
email~2021-02-08

Get Creative with People to Solve Problems

https://www.futurelearn.com/courses/get-creative-with-people-to-solve-problems

UX Design Strategy and Application: Strategy, Innovation and the Future of


Work

https://www.futurelearn.com/courses/ux-design-strategy-and-application-
strategy-innovation-future-of-work

Vídeos:
Alguns vídeos que podem lhe auxiliar a compreender um pouco mais sobre a
habilidade da criatividade aplicada para atuação como um Líder Criativo:

- Ken Robinson: Escolas matam a criatividade?

https://www.youtube.com/watch?v=aQym7WkF5ks

Criatividade e Liderança 33
- Steven Johnson. De onde vêm as boas ideias.

https://www.youtube.com/watch?v=0af00UcTO-c&t=184s

- Como Ser Mais Criativo: 15 Eficazes Técnicas de Criatividade

https://www.youtube.com/watch?v=Y041TGjN8xw

- Meetup: “Liderança Criativa - Habilidades Humanas na Era dos Robôs”

https://www.youtube.com/watch?v=zqhiN8mXV-M

Perfil Criativo:
Segue o link deste material criado pela empresa ADOBE para avaliar o perfil
criativo de uma pessoa, ressalto que uma reflexão sobre as perguntas já serviu
de norte para o seu autodesenvolvimento.

Página da ADOBE para compreender o seu perfil criativo

https://mycreativetype.com

referências
BELSKY, Scott. A ideia é boa. E agora? Como chegar a grandes resultados a
partir de uma grande visão. São Paulo: Saraiva, 2011.

BLANK, Steve; DORF, Bob. Startup – Manual do empreendedor: O guia passo


a passo para construir uma grande empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.

BONO, Edward de. O pensamento criativo: como adquiri-lo e desenvolvê-lo.


Petrópolis: Vozes, 1970.

BONO, Edward de. Seis chapéus. São Paulo: Vértice, 1989.

BUCKINGHAM, Marcus. Destaque-se: descubra sua vantagem competitiva no


trabalho e aprenda a colocá-la em prática. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.

BUCKINGHAM, Marcus.; CLIFTON, Donald O. Descubra seus pontos fortes:


um programa revolucionário que mostra como desenvolver seus talentos especiais
e os das pessoas que você lidera. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.

34 Criatividade e Liderança
GLADWELL, Malcolm. Fora de série: descubra por que algumas pessoas têm
sucesso e outras não. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

GOLEMAN, Daniel; KAUFMAN, Paul; RAY, Michael. Espírito criativo. São Paulo:
Cultrix, 1992.

GRANT, Adam. Originais: como os inconformistas mudam o mundo. Rio de


Janeiro: Sexatante, 2017.

HOFFMAN, Reid; CASNOCHA, Ben. Comece por você: adapte-se ao futuro,


invista em você e transforme a sua carreira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

JOHNSON, Steve. De onde vêm as boas ideias. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

KIM W. Chan.; MAUBORGNE, Reneé. A estratégia do oceano azul: como criar


novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005.

MARINO, Caroline; MAGNANI, Vitor. O mundo (quase) secreto das startups:


guia prático para criar uma empresa de sucesso. Barueri: Novo Século Editora,
2019.

OECH, Roger Von. Um chute na rotina. São Paulo: Cultura, 1987.

OECH, Roger Von. Um TOC na cuca. São Paulo: Cultura, 1983.

OSBORN, Alex F. O poder criador da mente: princípios e processos do


pensamento criador e do “brainstorming”. São Paulo: Difusão Cultural, 1969.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation:


inovação em modelos de negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

ROBINSON, Ken. Libertando o poder criativo: A chave para o crescimento


pessoal e das organizações. São Paulo: HSM, 2012.

SINEK, Simon. Comece pelo porquê: como grandes lideres inspiram pessoas e
equipes a agir. Rio de Janeiro: Sextante, 2018

Criatividade e Liderança 35
EXERCÍCIO PRÁTICO
As atividades deverão ser realizadas individualmente ou com a sua equipe de
trabalho em vosso setor na sua organização.

Entregas relativas as atividades:

- Entregar um trabalho escrito em Word.

- Entregar uma versão do trabalho escrito em PDF, como um relatório, para ser
compartilhar com todos os grupos (exceto o exercício 01).

- Realizar uma apresentação de 10 minutos, em Power Point, Canvas, Prezi, etc.

- Para as atividades que envolvem a vossa equipe de trabalho você deverá trazer
uma cópia assinada pelos membros de vossa equipe, com uma lista digitada de
todos os membros da empresa e a assinatura deles.

Obs. O Objetivo deste último item e coloca-lo como um líder que busca
técnicas criativas para construir com a sua equipe um comprometimento
em busca de técnicas para construírem soluções diferenciadas para o
vosso setor e a vossa organização.

1) Como você irá desenvolver estas habilidades ao longo dos próximos 12


meses?

- Negociação

- Resiliência

- Comunicação não violenta

Como irá desenvolvê-la e quando ira iniciar os vossos estudos? E como irás
compartilhar as lições aprendidas com a vossa equipe? Responder e compartilhar
com a vossa equipe estas respostas.

36 Criatividade e Liderança
2) Em parceria com a vossa equipe, pesquisem formas de geração, registro
e seleção de boas ideias em vosso setor. Construam a forma que melhor se
adequa ao setor que você trabalha no tipo de empresa que atua, que dependa
de vosso setor.

3) Tomando como base o método SPRINT que dura uma semana, Hackthour
(um fim de semana) ou Design Thinking criem a melhor estratégia para o
desenvolvimento um plano de validação e prototipação das ideias para o vosso
setor. Pode ser um deles, ou um misto destas técnicas já consolidadas no
mercado.

4) Visando construir continuamente uma equipe criativa criem sob a sua


liderança um Programa Setorial para Qualificação Continuada. Um programa
que contemple a qualificação de cada membro de seu setor para os próximos
12 meses. Com entregas efetivas para comprovação da qualificação. Com ações
para qualificação individualmente acordada entre você, o líder da equipe, e cada
membro de sua equipe.

5) Crie com a sua equipe um programa interno para brainstorming. Encontros


semanais regulares de não mais do que 60 minutos para discutir – sem
preconceito, sem julgamentos, mente aberta, com civilidade e respeito – para
analisarem como criar ações simples de baixo custo para promover a melhoria
contínua do setor e da empresa, onde irão documentar e encaminhar para os
setores as ideias criadas a cada semana.

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