Altas Habilidades
Altas Habilidades
Altas Habilidades
Os Superdotados ou pessoas com Altas Habilidades são as pessoas que apresentam um grau de habilidade
significativamente maior do que a maioria da população. Em geral, pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação
(AHSD) apresentam muita facilidade e rapidez para aprender, possuem um elevado grau de criatividade, são muito
curiosos, possuem grande capacidade para analisar e resolver problemas, além de possuírem um senso crítico
bastante elevado.
Muitos especialistas têm preferido a utilização de outros termos, sem o termo “superdotados”, evitando
assim toda a carga que o prefixo “super” pode impor, definindo-os como pessoas com:
Altas habilidades;
Aptidões superiores;
Alto potencial;
Talentos especiais.
O aluno com AHSD pode apresentar alto potencial em algumas disciplinas e dificuldade em outras.
Atualmente, o Ministério da Educação afirma que os “educandos com Altas Habilidades ou Superdotação são
aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, que os auxilia ao domínio rápido de conceitos,
procedimentos e atitudes” (BRASIL, 2001, S/p.).
Segundo Virgolim (1997), a superdotação pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento humano em
pessoas com diferentes graus de talento, motivação e conhecimento. Algumas pessoas demonstram potencial muito
superior em relação à média da população geral em algum campo do conhecimento. Outras demonstram um talento
menor, mas o suficiente para destacá-las ao serem comparadas com a população geral.
A análise das características das pessoas com AHSD permite afirmar que se trata de um grupo heterogêneo,
sendo importante levar em consideração que nem todos os alunos vão apresentar as características listadas
anteriormente, sendo algumas mais típicas de uma área do que de outras.
Existem vários tipos de habilidades que classificam as pessoas com Altas Habilidades ou Superdotação. As
habilidades podem estar relacionadas com:
a área acadêmica (o aluno tira notas altas e possui enorme facilidade em assimilar o conteúdo);
a área artística (apresenta grande talento em expressar suas emoções através da música,
pintura ou teatro, por exemplo);
a área psicomotora (revela alto desempenho em esportes e
atividades que requeiram coordenação corporal).
O ideal é que a avaliação seja mais abrangente e envolva não apenas os testes formais, mas também
avaliações informais que proporcionem a observação individualizada e específica das diferentes formas de
inteligências, em uma avaliação multidisciplinar, que abranja:
Para realizar a avaliação, é necessário inicialmente a identificação, na maioria das vezes realizada na
escola, que consiste em perceber nos alunos características específicas condizentes com as AHSD. É fundamental
que o professor esteja atento e sensível para que possa reconhecer boas ideias, boa produção, comentários
aprofundados e interessantes e complementações ao tema tratado com coerência e conhecimento, elementos que
podem revelar um aluno com Altas Habilidades ou Superdotação.
Cabe ressaltar que o aluno com AHSD apresenta características funcionais particulares. Não se trata de
saber tudo ou aprender sem qualquer mediação, mas sim de uma aprendizagem diferenciada e muitas vezes em
menor tempo. Segundo Sabatella (2012), a superdotação não implica em ser melhor ou pior que as demais pessoas;
significa apenas ser diferente.
Ao perceber características específicas nos alunos, o professor deve observar com atenção e, em caso de
suspeita de AHSD, é essencial que seja realizado o encaminhamento para uma avaliação de potencial com equipe
multidisciplinar para que possa receber primeiro um diagnóstico adequado e,posteriormente, possa ter
atendimento específico dentro de suas potencialidades e área(s) de habilidade.
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Após o encaminhamento e o diagnóstico, os profissionais que atuam junto às AHSD devem compreender
que esses alunos são reconhecidos pela legislação brasileira (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - 9394/96 revisada pela Lei nº12.796, de 2013) como pessoas com necessidades educacionais especiais
e, apesar de muitos apresentarem um excelente desempenho escolar, transmitindo a ideia errônea de que “já têm
tudo de que precisam”, eles precisam e têm o direito de serem assistidos em suas necessidades específicas.
Para Sternberg, as teorias sobre a inteligência não eram capazes de explicar satisfatoriamente a
interação entre o indivíduo e o mundo real. Assim como Gardner, ele condena a classificação da inteligência
através unicamente de testes de QI, desvinculados da realidade vivenciada pelo sujeito examinado.
Sternberg desenvolveu a Teoria Triárquica da Inteligência, que é composta por três processos: criativo,
analítico e prático.
A Teoria Triárquica da Inteligência demonstra como os três tipos de pensamento (ou três inteligências
diferenciadas) devem ser integrados através das experiências (internas e externas) vivenciadas pelo indivíduo. O
equilíbrio na utilização das três modalidades de pensamento permite que a pessoa se adapte a seu meio.
Gardner questionou a tradicional visão de inteligência medida pelos testes de QI, demonstrando que a
inteligência humana não pode ser adequadamente medida apenas por respostas curtas contidas em testes
convencionais.
Depois de muitos anos de pesquisas com a inteligência humana, o psicólogo concluiu que o cérebro
humano possui 8 tipos de inteligência, desenvolvendo assim, a Teoria das Inteligências Múltiplas, apresentadas a
seguir (GARDNER, 2000):
Inteligência Linguística: Envolve sensibilidade para a língua falada e escrita, a habilidade de aprender
línguas e a capacidade de usar a língua para atingir certos objetivos.
Inteligência Lógico-Matemática: Envolve a capacidade de analisar problemas com lógica, de realizar
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operações matemáticas e investigar questões cientificamente.
Inteligência Espacial: Tem o potencial de reconhecer e manipular os padrões do espaço, bem como os
padrões de áreas mais confinadas (como os que são importantes para escultores, cirurgiões, jogadores
de xadrez, artistas gráficos e arquitetos).
Inteligência Corporal Cinestésica: Acarreta o potencial de se usar o corpo para resolver problemas
ou fabricar produtos.
Inteligência Musical: Acarreta habilidade na atuação, na composição e na apreciação de padrões
musicais.
Inteligência Naturalista: Envolve a capacidade de observar padrões na natureza, identificando e
classificando objetos e compreendendo os sistemas naturais e aqueles criados pelo homem.
Inteligência Interpessoal: Denota a capacidade de entender as intenções, as motivações e os desejos
do próximo e, consequentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros.
Inteligência Intrapessoal: Facilidade em compreender e identificar e lidar com as próprias emoções
para atingir seus objetivos pessoais.
Segundo Gardner (2000), as oito inteligências são independentes, têm sua origem e processos cognitivos
próprios, mas é raro que funcionem
isoladamente, apresentando-se geralmente através de uma combinação de diversas inteligências. Para ele a maior
parte das pessoas apresenta destaque somente em uma ou duas inteligências, o que justifica o fato de que mesmo
pessoas que se destaquem em uma área apresentem dificuldades em outras áreas.
É importante ressaltar que essa teoria permanece em construção, e atualmente estão sendo aventadas outras
inteligências, como a Espiritual (conjunto de inteligências relacionadas ao espírito) e a Existencial (significado da
vida e da morte).
Gardner (2000) ainda afirma que estas inteligências se apresentam de duas formas. Algumas pessoas já
nascem com determinadas inteligências, ou seja, a genética contribui. Porém, as experiências vividas também
contribuem para o desenvolvimento de determinadas inteligências. Para Gardner as crianças com AHSD
“prometem”, ou seja, apresentam uma promessa de desenvolvimento superior (por isso seu potencial deve ser
trabalhado e desenvolvido).
Dessa forma, pode-se concluir que a grande contribuição de Gardner foi a compreensão de que a
inteligência não é uma estrutura única, estanque, e sim modular. Assim, diferentes inteligências podem ser
estimuladas e trabalhadas através de atividades específicas.
A identificação das Altas Habilidades ou Superdotação, sob a perspectiva das Inteligências Múltiplas,
considera todas as áreas do conhecimento e capacidades, diferenciando-se dessa forma da maioria das
identificações propostas que se baseiam em testes de inteligência e listas de comportamentos indicativos.
As informações provenientes da identificação das diversas inteligências apresentadas pelo aluno com
AHSD auxiliam na escolha de estratégias pedagógicas mais efetivas para o aluno, podendo atuar como um guia
para os tipos de atividades que podem favorecer e fomentar o desenvolvimento de seu
potencial.
2.3 Conceito de Inteligência Conforme a Teoria dos Três Anéis de Renzulli
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A teoria de Renzulli, denominada Teoria dos Três Anéis, descreve que o superdotado funciona na
intersecção de três variáveis, representadas por três anéis que se entrelaçam, dispostos em uma base, que representa
a interação entre fatores ambientais e de personalidade que favorecem o aparecimento da superdotação. A área
exterior aos três anéis são os aspectos ambientais (família, escola, amigos, colegas) e de personalidade que
servem de suporte à manifestação da superdotação.
Na representação gráfica, as AHSD revelam-se na intersecção dos três anéis, que apresentam o tripé da
superdotação: capacidade acima da média, criatividade e comprometimento com a tarefa. Dessa forma, ressalta-se a
importância da presença dos três aspectos, de forma combinada, para que haja as AHSD.
Renzulli afirma que nem sempre a criança apresenta esse conjunto de traços igualmente desenvolvido, mas
poderá desenvolver todo seu potencial se lhe forem dadas oportunidades. Para o autor nenhum traço é mais
importante que o outro, todos merecem a mesma atenção, e as características das Altas
Habilidades ou Superdotação podem aparecer de forma isolada ou combinada (duas ou mais características
simultaneamente).
Renzulli propôs duas categorias que permitiriam a identificação das Altas Habilidades ou Superdotação: o
tipo acadêmico e o tipo produtivo-criativo.
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A classificação atual utilizada para descrever os tipos de superdotados no Brasil considera os seguintes
tipos de superdotação (BRASIL, 2006, p. 14-15):
É importante ressaltar que os diferentes tipos de Superdotação podem aparecer de forma combinada no
mesmo indivíduo. Mesmo que um dos tipos prevaleça, outros podem ser revelados em situações emocionais e
sociais distintas.
Segundo Renzulli (1986), o propósito da educação dos indivíduos superdotados é “fornecer aos jovens,
oportunidades máximas de autorrealização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de
desempenho onde o potencial superior esteja presente” (p. 5). Várias são as razões para justificar a necessidade de
uma atenção diferenciada ao superdotado. Uma delas é por ser o potencial superior um dos recursos naturais mais
preciosos, responsável pelas contribuições mais significativas ao desenvolvimento de uma civilização.
Nesses casos, o professor deve auxiliar o aluno no processo de autovalorização, ajudando-o a estabelecer
metas de aprendizagem e a avaliar o
próprio trabalho. Porém, acima de tudo, deve aceitar e respeitar a criança, sem impor condições emocionais.
No Ensino Médio, a fase da adolescência tem grande influência sobre diversos fatores que integram o
vínculo do aluno com AHSD com a escola. Alterações hormonais e até cerebrais podem afetar seu rendimento.
Pesquisas já relataram que o quociente de inteligência (QI) sofre alterações durante a adolescência, o que confirma
que esse é um período que requer atenção especial.
Nesse período, o acolhimento por parte do professor e da escola são fundamentais. Muitas vezes o aluno
pode não gostar da obrigação de frequentar a escola, porém deve entender que esse passo é necessário em seu
desenvolvimento intelectual e acadêmico para que, posteriormente, possa optar por um curso que se direcione de
forma específica a seus interesses.
Durante o Ensino Superior, as altas expectativas e nível de exigência que o estudante com AHSD cria para
si podem acompanhá-lo na escolha profissional, levando-o à desilusão na universidade. É preciso que professores e
familiares entrem como apoio, nesse momento, estimulando-o a escolher um curso criteriosamente e também o
conscientizando de que, mesmo dentro do Ensino Superior, haverá assuntos que não considerará relevantes, mas
que devem ser igualmente cumpridos, levando-o ao entendimento de que o importante é que o aluno faça o seu
melhor, mesmo que não seja o melhor de toda a faculdade.
A avaliação da aprendizagem de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação deve considerar diversos
aspectos, como a diversidade de estilos de aprendizagem, estilos de expressão e habilidades dos alunos.
Além das alternativas tradicionais de avaliação, outras poderão ser utilizadas como autoavaliação, relatório
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de atividades e avaliação de produtos elaborados pelos alunos.
É importante que o professor incentive múltiplas formas de produto final, ou seja, o aluno pode demonstrar
sua proficiência através de um produto escrito (história, poesia, carta etc.), oral (dramatização, música, contar
histórias, etc.), visual (desenho, colagem, mural, etc.) e/ou concreto (móbile, máscara, brinquedos, jogos, etc.),
contemplando assim os diferentes estilos de expressão (e as múltiplas inteligências) dos alunos.
Toda informação sobre o aluno e suas produções deve ser documentada e arquivada em um portfólio. Esse
registro permite que as habilidades, interesses e estilos de aprendizagem do aluno sejam evidenciados, facilitando
seu atendimento por parte do professor e da equipe escolar.
A autoavaliação, uma importante estratégia avaliativa, é fundamental no contexto das AHSD, para que o
aluno se sinta seguro e confiante, (re)conhecendo e valorizando seu próprio potencial.
Muitas pessoas se perguntam o porquê de um aluno com Altas Habilidades ou Superdotação precisa de
Atendimento Educacional Especializado, uma vez que aparentemente está em um nível intelectual superior aos
demais alunos. Cabe lembrar que, apesar do elevado potencial acadêmico, alunos com AHSD podem apresentar
dificuldades específicas nas demais áreas, além de possíveis dificuldades emocionais e relacionais.
É importante destacar que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) não dispensa e tampouco
substitui o desenvolvimento de atividades escolares direcionadas às particularidades do aluno com AHSD,
conforme visto na aula anterior.
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O que é o AEE (Atendimento Educacional Especializado)
Um serviço da educação especial desenvolvido na rede regular de ensino
que organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem
barreiras para a plena participação dos alunos,
considerando as suas necessidades específicas.
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas
à autonomia e independência na escola e fora dela.
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No contexto paranaense, o Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná disponibiliza, aos alunos do ensino regular, os seguintes atendimentos:
Classe Comum: além do currículo previsto para série de frequência do aluno, poderá ser
realizado enriquecimento e ou aprofundamento curricular e, quando necessário, a aceleração para
conclusão de escolaridade em menor tempo;
Sala de Recursos: dirigida aos alunos do Ensino Fundamental e Médio e mantidas pela própria
escola, ofertam apoio pedagógico, complementando no contraturno o atendimento educacional
realizado nas classes comuns;
Sala de Recursos Multifuncional para Altas Habilidades ou Superdotação do Tipo I: A Sala
de Recursos Multifuncional - Tipo I para Altas Habilidades ou Superdotação é mantida pelo
governo federal e é um espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e
profissionais especializados;
NAAH/S – Núcleo de Atividades de Altas Habilidades ou Superdotação: é um serviço de
apoio especializado, realizado em parceria entre a Secretaria de Educação Especial do MEC e a
Secretaria de Estado da Educação/Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional,
destinado a oferecer suporte aos sistemas de ensino no atendimento às necessidades educacionais
especiais, visando implementar as políticas públicas de inclusão.
Nas Salas de Recursos são desenvolvidas atividades específicas para o desenvolvimento dos
alunos com Altas Habilidades ou Superdotação.
Ressalta-se que o professor tem papel fundamental para o sucesso das salas de recursos. No
atendimento pedagógico, é imprescindível que o professor considere as diferentes áreas do conhecimento,
os aspectos relacionados ao estágio de desenvolvimento cognitivo dos alunos, o nível de escolaridade, os
recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de complementação e suplementação
curricular (ARAÚJO e LOPES, 2013, p. 850).
Para o aluno com AHSD, frequentar as atividades propostas é estimulante, pois permite a troca de
experiências com outros alunos com características e interesses em comum.
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Referências
; REIS, S.M. The schoolwide enrichment model. 2. ed. Mansfield Center, CT:
Creative Learning Press, 1997.
RIBEIRO, C. G. Superdotados têm problemas na escola. São Paulo: APAHSD in Aprendiz,
2006. Disponível em: http://apahsd.org.br/apahsd-na- midia/ Acessado em: Abr/2016.
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