05 - Fisiologia Da Respiração

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FISIOLOGIA DA

RESPIRAÇÃO

Prof. Dr. MARCELO WEINSTEIN TEIXEIRA


DMFA / UFRPE
HISTÓRICO

 Galeno (séc. II d.C.) “espírito vital”

 Marcelo Malpighi (séc. XVII) observou a separação


dos alvéolos e capilares

 Lavosier (séc. XVII) identificou a absorção do O2 e


formação do CO2

 August e Marie Krogh evidenciaram a difusão como


forma de passagem dos gases
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO APARELHO RESPIRATÓRIO

 O aparelho respiratório consiste dos pulmões e das


passagens que levam o ar, incluindo narinas, cavidades
nasais, faringe, traquéia, brônquios, bronquíolos,
alvéolos pulmonares e pleura (mamíferos)

 Alvéolos pulmonares são os principais locais de difusão


gasosa entre o ar e sangue (mamíferos)

 O epitélio alveolar e endotélio capilar estão intimamente


associados (0,5µm)
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A
VENTILAÇÃO

 Frequência respiratória  número de ciclos respiratórios a


cada minuto (reflete a saúde)
ANIMAL CONDIÇÃO CICLOS / MIN
CAVALO Repouso 10-14 (12)
VACA Repouso 25-35 (29)
BEZERRO Repouso 21-25 (20)
PORCO Repouso 32-58 (40)
CÃO Repouso 20-34 (24)
GATO Repouso 20-40 (30)
OVELHA Repouso 20-34 (25)
LEIS DOS GASES

 Lei De Boyle
– volume é inversamente proporcional
à pressão
– volume = constante / pressão

 Lei de Charles
– volume é diretamente proporcional
à temperatura
– volume = constante x temperatura

 Lei de Henry
– Volume = pressão do gás x
coeficiente de solubilidade
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A VENTILAÇÃO

 Pressões respiratórias
– Solutos, solventes e gases difundem-se de área de maior
concentração para menor concentração

– Pressão parcial  pressão exercida por um gás em particular numa


mistura de gases (P). A soma das pressões parciais dos gases = Pt

– Pressão atmosférica ao nível do mar / 1 atm = 760mmHg

– Composição do ar atmosférico
 O2  21% / PO2 = 159mmHg
 CO2  0,03% / PCO2 = 0,23mmHg
 N2  79% / PN2 = 600mmHg
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A VENTILAÇÃO

 Ar alveolar (Pb x Fg – PH2O)


– PAO2  (760 x 0,21 - 59) 100mmHg
– PACO2  40 mmHg
– PAN2  569 mmHg
– PAH2O  59 mmHg
RESPIRAÇÃO

 Ventilação é a passagem de ar (gás) para dentro e para fora do


pulmão (requer energia muscular)
 Respiração abrange o processo de ventilação, troca gasosa
(alveolar), transporte (tecidos), troca gasosa tecidual, transporte
(pulmão)
 A principal função do sistema respiratório é o transporte de O2 e
CO2 entre o meio ambiente e os tecidos
 Ventilação do espaço morto (ex. arfar do cão) ou alvéolos não
perfundidos (sem troca)
 Espaço morto permite o aquecimento e umidificação do ar,
resfriamento do corpo
 Arfar  aumento da freqüência respiratória e diminuição do volume
corrente
TENSÃO SUPERFICIAL

 Lei de Laplace  P = 2T/r

 Surfactante pulmonar
– Complexo lipoprotéico (30% proteína e 70% lipídio)
– Lipídio (dipalmitoil lecitina)
– Sintetizado pelas células alveolares do tipo II (células
secretoras)
Surfactante pulmonar
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A
VENTILAÇÃO

 Volume corrente  quantidade de ar inspirado ou expirado num


ciclo respiratório (muda dependendo da necessidade)

 Volume inspiratório de reserva  volume de ar que ainda pode


ser inspirado após a inspiração

 Volume expiratório de reserva  volume de ar que ainda pode


ser expirado após a expiração

 Volume residual  quantidade de ar que ainda pode ser


exalada após a expiração forçada (exame postmortem de
neonatos)
RESPIRAÇÃO

 Pressões que favorecem a ventilação

– Pressão intrapulmonar e intrapleural


 Na inspiração estas pressões são inferiores à
atmosférica e na expiração são superiores
 Pulmões são elásticos e permitem a deformação
(tensão superficial)
 O pulmão está conectado mecanicamente à caixa
torácica (líquido pleural)
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A
VENTILAÇÃO

 Mecânica da respiração

– Ciclos respiratórios
(inspiração e expiração)
– Diafragma e músculos
intercostais (tipos de
respiração)
RESPIRAÇÃO

 Pneumotórax
– Se ocorre a presença
de ar no espaço
intrapleural, as forças
se invertem
FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO E A
VENTILAÇÃO

 Estados da respiração

– Eupnéia  murmúrio respiratório normal sem alteração na


frequência ou profundidade
– Dispnéia  respiração dificultada onde se observa esforço
– Hiperpnéia  aumento na profudidade ou frequência ou
ambos (exercício)
– Polipnéia  respiração rápida e superficial (ofegante)
– Apnéia  estado de parada respiratória transitória ou
permanente
HEMATOSE

 Se essa troca de gases ocorre no tegumento, a respiração é


respiração aeróbia cutânea. Ela é própria de animais terrestres
de ambiente úmido.

 Se a hematose ocorre nas traquéias, a respiração é aeróbia


traqueal, como é, por exemplo, a respiração das borboletas.

 Se a hematose ocorre nas brânquias, a respiração é aeróbia


branquial, que predomina nos animais aquáticos.

 Se a troca de gases ocorre nos pulmôes, a respiração é aeróbia


pulmonar, que é própria de animais terrestres.
RESPIRAÇÃO

 TROCA GASOSA (hematose)

– A composição de uma mistura gasosa pode ser descrita pela


composição fracionada ou pela pressão parcial
– A troca depende de PO2 / PB / FO2
 PO2 = PB x FO2
– A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e
o sangue e entre o sangue e os tecidos ocorrem por difusão
em favor do gradiente de concentração
RESPIRAÇÃO

 TROCA GASOSA (hematose)


– O CO2 possui capacidade de difusão 20 vezes maior que o O2
– O tempo de permanência do ar nos alvéolos e a velocidade de
fluxo sanguíneo também influenciam as trocas gasosas
– A proporção V/Q (ventilação/perfusão determina a eficácia da
troca gasosa)
 O ideal seria uma V/Q=1. Alterações na V/Q causam problemas
com as trocas gasosas podendo levar à insuficiência respiratória e
até a morte
 O desentrosamento da V/Q é a causa mais comum de hipoxemia.
Patologias diversas (bronquite, pneumonias) e anestesia
demoradas (decúbito) podem favorecer a hipóxia tissular
RESPIRAÇÃO

 VASOCONSTRIÇÃO HIPÓXICA
 Quando a pressão alveolar de oxigênio (PAO2) diminui,
ocorre vasoconstrição local na região hipóxica
 A vasoconstrição tem a capacidade desviar a corrente
circulatória para regiões mais ventiladas (manter a V/Q)
 Altitudes acima de 2000 m, onde a PO2 é baixa,
provocam vasoconstrição generalizada. Animais com
vasculatura rica em músculo liso (bovinos, galináceos)
tendem a ter elevação na Pa pulmonar com conseqüente
insuficiência cardíaca direita (mal do peito no bovino e
ascite nas aves)
RESPIRAÇÃO

 TRANSPORTE DOS GASES NO SANGUE


– Transporte de oxigênio
 O consumo celular de O2 regula a retirada de O2 do
ambiente

 A maior parte do O2 (98%) é transportado nas


hemácias associado à hemoglobina (oxi-Hb) e apenas
2% é transportado livre no plasma

 Uma molécula de hemoglobina pode combinar-se, de


modo reversível, com quatro moléculas de O2
RESPIRAÇÃO
 TRANSPORTE DOS GASES NO SANGUE
– Transporte de oxigênio
 1g de Hb pode levar até 1,34ml de O2 (15g Hb/dl de
sangue = 21ml de O2/dl de sangue)

 A hemoglobina é uma cromoproteína com quatro


pigmentos heme, os quais possuem um átomo de
ferro ferroso que se liga de forma reversível ao O2,
portanto uma molécula de Hb se liga a quatro
moléculas de O2

 A Hb saturada é vermelho brilhante, enquanto a Hb


pobre em O2 é se torna vermelho púrpura, tendendo a
azulada (cianose)
RESPIRAÇÃO

 TRANSPORTE DOS GASES NO SANGUE


– Transporte de oxigênio
 O CO tem 200 vezes mais afinidade pela Hb
que o O2, a Hb fica vermelho cereja (carboxi-
hemoglobina). Apenas 1% de CO no ar
atmosférico pode levar à morte (garagem)
 Ingestão de nitrito produz mete-hemoglobina
(vermelho acastanhado), a qual não serve
para transportar O2. O nitrito pode ser
produzido no rúmen por ingestão de nitratos
(forragem e sorgo)
Alvéolo
(provisão de
O2)

Água intersticial

Capilar Hemácia
pulmonar
Hb

Veia
sangue Artéria
pobre em sangue rico
O2 Hemácia em O2
Hb

Célula
(consumo de
O2)
RESPIRAÇÃO

 TRANSPORTE DOS GASES NO SANGUE


– Curva de dissociação da Oxi-Hb
 A associação e dissociação da Oxi-Hb não é estável sob
todas as condições

 Quando a curva de dissociação se desloca para a direita


ocorre perda da afinidade entre ambos, enquanto desvio para
a esquerda denota aumento e menor dissociação

 Aumento do íon H+ e CO2 provocam desvio para a direita.


Este mecanismo é conhecido como “efeito Bohr”

 Aumento da temperatura causa desvio para a direita.


Hipotermia causa desvio para a esquerda
RESPIRAÇÃO

 TRANSPORTE DOS GASES NO SANGUE


– Transporte de CO2
 O CO2 é cerca de 20 vezes mais solúvel que o O2 (“Lei de
Henry”)
 O CO2 é produzido pela célula se difundindo prontamente
através da membrana celular
 O CO2 é transportado de várias maneiras
– No eritrócito
 associado à H2O formando ácido carbônico / associado
à proteína formando compostos carbamino / associado
Hb
– Dissolvido no plasma
 livre / associado a proteína formando compostos
carbamino / associado a H2O formando ácido carbônico
 A reação é revertida nos capilares pulmonares ,
possibilitando a liberação de CO2 para os alvéolos
Tecido Plasma
CL
Eritrócito

63%  CO2 + H2O (anidrase carbônica)  H2CO3  H+HCO3

CO2 5%  CO2 tamponamento (proteína)

21%  CO2 + hemoglobina  carbaminoemoglobina+


H+

5%  CO2

CO2 1%  CO2 + proteína  compostos carbamínicos + H+

5%  CO2 + H2O  HCO3 + H+


RESPIRAÇÃO

 CONTROLE DA VENTILAÇÃO
– A respiração é regulada de modo a satisfazer as demandas
metabólicas para liberação de O2 e remoção do CO2
– Controle central da respiração
 A ritmicidade respiratória origina-se no bulbo e é modificada por
centros cerebrais mais altos (ponte) e comandos de receptores
periféricos
 Transecção entre medula espinhal e bulbo interrompe a
respiração (origem cerebral)
 O ajuste fino é feito por informações aferentes do vago e de
centros mais altos. O controle é mais ativo no bloqueio da
inspiração
 Existem três centros na ponte e bulbo que disparam
sincronicamente
RESPIRAÇÃO

 Controle central
– Grupo respiratório pontino (centro pneumotáxico)
 recebe impulsos vagais relacionados ao volume pulmonar e modula a
frequência respiratória

– Grupo respiratório dorsal


 disparam durante a inspiração. Projetam-se das vias bulboespinhais para
motoneurônios inspiratórios (diafragma)

– Grupo respiratório ventral


 disparam tanto na inspiração quanto na expiração. Projetam-se por
motoneurônios espinhais dos músculos inspiratórios e expiratórios acessórios
REGULAÇÃO DA VENTILAÇÃO
RESPIRAÇÃO

 CONTROLE DA VENTILAÇÃO
 Receptores pulmonares e das vias aéreas
– Foram identificados três receptores com aferentes
vagais dentro do pulmão
 Receptores de adaptação lenta
 Receptores de adaptação rápida (irritantes)
 Fibras C
RESPIRAÇÃO

 Receptores de adaptação lenta


– São receptores de estiramento que limitam a
insuflação pulmonar (Reflexo de Hering-Breuer)

 Receptores de adaptação rápida


– Identificam a deformação e irritação mecânica das
vias aéreas
– Gases irritantes, poeiras e liberação de histamina
ativam os receptores
 Tosse, bronconstrição secreção de muco e
respiração superficial rápida
RESPIRAÇÃO

 Receptores das vias aéreas superiores


– Ativação de receptores na cavidade nasal
causam coriza e espirros
– Receptores laríngeos e faríngeos podem
causar tosse, apnéia e bronconstrição
RESPIRAÇÃO

 CONTROLE DA VENTILAÇÃO
 Quimiorreceptores (periféricos e centrais)
– Hipóxia, acidose e hipercapnia são todos
estímulos potentes para a ventilação (O2,
H+, CO2)
– Os quimiorreceptores periféricos são os
únicos que monitoram os níveis
sanguíneos de O2
– São encontrados nos corpos carotídeos e
arco aórtico
Efeito da PaO2 na ventilação
RESPIRAÇÃO

 CONTROLE DA VENTILAÇÃO
 Quimiorreceptores (centrais)
– A resposta ventilatória ao CO2 é mediada através
de um quimiorreceptor bulbar
– A ascensão a altitudes elevadas é acompahada
por uma diminuição na tensão de O2 inspirado e,
conseqüentemente, pela hipoxemia que leva a
um aumento na ventilação
– Durante o exercício, a ventilação deve aumentar
porque os tecidos requerem mais O2 e produzem
mais CO2
Efeito da PaCO2 sobre a ventilação
Quimiorreceptor central
Mecanismos de controle da ventilação
ATIVIDADES NÃO-RESPIRATÓRIAS DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO

 TERMORREGULAÇÃO, VOCALIZAÇÃO, DEGLUTIÇÃO,


ERUCTAÇÃO, PARTO

 FUNÇÕES NÃO-RESPIRATÓRIAS DO PULMÃO


– Mecanismos de defesa do sistema respiratório
 A extensa e delicada superfície de troca gasosa do pulmão é protegida
por um variedade de mecanismos de defesa específicos e inespecíficos
 A deposição de partículas no sistema mucociliar depende do tamanho da
partícula e ocorre por impactação, sedimentação e difusão
 O trato respiratório é revestido por uma camada mucociliar constituída de
um epitélio ciliado recoberto por uma camada de muco
 Os macrófagos alveolares fagocitam as partículas depositadas na
superfície alveolar
 Citocinas e quimiocitocinas coordenam os mecanismos de defesa do
pulmão
RESPIRAÇÃO

 FUNÇÕES NÃO-RESPIRATÓRIAS DO PULMÃO

– Troca de líquido pulmonar


 O pulmão produz linfa continuamente como resultado do movimento
efetivo de líquido da microcirculação para o interstício pulmonar
 O pequeno volume de líquido pleural origina-se por filtração dos
capilares nas pleuras visceral e parietal
– Funções metabólicas do pulmão
 Os pulmões removem muitos hormônios e toxinas do sangue e
inativa outros

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