Aula Fisiologia Respiratório
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No esquema considere a
presença de alvéolo, túbulo
condutor e partes da árvore
brônquica com/ sem cartilagem,
envolvidos por parênquima
pulmonar.
Durante uma expiração
passiva, há valores de pressão
pleural (-8), retração elástica (+10)
e pressão alveolar (resultante, +2).
Como a resultante é positiva há
saída de ar. Devido à resistência no
tubo, o valor da pressão vai
diminuindo, até que se iguale a
atmosférica já na saída do corpo.
Já na expiração forçada,
tem-se pressão pleural (+25) devido
à contração muscular, retração elástica (+10) e pressão alveolar (resultante +35). A
resistência atua da mesma forma, porém como a pressão pleural agora é positiva, ela se
iguala com a pressão do ar no tubo, antes da saída dele para o meio externo.
Esse ponto onde a pressão que está ao redor do ducto condutor se iguala à
pressão que está dentro do ducto condutor é chamado ponto de igual pressão. A partir
desse ponto mesmo que a força de contração muscular seja aumentada não há aumento
de fluxo na via, pois o ponto de igual pressão é dinâmico, maior força resulta em maior
resistência.
Em um indivíduo normal isso acontece em uma região onde há cartilagem, que
protege a via do colabamento quando a pressão externa a ela é maior. Já em um paciente
asmático (patologia obstrutiva), o tubo tem maior resistência, e por isso o ponto de igual
pressão é mais próximo do alvéolo, podendo ser em um ponto onde não há cartilagem e
ocorrer colabamento das vias. O colabamento das vias evita que o volume residual saia
e não haja mais ar nos pulmões (o alvéolo em si não colaba). Quanto mais próximo do
alvéolo estiver o ponto de igual pressão maior a chance de colabamento das vias e maior
a retenção de ar nos pulmões.
OB: A pressão pleural também pode ser positiva em outras situações, como ventilação
mecânica. Assim, a pleura visceral comprime a pleura parietal e a pressão alveolar é
aumentada.
OB: Na asma a expiração basal devido a maior resistência não é suficiente, o indivíduo
então força a expiração, podendo haver o colabamento.
Funções do surfactante:
Evita alteração de pressão entre os alvéolos, que faria com que o ar contido no
alvéolo menor fluísse para o alvéolo maior.
Ação na redução da tensão superficial
Evita edema intersticial pulmonar: no interstício há capilares sanguíneos. Na
ausência do surfactante o alvéolo tenderia a colabar, diminuindo sua área. Já a área
do interstício aumentaria e a pressão hidrostática diminuiria. Assim, uma pressão
negativa seria gerada no interstício e o líquido tenderia a sair pelas fenestras do
capilar para a região de interstício, onde se acumularia, pois não conseguiria voltar
devido a essa pressão negativa.
Se houver diminuição na
ventilação, a relação será
decrescente (diretamente
proporcional). Como não está
chegando mais oxigênio, tem-
se uma estabilidade na
quantidade de oxigênio, pois
todo aquele disponível já
realizou trocas gasosas, não
havendo assim mais hematose
pulmonar. Desse modo o sangue arterial tende a ficar com as mesmas pressões dos
gases do sangue venoso.
Diminuindo a perfusão, num
bloqueio de vaso por exemplo, a relação
será crescente (inversamente
proporcional). Como diminui-se a
retirada de oxigênio, a tendência do ar
alveolar é ficar parecido com o ar
atmosférico. Em determinado ponto há
um bloqueio, crescente no sentido
infinito, pois independentemente da
quantidade de O2 que chega não há
hematose pulmonar. Assim há aumento do espaço morto fisiológico, pois regiões que
deveriam realizar hematose pulmonar não estão cumprindo seu papel. Há ventilação,
mas não há perfusão.
Ou seja: quando a relação ventilação-perfusão for alterada no sentido da ventilação,
a composição gasosa do sangue arterial se aproxima do sangue venoso, e quando for
alterada no sentido da perfusão o ar alveolar tende a ficar parecido com o atmosférico.
Difusão dos gases – Lei de Fick:
A difusão de gases é um processo passivo porque não há gasto energético, fluxo
pela diferença de pressão. A velocidade de transferência de um gás através do tecido é
proporcional à área do tecido e ao gradiente de pressão parcial dos gases entre os dois
lados, e inversamente proporcional à espessura do tecido.
O CO2 é cerca de 20x mais difusível que o O2. Uma maior solubilidade gera menor
diferença de pressão ao longo do trajeto pela barreira alveolocapilar.
O sangue demora cerca de 0,75s para percorrer o alvéolo. Há cerca de 300 milhões
de alvéolos com superfície de 70m² e distância média em torno de 0,5 micra. Numa
situação de repouso, essa estrutura permite que o sangue atinja o equilíbrio, ou seja,
realize as trocas gasosas necessárias, em 1/3 do tempo que gasta para percorrer o
alvéolo (em 0,25s já realizou toda hematose).
Durante o exercício físico há aumento do débito cardíaco e da pressão arterial,
consequentemente, as células estão passando mais rápido. Esse tempo reserva
possibilita a oxigenação suficiente nessas situações. Ou seja, em caso de alguma
alteração que aumente a necessidade de O2, a oxigenação sanguínea não é alterada.
Mudanças no valor da pressão arterial não alteram a oxigenação do sangue.
Isso também se aplica para patologias, um edema, por exemplo. Nesse caso há
espessamento de barreira e consequentemente maior dificuldade para passar o O2, mas
como ainda há um espaço de tempo para percorrer o alvéolo, o sangue ainda é
oxigenado normalmente. Conforme o problema é agravado, esse tempo não é mais
suficiente, levando a uma hipóxia.
Pressão de O2 pelo tempo: sangue venoso, PO2 =
40 mmHg. Há passagem de O2 para as hemácias,
tendendo ao equilíbrio das concentrações do ar
atmosférico e sangue. O tempo necessário para
chegar em 100 mmHg (máximo) é 0,25s. No
resto do tempo o valor é constante.
Transporte de CO2:
Produção de CO2, num organismo basal, em torno de 200mL/minuto. O CO2 é
transportado de várias formas. 10% desse CO2 é transportado no plasma, 90% é
metabolizado e transportado na hemoglobina ou é metabolizado e vai para o plasma
para ser transportado.
No plasma: 5% desse CO2 que está sendo transportado no plasma está dissolvido e é
essa quantidade que vai representar a pCO2 (pressão parcial de CO2). Compostos
carbamínicos (CO2 ligado a proteína), representam menos que 1%. O restante do CO2
se junta com a água, transforma-se em ácido carbônico e depois se dissocia em H+ e
bicarbonato. Essa via é muito pouco convertida porque se tem pouquíssima anidrase
carbônica no plasma, enzima que potencializa a reação que converte CO2 + H20 em
ácido carbônico.
Quando o CO2 está ligado à hemoglobina, eles formam um grupamento
chamado carbomino-hemoglobina (HbCO2), que é o CO2 ligado à hemoglobina, sítio
de ligação diferente do O2, outra região da molécula. Desses 90%, há quantidades
pequenas de ácido carbônico e íons carbonatos, mas a maior parte, 63% desse CO2, é
transportada na forma de íon bicarbonato. O CO2 vai se juntar com a água (aqui há
anidrase carbônica), conversão em ácido carbônico, bicarbonato e H+. Como a hemácia
é cheia de proteína, esse H+ liberado se liga a proteínas tampão (capazes de
neutralização), não havendo mudança de pH. A maior parte do bicarbonato vai para a
corrente sanguínea. Como tem carga negativa, para não haver despolarização e alteração
de membrana da célula, quando libera-se um bicarbonato, um cloreto vai para dentro da
hemácia para não ter alteração elétrica. 5% é
transportado dentro da hemoglobina dissolvido e
cerca de 21% vai se ligar à hemoglobina e formar
compostos carbamina-hemoglobina.
Existem vários tipos de anidrase, 7
subtipos mais conhecidos, e o tipo II é
responsável pela ação na hemácia, faz com que o CO2 se converta em bicarbonato. Nos
capilares alveolares há anidrase tipo IV que vai faz a reação inversa, junta o bicarbonato
com H+, ácido carbônico (instável) volta à forma CO2 + H2O. Assim, o bicarbonato
não passa para os alvéolos, apenas CO2 em sua forma gasosa para ser eliminado.
Transporte de CO: O monóxido de carbono tem 300 vezes mais afinidade com a Hb
do que o O2, forma a carboxihemoglobina, composto estável. Acontece uma
competição entre o CO e o O2, mas como o CO tem maior afinidade pelo grupamento
heme, o O2 não consegue se ligar. Esse gás é liberado durante uma combustão
incompleta (cigarros, por exemplo). Pode levar à asfixia.
Controle da ventilação: Para que todo o processo do sistema respiratório ocorra é
preciso que haja um controle muito rigoroso, caso contrário, qualquer alteração levaria a
outra. Se faltar oxigênio para as células, elas entram em hipóxia e consequentemente,
desencadeiam o mecanismo de apoptose, morte celular. Por isso é necessário um
mecanismo de detecção, que regule a quantidade de moléculas tanto de O2 como de
CO2 na corrente sanguínea.
Esse controle é rigoroso, qualquer alteração na corrente sanguínea de pO2, p
CO2 ou pH são detectadas por receptores presentes em locais específicos, gerando
diminuição ou aumento de estímulos via ativação do centro respiratório (localizado na
região bulbar e na região pontina).
Esse centro é modulado, realiza alterações para que se tenha um maior ou menor
aporte de oxigênio ou de ventilação. Se for preciso um maior aporte ventilatório
aumenta-se os disparos dos neurônios associados aos músculos inspiratórios. Se o
aporte estiver além do necessário são enviados estímulos pelos receptores, resultando
numa inibição desses neurônios inspiratórios e cessando a inspiração.
Experimento mostra transecções ao
longo do encéfalo:
Ao retirar o cérebro,
continuou havendo padrão
inspiratório. Apesar da transecção na
ponte, continuou-se tendo padrão
respiratório, porém com alteração na
sua modulação. Já o corte no bulbo
aboliu o padrão respiratório.
Há dois grandes grupos do
sistema respiratório presentes no
bulbo, o grupo respiratório dorsal e o grupo respiratório ventral. Através de transecção
se descobriu que certos neurônios eram responsáveis pelo automatismo respiratório. Na
ressecção da parte dorsal o padrão respiratório se manteve, enquanto da ventral o padrão
mudou. Isso prova que a parte ventral do bulbo é a grande responsável pelo
automatismo respiratório, contém neurônios específicos do automatismo. Esses
neurônios possuem um potencial de membrana alterado, além de canais diferenciados
(neurônios mais permeáveis), consequentemente atingem um limiar a cada período,
gerando potencial de ação e mantendo um ritmo. A maior permeabilidade dos neurônios
a um íon positivo torna o potencial de membrana mais próximo ao limiar, que quando
atingido gera um potencial de ação.
O bulbo é responsável pelo ritmo do sistema respiratório. Em condições normais
o controle respiratório produz um impulso nervoso a cada 5 segundos, ritmo da
respiração basal.
Receptores específicos estão presentes perifericamente ao longo de todo o
sistema, e mandam informações para a região central do bulbo. Nessa região central se
tem então uma organização dos impulsos que estão chegando, e consequentemente
vários neurônios sendo ativados, gerando um padrão de resposta. É uma interação muito
completa de neurônios inibitórios e excitatórios que geram o padrão respiratório. Há
necessidade de ajustes constantes para manter adequadas a oxigenação dos tecidos e a
retirada CO2, a fim de manter a homeostase.
A regulação fisiológica da ventilação envolve um complexo mecanismo de
reflexo. Existem dois tipos de quimiorreceptores responsáveis pela detecção da situação
dos gases na periferia ou na região de corrente sanguínea, os periféricos e os centrais.
Os quimiorreceptores detectam alterações de pressão de CO2, pressão de O2 e
concentração de H+ (pH). Detectam mais rapidamente alterações na pressão de CO2 do
que no pH e na pressão de O2. Os receptores presentes no seio carotídeo são muito
sensivéis a alterações tanto de pressão de pH, O2 e CO2. Existem mecanorreceptores,
relacionados com a expansão pulmonar, ativados imediatamente quando há um grande
estiramento e provocam inibição de neurônios relacionados com a inspiração, cessando
esse movimento.
Quimiorreceptores periféricos: estão presentes principalmente no seio carotídeo e no
arco aórtico. Possuem células que vão gerar impulso em caso de alteração. Esses
impulsos vão trafegar através de nervos (Vago e Glossofaríngeo). Os
quimiorreceptores presentes no arco aórtico trafegam por fibras pertencentes ao
Vago e os quimiorreceptores presentes ao seio carotídeo trafegam por nervos que se
juntam e formam o glossofaríngeo, chegando até o tronco encefálico. As fibras são
de origens diferentes, mas elas irão chegar no mesmo lugar, no trato solitário, que
está na região dorsal do bulbo. Ou seja, a modulação periférica chega no centro
respiratório através do grupo respiratório dorsal. No centro respiratório o estímulo
promoverá modulação de músculos respiratórios, e consequentemente do fluxo
ventilatório ou do volume corrente.
Quimiorreceptores centrais: alguns quimiorreceptores centrais estão presentes na
região de grupo respiratório dorsal, mas a principal é a região ventral do bulbo, no
núcleo chamado de núcleo retrotrapezoide. Mais ativados por alteração de pH e por
pressão de CO2 do que por pressão de O2. Há uma grande discussão se esses
neurônios são ativados diretamente pelo pH ou indiretamente pela pressão de CO2,
porque o bicarbonato e o hidrogênio não passam na barreira hematoencefálica.
Os receptores do seio carotídeo formam um sistema porta (uma artéria se transforma
em capilar, volta a ser artéria ou veia, transforma-se em capilar...). Essas células contém
a maior irrigação por grama do organismo inteiro, porque precisam de uma grande
circulação para detectar pequenas variações e consequentemente já contrabalançeá-las
com respostas do sistema nervoso central. Os quimiorreceptores possuem dois tipos de
células, células do tipo I e células do tipo II.
As células do tipo I são chamadas de
Glomus, detectam alteração de pressão
de O2, de concentração de H+ e de
pressão de CO2. A ativação celular é
mobilizada por vesículas. Essas células
produzem vários tipos de
neurotransmissores, dentre eles o mais
importante é a dopamina, que se liga a
receptores na terminação nervosa e
excita a célula. A despolarização da
célula gera potencial de ação, que chega
até o núcleo do trato solitário. A
dopamina é uma célula do tipo I. A
célula do tipo II é praticamente uma
célula de sustentação desse corpúsculo,
que envolve tanto as células tipo I quanto
os capilares.
Os glomus (quimiorreceptores
propriamente ditos) quando detectam uma
diminuição da pO2 bloqueiam os canais de
potássio. Com esses canais fechados a
célula fica menos hiperpolarizada, ou seja,
o potencial de membrana fica menos negativo, pois não a mais saída das cargas
positivas de K (fluxo do potássio em uma inspiração basal do meio intracelular para o
meio extracelular). O potencial de membrana vai ficando menos negativo até a célula
despolarizar ao atingir o limiar, disparando potencial de ação. A despolarização abre
canal de cálcio voltagem dependente, havendo influxo de cálcio e mobilização de
diversas proteínas carregadoras de vesículas para membrana da célula, ocorrendo
exocitose de neurotransmissores como dopamina. O neurotransmissor liga-se ao seu
receptor no canal nervoso e dispara outro potencial de ação.
A alteração de O2 é detectada pelas células do glomus por segundos mensageiros
(AMPc), gerando bloqueio de canais de potássio, variação do potencial de membrana e
influxo de cálcio com consequente exocitose.
Em caso de aumento de PCO2 e aumento de pH: CO2 tem solubilidade alta, sai
facilmente da região de corrente sanguínea para a região de célula, onde se junta com
H2O formando ácido carbônico. Consequentemente, tem dissociação de hidrogênio e
bicarbonato. O aumento da concentração de hidrogênio gera bloqueio dos canais de
potássio, consequentemente o processo será igual ao de pO2. Ou seja, pO2 baixa, pCO2
alta e pH baixo geram ativação.
Com a ativação do Glomus, chega potencial de ação no núcleo do trato solitário. As
células no núcleo do trato solitário estão em contato com células do grupo respiratório
ventral, gerando hiperventilação.
Em caso de pO2 alta, pCO2 baixa e pH alto há diminuição da ativação dessas
células, menos impulso chegando no núcleo do trato solitário e menor ativação do
centro respiratório.
OB: Nunca há acidose respiratória com uma alcalose renal, nem alcalose respiratória
com acidose renal. Os valores alterados inicialmente são a alcalose ou a acidose, são as
causas, o valor alterado por consequência é a compensação.
Análise: Como saber, por exemplo, se a acidose é respiratória ou metabólica? pH
diminuído: acidose. Analisar se o valor de pCO2 está aumentada em relação ao seu
valor normal. Em caso afirmativo é respiratória. Se a concentração de bicabornato
estiver diminuída a acidose é metabólica.
A compensação nunca é suficiente, mas sempre tenta trazer o valor para mais
perto do normal. Se não houvesse a compensação, o pH seria bem mais alterado.
Alteração mista: ocorrem duas alterações ao mesmo tempo, uma pendendo para
alcalose e a outra para acidose. Na maioria das vezes o pH vai estar normal e os valores
de pCO2 e concentração de bicabornato alterados.
Pode ocorrer potencialização de distúrbio de pH de acordo com as patologias
que o paciente tem. Por exemplo, uma diabetes gera acidose metabólica e uma fibrose
acidose respiratória. Os dois fatores tendem para um mesmo sentido.