Well Played - J.S.scott & Ruth Cardello

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Se você tiver alguma duvida em alguma frase ou

FAMÍLiA WiNGS

TRADUÇÃO: MONEX

REViSÃO: ANGEL

LEiTURA: LiLi

FORMATAÇÃO: AURORA

10/2021
AViSO

A tradução foi efetuada pelo grupo Wings Traduções (WT), de


modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à
posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem
previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-
os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou
indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir
as obras, levando a conhecer os autores que, de outro modo, não
poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o
conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de
preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o
grupo WT poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário,
suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos
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concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de
lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e
lei 9.610/1998.
SiNOPSE
LAUREN

Graham é o melhor amigo do meu irmão. Ele sempre foi


meu protetor e meu porto seguro, porque ele me aceita do jeito
que sou, e muitos não o fazem. Não consigo imaginar não tê-lo
em minha vida. Nosso fim de semana juntos era para ser uma
celebração. Me formei na faculdade, Graham ficou noivo e
assinou com um time de futebol profissional, e meu irmão
conseguiu o emprego dos sonhos. Deveria ter sido o melhor
momento de nossas vidas. Exceto que o fim de semana
começou comigo descobrindo que a noiva de Graham estava
pegando meu irmão. Compliquei a situação fazendo sexo com
Graham depois disso, mas queria confortá-lo e, caramba,
quando vi desejo em seus olhos, por mim, não pude dizer não.
O queria por tanto tempo. Agora ele não quer mais me ver. Ele
diz que tem um lado mais sombrio do qual precisa me proteger.
Para onde vamos daqui? Tento fingir ser sua amiga de novo ou
pressiono-o a se abrir para mim e possivelmente perdê-lo para
sempre?

GRAHAM

Dormir com uma das minhas melhores amigas não foi


exatamente uma ideia brilhante. Isso complicou as coisas e
não faço nada que jogue minha vida no caos. A noiva que o
irmão dela, Jack, roubou fazia parte do meu plano de vida,
mais um passo que estava dando para ser alguém. Certo, não
estava apaixonado pela minha futura noiva, mas realmente
não sabia como amar ninguém. Eu sobrevivo. Sempre me
forçando para conseguir mais. Lutei para chegar ao topo da
minha carreira no futebol profissional. Sou um idiota total, e
não quero que Lauren veja o lado em que atropelo qualquer
um que atrapalhe meu caminho para cima no mundo. Lauren
me vê como um herói, um título que nunca tive com ninguém
na minha vida, então queria mantê-la protegida das duras
realidades disso. Eu queria que ela continuasse a pensar que
eu era um cara legal, quando na verdade sou exatamente o
oposto. Nunca deveríamos ter cruzado a linha de ir de amigos
a amantes. Há muitas coisas que Lauren não sabe sobre mim,
e me importo o suficiente com ela para não querer que ela
compartilhe minha dor e a escuridão que nunca vê a luz do dia
dentro de mim. Eu a quero, mas ela é uma mulher que nunca
poderei ter. Ela é muito inteligente, muito doce e muito boa
para um cara como eu. Infelizmente, afastá-la se torna muito
mais difícil do que eu planejava ...
CAPÍTULO 1
LAUREN

Momentos específicos tendem a incorporar em sua


psique. Eles são tão traumáticos, tão dolorosos, eles
instantaneamente ficam gravados em sua memória de longo
prazo.
Este estava destinado a ser um desses momentos. Se eu
sobrevivesse. Se minha capacidade de respirar voltasse.
Aperto a maçaneta da porta enquanto meu irmão luta
para cobrir sua bunda nua com um travesseiro. Ele pragueja
e me diz para sair.
Congelo.
Puta merda, nada mais será o mesmo.
Hope, a mulher cuja boca estava engolindo o pau do meu
irmão, luta para recuperar sua roupa do chão. Seu rosto
esta vermelho-tomate. Deveria estar. Ela está noiva de
Graham Morgan, o melhor amigo do meu irmão.
Ou ela estava.
—Minha aula foi cancelada. — Minha voz sai
estrangulada assim como minhas entranhas.
—Você deveria ter avisado. — disse Jack em um tom que
ele usou uma vez quando éramos muito mais jovens e o peguei
baixando pornografia no meu computador.
Essa memória também estava incorporada.
Não sou puritana, mas certos códigos de comportamento
da sociedade devem ser seguidos. Um: Não violar meu
computador ou - eca - meu quarto porque você está de castigo
sem Internet.
Dois: Isso!
—Sinto muito... — me paro, não estou
arrependida. Estou entorpecida. Esperei que Jack abrisse um
sorriso. Deve ser uma brincadeira. O convite de casamento de
Graham e Hope chegou dois dias atrás. O meu está preso na
geladeira da casa do papai com um ímã de coração. Estamos
em Aspen para celebrar o noivado, bem como minha formatura
e a promoção de Jack.
—O que você está fazendo, Jack? — Ele balança a cabeça
sem responder e tenho pena dele. Ele geralmente não é um
idiota, pelo menos não tão idiota quanto parece com um
travesseiro agarrado aos genitais como se sua nudez fosse o
grande problema.
Com as roupas nas mãos, Hope sai correndo da sala de
estar, pelo corredor e para o quarto principal. Queria escapar
também, então nenhum julgamento de minha parte.
—Hope, — Jack berra.
Ela não para.
Ele agarra sua roupa e corre atrás dela.
Uma rajada de ar frio traz uma enxurrada de neve pela
porta aberta. Que derrete instantaneamente no chão de
madeira escura do chalé de luxo que Graham alugou.
Tínhamos passado fins de semana em Aspen, embora
nunca em um lugar tão agradável. Durante o ensino médio,
Jack e eu gastávamos nossos centavos e alugávamos os
melhores quartos com desconto que podíamos pagar. Graham
se juntava a nós, mas recusamos seu dinheiro. Ele nunca
tinha falado muito sobre sua vida familiar, mas sabíamos que
não era boa. Eventualmente, ele parou de discutir e
simplesmente jurou que conseguiria um grande contrato da
NFL e nos retribuiria algum dia.
Ele finalmente o fez, e as despesas com este chalé
provavelmente equilibraram a conta.
No piloto automático, fecho a porta, abro o zíper da minha
jaqueta e o penduro no armário. Tiro minhas botas e as coloco
ordenadamente no tapete. Deveria ir procurar o calor do fogo
ardente na lareira de pedra, mas ainda tinha a visão de meu
irmão e Hope esparramados na frente dele.
Balanço minha cabeça.
Essa é uma imagem que não pode ser desvista.
A cozinha parece um destino seguro. Sirvo uma taça de
Merlot e, embora não bebesse, termino com um longo gole.
Isso não pode estar acontecendo. Agarro o balcão atrás
de mim. Graham tem problemas de confiança. Jack e eu
éramos a única família que ele tem. Jack, como você pôde fazer
algo tão estúpido? Tão cruel?
Derramo outra taça e bebo metade. Meu estômago se
revira em advertência.
Vozes na sala de estar me forçaram a abandonar meu
vinho e caminhar em direção a elas. Embora não conseguisse
entender o que estavam dizendo no início, elas estavam
obviamente discutindo.
Hope largou a bagagem no vestíbulo e tirou o casaco do
armário. Fico observando em silêncio.
—Tenho que sair daqui, — ela diz desesperadamente.
Quando ela percebe que estou lá, diz: — Sinto
muito. Graham está a caminho. Deveria dizer a ele para não
vir, mas... — Ela cobre o rosto com as mãos. —Isso não deveria
acontecer.
Poderia sentir pena dela se ainda não estivesse tentando
apagar uma certa imagem da minha mente. Ainda é
repugnantemente vívida. Jack passa os braços em volta dela,
um ato que me irrita.
—Você está nervosa. Você não pode dirigir assim, —Jack
implorou.
—Preciso ir. Tenho que pensar. Esta não sou eu. Não faço
coisas assim. — Ela procura minha confirmação, mas desvio o
olhar. Não a conheço a tempo suficiente para refutar ou apoiar
sua afirmação, nem quero ser colocada nessa posição.
—Vai ficar tudo bem. Levo você, —Jack diz, enquanto
segura o rosto dela entre as mãos.
Minha voz finalmente funciona. —E quanto a Graham?
Jack se vira para reconhecer minha presença. Esperava
que ele estivesse com raiva de mim, mas seu rosto mantem
uma expressão de dor em vez disso.
—Vou levar Hope ao aeroporto e depois volto. Ele ainda
está a algumas horas longe.
—Devo contar a ele. — diz Hope, embora não pareça
convencida.
—Não, temos sido amigos a vida toda. Vou contar a ele,
—Jack diz firmemente. Quão nobre da parte dele. Quero dar
um tapa nele. Sua declaração teve o efeito oposto em Hope. Ela
derrete contra ele, e quero vomitar. Há muitas palavras que
poderia ter falado, mas nenhuma teria ajudado a situação. Me
viro para voltar pra cozinha.
—Lauren, — Jack diz enquanto se aproxima de mim.
Sussurrando para impedir que Hope ouvisse, ele diz: —Não
diga nada a Graham. Diga a ele que estávamos fora quando
você chegou.
—Não vou mentir para ele, — digo vigorosamente,
corajosa por causa do zumbido do vinho.
—Então vá para casa agora. —Minha boca se abre. Não
conheço esse Jack.
—E se Graham chegar aqui antes de você? Você não acha
que ele vai se preocupar se ninguém estiver aqui ou atender
suas ligações?
A porta se abre e Hope sai.
Comecei a contar a ele o que achava de seu plano, mas
ele se afastou.
Ele agarrou seu casaco e abriu a porta.
—Escute, estraguei tudo. Você não precisa me dizer o
quanto. Não diga nada para Graham, ok? Vou consertar
isso. Juro. — Ele bate a porta antes que tivesse a chance de
concordar ou mandá-lo para o inferno.
Pego meu celular e busco o número de Graham. Ele
merece saber o que havia acontecido. Ele merecia uma chance
de conversar sobre isso com Hope, se fosse isso que ele
quisesse.
Parei em frente ao fogo sem ligar para ele. Faço uma
pausa, tentando entender meus sentimentos. Minha raiva
havia se dissolvido, me senti aliviada, quase feliz.
Isso era tão enervante quanto ver Jack e Hope juntos.
Graham era meu irmão honorário de outra mãe, meu
protetor e até mesmo meu confidente. A traição de Jack
magoaria Graham profundamente, e meu coração deveria
estar partido por ele.
Deixando meu telefone sobre a lareira, vou para o meu
quarto fazer as malas. Não importa quem contará a Graham,
as chances são de que ele odiará todos nós, incluindo a mim,
simplesmente por testemunhar. Ele havia cortado membros de
sua família sanguínea de sua vida por esse mesmo crime.
Tentei imaginar minha vida sem Graham, mas não
consegui.
Confusa e enojada comigo mim mesma, transfiro meus
pertences para a mala, parando ao ver meu reflexo no espelho
da cômoda. Disse a mim mesma que meus sentimentos eram
irrelevantes. Graham nunca olhou para mim do jeito que
olhava para Hope.
Não estava ao nível dela. No meu melhor dia, eu era
fofa. No meu pior, era uma nerd de óculos, um pouco acima do
peso e com habilidades sociais estranhas.
Muitas pessoas passam a vida inteira tentando se
destacar. Eu só queria me misturar. Estrategicamente,
aprendi a manter a maioria dos meus pensamentos para mim
mesma. Compartilhá-los nunca havia tornado minha vida
melhor.
Aos quatro anos, identifiquei o erro na tentativa de um
personagem de desenho animado do Último Teorema de
Fermat, um problema que os matemáticos levaram até 1994
para resolver, e procurei discuti-lo. Não tendo o vocabulário
matemático para expressar adequadamente como o teria
resolvido, perguntei ao meu professor e fui instantaneamente
transferida para uma escola para superdotados.
Me formei no ensino médio aos quatorze anos, tive um
diploma de graduação em matemática aplicada aos dezessete
e meu doutorado em física da matéria condensada aos
vinte. Se era o que eu queria ou o que me disseram que eu
deveria querer, ainda não tinha certeza. Quando pedi um ano
de folga para me encontrar, fui encaminhada para a
terapia. Alguma coisa boa veio dessa experiência. Aprendi a
valorizar minhas emoções mesmo quando elas não
correspondiam ao esperado. Os sentimentos não estavam
errados, as ações, sim.
Também conheci minha melhor amiga, Kelley. Ela estava
estagiando na clínica onde paguei por duas sessões, debati os
princípios básicos da psicologia por mais duas, depois, por
estímulo do meu médico, passei a estudá-la formalmente.
Em retrospecto, a sugestão de obter meu próprio diploma,
se achasse que sabia tanto, pode ter sido sarcástica, mas
escrevi uma dissertação para apoiar meus pontos de vista e
recebi um diploma adicional um ano depois. Ao contrário do
meu médico, Kelley achou minhas perguntas revigorantes. Ela
definiu amizade como duas pessoas que trazem o melhor uma
da outra. Ainda éramos próximas, embora ela tivesse ido para
a faculdade na Califórnia para terminar seus estudos, nos
falamos apenas por telefone por enquanto. Além de Graham,
ela era a única pessoa que me aceitou como eu era.
Num impulso, pego meu telefone da lareira e ligo para
ela. Sem resposta. Verifico a hora. Era cedo o suficiente para
que ela pudesse estar na aula. Deixo uma mensagem de voz
para ela, uma atualização longa e detalhada que incluía uma
viagem à cozinha para outra taça de Merlot.
CAPÍTULO 2
LAUREN

— Acorde, Amendoim. É um dia lindo demais para


dormir.
Abro os olhos com cautela, mas não me levanto de onde
adormeci no sofá. Meu zumbido de curta duração se foi e
minha cabeça está latejando. Graham Morgan, com um metro
e oitenta e cinco de músculos lindos, está parado acima
de mim, sorrindo.
Será que a coisa toda com Jack foi um pesadelo?
Graham levantou minhas pernas, sentou-se no sofá e as
abaixou de volta em suas coxas. Ele estava confortável comigo
porque nunca tinha sequer insinuado que poderia ter
sentimentos por ele. Ele nunca saberia como saboreio seu
toque ou como nunca namorei ninguém que fez meu estômago
revirar do jeito que fazia toda vez que ele olhava para mim.
Ele passa a mão para cima e para baixo na minha canela.
—Então, onde estão todos? Ainda nas pistas? Você ficou
para me encontrar? — Seu sorriso era fácil e satisfeito, do tipo
que alguém dá a um cachorro que os cumprimenta com o rabo
abanando.
Sento e me afasto de seu toque confuso. Minha cabeça
gira e gemo.
Ele se inclinou mais perto e sentiu o meu bafo.
—Você andou bebendo. — Ele colocou a mão sobre o
coração. —Minha pequena Lauren, toda adulta, bêbada e
desmaiada antes do jantar.
—Não estou bêbada, — resmungo, sentando-me de
pernas cruzadas de frente para ele.
—Pior, de ressaca. — Graham tentou um olhar simpático
e depois riu. —Você se sente uma merda? Porque é assim que
você está parecendo.
—Obrigado. — O empurro com o pé. É o que ele esperava
e o que teria feito se este fosse um dia normal.
Ele agarra meu pé e o segura. —Tão mal-humorada. Vou
ter que te animar. Quanto tempo se passou desde que alguém
fez cócegas em você até fazer xixi nas calças?
Ele estava brincando. Ele não apenas nunca tinha feito
isso, mas também nunca teria permitido que Jack fosse tão
longe. Ninguém me machucava. Ninguém me envergonhava,
não quando ele estava por perto. Fora do campo de futebol,
Graham era um gigante gentil comigo. Ainda assim, a
travessura em seus olhos me disse que não iria escapar
completamente.
—Nem tente. — Tento soltar meu pé, embora uma parte
de mim estivesse adorando ter sua atenção total.
—Vamos, Amendoim, sorria só um pouco —, disse ele
enquanto fazia cócegas na planta do meu pé.
Me contorci e soltei uma risada involuntária.
—Pare! — Era bom vê-lo de novo, bom demais. Ele não
tinha voltado para casa nas férias, então fazia mais de um ano
desde que o vi pessoalmente. Me senti culpada de me divertir
quando ele estava prestes a receber uma notícia devastadora.
Ele apertou meu pé suavemente antes de soltá-lo.
—Sem cara amarrada. Senti sua falta e estou de muito
bom humor.
—Também senti sua falta—, disse. Não foi exatamente
uma resposta espirituosa, mas foi honesta. Minha mente
estava acelerada, mas não conseguia falar. Jack estava
certo? A verdade seria melhor se recebida dele?
Estremeci e olhei para a lareira. O fogo havia apagado,
deixando apenas cinzas fumegantes. Um presságio de que
nada era para sempre?
—Você já comeu? — Perguntei por que se não
encontrasse algo para me distrair, ia começar a vomitar a
verdade. Estava me matando esconder isso dele.
—Não. Estou faminto. A geladeira deve estar
abastecida. Você está com fome?
—Eu poderia comer alguma coisa, — eu disse.
—O primeiro a chegar à cozinha faz os sanduíches. O
último limpa. — Ele se levantou e se curvou na postura de um
corredor esperando o tiro inicial para disparar.
Sorri porque era impossível não sorrir. Ele tinha seus
demônios, mas nunca os discutiu comigo. Nossa amizade era
alegre e divertida. Nunca tinha sido pressionada por mais e era
algo que me arrependia. Se ele tropeçasse na infidelidade de
Hope, eu não seria aquela a quem ele recorreria. Poderia ter
sido, se não fosse Jack quem o traiu.
Me levanto do sofá apesar de como isso me deixou um
pouco tonta e corri em direção à cozinha.
—Você é único. — O venci, mas sentado no balcão da ilha,
ele parece muito satisfeito consigo mesmo para não ter me
deixado vencer. Estreito meus olhos para ele e ele encolhe os
ombros.
—Esqueci como essas suas perninhas são rápidas.
Balanço a cabeça e coloco a mão no quadril.
—Posso ser baixa, mas meu pé ainda pode alcançar sua
bunda —Ele ri.
—Ei, vou limpar.
— É bom mesmo. — Me viro e começo a pesquisar o
conteúdo da geladeira.
—Você não pode ficar se achando só porque você é um
profissional agora.
Ele dá um tapa na mesa. —Espere, você está certa, sou
meio que importante agora. Portanto, em vez de uma camada
de picles, coloque duas. Sabe, graças a você, não posso pedir
um sanduíche de peru sem eles agora. Você me arruinou.
Coloco um pote de picles fatiados ao lado da carne e pão
do almoço na ilha entre nós. —Há uma razão pela qual eles
existem há milhares de anos.
Ele abriu a jarra e colocou um na boca. —Você
oficialmente terminou a escola agora? —Procuro pratos e
talheres.
—Espero que sim.
Ele enrola um pedaço de peru e da uma mordida
saudável.
—Parabéns. Você é oficialmente uma adulta. Agora
consiga um maldito emprego.
Rio e paro de montar os sanduíches. —Tenho várias
ofertas em cima da mesa. Só não sei o que quero fazer ainda.
—Ser um gênio é difícil, não é? — Ele não parecia nem
um pouco sério. —Existe alguma empresa que não contrataria
você?
Empurrei um sanduíche pronto pela ilha em direção a
ele. —Você sabia que a felicidade é abstrata e subjetiva,
independentemente das ferramentas com que tentamos medi-
la? Apesar das circunstâncias ou da genética, muitas vezes se
resume em acreditar como uma pessoa diz que está se
sentindo. Do ponto de vista médico, tentamos mensurar. A
liberação de dopamina, proteínas neurotróficas derivadas do
cérebro ou endorfinas são a ‘felicidade’? Talvez seja demais
esperar que uma carreira faça tudo isso. Pode ser hora de
começar a explorar os mecanismos dos mamíferos para a
liberação de oxitocina.
Ele pisca algumas vezes rápido e disse: — Traduza,
Amendoim.
—Estou procurando um emprego onde nem todo mundo
tenha mais de quarenta anos. Quero fazer amigos e namorar
mais.
Ele acena com a cabeça e olha para mim. —Isso não deve
ser difícil. Você é adorável.
Engasgo com um pedaço de pão. Adorável. Reviro meus
olhos para o céu.
—Mas você não deve escolher um trabalho pela
probabilidade de fazer você transar. Você é muito inteligente
para isso.
—Diz o jogador de futebol que acabou de fazer um
comercial de cuecas —, rebati. Não conseguia me lembrar de
uma época em que ele não estivesse rejeitando mulheres
assanhadas.
—A campanha de roupas íntimas foi um contrato de sete
dígitos —, ele defende e sorri novamente. —Além disso, só há
uma mulher no meu futuro. — Ele checa seu telefone. —Hope
disse a que horas eles voltariam? — Balanço minha
cabeça. Tecnicamente, isso não é mentira.
—Estou feliz por ela ter vindo mais cedo. A neve estava
aumentando e as estradas já estavam escorregadias. O bom
dela estar com Jack é que não preciso me preocupar se ela está
bem. — Ele terminou seu sanduíche, pegando uma garrafa de
água e disse: —Vou tomar um banho.
Ele sai sem se lembrar de limpar, mas não digo nada. Caí
contra o balcão, me sentindo culpada e apreensiva. Tentei ligar
para Jack, mas só dá caixa postal.
Só tinha acabado de lavar os pratos quando Graham com
uma toalha enrolada na cintura aparece na porta da
cozinha. Seu cabelo ainda está molhado do banho, e eu mal
conseguia respirar enquanto percebia a perfeição dele.
Seu humor jovial de antes havia sumido. Ele ergue o anel
de noivado de Hope e diz: —Achei isso no banheiro. A Hope
nunca tira isso. — Ele me encarou como se sua mente já
estivesse passando por todas as explicações possíveis e não
gostando de nenhuma delas. Estava razoavelmente certa de
que ele ainda não tinha considerado Jack na equação. Ele
parecia confuso e chateado, mas não tão zangado como logo
estaria.
Desta vez, meu coração se partiu por ele. Gostaria que
houvesse uma maneira de protegê-lo disso, mas não era uma
opção.
Tinha duas escolhas diante de mim.
Poderia contar a verdade ou mentir.
CAPÍTULO 3
GRAHAM

Nunca fui e nunca afirmei ser um cara legal.


Sempre fui um idiota completo e total, uma característica
que sempre esperei que Lauren nunca descobrisse, mas estava
prestes a explodir meu disfarce e perder completamente o
controle.
Hope nunca tira o anel, então sabia que algo estava
errado. Tinha bons instintos e eles nunca me enganaram,
especialmente quando se tratava de jogar futebol. Infelizmente,
minha reação instintiva era gritar que o que quer que estivesse
acontecendo com Hope, não era bom.
—Graham, não sei o que dizer, — Lauren disse
nervosamente.
—Me diga a verdade, — exijo, meus dentes cerrados para
me impedir de ter um colapso maldito.
Lauren Swift, uma de dois amigos em quem confiei por
mais de uma década, nunca mentiu para mim, e com certeza
não queria que ela começasse a fazer isso agora. Ela e Jack
eram os únicos amigos de verdade que já tive. Eles eram como
a família que nunca tive.
Ok, tecnicamente, tinha alguns parentes de sangue, mas
nenhum deles jamais se importou comigo. Estava bem com
isso porque não gostava de nenhum dos meus parentes vivos,
então funcionou bem para nós não nos comunicarmos.
Aprendi há muito tempo que uma conexão de sangue não
significa muito.
Observo Lauren evitar o contato visual e mexer nos
óculos. Inferno, isso não é um bom sinal. A única vez que ela
mexe com eles é quando ficava nervosa.
—A Hope se foi. Jack a levou para o aeroporto, —ela deixa
escapar. —Ela não disse, mas acho que o noivado está
definitivamente cancelado.
O noivado está cancelado? Mas. Que. Merda. Não havia
nenhuma maneira de Hope terminar comigo. Os convites de
casamento estavam pelo correio. Tudo estava resolvido.
Hope tem que se casar comigo. Ela fazia parte do meu
plano futuro. Estava no caminho certo para finalmente
ser alguém. Tínhamos um acordo que funcionava para nós
dois. Ela não podia voltar atrás agora.
Casar com a Hope seria mais uma jogada estratégica para
ter a vida que sempre quis. Torná-la minha esposa provaria
que tinha dado mais um passo à frente no mundo.
—Ela simplesmente...saiu? — Sabia que Lauren não
estava me contando tudo. —Tem que haver motivo para ela ter
fugido. Não estávamos brigando. Nada estava errado. —Hope e
eu nunca discutimos. Não tinha motivo para ficar bravo com
ela. Ela era de uma família muito rica e respeitada.
Ela era uma supermodelo. E não fizemos exigências
irreais um ao outro. Ela faria sua carreira como modelo. Faria
meu lance no futebol. E quando estivéssemos disponíveis, nós
ficaríamos juntos como um casal. Quem não gostaria de se
casar com alguém como Hope?
—Ela não estava com raiva, — Lauren confessou. —Ela
estava chateada.
—Pelo amor de Deus... por quê? — Amava Lauren como
uma irmã, mas estava começando a perder a paciência.
Lauren finalmente parou de se mexer e me olhou nos
olhos.
—Não posso mentir para você. Eu não posso.
Oh, puta merda. Ela estava me olhando com simpatia em
sua expressão, e odiava isso. Não queria pena. Nunca
quis. Tudo que queria era a verdade.
—Se você é realmente minha amiga, me diga o que
aconteceu. Sei que você sabe. Posso ver isso escrito no seu
rosto.
Conhecia Lauren desde os sete anos de idade. Jack e eu
nos conhecemos na escola primária e nos tornamos amigos
rapidamente, algo que eu valorizava porque realmente não
tinha amigos. Era uma escola nova para mim quando o
conheci. Felizmente, fiquei na mesma escola, mesmo tendo
mudado de lar adotivo mais vezes do que poderia contar,
depois que Jack e eu nos tornamos amigos, éramos melhores
amigos desde então.
Conheci Lauren um dia na casa de Jack. Ben, o pai de
Jack, sempre esteve disposto a sair de seu caminho para vir
me pegar para brincar em sua casa, e Lauren rapidamente se
tornou a segunda amiga em quem podia confiar. Ok, talvez ela
tivesse apenas quatro anos quando nos conhecemos, mas ela
já frequentava uma escola para crianças superdotadas.
Eu idolatrava sua mente brilhante e adorava a garotinha
que deu seu afeto tão facilmente a um menino que realmente
nunca tinha feito nada para merecê-lo. Em troca, me tornei
seu protetor quando ela era criança. Estranhamente, nunca
tinha realmente me livrado desse hábito, embora agora
tivesse vinte e cinco anos e Lauren tivesse vinte e dois. Não
tínhamos nos visto muito pessoalmente nos últimos sete anos
desde que fui para a Costa Leste depois de me formar no ensino
médio, mas ainda considerava Lauren uma das minhas
melhores amigas.
—Conte-me tudo, — peço, já que Lauren ainda parecia
estar considerando os benefícios e as desvantagens de
derramar suas tripas.
—Ela dormiu com outra pessoa, Graham. Sinto muito.
As palavras de Lauren me atingiram como uma tonelada
de tijolos. —Não é possível, — digo a ela em um tom
defensivo. —Ela nunca faria isso.
Hope não queimava exatamente em brasa quando se
tratava de sexo. Claro, o sexo era bom, mas ela nunca tinha
ficado tão interessada em transar como coelhos. Na maioria
das vezes, ela planejava nossas noites juntas, e geralmente
terminava com sexo. Mas não era baixo e sujo. Estava bem
com isso, já que ela era uma mulher que eu achava que
precisava tratar com respeito.
—Ela fez isso, — Lauren corrigiu. —Estou te dizendo a
verdade. Eu mesmo vi, ou não estaria contando a você sobre
isso.
Espera! Lauren viu isso?
A única maneira que poderia ter visto é se tivesse
acontecido... aqui.
Meu cérebro realmente não quer juntar os fatos.
—Jack? — Pergunto roucamente.
Ela assente lentamente. —Sim. Sinto muito.
Desvio o olhar de seu rosto cheio de remorso. — Vou
matar o bastardo.
Jogo o diamante caro no balcão e volto para o banheiro,
batendo a porta atrás de mim.
A raiva cresce dentro de mim, uma raiva exagerada que
nunca fui capaz de me livrar completamente. Ela existia
quando era criança, e a única diferença entre minha
adolescência e agora era que havia aprendido a controlá-la.
Filho da puta!!!
Minha fúria foi seguida de perto pela dor emocional de ser
traído pelo único amigo em quem confiei para cuidar de Hope
quando não estava por perto.
Cavo no bolso da calça jeans que tinha deixado no chão
até encontrar meu celular. Aperto os botões para ligar para
Jack, mas ele não atende. Vai para sua caixa postal.
—Caralho! — Jogo meu telefone, curtindo o som
satisfatório do espelho do banheiro quebrando enquanto fico
de pé e observo os cacos de vidro explodir por toda o balcão e
cair no chão.
Meu peito está pesado e sinto que não conseguia
respirar. Jack era meu amigo. Ele tinha sido meu melhor
amigo durante toda a escola, e em todos os anos depois
disso. Por que diabos ele iria dormir com minha noiva?
E por que Hope sairia com Jack? Ele nem era o tipo dela.
Abaixo a tampa do vaso sanitário e sento, tentando
entender a situação surreal em que estava.
Conheci Hope no ano passado, enquanto jogava pelo New
England. Tinha sido um quarterback reserva com uma
desvantagem porque mal fui convocado no recrutamento na
faculdade por causa de uma lesão no ombro e tinha algo a
provar. Tudo que precisava era uma chance...
Tive a oportunidade de provar meu valor quando nosso
titular saiu com uma lesão. Joguei a melhor temporada da
minha vida, que abriu portas em todos os lugares. De repente,
poderia escolher meu futuro time e recebi uma tonelada de
ofertas para me tornar um quarterback titular em várias áreas
diferentes do país. Voltar ao Colorado para jogar pelos Wildcats
era uma escolha lógica para mim, já que Lauren e Jack ainda
moravam em Denver.
Queria estar perto de alguém que se importasse comigo,
e isso significava voltar para o Colorado para ficar com Lauren
e Jack.
Honestamente, não doeu que os Cats tivessem feito a
melhor oferta. Eles me tornaram milionário da noite para o dia,
com mais renda garantida para ser entregue nos próximos
anos de meu contrato.
Todos os tipos de negócios paralelos lucrativos também
surgiram em meu caminho, e foi por isso que fiz um comercial
de cueca boxer roxa. Inferno, se alguém quisesse me pagar
uma fortuna para falar sobre suas cuecas coloridas, estava
bem com isso.
Percebi que quando minha vida estava indo exatamente
aonde queria, alguém iria me jogar uma bola curva do
caralho. Mas nunca esperei isso. Não de Jack. Nunca de Jack.
Mas lidaria com ele. O faria sofrer por ter tocado em
Hope. Se pudesse encontrar o filho da puta.
—Graham? — Lauren bateu hesitante na porta do
banheiro. —Você está bem? Eu ouvi algo bater.
Não estava bem, mas contive o desejo de dizer a ela para
ir embora.
Sempre valorizei meu relacionamento com minha
Amendoim. Então, o que diabos deveria fazer agora? Seu
irmão havia se tornado meu inimigo. Não queria que ela tivesse
que escolher entre seu irmão verdadeiro e seu irmão postiço.
Lauren e eu tínhamos um relacionamento único. Ela era
uma das únicas pessoas que não me via como um cretino
implacável. E meio que gostava do fato de que nem todo mundo
no planeta me odiava.
Jack sabia o quão idiota eu era, mas ele aprendeu a
ignorar a parte idiota da minha personalidade, o que não era
uma coisa fácil de fazer, e escolheu ver algum tipo de herói por
baixo da minha besteira.
O problema era que eu não era o herói de
ninguém. Passava por cima de qualquer pessoa que
atrapalhasse meu sucesso. Eu era um bastardo teimoso,
provavelmente porque tinha sido um pirralho adotivo que
carregava meus pertences de um lar adotivo para outro em um
saco de lixo plástico. Se isso não fosse motivação para
melhorar minha situação quando fosse adulto, não sabia o que
seria.
Geralmente não me preocupava em desfazer as malas
quando era criança. Nenhuma das minhas casas temporárias
durava muito tempo.
Naquela época, Jack e sua irmã foram as únicas coisas
estáveis em uma infância caótica.
Finalmente respondo a Lauren. —Estou bem. O espelho
quebrou.
—Você quebrou? — ela disse desconfiada.
—Não. Simplesmente explodiu espontaneamente. — A
ouço bufar.
—A probabilidade de isso acontecer é muito pequena.
Inferno, ela é inteligente. Talvez essa tenha sido uma das
razões pelas quais sempre a adorei.
—Merdas acontecem, — disse evasivamente.
—OK. — Ela não parecia convencida. —Estarei na
cozinha se você quiser conversar.
Não queria conversar. Queria esmagar a cara feia de seu
irmão. Queria bater nele até que ele me dissesse por que diabos
ele trairia nossa amizade.
Ele sempre foi especial para mim.
Doeu descobrir que Jack não avaliava nossa amizade tão
bem.
Solto um suspiro de frustração quando ouço Lauren se
afastar da porta. Talvez devesse falar com ela, mas sentia que
ela também era minha inimiga. Ela é a irmã mais nova de
Jack. Ainda poderia confiar nela? Abaixo minha cabeça em
minhas mãos. Jesus! Estou tão fodido.
Nem sei quem é amigo e quem é inimigo mais. Não foi a
primeira vez que me senti assim, então aprendi a
simplesmente a riscar todo mundo que suspeitava que iria me
ferrar, fossem eles culpados ou não.
Talvez fosse melhor se tratasse a todos como se fossem
meus inimigos. Era muito mais seguro assim.
CAPÍTULO 4
GRAHAM

Dezesseis anos atrás ...

Minha mãe e meu pai estavam mortos e ninguém me


queria.
Coloco meu saco de lixo no chão e me jogo na cama de
beliche que meus novos pais adotivos tinham me mostrado
apenas alguns minutos antes.
Tentei imaginar os rostos dos meus pais biológicos, mas
estava começando a esquecer como eles eram, como suas vozes
soavam e como me sentia enquanto eles estavam vivos.
Tenho nove anos, então se passaram apenas dois desde
que minha mãe morreu, mas parece que foi há muito tempo.
Meu pai tinha sido um SEAL da Marinha, um cara durão
que sempre brincava comigo quando estava em casa entre
as incursões, o que não era muito frequente. Minha mãe
costumava me dizer que meu pai era valente e que tinha um
trabalho importante porque lutava pelo nosso país. Estava
muito orgulhoso dele porque ele era um SEAL. Talvez não o
visse muito, mas ele ainda era meu pai e eu o idolatrava.
Então, um dia, minha mãe veio ao meu quarto e me disse
que meu pai havia morrido. Não que tivesse entendido
completamente a morte naquela época, mas sabia que ele
nunca mais voltaria para casa para brincar comigo. Minha
mãe me disse que ele estava no céu, mas vi seu corpo ser
colocado no chão, então não entendia como ele poderia estar
em outro lugar quando foi enterrado em um cemitério militar.
Meio que entendia toda a coisa de Céu e Deus agora, mas
estava muito confuso alguns anos atrás.
Depois que meu pai se foi, minha mãe nunca mais foi a
mesma. Ela chorava o tempo todo, e não tinha ideia de como
confortá-la. Tentei, mas era como se ela não estivesse
realmente me ouvindo.
Então, não muito depois da morte de meu pai, minha mãe
também morreu.
Fechei os olhos e tentei lembrar mais dos meus pais, mas
não adiantou. Eles estavam começando a desaparecer.
—Merda! — Exclamei em voz alta, sabendo que estava
dizendo um palavrão, mas não me importei.
Aprendi muito palavrão quando fui morar com minha tia,
o que aconteceu logo depois que meus avós me entregaram a
ela. Minha avó e meu avô disseram que não podiam mais me
controlar, então a irmã de papai me acolheu.
Só estive com minha tia alguns meses antes dela me dizer
que também não podia ficar com ela.
Eu era algo que meus parentes e famílias adotivas
chamavam de hiperativo. Sabia que havia um nome mais longo
para o que quer que eu tivesse, mas não conseguia me lembrar
de tudo. Mas não importava.
Eu estava mal.
Era diferente.
Fiz coisas que não deveria por causa da enorme
quantidade de energia que sentia às vezes.
Sério, não queria ser mau, mas às vezes não conseguia
controlar o que fazia.
Principalmente, quando estava com raiva. Por que tive
que perder minha mãe e meu pai antes de crescer? Outras
crianças tinham pais, então por que não tive? Por que minha
família não me quis? Sim, quebrei coisas e disse coisas que
não deveria, mas não foi de propósito.
Comecei a ir de um orfanato para outro depois que saí da
casa de minha tia e, mais cedo ou mais tarde, sempre fui
rejeitado.
Seria mandado embora desta família adotiva também,
então sabia que não poderia amá-los. Não precisava amá-
los. Tinha dois bons amigos agora, e isso era o suficiente.
Estou feliz por ter Jack e Lauren.
Jack era meu melhor amigo e Lauren era sua irmã mais
nova. Nenhum deles achava que eu fosse diferente ou ruim.
Saí da cama, levantei meu saco de lixo e coloquei no
armário. Queria ir encontrar meus amigos, os únicos em quem
sabia que podia confiar.
Não era como se eu realmente falasse com eles sobre
meus problemas, mas pelo menos quando estava com eles, não
me sentia tão esquisito.
Como ela tinha apenas seis anos, não conversavam com
Lauren sobre quase nada. Mas se estava triste, ela me
abraçava. E ela sempre parecia saber quando não estava me
sentindo bem.
Nunca direi a Lauren e Jack que as pessoas acham que
não valho os problemas que causo. Jack era meu melhor
amigo e Lauren olha para mim como se fosse alguém
especial. Não sou, mas queria que ela continuasse pensando
que sim. Era bom ser importante para alguém.
Era muito melhor do que se sentir sozinho.
CAPÍTULO 5
GRAHAM

—Preciso de uma bebida, — resmunguei para Lauren


quando entrei na cozinha.
Tentei me recompor. Tinha me vestido, e tentei tirar de
mim a raiva com a traição de Jack.
Se fosse sincero, o que geralmente não era, admitiria que
realmente precisava de mais explicações. Não que houvesse
qualquer desculpa para o que tinha acontecido, mas acho que
precisava de algum tipo de explicação sobre porque minha
noiva e meu melhor amigo de infância jogariam nosso
relacionamento fora apenas por uma foda.
Estranhamente, não fiquei tão triste com Hope quanto
com Jack. Meu melhor amigo e eu éramos como irmãos, desde
que nos conhecemos na escola primária. Jack era uma das
poucas pessoas em quem confiava, e sua traição me deixou
atordoado, sem mencionar que estava fazendo meu estômago
doer de decepção.
Lauren foi até a geladeira e tirou uma cerveja. Ela torceu
a tampa e colocou-a na minha frente.
Olhei para ela e levanto uma sobrancelha. —Esperava
algo mais forte.
Normalmente, evito o álcool. Eu e as bebidas fortes e eu
não nos misturávamos bem. Precisava ficar em minhas
melhores condições como atleta. Mas tinha acabado de perder
minha noiva e meu melhor amigo, então foda-se. Ela encolheu
os ombros.
—Tem que ser cerveja ou vinho. É tudo o que temos em
estoque.
Peguei a garrafa e bebi metade antes de falar. —Diga-me
o que aconteceu. Mereço saber o que você viu.
—Graham, você não precisa saber todos os detalhes
sujos.
—Diga-me, — interrompi com um tom exigente. —
Acabou. Poderia muito bem saber de tudo. Ainda estou
tentando entender.
Poderia dizer que ela estava relutante. Ela não
compartilhou nada imediatamente. Observei enquanto ela
tirava o Merlot, se servia de uma taça e bebia a metade antes
de abrir a boca para falar.
—Não há muito para contar. Entrei e os encontrei
juntos. Hope estava engolindo o... pênis do meu irmão.
O olhar em seu rosto teria sido cômico se o resultado não
tivesse sido tão trágico. Seu desgosto por encontrar seu irmão
em qualquer tipo de situação sexual era óbvio.
—É chamado de boquete, — a informei. —É isso que você
está dizendo? — Ela assentiu com força, mas não disse uma
palavra. Na verdade tive que morder de volta um sorriso
porque ela não queria associar Jack a nenhum tipo de sexo.
Inferno, Hope realmente estava chupando Jack? Isso
realmente me irritou. Nem uma vez ela se ofereceu para engolir
meu pau. Pensei que ela simplesmente não gostasse disso.
Aparentemente, ela simplesmente não tinha gostado...
comigo.
—Os encontrei juntos, — Lauren explicou. —Discutimos
e Jack saiu para levar Hope ao aeroporto.
—Então ela já está a caminho de Boston?
—Suponho que sim, — Lauren meditou. —Tenho tentado
ligar para Jack, mas ele não atende.
Bebo o resto da minha cerveja antes de dizer: —Ele
também não está respondendo às minhas ligações.
Mais uma vez, Lauren foi até a geladeira e abriu outra
cerveja na minha frente.
—Não entendo por que ele fez isso, — compartilho. —Ele
nem conhece Hope tão bem. Ela é linda, mas gozar nunca deve
vir antes de uma amizade.
Normalmente, Lauren e eu não falávamos sobre nada
sexual. Mas estava muito além de ser educado neste
ponto. Ela não era mais uma criança.
—Jack e eu não tivemos exatamente tempo para
conversar. Ele estava mortificado por ter topado com ele e
Hope, e ele realmente não explicou. Mas Graham, tenho que
acreditar que há algo entre os dois. Você sabe que Jack não é
o tipo de cara que trai seus amigos.
—Não tenho certeza se realmente o conhecia, — digo com
voz rouca. —Acho que também nunca conheci minha noiva. E
ainda vou matar seu irmão, quer ele se importe com Hope ou
não.
Jack traiu minha confiança, e no meu livro, isso era
motivo suficiente para odiar o bastardo agora.
Lauren fez outro sanduíche e sentou na minha
frente. Inspirei enquanto terminava minha segunda cerveja.
—Não sei o que fazer, — finalmente digo a ela. A vida
como conhecia havia acabado e teria que me ajustar ao fato de
que não podia realmente confiar em ninguém. Talvez fosse
melhor estar completamente sozinho. Não doeria tanto.
—Coma outro sanduíche, — ela sugeriu enquanto
colocava mais comida e outra cerveja na minha frente. —
Quando terminar, vou servir para você um pouco de sorvete de
chocolate com manteiga de amendoim.
—Você comprou um pouco? — Era o meu favorito e fiquei
surpreso que Lauren se lembrasse. Não tínhamos nos visto
muito nos últimos sete anos. Mas sabia que minhas memórias
dela não haviam desaparecido. Ela sempre seria como uma
irmã mais nova para mim, embora ela já estivesse crescida.
—Claro. Você gosta disso. —Lauren sabia que um dos
meus pontos fracos era a comida. Me divertia muito comendo
comida saudável, porque adorava comer.
Doce. Salgadinhos. Pipoca. Sorvete. Nenhuma dessas coisas
estava segura ao meu redor.
Talvez porque nunca tive nada daquilo quando criança.
—Obrigado. Mas não acho que terá um gosto tão
bom com cerveja.
—Você poderia parar de beber, — ela sugeriu.
—Não está acontecendo. Não essa noite.
Ela pega sua taça de vinho e se senta em uma cadeira ao
lado do balcão.
—Sei que você está ferido. E gostaria de saber o que dizer
para fazer você se sentir melhor. Mas realmente não entendo
nada disso. Jack nunca fez nada remotamente parecido com
isso antes. Pelo que sei, ele sempre foi fiel a qualquer mulher
com quem esteve, e ele nunca roubou uma mulher de outro
homem. Na verdade, ele acha que existe algum tipo
de código masculino contra isso. Não faz sentido.
Tinha que concordar com ela. Jack sempre foi leal a todas
as mulheres de sua vida. Mas isso não significa que ainda não
mataria seu irmão. —Ele é um homem morto, — murmuro.
—Você não vai matá-lo. Pare de dizer isso.
—Você não me conhece tão bem quanto pensa que
conhece—, informei a ela. Lauren e eu brincamos.
Nós rimos.
Nós nos divertimos juntos.
Mas ela não conhecia o meu outro lado, aquele que queria
quebrar todos os ossos do corpo de Jack.
—Nós nos conhecemos há muito tempo, Graham. Acho
que você está ferido e com raiva. Honestamente, não culpo
você. Também estou brava. Mas acho que você deveria pelo
menos ouvir Jack. Não tenho ideia do que ele tem a dizer, mas
ele disse que estava voltando. Tenho certeza que ele queria
explicar.
—Ele deveria ter explicado antes de foder minha noiva, —
disse com raiva.
—Tecnicamente, eles não estavam fazendo sexo.
—Então ter o pau dele em sua garganta era melhor do
que transar com ela? —Ela balançou a cabeça.
—Não disse isso. Acho que o sexo oral pode ser mais
íntimo do que a relação sexual.
Fui buscar outra cerveja. Se fosse começar a ter uma
discussão sexual com Lauren, precisaria disso.
—Obrigado por isso.
—Você precisa de ajuda com algum dos planos de
casamento?
—Você quer dizer cancelá-los?
—Sim.
—De jeito nenhum. Acho que Hope pode lidar com isso,
já que ela decidiu acabar com isso.
—Acho que é uma atitude saudável.
Olho para ela surpreso.
—Mesmo? É isso que o seu curso de psicologia lhe diz?
—Na verdade, não—, ela admitiu. —Mas acho que é
melhor se ela fizer isso.
Dou a ela um olhar penetrante. —É mesmo? O que mais
você acha? Seu irmão vai acabar se casando com minha ex-
noiva, Dr. Freud?
Mesmo que ela tendo uma licenciatura em psicologia,
Lauren nunca tinha tentado realmente me analisar. Era uma
boa coisa que ela não tinha. Ela poderia ter descoberto que eu
era um louco.
Por algum motivo, mesmo depois de todos os anos que se
passaram, ainda era importante para Lauren me ver como seu
herói. Talvez porque ninguém mais tenha me visto como um
cara honrado.
—Não sou muito fã das teorias da realidade psicológica
de Freud—, respondeu Lauren. —E não tenho ideia de quais
são os planos de Jack em relação a Hope. Ele não me contou.
A tristeza em sua voz fez meu peito doer um pouco. —
Você também está ferida—, observei.
Merda, sempre fui um otário pela infelicidade de Lauren.
Lauren e Jack eram próximos, e percebi que havia todas
as possibilidades dela se sentir tão traída quanto eu. Bem,
talvez não tanto, mas Jack e Lauren geralmente não têm
muitos segredos.
—Um pouco—, ela confessou. —Ok, talvez muito. Odeio
que ele pegou algo que amamos e estragou. Aspen sempre
foi nossa viagem: você, eu e Jack. Como ele pôde fazer
isso? Estar aqui sempre foi especial e agora nunca mais será
assim.
Não tinha pensado nisso antes, mas se Jack queria Hope,
este realmente não era o lugar para ficar com ela. Tínhamos
muitas lembranças felizes dessas montanhas.
—Nossa amizade nunca mais será a mesma.
—Eu sei. E o odeio por isso. Não quero perder você como
amigo, Graham. Não tenho muitos amigos de verdade que me
aceitam como sou. A maioria das pessoas acham que sou uma
aberração.
Porra! Sempre odiei quando Lauren falava assim sobre si
mesma. Ela era talentosa e era capaz de absorver e aplicar
mais conhecimento do que a maioria das pessoas seria capaz
de processar e compreender. Ela deveria ser idolatrada apenas
por suas habilidades mentais.
Lauren definitivamente não era uma aberração, mas seu
nível de inteligência sempre a fez diferente para algumas
pessoas. Talvez seja por isso que nos unimos quando éramos
mais jovens. Mas suas diferenças nunca a tornaram
desagradável. Não para mim. Não me importava quanto
conhecimento ela tinha. Tudo o que importava é que ela me
tratava como alguém importante para ela, alguém digno de ser
seu amigo e protetor.
—Não vou culpar você pelos pecados do seu irmão.
— Queria torná-la inimiga porque ela era irmã de Jack, mas
não podia. Tínhamos muita história juntos. Meu
relacionamento era diferente com Lauren. Não tinha sido o
mesmo que tive com Jack. Eu era o herói de Lauren quando
ela era mais jovem, e ela me deu o mesmo amor incondicional
que daria a um irmão.
—Se você o matar, não poderemos mais ser amigos—, ela
ressaltou.
Atiro a ela um pequeno sorriso. De certa forma, acho que
ela estava quase com mais raiva do que eu.
—Então é melhor você manter o traseiro arrependido dele
longe de mim. Sem promessas.
—Não acho que ele vai voltar. Ele já deveria estar aqui, —
ela disse solenemente.
—Pode ser melhor assim.— Se visse Jack
agora, definitivamente o machucaria.
—Então o que fazemos agora? — ela perguntou.
Fui até a geladeira e comecei a encher meus braços de
cerveja. Peguei a garrafa de Merlot para Lauren.
—Assistimos um pouco de TV e ficamos bêbados.
—Não fico bêbada. Nem você. Acho que nunca te vi
bêbado.
—Há uma primeira vez para tudo.
Não tinha bebido desde a faculdade. Mas esta noite seria
uma exceção.
Hope tinha acabado de mudar todo o meu plano de vida,
mas nem tudo estava ruim. Afinal, era o novo quarterback
titular do Colorado Wildcats. Era milionário. E venderia um
monte de roupas íntimas nos próximos anos. Meus patrocínios
me renderiam uma fortuna.
—Não tivemos a chance de celebrar seu novo contrato—,
disse ela em voz apologética.
Fiz sinal para ela me seguir até a sala enquanto pegava o
álcool, colocava na mesa de centro e acendia o fogo.
—O contrato ainda não está finalizado, então podemos
comemorar depois que eu realmente assinar na linha
pontilhada. É noite de cinema.
—Não fazemos isso há muito tempo. — Lauren cai de
volta no sofá em que a encontrei quando cheguei no chalé.
Ela estava certa. Há anos que não víamos filmes antigos
até tarde da noite. Não desde que dormi na casa de Jack anos
atrás. Seu pai tinha sido legal com todos nós acampando na
frente da televisão por horas à noite.
Sorri ao lembrar que, embora Jack e eu assistíssemos até
finalmente desligarmos a TV, Lauren geralmente adormecia
após o primeiro ou segundo filmes. Ela tinha sido tão fofa
quando estava dormindo que apenas a cobria com um cobertor
e desligava a televisão para que ela não acordasse durante a
minha maratona de filmes com Jack.
Por alguma razão, Jack não voltaria para o meu chalé
caro, e não tive um descanso desde os playoffs. Estava
correndo tentando garantir meu futuro. Agora que tinha algum
tempo livre, queria e precisava de um tempo livre.
Só por esta noite, queria desligar tudo em meu cérebro e
desfrutar de algum tempo com Lauren. Realmente senti falta
dela, e ainda estava tentando aceitar o fato de que ela estava
crescida.
—Talvez não termine casado com Hope, mas o resto da
minha vida é boa. — As palavras saíram da minha boca antes
que pudesse pensar nelas.
Estranhamente, não fiquei tão chateado com a
perspectiva de não ter Hope como minha esposa. Gostei
da ideia de todo esse negócio de casamento, mas não estava
tão acabado por perdê-la.
Fiquei mais chateado por perder Jack como amigo.
—Então você acha que eventualmente será capaz de
perdoar Jack? — Lauren perguntou.
—Não, — disse a ela severamente. —Nunca.
—Quanto a mim?
Havia um olhar vulnerável em seu rosto que não
gostei. Minha Amendoim nunca deve se sentir insegura.
—Você não fez nada, Lauren. Não há nada a
perdoar. Você vai perdoar seu irmão?
—Eventualmente, suponho. Ele é meu sangue. Amo
ele. Mas não tenho certeza se algum dia vou confiar nele tanto
quanto antes.
Por alguma razão, Lauren e Jack brigando um com o
outro me incomodava. Me joguei no sofá ao lado dela e abri
outra cerveja. Recarreguei sua taça de vinho e entreguei a ela.
—Encontre um canal para gente. — Ao contrário de
alguns caras, sempre dei a Lauren a posse do controle remoto
se ela ainda estivesse acordada. Ela poderia encontrar
qualquer canal muito mais rápido do que eu.
Lauren se acomodou com as pernas no meu colo.
Em algum lugar entre Casablanca e Psicose, terminei
cada cerveja na mesa.
CAPÍTULO 6
LAUREN

Deitada com as costas contra o braço do sofá e minhas


pernas em cima de suas coxas, estudei o perfil de Graham. Ele
estava sofrendo, embora tentasse fingir que não estava
arrasado.
Eu? Estava testando meu limite de consumo alcoólico
naquele dia, procurando o entorpecimento que as pessoas
afirmavam ter encontrado no fundo de uma garrafa. Não que
não conhecesse os efeitos fisiológicos do álcool. As pessoas
chamavam de depressivo, mas era uma droga muito mais
complicada. Sim, suprimia a liberação de glutamato, o que
resultava em uma desaceleração das vias do cérebro, tornando
mais difícil formar pensamentos coerentes, mas também
elevava os níveis de dopamina, o que significa que me senti
muito bem, apesar do que tinha acontecido.
O que Jack fez não foi minha culpa. Me sentia culpada
por dizer a verdade a Graham, mesmo que na mesma situação,
teria feito isso de novo. Graham não merecia ser prejudicado
por isso.
A vida familiar de Graham o havia endurecido. Ele não
falou sobre isso, mas Jack e eu tínhamos tido alguns
vislumbres disso ao longo dos anos. Sabia que Graham queria
esconder esse lado de mim e deixei porque egoisticamente
queria que minha versão dele fosse real. Ele era meu protetor,
meu suporte. Houve momentos em que me perguntei se ele
escondia seu outro lado para nós ou para ele.
Ele estava preocupado com o fato de que se ele fosse
qualquer coisa além de um bom amigo, o irmão mais velho,
nós ainda não o amaríamos?
Jack tinha praticamente deixado isso um ponto
discutível.
Mesmo que Graham dissesse que isso não nos mudaria,
esta era provavelmente a nossa última vez assim. Jack voltaria
naquela noite ou ficaria longe para dar tempo a Graham para
se acalmar, de qualquer forma, seria feio quando eles se
vissem.
Aspen nunca mais aconteceria.
Jack, Graham e eu nunca riríamos das merdas estúpidas
que fizemos quando crianças. Nada mais seria o mesmo.
Bebi porque meus nervos estavam em carne viva e queria
esta última vez com Graham. Bebi por todas as coisas que
nunca faria novamente e por todas as coisas que Graham e eu
nunca tínhamos feito.
—Eu já fiz sexo, — deixei escapar.
Graham me lançou um olhar divertido.
—É bom saber. — Suas bochechas estavam vermelhas e
seus olhos estavam pesados, mas horas de filmes e bebidas
faziam isso com uma pessoa. Pelos padrões de direção, ele
estava embriagado, mas não caía bêbado. Pelo menos, ele não
tinha caído durante sua última ida ao
banheiro. Aparentemente, a cerveja passa por uma pessoa
mais rápido que o vinho.
Mesmo que dissesse a mim mesma que ele era como um
irmão para mim, meu orgulho estava um pouco abalado por
ele não me ver de outra maneira. Parecia importante provar a
ele que alguns homens viram.
—Você não precisava me ensinar o termo para
boquete. Estou familiarizada com isso.
Ele olhou para mim e então desviou o olhar.
—Não quero falar sobre isso. — Estranhamente, tinha
isso. —Desculpe. Não sei por que disse isso.
Ele deu de ombros e pegou o controle remoto, mudando
os canais sem parar em nenhum deles por tempo suficiente
para saber o que estava pulando.
—Na verdade, eu sei. — Derrubei minha taça de vinho
agora vazia para o lado e observei as gotas de Merlot se
reunirem em uma pequena piscina. Era fascinante de uma
forma que não teria sido antes de consumir a garrafa inteira
sozinha e ser apresentada a uma nova equação. Quanto mais
bebia, mais fácil era tomar a próxima taça. —O álcool afeta o
córtex pré-frontal, que regula o controle dos impulsos.
—Más notícias para Jack. Esperava que a cerveja me
tornasse menos provável de matá-lo —, disse ele, mas manteve
os olhos na televisão.
Coloco a taça na mesa. —Isso pode diminuir o seu tempo
de reação o suficiente para permitir que ele se esquive de seus
golpes, — disse, esperando que não chegasse a esse ponto.
Ele esfregou a minha canela. —Então, tudo o que tenho
a fazer é ficar bêbado. — Agora que ele disse isso, havia uma
mentira perceptível em suas palavras. Engraçado, não sentia
como se houvesse na minha. A desconexão na auto
percepção explicou por que as pessoas se sentiam capazes de
dirigir quando claramente não eram. Puta merda, posso estar
bêbada.
Sentei-me, evitando a tontura que se seguiu ao
movimento repentino. Sua dor cortava tão profundamente
quanto a minha. Gostaria que houvesse algo, qualquer coisa
que eu pudesse fazer para aliviar isso.
—Sinto muito, Graham.
Ele balançou sua cabeça. Ficamos sentados em silêncio
por vários longos minutos.
—Então, quem era?
—Quem era quem?
—O cara com quem você dormiu? — ele perguntou como
se fosse uma pergunta casual sobre o tempo.
—Tim Beller. Meu parceiro de laboratório no ano
passado. Por que você diz o cara como se você soubesse que
era apenas um? Tanto quanto sabemos, posso ter dormido com
todo mundo que conheci na faculdade. Homens. Mulheres.
Você não sabe.
Ele ri e encontrou meus olhos novamente.
—Eu sei. — Isso foi um chute para o meu orgulho.
—Por que você acha que não consegui encontrar mais de
uma pessoa que dormisse comigo? — A expressão em seus
olhos mudou, pelo menos pensei que sim, seu rosto estava um
pouco embaçado.
—Você é linda, Lauren, do seu jeito.
Rolei para trás contra o braço do sofá e cobri meu rosto
com o braço. Nem mesmo os óculos de cerveja poderiam
mudar a maneira como ele me viu.
—Ei. —Ele puxou meu pé. —Pare.
—Pare você. — Afastei meu pé, correndo sobre seu pau
por acidente. Não estava ereto, mas isso não foi uma surpresa.
—Não sou insegura, sou realista. Os homens não
desejam mulheres com um QI mais alto do que o deles. E antes
de tentar me animar com isso, estou bem com isso. O sexo não
foi tão bom assim.
—Então você dormiu com um idiota.
—Ou uma centena deles. Talvez mil.
—Lauren, olhe para mim. —Abaixo meu braço e olho.
—Quando você encontrar o cara certo, e você vai um dia,
diga a ele a verdade. Ele não se importará se for cem ou
nenhum. Não deixe ninguém fazer você se sentir mal sobre
quem você é.
Sim, havia uma calúnia em seu discurso, mas suas
palavras soaram claras na minha cabeça. Seu sorriso era tão
lindo que me sentei para ver melhor. Me deu um frio na barriga
e me encheu de um desejo que tentei suprimir. Não era alguém
para quem precisava mentir. Este era Graham.
—Um. Só um cara. Não queria me formar em outra
faculdade ainda virgem. — Graham soltou um suspiro audível.
—Vai melhorar.
—Espero que sim. — Lembrei-me da minha primeira vez
e de repente foi engraçado.
—Pelo menos ele foi rápido. —Graham gemeu.
— E informação demais. —Ok, ou era a história mais
engraçada de todas e precisava ser recontada ou estava
bêbada. De qualquer forma, não pude evitar de compartilhar.
—Fiquei tão desapontada que fui para casa e me
masturbei apenas para ter certeza de que todas as minhas
peças ainda estavam em boas condições. — Rio quando uma
piada veio a mim. —Elas estavam funcionando e me lembrei
de uma vantagem de sexo com a mão: nenhuma estranheza na
manhã seguinte, embora houvesse uma sensação de ciúme de
outras áreas.
Ele se virou novamente.
Mudei-me para colocar minha perna de volta em seu colo,
roçando meu pé sobre seu pau pela segunda vez e
congelei. Uau. A menos que tenha imaginado, ele estava
ostentando uma enorme ereção. Para mim? Verifiquei,
passando minha panturrilha sobre ele.
Ele agarrou minha perna para imobilizá-la.
—Não, Lauren. —Não o quê? Maravilhar-se de que algo
que tinha feito o excitou? Como não poderia perder um
momento para me deliciar com a sensação?
Minha respiração ficou presa na minha garganta. O sexo
mudaria nosso relacionamento, mas tudo já era
diferente. Mesmo que ele dissesse que não, esta noite parecia
o nosso adeus.
Ele nunca perdoaria Jack. Nunca mais confiaria
nele. Como isso não o tiraria de mim também? Não poderia
fechar aquela porta sem provar seu beijo apenas uma vez.
—Graham? —Ele se virou lentamente para mim,
parecendo torturado enquanto o fazia.
—Não me olhe assim. Estou por um fio aqui. Você é
importante para mim, Lauren. Não quero te machucar.
O desejo em seus olhos foi o que me moveu de joelhos ao
lado dele. Ele nunca tinha me olhado assim antes e era
hipnotizante. Corri minha mão sobre os músculos fortes de
seu peito. Seu coração batia descontroladamente. Para
mim. Havia tanta coisa que queria dizer, mas as palavras não
saíram. Em vez disso, inclinei-me e o beijei.
Ele enfiou as mãos no meu cabelo e me beijou de volta
com força. Não havia ternura, nem provocação. Ele pegou
minha boca, reivindicou minha língua. Estas não foram as
preliminares baunilha que experimentei, mas não estava com
medo. Queria ser dele mesmo que fosse apenas por uma noite.
Ele me levantou para que montasse em seu colo, então
ele rasgou a frente da minha blusa. Algodão rasgado sob sua
força. Ele desabotoou meu sutiã e o jogou no chão. Meus seios
se encaixavam perfeitamente em suas mãos. Agarrei seus
ombros para me firmar enquanto ele beijava seu caminho pelo
meu pescoço e meus seios. Ele lambeu um seio enquanto
massageava o outro com a mão. Arqueei e movi minha pélvis
para frente sobre seu pau saliente.
Seus movimentos eram raivosos, impacientes, mas meu
corpo respondeu. Ele beijou o caminho de volta para minha
boca. Conheci sua paixão com a minha. Enquanto nos
beijávamos, desabotoei sua camisa e a empurrei de lado, então
esfreguei meus seios nus em seu peito, amando como isso o
deixava selvagem.
Ele colocou a mão no meu cabelo e puxou meu rosto do
dele. Sua respiração era tão irregular quanto a minha.
—Afaste-se de mim, Amendoim. Você poderia ser
qualquer uma esta noite. Eu não me importaria.
Suas palavras me cortaram, mas não me fizeram querer
deixá-lo. Ele estava me afastando, mas apenas porque queria
me proteger. Não precisava de proteção, não dele. Queria
experimentá-lo e confortá-lo. Era uma combinação irresistível.
—Quero isso, Graham, — sussurro. Sempre quis você. O
beijei antes que ele tivesse a chance de dizer mais. Não
queria falar, queria sentir.
Ele apertou sua boca contra a minha em um beijo que
estava em algum lugar entre um castigo e um prazer. Ele me
fez esquecer todos os outros beijos que já dei. Talvez tenha sido
o vinho. Talvez tenham sido anos fantasiando sobre estar com
ele, mas eu estava totalmente dentro.
Ele me ajudou a ficar de pé e então se levantou. Tirei sua
roupa. Em um glorioso borrão frenético, ele me cercou com
músculos rígidos. Com ele, me senti pequena e feminina. Com
ele, não havia constrangimento, apenas fome de sentir mais
dele, saborear mais dele.
Graham nunca foi nada além de gentil comigo, mesmo
quando discordávamos em algo. Ele não era gentil aqui. Suas
mãos eram ásperas e exigentes. Seu pênis era enorme e
ousado. Queria isso dentro de mim, tão profundo quanto ele
pudesse empurrar. Sem hesitação ou consideração. Queria
que ele estivesse tão louco por mim quanto estava por ele.
Fechei uma mão em torno de seu pau e bombeei para
cima e para baixo, amando a sensação, imaginando como isso
me preencheria. Todo o tempo, ele me beijou implacavelmente,
profundamente. Ele queria tudo e eu queria dar tudo a ele.
Seus dedos encontraram meu sexo e enquanto ele fodia
minha boca com sua língua, seus dedos empurraram para
dentro de mim. Estava molhada e pronta. Ele estava duro e
com fome. Ele me levantou como se não pesasse nada, então
tropeçou para trás antes de se firmar contra o sofá. Era um
lembrete físico de que estávamos FEI, fodendo enquanto
intoxicados.
Pensei nisso mesmo enquanto a ponta de seu pênis
mergulhava nas dobras do meu sexo. Sempre fui uma
pensadora exagerada. É o que mais odiava em mim. Lá estava
fazendo sexo selvagem pela primeira vez na vida e meu cérebro
não queria desligar.
Me perguntei se nossos ancestrais escolheram andar
eretos simplesmente para esta posição sexual.
Avisei a mim mesma para não confundir intimidade real
com o que poderia sentir logo após um orgasmo. Orgasmos
eram um presente do universo, mas também tinham um
propósito. O hipotálamo libera ocitocina extra. Houve estudos
que o ligaram a um elemento biológico de construção de
confiança.
Ele agarrou minha bunda com as duas mãos, empurrou
para cima e algo mágico aconteceu. Parei de pensar. Era tudo
sobre a conexão. Ele beijou meu pescoço. Me agarrei em seus
ombros e coloquei meus pés atrás de suas costas. Por um
tempo, movi-me para cima e para baixo em total
abandono. Era assim que deveria ser. Não queria que o
momento acabasse nunca. Cada estocada o levava mais fundo,
me deixando mais selvagem.
Um rubor subiu pelo meu peito, espalhando-se pelo meu
rosto. Estava perto, muito perto de gozar. Lá estava eu, prestes
a ter meu primeiro orgasmo não solo e era com Graham.
Graham. Um homem que amei quase toda a minha
vida. Um homem que desesperadamente não queria perder.
Havia algo profundo, dolorosamente triste em finalmente
ter intimidade com ele agora que nosso tempo juntos estava
terminando. Odiava Jack por traí-lo. Me odiava por fazer desta
noite sobre mim quando deveria ter sido sobre Graham.
Queria recomeçar a noite e fazer tudo melhor.
O que poderia dizer a Graham que o faria não se odiar por
me foder? Não queria que ele se sentisse culpado. Não queria
adicionar mais à sua dor.
Ele estava batendo em mim e me senti bem, tão, tão bem,
mas não conseguia aproveitar totalmente. Meu cérebro estava
sabotando o que deveria ter sido o melhor orgasmo da minha
vida.
Assim que imaginei como Graham se sentiria na manhã
seguinte, foi tudo o que pude pensar. Coloquei a realização de
uma fantasia acima do que teria sido melhor para meu amigo.
Eu era melhor do que Jack?
Uma imagem de Graham segurando o anel de noivado de
Hope entrou na minha cabeça e tudo deu errado. Não queria
pensar sobre ela ou o que ela tinha feito com Jack. Não queria
que nada daquilo fizesse parte disso, mas era o motivo.
Graham não estava fazendo amor comigo - ele estava
provando que não precisava de Hope.
Não estava fazendo sexo com um homem que me amava,
estava me despedindo de alguém que nunca iria me amar.
Gostaria de ter sido uma amiga melhor para Graham. Ou
pelo menos uma foda melhor.
Meu orgasmo desapareceu, a paixão que sentia agora
tristemente indescritível. Tudo o que queria fazer naquele
momento era abraçar Graham e dizer a ele que sentia muito
por tudo.
Graham se recostou no braço do sofá e rosnou.
—Você está chorando? — Com ele ainda bem dentro de
mim, me abracei em torno dele, abracei-o com mais força do
que nunca e comecei a chorar.
Aprendi outro factoide biológico naquela noite,
nada mata uma ereção mais rápido do que soluços
desleixados. Ele passou os braços firmemente em volta de mim
e simplesmente me balançou para frente e para trás enquanto
xingava baixinho.
CAPÍTULO 7
GRAHAM

O que diabos eu acabei de fazer?


OK. Sim. Estava bêbado, mas não tão embriagado.
Deveria ter colocado um fim nas explorações de Lauren quando
me senti ficando duro. Mas tinha feito isso? De jeito nenhum.
Ela estava bêbada, e tirei vantagem disso no minuto em
que fiquei com calor e incomodado enquanto pensava nela se
obrigando a gozar. Ela não estava exatamente vindo para
mim. Foi uma conversa simples sobre a mulher em meus
braços alcançando o êxtase. Mas fui capaz de ver em minha
mente, e era uma das fantasias mais quentes que já tive. Tinha
me perdido completamente.
Nos mudei para o sofá com Lauren ainda no meu colo, e
estava preso nela como se não pudesse deixá-la ir, porra. E
para ser honesto, tinha certeza de que não poderia libertá-
la. Assim não. Não depois que a machuquei e a fiz chorar.
Lauren é como uma irmã para mim.
Pelo menos, é o que sempre disse a mim mesmo. Mas
estava me sentindo longe de ser fraternal quando ela
compartilhou o fato de que ela havia perdido a virgindade com
algum idiota em sua faculdade. Não queria falar sobre sua
experiência porque realmente me irritou. Por alguma razão
estranha, odiava pensar em alguém tocando em Lauren. Isso
me fez querer matar o bastardo que a iniciou no sexo sem
prazer.
Por algum motivo, Lauren nunca pareceu tão bonita. Ela
me acusou de não acreditar que alguém iria querer pegá-la. Na
verdade, fiquei surpreso por ela ter permanecido inocente por
tanto tempo. Ela tinha que ter caras rastejando por ela. Não
era como se nunca tivesse notado seu corpo curvilíneo depois
que ela atingiu a idade adulta, mas imediatamente fechei
qualquer pensamento carnal sobre ela. Ela era uma das
minhas melhores amigas.
Agora, não pude fazer nada além de notá-la. Lauren
tinha um corpo feito para o pecado. Eu era um cara grande e
adorava sentir o corpo dela contra o meu. Ela era cheia e
exuberante, e ela não fugia do desejo. O que acabou de
acontecer foi completamente cru e primitivo.
Até que estraguei tudo e a machuquei de alguma forma.
Seu cabelo loiro era ligeiramente encaracolado, e acabei
descobrindo que era macio como seda.
Sua boceta tomou meu pau como uma luva quente e
apertada. Estar dentro dela foi como voltar para casa, e nunca
realmente tive um lugar real onde pertencesse. A sensação foi
tão inebriante que não fui capaz de me conter.
—Você está bem? — Murmuro contra sua orelha.
Jesus! Me senti culpado como o inferno por magoá-la. Ela
estava com dor física? Ela era quase virgem, e eu era um cara
bem grande.
—Estou bem. Sinto muito, —ela disse em uma voz
hesitante.
—Te machuquei. Você não precisa se desculpar.
—Não doeu—, disse ela em voz baixa.
Quando ela levantou a cabeça, tirei os óculos de seu rosto
e os limpei com minha camiseta, um hábito que fazia há tanto
tempo que era automático. Lauren geralmente tinha uma ou
duas manchas nas lentes.
Olhei para seus olhos azuis sinceros enquanto deslizava
os óculos de volta em seu rosto.
—Então por que você estava chorando?
—É complicado.
Merda! Odiava qualquer coisa complicada, a menos que
envolvesse futebol, mas não pude resistir a responder:
—Não tenho nada além de tempo agora. Diga pra mim.
—Eu queria fazer sexo com você, — ela deixou escapar. —
Sinto que nunca mais nos veremos.
Estava acariciando suas costas nuas e não conseguia
parar. Sua pele era tão macia. —Não podemos transar,
Lauren. O que aconteceu não foi certo.
Ela não era o tipo de mulher que poderia simplesmente
transar e esquecer. Tínhamos passado por tudo juntos e nos
conhecíamos desde sempre. Perder a amizade dela seria como
cortar meu braço de arremesso.
—Parecia certo, — ela disse em um tom contemplativo. —
Até não ser mais.
Foi muito bom para mim também, mas não iria admitir
isso agora.
—O que aconteceu?
—Percebi o quão egoísta estava sendo. Queria algo para
mim quando foi você quem teve sua vida destruída. E agora
você provavelmente se sentirá culpado por fazer sexo comigo.
—Nós não transamos tecnicamente. Não terminamos.
— Para minha grande decepção. Mas não pude gozar quando
ela estava praticamente soluçando.
As lágrimas de Lauren eram definitivamente um
assassino de ereção. Nunca aguentaria vê-la chorar.
Ela revirou os olhos.
—Isso importa?
—Isso importa pra mim. — Teria dado tudo para gozar
dentro dela. —E não me sinto culpado. Nós dois somos
solteiros e ambos queríamos isso. Isso não é egoísmo. E só
para constar, não tenho intenção de me despedir de você,
Amendoim.
Ela pareceu surpresa ao perguntar: —Você não
quer? Sério? Depois do que aconteceu com Jack, como as
coisas podem ser as mesmas? — Dei de ombros.
—Talvez elas não sejam as mesmas. Talvez as coisas
sejam diferentes. Jack não aparecerá mais porque vou matá-
lo. Mas não estou perdendo você pelo que aconteceu com Jack
e Hope. Não é sua culpa.
Algo aconteceu esta noite que mudou nosso
relacionamento, e sabia que nunca poderíamos voltar. Nada
seria igual, mas com certeza não iria perder nossa amizade por
causa disso. A conhecia há muito tempo. Tínhamos
compartilhado muito ao longo dos anos.
Ela assentiu lentamente. —Estava com tanto medo de
que esta noite fosse a última vez que nos veríamos
novamente. Você exclui as pessoas da sua vida quando está
sofrendo.
Meus avós já haviam falecido, mas ainda não falei com a
tia que me rejeitou quando criança. Portanto, havia alguma
verdade em sua declaração.
Sim, havia todo um outro lado meu que Lauren não
conhecia, mas ela me conhecia mais do que as pessoas jamais
conheceriam. Não poderia simplesmente jogar fora esse tipo de
relacionamento.
—Não vai acontecer. Preciso que você venha aos meus
jogos e torça pelos Cats, — provoquei.
—Estarei lá se você me quiser.
Meu peito doeu enquanto observava sua expressão
mudar de tristeza para esperança.
—Sempre vou querer você, — disse a ela honestamente.
O problema era que precisava dela de forma totalmente
nova, estava com tesão agora, e meu pau não me deixaria
esquecer o quão bom ela parecia enrolada no meu pau.
Ela suspirou. —Meu cérebro é uma merda às
vezes. Agora gostaria que pudéssemos ter terminado. Não
queria que acabasse.
—Melhor do que Timmy? — Inferno, estava realmente
com ciúme de seu único amante? Ela me lançou um sorriso
que fez meu pau ganhar vida novamente.
Nunca entenderia por que Lauren não se via como uma
mulher sexy, inteligente e carinhosa. Ela era especial, e me
deixava louco que ela nunca tivesse encontrado essas
características em si mesma.
—Foi quase orgástico —, ela brincou.
—Quase? Você sabe que queria gozar, — resmunguei.
—Quero muitas coisas que nunca aconteceram. —Ela
parecia desamparada e não pude resistir a perguntar:
—Que coisas?
—Eu queria gozar. Foi muito diferente dos orgasmos que
tive quando me toco.
—Não faça isso, — avisei. A última coisa que precisava
visualizar era Lauren gozando novamente.
—Sei muitas teorias, — ela continuou. —Mas realmente
não fiz muito. Nunca realmente tive... uma aventura de
qualquer tipo.
—Então faça o que quiser—, sugeri.
Lauren nunca foi capaz de ser apenas uma criança. Ela
frequentava escolas especiais e faculdades quando deveria
brincar com bonecas Barbie.
Ela balançou a cabeça. —Essas coisas bobas seriam uma
perda de tempo, e meu cérebro lógico não consegue
compreender fazer algo inútil apenas para ter a experiência.
Sorrio para ela. —Então, estou praticamente
desperdiçando meu tempo valioso. Você não pode trabalhar ou
estudar o tempo todo.
Lauren era tão esperta que se sabotou. Ela precisava
aprender a parar de pensar às vezes.
—Talvez eu tente—, disse ela com indiferença.
—Você não vai, — disse a ela.
Ela me lançou um olhar teimoso.
—Eu vou.
—Vou te ajudar, — disse, sem pensar em minhas
palavras antes que elas saíssem da minha boca. —Eu sei como
me divertir e fazer as coisas só por diversão. Mas preciso de
uma lista.
—Você estará ocupado com seu novo contrato.
—Não agora. Terei tempo antes de começarmos
as coisas da pré-temporada. A temporada acabou e prometi a
mim mesmo uma pausa. A única coisa que realmente preciso
fazer é trabalhar meus arremessos. Desde que machuquei meu
ombro, meu braço está um pouco fora. Tenho que aprender a
compensar.
—Isso faz sentido, — ela meditou. —Se você não tiver o
uso completo, ou se alguma anatomia mudou desde a sua
lesão, você tem que calcular o que precisa ser ajustado para
que esteja completamente preciso novamente. Mas você teve
uma temporada incrível.
—Tive e me saí bem, mas poderia ser melhor. — Estava
determinado a ser o melhor quarterback que os Cats já
tiveram. Não era nem um pouco tímido em aceitar as
recompensas que ganhava com meu trabalho, mas estava
sempre buscando o melhor.
—Provavelmente poderia ajudar, — ela sugeriu.
—Como?
—Eu tenho doutorado em física da matéria condensada—
, ela me lembrou. —Realmente, jogar com precisão tem a ver
com as leis da física.
—Às vezes me esqueço de como você é inteligente—,
admiti. —Aceitarei qualquer ajuda que puder conseguir.
Ela bocejou antes de responder: —Isso sempre foi algo
que gostei em você. Você não me vê como uma aberração.
Cerro meus dentes. —Você não é uma aberração. Não há
nada de errado em ser talentosa e focada. Isso te torna
especial. Mas você também é humana. Todo mundo precisa de
algum tempo de inatividade para sua sanidade. Mesmo que
você não veja sentido em fazer coisas inúteis. Considere isso
uma terapia.
Fiquei com Lauren ainda em meus braços. Ela estava
exausta e precisava dormir um pouco.
Seus braços dispararam em volta do meu pescoço e ela
soltou um grito de surpresa enquanto se acomodava mais
confortavelmente em meus braços.
—Então, nós nos ajudamos?
Abracei sua forma nua contra o meu corpo mais duro. Se
divertir não era a única coisa que queria ensinar a ela, mas
não podia me deixar ir por aí.
—Nós ajudamos uns aos outros, —confirmei em uma voz
cheia de tensão.
Não havia como fingir que tê-la nua em meus braços não
me afetava. Meu pau estava duro como uma rocha.
O desejo vibrou pelo meu corpo enquanto a carregava
para o quarto que ela escolheu quando ela chegou. Puxei as
cobertas e a sentei no lençol branco imaculado.
Tentei me endireitar, mas Lauren ainda estava com os
braços em volta do meu pescoço.
—Realmente sinto muito, Graham. Não vou me desculpar
por querer fazer sexo com você, mas odeio o que aconteceu com
Jack e Hope.
Seria um imbecil se fosse me desculpar por aqueles
breves momentos de êxtase também. Não podia. Tinha me
sentido muito bem, mas sabia que não poderia acontecer
novamente.
Lauren era o tipo de mulher que merecia um
compromisso sólido de um cara com quem ela fodeu.
E eu era um homem que não conseguia se
comprometer. Não por Lauren.
Me importava muito com ela.
Casar com Hope fazia parte do meu plano de vida, e
estava bem com isso.
Lauren era uma situação completamente diferente.
Não poderia perder sua amizade. Ela foi uma das únicas
pessoas estáveis em minha vida e sempre esteve lá para mim,
não importa o quão pobre e patético tenha sido quando era
mais jovem. Ultimamente, desde que tive uma temporada
fenomenal e fui oferecido ao mundo, não tinha ideia de quem
era amigo ou inimigo. Tinha recebido muita atenção, mas
apenas porque de repente estava no centro das atenções.
Inclinando-me, beijei-a suavemente na testa.
—Esqueça isso—, sugeri com voz rouca. —Me esquivei de
uma bala com Hope. Não foi tão ruim.
Estranhamente, minha ex-noiva era a última coisa em
minha mente nas últimas horas.
—Você merece muito mais, — Lauren murmurou.
Queria dizer a ela que não merecia nada. Não é como se
tivesse feito muitas coisas admiráveis na minha vida. Mas esse
era um lado da minha vida que não discutia com ninguém.
—Não vou procurar por um tempo.
Não estava pronto para sair em busca de outra mulher
perfeita que me aproximasse dos meus objetivos. Focar na
minha carreira parecia uma ideia muito melhor.
—Nós poderíamos ser amigos com benefícios, — Lauren
disse sem fôlego. —Pode funcionar. Nenhum de nós realmente
quer um relacionamento agora.
Estávamos tão perto que podia sentir o calor de sua
respiração em meu rosto. Hesitei por um momento, meus
olhos grudados em sua expressão esperançosa. Seria tão fácil
cair em seus lindos olhos azuis e me enterrar dentro de seu
corpo perfeito. Inferno, sabia que esqueceria que Hope sequer
existia se estivesse transando com Lauren.
Não vou tirar proveito do fato de estarmos os dois
bêbados.
Ela se sentiria diferente depois que passasse o efeito do
álcool. Esperava que quando estivesse sóbria essa obsessão
repentina de transar com ela acabasse também. Minha atração
sexual por Lauren não era confortável para mim. Sempre fui
seu herói, e ela sempre foi minha pequena Amendoim. Olhar
para ela de forma diferente agora que ela estava crescida era
estranho.
Ela era tão familiar, mas de repente tão desconhecida.
Nossos olhos se encontraram, e precisei me esforçar para
puxar seus braços ao redor do meu pescoço e me afastar
dela. —Não posso—, respondi com pesar. —Não vai funcionar
para mim.
Depois de ter Lauren, ia querer mais. Sentia isso. Não
havia nenhuma maneira de sermos amigos de foda e
continuarmos amigos quando tudo acabasse.
Além disso, tinha alguns instintos de proteção fortes
quando se tratava de Lauren, e estava longe de ser seguro para
ela. Nunca soube que acabaria lutando contra mim mesmo
para mantê-la segura, mas era exatamente o que estava
fazendo.
—Ok, — ela concordou em uma voz suave. —Nem deveria
ter sugerido, mas o que aconteceu antes me fez querer
completar a experiência.
Sabia exatamente como ela se sentia. Meu corpo inteiro
estava tenso e meu pau me odiava no momento por privá-lo de
algo que queria desesperadamente.
—Nem sempre podemos conseguir o que queremos,
Amendoim, — disse em um tom rouco enquanto caminhava
até a porta, saí e fechei-a firmemente atrás de mim.
Entendi o querer.
Ninguém sabia melhor do que eu como era difícil parar de
desejar coisas que nunca poderia ter.
CAPÍTULO 8
GRAHAM

Quatorze anos atrás ...

—Odeio minha vida—, disse Lauren, de oito anos,


com raiva, ao passar pela porta de sua casa.
Olhei para a garotinha de cabelo curto e queria sorrir
com sua declaração, algo que provavelmente não deveria ser
dito por uma criança do ensino fundamental, mas Lauren
estava em uma escola para superdotados, e a maioria de seus
colegas era muitos anos mais velhos que ela.
Lauren era a mais brilhante dos excepcionais e estava
estabelecendo todos os tipos de recordes para
seu progresso rápido na escola.
Jack precisou ir correndo até a loja com seu pai, e eu
estava estudando na mesa da cozinha dos Swift, esperando
que eles voltassem com todas as coisas de que precisavam para
o jantar.
Eu tinha dever de casa para fazer, e se quisesse entrar no
time de futebol do colégio algum dia, minhas notas teriam que
ser decentes para chegar à isso.
Largando meu lápis e fechando meu livro, perguntei: —O
que aconteceu?
Ela colocou a mochila na mesa e me perguntei, não pela
primeira vez, como ela conseguia carregar todos aqueles livros
pesados. —A mãe de Dennis disse que eu era uma aberração
da natureza—, disse ela com tristeza. —Ela provavelmente
pensou que não a ouvi, mas ouvi.
—Quem é Dennis? — Perguntei, confuso.
—Ele estuda na minha escola. Ele é
apenas ligeiramente talentoso, então ele é velho, —ela bufou,
erguendo o queixo minúsculo em um esforço para agir como
se ela não estivesse chateada.
—A mãe dele trouxe você para casa? — Imaginei. Todos
os alunos da escola de Lauren que moravam na mesma área
faziam uma programação de carona.
Ela assentiu enquanto abria a geladeira, obviamente
procurando por um lanche. —Estava sentada no banco de
trás. Mas a ouvi dizer a Dennis que eu era uma aberração da
natureza em voz baixa.
Por velho, Lauren provavelmente queria dizer que Dennis
era vários anos mais velho que ela.
Estava tão orgulhoso da minha Amendoim, mas sabia
que ela não estava tendo uma vida fácil na escola, e não ia ficar
nada melhor. Em sua velocidade atual, ela terminaria o ensino
médio pelo menos um ano antes de Jack e eu
terminarmos. Talvez mais cedo.
Muitas pessoas especularam sobre Lauren por causa de
seu poder cerebral, mas me deixava furioso quando alguém a
insultava. Não havia nada de errado com ela. —Eles estão com
ciúmes, — eu disse a ela.
Ela se sentou à mesa com uma maçã na mão. —Eu sou
diferente, — ela disse em um tom mal-humorado que conhecia
bem.
—Não há nada de errado em ser diferente—, disse em sua
defesa. Eu sabia como ela se sentia. —Quem quer ser como
todo mundo?
Sinceramente, eu sabia o que era querer apenas me
misturar e não chamar a atenção de ninguém. Mas Lauren não
tinha motivos para se envergonhar. Ela deveria estar
orgulhosa de si mesma.
—Não preste atenção neles, Lauren. Acho que eles só
querem ser como você.
Ela ergueu uma sobrancelha para mim e realmente
queria rir. Às vezes, ela agia como uma adulta no corpo de uma
criança. —Você acha? — ela perguntou timidamente.
Balancei a cabeça fortemente. —Acho. Você é brilhante, e
todos estão tristes por não serem tão inteligentes quanto você.
— Peguei meu lápis novamente e comecei a girá-lo. —Gostaria
de ser tão inteligente quanto você, mas não estou com
ciúmes. Só queria ir melhor na escola. Não sou nem um pouco
inteligente.
Ela terminou de mastigar um pouco de sua maçã antes
de responder: —Você não é burro, Graham—, disse ela com
empatia. —Posso te ajudar com o seu dever de casa. Você tem
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, mas isso não
significa que você é ignorante ou burro.
—Não posso nem dizer a coisa toda, — disse a ela. — Só
chamo isso de TDAH.
Teria preferido que Jack e Lauren não soubessem dos
meus problemas, mas eles descobriram meu TDAH porque o
pai de Jack tem que me dar remédios quando estou por aqui.
—Você quer falar sobre isso? — Lauren perguntou, me
fazendo pensar nela como uma psicóloga adulta.
Amendoim nunca tinha estado realmente com crianças
de sua idade. Seu pai descobriu que ela era talentosa desde
cedo, e ela nunca teve a chance de ir para uma escola
regular. Mas, realmente, não acho que ela teria ficado feliz com
crianças de sua idade também.
Balanço minha cabeça com força. —Não quero falar sobre
isso.
Embora Lauren e Jack soubessem que eu tinha TDAH,
não falava sobre meus problemas com ninguém.
Ela acenou com a cabeça. —Então vou te ajudar com seu
dever de casa se você me deixar. — Meu peito doeu quando vi
seu sorriso gentil. Não era sempre que alguém se oferecia para
me ajudar. Mas estava lutando com a aula de matemática, e
Lauren, uma vez que fazia ela desacelerar, era boa em me
ajudar a entender.
Ela era talentosa em mais de uma área, mas matemática
era um de seus talentos. —Ok, — concordei. Não iria recusar
a oportunidade de melhorar na escola. —Obrigado.
Ela se levantou e jogou fora o miolo da maçã, depois lavou
as mãos. Depois de puxar uma cadeira da cozinha para mais
perto da minha, ela sentou nela. —Mostre agora o que está lhe
causando dificuldades?
Sorri para ela enquanto colocava meu lápis para baixo
para abrir meu livro. Sempre era engraçado ver uma garotinha
ajudando pessoas muito mais velhas do que ela. —Você é mais
inteligente do que seu professor? — Perguntei enquanto
pegava seus óculos para limpá-los.
Lauren pode ser um gênio, mas ela nunca limpava os
óculos.
Ela ficou pensativa por um momento antes de responder:
—Ainda não.
Ri antes de mostrar a Lauren os problemas que tive
dificuldade em resolver.
Era uma pena quando você sabia que era quase tão
inteligente quanto seu professor aos oito anos de idade. Mas
não via Lauren como diferente. Apenas a via como minha
amiga.
Quando voltei para casa naquela noite, meu dever de casa
estava feito.
Devia a Lauren pela grande ajuda, e iria retribuir
comprando para ela um ursinho de pelúcia que tinha visto na
loja quando fui com meus pais adotivos. Estava economizando
o dinheiro do meu lanche para conseguir isso. Não importava
se estivesse com um pouco de fome quando voltasse da
escola. Lauren tinha me ajudado muito no último ano, e queria
que ela tivesse um amigo por perto, mesmo quando eu não
estava com ela.
Poderia levar mais algumas semanas para economizando,
mas acabaria conseguindo.
Achei que ela adoraria porque o ursinho de pelúcia tinha
óculos iguais aos dela. Talvez ela se sentisse menos sozinha se
tivesse um bicho de pelúcia que fosse inteligente igual a ela.
CAPÍTULO 9
LAUREN

O presente...

O sono veio rapidamente para mim, um presente de


misericórdia. A manhã seguinte, no entanto, não foi tão
gentil. Acordei com uma dor de cabeça que disse a mim mesma
que mereci, e mais de um arrependimento sobre a noite
anterior.
Felizmente, me sentir estranha era uma sensação que
sabia como lidar bem. Senti alguma variação disso durante a
maior parte da minha vida. Só nunca com Graham.
Tropecei para o banheiro para me aliviar e depois tomar
um banho. Enquanto estava sob o jato de água quente, não
queria lavar a memória de seu toque. Queria engarrafar a
sensação de ser dele, mesmo que fosse apenas por alguns
momentos, e mantê-la comigo. As sinapses do cérebro não
funcionam assim. Os detalhes desapareceriam naturalmente
com o tempo, a menos que fossem repetidos.
Me ensaboei, fechando meus olhos enquanto deixava
todas as sensações que poderia lembrar voltassem para
mim. E assim como eles me negaram o prazer final na noite
anterior, meus pensamentos também sabotaram esse
devaneio. Ele disse que não deveria haver nenhuma culpa,
mas me senti culpada. Graham provavelmente estava
pensando que tinha se aproveitado de mim, mas o inverso
estava mais perto da verdade.
Jack estava lá fora em algum lugar e estava com tanta
raiva dele que, se não o visse tão cedo, seria melhor. Pelo
menos, é assim que me sinto. O tempo também mudaria isso?
Imaginar não saber onde Graham estava ou como ele
estava emaranhou minhas entranhas dolorosamente.
Desliguei o chuveiro e vesti jeans e camiseta enquanto minha
mente repassava simulações e os resultados prováveis.
Poderia tentar fingir que não me lembrava muito da noite
anterior. Graham ficaria aliviado se o fizesse. A vantagem
dessa opção era que eu não tinha que enfrentar quantas vezes
me ofereci a ele, mesmo quando ele me deitou na cama. Isso
pode salvar um pouco do meu orgulho, mas significaria mentir
para Graham e nunca fiz isso. Além disso, para onde isso nos
levaria? Provavelmente não havia maneira melhor de terminar
minha amizade com ele do que inserir esse tipo de mentira
nela.
Poderia me desculpar novamente. Honestamente, já senti
pena o suficiente pelo que Jack tinha feito, bem como por como
usei a situação para conseguir o que sempre quis que as
desculpas viriam facilmente, e com grande frequência. Não
queria que ele sentisse pena de mim, no entanto. Se me
machuquei ontem à noite, Graham também tinha sido
machucado. Não suportava a ideia de machucá-lo mais.
Poderia agir como se estar com ele não tivesse me
afetado. As pessoas transavam o tempo todo e, por sua
definição, nem chegamos ao ponto em que precisávamos
contar. Poderia tentar ser indiferente, sofisticada como
algumas das mulheres que o vi namorar. O problema? Graham
me conhece muito bem. Ele saberia que estava tentando ser
corajosa por ele. Pode nem ser uma mentira que posso
sustentar. E para onde isso levaria? Qual é o próximo
passo? Transar com outra pessoa para provar minha
indiferença? Não queria isso. Não para mim. Não para
Graham.
Enquanto secava meu cabelo, me dei uma olhada severa
no espelho. Graham disse que não queria me perder. Ele
estava disposto a separar o que Jack havia feito de nossa
amizade. Ele pode não me amar do jeito que meu coração
queria, mas ele me amava. Eu precisava honrar isso. A vida de
Graham estava cheia o suficiente com pessoas que queriam
tirar dele. Havia muitas coisas que eu não sabia, mas tinha
certeza de que não queria ser uma dessas pessoas.
Como seria ser um amiga amorosa para ele depois de
ontem à noite? Exigiria alguma honestidade dolorosa e então
mais amor do que luxúria. Já que esta foi a primeira vez que
cedi ao meu desejo por ele, suponho que tive anos de
treinamento praticando a restrição necessária para
continuar assim, contanto que não bebêssemos juntos
novamente.
Honestidade e moderação. Encontrei um caderno e uma
caneta ao lado da cama. Ele disse que se escrevesse uma lista,
ele me ajudaria a cumpri-la. Isso parecia
saudável. Amoroso. E prometi ajudá-lo a compensar seu
ferimento. Já tinha ideias de como e ter um novo problema
para resolver era emocionante.
Não tão excitante quanto a ideia de Graham aparecer na
porta do meu quarto porque decidiu terminar o que
começamos era o que ele queria, mas teria que bastar.
Assim que abri a porta da cozinha, fui atacada pelo cheiro
celestial do meu café da manhã favorito: muffins de mirtilo. Eu
mesma trouxe um pouco de mistura, mas agora estava enfiada
na minha bagagem. A única maneira de Graham ser capaz de
fazer muffins seria se ele também trouxesse uma caixa de
mistura com ele. Mesmo estando noivo, mesmo estando lá
para comemorar seu próprio sucesso, ele não se esqueceu de
mim. Hesitei na porta e pisquei para conter as lágrimas.
Graham não se dava crédito pelo que há de bom
nele. Gostaria que ele pudesse se ver através dos meus olhos.
Projetar a lista certa poderia ajudá-lo a fazer isso? Sim,
acredito que sim. Ajudá-lo a restaurar a estabilidade de nossa
amizade? Apenas pode.
Tudo o que precisava fazer era proceder abertamente,
honestamente e lembrar que o que tínhamos era muito mais
do que o que nossos corpos queriam.
Respirei fundo e entrei na cozinha com o bloco de notas
em branco em uma mão e a caneta na outra. Vestido com
uma camiseta que abraçava seu peito musculoso e jeans que
não faziam nada para esconder o poder de suas coxas, Graham
olhou para cima quando entrei. Ele estava encostado no balcão
da cozinha com o telefone em uma das mãos. Atrás dele estava
uma assadeira de muffins frescos que estavam esfriando no
fogão. Nossos olhos se encontraram e se fixaram. Vi uma
miríade de emoções nele: preocupação, arrependimento e um
lampejo de algo que não esperava: desejo.
Puta merda. Aquilo me atingiu e substituiu a calma
saudação matinal por um mais gutural: —Entendo por que é
melhor se não transarmos.
Ele largou o telefone e praguejou. Quando ele se
endireitou, ele parecia cauteloso e desconfortável. Merda. Não
queria que fosse como ele se sentia perto de mim.
Balancei o caderno no ar. —Sou uma mulher e você um
homem. — Tenho certeza que ele está feliz por ter
esclarecido isso. —É natural para nós pensar um no outro de
uma forma carnal, mas isso não significa que temos que agir
sobre isso ou nos arrepender do que fizemos enquanto
estávamos sob a influência de um desinibidor. Então, vamos
comer um muffin e você pode me ajudar a fazer minha lista.
Ele olhou para mim sem dizer uma palavra.
Me senti compelida a continuar a tranquilizá-lo, mesmo
que o que quisesse fazer fosse diminuir a distância entre nós,
envolver meus braços em volta do pescoço dele e derreter
nele. Sentei-me à mesa e posicionei minha caneta sobre o
bloco de notas. —Andar de bicicleta dupla—, disse enquanto
escrevia, então mostrei a lista para ele novamente. —Veja,
nenhum sexo nesta lista.
Ele esfregou a mão na nuca e riu. —Quem diabos coloca
andar de bicicleta dupla em sua lista de desejos?
Levantei minhas sobrancelhas. Se isso fosse funcionar,
teríamos que encontrar o nosso equilíbrio novamente. —Bem,
Sr. Julgador, o que você adicionaria à minha lista?
Ele levou um momento para responder e me permiti
imaginar que ele estava lutando contra fantasias ilícitas sobre
mim. Ei, sou apenas humana. Poderia colocar meus desejos
em segundo lugar em relação ao que sabia que deveríamos
fazer, mas isso não significava que a fome que sentia ao redor
dele deixasse de existir. Ele se virou, colocou um muffin em
um prato e o colocou na minha frente com um copo d'água.
—Não sei quanto tempo terei para ajudá-la com essa lista
antes de entrar na preparação para a temporada.
Ele também estava expondo suas opções. Respeitava
isso. Podemos evitar um ao outro e esperar que isso vá
embora. Percorri todos os caminhos que poderiam dar errado
e decidi que meu caminho tinha uma probabilidade maior de
terminar conosco ainda amigos.
Contanto que parasse de imaginar como era bom estar
envolvida em torno dele com seu pau empurrando para cima
em mim. Certamente, poderia fazer isso.
Portanto, começamos com uma dolorosa honestidade. —
Graham, sei que tornei as coisas estranhas entre nós, mas
quero você na minha vida. Então, vamos fazer isso. Você me
ajuda. Vou te ajudar. A noite passada não precisa nos
definir. Você não me machucou e não tive a intenção de levá-
lo para onde foi. Sua ideia sobre a lista foi brilhante, e não jogo
essa palavra levianamente. Sim, vai ser estranho hoje, mas
você vale a pena para mim. Espero valer para você.
Ele se serve de um copo d'água e se junta a mim na mesa
da cozinha. Não consigo decifrar sua expressão, mas não
esperava. Graham mantem seus sentimentos para si
mesmo. O que eu tinha era fé nele. Isso ia contra o meu lado
analítico, mas quando se tratava de Graham, simplesmente
estava lá.
Podemos fazer isso, Graham.
Ele colocou o telefone na mesa ao lado dele. —Jack me
deixou uma mensagem. Ele quer me ver hoje. Devemos
esperar pra fazer sua lista de ‘coisas que você pode fazer’
enquanto me visita na prisão.
Meu intestino torce dolorosamente. Lá estava eu
pensando em mim novamente enquanto ele ainda estava
caminhando pelo inferno. —Não o deixe tirar mais nada de
você. Não dê a ele essa satisfação.
—Hope me mandou uma mensagem também.
—O que ela disse?
—Que ela quer conversar. Sério, o que diabos ela acha
que há para dizer?
—Talvez desculpas? —Seus olhos brilharam.
—Você acha que algum homem quer ouvir isso?
—Não. Acho que não.
—O que não entendo é Jack. Que porra ele estava
pensando?
—Ele não estava. Você sabe como Jack é. —Graham virou
o telefone.
—As coisas estavam indo bem para mim. Não preciso
disso, porra.
—Não, você não precisa.
—Se vir Jack, vou bater nele. E se bater nele, não vou
conseguir parar.
Seu tom era assustadoramente frio. Este era um lado de
Graham que não tinha visto antes. Mas foi brutalmente
honesto, e não foi isso que disse que precisaríamos seguir em
frente?
—Então, talvez você não devesse vê-lo, pelo menos não
ainda.
—Não vou me esconder disso, porra.
Rezei para saber o que diabos estava fazendo. —Você não
vai se esconder, apenas deixe-o pensar no que fez enquanto
você trabalha por conta própria. Acho que ele merece um
soco. Inferno, ele merece uma surra completa que você quer
dar nele, mas e daí? Vale a pena perder sua carreira? Você está
disposto a deixá-lo tirar isso de você também?
Suas mãos se fecharam em punhos sobre a mesa.
—Não, não estou.
Esperando não parecer uma adolescente sentimental,
disse: —Então, talvez a melhor vingança seja seguir em
frente. Mostre a eles que você não precisa de nenhum deles
para ser feliz.
Rezei para que ele não falasse que não podia porque
ele precisava da Hope ser feliz. Poderia ser um amiga boa o
suficiente para ajudá-lo a resolver as coisas com ela se era isso
que ele queria? Gostaria de pensar assim, mas não
sabia. Prendi a respiração e esperei por sua resposta.
Ele acenou com a cabeça uma vez.
—Eu não preciso.
A tensão na cozinha era densa. Não sabia se estava
fazendo isso direito. Tudo que sabia era que me preocupava
com Graham e estava tentando ser a amiga que ele merecia.
Ele pegou o bloco de notas e escreveu: Parasailing.
—Ah não. Você sabe que odeio alturas. —Seu rosto
relaxou.
—Não se trata de ultrapassar seus limites?
—Você está fazendo tudo isso comigo? — Perguntei.
Ele pareceu refletir sobre o assunto e disse: —Sim. Ainda
não assinei meu contrato final, então os Cats não podem dizer
que estou quebrando o contrato por participar de algo
perigoso. Sou tecnicamente uma pessoa livre no momento.
Peguei o bloco de volta e escrevi: nadar com peixes-
boi. Ele estremeceu.
—De jeito nenhum. Essas coisas me assustam.
Recostei-me na cadeira e cruzei os braços sobre o peito.
—Homem grande e forte com medo de uma vaca
d'água? Pobre bebê. Permanece na lista.
—Mesmo? —Um sorriso voltou a seus lábios e ele
reivindicou o bloco novamente.
—Então, é assim que vai, não é? Se estiver
escrito, não é negociável?
Lambi meu lábio inferior, dizendo a mim mesma que sua
mente não ia apenas para onde a minha ia.
—Dentro do razoável.
—Isso é ousado da sua parte. Não tem medo do que possa
acrescentar? — Havia aquele brilho em seus olhos novamente,
e eu queria me levantar, tirar minhas roupas e implorar a ele
para adicionar cada coisa decadente que ele pudesse imaginar
à lista.
Em vez disso, inclinei-me para frente e tentei parecer
menos excitada do que estava.
—Manda!
CAPÍTULO 10
GRAHAM

Comi vários muffins e uma xícara de café antes de


terminar minha lista. Mal percebi quando Lauren se levantou
para fazer o café e colocou uma xícara na minha frente.
—Qual é a extensão desta lista? — Lauren perguntou
nervosa.
—Bastante longa—, respondi vagamente.
Nunca seríamos capazes de fazer tudo o que adicionei à
lista durante o inverno. Sabia que tinha pelo menos alguns
meses até que precisasse começar a acertar as coisas com os
Cats e então ir para a temporada de treinamento.
Examinei a lista, me perguntando o que mais precisava
adicionar. Lauren odiaria minhas atividades, mas ela
precisava aprender a se divertir sem pensar em mais nada. Ela
precisava de atividades que desligassem seu cérebro
lógico. Ela temia alturas, mas ela poderia superar isso. Sua
adrenalina estaria bombeando, assumindo todos os
pensamentos, exceto a emoção da atividade.
—Você está me assustando—, disse ela enquanto tirava o
bloco da minha mão. —Você está nisso há muito tempo.
—Você pode riscar os que você já fez, — disse a ela,
sabendo que ela nunca tinha feito uma única daquelas coisas.
—Você está louco? — ela disse, seus olhos examinando
minha lista.
—Acho que estou porque fiz cada um deles. Mais de uma
vez.
—Escorregar na neve? Nunca fiz isso num pneu. — Sorri.
—Não é esse o ponto? Fazer coisas que você nunca
fez. Temos vários dias aqui em Aspen. O chalé já está
pago. Podemos começar com isso e passar para a moto de
neve.
Ela franziu o cenho. — Não posso dirigir uma moto de
neve. Nunca tentei. Tenho um automóvel em perfeito estado.
Dirigir uma moto de neve era algo que as pessoas faziam
estritamente por diversão. E gostavam de velocidade. Era
emocionante voar pela neve.
—Você pode ir comigo. Vou me certificar de que você
esteja segura.
Ela estaria comigo durante cada atividade para que
pudesse ter certeza de que ela estava bem.
Ela mordeu o lábio inferior por um momento antes de
dizer: —Tudo bem. Sem problemas.
Não importa o quão corajosa Lauren alegasse ser em
trazer alguns desafios, nenhum deles seria fácil para ela. Ela
não estava acostumada a fazer as coisas apenas por diversão
ou ultrapassar seus limites. Sua mente estava sempre
trabalhando na resolução de problemas, sua capacidade de
raciocínio tão boa que não percebeu que ela precisava apenas
se soltar.
—Não vou saltar de paraquedas, — ela disse em um tom
horrorizado.
—Nós podemos ir juntos. Sou um instrutor. Posso te
levar comigo.
—Não!
Dei de ombros. Nós poderíamos trabalhar nosso caminho
para isso.
—Você adoraria se apenas tentar. Talvez pudéssemos
apenas fazer uma câmara de voo de gravidade zero?
Ela ficou em silêncio antes de finalmente dizer: —Não vejo
o ponto, mas provavelmente poderia fazer isso.
Claro que ela não via o ponto. Diversão nunca fez sentido
para ela, mas ela precisava fazer isso.
Fiz um gesto em direção ao bloco na frente dela e dei a
ela a caneta.
—Anota aí.
Ela o adicionou à lista e disse: —Por que esquiar está na
lista? Já esquiamos.
—Porque estamos aqui em Aspen. Isso é algo que
poderíamos fazer mais tarde hoje. Talvez você pudesse tentar
uma inclinação mais desafiadora.
Lauren esquiava há anos, mas nunca se juntou a mim e
Jack nas corridas mais desafiadoras. Seu tempo era gasto nas
colinas infantis. Ela tem a habilidade de pelo menos subir de
nível. Não que quisesse vê-la em algo perigoso, mas havia
corridas que seriam mais adequadas às habilidades dela.
—Me saio bem nas minhas corridas—, disse ela com
veemência.
—Com todas as crianças de cinco anos —, acrescentei. —
Você é melhor do que isso, Lauren. Desafie-se um pouco. Você
poderia lidar com qualquer corrida na montanha, mas não
estou pedindo que faça as mais experientes. Apenas
intensifique.
Ela era a mulher mais inteligente que já conheci, ela era
brilhante. Academicamente, ela era uma realizadora. Mas
correr o risco de algo que ela não estava familiarizada ou
confiante parecia assustá-la como o inferno.
Ser inteligente deu a ela uma perspectiva única do
mundo, mas isso não significava que ela não tivesse
emoções. Sabia com certeza que ela sempre se sentiu como se
estivesse vivendo fora do mundo e o analisando, em vez de
viver no meio do caos. Provavelmente era mais seguro para ela
assim.
Ela olhou para mim com apreensão, e queria pegar a lista
de volta. Meu peito doeu ao ver sua expressão preocupada.
Que diabos importava se ela não era exatamente uma
audaciosa? Ela não precisava ser. Mas não conseguia afastar
a sensação mesquinha de que ela precisava superar seus
medos e sair de sua zona de conforto para realmente ser feliz.
—Tudo bem—, ela concordou, tentando esconder sua
preocupação. —Mas não estou fazendo o número cinco.
Eu levantei uma sobrancelha.
—Qual é o número cinco?
—Você escreveu a lista.
—Não tenho seu intelecto e habilidades. Esqueci os
números. Minha recordação não é tão avançada quanto a sua.
— Disney.
—O que há de errado com a Disney? Os passeios são
bastante inofensivos.
—Não sou uma criança. — Rio.
—Mas você pode agir como uma num dia. —Ela olhou
para a lista novamente.
—E definitivamente não estou mergulhando. — Sim,
imaginei que ela se oporia a isso. Mas lidaria com isso mais
tarde.
—Que tal um acordo?
Ela me lança um olhar cético ao perguntar: —Que tipo de
acordo?
—Você vai nos parques da Disney comigo em vez de
irmos a Disney de contos de fadas, e vou nadar com as grandes
vacas de água, já que elas estão bem ali na Flórida.
Seu rosto se iluminou, e de repente me arrependi de ter
tirado isso de sua lista porque não era tão emocionante para
mim. Era obviamente algo que ela queria fazer.
—Combinado, — ela disse sem fôlego. —Mas preciso
economizar para a viagem.
—Estou cuidando de todas as despesas.
—Graham, não posso deixar você fazer isso...
—Sim você pode. Isso não é negociável. É pouco dinheiro
para mim agora. Deixe-me fazer isso, Lauren.
—Veremos.
Estava cobrindo a conta de tudo. Não havia discussão,
mas como sabia que ela seria teimosa, apenas a deixei pensar
que poderia considerar sua objeção. Mas não faria. Depois de
assinar um acordo lucrativo com os Wildcats, nunca mais seria
pobre. Me formei em administração na faculdade e, embora
não tivesse nada perto da inteligência de Lauren, era
inteligente o suficiente para investir bem.
—Aceita o acordo?
—Sim—, ela respondeu rapidamente enquanto mudava a
lista para incluir nosso negócio. —Por que você quer que eu
coma no melhor restaurante de Denver? — Hesitei antes de
admitir:
—Esse é meio para mim também. É a única coisa da
lista que nunca fiz. Você sabe que adoro comida, mas sempre
fui muito pobre para experimentar qualquer um dos bons
lugares. E não quero fazer isso sozinho. Você estaria me
fazendo um favor se concordasse com isso. —Ela assentiu
imediatamente.
—Adoraria ir.
—Bom. Mais alguma coisa que você não gosta na lista?
—Andar na Sky Coaster sobre Royal Gorge não vai
acontecer. E não estou animada com a ideia de rafting.
—Você ficará, — assegurei a ela. —E essas são coisas que
provavelmente não podemos fazer durante o inverno, de
qualquer maneira. Vamos guardá-los para a primavera.
Adicionaria mais coisas à medida que avançava. Uma
coisa que queria mais do que tudo era ver Lauren rindo e
feliz. Ela estava muito séria e focada, e iria ensiná-la a apenas
aproveitar o momento. Duvidava que ela fizesse algo que não
planejasse com um ano de antecedência, e
nenhuma dessas atividades era exatamente estúpida e
divertida. Sua ideia de uma viagem por diversão geralmente
incluía uma conferência ou algum tipo de retiro de
aprendizagem.
—Ainda seremos amigos na primavera? — ela perguntou
hesitante.
Meu coração estava disparado quando perguntei: —Você
está planejando me chutar para escanteio? Porque essa é a
única maneira de não estarmos ainda na vida um do outro.
—Claro que não.
—Fiquei aliviado.
—Então, considere-nos amigos para o resto da vida.
Inferno, amizade não era tudo que queria. Estava
chegando ao ponto em que não conseguia olhar para ela sem
que meu pau ficasse duro. Tenho que ignorar a noite passada
e deixar para trás.
—E quanto a Jack? —Meu humor de repente ficou
sombrio.
—Sei que não posso matá-lo. Mas também não estou
planejando me encontrar com ele agora. Um deslize com a lei
e posso perder minha carreira. E não posso. Hope e Jack não
valem isso para mim. Ambos me traíram.
Realmente, perder Hope foi como se esquivar de uma
bala. Não poderia ser casado com uma mulher em quem não
confiasse. Tive a sorte de descobrir sobre ela antes de
trocarmos as alianças. Jack era outra história. Éramos amigos
desde a infância, e sua traição doeu pra caramba. E essa dor
estava se manifestando em forma de raiva. Essa foi sempre a
maneira como lidei com a minha decepção. Fiquei muito
chateado e cortei essa pessoa da minha vida. Não ia ser
diferente desta vez.
—Vou ligar para os dois e dizer para darem a você algum
tempo—, disse Lauren.
—Não vai ajudar, — disse com voz rouca. —Nunca vou
confiar em nenhum deles novamente.
—Eu sei. Mas é muito cedo para ter uma discussão sobre
o que eles fizeram.
Sabia que Lauren estava certa, então assenti. —Não
quero ouvir nenhum deles agora.
—Vou cuidar disso, — ela disse em um tom resignado.
—Precisamos nos vestir para as pistas—, a
lembrei. Precisava ser ativo. Se ficasse pensando sobre o
quanto queria prender Lauren no balcão da cozinha e transar
com ela até que ela gritasse meu nome, perderia totalmente a
cabeça.
Como nunca percebi o quanto a queria antes desta
viagem? Ok, estava noivo, mas nunca tinha lidado com este
tipo de luxúria antes, nunca!
Certo, não tinha visto Lauren com tanta frequência
pessoalmente nos últimos anos, mas tentei voltar para o
Colorado pelo menos uma vez por ano, geralmente nos
feriados. Tinha visto e saído com ela várias vezes quando
adulta, mas nunca a tinha visto como nada, exceto uma boa
amiga.
Talvez tenha bloqueado porque ela era minha amiga, mas
todas essas emoções se libertaram. Acho que teria sido melhor
se meus pensamentos cheios de luxúria sobre Lauren
tivessem ficado escondidos da minha mente
consciente. Queria passar um tempo com ela, mas sabia que
isso teria um preço. Minhas bolas estariam azuis para sempre,
ou pelo menos estariam até que um de nós decidisse por outro
relacionamento sério.
O pensamento de Lauren me largando porque ela
encontrou outro cara não caiu bem para mim. Nem me
importei com a ideia de me amarrar a outra mulher como
Hope.
—Estarei pronta em breve, — disse Lauren enquanto se
dirigia para seu quarto.
A peguei pelo braço para impedi-la de sair da cozinha por
um momento.
—Realmente sinto muito sobre a noite passada,
Amendoim. Sei que te machuquei, e não estou convencido de
que não foi físico. Me odeio por isso. —Ela recuou para que
pudesse olhar para mim.
—Não foi físico. Juro. Queria o que aconteceu. Só não
queria que você se arrependesse ou se sentisse culpado por
isso.
Não me arrependi e não me senti culpado. Odiei o fato de
que ela chorou.
—Não me sinto culpado por querer você. Inferno, se
pensasse que poderíamos ser apenas amigos com benefícios,
nunca sairíamos desta cabana hoje, mas não posso fazer isso,
Amendoim. Eu não posso.
—Por quê? — ela perguntou sem fôlego.
Foi uma pergunta que ela não fez ontem à noite, e fiquei
grato. Me mexi e agarrei uma de suas mãos. Quando pousou
no meu pau, quase gemi.
—Por causa disso. Não posso te ver sem te querer,
Lauren.
—Mas você não está mais bêbado, — ela disse, parecendo
confusa enquanto sua mão acariciava meu jeans.
—Não, não estou. Parece que o álcool não era responsável
pela maneira como queria você. Acho que menti quando disse
que você poderia ser qualquer mulher ontem à noite. Só queria
você.
Talvez estivesse sendo um pouco honesto demais, mas
queria que Lauren soubesse que não estava rejeitando a oferta
de ser amigo com benefícios porque não a queria. Na verdade,
era exatamente o oposto. A queria demais.
Levantei sua mão da minha virilha e a deixei cair ao seu
lado. —Nós somos amigos. Não podemos complicar isso, —
disse a ela.
Ela acenou com a cabeça. —Eu sei. Você não quer
complicações.
—Não posso complicar. Isso não é uma escolha, — disse
em uma voz rouca.
Fiquei hipnotizado quando olhei em seus lindos olhos
azuis, sua reação tão aberta e crua.
Minha!
Cada célula maldita do meu corpo queria reivindicá-la, e
saber que não poderia era uma maldita agonia.
Para me manter ocupado, tirei seus óculos e os limpei
com minha camiseta antes de colocá-los de volta em seu rosto.
Não conseguia esquecer a forma como seu calor úmido
cercou meu pau, e os pequenos barulhos sensuais que ela fazia
quando estava transando com ela. Me senti tão perdido dentro
dela, e tinha sido um estado incrível pra caralho.
Agora, queria mais.
Não toque nela. Se você fizer isso, você estará ferrado.
— Vá se preparar. Estamos perdendo tempo na
montanha. — Dei um tapa em sua bunda para colocá-la em
marcha. Se ela não fosse, iria prendê-la contra o objeto sólido
mais próximo e mostrar a ela o quão bom o prazer sexual
poderia realmente ser.
A noite passada foi desleixada para mim. Mas sabia como
dar prazer a uma mulher até que ela estivesse completamente
saciada. Eu poderia foder e correr, mas me certifiquei de que
qualquer mulher na minha cama estava satisfeita antes de
sair.
—Só para constar, também não me arrependo. Só me
arrependo de não terminar o que começamos —, confessou ela
com voz melancólica.
Meu corpo levou muito tempo para se acalmar depois que
ela saiu da cozinha. Não a tinha satisfeito, e isso me irritou
muito.
Realmente me importava se não tivesse gozado? Na
verdade, não importava. Me incomodou muito mais que deixei
Lauren querendo e chorando.
Queria uma segunda chance caramba, mas sabia que
não teria essa chance nunca mais.
CAPÍTULO 11
LAUREN

Comecei a hiper ventilar no meio caminho para o meu


quarto. Isso acabou de acontecer? Graham acabou de
confessar que me queria e depois me mostrou uma quantidade
impressionante de provas? Fechei a porta do meu quarto e
inclinei-me para a frente, fechei os olhos e apoiei as mãos nos
joelhos.
Ok, primeiro foi necessário determinar se estava
sonhando. Para fazer isso, usei um método que criei quando
era criança. Imaginei uma porta de escotilha em minha cabeça
e a abri. Meu subconsciente poderia me levar a alguns lugares
assustadores, mas nunca o deixaria me vencer. O método era
eficaz com pesadelos, então era razoável teorizar que seria com
sonhos que realizam fantasias também. Não queria acreditar
na ideia de Graham querer que apenas acordasse e percebesse
que ainda estava no sofá esperando-o chegar depois que Jack
e Hope partiram.
Abri meus olhos. Ainda aqui. Oh meu Deus. Então, isso
era real.
Liguei para Jack, mas ele não atendeu. Ele obviamente
não queria ouvir minha opinião. Contar a ele não era o
propósito da minha ligação, entretanto, então mantive o que
era. Disse a ele que Graham precisava de tempo para resolver
o que tinha acontecido antes de falar com qualquer um
deles. Estava debatendo o que mais adicionar quando o correio
de voz apitou e perguntou se estava satisfeita com minha
mensagem. Disse sim por que, realmente, o que mais havia
para dizer?
Me endireitei, e no piloto automático comecei a procurar
minhas calças de esqui em minha mala. Não conseguia parar
de pensar no que ele disse. A noite passada não era sobre
nenhuma mulher, ele me queria.
Abracei minhas calças contra o peito e sentei na beira da
cama. Poderia ter recebido minha única chance com ele e
estragado tudo. Compliquei as coisas quando poderiam ter
sido gloriosamente simples.
Quão simples seria o dia seguinte, mesmo se tivéssemos
ido até o fim? Respirei várias vezes para me acalmar. Muitas
poucas coisas na vida ou na natureza eram uma coisa única.
Os padrões estavam por toda parte.
Pensar demais em uma situação até que não pudesse
apreciá-la era um excelente exemplo. Repassei mentalmente
as adições de Graham à minha lista. Não havia uma única
coisa lá que eu normalmente teria escolhido fazer. Não era que
estivesse com medo, por si só. Simplesmente me
conhecia. Escorregar de neve parecia divertido em teoria, mas
as vítimas aconteciam a cada ano, algumas fatais. A natureza
circular do tubo fornecia ao piloto apenas uma quantidade
mínima de controle. Gelo. Velocidade. Trajetória. Obstruções
no caminho. Havia muitas variáveis desconhecidas para que
pudesse apreciá-las.
Variáveis desconhecidas assim como o sexo com Graham
se realizando.
Na noite anterior, me segurei e isso me custou a chance
de conhecer um lado íntimo dele. Se dissesse não à lista, me
enganaria para não conhecer outra parte dele.
A redução do risco compensou o custo do que me impediu
de experimentar? O próprio conceito de risco era subjetivo e
dependia de mais do que fatores externos observáveis. As
pessoas viam o mesmo evento de maneira diferente com base
na personalidade, experiência ou normas culturais, e essas
variáveis não eram constantes, tornando o crescimento e a
mudança possíveis. Graham aplicou essa filosofia à sua
carreira no futebol. Ele desenhou um plano para eu crescer.
Escorregar na neve. Saltar de paraquedas. Disney.
Pelo menos, era sobre isso que queria acreditar que a lista
tratava. Ele pode estar tentando recuperar o controle de uma
situação impossível. Ou seu objetivo pode ser provar a si
mesmo que somos muito diferentes um do outro.
Uma memória voltou para mim de anos antes. Estava no
balanço da varanda da casa dos meus pais chorando. Jack
passou, mas Graham parou e perguntou se estava bem. Tentei
dizer que sim, mas acabei falando para ele que ninguém na
faculdade que frequentava falava comigo. Ele se sentou ao meu
lado no balanço e me deu um soco brincalhão no braço. —
Foda-se eles, você tem a mim. — Sorri com a memória.
Não precisei mais perguntar por que ele escreveu a
lista. Em meu coração eu sabia. Ele sabia que precisava disso,
nós precisávamos disso. De repente, estava menos contra a
ideia de esquiar em uma das colinas mais desafiadoras. Os
ossos quebrados curam, que nunca aconteceria se perdesse
Graham.
A vida estava cheia de padrões repetidos, e se fazer tudo
naquela lista me desse outra chance com Graham, estava
dentro. Levantei-me e coloquei minhas calças de esqui. Juntei
o resto do meu equipamento e saí do meu quarto para
encontrar Graham.
Ele estava vestido e esperando por mim perto da
porta. Sua expressão estava sombria até que ele me viu e um
sorriso provocador iluminou seu rosto.
—Pensei que talvez tivesse que ir procurar você.
Quase disse: “Eu teria gostado”. Em vez disso, rolei meus
olhos para o céu. Ele disse que não podia complicar e isso era
compreensível, considerando tudo o que estava acontecendo
com Jack e Hope.
—Você não vai ser insuportavelmente presunçoso
o dia todo, vai?
Ele encolheu os ombros como se fosse uma possibilidade
distinta.
Acrescentei: —Porque então terei que deixar sua bunda
comer poeira.
—Oh sério? — ele riu, enquanto segurava minha jaqueta
para mim.
Me virei, deslizei meus braços e olhei para ele por cima
do ombro.
—Sério, — disse atrevidamente. O desejo brilhou em
seus olhos e fez meu coração bater descontroladamente. Talvez
não pudéssemos voltar a ser exatamente como éramos antes
da noite passada, mas talvez, apenas talvez, se fosse devagar
e não pensasse demais, poderíamos ter algo ainda melhor.
Seu sorriso se tornou terno e ele se virou para abrir a
porta para mim. Quando dei um passo à frente e ao lado dele,
ele disse: —Tudo o que precisamos, Lauren, é acreditar que
você pode e você irá.
Pode ter soado como discurso reciclado de vestiário, mas
sua expressão era terna. Referindo-nos a nós e não aos
desafios, disse: —Não tenho mais medo— Trocamos um longo
olhar. Ele fechou a porta atrás de mim.
—Não me olhe assim, Amendoim. O que Jack e Hope
fizeram foi uma merda, mas posso lidar com isso. Se te
machucar, isso vai me destruir. Nunca mais serei o
mesmo. Olho para você e quero carregá-la direto para a minha
cama e terminar o que começamos. Mas preciso que você seja
a forte. Não me deixe ser alguém que odeio.
Na minha mente, estávamos de volta ao balanço da casa
dos meus pais e desta vez ele precisava de
mim. Poderia pensar demais e fazer tudo sobre mim ou
poderia ser o tipo de amiga que ele sempre foi para mim. Onde
quer que isso fosse, a ideia de machucá-lo me destruiu
também. Então, dei a ele o que ele estava pedindo. Dei um soco
de brincadeira no braço dele e disse: —Não sei quanto a você,
mas vim aqui para esquiar. Podemos esquecer todas as outras
merdas e cair nas encostas? —Seu sorriso voltou.
—Por favor.
Conversamos sobre o clima e as opções de corrida no
caminho para os teleféricos. Ele parecia indeciso sobre qual
escolher. O arrastei em direção ao que tinha um diamante
negro, o curso mais difícil. Disse a mim mesma que não estava
com medo, mas mal conseguia respirar quando me sentei ao
lado dele e nossos pés deixaram o chão.
—Já fiz esta colina antes. Não é tão ruim.
Não houve tempo para confirmar sua impressão das
colinas com estatísticas. Sem tempo para verificar as
condições ou os desafios do curso. Logo estaria correndo para
frente sem nenhuma ideia do que estava por vir. Para
aproveitar isso, seria necessário acreditar em mim e também
em Graham.
Chegamos ao topo da pista e saímos do teleférico. A vista
era de tirar o fôlego, diferente de tudo que tinha visto de
baixo. Ok, vamos fazer isso.
Graham estava ao meu lado. —Vá devagar,
Amendoim. Você não precisa se tornar uma aventureira em
um dia. Na verdade, preferiria que você não fizesse.
Senti a primeira onda de adrenalina, mas desta vez a
abracei. —Estou bem, Graham. Sei que posso fazer isso. Você
sabe por quê?
Ele olhou para mim confuso. —Não.
Me afastei em vez de responder. Contaria a ele um dia,
mas não naquele dia. A inclinação da colina trouxe uma
velocidade que nunca experimentei. Eu cavei, usei o que
aprendi em anos de instrução para ir ainda mais rápido.
Um olhar de soslaio confirmou que ele estava esquiando
comigo, mas à distância, para me pegar se eu caísse,
assim como ele vinha fazendo a maior parte da minha
vida. Como poderia não o amar?
Voltei minha atenção para o curso e me permiti realmente
voar pela primeira vez na minha vida.
CAPÍTULO 12
GRAHAM

Onze anos atrás ...

Me senti eufórico quando cheguei na casa de Jack.


Era apenas um calouro no colégio, mas tinha entrado no
time de futebol. Na verdade, fui escolhido para ser o
quarterback.
Contanto que não tivesse problemas.
Para mim, essa foi uma estipulação muito difícil, mas
estava determinado a manter meu nariz limpo.
Na maioria das vezes, queria ir bem na escola. Tinha um
talento para matemática, uma habilidade pela qual poderia
agradecer a Lauren e a todas as suas aulas particulares ao
longo dos anos, mas, na maioria das vezes, não fazia meu dever
de casa porque estava no campo jogando a bola de futebol.
Jack também tinha entrado para o time, mas não sabia
se ele sabia disso ainda. Ele não esperou para obter a
lista. Lauren estava em casa sozinha, e ele mencionou que
tinha que ir cuidar de algum problema.
—Graham?
Parei quando vi Lauren sentada em seu balanço
enquanto atravessava o quintal.
Como de costume, apenas ver a adoração em seu rostinho
doce me fez sentir com três metros de altura.
Sentei-me no balanço ao lado dela.
—O que você está fazendo, Amendoim?
—Estou triste, — ela disse diretamente, seu olhar
desviado para o chão. Para Lauren, contar suas emoções para
análise era incomum.
—Por quê? — Droga! Odiava ver Lauren
chateada. Poderia dizer que ela estava chorando e seus óculos
estavam manchados. Os arranquei de seu rosto e os limpei
com minha camiseta.
—Milly morreu—, disse ela com um tremor na voz.
Coloquei os óculos de volta em seu rosto, meu coração
doendo quando percebi por que Jack precisava ir para casa.
—O que aconteceu? — Sabia que seu pequeno poodle era
velho. Na verdade, Milly era mais velha do que Lauren, e tinha
certeza que ela provavelmente tinha mais anos do que Jack. A
cadela tinha sido uma cadela resgatada, e acho que ninguém
jamais descobriu sua idade exata.
Mas Lauren adorava Milly e odiava vê-la perder uma
velha amiga. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela apertou
o grande ursinho de pelúcia sobre o colo, um presente que dei
a ela há mais de três anos atrás. Max, o bicho de pelúcia, valeu
a pena o dinheiro que tive que economizar para dar a ela em
seu aniversário. Ele estava um pouco dilapidado, mas, pela
aparência do urso, ela o usava bem e frequentemente quando
estava chateada. Ela olhou para mim, obviamente em
perigo. —Não sei. Voltei para casa e ela estava morta.
Recusei a ideia de Lauren voltar para casa e encontrar o
cachorro que ela adorava morto em casa. Mas queria ser forte
por ela. Isso não era sobre mim.
—Ela era velha, Amendoim. Provavelmente era a hora
dela.
—Mas eu não estava pronta ainda.
Pensei em todas as perdas que sofri na vida. Nunca estive
preparado para nenhuma delas, nem entendi totalmente por
que aconteceram.
—Acho que você nunca estaria pronta —, observei.
Ela inclinou a cabeça como se estivesse considerando
minhas palavras. —Você acha? Vou sentir muito a falta dela.
Quando olhei para Lauren, vi um adulto preso em uma
doce menina. Essa merda não poderia ser fácil. Ela era mais
inteligente do que a grande porcentagem de adultos, mas não
era madura o suficiente para lidar com todo aquele poder
cerebral.
Um minuto ela me lembrou de um professor
universitário, e então, à próxima vista, eu só pude ver uma
garotinha que estava sofrendo.
Me levantei e me ajoelhei ao lado dela, enxugando as
lágrimas em seu rosto com minha camisa.
—Você deu a ela uma boa vida, Amendoim. Ela sabia que
você a amava. E você a resgatou de uma vida ruim em um
abrigo.
Alguns dos meus lares adotivos anteriores tinham
animais, mas nunca cheguei perto deles. Não sabia o que era
amar um animal de estimação. Inferno, não sabia como amar
as pessoas, muito menos um cachorro.
Ela me lançou um olhar preocupado.
—Mas ela morreu sozinha. Isso não deveria ter
acontecido.
Vacilei e tentei esconder o fato de que seu comentário
atingiu um nervo.
—Às vezes não podemos controlar o que acontece.
—Eu sei. Mas não tenho que gostar da morte.
Pelo que eu sabia, ninguém gostava de ninguém ou de
qualquer coisa que eles amavam morrendo por causa deles. Eu
sei que com certeza não gostava.
Balancei minha cabeça. —Não. Você não tem. Não tenha
pressa e sinta falta de Milly, se quiser. Pense em todas as boas
lembranças que você tem dela. Um dia, não vai doer tanto.
—Alguma vez alguém que você gostava morreu? — ela
perguntou curiosamente.
Balancei a cabeça, mas minha garganta fechou por causa
do nó que estava alojado bem no meio das minhas cordas
vocais. Ela continuou:
—Então você está ferido também?
Encontrei minha voz. —Não tanto, — disse a ela. —Mas
quando meus pais morreram, foi muito ruim.
Honestamente, fazia tanto tempo que não conseguia me
lembrar direito de seus rostos, mas sabia que estava magoado
e confuso.
—Lamento que tenham morrido—, disse ela com
seriedade. Abri um pequeno sorriso.
—Obrigado.
Lauren quase me derrubou enquanto jogava seu corpinho
em meus braços.
—Eu te amo, Graham. Por favor, nunca me deixe.
Coloquei meus braços em volta dela e a abracei com força,
esmagando Max entre nós. Ela estava com medo de perder
alguém de quem gostava. Genial ou não, ela ainda era
emocionalmente sensível. Talvez mais do que uma criança
normal, porque ela não conseguia justificar exatamente estar
infeliz em sua cabeça.
A morte é uma merda. Conhecia o medo de experimentá-
la novamente depois que meu pai morreu. E meu pior pesadelo
se tornou realidade. Não queria isso para a garota que
adorava.
—Não vou te deixar. Prometo, — jurei.
Ela enxugou o rosto molhado na minha camiseta, mas
não dei a mínima. Lauren era a única pessoa na Terra que me
disse que me amava, e valorizava cada palavra.
—Juro que vai ficar tudo bem, — disse roucamente.
—Devemos ir buscar alguns muffins de mirtilo? — Eles
eram os favoritos de Lauren, e iria comprar alguns se não
houvesse mistura em casa.
Ela recuou e olhou para mim com uma expressão
duvidosa.
—Você percebe que sou inteligente o suficiente para
saber que doces não resolverão nenhum dos meus problemas?
—Baguncei seu cabelo.
—Mas não vai doer.
Ela parecia estar analisando minhas palavras antes de
responder:
—Suponho que não. — Me levantei e entreguei Max para
ela.
—Vamos lá, espertinha. — Ela sorriu para mim e pegou
minha mão.
—Me sinto um pouco melhor. — Um pouco da pressão
em meu peito diminuiu enquanto a levava para dentro de
casa. Queria protegê-la de qualquer coisa sombria ou feia em
sua vida, e às vezes me sentia tão impotente. O que diabos
um cara de quatorze anos diz a uma garota de onze para
animá-la?
Sabia muito pouco sobre felicidade. Tudo que sabia era a
sobrevivência. Provavelmente foi tudo que já entendi.
Também te amo, Amendoim.
Talvez se pudesse dizer a Lauren apenas uma vez que a
amava como a irmã que nunca tive, isso a faria se sentir
melhor. Ela dizia isso o tempo todo, mas nunca expressei
minhas próprias emoções.
Pensei sobre isso, mas dizer as palavras foi algo que
nunca fiz. Talvez fosse melhor assim.
CAPÍTULO 13
GRAHAM

O Presente…

Nunca me senti tão livre como quando estava nas pistas


de corrida em uma vertiginosa descida em uma desafiadora
montanha. Mas hoje era diferente.
Estava apavorado pra caralho.
Um grande foda-se com Lauren enquanto ela assumia o
controle de sua corrida, manobrando habilmente seu caminho
descendo a encosta do diamante negro.
Ela me chocou profundamente quando escolheu um dos
cursos mais difíceis. Estava orgulhoso dela por apenas
intensificar as corridas mais longas. Não havia nenhuma
maneira no inferno que poderia ter previsto o que tinha
acontecido.
Estava com medo de que ela se machucasse. Sim, ela
tinha habilidade para lidar com essa corrida, mas não tinha
experiência.
Agora, não sabia se estava orgulhoso ou horrorizado. Se
ela se machucasse, nunca me perdoaria por querer que ela
assumisse um desafio maior.
Gostaria de ter mantido minha boca fechada.
E, caramba, ela nunca me disse por que ela estava bem
em descer de uma das encostas mais avançadas que ela
poderia conquistar.
Claro, sabia que ela poderia fazer isso. Não a teria
desafiado com uma corrida mais difícil se não tivesse certeza
de que ela poderia esquiar em um nível de especialista. A
observei ao longo dos anos, me perguntando como ela não
ficava entediada nas encostas infantis. Ela era uma
esquiadora incrível. Com seu tipo de habilidade, ela
provavelmente poderia chutar minha bunda se ela realmente
quisesse competir.
Mas a experiência era tudo, e ir direto para um dos níveis
mais difíceis não era sensato. Queria que ela tivesse subido um
nível e não dez.
Comecei a relaxar enquanto a seguia perto o suficiente
para ficar de olho nela, mas não o suficiente para deixá-la
nervosa ou distraída. Ela era boa. Muito boa. Ela estava
abrindo seu próprio caminho, e tudo que tive que fazer foi ir
um pouco atrás.
Quando estávamos na metade do caminho, fiz força para
relaxar. Lauren estava rasgando pela encosta da montanha e
ela não iria cair. Ela estava parecendo muito relaxada e
confiante enquanto enfrentava todos os novos desafios que o
curso podia lançar sobre ela.
Fiz essa descida centenas de vezes com Jack.
Mas estar com Lauren fazia tudo parecer novo e
diferente. Há uma curva à frente. Cuidado, Amendoim.
Estávamos nos aproximando rapidamente de uma das
seções mais complicadas, e isso envolvia evitar as árvores e
fazer algumas curvas fechadas e rápidas.
Lauren manobrou espetacularmente. Eu... não fiz.
Estava tão preocupado com ela fazendo as curvas que eu
mesmo perdi uma, e isso me fez cair montanha abaixo como
um maldito novato.
—Merda! — Fiquei com o rosto cheio de neve quando
finalmente parei.
—Graham! Oh Deus. Fale comigo. Você está bem?
— Lauren deu a volta, tirou seus esquis e subiu de volta para
me ver.
Ela parecia sem fôlego de preocupação, e engoli isso como
se nunca tivesse alguém que se importasse comigo
antes. Provavelmente porque não tive. Geralmente, se caísse
de cabeça, ninguém ligava. Jack se certificaria de que estava
bem... eventualmente. Mas ele geralmente estava rindo da
minha bunda idiota depois que soubesse que tinha
sobrevivido.
Fiquei tentado a ficar em silêncio quando senti suas mãos
percorrendo meu cabelo e minha testa. Ela tirou as luvas e
seus dedos tocaram cuidadosamente meu rosto, procurando
por ferimentos. Realmente queria aproveitar sua reação ao
pensar que estava ferido porque era uma grande
novidade. Mas não poderia fazer isso com ela.
—Estou bem.
Sentei-me e peguei o gorro que tinha caído da minha
cabeça. —Fui estúpido.
—Você não foi estúpido, — ela disse enfaticamente. —
Basta um pequeno erro de julgamento para acabar no seu
traseiro com este curso.
Coloquei meu gorro e olhei para ela enquanto ela se
agachava ao meu lado. Sua expressão estava preocupada, mas
suas bochechas brilhavam de excitação.
—Sim. Meio que descobri isso, — disse secamente
enquanto me levantava e pegava meus esquis. Tinha perdido
os dois quando sofri minha queda.
A mente de Lauren funciona de maneiras que não poderia
entender. Sem dúvida ela poderia calcular cada curva e fazer
o que precisava para voar através de todos os
obstáculos. Embora ela se chamasse de aberração, sempre
idolatrei suas habilidades. Ter um cérebro como o dela era
especial. Ela era talentosa e não desperdiçava esse talento.
—Tem certeza de que está bem? — ela perguntou.
Sorri para ela quando nós dois voltamos para nossos
esquis.
—Além do fato de que tenho que me curvar às suas
habilidades superiores, estou bem.
—Você caiu. Minhas habilidades não são superiores, —
ela negou.
Deus, amava o fato de que Lauren podia brincar, mas ser
tão sensível. Ela estava defendendo minha estupidez porque
não queria machucar meu ego. Inferno, meu ego não estava
sofrendo. Sabia que tinha boas habilidades. Apenas as perdi
temporariamente enquanto a observava voando
destemidamente à minha frente.
—Você é uma distração, — afirmei brincando. Ela colocou
as mãos nos quadris.
—É mesmo?
—Sim. Nunca teria comido neve se não estivesse
observando sua bela bunda na minha frente. Perdi minha
concentração. É inteiramente sua culpa. — Seu sorriso valeu
a pena cada dor que tive de passar nesse lado da montanha.
—Então vou deixar você liderar desta vez, — ela ofereceu.
Balanço minha cabeça. —Oh inferno não. Parece que
realmente gosto de me torturar.
—Você está realmente bem? — ela perguntou sem fôlego.
—Você caiu muito forte.
—Sempre tive uma cabeça dura. — Jesus! Era bom ter
alguém que se importava se estava bem ou não. Por que nunca
tinha visto o quão sortudo era por ter uma amiga como
Lauren? Honestamente, ela sempre foi minha inspiração para
ter sucesso porque queria deixá-la orgulhosa. O fato de que ela
sempre teve fé em mim foi uma motivação na minha mente,
mesmo quando estava fisicamente do outro lado do país.
—Vou devagar—, ela me disse.
—Posso acompanhar.
Ela franziu a testa, mas se virou e olhou para outros
esquiadores antes de se pôr em movimento novamente.
Lauren foi devagar, mas não dei a mínima. Isso me deu
muito mais tempo para observá-la por trás. E sua bela bunda
definitivamente valia a pena assistir.
Quando terminamos, tirei nós dois dos nossos esquis e
peguei Lauren e girei ao redor.
—Você foi incrível lá em cima, Amendoim.
Ela olhou para mim com um sorriso feliz.
—Coloque-me no chão ou você vai acabar com dor nas
costas.
Bufei enquanto a deixei deslizar pelo meu corpo ficar de
pé novamente.
—Você é um peso leve.
—Você que é forte, — ela argumentou.
—Você é linda pra caralho. — As palavras saíram da
minha boca sem pensar duas vezes.
Os olhos azuis de Lauren eram hipnotizantes e não
conseguia desviar o olhar de sua expressão feliz e
sorridente. Queria vê-la assim todos os dias. Não entendi
minha reação a ela, e não iria analisá-la. A maneira como me
sentia... simplesmente sentia. Sabia que precisava abafar meu
desejo físico por Lauren, mas simplesmente não conseguia.
Não poderia voltar para a amizade que tínhamos antes de
tocá-la.
Não conseguia apagar a sensação do calor incendiário
que senti quando sua boceta estava enrolada em meu pau
como se ela quisesse me manter lá.
No entanto, também não poderia ser o cara certo para ela.
Isso me colocou em uma posição extremamente
desconfortável.
Ela balançou a cabeça lentamente, seus olhos ainda fixos
nos meus.
—Nunca fui bonita, Graham. Sempre fui uma nerd.
Coloquei a mão em sua bochecha.
—Besteira. Você simplesmente nunca se viu como vejo.
Incapaz de me conter, abaixei minha cabeça e a beijei. Ela
respondeu a mim imediatamente, envolvendo os braços em
volta do meu pescoço enquanto nos perdíamos um no
outro. Estávamos totalmente alheios a quaisquer outros
esquiadores ao redor. Enquanto a estivesse tocando, nada
mais importava.
Devorei sua boca como se estivesse com medo de que de
repente ela fosse embora. Era ganancioso e Lauren respondeu
com igual quantidade de fogo.
Meu peito estava ofegante quando finalmente a deixei ir.
—Se não houvesse outras pessoas por perto, estaria te
fodendo contra uma dessas árvores, — disse em uma voz
áspera.
—Eu deixaria, — ela respondeu sem fôlego.
Meu pau já estava duro como um diamante, e sua
afirmação de que ela se sentia da mesma maneira que quase
me matou.
—Não sei como lidar com isso, Lauren. Acho que não
posso querer você mais. Essa necessidade não vai embora, não
importa o quanto tente empurrar para o fundo da minha
mente. Está sempre lá. — E isso estava me comendo vivo.
Senti como se tivéssemos aberto uma porta que nunca
fecharia. Tinha me sentido assim por vários anos, desde
que ela cresceu, e tinha enterrado, ou apenas finalmente olhei
para ela com um novo par de olhos que podiam vê-la?
Ela não era mais apenas minha amiga, mas ela não era
tecnicamente minha amante. Em algum momento,
Lauren havia crescido, e não vi. Ela não era como uma irmã
para mim agora. Na verdade, ela estava rapidamente se
tornando uma obsessão de que não conseguia controlar.
—Também quero você, — ela confessou em uma voz
suave.
—Não diga isso, — rebati.
Ela encolheu os ombros.
—É verdade. E não mentimos um para o outro.
Suas palavras me atingiram como um soco
nojento. Talvez ela sempre tenha sido honesta, mas havia um
lado de mim que ela não conhece, uma parte bagunçada de
mim que nunca quis mostrar a ela.
—Menti para você, — admiti bruscamente. —Não confie
em mim, Lauren. Nunca coloque a sua fé em mim. Você ficará
desapontada se fizer.
—Graham, não entendo...
Balanço minha cabeça em direção ao teleférico.
—Vamos voltar?
—Sim. Suponho. Se você está se sentindo bem. Mas você
pode explicar?
— Não posso. — Desviei o olhar dela e voltei para os meus
esquis.
Nunca quis que Lauren soubesse o quão fodido realmente
era. Isso significava que nunca poderia levar esse
relacionamento adiante, quisesse ou não.
Ela voltou para seus esquis e seguiu atrás de mim
enquanto fazia meu caminho para o elevador.
Pegamos a cadeira que nos levaria de volta montanha
acima antes que dissesse:
—Vamos esquecer todo o resto hoje, ok? Podemos apenas
aproveitar o dia?
Não queria estragar sua realização. Este dia era para
Lauren. E teria muitos outros dias que girariam em torno dela,
dias que esperava que fossem exatamente como hoje.
Foda-se o que queria. Lauren me ajudou a me tornar o
que sou hoje. Se não fosse por sua fé inabalável e ajuda com
meus trabalhos escolares, nunca teria estado na NFL. Era hora
de retribuir tudo o que ela fez para me ajudar a ter minha vida
atual.
Ela ficou em silêncio por um momento antes de
responder: —Sim, podemos. Não vou fazer mais perguntas que
você não queira responder.
—Não é que não queira —, admiti. — Não posso.
Não entendo o que está acontecendo. Estava noivo de
Hope. Nós deveríamos nos casar. E nem mesmo estou com
raiva por ela estar me zoando agora, embora esteja chateado
com Jack. Não sinto falta dela, nem penso nela.
—Talvez você nunca a tenha amado, — Lauren sugeriu.
—Não amo. Nunca amei. Achei que ela era a mulher
perfeita porque era uma supermodelo e tinha boas
relações. Ela fazia parte do meu plano de vida. Não tenho a
porra da ideia de como amar alguém.
Era uma verdade que não queria deixar escapar dessa
forma, mas talvez fosse hora de contar a Lauren alguns dos
meus traços não tão agradáveis. Talvez isso colocasse
alguma distância necessária entre nós.
—Então você sabia que não a amava?
—Jesus, Lauren. Nem sei como parece o amor. Na
verdade. Além de você e Jack, nunca senti como se alguém
desse a mínima para mim.
—Você está certo, — ela disse calmamente. —Vamos
apenas aproveitar o dia.
Não a culpei por estar confusa ou por não saber
exatamente o que dizer. Ela era uma mulher que tinha muito
amor para dar e se entregava a cada dia. Como ela poderia
compreender um cara que não tinha problema em transar com
todo mundo para conseguir exatamente o que queria?
Ignorei seu último comentário enquanto dizia:
—Hope também não me amava. De certa forma, tornou
nosso relacionamento perfeito porque não sei como dar nada a
ninguém. Estava noivo dela porque pensei que ela me
beneficiaria com suas conexões e família. Ela concordou em se
casar comigo porque acho que gostou da ideia de estar com um
jogador profissional de futebol. Inferno, talvez fôssemos bons
um para o outro porque nenhum de nós teve que colocar muito
esforço emocional em nosso relacionamento. Talvez ela
também não soubesse o que era amor.
—Graham, eu...
—Não, Lauren. Não diga nada. Embora sempre tenhamos
sido amigos, há muitas coisas sobre mim que você não sabe.
— Talvez tenha falado muito, mas não voltaria agora.
Queria que ela continuasse a se preocupar comigo,
mesmo quando provavelmente não merecia. Fiquei em
silêncio, nervoso enquanto esperava para ver se ela reagiria à
minha confissão sobre mim e Hope.
—Nunca quis forçar nenhuma informação que você não
quisesse compartilhar — disse ela quando saímos do elevador.
—Obrigado. — De certa forma, queria que Lauren
soubesse de tudo, até meu lado mais sombrio. Mas estava com
medo de assustá-la.
Ela acenou com a cabeça.
—Você escolhe a corrida.
Quando fui para uma rota bem mais tranquila, ela riu.
—Agora, quem está sendo cauteloso? — ela perguntou
com humor em sua voz.
—Meu coração não vai aguentar outra corrida do
diamante negro, embora saiba que você pode lidar com isso, —
disse, tentando sair do meu mau humor para que pudéssemos
aproveitar as encostas.
—Mostre o caminho, — ela desafiou.
Me empurrei, deixando Lauren seguir de perto atrás de
mim.
CAPÍTULO 14
GRAHAM

Tinha sido quase um dia perfeito.


Mas estraguei um pouco abrindo minha boca estúpida
sobre meus defeitos. Houve tensão entre Lauren e eu desde
que deixei escapar o fato de que não amava Hope.
Talvez ela achasse que era frio, e talvez fosse, mas o
relacionamento se encaixava na minha vida.
Estar com Hope parecia uma ideia brilhante na época, e
funcionou para nós dois.
Agora, estava começando a perceber que podia não ter
sido a ideia mais brilhante que já tive.
Lauren e eu tínhamos voltado para a cabana alegres e
rindo como nos velhos tempos, mas sabia que não iria
durar. Lauren não me deixaria escapar sem explicar minhas
palavras anteriores. Ela apenas atrasou por um tempo.
Dei crédito a ela. Tínhamos comido uma pizza para
viagem e estávamos acomodados no sofá antes que ela abrisse
aquela porta novamente.
—Então você não amava Hope, e ela não amava você, —
ela meditou enquanto bebia uma taça de Merlot. —Se vocês
dois estivessem bem com esse tipo de relacionamento, isso
realmente não o torna ruim. Mas você merece muito mais,
Graham.
Tomei um gole da minha cerveja antes de responder. —
Estava completamente fodido. E obviamente não estávamos
felizes. Hope estava com a boca enrolada no pau de outro cara.
—Não é sua culpa que Hope tenha trapaceado. E todo
mundo comete erros, Graham.
—Fiz toneladas de merda, Amendoim.
—Me conte, — ela encorajou.
—Diferente do tempo que passei com você e Jack, sempre
fui um idiota. Você sabe que estava sempre mudando de um
lar adotivo para outro.
—Você nunca disse por quê. Foi por causa do seu
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?
—Eu era uma criança difícil de lidar e não tinha muito
controle de impulsos. Fazia algo e me arrependeria mais
tarde. Brigava constantemente. Sempre estava com
raiva. Havia algumas casas que realmente não eram boas para
mim, mas depois de um tempo, nem tentei fazer meus pais
adotivos gostarem mais de mim. A maioria deles tinha seus
próprios filhos e não podia competir com eles.
—Você não deveria ter que competir. Você só precisava de
alguém que se preocupasse com você. — Dei de ombros.
—Nenhum deles fez. Então, também não dei a mínima
para eles.
—Você poderia, — Lauren argumentou. —Acho que você
precisava de alguém que se preocupasse com você.
—Só queria sobreviver. Não tenho certeza se você
consegue entender isso, mas tudo que queria era me sentir
seguro. Entrei em algumas situações muito ruins no
começo. Na época em que cheguei à adolescência, estava
bravo. O tempo todo. Você, Jack e o futebol eram as únicas
coisas que me mantiveram de pé.
—Você estava com medo, — ela corrigiu. —Sempre pude
ver isso, mas não sabia como ajudá-lo.—Dei de ombros.
—Você não precisava me ajudar. Eu tinha que me ajudar.
Era estranho como Lauren tinha visto meu medo quando
todo mundo me via apenas como uma criança má. —O futebol
era minha única saída. Precisava ser alguém e prometi a mim
mesmo que isso aconteceria de qualquer maneira. Queria
deixar você e Jack orgulhosos.
—Você tem muito do que se orgulhar. Mas sempre
admirei você. Você não precisava ser um milionário para me
importar com você.
Meu estômago doeu com as palavras que queria tanto
ouvir: que alguém se importava, independentemente da minha
profissão ou riqueza. Ela se importava comigo. Mas me
perguntei se ela ainda saberia se soubesse de tudo.
—Também tenho muito do que me arrepender, — disse a
ela. —Era um idiota com qualquer um que pudesse ter me
mostrado alguma gentileza. Então, quando fui jogar na
faculdade, não era exatamente um jogador de equipe. Me
importava comigo. Não me importava com minha equipe ou
meus companheiros de equipe. Não importava se ganhávamos
ou perdíamos. Minhas estatísticas e desempenho eram minha
única preocupação. Tive conclusões e passes de jardas
suficientes para a NFL olhar para mim? Então para o inferno
com a equipe.
—Graham, você estava lutando para sobreviver.
Considerando sua experiência, é compreensível. É admirável
que você possa até fazer uma auto avaliação e reconhecer que
não gosta de algumas coisas que fez. Mas você não pode
continuar se culpando. Você nunca foi um idiota comigo ou
com Jack.
—Vocês dois foram a exceção, — disse asperamente.
Lauren deslizou pelo sofá e colocou a mão no meu rosto.
—Não há nada que você vá me dizer que vai me fazer odiar
você. Quer você perceba ou não... eu te conheço. Sabia que
você tinha medo quando éramos crianças. Sim, você deixou
escapar como raiva, mas quem diabos estava ouvindo
você? Quem realmente se importou? Eu também ficaria com
raiva. E já que você teve que lutar para sair de uma vida
realmente horrível com o futebol, não me importo se você foi
egoísta. Você merecia ser egoísta. Ninguém nunca cuidou de
você. E se você não sabia o que era amor, não foi sua
culpa. Ninguém nunca te ensinou como amar ninguém.
—Talvez não quisesse saber, — argumentei.
—Que besteira.
Olhei em seus olhos e sabia que estava fodido. A
confiança dela em mim era muito mais do que merecia. Mas
estava ficando viciado nisso. Estava ficando viciado nela.
Talvez sempre tenha sido.
—Então, não há nada que possa te dizer que vai fazer você
fugir gritando?
Ela revirou os olhos daquele jeito adorável que me fez
querer deixá-la nua e mostrar quem mandava.
Claro, quase tudo que ela fez agora me fez querer transar
com ela.
—Nada, — ela disse enquanto deixava cair as mãos e se
acomodava ao meu lado. —Honestamente, não é nada que já
não soubesse. Eu era mais jovem, mas sabia toda vez que você
tinha problemas na escola por brigar. E sabia que você teria
que estar completamente focado para se tornar um profissional
iniciante. Você não é um idiota. Você estava apenas se
protegendo emocionalmente. Você foi induzido.
—Não. Sou um idiota. A maioria dos meus companheiros
de equipe me odiava. E não os culpo. Cada jogo era sobre mim,
em vez de ser sobre o nosso time.
—Um novo começo —, disse ela. —Você está começando
com uma equipe totalmente nova.
Ela estava certa. Era um grupo totalmente novo de
caras. Conhecia alguns deles da faculdade ou de reputação,
mas estava começando de novo de certa forma.
—Então, o que você está dizendo é que posso me tornar
um cara legal.
—Você já é. Você sempre foi. O que estou dizendo é que
você pode permitir que mais pessoas saibam quem você
realmente é.
Honestamente, não tinha certeza se conseguiria fazer
isso.
—Não confio facilmente.
—Existem razões válidas para isso. Então não tenha
pressa.
Talvez fosse um pouco clichê, mas por algum motivo,
Lauren me fez querer ser um cara melhor.
—Vou tentar.
—Bom. Porque vou me preocupar se você ganha ou
perde, porque os Wildcats são meu time. Então é melhor você
ganhar.
—Quero vencer a nossa divisão desta vez—, confessei. —
Quero o Super Bowl.
—Então você terá que ser um jogador de equipe—,
observou ela. —Essas equipes são bem-sucedidas porque
todas as áreas da equipe são as melhores.
—Eu sei—, respondi. —Só não tenho certeza de como
confiar nos outros membros da equipe. — Mas estava ciente
de que algo precisava mudar se quisesse ir até o fim.
Olhei para Lauren e fiz uma careta.
— Merda! Não chore. — Odiava ver lágrimas em seus
lindos olhos.
— Não posso evitar. Odeio o que aconteceu com você. Não
foi justo.
—A vida muitas vezes não é justa—, disse a ela. —Mas
agora tenho uma nova chance de algo ótimo.
Ela enxugou uma lágrima de sua bochecha.
—Você merece isso, Graham. E você conseguiu.
Tinha ganho com suor, sangue e abundância de lesões.
—Vou ser o melhor que posso ser na próxima temporada,
Lauren. — De jeito nenhum estou disposto a deixar minha fã
favorita do Cats para baixo.
—E vou ajudar de qualquer maneira que puder, — ela
jurou.
Estava pensando em levar ela comigo quando estivesse
praticando meus arremessos. Ela era um gênio. Seria louco se
não a deixasse me ajudar a descobrir como as coisas poderiam
ser melhores. Amendoim é muito boa em encontrar maneiras
de me ajudar a entender coisas que não conseguia descobrir
sozinho.
Agora que despejei o que sentia por mim mesmo, estava
pronto para deixar tudo para trás. Talvez Lauren estivesse
certa. Talvez parte do meu comportamento tenha sido
justificado. Mas ainda não gostava do meu lado mais
sombrio. Isso me levou a lugares que não queria ir. Mas estava
fazendo tudo o que podia para manter esse meu lado sob
controle.
—Acho que preciso de sorvete—, declarei, tentando aliviar
o clima.
Que diabos. Se fosse explodir minha rotina de
alimentação saudável enquanto estávamos em Aspen, era
melhor ir até o fim. Fazia muito tempo que não tomava sorvete.
—Seu favorito está no freezer.
—Com chantilly?
Droga! Poderia pensar em tantos usos para chantilly, e
todos eles envolviam lambê-lo do corpo lindo de Lauren.
—Esqueci alguma vez?
Não. Ela nunca esquecia. Lauren fazia pequenas coisas
doces que provavelmente nuca esqueceria.
—Não. Você nunca esquece.
Ela começou a se levantar para ir à cozinha, mas a
interrompo. —Obrigado por hoje, — disse com voz rouca.
Lauren sorriu para mim ao dizer: —Provavelmente não foi
tão emocionante para você. Você fez aquelas corridas tantas
vezes.
—Não quis dizer isso. Obrigado por acreditar em mim
mesmo depois que disse a você quão idiota posso ser.
—Você acredita em mim. Por que não me sentiria da
mesma maneira? — Eu me levantei e a coloquei de pé.
—Porque é incomum alguém me apoiar.
—Sempre estive lá para você, Graham, e sempre soube
que você teria sucesso.
Sim, nunca abri meus olhos para realmente vê-la como
uma mulher antes de ontem. Se tivesse, teria desabado e
contado a ela todas as coisas ruins que já fiz. E saberia que ela
ainda me apoiaria mesmo se tivesse cometido alguns erros.
Lauren era compreensiva. Eu não era.
Agora que a vi, estava começando a perceber que
precisava dela. Minha!
Um instinto possessivo me atingiu no estômago com
tanta força que quase estremeci. Não sabia como me impediria
de tocá-la.
Quanto mais estava perto de Lauren, mais
desesperadamente precisava que ela pertencesse a mim. Não
entendia por que tinha que tê-la. Mas as emoções primitivas
eram muito reais e algo que nunca tinha experimentado antes.
Antes de Hope, tinha fodido muitas mulheres. Talvez até
demais. E nunca precisei de nenhuma delas. Também não
precisava de Hope.
Sim, meu contrato me fez rico, mas não era exatamente
um grande parceiro. Inferno, percebi esse fato desde o
momento em que Lauren me contou sobre Hope e Jack. Não
tinha sido o suficiente para Hope, então sabia que nunca seria
o tipo de cara que Lauren gostaria. Nunca seria capaz de
satisfazê-la a longo prazo, porque não tinha ideia de como
amar alguém do jeito que ela merecia ser amada.
Não estava mentindo quando disse a ela que não sabia
amar. Eu só... não amava. Essa foi parte da razão pela qual
propus a Hope. Realmente não gostava de um amor
romântico. Acho que Hope e eu estávamos convencidos de que
não existia. Nós entendemos um ao outro, ou tínhamos antes
que ela precisasse... de mais.
—Preciso de sorvete, — rosnei de brincadeira enquanto
dava um tapa na bunda dela.
—Resmungão, — ela rebateu.
Não estava infeliz. Só precisava de algo para me
refrescar. A comida também era uma grande distração para
mim. Mas tinha a sensação de que chantilly alimentaria mais
fantasias do que precisava considerar agora.
Quando ela foi abrir a porta da geladeira, a interrompi
colocando a mão e um pouco do meu peso na porta.
—Suspenda o chantilly, — pedi rispidamente.
Ela olhou para mim com surpresa, possivelmente lendo o
desejo cru em meu rosto antes de concordar:
—Provavelmente não é bom para nenhum de nós.
Dando-me um sorriso cúmplice, ela afastou minha mão e
abriu o freezer.
Ela apenas tirou o sorvete.
CAPÍTULO 15
LAUREN

Disse a mim mesma que tínhamos feito a escolha


certa. Respirei o ar frio do freezer, na esperança de fortalecer
minha determinação. Se ao menos ele parasse de olhar para
mim como se fosse sua sobremesa favorita. Se pudesse
esquecer que ele me queria.
Fechei o freezer e me concentrei em colocar o sorvete em
duas tigelas. Se precisasse, não poderia dizer quantas vezes
escaparíamos como crianças travessas para comer doces
juntos. Não era que alguém tivesse nos negado as guloseimas,
mas sempre parecia um prazer culpado.
Assim como querer Graham.
Não havia uma parte de Graham que não amasse, que
não tivesse passado a maior parte da minha vida amando. O
que começou como uma paixão cresceu para
uma amizade cheia de saudade e estava mudando
novamente. Não sabia se poderia parar ou mesmo se queria
essa mudança.
Coloquei uma colher em sua tigela e me virei. Ele estava
mais perto do que pensava e acidentalmente o acertei no peito
com a tigela.
Ele agarrou minha mão para firmá-la e o fogo passou por
mim. Seus olhos estavam queimando com a mesma
necessidade que estava lutando. Lambi meu lábio inferior e
balancei em direção a ele.
—Graham —
Sua respiração tornou-se irregular.
—Eu-foda-me.
Se ele disse isso como um palavrão ou uma ordem, não
sabia, mas aceitei também. Ele colocou a tigela no balcão e me
puxou para perto dele. Envolvi meus braços em volta do seu
pescoço enquanto ele devorava minha boca. Foi o beijo da
encosta da montanha e mais porque não havia motivo para
pararmos.
Não havia paciência ou ternura em nossas carícias. Ele
rudemente deslizou as mãos por baixo do meu suéter, desfez
meu sutiã e segurou meus seios. Arqueei contra seu
toque. Paraíso.
Graham foi um banquete para minhas mãos famintas: os
músculos protuberantes de seus ombros, peito
largo, tanquinho sarado. Sim, já o havia tocado antes, mas
não sóbria. Este era um nível totalmente diferente de
gostosura. Meu corpo estremeceu com a intensidade da
necessidade me dominando.
Minhas mãos foram para seu cinto. Queria terminar o
que tínhamos começado no dia anterior e queria isso naquele
momento.
Ele rosnou em meu ouvido.
—Calma, Amendoim. Te quero pra caralho, mas vou fazer
isso bom para você desta vez. Tão bom.
Deveria ter dito a ele que a primeira vez foi minha culpa,
mas ele estava me beijando de novo e a última coisa que queria
fazer era falar ou chorar. Ele puxou minha camisa,
interrompendo o beijo apenas o tempo suficiente para passar
pela minha cabeça. Deixei cair meu sutiã no chão e puxei sua
camisa, mas ele era muito alto para repetir seu movimento.
Ele riu contra meus lábios e tirou sua camisa. Seu peito
estava quente contra meus mamilos excitados. Me contorci
contra ele, amando como ele respondeu com um som gutural
de prazer.
Esse era o Graham das minhas fantasias. Corri minhas
mãos sobre cada centímetro que ele despiu até que não era
mais o suficiente. Precisava de mais.
Como se tivesse chegado à mesma conclusão, ele desfez
minha calça jeans e com um polegar enlaçado de cada lado,
baixou-a junto com minha calcinha. Saí de ambas e usei meus
pés para me livrar das meias. Nu não parecia vulnerável, não
com Graham, parecia uma promessa.
Ele me afastou dele.
—Você é linda pra caralho.
—Você também. — Não me importava se isso soasse
estúpido. Ele era lindo. Dentro e fora. Algum dia, de alguma
forma, provaria isso a ele. Ele merecia uma vida muito melhor
do que a que havia sido dada a ele.
Desviei o olhar quando minha mente começou a
disparar. Podemos não ficar juntos o tempo suficiente para que
prove alguma coisa para ele. Ele já pensava que sexo entre nós
era uma má ideia.
E se, por não respeitar sua decisão, tornasse nossa
amizade impossível? Oh, não, não posso me emocionar e
começar a chorar de novo. Este não era nossa última vez
juntos. Não precisava ser um adeus. Graham já havia me
tranquilizado sobre esses medos.
Ele pegou meu rosto entre as mãos e ergueu meus olhos
de volta para ele.
—Ei.
Não tive tempo para me recompor. Encontrei seu olhar,
pisquei e me amaldiçoei por arruinar minha segunda chance
com ele também. Se não conseguisse me controlar, talvez não
fosse o que ele precisava. Odiava não ser mais forte.
Ele correu o polegar sobre minha boca suavemente.
—Eu posso ver as engrenagens girando em sua
cabeça. Você quer parar?
—Deus, não, — respirei. —Quero tanto isso. Sinto muito.
O olhar compreensivo que ele me deu foi uma expressão
familiar. Ele sempre comemorou o meu melhor e de alguma
forma entendeu o meu pior.
—Do que você sente muito?
—Não consigo desligar meus pensamentos. Eles
começam a correr e fico todo enrolada. Você não fez nada de
errado da última vez. Fui eu. Sempre sou eu.
Ele me puxou para seu peito e me colocou sob seu queixo,
simplesmente me segurando por um longo tempo. Contra meu
cabelo, ele murmurou:
—Não há nada de errado com você. Nem uma maldita
coisa. —Balancei a cabeça para seu benefício, e não porque
acreditei nele.
—Olhe para mim. — Ele correu uma mão rudemente pelo
meu cabelo enquanto a outra deslizou pelo meu estômago para
o meu sexo. Ele mergulhou um dedo em mim e gemeu.
—Você está tão molhada. Me diga o que você quer.
Levantei meus olhos de volta para os dele e engasguei
quando seus dedos confiantes encontraram meu clitóris e o
acariciaram com um ritmo que enviou calor através de mim.
—Quero você.
Sua mão apertou meu cabelo e ele arqueou minha cabeça
para trás.
—Não é bom o suficiente—, ele rosnou e empurrou um
dedo grosso para cima em meu sexo apertado. —Diga. Quero
ouvir essa sua doce boca clamando por seus desejos mais
imundos. Você quer que te foda, não quer?
Balancei a cabeça, segurando em seus ombros para me
equilibrar. Ele me inclinou ainda mais para trás e pegou um
dos meus mamilos entre os dentes e deu-lhe um beliscão
deliciosamente doloroso. Ele bombeou o dedo para dentro e
para fora, circulando meu clitóris com o polegar a cada
vez. Sua língua substituiu seus dentes, circulando e
sacudindo minha protuberância excitada.
Então ele fez uma pausa e ergueu a cabeça.
—O que você quer? — Quase sem conseguir respirar,
disse:
—Quero que você me foda.
Sua mão começou sua talentosa carícia novamente. Sua
boca amava meu outro seio e estremeci de prazer.
—Não pare, —exigi.
—Você gosta disso? Do que mais você gosta?
—Qualquer coisa, —disse sem fôlego. Naquele momento,
quis dizer isso. Tudo o que ele fez era bom. Confiava nele
completamente.
—O que você quer?
—Desta vez não é sobre mim. — Ele me levantou e me
sentou no balcão. Abri minhas pernas para ele e fui
recompensada com um sorriso lento e satisfeito.
—Você é tão perfeita. Tudo que quero é ver você gozar.
Sorri. Seu olhar era uma carícia própria. Trouxe minha
mão ao meu clitóris e comecei a esfregá-lo. Suas narinas
dilataram e ele respirou audivelmente. Nunca fui sexualmente
ousada, mas saber que poderia excitar Graham me deu
confiança. Com seu pau saliente em sua calça jeans, ele me
observou enquanto aumentava a velocidade da minha mão em
meu clitóris. Minhas pálpebras ficaram pesadas e meu núcleo
começou a ter espasmos. Foi uma pequena onda de liberação
quente.
Parei, agarrei o balcão de cada lado meu e estava prestes
a abrir os olhos quando senti sua respiração no meu sexo. Ele
me separou com os dedos e começou a adorar meu clitóris com
sua língua enorme e quente. O prazer que trouxe a mim
mesma não era nada comparado ao fogo que seu toque enviou
através de mim.
Ele deslizou um dedo dentro de mim, depois outro e
começou a bombeá-los para dentro e para fora, cada vez mais
rápido. Choraminguei quando comecei em direção a um
segundo e muito mais poderoso clímax.
Mudei para mais perto da borda, querendo que sua língua
fosse mais fundo. Ele criou uma necessidade que seus dedos
não podiam satisfazer.
Estava louca quando o ouvi abrir o zíper da calça
jeans. Houve uma pausa dolorosamente longa enquanto ele
saía deles e colocava uma camisinha. Então suas mãos
agarraram meus quadris e ele me provocou mergulhando
apenas a ponta de seu pênis em mim.
Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura, puxando-
o para mais perto. Suas mãos agarraram minha bunda
enquanto ele me levantava do balcão e me segurava sem
esforço apenas acima de seu pau duro como pedra. Não
aguentava mais. Comecei a implorar.
—Foda-me, Graham. Quero sentir você dentro de
mim. Agora.
—Bom baby. Isto é tão bom. — Ele reivindicou minha
boca, em seguida, empurrou para cima em mim. Ele era tão
grande e por um segundo me preocupei que levar tudo dentro
pudesse doer, mas não doeu. Ele se moveu lentamente no
início, depois com mais força. Cada vez mais fundo. Mais forte
e mais rápido.
Ele se virou para que minhas costas descansassem
contra a frieza da geladeira e batesse em mim. Cravei minhas
unhas em seus ombros e me entreguei ao meu
primeiro orgasmo fora do corpo, estupidamente, maravilhoso.
Gritei quando gozei. Ele não diminuiu o passo. Ele
também estava perdido em nosso desejo. Havia uma
ferocidade primitiva em como ele beijou meu pescoço e me
segurou enquanto sentia seu próprio prazer. Segurei,
apertando em torno de cada impulso poderoso. Não teria
pensado que fosse possível, mas meu corpo começou a zumbir
novamente. Precisava saber se poderia ficar ainda
melhor. Cavei minhas mãos em seu cabelo e rosnei:
—Forte. Foda-me mais forte.
—Porra, sim. — Qualquer controle que ele tivesse
desaparecido então. Ele entrou em mim com tanta vontade que
me fez gritar seu nome e voar fora de controle novamente.
Com um grunhido, ele se enterrou dentro de mim uma
última vez e gozou.
Foi tão bom que quase comecei a chorar, mas ele colocou
sua boca de volta para a minha. O beijei com todo o amor do
meu coração. Ele me beijou de volta com ternura, então
lentamente me colocou de pé. Ele se limpou, jogou a camisinha
no lixo, então me levantou para que me acomodasse em seus
quadris novamente.
Não era uma daquelas mulheres miúdas que a maioria
dos homens consegue pegar, mas Graham não era a maioria
dos homens. Ele me fez sentir pequena e bonita.
—Disse que não havia nada de errado com você,
Amendoim.
O abracei porque sabia que uma gratidão jorrando o faria
se sentir estranho.
—Isso foi incrível.
Ele me carregou para fora da cozinha com as mãos em
concha na minha bunda casualmente.
—Poderia tomar um banho quente.
Sorrindo para ele com adoração, perguntei: —Com ou
sem mim?
Ele me mudou e senti a ponta de seu pau provocando a
minha boceta. —Com. Nós vamos lavar um ao outro, então
quero seus lábios em volta do meu pau antes de me virar e te
foder por trás. — Ele deslizou a ponta de si mesmo entre
minhas dobras, posicionando-se contra meu clitóris.
—O que você me diz?
Mudei meus quadris para frente e para trás, esfregando
meu clitóris ao longo de seu eixo endurecido.
—Sim. Sim. Merda, sim.
Trocamos um olhar que era em parte amizade fácil e em
parte parceiros lascivos.
—Amendoim, preciso que você saiba...
—Agora não. — Reivindiquei sua boca e roubei-lhe a
chance de dizer o que ele estava prestes a dizer. Não queria
começar a pensar de novo, ainda não. Ele deu um tapa na
minha bunda.
—Criei um monstro?
Corri minhas mãos sobre seu peito e disse: —Se sua
definição de monstro é alguém que deseja desesperadamente
aquele banho que você prometeu, então sim.
—Desesperadamente, hein? — Ele balançou as
sobrancelhas para mim. Bati em seu peito.
—Não seja um idiota.
Suas mãos se apertaram em mim e ele enfiou seu pau
nu profundamente até as bolas em minha boceta
molhada. Suspirei. Ele rosnou.
—O banho pode esperar. Eu não posso.
Teria rebatido com algo espirituoso, mas em vez disso,
minha resposta foi apertar em torno de seu eixo e puxá-lo mais
fundo. Não saímos da sala de estar até muito, muito mais
tarde.
CAPÍTULO 16
LAUREN

Em um estado de felicidade entre o sono e a vigília, sorri


e rolei para o meu lado na minha cama. Nunca soube que o
sexo poderia ser como o que experimentei com Graham, e amei
que minha descoberta tivesse estado literalmente em suas
mãos. Mãos. Língua. Pau. Me perguntei por que não foram
feitos mais estudos sobre como obter orgasmos de
qualidade. Agora que tinha um, não queria voltar ao que era
capaz de produzir sozinha.
Pode-se dizer que ambos liberaram as mesmas químicas
no corpo, mas a diferença desafiou as descrições
convencionais. Tentei imaginar o que meus professores teriam
dito se tivesse escolhido esse tema para minha dissertação. O
suporte de dados exige mais do que evidências anedóticas.
Ou talvez ver meu sorriso permanente fosse
suficiente. Sério, quem poderia argumentar contra isso?
Joguei meu braço, procurando Graham. Adormeci em
seus braços e pensei que acordaria do mesmo
jeito. Relutantemente, abri meus olhos para o sol brilhante do
final da manhã. Ele não estava mais na cama.
Inclinei minha cabeça e tentei ouvir o chuveiro. Algum de
nós dois conseguiria andar mais tarde se me juntasse a ele
lá? Era um risco que teria corrido se tivesse ouvido a água
correndo.
Ainda brilhando com nossa maratona de sexo, sentei e
me espreguicei. Tive um vislumbre de mim mesma no espelho
da cômoda. Meu cabelo estava desordenadamente bagunçado,
meu rosto rosa e feliz. Parecia exatamente tão saciada quanto
me sentia.
Conhecendo Graham, ele provavelmente queria
correr. Embora ele se deliciasse com doces ocasionalmente,
não havia um grama de gordura nele porque ele malharia
diariamente.
Decidindo que ele era uma pessoa melhor do que eu, me
arrastei para o banheiro para tomar banho. Sob o jato quente,
planejei o início do dia. Se ele já não tivesse feito nada, faria o
café da manhã para nós. Depois disso, conversamos. Rezei
para que até então tivesse palavras para convencê-lo de que
ele era uma pessoa muito melhor do que ele acreditava. De
alguma forma, encontraria uma maneira de fazê-lo se sentir
tão bem consigo mesmo quanto ele me fazia sentir comigo
mesma.
Por impulso, apliquei maquiagem, não porque Graham
não tivesse me visto mil vezes sem ela, mas porque me sentia
linda e sexy e queria refletir isso.
Balancei minha cabeça para minha roupa interior
conservadora. Nada disso representava como me
sentia. Ousaria a ficar sem? Nunca tinha feito isso. Não tinha
um vestido comigo. O que tinha, no entanto, um suéter enorme
que poderia servir como um vestido do meio da coxa se fosse
corajosa o suficiente para usá-lo como um.
Sutiã ou sem sutiã?
Decidi que a probabilidade de sairmos do chalé naquele
dia era pequena, então vesti apenas o suéter e saí do meu
quarto. Não havia sinal de Graham na casa, então comecei a
preparar um café. Um momento depois, estava felizmente
bebendo uma xicara enquanto procurava meu telefone.
Depois de localizá-lo, enrolei-me no sofá da sala, coloquei
uma música suave e verifiquei minhas mensagens.
Jack queria saber como Graham estava. Fiz uma careta
para o telefone. Sério, Jack? Fiquei tentada a dizer a ele que
Graham estava surpreendentemente bem, mais do que bem e
que não precisávamos dele nem de Hope em nossas vidas.
Enviei a Graham uma mensagem rápida perguntando a
que horas ele estaria de volta para que soubesse quando
começar o café da manhã. Ele não respondeu. Possivelmente
porque ele não conseguiu ouvir as notificações do telefone
enquanto estava correndo. Também havia uma chance dele ter
deixado o telefone em algum lugar do chalé.
Uma xícara de café se transformou em duas. Comi um
pedaço de muffin que sobrou enquanto esperava que ele me
respondesse ou voltasse.
Por fim, vaguei até a sala da frente do chalé e olhei para
a calçada. O carro de Graham havia sumido. Meu estômago se
contraiu nervosamente, mas disse a mim mesma que estava
sendo boba. Graham não me deixaria, não depois do que
compartilhamos. Mesmo que ele não estivesse apaixonado por
mim, ele se importava comigo. Este não era um cenário
de uma noite em que ele fugiria depois de ter conseguido o que
queria.
Ele mesmo tinha sido o único que iniciou o sexo.
Dizendo a mim mesma que corria o risco de mais uma vez
me concentrar no pior cenário, em vez de me permitir ter esse
dia de maravilhas, fui até o quarto dele. Não abri a porta
imediatamente. Fiquei lá, segurando a maçaneta, dizendo a
mim mesma que a noite passada só foi possível porque não
deixei meus medos estragarem tudo.
Com um movimento desafiador do meu cabelo, abri a
porta. Sua cama estava desarrumada e vazia. Corri para o
armário e depois para o banheiro. Sua bagagem havia sumido.
Sumido.
Em um estado atordoado, voltei para o meu telefone e
verifiquei se havia uma mensagem dele. Nada. Apenas a
mensagem de Jack perguntando como Graham estava.
Ri sem humor. Achei que o conhecesse, mas acho que
não. Não sabia como ele estava, onde ele estava ou por que ele
tinha ido embora.
Sentei no sofá, lutando contra a náusea enquanto as
lágrimas brotavam dos meus olhos. Queria mandar uma
mensagem para ele, mas já havia enviado uma mensagem. Não
queria escrever nada enquanto minhas emoções estivessem
tão cruas e confusas.
Eu era uma pessoa voltada para a ciência que não dava
muita importância a coisas que não podiam ser medidas
ou quantificadas, exceto quando se tratava de
Graham. Acreditava nele como não acreditava em quase mais
nada.
Por que você saiu, Graham? Não entendia.
E não sabia o que deveria fazer agora.
CAPÍTULO 17
GRAHAM

Sete Anos Atrás…

—Vou sentir muito a sua falta, Graham—, uma Lauren


chorosa, de quinze anos de idade disse tristemente durante
um momento de silêncio sozinha na festa de formatura do
colégio que seu pai estava dando para mim e Jack.
Se Ben não tivesse intervindo para me incluir com Jack,
tornando esta uma festa de formatura conjunta,
provavelmente estaria sozinho. Meus atuais pais adotivos,
perdi a noção de qual número eles eram, queriam que fosse
embora agora que estava me formando, e mal podia esperar
para realizar esse sonho para eles. Estava indo para a Costa
Leste para fazer faculdade. E mal podia esperar para chegar lá.
Recebi uma bolsa integral para a faculdade por jogar
futebol lá e estava cada vez mais perto de meus objetivos.
Infelizmente, estava tendo mais dificuldade em atingir
esses objetivos porque meu corpo e minha mente não pareciam
estar cooperando ultimamente. Mas superaria isso. Não iria
estragar a oportunidade que tinha agora.
Meu único arrependimento foi dizer adeus aos melhores
amigos que já tive. Mas Lauren já havia terminado o ensino
médio e estava na faculdade colocando seu cérebro incrível
para funcionar, embora não parecesse um grande desafio para
ela.
E Jack estava cursando a faculdade aqui no Colorado.
—Vou sentir sua falta também, Amendoim, — disse com
a voz rouca enquanto nos sentávamos juntos em um balanço
da varanda muito familiar.
Deus, como sentiria falta dela. Ela era a irmã mais nova
que nunca tive, mas também como uma amiga que sempre me
protegeu.
—Trouxe uma coisa para você, — ela disse baixinho
enquanto me passava um pequeno pacote cuidadosamente
embrulhado. —Não tenho muito dinheiro, mas tive que investir
muito tempo para encontrá-lo. É meio bobo, mas não consegui
pensar em mais nada.
Sorri para ela e comecei a rasgar o papel de embrulho.
—Você não precisava fazer isso, Amendoim. Você me
ajudou muito a conseguir notas decentes para me formar.
Não havia nenhuma maneira que pudesse retribuir
Lauren por todo o tempo que ela gastou me ajudando com
minhas aulas. Ela foi a razão pela qual realmente me formei.
—Queria que você tivesse algo de mim, — ela
respondeu. —Não é nada, realmente.
Abri a tampa da pequena caixa e olhei para o pequeno
trevo dentro da caixa.
Contei as folhas.
Um. Dois. Três. Quatro?
Coloquei um dedo nas folhas delicadas. —Você encontrou
um trevo de quatro folhas? — Por diversão, procuramos o
símbolo indescritível da sorte muitas vezes quando crianças,
mas nunca tínhamos encontrado um.
—Tive de procurar em locais diferentes para encontrar,
mas finalmente consegui—, disse ela timidamente.
Poderia imaginar Lauren procurando metodicamente por
ele.
—Deve ter levado dias. — Fiquei pasmo com sua
tenacidade. Era preciso paciência para vasculhar a vegetação
para encontrar o que estávamos procurando. Mais disciplina
do que já tive.
Ela assentiu solenemente. —Demorou muito, mas talvez
ajude você com o seu futebol.
Lauren não era do tipo extravagante. Fiquei com um nó
na garganta e meu estômago doeu ao imaginar o quanto ela
teve que lutar contra seus instintos analíticos para procurar
algo assim.
Coloquei a tampa de volta na caixa com cuidado.
—Obrigado, Amendoim, — disse roucamente. — Sempre
vou gostar disso.
Não havia dúvida de que o guardaria comigo para me
lembrar do quanto alguém acreditava em mim.
Ela encolheu os ombros.
—Sei que ele vai morrer, e você eventualmente vai jogá-lo
fora, mas queria que você soubesse que estarei aqui torcendo
por você.
Dei um soco no braço dela de brincadeira.
—Não vou perder. Este é o melhor presente que já ganhei.
Talvez não acreditasse na sorte porque tive que lutar por
tudo que consegui. Às vezes, literalmente. Mas o presente dela
sempre significaria muito para mim só porque ela teve que
vasculhar os campos para finalmente encontrá-lo.
E ela fez isso por mim, embora sua mente lógica também
não acreditasse muito na sorte.
—Você irá me ligar? — ela perguntou.
—Você sabe que vou—, respondi imediatamente. O pai de
Jack comprou um telefone celular para cada um de nós no
último Natal.
—Sei que você estará ocupado, — ela disse
racionalmente. —Você pode apenas enviar uma mensagem se
quiser.
Sorri para ela. —Talvez precise ouvir sua voz. Posso
precisar de uma amiga.
A faculdade seria um mundo totalmente novo e teria que
enfrentá-lo sem Jack e Lauren. O pensamento me apavorou,
mas queria deixar toda a família Swift orgulhosa.
Talvez nunca tivesse precisado de ninguém além deles,
mas agora estaria totalmente sozinho em um lugar onde todos
queriam a posição de quarterback estrela. Estava determinado
a conseguir e manter essa posição, não importa o que tivesse
que fazer para consegui-lo.
—Não se esqueça de que estou aqui se precisar de mim—
, ela me lembrou pela centésima vez.
Nunca me cansei de ouvi-la dizer isso.
Nós dois vimos mais pessoas chegando, então nos
levantamos. Ela hesitou por um momento antes de se jogar em
meus braços como sempre fazia quando estava preocupada.
—Eu te amo, Graham. Tenha cuidado na Costa Leste.
Meu coração bateu forte quando coloquei meus braços
em volta dela. Queria dizer a ela que a amava também. Que
sempre a amei como uma irmã. Mas as palavras simplesmente
não saíam da minha boca.
—Vou sentir sua falta também, Amendoim, — disse,
forçando as palavras através do enorme caroço que ainda
estava na minha garganta.
Dei a ela um beijo rápido no topo de sua cabeça enquanto
a soltava.
Deixar de lado a única pessoa que disse que me amava,
pelo menos a única pessoa de quem conseguia me lembrar, foi
muito mais difícil do que pensei que seria.
CAPÍTULO 18
GRAHAM

O Presente…

Tinha sido uma semana inteira desde que tinha dormido


com Lauren. E mal estava sobrevivendo.
Tive que me segurar para não responder a sua
mensagem. Na verdade, cheguei tão perto de implorar a ela por
perdão que finalmente bati meu telefone contra a parede,
quebrando-o para não usar essa maldita coisa para fazer
algo perigoso, como ligar para ela apenas para ver se ela estava
bem.
Não podia vê-la. Não podia falar com ela. Não consegui
explicar o que tinha feito. Comprei um novo telefone, mas não
conseguia afastar o vazio que estava me consumindo desde o
momento em que saí da cabana em Aspen para ir para Denver.
—Sou um cagão filho da puta, — amaldiçoei enquanto
mirei e soltei a bola de futebol, acertando meu alvo um
pouco fora do centro.
Deveria ter ficado e dito a Lauren pessoalmente que não
poderia transar com ela de novo, que queria voltar a ser amigo,
mas não o fiz. Provavelmente porque estava com medo de não
ser capaz de dizer as palavras que precisava dizer.
Lauren era como uma droga. Ela era viciante e sabia que
se visse seus olhos abertos na manhã em que parti, não seria
capaz de me afastar. Cada instinto estava gritando para ficar,
mas minha mente racional sabia que não poderia estar com
ela novamente.
Tinha que pensar sobre seu bem-estar, algo que não
tinha pensado nenhuma vez durante todo o tempo que estive
transando com ela. Mas estava pensando muito sobre isso
agora.
Tyler ‘Ty’ Miller, meu wide receiver, precisou se ajustar
rapidamente para receber o passe, mas pegou a bola sem
esforço.
Provavelmente foi bom que Ty tivesse me ligado para ver
se queria praticar bem antes de começarmos oficialmente no
campo de prática. Precisava me livrar da tensão. Estava tão
inquieto que realmente fiquei feliz por ele ter ligado, embora
tivesse prometido a mim mesmo uma pausa antes de voltar ao
campo.
Jogar bolas era melhor do que bater uma punheta todos
os dias. Sim, provavelmente poderia ter encontrado uma
mulher pra foder, mas eu tinha certeza que Lauren tinha me
arruinado, pelo menos por agora.
Levantei outra bola do chão enquanto me preparava para
lançar outro passe longo.
Tentei não pensar no que Lauren estava fazendo. E falhei
miseravelmente.
Ela estava segura. Sabia disso. Eu mesmo verifiquei. Não
havia como evitar de vigiar a casa de seu pai para ver se ela
chegou em casa bem. O carro dela estava na frente da casa
antes do anoitecer no mesmo dia em que deixei Aspen.
Lauren tinha deixado uma mensagem de voz esta
manhã. Não respondi. E não tinha respondido a ela de forma
alguma. Era a única maneira de me controlar.
E mesmo isso não estava funcionando bem para mim.
Como diabos poderia explicar por que sumi? Passei uma
noite perfeita com ela e, em seguida, saí pela porta antes
mesmo que ela acordasse.
Que tipo de idiota faz essa merda? Somente. Eu.
E me odiei por isso.
Acordei um pouco depois do nascer do sol e me dei conta
do que me permiti fazer.
Tinha trepado com a mulher que sempre esteve lá para
mim, se importava comigo.
Lauren. Minha Amendoim. O que diabos estava
pensando?
Honestamente, provavelmente não estava pensando
em nada. Meu pau estava totalmente no controle.
Ty acenou para mim que estava pronto, e me forcei a me
concentrar enquanto jogava a bola de futebol.
Ainda estava um pouco errado, mas não precisava me
preocupar com Ty. Ele era o tipo de cara que colocaria a bola
nas mãos independentemente de como eu estava jogando.
Então, novamente, Ty Miller foi escolhido no primeiro
turno e conseguiu um contrato bastante decente para um cara
que tinha acabado de sair da faculdade. Ele deve ser bom. Os
Cats pagaram muito dinheiro para colocá-lo em seu time.
Meu receptor trotou em direção à lateral, então o segui.
—Jesus Cristo, está frio—, disse Ty com um sorriso.
—Acostume-se com isso, — disse categoricamente. —
Você não está mais na Flórida.
O campo estava limpo de neve, mas as temperaturas
eram muito frias. Não tinha dúvidas de que Tyler estava
sentindo isso. Ele cresceu na Flórida e jogou bola na faculdade
lá também.
Observei enquanto ele me jogava uma garrafa de
água. Ele parecia um cara decente, mas eu não era exatamente
tagarela. Praticamente cuidava da minha vida em um
ambiente de equipe, a menos que os jogadores estivessem
fodendo tudo. Era mais seguro assim. Minha melhor amiga
tinha acabado de perder confiança em mim e não estava
disposto a arriscar novamente.
Tyler não me conhecia e eu não o conhecia. Do jeito que
gosto.
—Você se casou? — ele me perguntou inocentemente.
—Estava noivo. Nós terminamos. — Peguei minha garrafa
de água e matei minha sede.
—Você a traiu?
Deus, o bastardo estava curioso. Muito curioso.
Larguei a garrafa d'água de volta no banco.
—Não. Ela trepou com o meu melhor amigo.
Talvez estivesse contando com a honestidade para calá-
lo. Achei que se contasse a verdade, ele pararia de fazer
perguntas.
Estava errado.
Ele fez uma careta ao responder: —Isso é foda, cara.
— Dei de ombros.
—Ela fez sua escolha.
—Você está bem com isso?
Perdi minha paciência.
—Inferno, não, não estou bem com isso. — Ainda estava
sofrendo com o que Jack tinha feito. —Perdi meu melhor
amigo.
—Então e ela? — ele perguntou enquanto colocava sua
garrafa de água vazia no banco. —Você parece mais chateado
com seu amigo do que com sua noiva.
—Por que diabos ficaria chateado por uma mulher que
queria transar com outro cara?
Ty encolheu os ombros.
—Se você fosse se casar com ela, teria que doer.
—Não era assim—, neguei, sabendo que estava dizendo a
verdade. Pensei muito sobre Hope. Ela provavelmente me fez
um favor. Meu orgulho estava mais ferido do que minhas
emoções.
Ele hesitou antes de dizer com cuidado: —Ouvi dizer que
você é um idiota com quem trabalha. Meu amigo que joga no
tackle esquerdo para o New England me avisou sobre você. Não
estou tentando ser rude, mas só queria esclarecer isso. Espero
que possamos ter um relacionamento melhor do que você teve
com seus receptores em sua última equipe.
Tinha sido um idiota com meu último time. Os deixei
saber toda vez que eles cometeram um erro. Sabia disso, mas
acho que não gosto dele dizendo isso em voz alta.
—Tive que arriscar quando nosso QB se
machucou. Talvez fosse um idiota, mas só queria que todos
eles trabalhassem tão duro quanto eu. É muito competitivo
não dar tudo o que você tem em campo.
Avaliei Ty Miller, tentando decidir qual de nós ganharia
em uma luta. Fiz muito isso com outros membros da
equipe. Ele era um pouco mais baixo do que eu e
provavelmente mais magro, mas tinha velocidade e agilidade
ao seu lado. Não me enganei por seus maneirismos
amigáveis. Ele podia parecer um surfista totalmente
americano com seu cabelo loiro e olhos azuis, mas se ele tinha
sido escolhido na primeira rodada, o cara era durão.
Assisti sua carreira na faculdade. Ele era quase perfeito.
—Entendo—, respondeu ele enquanto se sentava no
banco frio. —Não quero jogar futebol para sempre, mas preciso
disso agora.
Sentei minha bunda do outro lado do banco.
—É tudo o que tenho, — disse defensivamente.
—Acho que nos entendemos—, respondeu Ty. —Vou
pegar as bolas se você as colocar ao meu alcance. — Sua
declaração foi como uma promessa.
—Vou enviá-las para o lugar certo—, concordei.
Ele assentiu.
—Então, agora que já resolvemos isso, o que mais se
passa na sua mente?
—De jeito nenhum, — menti.
—Besteira—, disse ele.
—Você não sabe nada sobre mim, — disse com raiva.
—Agora parece um bom momento para conhecê-
lo. Minha carreira vai depender parcialmente de quão bem
você joga.
—Se eu jogar as bolas lá, por que diabos você se preocupa
com mais alguma coisa?
—Estou curioso—, disse ele calmamente. —Você é um
cara com uma reputação. Quero saber se você a merece.
—Tudo é verdade. Eu fui um idiota no New England e não
mudei muito.
—Mudar é escolha sua, — ele mencionou casualmente. —
Você pode fazer parte de uma equipe ou pode continuar a ser
um idiota. Só quero saber qual vou receber antes do início do
treino.
Sua franqueza me desequilibrou, mas respeitava um cara
que falava a verdade.
Pensei sobre o que Lauren disse sobre ser um novo
começo para mim, mas não tinha certeza de como fazer as
coisas diferentes com os Wildcats.
—Não sou um jogador de equipe, — admiti a
contragosto. —Aprendi a não contar com ninguém, exceto
comigo. É mais seguro.
—Você quer chegar aos playoffs? — ele perguntou.
—Quero mais do que isso. Quero um maldito anel do
Super Bowl e o bônus que vem junto com ele. — Meu contrato
incluiria um bônus de sete dígitos por vencer o Super Bowl.
—Nenhuma equipe chega lá quando eles estão
desconectados—, observou Ty. —Não estou dizendo que você
tem que beijar a bunda de ninguém. Mas você precisa pensar
sobre o quadro geral. As equipes do Super Bowl são
organizadas. Os caras se conhecem bem o suficiente para
antecipar o que outro jogador fará. Além disso, eles precisam
ser mais espertos que a outra equipe.
—A resistência mental é tão importante quanto a
comunicação—, indiquei.
—Concordo. Mas todos nós vamos ter que nos dar bem
até certo ponto. Se você quer o Super Bowl, tudo tem que
solidificar.
Faço uma careta. —Então vou fazer gelo.
—Você não pode controlar o comportamento de todos os
outros no Cats. Mas você pode começar sendo um exemplo.
Dane-se se ele não soava como Lauren.
—Qual diabos foi a sua especialização na faculdade?
Ele hesitou por um momento antes de responder: —
Neurociência. Quando minha carreira no futebol terminar,
gostaria de poder voltar para a escola sem me preocupar com
dinheiro. Estou continuando meus estudos aqui, mas quero
um doutorado para poder fazer pesquisas. Descobrir como o
cérebro funciona.
—Jesus. Só o que preciso agora, outro Dr. Freud —,
resmunguei.
—O que?
Balanço minha cabeça. —Nada. Você acabou de me
lembrar de um amigo.
—Isso é bom ou ruim? Diga-me que não é o cara que
acabou de transar com sua noiva.
—É uma amiga mulher. Ela é inteligente. Vinte e
dois anos e ela tem um doutorado em física e um diploma em
psicologia.
—Ela é solteira? — ele perguntou com entusiasmo. —
Tenho uma queda por mulheres inteligentes. Ei, não é a
mulher que quebrou todos os recordes de idade para estudos
universitários, é? Já ouvi falar dela. Parece a mesma
pessoa. Ela mora aqui no Colorado. Adoraria conhecê-la.
Minha cabeça virou bruscamente para dar a ele um olhar
sujo.
—Nem pense nisso, — avisei.
Não importava que tivesse abandonado Lauren. Ela não
estava transando com um dos meus companheiros de
equipe. Isso me destruiria.
Ty levantou a mão ao dizer: —Ei, não quis dizer nada com
isso. Gosto de mulheres inteligentes, mas não ponho o pé no
território de um amigo. Acho que ela é mais do que uma
amiga?
Não sabia como responder a sua pergunta, então fiquei
em silêncio por um minuto antes de dizer: —Nós nos
conhecemos desde que éramos crianças. O irmão dela dormiu
com minha noiva.
—Merda, cara. Isso é complicado.
—Você não tem ideia—, respondi.
Ty se levantou. —Vamos almoçar e conversar sobre
isso. Estou faminto.
Estava grato pela prorrogação, mas normalmente não
saía com outros caras da minha equipe. E não tinha certeza se
queria começar agora.
Ty era introspectivo demais, e não era o tipo de pessoa
que me analisava quando não precisava. Estava com muito
medo do que iria descobrir.
—É apenas um almoço, cara, — ele disse enquanto
cruzava os braços na frente dele. —Não é como se estivesse
pedindo uma amizade para toda a vida. — Ty estava certo.
—Sem falar sobre Lauren, — insisti enquanto me
levantava. —Ela está fora dos limites.
—Tudo bem—, disse ele com humor em sua voz. —Então
vou procurar no seu cérebro sobre outras coisas.
—Sem avaliação do cérebro, —disse irritado. —Não
podemos simplesmente comer, porra? — Ele sorriu.
—Sou talentoso. Posso fazer as duas coisas ao mesmo
tempo.
— Espertinho!
Nós dois pegamos nossas coisas e nossas bolsas de
atletismo.
—Então você pode me contar sobre sua vida, —
resmunguei. — Não quero falar sobre a minha.
Me virei e comecei a andar, deixando-o caminhar ao meu
lado. Estávamos quase no estacionamento antes de eu parar.
Ty parou ao meu lado.
—Você conhece aquele cara vindo em nossa direção?
— ele perguntou, seu tom cauteloso.
Sabia exatamente quem era. Parei porque realmente não
queria falar com ele, mas seu passo determinado não vacilou,
então ele ficou cada vez mais perto.
Era o Jack.
—Porra! Não quero falar com aquele bastardo, — disse
asperamente.
— Então não faça isso — sugeriu Ty calmamente. —Ele é
legal?
Sabia que ele estava perguntando se Jack iria causar
algum problema.
—Ele não está procurando briga—, respondi. —Foi ele
que dormiu com a minha noiva.
Jack obviamente queria falar sobre o que aconteceu. Ele
me ligou várias vezes. Mais do que provavelmente, ele
queria explicar, a menos que ele descobriu que tinha trepado
com Lauren.
Achei isso altamente improvável.
—Esse é ele? — Ty perguntou, sua voz mais áspera do
que tinha ouvido desde que nos conhecemos.
—Infelizmente, — confirmei.
Jack parou bem na minha frente. Merda, não queria
bater nele, mas sabia que não seria capaz de me conter.
Apenas a visão dele me deixou com uma raiva que não
tinha nada a ver com ele mexendo com Hope e tudo a ver com
sua traição.
Jack era tudo que tinha, o único amigo homem em quem
confiava desde que me lembrava, e o idiota tinha acabado de
jogar essa amizade fora por um boquete.
—Cuido disso—, disse Ty, seu tom perigoso.
Acontece que não precisava dar uma surra em Jack. Ty
me empurrou para o lado, puxou o braço para trás e acertou
Jack com tanta força que ele o deitou no chão com um soco.
—Terminamos aqui—, disse Ty calmamente, como se ele
não tivesse apenas socado um cara com força suficiente para
seu cérebro lutar. —Estou faminto. Vamos.
Olhei para Jack, seu rosto sangrando, mas parecia que
ele estava se recuperando. Ele estava se movendo. Ele estava
respirando. Acho que era tudo que realmente precisava saber.
Ty já estava indo para sua caminhonete quando
finalmente comecei a andar novamente.
Filho da puta!
—Por que diabos você fez isso? — Perguntei a Ty quando
o alcancei. Ele encolheu os ombros.
—Você estava hesitando. Você estava obviamente em
conflito, eu não estava. — Ele hesitou antes de acrescentar: —
Quero você saudável para a temporada e não quero que seja
preso. Nosso quarterback reserva é uma merda.
Não estava acostumado com ninguém me ajudando,
então não sabia o que dizer.
—Obrigado, — respondi simplesmente.
Ele agradeceu minha gratidão com um aceno de cabeça,
e não falamos sobre isso pelo resto do dia.
CAPÍTULO 19
LAUREN

Estava em uma área gramada ao lado de um pequeno


campo de aviação no norte da Califórnia e fechei meus olhos,
virando meu rosto em direção ao calor do sol. Fazia 29 dias,
696 horas, 41.760 minutos ou 2.505.600 segundos desde que
acordei e percebi que tinha perdido Graham. Sem
ligações. Sem mensagens de texto. Ele me cortou de sua vida,
exatamente do jeito que sabia que ele faria.
Deixar o chalé foi difícil para mim porque queria acreditar
que ele voltaria, quando ele não voltou, voltei para a casa do
meu pai. Passei os próximos dias vagando em choque,
confusa. Cada mensagem que enviei a ele, cada mensagem de
voz que deixei, certamente mudaria sua mente.
A raiva seguiu o desespero. Deixei mensagens odiosas
para ele e disse a meu pai que nunca mais queria ver Graham
ou Jack. Papai disse que me sentiria diferente com o
tempo. Ele não me perguntou o que havia acontecido. Em
algum nível, ele sabia que não havia nada que pudesse
dizer. Provavelmente porque Jack contou a ele sobre Hope,
não os detalhes ou imagens a que fui submetida, mas
o suficiente para que papai parecesse sentir pena de todos
nós. Graham nunca tinha se permitido chegar muito perto de
meu pai, mas papai se importava com ele. Não disse nada
sobre o que aconteceu entre mim e Graham. Mesmo que
estivesse com raiva de Graham, odiava a ideia dele perder
outra pessoa.
Meu telefone tocou. Considerei deixar tocar, mas pelo
toque sabia que era Kelley. A vi uma vez quando cheguei na
Califórnia, mas ela era apenas parte da razão de eu estar
naquele estado. Tirei meu telefone do bolso interno da minha
jaqueta leve. —Ei, estou esperando uma ligação, então posso
ter que desligar abruptamente.
—Você tem certeza de que quer fazer isso?
—Acabei gostando do mergulho.
—Me sentiria muito mais segura se você começasse com
um salto duplo.
Sem chance. Estar amarrada a um instrutor, confiar
nessa pessoa para me deixar com menos medo era o oposto do
que estava provando sistematicamente a mim mesmo.
—Não se preocupe, estou totalmente certificada para
saltar, tendo passado nos cursos e cronometrado várias horas
no simulador.
—Sim. sim. No papel, você está pronta, mas tenho
certeza de que é uma experiência totalmente diferente quando
você está de 12.000 pés e caindo.
—Vou te dizer quando descobrir.
Kelley suspirou. —Só quero ter certeza de que você está
fazendo isso pelo motivo certo.
—E isso seria?
—Porque você quer experimentar uma queda livre e uma
onda de adrenalina. — Já fiz isso, emocionalmente e não saiu
bem, mas guardei esse pensamento para mim. Quanto mais
falava, mais ela se preocupava.
—Por que mais eu estaria aqui?
Kelley demorou um pouco antes de responder.
—Porque você acha que fazer tudo na lista que Graham
deu a você o trará de volta.
—Sei que não vai.
—Ou pior, você está esperando que algo fora da lista o
machuque seriamente, e ele retornará por culpa ou medo.
—Nunca faria isso e não se trata de Graham.
—Não posso dizer se você está mentindo para mim ou
para si mesma. Diga-me novamente por que você está prestes
a pular de um avião porque minha amiga Lauren nunca faria
isso.
Assisti um avião decolar com um grupo de saltadores e
odiei o quanto doía não ter Graham ali comigo. Ele deveria
estar bem ali, me fazendo rir para que não pensasse
demais. Mas ele não estava.
—Graham escreveu a lista porque sabia que precisava
disso. Existem inúmeras soluções para qualquer
problema. Claro, teria sido bom completar a lista com ele, mas
ele nem mesmo atende minhas ligações, então essa opção não
está disponível no momento.
—Você está sofrendo. Admita. Tudo bem estar.
Minha mão apertou o telefone.
—Estou com raiva, magoada, confusa e triste. Nenhum
desses sentimentos, entretanto, torna a lista menos valiosa
como ferramenta. Ainda tenho algumas semanas antes de ir
para a entrevista em Washington. Preciso limpar minha cabeça
antes de fazer isso. — Meu instrutor acenou para que me
juntasse a ele com um grupo de três outras pessoas. —Está na
hora. Te ligo mais tarde.
—Tenha cuidado, Lauren.
—Não se preocupe. A probabilidade de morrer em um
acidente de carro no caminho para casa é maior do que meu
paraquedas não abrir. É estatisticamente mais provável que
você caia da escada do prédio de seu escritório. — Kelley deu
uma risadinha.
—Eu sei. Boa conversa. Me ligue mais tarde.
Desliguei, coloquei meu telefone no bolso interno com
zíper da minha jaqueta e me dirigi para o meu grupo de salto.
—Como você está se sentindo? — meu instrutor
perguntou em encorajamento. Ele tinha quase 30 anos, estava
fisicamente em forma com o corpo esguio de um corredor e
obviamente atraente para as outras mulheres do grupo. Elas
estiveram flertando e esperando cada palavra sua durante todo
o curso. Mesmo que ele parecesse que ele poderia modelar para
viver, não senti nada quando olhei para ele. Ele não é Graham.
—Estou pronta.
Como grupo, caminhamos até uma tenda de cordame,
onde colocamos os arreios e o paraquedas. Em seguida, para
o avião. Conselho de última hora: mantenha a cabeça para
trás, joelhos dobrados, pule. Fiquem juntos. Lembre-se dos
sinais com as mãos e da deixa para abrir o paraquedas. Traga
os braços para o peito quando o paraquedas abrir.
Abaixei-me sob a cauda do avião e senti o cheiro de
borracha queimada. Quase pedi o registro de voo e
manutenção, mas me contive. Meu instrutor fez sinal para que
entrasse no avião primeiro. Fechei minha mão em torno de
uma alça de metal e forcei meus pés escada acima, degrau por
degrau.
Estava dentro. Sentei-me em um dos bancos. As duas
mulheres pareciam nervosas agora. O homem sentou-se ao
meu lado no banco.
—Esta é a minha segunda primeira vez—, disse ele com
um sorriso largo e cheio de dentes. Ele era mais velho do que
qualquer um de nós, talvez em seus quarenta e tantos anos. Se
tivesse que adivinhar, ele passou a maior parte de sua vida em
um escritório. Ele não estava acima do peso, mas estava pálido
e parecia suave. —Não pulei da primeira vez. A mulher ao meu
lado começou a hiperventilar e engasguei. Desta vez, estou
escolhendo um parceiro de voo melhor.
Não era parceira de ninguém, mas não queria dizer isso e
ser a razão pela qual ele não saltou pela segunda vez.
—Existem muito poucas mortes documentadas por
paraquedismo. Embora, considerando sua idade e sexo, tenho
certeza que você fez um exame físico. Ainda assim, seus
receptores beta responderão à liberação de adrenalina
aumentando sua frequência cardíaca. Um ataque de pânico
pode imitar muitos dos sintomas de insuficiência cardíaca.
— Percebi o homem ficando mais pálido a cada palavra que eu
dizia. —Você vai ficar bem.
Ele assentiu.
Meu instrutor sentou-se do meu outro lado e sorriu.
—Você parece tranquila. Tem certeza de que não fez isso
antes? — Encontrei seus olhos.
—Estou apavorada, mas não vou deixar isso me impedir.
Ele assentiu.
—É disso que se trata. As pessoas geralmente vêm aqui
depois de um evento que mudou sua vida ou enquanto se
preparam para um. Qual é o seu?
A porta se fechou antes que tivesse a chance de
responder. O avião quicou na pista. Amassada em um dos dois
bancos, lembrei-me de respirar profundamente. Verifiquei
meus óculos e tentei limpar minha cabeça.
Uma vez achei a ideia de estar perto de trinta
metros abaixo do nível do mar inconcebível, mas fui lá e foi
inegavelmente uma experiência de mudança de vida. Isso
também seria. E, com sorte, seria mais forte por causa de
ambos.
Precisava ser mais forte.
Recusei-me a ceder à dor de perder Graham. Ele me
machucou, mas foi minha escolha se isso me quebrava ou não.
Nós disparamos para o céu. Olhei para o homem agora
verde à minha direita, então o instrutor animado à minha
esquerda.
—Você ama isso, não é? — Perguntei.
Meu instrutor sorriu. —Nunca envelhece. Cada salto é
tão bom quanto o meu primeiro. É uma corrida viciante se você
conseguir superar o medo.
Pensei em Graham e em como foi a sensação de estar com
ele. — Transei com meu melhor amigo e agora ele não quer
mais falar comigo. Não consigo imaginar minha vida sem ele,
mas não quero ter medo. É por isso que estou aqui.
—Minha esposa me deixou por seu cirurgião plástico—,
disse o Sr. Homem do Escritório.
A mulher morena à minha frente contribuiu: —Estou
fazendo trinta anos.
—Encontrei um caroço—, disse a loira ao lado dela e
todos nós caímos quietos.
Não tinha percebido que todos seriam capazes de me
ouvir. Havíamos desnudado nossas almas porque não
tínhamos certeza de que sobreviveríamos? Olhei para o
instrutor novamente e me perguntei se todos os voos envolviam
esse nível de confissão.
Ele me lançou um olhar longo e firme.
—Seu amigo é um idiota.
—Ele não é. Ele está apenas assustado. Muitas pessoas o
desapontaram.
—Você é uma delas?
—Não.
—Esqueça-o.
—Eu não quero.
Amo ele.
O instrutor se levantou e acenou com a cabeça em direção
à porta. Ele deu instruções novamente e nós o seguimos até a
porta. O Homem do Escritório deu um tapinha no meu
ombro. A porta se abriu e ele teve que gritar perto do meu
ouvido para ser ouvido.
—Me casaria com minha ex novamente, mesmo sabendo
como isso iria acabar. — Ele passou por mim, recebeu um
sinal e saltou do avião. As duas mulheres foram antes de mim.
Cometi o erro de olhar para baixo do avião e fiquei
tensa. O tempo diminuiu. De repente, não conseguia me
imaginar fazendo nada além de voltar para o banco. Fiquei lá
pelo que pareceu uma eternidade, mas provavelmente
demorou apenas mais um ou dois segundos antes que o
instrutor dissesse em voz alta em meu ouvido: —Não posso
empurrá-la para fora. Pule ou sente-se novamente.
Nunca fui uma pessoa espontânea. Medi o risco. Estudei
as estatísticas. E até dormir com Graham teria escolhido
sentar. Não havia nenhuma razão racional para arriscar lesões
corporais. Ninguém se importaria se não pulasse. Ninguém
precisaria saber.
Mas eu saberia.
A vida estava cheia de incógnitas e escolhas
difíceis. Meus co-saltadores foram excelentes exemplos de
pessoas nessas encruzilhadas. Nenhum deles estava deixando
a vida vencê-los.
Ajustei meus óculos, dobrei os joelhos e pulei. Em algum
lugar entre recuperar minha capacidade de respirar, seguir as
instruções do instrutor e apertar meu ânus para
não me cagar, decidi que estava cansada de esperar que
Graham viesse até mim.
Precisava voltar para Denver antes de ir para Washington
por uma semana. Se Graham realmente quisesse que nossa
amizade acabasse, ele teria que dizer isso, na minha cara.
Vinte e quatro horas depois, bati na porta de seu
apartamento dizendo a mim mesma que tudo daria certo. Não
importa o que tenha acontecido entre nós, ele ainda era o
menino zangado que ansiava por uma casa e nunca encontrou
uma e eu ainda era sua amiga estranha que queria que ele
encontrasse aquela casa, mesmo que não fosse comigo. Isso
não precisava ser o nosso fim.
Pela porta, ele exigiu saber quem estava lá. Bati de novo,
mais alto.
Sou eu, Graham. Me deixar entrar.
CAPÍTULO 20
LAUREN

—É melhor que seja importante. — A porta se abriu


revelando um Graham molhado com uma toalha enrolada na
cintura e outra na mão. Ele congelou.
Congelei.
Cada conversa que tive com Jack desde que ele viu
Graham passou pela minha mente. Jack me avisou que ele
ainda estava com raiva. Claro, ele foi mais vocal depois que um
dos companheiros de equipe de Graham quebrou seu nariz.
Jack não gostou quando disse que ele merecia, mas não
me importei. Meu irmão poderia tentar justificar o que ele fez
tudo o que ele queria, até mesmo me dizer que não era da
minha conta, mas ele egoisticamente mudou todas as nossas
vidas.
—Lauren. — Graham não precisava dizer mais do que
meu nome. Seu tom disse o suficiente. Era uma surpresa
indesejável em sua porta. —Merda.
Fiquei ali procurando o homem que amava na cara desse
estranho. Graham ainda devia estar dentro de seu corpo, mas
não estava aparecendo.
—Você vai me convidar para entrar?
Ele olhou por cima do ombro e disse: —Dê-me um minuto
—, e fechou a porta na minha cara. Se não o conhecesse a
maior parte da minha vida, se ele não tivesse uma seção inteira
do meu coração dedicada a ele, teria caminhado para
longe. Meu orgulho me disse que deveria. Não tinha ido vê-lo
para apaziguar meu orgulho, no entanto.
Kelley me aconselhou a ter certeza de que estava lá pelo
motivo certo. Respostas. Possivelmente encerramento. Jurei
que estava. Esperar me deu muito tempo para ter esperança
de saber o que ele estava fazendo. Assim como um mês sem
Graham havia me mostrado o melhor e o pior que eu poderia
ser.
Não queria mais ficar com raiva. Não queria acordar
todas as manhãs me perguntando onde estaríamos se tivesse
feito as coisas de forma diferente. Queria retirar todas as
mensagens desagradáveis que deixei para Graham, ou que ele
dissesse que sabiamente as deletou, sem ouvir.
Irrealista e egoísta, mas impossível de negar, era a
esperança que tinha em meu coração de que quando o visse
diria algo tão perfeito que me encontraria mais uma vez em
seus braços, sua cama, seu coração.
O que pareceu uma eternidade depois, ele abriu a porta
novamente vestido com uma camiseta e calças de jogging.
—Entre.
Entrei e dei uma olhada rápida ao redor. Era
definitivamente o apartamento de um homem de sucesso,
móveis escuros, carpete escuro, moderno. Havia uma mulher
na outra sala? Não sabia como lidaria com isso se alguém
saísse de seu quarto. Cruzei meus braços sobre meu peito.
—Este é um momento ruim?
Graham colocou as mãos no bolso e balançou a cabeça.
—Ia ligar para você.
—Você ia?
Ele passou a mão pelo cabelo.
—Sair do jeito que fiz foi uma coisa idiota. Eu sei. E sinto
muito.
Ele não parecia arrependido. Ele estava com raiva.
Impaciente. E ele parecia mais tenso do que já o tinha visto
antes. Onde estava o Graham que amava? Aquele que sempre
trouxe um sorriso ao meu rosto?
—É isso?
—O que você quer que diga?
—Quero que você me diga por que você saiu enquanto
ainda estava dormindo. Porque você não respondeu uma das
minhas mensagens desde então. — O tempo tornou-se
elástico, alongando a cada segundo doloroso que esperei por
sua resposta até que não pude segurar meu silêncio. —Diga
algo.
—Não sei o que você quer que eu diga. Sinto muito.
—Que você não está me excluindo da sua vida, — disse
em uma voz estrangulada.
—Não estou. — Suas mãos se fecharam em punhos. —
Tenho algumas coisas que preciso descobrir então vou te
ligar. Prometo. Mas você deve ir.
A bile subiu pela minha garganta.
—Não. Não até você falar comigo. Podemos consertar
isso.
Ele se afastou de mim. —Não faça isso com você
mesma. Não valho a pena.
—Sim você vale. Não te odeio. Poderia te perdoar por
qualquer coisa, Graham, se você me disser o porquê. — Quis
dizer cada palavra. Nossa história de risos e bondade era
uma base sólida, pelo menos em meu coração. —Tudo
aconteceu muito rápido. Você tinha acabado de perder Hope—
Ele se virou, seus olhos brilharam de raiva.
—Não dou a mínima para Hope.
—É compreensível ficar confuso.
—Não estou confuso. E não tente me analisar. Um ano de
psicologia não faz de você uma porra de psicóloga.
— Tenho um diploma de psicóloga, não importa. Você
está obviamente com raiva. De mim? Fale comigo. — Ele
encontrou meu olhar, mas não disse nada. Havia uma parede
entre nós que nunca existiu. Estava desesperada para superar
isso e falar com meu melhor amigo. Peguei meu telefone e abri
minhas fotos. —Fui mergulhar nas Bahamas.
Suas sobrancelhas franziram e ele se aproximou para ver
a foto.
—Não me diga. Estou orgulhoso de você.
Com meu coração batendo descontroladamente no peito,
passei para outra foto. —Esta sou eu saltando de paraquedas
na Califórnia. — Sua expressão era tensa e dolorida, muito
parecida com a sensação do meu peito. — Fiz quase tudo na
lista, mas deixei um pouco para fazer com você. Não posso
deixar você continuar sendo um maricas quando se trata de
nadar com peixes-boi.
Ele quase sorriu com isso, mas então sua expressão
escureceu novamente.
—Sei que te machuquei, Amendoim.
Aproximei-me e passei para fotos minhas fazendo rafting
e depois em um Skycoaster.
—Você não fez. Você me desafiou e cresci com isso. Você
não é ruim para mim, Graham. Veja. — Tentei entregar meu
telefone a ele.
Ele deu um passo para trás.
—Vá para casa, Lauren.
Avancei. —Não até que saiba que você está
bem. Estamos bem. Ainda somos amigos? Você me odeia? O
que posso fazer para melhorar isso? — Seu rosto ficou branco.
—Não quero você aqui. O que tenho que fazer para você
me ouvir?
—Você não quis dizer isso.
—Eu quis.
—Oh. — Fiz o que jurei que não faria: comecei a chorar.
Ele agarrou meus braços e me puxou para um beijo
dolorido e raivoso que não entendi. Me afastei e ele me
soltou. Minha mão foi para meus lábios macios e balancei
minha cabeça enquanto recuava.
—Lauren, — ele disse em um tom torturado.
Recuei pela sala, sabendo que tinha que sair. Ele não me
deu escolha. Não tinha medo dele porque ele era Graham, mas
não estava me comunicando com o homem que
amava. Ele estava obviamente trancado no corpo do homem
que não entendia. O Graham que conhecia não queria sair e
falar comigo. Mas pelo menos tentei.
—Está tudo bem, — disse por que não sabia mais o que
dizer.
As coisas não estavam bem, mas teria que viver com sua
decisão de alguma forma.
—Não, — ele disse enquanto avançava para a porta
comigo. —Não está.
CAPÍTULO 21
GRAHAM

Seis Anos Atrás…

Não saberia como era solitário estar em um hospital por


conta própria poderia ser.
Mas então, nunca tinha estado em um hospital antes,
sozinho ou com outra pessoa. Pela primeira vez na minha vida,
estava duvidando se poderia ou não nunca alcançar meus
objetivos de vida.
Não ia acontecer assim.
Iria perder tudo o que era importante para mim.
Estava inquieto, mas sabia que não teria alta, então
peguei minha carteira da mesa de cabeceira e folheei até
encontrar meu trevo de quatro folhas de Lauren.
Apertei em minha mão, desejando poder falar com
ela. Talvez ela pudesse me ajudar a descobrir tudo isso, mas
estava com vergonha de dizer a ela ou a Jack.
Amendoim olharia para mim. O que diabos ela pensaria
de mim agora?
Peguei meu celular e olhei para sua mensagem de texto
mais recente:
Lauren: Você está bem? Não tenho notícias suas há
algumas semanas.
Acontece que ela era muito boa em me ajudar com a
minha faculdade, cursos também, e estávamos nos
comunicando por telefone ou mensagem de texto desde que
deixei o Colorado, há mais de um ano. Com vídeo e áudio, ela
ainda me deu aulas, ajudando-me a manter minhas notas
altas.
Porra! Queria falar com ela. Queria falar com
Jack. Queria que alguém me dissesse que tudo ficaria bem,
mesmo que minha vida inteira estivesse caindo em cima da
minha cabeça.
Finalmente mandei uma mensagem para ela.
Graham: Estou bem. Apenas ocupado. Ligo para você
assim que puder.
Era um mentiroso do caralho e odiava pessoas que não
diziam a verdade. Mas agora estava me tornando um daqueles
mentirosos que odiava.
Estava me tornando um monte de coisas que odiava e não
queria chegar lá. Tive sonhos. Tinha objetivos de merda.
Queria controlar minha vida, mas não estava
conseguindo agora.
Agarrando o trevo de quatro folhas com mais força, fechei
os olhos. Tentei imaginar o rosto de Lauren, e a visão veio
imediatamente. Podia ver seu cabelo loiro brilhante e
características curiosas em minha mente, e isso abafou alguns
dos outros ruídos que estava ouvindo.
O que ela me diria agora se soubesse a verdade?
Ela provavelmente iria chutar minha bunda e me dizer
que nada poderia me impedir de ter sucesso, exceto... eu
mesmo.
E ela estaria certa. Estava por minha conta agora, mas
me sentia impotente para mudar minha situação. O que
diabos poderia fazer quando não pudesse me ajudar ou obter
o controle do meu próprio corpo?
Olhei para o meu telefone enquanto zumbia sua resposta.
Lauren: Estou tão feliz que você está bem. Estou aqui se
precisar de mim. Falo com você quando tiver tempo disponível.
Precisava dela como amiga, mas com certeza não estava
ligando para ela ou Jack. Não queria que eles soubessem na
bagunça que estava no momento.
Deixando meu telefone de lado, deixei a imagem
reconfortante de Lauren ficar no fundo da minha mente
quando abri meus olhos. Pareceu ajudar.
—Graham? — Uma voz profunda perguntou do lado da
cama.
Olhei para cima para ver meu médico pendurado ao meu
lado. Ele era de meia-idade e não era ameaçador em sua
abordagem. Mas estava preocupado de qualquer maneira.
O médico tinha a capacidade de fazer ou destruir minha
carreira.
—Precisamos conversar, — ele disse, sua expressão
quase ilegível.
Não larguei meu trevo de quatro folhas quando ele
começou a explicar o que havia acontecido comigo e por que
poderia nunca mais jogar futebol.
CAPÍTULO 22
GRAHAM

O Presente…

Lauren estava abrindo a porta, e sabia que ela


provavelmente correria como se sua bunda estivesse pegando
fogo.
Não era como se não soubesse que estava sendo um
idiota, mas minha necessidade de tirá-la do meu condomínio
era meu maior objetivo. Ou era... até que ouvi sua respiração
engatar quando ela abriu a porta, fazendo um barulho de
choramingo que parecia muito como se ela estivesse com dor.
—Porra! — Rosnei, e então bati minha mão na porta
acima de sua cabeça, fazendo-a se fechar com ela ainda dentro
do meu apartamento.
—Não posso fazer isso. Não posso fazer isso, — disse
enquanto apoiava meu peso na porta, interrompendo sua
fuga. Minha respiração estava audivelmente irregular
enquanto a mantinha presa comigo.
—Apenas me deixe ir, — Lauren exigiu com um pequeno
soluço. —Já fiz papel de idiota. Gostaria de salvar um pouco
do meu orgulho.
Coloquei minhas mãos em seus ombros e a virei. As
lágrimas escorrendo por suas bochechas açoitaram meu
coração.
Ela foi tão corajosa, tentando completar todos os desafios
que dei a ela, mesmo que ela não tivesse nada para realmente
provar. Ela era perfeita pra caralho. E estava sendo o maior
covarde do mundo.
Finalmente, respondi com os dentes cerrados: —Não
posso deixar você sair assim. Você está chateada. Você não
deve dirigir quando não consegue se concentrar
completamente no que está fazendo.
—Estou bem—, disse ela com raiva. —Acabei de perceber
que me importo com um cara que não dá a mínima para
mim. Meu erro. Queria algum tipo de encerramento, já que
tivemos o melhor sexo da minha vida, mas isso não importa
mais.
Sempre amei sua tenacidade, mas sabia que isso a
colocaria em problemas eventualmente. Só não imaginei que
me envolveria.
—Você não entende. Me importo.
Ela me olhou duvidosa. —Sem ofensa, mas seu
comportamento diz de forma diferente.
Tive que me esforçar para não a tocar, para não enxugar
cada lágrima de seu rosto.
—Não sou um homem no qual vale a pena colocar suas
emoções, Lauren. Nunca serei. — Ela empurrou meu peito e a
deixei passar por mim.
—Tudo bem—, disse ela em uma voz cortada. —Então me
deixe sair. Não pretendo incomodar você de novo.
Me virei e encostei na porta. —Não quero deixar coisas
assim. Nunca quis te machucar.
—Você nem sempre consegue tudo o que deseja—,
respondeu ela amargamente.
—Você não tem que me dizer isso, — murmurei, tentando
conter minha raiva. —Aprendi essa lição há muito tempo.
Ela cruzou os braços sobre o peito.
—Já que nunca mais vamos nos ver, por que você
simplesmente não me diz por que foi embora. Diga por que
você não conseguiu nem mesmo falar comigo de novo. Foi tão
ruim para você? Você ficou desapontado?
Merda! Isso me irritou. Odiava quando ela dizia algo
depreciativo sobre si mesma ou mesmo insinuava que ela não
era boa o suficiente.
—Você sabe muito bem que não foi ruim. Foi o melhor
sexo que já tive também. — E tive muito sexo para comparar
naquela noite, e nenhuma dessas experiências, mesmo em
comparação com a noite que passei com Lauren.
—Então, você sempre foge quando tem um ótimo
orgasmo? — ela perguntou sarcasticamente.
—Eu tinha que ir, — disse a ela. —Nunca deveria ter
tocado em você. Você era um dos meus melhores amigos. Um
dos meus únicos amigos.
—É sua escolha terminar esse relacionamento, — ela
retrucou. —Você deixou perfeitamente claro que se arrepende
do que aconteceu.
—Não me arrependo—, respondi com veemência.
—Mas você não quer que aconteça de novo—, ela
rebateu.
—Não pode acontecer de novo—, disse.
—Por quê? — ela pressionou.
Minhas mãos estavam começando a tremer de frustração
reprimida, então deixei cair meus braços para os lados e cerrei
meus punhos, tentando me controlar antes que perdesse o
controle.
Queria tanto tocar Lauren que doía fisicamente.
—Diga-me, — ela pressionou.
—Não posso, — disse rispidamente.
—Você não vai, — ela corrigiu. —Você pode fazer o que
quiser. Você sempre pode me dizer qualquer coisa. O que
aconteceu com isso? O que aconteceu com a gente?
—Nunca te contei tudo, — disse asperamente.
—Eu sei, — ela respondeu simplesmente. —Mas essa foi
sua escolha também. Jack e eu teríamos ouvido se você
quisesse conversar. Sempre estivemos lá para você.
Já tinha perdido Jack e ia perder Lauren também. Meu
coração estava tão pesado que não me importava mais com
meus segredos. Não importava o que alguém pensasse de mim,
porque estava prestes a perder a melhor amiga que já tive, tudo
para manter meus malditos segredos.
Lauren provavelmente me odiava agora, e não a
culpo. Talvez fosse melhor contar a ela, e então ela entenderia.
Era muito mais gentil para ela saber que não a estava
rejeitando. Precisava parar de ser tão egoísta, de tentar me
proteger, e deixá-la ver quem eu realmente era. Ela precisava
entender por que uma mulher como ela nunca poderia estar
com um cara como eu. Se ela já pensava o pior, o que
importava mais?
As duas pessoas de quem mais gostava não estariam na
minha vida no futuro. Não tinha absolutamente nada a perder.
Empurrei a porta e entrei na sala de estar, mais confuso
do que jamais estive em minha vida. Sabia que Lauren tinha
me seguido quando me sentei em uma cadeira, me sentindo
completamente derrotado.
—Fui embora porque sabia que não era bom para você,
— disse a ela honestamente.
Ela se sentou em uma cadeira na minha frente.
—Acho que essa é minha decisão, — ela disse
calmamente.
—Por que você tem que ser tão teimosa?
—Por que você tem que ser tão idiota? — ela disse em um
tom hostil que nunca tinha ouvido sair de sua boca antes. —
Quem é você para me dizer o que devo fazer? Estou crescida,
Graham. Tomo minhas próprias decisões.
—Então você deveria sair correndo por aquela porta
agora, — ele avisou. —Porque toda vez que te vejo, sempre vou
querer que você fique nua. Não posso voltar atrás. Não posso
fazer o que aconteceu ir embora.
—Não quero que isso vá embora, — ela respondeu
teimosamente. —Não me arrependo do que aconteceu porque
por uma noite, me senti linda. Eu me senti especial, e não de
uma forma estranha e diferente. Me senti desejada. Por que
iria querer que essa experiência fosse apagada como se nunca
tivesse acontecido?
Droga! Também não queria que ela desaparecesse. E
deveria querer isso, mas não o quis.
—Sou um bastardo egoísta, — rosnei.
—No momento, não vou discutir com você sobre isso—,
disse ela secamente. Finalmente olhei para ela e pude ver seus
olhos brilhando com lagrimas. Ela estava chateada e tinha
todo o direito de estar. Foi péssimo que a tivesse fodido e
deixado ela.
—Não tive escolha, Lauren.
—Você teve uma escolha, — ela argumentou. —Ao menos
seja responsável pelo fato de você me machucar.
—Poderia ter machucado você mais se tivesse ficado, —
disse, baixando meus olhos novamente para não poder ver seu
rosto. Estava me matando ver sua expressão de magoa.
Ela levantou.
—Discordo. Não poderia estar mais confuso do que na
cabana. Esperei por você, Graham. Achei que você fosse
voltar. Nunca me ocorreu que você tivesse me deixado lá
sozinha, sem nem mesmo um bilhete, uma mensagem de texto
ou telefonema, porque sempre tive fé em você. Fiquei sentada
lá como uma idiota esperando sua explicação, e ela nunca veio.
Não me mexi. Tinha que deixá-la ir, embora cada célula
do meu corpo quisesse que ela ficasse.
—Adeus, Graham, — ela disse em uma voz baixa e
resignada. Olhei para cima a tempo de vê-la indo embora.
Jesus Cristo! Não poderia deixá-la ir sem uma
explicação. Assim não. Não poderia deixar todos aqueles anos
serem nada. Lauren e Jack salvaram minha vida quando
éramos jovens, e eles foram minha motivação depois disso.
—Espere, — berrei, assim que Lauren estava alcançando
a maçaneta.
Me levantei e cruzei a distância entre nós.
—Fiz isso porque realmente não sentia que era bom o
suficiente para você. E sabia que quando você acordasse,
foderia você de novo. Não posso ficar com você sem querer
mais isso. —Ela congelou, mas não se virou.
—Por que isso é tão ruim? Sei que estávamos entrando
em um relacionamento que nunca tivemos antes, mas queria
que isso acontecesse.
Tive que me forçar a falar.
—Não posso ficar com ninguém, Lauren. Não é você, sou
eu. E sei que algum dia, poderia arrastar você para baixo em
meus problemas, e você não precisa disso. Você merece tudo,
e não posso dar isso a você. — Ela ainda não se virou.
—Todo mundo tem problemas, Graham.
Passei a mão irritada pelo cabelo.
—Não como o meu. A maioria das pessoas não precisa se
perguntar se vai perder a porra da cabeça. Eu sim.
—O que você está tentando dizer? — ela perguntou com
cautela.
Vi seus ombros ficarem tensos, mas ela ainda continuou
de costas para mim.
—Estou tentando te dizer que não estou bem da
cabeça. Não sou normal caralho. Sempre tive problemas, mas
foi só na faculdade que descobri o porquê. Fui diagnosticado
com transtorno bipolar, Lauren. Estava bebendo muito para
tentar fazer isso ir embora, mas não ajudou. Isso me ferrou
ainda mais. Acabei no hospital da universidade depois de ficar
tão confuso que meus colegas de quarto tiveram que me
acolher. Quase perdi minha bolsa por causa disso. Depois que
eles acertaram meus medicamentos, fui capaz de jogar futebol
novamente, mas minhas chances de ser escolhido
profissionalmente não eram muito boas, já que passei dois
anos na porra de uma montanha-russa antes deles
encontrarem a combinação certa de remédios para
mim. Joguei bem no último ano, então consegui ser um
profissional, mas por pouco.
Lauren finalmente se virou quando perguntou: —Por que
você não me ligou quando estava no hospital?
—E dizer o que exatamente? — Perguntei secamente. —
Deveria ter dito a você que perdi tanto a cabeça que precisava
ser hospitalizado para minha segurança e de todos os outros?
—Sim.
—Não poderia. Tinha que ter certeza de que não iria
acabar como minha mãe.
—O que havia de errado com sua mãe?
—Ela era bipolar também, — disse a ela
categoricamente. —Ela não se importou com nada depois que
meu pai foi morto no cumprimento do dever. Ela não tomou
seus remédios e chegou ao ponto em que nem sabia mais que
eu existia. E então, ela cometeu suicídio. Cheguei em casa da
escola um dia e ela estava morta. Ela me deixou em paz,
mesmo sabendo que eu não tinha mais ninguém.
Forçando-me a ficar dormente, me afastei de Lauren e
voltei para a sala, com a certeza de que, depois da minha
confissão, ela não iria me seguir.
Com isso, a verdade forçaria Lauren a se afastar, assim
como queria.
CAPÍTULO 23
GRAHAM

— Você não é louco, Graham, — Lauren disse


suavemente enquanto se sentava na cadeira que ela
desocupou momentos antes, o que me surpreendeu
profundamente. —O transtorno bipolar é uma doença. Algo
que não está funcionando bem no seu cérebro e provavelmente
é hereditário. Não é diferente de ter qualquer outro distúrbio
médico.
Soltei uma gargalhada amarga. —Você não tem que me
dizer a definição clínica. Acredite em mim, já a sei.
—Gostaria que você tivesse me contado, — ela disse
melancolicamente. —Jack e eu poderíamos ter ajudado. Teria
encontrado uma maneira de ir para a Costa Leste para ficar
com você se soubesse disso quando estava acontecendo. Sinto
muito pela sua mãe. E sinto muito pelo seu pai. Você nunca
pareceu querer falar sobre seus pais.
Agora que havia revelado meu maior segredo, queria
contar toda a história.
—Ele era um SEAL da Marinha. Ele morreu em
ação. Depois que ele morreu, minha mãe ficou tão perturbada
que parou de tomar seus medicamentos. Eventualmente, ela
perdeu contato com a realidade e seu único filho. Cheguei em
casa um dia da escola e ela estava morta. Ela deu um tiro na
cabeça com uma das armas do meu papai.
—Oh, meu Deus, — Lauren disse com um suspiro. —
Você a encontrou? Isso deve ter destruído você.
Olhei para cima e encontrei seus olhos com cautela
enquanto assinto.
—Por anos, me perguntei se era minha culpa. Senti que
se a tivesse ajudado mais, talvez não tivesse acontecido. Se ela
me amasse mais, ela teria ficado comigo. Eventualmente,
comecei a esquecer os dois. Talvez quisesse esquecer. Quando
conheci Jack na escola, já tinha passado por todos os parentes
que tinha e já tinha várias famílias adotivas. Ninguém queria
um garoto louco e bravo.
—Você não é louco, — Lauren repetiu. —Você tinha
sintomas quando criança? O transtorno bipolar geralmente
não é diagnosticado até que a pessoa afetada seja um adulto.
Não vi pena no olhar reconfortante de Lauren. Tudo o que
vi foi... compreensão.
Finalmente respondi: —Você sabe que fui diagnosticado
com TDAH quando criança, mas meu médico acha que
provavelmente foi a manifestação precoce do transtorno
bipolar. Ser mal diagnosticado acontece muito.
—O que aconteceu na faculdade? — ela perguntou, seus
olhos fixos no meu rosto.
Dei de ombros. —Exatamente o que disse a você. Tive
episódios maníacos seguidos de perto por depressão
bipolar. Aconteceu várias vezes, mas lutei contra isso. Queria
ser alguém, e perder minha maldita cabeça não fazia parte do
meu plano. Mas acabei descobrindo que minha vontade não
poderia lutar contra minha doença. Tive de pedir ajuda. Não
tinha escolha. Tive a sorte de estar em uma universidade que
tinha muitos estudos em andamento sobre o transtorno
bipolar e bons médicos. Demorou alguns anos, mas eles
finalmente me estabilizaram.
—Você não perdeu o contato com a realidade desde que
estava no hospital?
Balanço minha cabeça. —Não. Mas a possibilidade está
sempre lá, e isso me assusta pra caralho. Não quero arrastar
ninguém comigo, especialmente você ou Jack.
—Pode acontecer, — Lauren admitiu. —Mas não
aconteceu. Você foi tratado jovem, e há estudos que mostram
que o tratamento precoce pode ajudá-lo a se manter estável.
— Ela respirou fundo antes de continuar: —Ninguém pode
dizer o que o futuro reserva, Graham.
Meu queixo estava tenso, meu corpo tenso quando
respondi: —É por isso que não quero ficar com ninguém. Não
posso ficar com ninguém. Não sei o que diabos vai acontecer.
—Ninguém pode prever o futuro. Coisas ruins acontecem
às vezes e não temos controle sobre esses episódios. E quanto
a Hope? — ela perguntou.
—Ela é tão fodida quanto eu em muitos aspectos, então
nos entendíamos—, expliquei. —Tive que dizer a ela, mas ela
não se importou. As aparências significavam mais do que a
realidade para ela, e ela queria se casar com um jogador da
NFL. Se tivesse um episódio, ela não se machucaria. Ela era o
que precisava.
—Não. Ela é o que você achou que merecia —, disse
Lauren em lágrimas.
Abri minha boca para negar sua observação, mas fechei
novamente. Ela estava certa. Me conformei com Hope porque
ela era segura para mim.
Sem emoções reais. Sem dor real.
Mas isso não mudou o fato de que não poderia estar com
alguém que se importasse comigo. Nunca saberia se e quando
perderia o controle e as coisas que poderiam acontecer durante
um colapso poderiam destruir vidas.
—Isso não aconteceu, Graham, — Lauren disse como se
ela estivesse lendo minha mente.
—Isso não significa que não vai—, respondi com firmeza.
—É um medo muito real—, reconheceu Lauren. —Mas
você não pode permitir que essa possibilidade mude sua
vida. Os medicamentos podem ser trocados se isso acontecer.
—Essa coisa toda mudou minha vida, — rosnei. —Um dia
estou na faculdade com uma bolsa de futebol com uma boa
chance de me tornar profissional, e no dia seguinte estou na
porra do hospital tentando me lembrar o que diabos fiz na noite
anterior em uma festa.
—Você não deveria ter passado por isso sozinho, —
Lauren disse com uma pitada de repreensão.
—Era melhor assim. Não queria que ninguém de quem
gostava me visse assim.
Lauren me via como um herói. A última coisa que queria
que ela visse era eu tagarelando como um idiota em uma cama
de hospital.
Honestamente, fiquei muito surpreso por ela ainda estar
sentada no meu apartamento como se não tivesse acabado de
dizer a ela que estava fodido.
—Melhor para você, talvez, — ela meditou. —Mas teria
preferido saber, para que Jack e eu pudéssemos estar lá para
ajudá-lo a superar algo que deve ter sido assustador.
—Estou bem agora—, disse, querendo parar de falar
sobre a minha condição. —Agora que os médicos me deram os
remédios certos, e continuei fazendo acompanhamento, estou
jogando a melhor bola da minha vida. Tento evitar todos os
gatilhos. Como bem, me exercito. Tento ficar longe de qualquer
coisa que altere a mente. Consegui até aquela noite na cabana
em que decidi beber mais cerveja do que deveria. Não que
tenha tanta certeza de que não teria feito a mesma coisa sóbrio.
—Por que você não atendeu minha ligação depois de
nosso tempo na cabana? — ela perguntou, parecendo
vulnerável.
—Achei que seria melhor se apenas terminássemos.
Sabia que se falasse com você de novo, nunca iria querer
desistir de você. — Hesitei antes de acrescentar: —Estava
sendo um covarde.
—Sei sobre sua doença mental agora, — ela apontou. —
E não estou fugindo.
—Então tenho que assumir que você está enlouquecendo
também.
—Não tenho medo de você, Graham—, disse ela,
levantando-se.
Meu peito doeu, sabendo que ela iria embora. Mas não
poderia dizer que a culpava.
—Você conseguiu o seu encerramento? — Perguntei
bruscamente.
Ela se moveu até ficar na minha frente e então se abaixou
para sentar-se sobre os calcanhares. Pegando minha mão, ela
murmurou: —O que acontece entre você e eu é sua
decisão. Tenho que sair do estado por causa da minha nova
oportunidade de um emprego, mas estou com meu telefone
celular. Você pode me enviar uma mensagem se ainda quiser
minha ajuda com a precisão do seu braço de arremesso. Ou se
você só precisa conversar.
Senti como se alguém tivesse aberto meu peito e estivesse
arrancando meu coração com garras muito afiadas.
—Por quê? Me diz por que você ainda quer me ver
novamente depois do que fiz com você. —Suas sobrancelhas se
franziram.
—Porque entendo que você foi motivado pelo
medo. Entendo que você não quer me machucar, mas se você
quiser continuar meu amigo, você tem que ser honesto comigo
de agora em diante. Estou farta de contos de fadas. Não
preciso que meus amigos sejam perfeitos. Só preciso que eles
me digam quem eles realmente são.
—Mesmo agora, quando você sabe que eu poderia chegar
ao fundo do poço? — Perguntei rispidamente, minha garganta
ficando seca de repente.
Ela bufou. —Eu poderia ir para o fundo do poço,
também. E não tenho transtorno bipolar.
—Não sei se posso ser apenas seu amigo, Lauren.
—Acho que isso é tudo que qualquer um de nós pode lidar
agora, — ela disse com um suspiro. —Tenho que confiar que
você não vai fugir, e isso vai levar tempo. Você precisa se
concentrar em estar bem e jogar futebol.
Meu coração disparou quando perguntei: —Você
realmente fez todas essas coisas da lista? —Ela sorriu
fracamente.
—Tenho as fotos para provar isso.
—Mas não as vacas do mar?
—Não. Foi uma das coisas que salvei porque esperava
poder fazer isso com você. Você me prometeu uma viagem para
a Disney.
Devia a ela muito mais do que uma viagem para a
Flórida.
—Obrigado pela compreensão, — disse com voz rouca. —
Sinto muito. Sobre tudo.
Lauren lentamente se levantou.
—Obrigado por confiar em mim.
Levantei. —Eu sempre confiei em você, — disse a ela. —
Acho que simplesmente não confio em mim.
Provavelmente nunca haveria um dia em que não
acordasse normal e estivesse muito grato por ter passado outro
dia sem ultrapassar o limite.
Quando ficamos cara a cara, tirei seus óculos, limpei as
lentes com minha camiseta e coloquei-os novamente. —Tenha
cuidado em sua viagem.
Ela acenou para mim e depois se virou para sair.
Corri para a porta, pegando-a do jeito que tinha feito
quando ela queria sair antes.
—Lauren, eu...
Ela se virou e rapidamente colocou os dedos em meus
lábios.
—Não diga mais nada. Basta pensar na minha oferta. Se
não tiver notícias suas, presumo que decidiu encerrar nossa
amizade, mas pelo menos terei meu encerramento. Sou grata
a você por isso.
—Você mudou, —observei. Não tinha certeza do que
tinha acontecido com ela desde que a deixei dormindo na
cabana, mas ela estava diferente, mais confiante.
O comportamento autoconfiante combinava com ela.
—Talvez fosse apenas a hora de crescer, — ela disse
enquanto se virava e abria a porta.
Ela deixou meu apartamento em silêncio, sem dizer outra
palavra enquanto passava pela porta.
Fechei atrás dela, sentindo como se um enorme peso
tivesse sido tirado de meus ombros.
Ela sabia, e isso não mudou a maneira como ela se sentia
por mim. Podia ver o mesmo olhar em seus olhos que ela
sempre tinha quando estávamos juntos.
Por alguma razão, ainda era seu herói.
Lauren se importava, e a machuquei muito. Não podia
esperar que ela simplesmente me aceitasse de volta como
amigo. Precisava me provar para ela.
Mas ela estava disposta a me dar outra chance.
A bola estava do meu lado e sabia que iria tirar vantagem
disso. Eu não era o tipo de cara que desperdiçava uma boa
oportunidade, mas desta vez, estaria jogando em algo muito
mais importante para mim do que o futebol.
E não planejava perder.
CAPÍTULO 24
LAUREN

No dia seguinte estava no meu quarto na minha mesa


infância olhando para o meu pacote de contratação do
Instituto Jeffersonian. Jack bateu na minha porta, embora ela
estivesse aberta —Posso entrar?
Fechei o fichário antes de responder. —Claro.
Não tinha visto Jack pessoalmente desde Aspen. Ele
ainda estava na minha lista de merdas, mas também era meu
único irmão. A ideia de perdê-lo assim como a Graham era
inquietante.
Ele se sentou na beira da minha cama e apoiou os
cotovelos nos joelhos.
—Hope e eu terminamos.
Fiquei tentada a comemorar, mas não o fiz. Papai me
disse várias vezes que nunca tinha visto Jack se comportar da
maneira que ele fez recentemente.
—O amor torna os homens estúpidos às vezes—, ele
disse.
Poderia ter dito a ele que não era uma doença
exclusivamente masculina. Não importa quantas vezes
Graham me afastou, não importa o que meu cérebro racional
me disse, meu coração se recusou a desistir dele. Então,
realmente, poderia julgar Jack por seguir seu coração?
—Lamento ouvir isso.
—Na verdade, ela terminou comigo.
Se ele estava procurando por pena de mim, não tinha
nenhuma para ele. Ainda não. Coloquei a mão no quadril e
simplesmente olhei para ele.
Seus ombros caíram para frente.
—Ela já estava namorando alguém novo.
—Chocante.
—Pensei que ela era a única. Sou um idiota do caralho.
— Mudei-me para sentar ao lado dele.
—Sim, você é. — Ele balançou a cabeça com um sorriso
triste.
—Papai disse que você viu Graham. Como ele estava?
—Pensei que você não se importasse mais com ele.
—Você sabe que não quis dizer isso. Estava com raiva.
—Você não tinha o direito de estar. Você mereceu aquele
soco.
—Eu sei. Sinto como se alguém tivesse me estripado.
Nada importa agora. Nem meu novo emprego. Nada. O que há
de errado comigo? Por que fiz isso?
Suspirei e me lembrei de algo que Kelley disse uma vez
sobre aconselhamento de casal.
—A maioria das pessoas não se propõe a machucar
ninguém. As traições começam como pequenos lapsos de
julgamento. Como uma pessoa casada que vai ao bar todas as
noites sem o cônjuge. Com base puramente na probabilidade
estatística, eventualmente eles encontrarão alguém que os fará
dar uma segunda olhada e depois rir ou ansiar. Não acho que
você planejou separar Hope e Graham. Conhecendo você, no
início você estava apenas tentando ser legal com ela. Vocês
dois clicaram. Isso levou a... bem, sabemos onde isso levou.
—Parecia real, sabe? Quando estava com ela, nada mais
importava. Meu cérebro sabia que estava errado, mas meu
pa... meu coração tinha outros planos.
Entendo totalmente esse sentimento.
—Estou feliz que você esteja arrependido. Não estou feliz
que você esteja triste ou que Hope tenha te deixado, mas senti
como não te conhecesse quando você estava com ela.
—Eu não me conhecia.
Ficamos em silêncio por um longo tempo. Não sabia mais
o que dizer e parecia que Jack se sentia da mesma
maneira. Depois, ele perguntou: —Graham está bem?
Era uma pergunta simples que, se respondida
honestamente, exigiria uma resposta complicada. Graham
compartilhou um lado de si mesmo comigo que nunca pensei
que ele tivesse compartilhado com Jack. Não teria parecido
certo divulgar o que soube. Um dia, se Graham quisesse que
ele soubesse, ele contaria em seu próprio tempo e nos seus
termos.
Como estava Graham? Ele procurou tratamento cedo e
estava mantendo um estilo de vida para sustentá-lo. Se ele
continuasse nesse caminho, não haveria razão para acreditar
que não conseguiria ter sucesso tanto no futebol quanto na
vida pessoal. Boa comunicação com alguém que entendia os
desafios que enfrentaria e que poderia apoiá-lo se ele
vacilasse. Os medicamentos às vezes exigiam ajustes, mas se
ele permanecesse proativo, estaria mais do que bem.
Eu? Ainda sentia que tudo que me importava era areia
escorregando entre meus dedos. Como pude ser tão
amplamente aceita como inteligente e me senti tão perdida
quando se tratava de saber o que fazer a seguir?
Eviscerada. Sim, Jack havia descrito exatamente como me
sentia.
—Ele está melhor do que eu. Sinto falta dele.
—Eu também. Não acreditava que Graham realmente a
amava. Sabia que ela não o amava. Ela não consegue amar,
mas olhava para mim como se pudesse. Me sinto ainda pior
sabendo que baguncei sua amizade com Graham também. Se
pudesse voltar atrás e desfazer, eu o faria.
Olhei através da sala para minha colagem de nós três ao
longo dos anos. Nunca, jamais imaginei que isso acabaria.
—Não foi só você. Estraguei tudo também.
—Você dormiu com Graham?
Ele não parecia chocado, então não neguei.
—Achei que era nossa chance de finalmente ficarmos
juntos. Fui tão estúpida quanto você. Corri para ele e tudo se
desfez. Não somos amigos agora. Não sei o que somos.
Jack colocou o braço em volta dos meus ombros.
—Você sempre teve uma queda por ele.
—Sim.
—Sinto muito, Lauren. Sei o quanto é uma pena amar
alguém que não sente o mesmo. —Suspirei.
—Você se lembra quando ele trouxe seu par do baile aqui
para que papai pudesse tirar fotos deles? E você derramou seu
leite com chocolate no vestido dela?
—Por acidente, — defendi, mesmo quando a memória
trouxe de volta sentimentos nostálgicos e calorosos.
—Certo. Essa história pode ter funcionado com papai e
Graham, mas vi você mostrar o aparelho para ela antes de
tropeçar. Você queria mordê-la.
—Nunca mordi e nunca morderia ninguém. — Lembro-
me de odiar que o corpo perfeito e as características de seu par
naquela noite me fizeram pensar se éramos da mesma
espécie. Me perguntei como me sentiria se fosse confrontada
com aquele cenário novamente. Estar com Graham me
ensinou tanto sobre mim quanto sobre ele. Já não me achava
feia. À minha maneira, eu era linda. E corajosa. E resiliente.
Jack riu e depois ficou sério.
—Você é humana. Como eu. Assim como Graham. Você
se lembra de quando tinha treze anos e tinha uma queda por
um geek da escola?
Parecia outra vida, mas me lembrava vagamente.
—Sim, Steven Bins. Ele me convidou para sair, então ele
me deu um bolo. — Jack sorriu.
—Oh, ele apareceu, mas Graham e eu concordamos que
você era muito jovem para namorar. Estávamos jogando bola
no jardim da frente. Graham e eu fizemos algumas perguntas
a ele, apenas para ter certeza de que estávamos todos na
mesma página sobre como ele se comportaria com você, e ele
se irritou quando Graham descreveu exatamente o que
aconteceria se ele tocasse em você.
—Oh, meu Deus, ele não fez isso.
—Foi muito hilário.
—Por que você não disse nada? Você me deixou acreditar
que fui largada. — Balancei minha cabeça. —Não admira que
Steve nunca mais tenha me olhado nos olhos. Achei que ele
tivesse mudado de ideia sobre gostar de mim.
—Não, ele se mijou como um menino de cinco
anos assustado e provavelmente ainda está fazendo terapia
por causa disso.
—Isso não é engraçado.
Jack inclinou a cabeça para o lado e mediu alguns
centímetros no ar.
—Nem um pouquinho? — Balancei minha cabeça. Jack
encolheu os ombros.
—Só estou dizendo que nenhum de nós é perfeito. Talvez
seja por isso que todos nos damos tão bem.
Sorri com relutância e apertei o ar.
—Estou muito menos fodida do que você.
Jack balançou a cabeça e mostrou uma seção menor de
nada.
—Este tanto, se muito.
Assim como Jack e eu estávamos de volta. Levei um
momento para absorver isso. Meu irmão pode ser a ruína da
minha vida. Com o passar dos anos, ele costumava ser o
motivo pelo qual entrava no meu quarto e batia a porta. Mais
tarde, porém, sempre compensamos porque havia um lado
melhor dele, este lado. Sabia que ele me amava e sabia que ele
amava Graham.
Jack se levantou.
—Papai está fazendo o jantar. Você vai descer?
Olhei para o fichário na minha mesa. Ainda tinha tempo
antes de meu trabalho começar, mas pensar sobre o extenso
processo probatório era uma fuga bem-vinda que não estava
pronta para deixar de lado.
—Não sei.
Jack pegou um dos meus travesseiros e bateu no meu
braço com ele.
—Você não vai ficar no seu quarto. Vamos. — Peguei o
travesseiro dele e joguei nele.
—Não me diga o que fazer.
Ele me bateu com o travesseiro novamente.
—Levante-se. — Quando me levantei, ele disse: —Você vai
ficar bem.
—Eu sei. — Abracei o travesseiro contra o peito. —Vai
levar tempo, no entanto.
—Tudo que vale a pena leva tempo.
Joguei o travesseiro de volta na cama.
—Pare. Espere. Pegue um calendário. Você acabou de
dizer algo que pode ser considerado maduro? Preciso
documentar essa anomalia.
—Diz a mulher que ainda dorme com um ursinho de
pelúcia. — Ele ergueu um bicho de pelúcia da minha cama e
acenou na minha cara.
—É melhor do que sua coleção de filmes pornô em VHS.
— Peguei o urso dele e joguei um travesseiro nele. Ele jogou de
volta.
Papai colocou a cabeça na porta do meu quarto.
—Ainda tentando matar um ao outro. Parece que as
coisas voltaram ao normal. Quem está com fome?
CAPÍTULO 25
LAUREN

O som do meu telefone tocando me acordou de um sono


agitado. Rolei e verifiquei a hora. Onze e meia. Peguei meu
telefone.
Graham: Você está acordada?
Sentei-me na cama, meu coração disparado enquanto
mandava uma mensagem de volta.
Lauren: Sim.
Meu telefone tocou. —Tenho uma surpresa para você—,
disse Graham.
Gostava de surpresas, mas não tinha certeza se
conseguiria aguentar mais.
—O que é? — Ele deu uma risadinha.
—Se te contasse, não seria uma grande surpresa, seria?
— Deito na minha cama, segurando o telefone no meu
peito. Ele parecia diferente da última vez que conversamos. Ele
não parecia defensivo ou inseguro. Sua voz era um ronronar
caloroso que me fez querer dizer sim para o que quer que ele
tenha planejado.
Quando o deixei, sugeri que começássemos como
amigos. Ele tinha confundido isso com minha oferta inicial de
amigos com benefícios? Não poderia ir lá. Meus sentimentos
ainda estavam muito crus para ser capaz de confiar totalmente
nele, não importa o que uma vez imaginei compartilhar com
ele.
Queria vê-lo de novo mais do que queria respirar, mas
confiar nele mais do que com amizade não funcionou. Não
queria voltar a ser amiga. Não queria ficar sozinha de novo
apenas com perguntas e lágrimas.
Não, sem surpresas.
—Lauren? Você ainda está aí?
Levantei o telefone de volta ao meu ouvido.
—Sim.
—Quero acertar as coisas com você.
Não tinha ideia do que isso significava. Como
amigos? Como amantes? Oh, Deus, queria perguntar a ele,
mas não sabia o que queria ouvir. Precisávamos encontrar o
nosso equilíbrio novamente e isso significaria ir devagar. Mas
e se amizade fosse tudo que ele decidisse que queria? Poderia
estar lá, fingindo estar feliz, quando ele namorasse outra
pessoa? Respirei fundo e decidi que às vezes mais informações
eram necessárias antes de pular.
—O que isso significa?
—Isso significa que você precisa fazer as malas
para férias de quatro dias em algum lugar quente. Vou buscá-
la amanhã de manhã.
—Não, — disse em pânico.
—Quando o seu simpósio começa?
—Duas semanas.
—Então venha fazer uma viagem comigo,
Amendoim. Peguei emprestado o avião de um amigo. Sei que
te machuquei. Deixe-me fazer isso por você. — Ele parecia tão
seguro de si que fiquei cheia de dúvidas. Queria acreditar que
poderia ser tão fácil. Quem não gostaria? Muita coisa
aconteceu, no entanto.
—Graham, não temos que ir a lugar nenhum. Se você
quiser me ver, estou bem aqui na casa do meu pai. Podemos
dar um passeio de bicicleta ou caminhar.
Ele ficou quieto por um momento.
—O que você precisa de mim, Amendoim? Como posso
tornar isso melhor? —Finalmente, o Graham que conhecia.
—Preciso confiar em você, Graham. Ouvi você
ontem. Entendo por que você fez o que fez, mas doeu. Pensei
que éramos inabaláveis. Coloquei tudo lá fora para você e você
se afastou disso. Não sei se você espera que possamos voltar
ou avançar... —Minha garganta se fechou e as lágrimas
brotaram dos meus olhos.
Ele pigarreou. —O que você quer?
Com uma voz grossa, disse: —Não sei se é assim tão
fácil...
—Pensei que ninguém e nada poderia me machucar
novamente, mas saber que machuquei você está me
matando. Quero você na minha vida, Amendoim. Você merece
muito mais do que te dei, e entendo que você precisa de tempo,
mas as coisas serão diferentes desta vez.
—Não sei. — Queria acreditar nele. Queria pular. Mas a
diferença entre aquele momento e o paraquedismo é que já
havia experimentado uma queda feia com Graham. Meus
medos não eram baseados em estatísticas abstratas,
a memória de acordar sozinha e lentamente perceber que ele
me deixou ainda estava dolorosamente clara.
—Eu sei. Não desista de mim. Venha comigo amanhã.
Iremos tão devagar quanto você quiser.
—Quartos separados.
—Feito.
—Sem sexo. — Me senti uma idiota por dizer isso, mas
estava tentando manter um certo grau de controle.
—OK. — Ele concordou facilmente e me chutei por
desejar que ele tivesse feito isso soar mais como uma luta.
Uma centena de perguntas ainda estava rodando através
de mim. Queria ficar feliz em ir a algum lugar com ele, mas
havia incógnitas o suficiente para que meu estômago estivesse
dando voltas nervosas.
—Amendoim?
—Sim?
—Não pense demais sobre isso. Chegamos a um ponto
em que estou jogando uma bola e que preciso deixá-la ir e
confiar que ela cairá no lugar certo.
Poderia ter contestado que com o cálculo correto da
trajetória eliminaria a necessidade de esperança, mas ele não
estava procurando dicas de arremesso. Dei a ele a melhor
resposta que pude. —Vou tentar.
—Você pode fazer as malas amanhã ao meio-dia?
—Sim.
—Vejo você amanhã, então. Boa noite, Amendoim.
—Boa noite, Graham.
Fiquei acordada por um longo tempo depois que
desligamos, olhando para o teto, dizendo a mim mesma que ele
estaria lá no dia seguinte. Odiava duvidar dele, mas disse a
mim mesma para valorizar meus sentimentos tanto quanto
valorizava os dele.
A ciência tentou explicar e quantificar as emoções
humanas, mas não conhecia uma equação que pudesse refletir
a complexidade e fragilidade da confiança ou prever o
resultado quando se tratava de relacionamentos. Sobre esse
assunto, precisava acreditar em coisas que não conseguia
medir.
Não é o meu forte.
O meio-dia do dia seguinte demorou uma eternidade para
chegar, mas quando finalmente chegou, desci para encontrar
Graham conversando com meu pai. Parecia uma conversa
séria, mas não que incomodasse nenhum dos dois. Quando
Graham me viu, ele se aproximou e tirou minha bagagem da
mão.
Ficamos parados olhando um para o outro por vários
longos minutos. A princípio pensei que ele fosse me beijar. Seu
rosto desceu perto do meu e congelei. Parte de mim queria
jogar meus braços em volta dele e me perder naquele beijo,
mas outra parte achava que virar a bunda e correr era o
caminho mais seguro.
Não era mais uma mulher que deixava meus medos
dominarem, então fiquei.
—Preparada? — ele perguntou, sua respiração
aquecendo meus lábios. Eu concordei.
—Graham, — meu pai disse no tom que costumava usar
para me lembrar do meu toque de recolher. —Cuide do meu
bebê. — Quase protestei, mas a sinceridade de seu tom me
impediu.
—Eu vou, — Graham disse e apertou a mão de meu pai.
Abracei meu pai e prometi a ele que ligaria quando
pousássemos. Ele não parecia preocupado, o que significava
que Graham provavelmente disse a ele para onde estávamos
indo. Havia algo reconfortante em meu pai ainda confiar em
Graham.
Graham abriu a porta do passageiro de seu carro para
mim. Deslizei e ajustei meu cinto de segurança. Ele estava ao
meu lado um momento depois, estudando minha expressão.
—Você parece nervosa.
Segurei seu olhar e disse: —Estou.
—Odeio ter colocado esse olhar em seus olhos. — O
tormento dele puxou meu coração.
—Odeio que você tenha passado por tudo o que passou
sozinho. Gostaria de ter sabido. Poderia ter estado lá para
você. — Ele pegou minha mão, colocou-a na coxa e acelerou o
carro.
—Você estava, Amendoim. Você e Jack foram o que me
mantiveram são. Mesmo sem saber dos detalhes, você sempre
sabia quando precisava de um abraço.
Entramos no trânsito.
A tensão no carro era densa e sentia que, se não
encontrasse uma maneira de amenizar, mudaria o clima
vomitando.
—Jack veio ontem à noite.
A coxa de Graham ficou tensa sob minha mão.
—E?
—Nós conversamos. Ele se arrependeu do que fez.
—Ele deveria.
—Como eu, ele provavelmente disse coisas para você no
calor do momento que ele não quis dizer. Ele se preocupa com
você.
Graham mudou de marcha com mais força do que o
necessário.
—Sim, bem, podemos ter diferentes definições do que isso
significa. —Olhei para fora da janela e depois de volta para o
perfil de Graham.
—Não desista dele ainda, também. Fale com ele. Não
agora, se você não estiver pronto, mas mantenha essa opção
aberta. Todos nós cometemos erros.
A expressão de Graham se apertou.
—Sim nós cometemos.
Não era o tom que pensei que minha viagem surpresa iria
tomar e me preocupei em estar trazendo isso para lá.
—Ei, quando você ia me dizer que Steven Bins não me
chutou?
—Quem?
—O cara que você assustou até que ele fez xixi em si
mesmo. Jack me contou o que vocês dois fizeram.
—Oh sim. — Graham sorriu. —Você era muito jovem
para namorar.
—Não cabia a mim decidir?
—Você tinha quatorze anos e era inocente. Nós te fizemos
um favor.
Sorri. —Bem, então devolvi o favor quando derramei
aquela bebida no seu encontro do baile. Não gostava dela.
—Ah há, me perguntei se isso foi mesmo um acidente.
Rimos juntos e foi bom. —Havia algum outro cara que
você assustou? —Seu sorriso era revelador.
—Talvez um ou dois.
—Não admira que tenha sido virgem por tanto tempo.
Suas narinas dilataram e seu peito subia e descia, mas
ele não disse nada. Olhei para baixo e notei sua protuberância
crescendo ao lado da minha mão e me amaldiçoei por
mencionar o sexo. Mesmo que doesse por ele, não queria ir
para lá ainda.
Precisava mudar de assunto rápido.
—Adivinha quem eu vi no supermercado outro dia? Você
se lembra do Sr. Peckerman? Meu professor de latim que você
disse que devia estar usando um pseudônimo porque ninguém
na verdade teria esse sobrenome? Conheci sua esposa e
filhos. Ele a apresentou como Sra. Peckerman e como eles têm
filhos, espero, mas, estranhamente, ele não os apresentou da
maneira que esperava. — Fiz uma pausa para dar ênfase e, em
seguida, brinquei: —Como um punhado de pimentas em
conserva. —. Graham riu.
—Minha mente é muito mais suja do que a sua.
—Por quê? — Perguntei, então entendi. —Oh, meu Deus,
ele tem três pequenos pica-paus agora.
Trocamos histórias engraçadas pelo resto da viagem até
o aeroporto. Quando chegamos, fomos recebidos por um piloto
que pegou nossa bagagem e nos conduziu para o avião
particular.
—Chique, — disse, admirando o interior.
—Privativo,— Graham disse, balançando as sobrancelhas
escandalosamente. Meus olhos se arregalaram.
—Não que precisemos de privacidade. Só pensei que você
poderia não querer uma plateia quando chutar o seu traseiro
nas cartas. — Ele sorriu e relaxou.
Nós nos sentamos frente a frente com uma pequena mesa
entre nós. Eu era uma combinação emaranhada de gratidão e
frustração. Minha mente sabia que era muito cedo. Meu corpo
se lembrava e ansiava por cada centímetro dele. Distraída
como estava, não tinha dúvidas de que ele venceria,
independentemente do jogo que escolhesse.
Destemida, é assim que eu queria viver, mas não sabia o
que isso significava, até Graham. Não queria perdê-lo de novo,
mas não queria que meu medo de perdê-lo fosse a razão de nos
dar uma segunda chance.
Era irreal esperar que a surpresa de Graham nos levasse
onde queria que pousássemos? Poderia deixar ir e confiar
nisso?
CAPÍTULO 26
LAUREN

Várias horas depois, desembarcamos em um pequeno


aeroporto em Crystal River, Florida.
Graham ainda não tinha me dito para onde estávamos
indo, mas a localização era uma dica o suficiente que
adivinhei. A área era conhecida pelos peixes-boi.
Assim que saímos do avião, abracei Graham. Não pude
evitar. Continuar com minha lista era sua maneira de cumprir
uma promessa que me convenci a abandonar.
Ele me segurou com força e beijou minha testa.
—Isso é o que você ganha por me chamar de maricas. É
uma coisa de orgulho.
—Claro que é, —disse contra seu peito forte. Então,
porque estávamos prestes a ir a algum lugar para o qual
nenhum de nós estava pronto, recuei.
—Vamos ver que música você está cantando quando sua
bunda está na água com eles. —
Ele sorriu abertamente.
—Pesquisei o tour perfeito. Vou ficar bem.
Caminhei com ele até o carro que estava esperando por
nós e amei como era fácil ficar novamente entre nós. Era assim
que Aspen seria se não tivesse começado do jeito que
começou.
—Por pesquisa, você quer dizer que perguntou a um cara
sobre este lugar, e o que ele podia comentar.
Graham tentou parecer ofendido, mas simplesmente
sorriu de volta.
—Me pareço com esse comentário.
—Sim, você parece.
Nós deslizamos juntos para a parte de trás do carro e ele
pegou minha mão. Parecia tão natural quanto respirar.
—Eles dizem que este é o melhor lugar para nadar com
eles.
—Eles?
—Você está duvidando de minhas fontes? Meu porteiro
disse que o dentista do vizinho da tia dele fez o tour e foi
incrível.
A coletora de dados em mim estremeceu, mas me recusei
a ceder.
—Isto soa fantástico.
Graham recostou-se e endireitou os ombros como se o
tivesse ofendido, mas havia uma luz divertida em seus olhos.
—Posso dar-lhe o nome da empresa de turismo e você
pode pesquisar... — Ele me deu olhos comoventes, não faça
isso comigo. —Se você quiser matar toda a diversão nisso. —
Joguei minha mão livre e concordei com uma risada.
—Se é bom o suficiente para o dentista do vizinho da tia
do seu porteiro, é bom o suficiente para mim. — Me virei para
olhar pela janela. Era minha primeira viagem à Flórida. A
folhagem exuberante e as palmeiras me lembravam da
Califórnia, mas não estávamos em uma área turística
comercializada como Orlando. Estava ansiosa para verificar a
população, a demografia e a história no meu telefone, mas não
o fiz. Em vez disso, peguei a densidade média de casas, estimei
o número de pessoas que poderiam viver em cada uma de
acordo com o tamanho e adivinhei duas mil, dependendo de
quão precisa era minha memória do tamanho da cidade desde
a época em que vi uma história sobre isso nas notícias. Eles
mencionaram a população? Estava correta? Isso
importa? Sorri quando percebi que não.
—O que você está pensando? — Graham perguntou com
um leve aperto de mão.
Me virei para ele. Com qualquer outra pessoa, teria
mantido meus pensamentos para mim mesma, mas este era o
Graham com quem cresci, aquele que me aceitou do jeito que
eu era. —Estava estimando o número de pessoas em Crystal
River apenas com base no que posso ver. Percebi que meu
palpite pode estar completamente errado, mas não importa. Às
vezes é divertido não saber. Agora entendi. Esta é uma
aventura.
—Exatamente—, ele estudou minha expressão e parecia
que queria dizer mais, mas não o fez.
Paramos em um pequeno hotel perto da água. O
motorista parou antes de entrar no estacionamento e se virou
em seu assento.
—Este é o lugar certo?
Menos que satisfeito, Graham olhou em volta e disse o
nome novamente. Procurei sinais.
—É onde estamos.
O motorista parou no estacionamento próximo ao check-
in.
—Espero que não. —Graham balançou a cabeça. —Tem
que haver algum lugar melhor do que isso. Vamos embora. —
Toquei seu braço, odiando que ele parecesse desapontado.
—Parece bom, Graham. E está bem na água. Não preciso
de nada sofisticado. Vamos tentar. Quão ruim pode ser?
Poucos minutos depois, estávamos parados na porta do
meu quarto. Queria adorar, afinal, estava no modo aventura. A
sala estava quente e cheirava como se algo pudesse estar se
decompondo em um canto. As persianas de uma das janelas
estavam ligeiramente tortas e sob nossos pés havia uma
grande mancha escura.
—Só falta o esboço de um corpo—, brincou Graham.
Fiquei aliviada que ele estava tendo uma resposta
semelhante ao quarto.
—Como você encontrou este lugar?
Um leve rubor subiu nas bochechas de Graham e comecei
a questionar a data recente da última viagem daquele dentista
a Crystal River.
—Aposto que este era um bom lugar cinquenta anos
atrás.
Graham parecia irritado, mas não comigo.
—Porra. Realmente queria que isso fosse bom para você.
O puxei de volta para o corredor.
—Estou bem, Graham. Pareço desapontada? — Ele
encontrou meu olhar.
—Não, mas deveria ter reservado um quarto
no Hilton quatro estrelas a algumas cidades de distância. Meu
porteiro disse que ouviu que você pode ver o peixe-boi direto
do calçadão deste lugar.
Toquei seu rosto suavemente e brinquei: —Aposto que
você vê muitas coisas aqui. — Senti seu sorriso antes de se
espalhar por seu rosto.
—Você merece mais do que isto.
Olhei por cima do ombro. —Tenho certeza que sim, —
respondi, mas estava sorrindo também. —Você acha que o
motorista ainda está esperando por nós?
Graham pegou minha mão e começou a me levar de volta
para o escritório da frente. —Ele não parecia querer que
saíssemos do carro aqui, então tenho certeza que ele está.
Entregamos nossas chaves na recepção para um jovem
que não ficou surpreso com isso. Expliquei sobre o cheiro e a
mancha, mas ele parecia entediado com o assunto antes
mesmo de terminar.
Graham se inclinou para frente. —Amanhã faremos o The
Greatest Manatee Tour. Você ouviu falar? —A atenção do
jovem se animou.
—Com o capitão Sid? —Graham franziu a testa.
—Acho que sim. Fica a alguns edifícios daqui. — O
homem riu como se estivesse contando uma piada particular
que não estava preparado para compartilhar. Então ele ficou
um pouco sério e disse:
—Não faça tudo o que ele diz. Temos leis rígidas sobre
não incomodar os peixes-boi. As pessoas se metem em
problemas por isto. Olhe, não toque e você vai ficar bem.
—Ok, obrigado, — Graham disse e me guiou para
longe. De volta ao carro, pediu ao motorista o melhor hotel
local. Depois de ver o potencial da área, não questionei isso.
Depois de fazer o check-in em um hotel de rede de luxo,
jantamos e ouvimos uma banda ao vivo no bar do andar de
baixo. Nenhum de nós bebeu. Nós rimos. A conversa foi leve e
fácil. Ainda havia coisas que precisávamos resolver, mas
também precisávamos desse alívio.
E foi bom, tão bom.
Até que ele me acompanhou até minha porta e me agarrei
à maçaneta como uma tábua de salvação. Meu corpo zumbia
para o dele e ele parecia igualmente afetado por mim. Teria
sido tão fácil convidá-lo para entrar.
—Boa noite, Graham, —disse enquanto abria a porta
atrás de mim.
Ele se inclinou mais perto.
—Lauren...
Ouvi a fome em sua voz e queimou em mim. Me opus a
isso com uma memória de mim gritando obscenidades em seu
correio de voz. Nunca queria ser aquela pessoa novamente.
—Boa noite, — disse rapidamente e fechei a porta na cara
dele.
Bem na cara dele. Sim, muito maduro.
Encostei-me na porta fechada e o imaginei ainda lá,
esperando que abrisse. Na verdade, ele provavelmente foi
embora, mas fiquei lá por um longo tempo, lutando contra o
desejo de abrir a porta e verificar.
Aqui ou não, precisava manter o curso que escolhi. Nós
tentamos rápido e livres e não funcionou para nós. Graham
não estava proclamando um amor por mim. Ele me queria de
volta em sua vida. Parte de mim se alegrou por saber que era
realmente importante para ele, mas me forcei a encarar que ele
não estava definindo nosso relacionamento. Amigos?
Amantes? Ele ao menos sabia o que queria?
Não tinha mais certeza do que queria. Estar com ele foi
maravilhoso e doloroso ao mesmo tempo. Este era o nosso
novo normal? Fingir que poderíamos voltar a ser como as
coisas eram antes? Não sabia por quanto tempo conseguiria
sustentar isso.
CAPÍTULO 27
LAUREN

Vestidos em roupas de banho por baixo das nossas


roupas, saímos cedo na manhã seguinte. O capitão Sid nos
encontrou em seu escritório e explicou que faríamos mergulho
livre ao lado de sua casa/barco flutuante, perto de onde ele
tinha conhecimento exclusivo de onde muitos peixes-boi se
reuniam nesta temporada. Cada vez que ele se gabava, ele nos
lançava um sorriso de poucos dentes. Disse a mim mesma que
seus hábitos de higiene pessoal não previam necessariamente
sua capacidade de nos guiar com segurança ao longo do
passeio.
Graham e eu trocamos um olhar antes de embarcarmos
em seu barco. Ele estava adoravelmente inseguro e minhas
dúvidas desapareceram. Ao contrário do primeiro quarto de
hotel, adoraria esse passeio, independentemente de como
fosse, porque Graham estava comigo e fazendo isso
exclusivamente para mim.
A água ao redor do barco estava coberta por uma planta
que não reconheci, mas que me lembrava algas marinhas do
oceano. A ideia de nadar nela não era atraente, mas o faria.
—A planta que cobre a superfície é nativa?
— Perguntei. Lembro-me de ter ouvido uma vez que a Flórida,
como muitos lugares nos Estados Unidos, estava
constantemente lutando contra espécies invasoras.
O capitão Sid olhou de mim para as plantas.
—É inofensiva. — Ele pegou um pedaço e enfiou na
boca. —Não sei se é nativa, mas não vai matar você.
Graham e eu trocamos outro olhar e comecei a rir.
—Bom saber.
Graham colocou o braço em volta de mim. Quando o
capitão Sid se afastou para conduzir o barco para longe do
cais, Graham disse: —Vá em frente. Diga! Deveria ter
pesquisado sobre ele também. —Me enfiei em seu lado.
—Que tipo de aventura teria sido então? Isto é
perfeito. Não tenho ideia se vamos nadar ou ser dados aos
peixes-boi por esse cara. É emocionante. —Ele me abraçou
mais forte.
—Peixes-boi não mordem.
—Eles são mamíferos. Existem casos documentados
deles atacando pessoas.
Ele ficou tenso ao meu lado. —Que porra é essa?
—Mas é raro.
Ele resmungou. —Seria muita sorte minha ser lesionado
desta forma antes do início da temporada. Posso imaginar
tentando explicar isso. Abatido por uma porra de uma vaca do
mar. Se você vai me dar de comer a alguma coisa, pode pelo
menos ser algo legal como um tubarão ou um crocodilo?
—Deve haver crocodilos aqui também.
—Fala sério.
Acenei com a mão para o nosso capitão. —Tenho certeza
de que Sid nunca nos levaria a nenhum lugar perigoso.
Graham riu, então riu mais alto. —Estamos tão fodidos.
O passeio surpreendeu a nós dois por ser informativo e
divertido. Vimos uma boa parte da costa do rio e ouvimos tudo
sobre a vida de Sid lá. O que lhe faltava em dentes, ele
compensava com suas habilidades para contar histórias e o
número de familiares locais.
Nós mergulhamos várias vezes. Tentei manter meu foco
cada vez fora de como o corpo de Graham parecia incrível
dentro e fora da água. Na maior parte do tempo, observamos o
peixe-boi à distância, mas durante um mergulho uma vaca do
mar se aproximou de nós com seu bebê. A mãe se manteve a
distância, mas o bebê ficou curioso e nadou embaixo de nós
várias vezes. Estava tão perto que poderia estender a mão e
tocá-lo, mas me lembrei do que o homem no hotel sombrio
tinha dito e não o fiz.
A mãe pareceu aprovar nossa restrição porque permitiu
que seu bebê ficasse e interagisse conosco por um período
significativo de tempo. Fiquei impressionada com o quão bem
Graham lidou com estar perto deles, pelo menos até que um
grande peixe-boi nadou na frente dele e parecia que queria
dançar com Graham.
Não podia culpar Graham por acenar que era hora de
voltar para o barco. O capitão Sid ficou chocado quando lhe
contamos o que havia acontecido. Ele disse que algumas
pessoas esperaram a vida inteira até que um peixe-boi se
envolvesse com elas dessa maneira e que Graham havia
perdido uma oportunidade real.
Nenhum de nós perguntou a ele o que isso significava.
Terminamos o passeio nadando em uma fonte fria, mas
cristalina, que era realmente linda. Sid a parte, estávamos
sozinhos e mergulhávamos repetidamente para explorar. Foi
perfeito.
Muito cedo, Sid anunciou que era hora de voltar para o
barco. Nadei até Graham.
—Diga ao dentista do vizinho da tia do seu porteiro que
ele sabe como fazer uma excursão. Isso foi perfeito.
Graham me puxou para mais perto e meu corpo deslizou
ao longo do comprimento do dele. —Estou feliz que você
gostou.
Oh, gostei disso e da sensação dele contra mim, mas
empurrei um pouco. A única maneira de isso funcionar seria
se fôssemos fisicamente cuidadosos. Era um pouco como fazer
malabarismo com dinamite. Um movimento em falso e
estaríamos de volta onde estávamos em Aspen.
Essa possibilidade era tão emocionante quanto
assustadora. Isso me lembrou que nenhum de nós era quem
éramos antes de Aspen e todo o fingimento do mundo não
poderia mudar isso. Eventualmente, teríamos que enfrentar
isso.
Mas não naquele dia.
Graham tinha me prometido peixes-boi, Disney e um
passeio de bicicleta duplo. Precisava terminar a lista com ele,
embora não fosse capaz de explicar a Kelley por
quê. Racionalmente, não fazia sentido, mas estar com Graham
não era uma decisão que estava tomando com base na lógica
e nos fatos.
Com alguns centímetros de água fria entre nós, olhei em
seus olhos e vi uma confusão semelhante. Mesmo antes de ele
falar, meu coração começou a bater descontroladamente.
—Nós vamos voltar hoje à noite, — ele rosnou.
—Voltar?
—Para Denver.
Meu coração afundou. Sem Disney.
—OK.
—Não me olhe assim.
—Estou bem. Se você quiser voltar esta noite, nós
voltaremos esta noite, — disse, a irritação crescendo dentro de
mim. —É melhor do que você desaparecer no primeiro olhar.
—Você não entende.
Comecei a nadar para longe.
—Agora, isso é algo em que concordamos.
Ele agarrou meu braço para me impedir, mas molhada
como estava, deslizei facilmente para fora de seu alcance.
—Você poderia tentar entender que estou tentando fazer
a coisa certa, Lauren? Poderia simplesmente puxar você para
a minha cama e fazer o que nós dois não podemos parar de
pensar.
Me puxei para cima na escada da casa-barco, brigando
com ele por cima do ombro: —Não, você não poderia, porque
disse que não vamos lá, de novo, não até descobrirmos o que
estamos fazendo.
Ele estava parado atrás de mim, ao meu redor, na
escada. —O que estamos fazendo está enlouquecendo um ao
outro. Eu pensei, esperava que...
O capitão Sid recuou sabiamente para o outro lado da
casa-barco.
—Não podemos, Graham. Não podemos voltar ao que
éramos. — Pronto, disse isso. Peguei uma toalha, enrolei-me
em torno de mim e me sentei em um dos bancos.
Graham, com seus cento e dois quilos, subiu no barco,
começou a se enxugar também e sentou-se à minha frente.
Ele olhou para mim. Eu olhei para ele.
—Então não sei para onde vamos—, disse ele, e um
pedaço de mim chorou por ele. —Tudo que sei é que nunca tive
a intenção de machucar você e não quero que isso aconteça de
novo.
Parte da minha raiva se dissipou. Queria honestidade e
ele me deu. Eu poderia me jogar no fogo, ou poderia apreciar
que ele se importasse o suficiente para querer me proteger. —
Vamos para casa, Graham. A Disney pode esperar. Ou posso
ir sozinha.
—Vou te levar para a Disney, Amendoim. Só não amanhã.
—Ficará tudo bem. De qualquer maneira, ficaremos bem.
Não era a conversa que uma mulher anseia ouvir do
homem que ama, mas era o melhor que qualquer um de nós
poderia fazer naquele momento.
Nós nos separamos após o passeio, tomamos banho,
trocamos de roupa e voltamos para o aeroporto. O clima jovial
do dia anterior se foi. Eu estava tensa. Graham estava
tenso. Não queria dizer nada que pudesse piorar as coisas e
Graham parecia se sentir da mesma maneira.
Várias horas depois, ele me deixou em casa e passou
alguns minutos conversando com meu pai antes de me dizer
que me ligaria em breve e foi embora. Meu pai me lançou um
longo olhar perscrutador e perguntou como eu estava.
Balancei minha cabeça tristemente e deixei meu pai me
embalar contra seu peito. Logo estaria em Washington
provando para pessoas com o dobro da minha idade que era
capaz de compreender qualquer projeto que me
designassem. Em seguida, convencê-los de que poderia
retornar a Denver e levar esse projeto adiante. Eles me
testariam intensamente, mas estava confiante de que poderia
impressioná-los. Na segurança dos braços de meu pai,
entretanto, me permiti admitir que ainda havia muitas coisas
que não entendia.
Como a vida. E o amor.
Ou como ser forte o suficiente para deixar Graham se isso
acabasse sendo o melhor para nós dois.
CAPÍTULO 28
GRAHAM

Estava tão saudável quanto um garanhão em seu auge.


Pelo menos, é assim que preferia ver os resultados do meu
exame físico do Wildcats. Foi muito melhor do que disse o
médico que me examinou, quando me proclamou ‘tão saudável
quanto um cavalo’.
Ty e eu passamos a manhã cuidando de nossa papelada
para nossos exames, e os últimos dias foram gastos tentando
resolver meu contrato.
Tínhamos alguns meses até o início do treinamento, mas
havia um monte de coisas a fazer para se preparar para um
treinamento intensivo. E tudo tinha que ser feito antes que
cada dia fosse ocupado, trabalhando pra caramba fisicamente,
tentando viver de acordo com os milhões de dólares dados a
mim em meu contrato.
Sinceramente, ainda não estava acostumado a ter
dinheiro. Ty e eu ainda comíamos do jeito que comíamos na
faculdade. Mas tentei manter minhas opções saudáveis,
mesmo que meu wide receiver amasse restaurantes
familiares e gordurosos.
—O melhor hambúrguer de Denver—, disse Ty depois de
comer mais da metade de um hambúrguer triplo em um de
nossos pontos de encontro locais.
Sorri para ele enquanto comia uma enorme omelete com
vegetais e bife. De jeito nenhum estava desperdiçando calorias
em um hambúrguer com queijo processado e pãezinhos de
baixa qualidade. Comia muitos carboidratos saudáveis e
proteínas, tenho que aumentar minha ingestão de calorias em
preparação para treinos mais intensos fora da temporada, mas
de jeito nenhum iria comer tão mal quanto na
faculdade. Mesmo se o restaurante em que estávamos me
lembrasse dos lugares baratos que havia assombrado na
faculdade.
—Eu não sei, — resmunguei enquanto devorava o resto
dos vegetais e ovos no meu prato.
—Cara, você tem que viver um pouco—, disse Ty, e então
começou a consumir cada batata frita em seu prato.
—Vivo muito bem, — o informei enquanto colocava meu
garfo no prato vazio.
Ty e eu desenvolvemos um relacionamento que
apreciei. Ele não era apenas um jogador de futebol incrível, ele
era um cara muito decente.
Cada vez que nos encontrávamos para treinar fora da
temporada, me sentia cada vez mais confortável com ele e,
surpreendentemente, não pensava mais em minhas palavras
enquanto conversávamos. Ele me contou o suficiente sobre
suas próprias falhas e erros e não me importei em revelar os
meus.
—Eu sei que você gosta de comida, — ele meditou. —
Então, não é que você não goste de comer. — Encostei-me no
couro gasto de nossa cabine.
—Eu sou um atleta profissional. Na maioria das vezes,
prefiro uma alimentação saudável.
—Você come a cada poucas horas—, observou ele.
—Isso me impede de ter picos de energia—, expliquei.
—Ajuda? — ele perguntou curiosamente.
Tinha que me lembrar que Ty era um novato e acabara de
sair da faculdade. A maioria dos universitários não era tão
exigente quanto à dieta. Sabia que não fui.
—Isso ajuda. Não é que não queira comer coisas que não
fazem exatamente parte da minha dieta, mas estou reservando
para restaurantes com comida melhor.
Esperava que Lauren fosse experimentar alguns dos
melhores restaurantes da cidade comigo, mas não tínhamos
tido tempo para fazer isso ainda.
Ela tinha ido para DC por sete dias, três horas e alguns
minutos. E senti cada maldito momento de sua ausência desde
o dia em que a deixei no aeroporto.
—Agora que você está ganhando muito dinheiro?
— Brincou Ty.
—Consegui um bom contrato—, confirmei. —E o seu é
muito melhor do que o meu no ano de estreia.
—Preciso fazer isso direito—, confessou Ty. —Estou
tentando me provar. Mostrar aos Cats que eles não cometeram
um erro.
Ele estava nervoso. Já sabia que ele estava suando tanto
quanto no início da temporada.
—Estou com você—, disse. —Tenho muito a provar pelo
dinheiro que eles me deram e quero ganhar meus bônus.
—Não são apenas os Cats—, admitiu. —Parte disso é
pessoal.
Queria perguntar a ele por que, mas percebi em sua
expressão que ele não queria falar sobre isso, então não me
intrometi.
—Basta ir lá e fazer o que você faz na prática, e você ficará
bem. Você é o melhor receptor que já tive.
Ty era rápido como um relâmpago e poderia puxar a bola
mesmo que o arremesso não fosse totalmente preciso. Ele se
ajustou instintivamente, e esse não era um talento que um
cara pudesse realmente aprender. Um receptor tinha ou não.
—Sim. Você joga uma bola decente, então você vai me
fazer ficar bem, —ele disse com uma risada.
Coisa engraçada sobre Ty... ele pode ser arrogante às
vezes, mas ainda não tinha confiança em si mesmo.
—Lauren vai me ajudar com minha precisão, —
compartilhei. —Desloquei meu ombro no final da temporada
passada, e minha mira está um pouco errada agora. —Ty
parecia confuso.
—Ela entende de futebol?
Balanço. —Ela entende tanto quanto um fã regular, mas
é seu poder cerebral que vai me ajudar a ficar ainda
melhor. Ela é talentosa em física. Depois de assistir algumas
das minhas gravações dos jogos do ano passado, ela acha que
pode me ajudar a ajustar meus arremessos para acomodar as
diferenças desde a minha lesão no ombro.
Ty hesitou antes de perguntar: —Você acha que ela pode
me ajudar? Estou pronto para toda a ajuda que puder ter e
poderia usar seus conselhos dietéticos. Quero toda vantagem
que puder obter.
Apreciei o fato de Ty estar disposto a aceitar ajuda. Tinha
sido um idiota no meu ano de novato, certo de que sabia tudo
o que havia para saber. E estava tão errado.
Dei de ombros.
—Eu sei que ela tentaria.
—Estive em contato com alguns dos outros caras no
ataque, e a maioria deles gostaria de sair e jogar algumas
bolas.
Hesitei. Embora quisesse praticar não oficialmente com
os outros membros críticos do crime, alguns deles não eram
exatamente amigos. Alguns deles durante meus anos de
faculdade e não tinha causado exatamente uma boa
impressão.
—A maioria deles não gosta de mim—, avisei Ty.
Ele balançou sua cabeça.
— Na verdade eles não te conhecem, cara.
—Fiz o que tinha que fazer para explodir suas bolas
durante a faculdade e no ano passado na New England.
—Você quer que este ataque seja o melhor da liga? — Ty
perguntou, olhando para mim como se já soubesse a resposta.
—Você sabe que quero, — retruquei.
—Então é hora de ser um jogador de equipe, cara. Você
não tem que beijar a bunda deles. Você só precisa ser capaz de
julgar seus pontos fortes e fracos.
Cerrei meus punhos ao meu lado.
—Você não entende, — disse asperamente. —Na verdade,
passei por cima de alguns deles para chegar aos Cats.
Não estava orgulhoso de minha história, mas sabia que
alguns dos meus atacantes iriam me enterrar tanto quanto
jogar comigo.
Ty se recostou e cruzou os braços musculosos sobre o
peito. —Então me explique. A maioria deles estão dispostos a
sair e praticar.
—Estou fodido da cabeça, —disse roucamente. —Ou pelo
menos era antes de receber tratamento.
Ty franziu a testa. —Depressão?
Balanço minha cabeça lentamente. —Bipolar.
—Foda-se, cara. Acabei de aprender a respeitar você
ainda mais do que já faço.
Faço uma careta para ele. —Por quê? Acabei de dizer que
estou confuso.
—Você teve muito mais obstáculos do que eu—, disse ele,
pensativo. —É uma desordem difícil de controlar.
Ty não estava olhando para mim como se fosse louco. Na
verdade, sua expressão não mudou muito.
—Isso saiu do controle logo depois que entrei na
faculdade. Meus colegas de quarto tiveram que me levar para
o hospital. Não sabia o que diabos estava fazendo. Demorei até
meu último ano para me estabilizar.
—Você sente falta? — ele perguntou cuidadosamente.
—O que?
—As fases maníacas. Você sente falta delas?
Sabia o que ele estava perguntando. Estava estabilizado
com a medicação, mas sabia que, para alguns pacientes
bipolares, a tentação de interromper a medicação era quase
impossível de ignorar. Durante um episódio maníaco, senti
que poderia fazer qualquer coisa. O barato que era
viciante. Era o rei do mundo e não havia nada que não pudesse
fazer quando estava maníaco. No entanto, não estava no
controle de minhas ações na maior parte do tempo. Eu era
outra pessoa. Sem mencionar o fato de que a mania tinha sido
seguida de perto por crises incapacitantes de depressão
bipolar.
—Um pouco—, confessei. —De vez em quando, gostaria
de me sentir como quando estava maníaco, mas não estava no
controle, e isso era pior do que a tentação de me sentir
invencível novamente. Meus médicos me disseram que, como
comecei cedo, não era provável que parasse de tomar os
remédios. Mas acho que é a perda de controle que realmente
me mantém com os pés no chão. Não quero ir lá de novo.
Alguns pacientes bipolares odiavam estabilidade. Eles se
sentiam planos emocionalmente, então optaram por passar
por altos e baixos, mesmo que estivessem loucos.
—Honestamente, nunca teria sabido se você não tivesse
me contado—, observou Ty. —Você ainda tem sintomas?
Por um momento, esqueci que Ty se dedicava a doenças
mentais. Tinha sido seu curso na faculdade, então ele estava
obviamente curioso. Estranhamente, não me importei de falar
com ele sobre isso porque não havia julgamento em suas
perguntas.
Dei de ombros. —Tenho pequenos altos e baixos, mas
nada importante. Eles são mais como parte da vida.
—Todos nós entendemos essa merda—, disse Ty
calmamente. —O seu pode ser um pouco diferente por causa
da desordem. Mas seu foco é incrível.
—Tenho trabalhado nisso.
—Isso dá pra ver—, respondeu Ty.
—Mas isso não significa que algo não possa
acontecer. Algo ruim. — Minha doença era como andar em
uma corda bamba muito fina. A qualquer hora, poderia cair da
linha e quebrar quando atingisse o chão.
—Você não pode se concentrar nisso, Graham, — Ty
insistiu. —Você tem estado bem por alguns anos. Sim, você
tem um distúrbio difícil, mas deveria estar muito feliz com o
quão longe você chegou. Tenho uma prima que é bipolar e ela
interrompe os remédios pelo menos uma vez por mês. Ela
anseia por essas alturas. Ela nunca ficou estável por muito
tempo.
—Quero ter sucesso—, confessei. —Quero isso mais do
que eu quero estar alto.
—Você escolheu o seu curso e o seguiu até ser capaz de
funcionar.
—Foi como estar no inferno—, disse com a voz
rouca. Nunca fui capaz de esquecer aqueles anos em que fiquei
fora de controle, incapaz de jogar um bom futebol de forma
consistente.
—Mas você lutou para voltar à Terra. Nunca esqueça
isso. Se, a qualquer momento, você precisar da minha ajuda,
eu estou lá, —Ty ofereceu.
Tive que engolir o nó que se formou na minha
garganta. Ninguém nunca se ofereceu para me ajudar. Talvez
porque nunca quis arriscar contar a ninguém.
—Obrigado, — disse em um tom rouco. —Tenho bons
médicos agora, e estou fazendo aconselhamento. Mas vou
aceitar essa oferta se algum dia escorregar.
Era tão bom saber que tinha apoio se precisasse. Era algo
que nunca tinha realmente experimentado antes.
Ty acenou com a cabeça.
—Bom, — ele respondeu. —Como está o
aconselhamento?
Fiz uma careta.
—Como ser varrido sobre uma cama quente de
carvão. Odeio ter merdas arrancadas de mim que prefiro não
lembrar.
Ty deu uma risadinha.
—É bom para você. E hey... você tem Lauren para apoiá-
lo, certo? Ela sabe?
Balancei a cabeça bruscamente. —Ela sabe. Mas fodi
tanto com ela que ela não confia em mim. Não que a culpe.
Ty tinha sido um bom ouvinte e sabia onde estava agora
com Lauren.
—O que você quer dela? — Ty questionou.
A tensão em meu corpo diminuiu e meus punhos
relaxaram sob a mesa. Sentei no banco, sentindo-me
derrotado.
—Não sei.
—Besteira. Acho que você sabe — rebateu Ty.
—Lauren é parte da minha alma, — disse, sabendo que o
que disse a Ty era a verdade. —Ela está lá para mim há tanto
tempo que não posso perdê-la.
—Acho que você está apaixonado por ela—, desafiou Ty.
—Não posso tê-la, — digo com raiva. —Eu não posso. Não
com ela. Ela merece um cara que possa tratá-la como a mulher
incrível que ela é. Ela não precisa estar sentada sobre uma
bomba que pode explodir a qualquer momento. Ela deveria
estar com alguém que não corresse o risco de ter filhos
bipolares algum dia. E fiz algumas coisas muito ruins com ela.
—Talvez—, analisou Ty. —Mas nenhum relacionamento é
perfeito. E você está disposto a desistir dela sabendo que ela
pode acabar com alguém muito pior do que você? Você
também fez coisas muito boas por ela. E sim, você estragou
tudo, mas tudo que você já fez foi por medo, não porque você
é um idiota.
—Eu sou um idiota, — argumentei.
—Todos nós somos às vezes—, Ty me disse. Ele hesitou
antes de perguntar: —Então, você está disposto a conhecer
alguns de nossos companheiros de equipe?
—Tenho que ir buscar Lauren. — Graças a Deus, o avião
dela chegaria mais tarde hoje. —Vá em frente e combine.
Ty sorriu. —Você não vai se arrepender. Quanto
mais prática fora de temporada tivermos, melhor.
Sai da cabine e me levantei. —Espero que você esteja
certo—, resmunguei enquanto pegava minha jaqueta.
—Estou quase sempre certo, — ele disse arrogantemente.
—Mas não me importaria se você trabalhasse comigo na minha
dieta, e aceitarei qualquer conselho que puder receber de
Lauren.
—Ela está fora dos limites para qualquer coisa,
exceto conselhos, —o avisei enquanto colocava minha jaqueta
de couro.
Ele me lançou um sorriso malicioso, mas não fez
comentários. Podia ver o olhar satisfeito no rosto do meu wide
receiver quando peguei as chaves do meu carro e saí pela porta
para ir buscar Lauren.
CAPÍTULO 29
GRAHAM

Quatro meses atrás….

—Papai acha que devemos nos casar, Graham—, disse


Hope casualmente, como se ela estivesse pensando em
comprar ou não um novo par de sapatos. Suas palavras quase
me fizeram engasgar com minha bebida proteica.
Estávamos no condomínio caro de Hope, e estava me
preparando para o fim da minha temporada. Ainda tínhamos
alguns jogos de futebol para jogar, mas estávamos fora dos
playoffs. Acho que deveria me sentir culpado pelo desempenho
do meu time, mas a defesa era péssima. Posso ter jogado com
meu coração, mas não pude salvar um time que não conseguiu
impedir que outros times entrassem na zona vermelha.
—Por que ele pensa isso? — Perguntei, ainda chocado
com o comentário dela.
Hope e eu realmente não tínhamos nos falado nas últimas
horas. Tinha acabado de desligar a TV, estive assistindo ao
jogo da semana passada, tentando descobrir quem poderia
mastigar por foder as coisas no campo.
E Hope estava trabalhando freneticamente em sua
carreira e vida social no telefone.
Ela finalmente olhou para cima e sorriu. Como sempre,
seu sorriso não alcançou seus olhos. Mas quem diabos se
importava, certo? Ela ainda era linda.
Hope disse: —Papai disse que você será uma estrela do
futebol no ano que vem por causa da maneira como jogou
nesta temporada.
Eu já sabia daquilo. Acabaria como titular do New
England ou pegaria outro contrato lucrativo que surgisse em
meu caminho. Já tinha ouvido falar que outras equipes
estavam farejando a possibilidade de me aceitar como titular,
então provavelmente teria uma grande decisão a tomar assim
que soubesse de todas as ofertas.
Queria me casar com Hope? Não ficaria louco se não o
fizesse?
Ela era tudo que um cara poderia querer da mulher que
estaria ao seu lado pelo resto de sua vida. Ok, talvez não
fizéssemos muito juntos, e talvez às vezes sentisse que era um
compromisso com ela em vez de um encontro, mas nós dois
tínhamos carreiras ocupadas. Nós dois éramos
motivados. Hope era muito procurada como supermodelo e
filha única de um homem rico e imundo, e eu ainda estava
tentando conquistar meu lugar na liga.
E... Hope era segura. Ela estava perto de mim o suficiente
para que tivesse que dizer a ela que eu era bipolar. Mas, ao
contrário de compartilhar com Jack e Lauren, não estava
preocupado ao contar a Hope. Já sabia que ela realmente não
daria a mínima. As doenças não eram realmente sua
prioridade, a menos que ela estivesse em um baile de caridade
ou algo assim.
Por que não iria querer me casar com ela? Estudei
administração na faculdade. O pai de Hope tinha alguns
contatos que nunca teria, e queria começar meu próprio
negócio quando estivesse muito velho para jogar futebol.
Todo o arranjo seria perfeito para minha carreira e a de
Hope. —Ok, — finalmente disse com a voz rouca.
Hope saltou de sua cadeira do outro lado da sala. —
Excelente. Vou distribuir os convites e enviar links para o anel
dos meus sonhos. Não sinta que precisa propor
formalmente. Já encontrei um anel que adoro e mal posso
esperar para colocá-lo no dedo. Serei a inveja de todas as
minhas amigas.
Comecei a torcer para conseguir um ótimo contrato. Não
era pobre, mas conhecia o gosto de Hope pelas coisas boas, e
meu salário atual não era tão bom. Ela cresceu com o melhor
de tudo. Então sabia que o preço do anel seria alto.
Hope continuou: —Espero que você fique aqui na Costa
Leste. Do contrário, terei de visitá-lo ocasionalmente. Não
pareceria certo se não estivéssemos retratados juntos. Sei que
você vai ter que fazer o que é melhor para sua carreira e tenho
que fazer o que é bom para mim.
Quase vacilei. Nós íamos nos casar, mas vivermos
separados um do outro, se não acabasse aqui? Hope viajava
muito, mas presumi que ela faria sua base
comigo. Aparentemente não. Toda a sua vida social era em
Boston, e ela passava muito tempo batendo papo com o
pai. Mas admirei sua motivação para fazer conexões, então
acho que teria que aceitar o fato de que ela não estaria
morando comigo enquanto estivesse ligado a uma equipe em
outro lugar.
Mas poderia ficar com ela durante o período entre
temporadas e, como ela disse, ela poderia vir até mim quando
quisesse. Não era como se qualquer um de nós tivesse que
estar beliscando um centavo.
—Parece bom, — eu disse a ela.
—O papai vai querer que passemos os feriados com ele
este ano, se estivermos noivos—, pensou Hope. —Podemos ter
pressa no anel, então o tenho até o Natal. Vai ser muito
divertido exibi-lo nas fotos das férias. E preciso distribuir os
convites. Podemos fazer a cerimônia antes de você começar no
próximo ano.
Isso funcionava para mim. Depois que comecei o
treinamento, depois o acampamento inicial de treinamento e,
finalmente, a temporada de futebol, mal conseguia respirar e
minha bunda estava se arrastando.
Estava exausto até os ossos agora por causa da
temporada. Estava me forçando ao limite e, embora estivesse
na melhor condição física que poderia estar, havia um limite
para o que um corpo poderia aguentar.
Hope se inclinou e me deu um beijo na bochecha. —Estou
tão animada, Graham. Vou começar a trabalhar em tudo
imediatamente. Vou cuidar de tudo para que você não precise
fazer isso. Vai ser o casamento dos meus sonhos.
Ela estava me dispensando. Não era como se não
entendesse que ela queria ficar sozinha para planejar as
coisas. Mais do que provavelmente, ela estaria no telefone no
minuto que saísse.
Saí do sofá e me levantei. —Você não quer comemorar?
— Perguntei, lançando a ela um olhar que fez a maioria das
mulheres envolverem meu pau muito rapidamente.
Não transava há meses. Hope e eu tínhamos concordado
em ser exclusivos seis meses atrás e não vimos mais ninguém.
Ela deu um tapinha no meu ombro, o que foi mais como
uma rejeição do que não. —Você está exausto e eu também.
Acabei de voltar de Paris, e você está jogando tão
pesado. Vamos marcar um encontro para depois que você
terminar a temporada. — Sabia o que aquilo significava. Ela
queria agendar um horário para fazer sexo. —Coloque-me na
sua agenda— resmunguei.
Estava acostumado com a resposta dela. Nenhum de nós
realmente tinha tempo para sexo espontâneo. Mas eu estava
disposto a arranjar tempo. Obviamente, Hope não estava.
—E os feriados? Devo dizer ao papai para nos esperar?
Ok, fiquei chateado com isso. Tentei voltar para Denver
todos os anos perto das férias para ver Jack e Lauren, mas
casamento era tudo sobre compromisso, certo? Além disso,
realmente esperava que os Wildcats me fizessem uma grande
oferta e pudesse voltar para o Colorado
permanentemente. Eles precisavam de um bom quarterback e
eu poderia estar de volta em casa.
—Irei para a casa do seu pai nos feriados se você se juntar
a mim para minha viagem em Aspen, — barganhei.
Hope fez uma careta. —Não sou esquiadora, mas
irei. Aspen é um lugar para ver e ser visto. Vamos conseguir
ótimas fotos para as páginas sociais de lá.
—Você vai adorar lá, —disse a ela enquanto fazia meu
caminho para a porta. —Só seremos você, eu, Jack e Lauren.
Não me importava se Aspen era um lugar para ricos e
famosos. Para mim, era um lugar especial com Jack e Lauren,
e íamos entrar em grande estilo este ano se conseguisse o
contrato que queria. Finalmente, seria capaz de retribuir todos
os anos em que pagaram por um lugar para nós lá no passado.
—É esse o cara que veio visitar no verão? — Hope
perguntou.
Jack tinha vindo para uma entrevista de emprego aqui na
Costa Leste durante o verão, e Hope conversou brevemente
com Jack e Lauren via Skype várias vezes. A entrevista de Jack
não resultou em um trabalho, mas nós nos divertimos muito
enquanto ele esteve aqui.
Fiquei um pouco chateado por Hope não parecer se
lembrar de nenhuma das duas pessoas mais importantes da
minha vida, mas atribuí isso à sua agenda lotada. Ela
conheceu tantas pessoas que não conseguia se lembrar de
todas.
—Sim, é ele, —finalmente respondi. —E você conversou
com Lauren no Skype.
Lauren e eu não tínhamos conversado com tanta
frequência como fazíamos quando eu estava na faculdade, mas
ainda conversávamos por telefone, mensagem de texto ou chat
por vídeo de vez em quando.
—Oh, sim, — Hope disse como se uma lâmpada tivesse
acabado de se acender em sua cabeça. —A menina gordinha
de óculos.
Não considerava Lauren gordinha. Na verdade, ela tinha
curvas que fariam qualquer cara notar. E seus óculos eram
apenas... Lauren. Ela os usava desde que conseguia me
lembrar, embora raramente os limpasse bem. Sempre pensei
que eles eram adoráveis nela. Agora que ela estava crescida,
eles a faziam parecer uma coruja sexy e sábia, e era uma boa
aparência para ela.
Ah bem. Talvez Lauren parecesse acima do peso para
uma supermodelo que era tão magra que quase podia sentir
todos os seus ossos.
—Suponho que ambos sejam toleráveis—, disse Hope. —
Jack foi bom para mim, mas ele faz algumas perguntas
intrusivas.
Sorri para ela. —Ele sempre foi muito direto. Ele costuma
dizer o que pensa. — Era uma das coisas que gostava nele.
—Lembro-me dele me perguntando se gostava de ser uma
supermodelo—, disse ela.
Nunca perguntei isso a Hope porque sabia que sua
profissão fazia parte de sua personalidade. Ela prosperou em
atenção.
—O que você disse para ele?
—Disse a ele que adorava—, ela respondeu. —Mas por
algum motivo, ele não pareceu acreditar em mim.
Beijei-a levemente nos lábios enquanto me preparava
para sair.
—Isso é apenas Jack. Sempre fomos muito próximos e
não enganamos um ao outro.
Talvez tenha escondido algumas coisas dos meus dois
melhores amigos, mas Jack era praticamente um livro
aberto. Admirava isso.
Hope sorriu, mas sua expressão era frágil.
—Bem, se você vier para a casa do papai no Natal, farei o
meu melhor com seus amigos.
O que mais poderia pedir? Não poderia esperar que ela
ficasse tão feliz em ver Lauren e Jack quanto eu.
—Envie-me nossos horários, —disse enquanto saía pela
porta.
—Eu vou, — Hope concordou antes de fechar a porta
atrás de mim. Enquanto saía do prédio, estava contente.
Estava me casando com uma linda supermodelo que a
maioria dos homens adoraria ter em seus braços. Hope era
ambiciosa e sabia que ela seria cordial com meus amigos. Ela
raramente esnobava alguém porque poderia precisar deles
para algo no futuro. Ela não acreditava em queimar nenhuma
ponte se pudesse evitar. E ela era sofisticada o suficiente para
impressionar qualquer pessoa.
Tudo está se encaixando para mim.
Eu seria um quarterback estrela, e teria minha escolha
de times para jogar na temporada seguinte.
E ia me casar com a mulher perfeita. Teria uma esposa
que poderia abrir ainda mais portas para mim no futuro.
Mas não... a amo.
Empurrei esse fato particular para fora da minha mente
quando surgiu isto.
Ao entrar no carro, me lembrei de que não amava
ninguém. Nunca amei. Nunca iria.
Bastava Hope me aceitar como marido. E tinha que
ser suficiente.
Eu não era capaz de mais nada.
CAPÍTULO 30
GRAHAM

O Presente…

—Oh, meu Deus. Isso é incrível, —Lauren gemeu, soando


como se ela estivesse tendo um dos melhores orgasmos que ela
já experimentou.
Estava quase com ciúmes, embora tivesse sido o único a
arrastá-la para um dos melhores restaurantes da área de
Denver.
Depois de buscá-la no aeroporto, decidi persuadi-la a
experimentar um dos lugares menos elegantes que ainda
estavam no topo da lista de restaurantes da cidade.
A julgar pela expressão em seu rosto, ela não estava se
arrependendo.
Ela optou por carbonara, e decidi por um bife com
acompanhamentos.
A comida estava ótima, mas não pude deixar de ficar
fascinado com a expressão de êxtase de Lauren.
Ambos adorávamos boa comida, mas ela relutava em
relação aos preços.
Esperava que ela se acostumasse a comer em lugares
como este.
—Quero te levar para um lugar melhor na sexta, — disse
a ela.
—Onde? — ela disse enquanto seus olhos se abriam
depois que ela os fechava para provar sua refeição.
Mencionei um lugar muito mais caro do que nosso
restaurante atual.
—Graham, aquele restaurante é tão caro—, ela
repreendeu.
—Sou mais do que capaz de pagar, — eu disse
calmamente.
Sim, tinha que me lembrar que agora era um milionário,
embora ainda não conseguisse me acostumar a olhar para o
meu saldo bancário. E nem tinha recebido meu salário de
futebol ainda. A maior parte de minhas riquezas eram porções
de meu patrocínio.
Acontece que endossar cuecas boxers e outros produtos
rendeu muito dinheiro. Muito mais dinheiro do que já tinha
visto antes, e mais a caminho.
Ela revirou os olhos para mim. —Eu sei. Só não quero
que você gaste comigo.
—Não há mais ninguém que queira estragar, —
apontei. —Você sabe como as coisas foram difíceis para
mim. Quero compartilhar os lucros do meu trabalho. Vamos,
Lauren. Isso não vai me quebrar. Além disso, preciso de boa
comida.
—Não preciso disso, — ela argumentou. —Provavelmente
vou ganhar peso.
Lauren sempre foi autoconsciente sobre seu corpo
curvilíneo e a maneira como ela preenchia um jeans. Inferno,
nunca reclamaria de ter aquele corpo bonito e macio contra o
meu. Qualquer cara que não adorasse cada centímetro dela
era louco.
Balancei minha cabeça, não querendo pensar em Lauren
com qualquer outro cara além de mim.
—Então você ganha alguns quilos—, respondi. —Não é
grande coisa. — Ela deu outra mordida na boca e fechou os
olhos novamente.
Meu pau ficou duro só de olhar para ela, mas não
conseguia desviar o olhar. Lauren era a mulher mais bonita
que já vi. Cada reação foi genuína, e gostaria de tê-la levado
para sair em vez de deixá-la na cabana depois do melhor sexo
que já tive. O que diabos estava pensando?
Na verdade, estava apavorado pra caralho. Minha noite
com Lauren tinha sido como um soco na cara na manhã
seguinte, e fugi em vez de estar lá para ela.
— Minha bunda é uma grande coisa—, disse ela quando
se recuperou de seu clímax de degustação. —Preciso perder
alguns quilos. — Odiava a vulnerabilidade em seu tom.
—Você não precisa fazer absolutamente nada—,
resmunguei. —Você é perfeita. — Ela ergueu uma
sobrancelha.
—Minha bunda é muito grande, meus quadris estão
carregando muito acolchoamento e minha barriga precisa de
um pouco de tonificação também. Ou talvez seja muito baixa
para o meu peso.
Ela estava zombando de si mesma e odiei isso.
—Perfeita, — disse mal-humorado. Porra, sabia que
queria seu corpo o suficiente para saber que ela era tudo que
precisava agora.
Ansiava por ter ela em volta do meu pau
novamente. Precisava daquele calor úmido mais do que
precisava respirar, então sua auto depreciação era inaceitável.
—Se você continuar dizendo que sou perfeita, posso
começar a acreditar—, ela brincou, e depois lambeu o molho
carbonara de seu garfo.
Esse breve movimento de sua língua me fez morder de
volta um gemido. Minha mente estava correndo solta, e nunca
soube que um jantar fino poderia ser uma provocação sexual.
Ou talvez fosse só assim com ela.
Com Lauren, tudo estava se tornando uma provocação.
Era por isso que precisava dar o fora da Flórida com ela. A
dor de não ter meu pau enterrado profundamente dentro dela
era totalmente agonizante.
—Acredite, —disse a ela com voz rouca, meu pau duro o
suficiente para cortar diamantes debaixo da mesa.
Desviei meus olhos de seu rosto e foquei no meu bife.
—Como foi o exame físico? — ela perguntou.
—Sou um garanhão, — disse em um tom arrogante
enquanto sorria para ela. —Muito saudável.
Ela assentiu e engoliu em seco.
—Já sabia disso.
Lauren me queria tanto quanto a queria. E sabia que a
combinação era perigosa, mas estava ficando cansado de jogar
pelo seguro.
Estava em uma situação realmente fodida. Precisava
transar com ela.
E não queria perder sua amizade.
Eram duas emoções que simplesmente não conseguia
fazer se encaixar na minha cabeça.
As emoções que Lauren despertou em mim estavam em
conflito direto uma com a outra, mas não tinha ideia de como
consertar.
Ela sempre foi minha Amendoim e eu a adorava.
Mas meu pau a queria desesperadamente também.
—Me desculpe por ter deixado você na cabana, — deixo
escapar. —Acho que você merece um verdadeiro pedido de
desculpas. Estava assustado.
Meu coração estava quase batendo forte no meu peito,
mas teria que enfrentar esses medos e ser sincero com Lauren
de agora em diante se quisesse consertar as coisas.
Sua expressão se suavizou quando ela olhou para mim.
—Sei que você não fez de proposito, mas doeu.
—Eu sei. Foi uma coisa horrível de se fazer. Mas não
estava preparado para o que aconteceu entre nós. Inferno,
tinha acabado de ser largado por Hope.
Ela mastigou e engoliu antes de responder.
—É errado se disser que fiquei feliz por você não ter se
casado com ela? — Levantei uma sobrancelha.
—Não se for verdade. Somos sempre honestos um com o
outro. Bem, a maior parte do tempo de qualquer maneira.
Mesmo que minhas emoções estivessem confusas,
Lauren sempre me conheceu tão bem quanto Jack, e tinha
certeza que ela sentia que não estava apaixonado por Hope.
Eventualmente, minha coisa com Hope não teria sido
suficiente. Podia reconhecer a grande diferença entre o que tive
com Lauren e o que tive com Hope depois do que aconteceu
com Lauren na cabana. —Estou feliz por não termos nos
casado também—, confessei. —Conversei com meu
conselheiro sobre ela e entendi que meu relacionamento com
ela não era saudável. Teríamos acabado nos ressentindo um
do outro.
—Isso é perspicaz—, disse ela com cuidado. —Você não
fala muito sobre o seu aconselhamento.
Estremeci. —Não mencionei isso porque não é algo que
goste exatamente. Não há sentido em me torturar mais de uma
vez.
—Mas vai te ajudar a se curar—, ela observou.
—Acho que ainda não cheguei lá—, reclamei. —Trazer à
tona velhas memórias dói como o inferno.
—Estou orgulhosa de você, — ela disse calmamente. —É
preciso muita coragem para enfrentar todas essas coisas do
seu passado. Não estou surpresa que seja doloroso.
Meu coração inchou com a aprovação dela, como sempre
acontecia.
—Quero viver bem—, expliquei. —E o aconselhamento faz
parte desse plano, embora sinta que estou sendo atraído e
esquartejado na maior parte do tempo.
Ela riu e o som musical me cortou como uma faca.
Gostava quando ela estava feliz.
Ela pausou sua refeição orgástica para pegar sua taça de
vinho.
—Eu sei. Estive lá. Nunca é fácil derramar suas tripas
para um estranho, mas me ajudou a crescer. Se Kelley não
estivesse lá para mim, as coisas teriam sido muito mais
difíceis. Ela tem sido uma boa amiga.
Não conhecia Kelley pessoalmente, mas esperava que um
dia fizesse. Ela ajudou Lauren em alguns momentos difíceis, e
ela a pegou depois que desisti de Lauren, deixando a cabana
sem dizer uma palavra.
Mesmo que Lauren ainda tivesse suas vulnerabilidades,
ela tinha mudado ao longo dos anos.
—As coisas que você fez em nossa lista exigiram muita
coragem—, elogiei-a, ainda não muito acostumado com o fato
de que ela se tornara uma pessoa que corria riscos.
Ela me mostrou todas as fotos dela fazendo essas coisas,
mas ainda tinha dificuldade em imaginar Amendoim pulando
de um avião ou mergulhando, sem mencionar algumas das
outras coisas malucas que ela tinha feito.
Lauren era cautelosa por natureza e analítica, então ela
teve que ir contra seu comportamento aprendido para dar
esses saltos. Mas ela fez isso.
—Calculei os riscos e cada item era menos perigoso do
que dirigir um carro.
Sorri. Talvez ela não tivesse exatamente ido contra sua
natureza. Ela tinha acabado de encontrar uma maneira de
justificar fazê-los. Mas ela ainda tinha sido tão corajosa.
—Talvez, — respondi enquanto devorava a comida no
meu prato. —Mas eles são muito mais assustadores do que
dirigir.
A maioria das mulheres nem mesmo teria tentado a
maioria das coisas em nossa lista, muito menos fazê-las
sozinhas. Exceto, não tinha planejado que ela fosse sozinha, e
não queria que ela fizesse tudo na lista.
Provavelmente era bom que não soubesse. Tinha certeza
de que não seria capaz de deixá-la fazer essas coisas sozinha.
—Lamento que você tenha que fazer isso sozinha.
— Peguei minha água, desejando como o inferno não ter sido
um idiota.
Estava aprendendo a controlar meu temperamento por
meio de aconselhamento e como lidar apropriadamente com as
coisas que havia feito de errado. Pedir desculpas a Lauren foi
o primeiro passo, mas planejei dar vários saltos para ganhar
sua confiança novamente.
Ela precisava que fosse consistente, e jurei que estaria lá
para ela, não importa o quão difícil possa ser. Chega de tomar
o caminho do covarde por mim.
Lauren tomou um gole de vinho por um momento e, em
seguida, baixou a taça enquanto dizia: —Não sinto muito—,
ela me disse. —Acho que precisava fazer essas coisas sozinha
apenas para provar a mim mesma que poderia. Na verdade,
quero fazer vários deles novamente.
Não precisei perguntar quais coisas ela queria
continuar. Eu faria qualquer um deles com ela.
—Posso te fazer companhia quando você fizer isso?
—Vou pensar sobre isso, — ela brincou. Eu sorri para
ela.
—Faça isso.
Já que ainda estava no final das negociações do meu
contrato, precisava ter certeza de não ser excluído de fazer as
coisas que queria fazer com Lauren. Teria que concordar com
algumas coisas. Mas meu agente poderia negociar.
A conversa mudou para tópicos mais leves, e não parei de
sorrir até terminarmos a refeição.
Pedi sobremesa depois que Lauren recusou. Mas ela
comeu a maior parte da torta decadente quando me ofereci
para compartilhar, assim como sabia que ela faria.
CAPÍTULO 31
GRAHAM

—Consegui o emprego em Denver—, Lauren me informou


com orgulho enquanto a levava para a porta da casa de seu
pai.
Nosso caminho de volta do restaurante para casa tinha
sido quase silencioso, exceto por nossos gemidos sobre comer
demais, e a avaliação sobre a comida que nós dois tínhamos
gostado completamente.
Em toda a confusão de vê-la novamente, não tínhamos
realmente conversado sobre sua semana em DC, exceto por
algumas das coisas turísticas que ela fez. Sabia que ela
esperava conseguir um trabalho em tempo integral em Denver
com um grupo de reflexão porque ela se encontraria com
alguns dos membros principais do projeto durante sua semana
em DC.
—Isso é ótimo, — disse com entusiasmo. A última coisa
que queria era que ela se afastasse. Sua saída para um cargo
era completamente inaceitável. —Você está feliz?
Ela parou na porta e encostou-se na superfície de tijolos
da casa. —Estou. Acho que tenho muito a oferecer neste
projeto e é um desafio.
Para Lauren, os desafios eram raros. Ela era muito
inteligente para ter que trabalhar muito para resolver a maioria
dos problemas intelectuais.
—Quando começa?
—Algumas semanas. Tenho que passar por toda a
papelada e outros requisitos para começar.
Seu sorriso animado era tudo que eu precisava ver.
—Você vai se sair bem. — Ela suspirou.
—Não consegui o emprego que queria com os jovens. A
maioria deles é muito mais velha do que eu.
—Isso te incomoda? Sei que você queria estar com
algumas pessoas da sua idade.
Inferno, preferia que todos com quem ela trabalhasse
tivessem idade suficiente para serem seus avós, mas também
queria vê-la curtir o que estava fazendo.
A verdade era que não havia muitas pessoas como
Lauren, então cercar-se de colegas de sua idade era
praticamente impossível.
Suas sobrancelhas se juntaram, e sabia que seu cérebro
estava raciocinando antes que ela dissesse: —Na verdade,
não. É a posição e o trabalho que realmente contam, e é um
importante grupo de reflexão.
—Sei que você queria sair com um público mais jovem, —
disse a ela. —Mas você é especial, Lauren. Não existem muitas
pessoas tão inteligentes quanto você na sua idade.
—Já aceitei isso—, disse ela.
—Como você se sente saindo com um bando de atletas
idiotas?
Ela me deu um soco de brincadeira no ombro. —Você não
é um atleta burro. Você tem um diploma universitário.
—Todos nós temos, —a informei. —Todo mundo começa
na faculdade. E você é um grande motivo pelo qual realmente
tenho esse diploma.
— Recebi uma mensagem de Ty no jantar. Ele marcou um
treino para amanhã com alguns dos caras ofensivos.
—Quando?
—Amanhã. Sei que o prazo é curto, — disse me
desculpando.
—Posso fazer isso. Fiz algumas análises e diagramas
depois de assistir a vídeos de seus jogos. Espero que ajudem.
O fato de Lauren ter trabalhado tão duro para me ajudar
fez meu maldito coração doer. Ela tinha uma natureza tão
generosa, e isso ainda me confundia, mesmo depois de todos
os anos que nos conhecíamos. A vida nem sempre foi gentil
com ela, mas ela nunca parou de fazer tudo o que podia para
ajudar as pessoas.
—Sei que elas vão, — assegurei a ela. —Alguns outros
caras estarão lá do ataque. Estamos fazendo
alguns treinos fora de temporada.
—Serei uma distração? — ela perguntou, seu tom
preocupado.
Tirei os óculos de seu rosto e abri minha jaqueta para
limpá-los com o algodão mais macio da minha camisa.
—Você é sempre uma distração para mim, — respondi
enquanto colocava seus óculos de volta em seu rosto.
Ela piscou atrás das lentes de vidro recém-limpas. —Isso
não é bom. — Não, provavelmente não era o ideal, mas nunca
poderia me concentrar com ela por perto. Não mais. Dei de
ombros.
—Estou me acostumando com isso. Você é linda demais
para ignorar.
—Não seja absurdo, — ela disse enquanto olhava para
longe, seu rosto corando.
—Você está corando, —disse surpreso.
—Está frio aqui fora—, ela negou.
Aproximei-me dela e inclinei seu rosto para cima. —Não
é o frio, e você definitivamente está corando.
Por alguma razão, me fez cócegas pra caramba vê-la
nervosa.
Ela me olhou com uma expressão duvidosa.
—Isso é o que acontece quando os caras lançam elogios
falsos.
Meu temperamento explodiu um pouco. Ficava louco
quando Lauren não conseguia se ver do jeito que eu via.
Meu pau estava duro como uma rocha. E cada instinto
que tinha estava gritando para me enterrar dentro da maciez
de seu corpo. Já sabia como seria. Nada jamais apagaria o
êxtase de afundar meu pau bem no fundo de sua boceta quente
e acolhedora.
—É melhor eu ir, —resmunguei.
—Não—, ela pediu. —O que fiz errado? Você está
chateado.
Bati minhas mãos no tijolo ao lado de sua cabeça,
prendendo-a em meus braços. —É tão difícil acreditar que te
quero tanto que não posso estar tão perto de você e não quero
te foder até que você comece a gritar meu nome? Tenho que
estar com você, mas assim que estiver, estou ferrado porque
não consigo parar de pensar no quanto quero dobrá-la sobre o
objeto mais próximo e foder com você até que estejamos ambos
satisfeitos.
A ouvi prender a respiração e ela olhou para mim
confusa. —Não sei o que você realmente quer. É amizade ou
outra coisa?
—Me deixe ser perfeitamente claro, então, — grunhi
enquanto abaixava minha cabeça para beijá-la.
No momento em que minha boca pousou na dela, me
senti completamente perdido. Ela tinha um gosto doce e ácido,
um sabor viciante que tornava quase impossível desistir.
Seus braços envolveram meu pescoço e senti seu corpo
inclinar-se contra o meu. Meus braços envolveram seu corpo
em um aperto possessivo enquanto beliscava e lambia sua
boca. —Minha, — rosnei. —Você sempre foi minha, Lauren.
Naquele momento, soube que ela nunca deveria estar
com ninguém além de mim. Senti isso de uma forma um pouco
estranha, mas não assustadora.
Era uma experiência parecidas com ver Jesus que deveria
ter tido vários anos atrás, mas não estava disposto a sequer
contemplar a ideia de Lauren e eu juntos. Agora, parecia a
coisa mais natural do mundo. A compreensão não veio
suavemente. Ele rugiu sobre mim como um caminhão Mack,
mas talvez fosse isso que precisava. Era tão estúpido que
precisei de uma pancada na cabeça.
Antes que ela pudesse responder, a silenciei com outro
beijo, um ainda mais poderoso que o anterior. Minhas mãos
desceram por seu corpo e seguraram sua bunda deliciosa, em
seguida, ergui seu corpo até que ela pudesse sentir o quão duro
meu pau era para ela.
—Graham, — ela disse com um suspiro quando soltei
seus lábios. —Estou doendo por você.
—Eu também, — disse enquanto a puxava com força
contra mim, precisando sentir a conexão com ela. —É por isso
que tive que deixar a Flórida. Não poderia estar com você e não
querer isso.
—Quero também. Mas estou com medo, —ela sussurrou
em meu ouvido.
Suas palavras cortaram meu coração. Fiz isso com ela. A
deixei desconfiada porque eu mesmo estava apavorado.
—Sinto muito, — disse roucamente enquanto
recuava. Ter ela confiando em mim era muito mais importante
do que transar. Precisava da fé dela em mim. Era a razão pela
qual continuei quando tudo estava bagunçado na minha vida,
e essa firmeza me ajudou a lutar contra meus obstáculos.
—Nada do que digo é um elogio falso. Você tem isso claro
em seu cérebro muito maior do que a média? — Perguntei
roucamente.
—O tamanho do cérebro não resulta necessariamente em
inteligência superior—, disse ela automaticamente.
—Você sabe o que quero dizer, — disse, não dando a ela
mais tempo para recitar estatísticas incompreensíveis. —Diga-
me que você entende que acho você linda, — insisti.
Ela assentiu lentamente. —Entendo. Não compreendo
exatamente o seu raciocínio porque não sou o que a sociedade
acha esteticamente aceitável em sua maior parte. Acho que
você é uma exceção.
Inclinei-me e beijei-a na testa. Deus, ela era tão bonita
quando estava nervosa. Se estraguei sua lógica, então foi uma
vitória, embora achasse que ela precisava se ver como eu.
—Amanhã? — Perguntei.
—Me mande uma mensagem com o lugar e a hora, e
estarei lá, — ela concordou.
—E na sexta-feira? — Se ela estivesse de bom humor,
conseguiria tudo o que pudesse. Quando ela começou a
pensar, sabia que estava em apuros.
—Ok, — ela disse, sua voz estranhamente dócil.
Balancei a cabeça em direção à porta.
—Vá enquanto ainda me sinto nobre. — Ela correu para
a porta e a abriu, então deslizou para dentro.
Esperei até ver a luz acender no andar de cima antes de
levar minha bunda de volta para o carro e ir para casa.
CAPÍTULO 32
LAUREN

Era estranho ficar andando de um lado a outro no meu


quarto de infância enquanto imagino um final muito diferente
para a minha noite. Graham me queria tanto quanto o queria.
Minha.
Sua alegação sensual ainda me aquecia.
Queria ser dele, tanto que estava disposta a fazer quase
qualquer coisa. Não gostava do que isso dizia sobre
mim. Depois de nossa viagem para a Flórida, ele me mandou
uma mensagem algumas vezes perguntando se estava bem. Me
pegou no aeroporto. Me alimentou. Olhou para mim do jeito
que sempre sonhei que ele faria. Sem pressão. Sem
promessas. Poderia aceitar isso? Não, tive que me jogar a seus
pés e revelar que estava estudando um vídeo antigo dele e me
oferecer para ajudá-lo mais uma vez. Teria sido menos
ambivalente em aceitar seu convite para passar um tempo com
sua equipe se não o tivesse quase convencido a me pedir
isso. Posso muito bem ter acabado de fazer uma tatuagem na
minha testa que anunciava que ainda estava desamparada,
perdidamente apaixonada por ele. Muito obcecada?
Saber que ele queria uma repetição de Aspen deveria ter
feito com que me sentisse melhor. Lembrei-me do espanto que
senti na primeira vez que percebi que poderia excitá-lo. Não
havia mais necessidade de passar disfarçadamente meu pé
sobre seu pau para confirmação. Graham declarou sua
atração por mim.
Ele também estava combinando ações com seus
sentimentos expressos. Ele não só estava me levando para o
que parecia ser encontros reais, mas também estava me
convidando para seu mundo profissional. Sabia o quão
protetor ele era nessa parte de sua vida.
Encontrei os olhos de Max, o ursinho de pelúcia que
Graham me deu quando eu era criança. Max e eu tínhamos
passado por muita coisa juntos, e tinha vergonha de admitir
para mim mesma que Max ainda era um de meus bens mais
queridos, mesmo quando adulta. Graham me deu o urso
porque sabia que estava tendo dificuldade em me ajustar à
minha escola especial, e me disse que Max cuidaria de mim
sempre que Graham não pudesse, não estaria sozinha.
Escondi aquele urso na minha mochila por um ano inteiro
enquanto frequentava a escola para superdotados. Graham
sempre soube melhor do que ninguém que precisava de
garantias, apesar da cara corajosa que fiz quando precisei.
Graham era um bom homem, um bom amigo e tão parte
de mim que eu não sabia o próximo passo certo a dar. A vida
com Graham teria seus desafios. Sua condição podia ser
controlada com tratamento, mas não tinha cura. Um dia, ele
pode erguer a cabeça novamente e lançar nossa vida no caos.
Ele valia o risco? Absolutamente, inequivocamente, sim.
Essa certeza não diminuiu minha confusão, no entanto.
Se Graham partir meu coração de novo, desta vez é por
minha conta. Ninguém me fez dormir com ele. Ninguém me
culparia por dizer a ele que precisamos dar um tempo um do
outro. Ele é todo paixão e nenhuma promessa, além
da amizade e sexo.
Uma batida na minha porta anunciou meu pai.
—Você está bem?
Quase disse que sim, mas encolhi os ombros, pois há um
momento estava despejando meus pensamentos em um objeto
inanimado, porque estava despejando meus sentimentos em
Max desde que era criança. Talvez precisasse do ponto de vista
de uma pessoa real desta vez.
Meu pai entrou e se sentou na cadeira da minha antiga
escrivaninha.
—Graham?
Balancei a cabeça e sentei ao pé da minha cama. — Quero
dizer não, mas sim.
—Vocês dois têm passado um tempo juntos. Pensei que
as coisas estavam melhorando.
—Sei que sou intensa, pai...
Meu pai riu enquanto acenava com a cabeça, então parou
quando percebeu o quão sério estava falando.
—É parte da sua beleza, Lauren. É por isso que o mundo
vai se beneficiar de você estar nele.
—Não sei nada sobre isso, mas tento ser a melhor pessoa
que posso ser. Nem sempre sei como isso deveria ser.
—Ainda estamos falando sobre Graham, certo?
—Sim e não. É realmente sobre mim. Coisas que não
incomodam outras pessoas me deixam louca. Mas então posso
perdoar algumas pessoas repetidas vezes. Isso me torna uma
pessoa amorosa ou um capacho?
Meu pai se inclinou para frente e um lampejo de raiva
iluminou seus olhos.
—Depende do que você está perdoando.
—Graham não sabe o que ele sente por mim. Num minuto
somos amigos. No próximo ele pensa que quer mais. Então ele
se afasta de novo porque não quer me machucar. É confuso e
continuo dizendo a mim mesma que deveria estar com mais
raiva do que estou.
O alívio inundou a expressão do meu pai.
—Ah, amor jovem.
Pisquei rapidamente. —Amor? Gostaria que fosse isso,
pai. Receio, pelo menos para ele, é apenas um bom caso de
amigos que se acham atraentes. — Me abraço. —É diferente
para mim, no entanto.
Meu pai balançou a cabeça lentamente.
—Eu sei, querida. Vi isso chegando a muito tempo.
—Você sabia? — Meus olhos voaram para os dele, então
desviei o olhar, de repente envergonhada por meus
sentimentos serem tão óbvios.
Ele se moveu para se sentar ao meu lado e deu um
tapinha nas minhas costas.
—Amar alguém não é nada para se envergonhar. E
mesmo que pareça que vai te matar, não vai. Você é
jovem. Você tem muitos desgostos pela frente.
Meio que sorri, meio que solucei.
—Obrigado pela conversa estimulante, pai.
Ele se levantou e caminhou até minha porta. —Você é
uma jovem linda, Lauren, e os caras são porcos, não
se esqueça disso. Você tem idade suficiente para esta
conversa. O sexo é diferente para os homens. Eles não
precisam se importar para querer.
Meu peito apertou dolorosamente e as lágrimas encheram
meus olhos.
—Graham se preocupa.
—Você tem alguma pergunta sobre controle de natalidade
ou preservativos? — meu pai perguntou, parecendo tão
desconfortável quanto me sentia com a pergunta.
—Pai, já fiz sexo. Isso é sobre...
—Pare, — meu pai gritou, me surpreendendo. —Se você
quiser sair com ele, não me diga nada que me faça dar um soco
nele quando o vir da próxima vez.
—Desculpe, —disse. Não era isso que queria que saísse
da nossa conversa. A ideia de que o tempo pode não ser linear,
pois a possibilidade de que o homem um dia pudesse
manipulá-lo me confortou porque se tivesse a opção eu voltaria
e não teria essa conversa.
—Ele é um bom homem, pai. Ele simplesmente pode não
ser meu. O que pode não ser tão ruim assim. Não me pareço
exatamente com a esposa de um profissional de futebol. Não
os que vejo na TV.
—O que Deus não deu a você em beleza, ele compensou
no cérebro e no coração—, disse meu pai com segurança. —
Qualquer homem que escolha implantes de silicone em vez de
caráter é um tolo.
—Então, sou feia, mas legal? — Perguntei.
Meu pai parecia triste. —Não feia, só... você não se
arruma como algumas mulheres. É tudo o que estou tentando
dizer. Sua beleza é natural. Só estou dizendo que, se você se
veste de homem o tempo todo, pode ser por isso que Graham
continua pensando em você como amiga. Deus, gostaria que
sua mãe ainda estivesse aqui. Não sou bom nessas coisas.
—Você foi bem, pai. Obrigado. — Limpei uma lágrima
perdida da minha bochecha. A conversa realmente me fez
sentir um pouco melhor. Entendi o que meu pai estava
tentando dizer e não pensei sobre o quanto não ter uma mãe
havia me afetado.
Ele saiu para o corredor e se virou. —Você tinha quase a
altura do meu joelho quando soube que faria círculos em volta
de mim e de Jack intelectualmente. Você vê o mundo de
maneira diferente de nós, Lauren, mas isso não é uma coisa
ruim. Não posso dizer o que está no coração de Graham, mas
sei o que está no seu. Seja você, Lauren, não importa o que
aconteça com ele. Não tente se tornar alguém que você acha
que ele gostaria. Comemore os presentes que você tem e um
dia você encontrará alguém que irá amá-la por eles.
Sorri. —Eu vou.
Ele pigarreou. —E sempre, sempre use camisinha. As
pílulas anticoncepcionais não previnem as DSTs.
Me encolhi por dentro. —Eu sei, pai. Obrigado. Boa noite.
Ele fechou minha porta e liguei meu computador. As
palavras de meu pai ecoaram em mim. Precisava ser eu, não
importa o que Graham quisesse. Perceber isso não me ajudou
quando se tratava de descobrir o que ele sentia por mim, mas
me ajudou a decidir como queria me apresentar a seus
companheiros de equipe no dia seguinte.
Pelas próximas horas, pesquisei o inferno fora de tudo
que pude encontrar online sobre os Wildcats e que tipo de
tecnologia eles já estavam usando para apoiar seu
treinamento. Então enviei um e-mail para Anders, um
programador amigo meu que adorava um bom desafio. Queria
um programa que fosse 3-D e pudesse isolar certos
movimentos em um vídeo, então me permitir escrever
diretamente no vídeo, bem como demonstrar a procissão
giroscópica e como às vezes menos giros produziriam uma
metragem maior. Sabia que ele poderia colocar as mãos em
qualquer programa lá fora e com um pequeno ajuste poderia
fazer o que eu imaginava. Fiz a ressalva de que deveria ser feito
naquela noite e esperei.
Pouco depois, ele me mandou um e-mail de volta em uma
mensagem codificada, informando que havia adquirido uma
cópia do programa que os Cats usavam, mas preferia um
programa diferente que já pudesse fazer a maior parte do que
eu queria. Ele me perguntou para que era. Quando contei a
ele, ele disse que demoraria mais algumas horas, mas ele faria
algo que não seria presa por usar.
Ri, agradeci a ele e escrevi: —Amigos inteligentes não
levam amigos inteligentes para a prisão.
Não fiquei surpresa quando ele não respondeu. Anders
não tinha senso de humor e, conhecendo-o, já estava
atendendo ao meu pedido. Ele era dolorosamente introvertido,
mas nos tornamos meio que amigos depois que ele leu minha
dissertação de graduação. Ele leu de todos em sua turma para
se divertir. Ele era um patinho feio, mas eu também era. No
papel, ele teria sido uma combinação perfeita para mim, mas
nunca houve sequer uma centelha de interesse entre nós.
Antes de dormir, vasculhei meu armário e tirei todos os
vestidos que possuía. Alguns eram muito apertados. Alguns
pareciam muito formais para um campo de futebol. Encontrei
um vestido floral sem mangas que me serviu
perfeitamente. Era casual, mas feminino. Lembrei-me de estar
com Kelley quando o comprei. Ela disse que a cor realçou meus
olhos.
Girei na frente do espelho do meu quarto. A saia não voou
para cima, por isso seria seguro usá-la mesmo com
vento. Meus olhos brilharam de excitação enquanto me
perguntava se Graham gostaria. Disse a mim mesma que não
importava se ele gostasse porque me sentia bonita
nisso. Amiga ou amante, esta sou eu. Peguei os óculos que
tirei por um momento e coloquei-os novamente. Na verdade,
sou eu.
Girei novamente. Sempre me senti mais confortável com
calças do que vestidos, mas queria usar um agora. Logo estaria
trabalhando com homens que cheiravam a bolas de naftalina
que eles usavam para proteger suas roupas. Se tivesse que
gastar tempo otimizando as habilidades naturais dos
gladiadores modernos, ficaria muito bem ao fazê-lo.
Graham me mandou uma mensagem com instruções de
onde ele e seus companheiros estariam treinando na manhã
seguinte. Perguntei se havia uma TV ou tela grande disponível
para que pudesse compartilhar algo com todos de uma vez.
Ele respondeu:
Graham: O que você quer compartilhar?
Lauren: É uma surpresa.
Graham: Não faça nada de especial. Eles ficarão felizes
com qualquer insight. Espero que você tenha uma ideia para
mim, mas na verdade só quero vê-la novamente.
Ele não poderia ter dito nada mais perfeito ou
motivacional. Ele me queria. Bem, traria exatamente isso para
ele. Os Wildcats estavam prestes a serem impressionados. E
você também, Graham.
Lauren: Boa noite, Graham.
Graham: Boa noite, Amendoim.
Adormeci sorrindo.
CAPÍTULO 33
LAUREN

Saltei para fora da cama na manhã seguinte. Meu amigo


havia enviado um programa que fazia tudo o que precisava. Já
experimentei no meu laptop usando imagens do último jogo
que os Wildcats jogaram. Usei-o para sugerir algumas técnicas
de arremesso que podem melhorar a precisão de
Graham. Também cruzei as referências da equipe atual com o
ano anterior, pesquisei as filmagens de todos os novos recrutas
e escrevi alguns cálculos que poderiam ajudá-los.
Tomei banho, coloquei o vestido que tinha escolhido na
noite anterior, apliquei uma leve camada de maquiagem e
puxei meu cabelo para cima em um rabo de cavalo frouxo,
sorrindo para o meu reflexo quando terminei. Nunca seria
como as modelos nas capas das revistas, mas decidi ali mesmo
comemorar o que me foi dado. Sim, meus quadris eram largos
e meu rosto tinha uma redondeza juvenil, mas havia apenas
uma definição de belo? Talvez, apenas talvez, pudesse ser
minha própria espécie.
Meu pai ergueu os olhos do café quando entrei na cozinha
e ele sorriu.
—Vai ver Graham hoje?
—E alguns de seus companheiros de equipe.
Meu pai franziu a testa.
—Tome cuidado. Lembre-se, não importa o quão grande
um cara seja, um chute em suas bolas vai derrubá-lo no chão.
O beijei na bochecha, peguei um pedaço de torrada de
seu prato e uma garrafa de água do balcão.
—Tenho certeza de que não será necessário. — Fiz um
gesto para o meu computador que estava pendurado no
ombro.
—Vou fazer uma apresentação sobre como eles podem
melhorar o jogo.
Ele acenou com a cabeça e acrescentou: —Se eles
estiverem usando um protetor de virilha, cutucar seus olhos
também funciona. — Ele apontou dois dedos no ar para
demonstrar.
—Você realmente parece preocupado. — Ele acenou na
minha direção geral. Rio. —É bastante modesto, pai. E foi você
quem sugeriu que eu usasse um vestido.
Ele franziu a testa novamente. —Não sei o que estava
pensando. Volte para o seu quarto, vista jeans e uma daquelas
camisas largas que você sempre usa. Você não tem permissão
para crescer durante a noite.
—Ainda sou eu, pai, — prometi então inclinei minha
cabeça para o lado. —E estou interpretando toda essa
conversa como um elogio. —Ele assentiu.
—Seja cuidadosa.
Dei-lhe um beijo na bochecha e me afastei me sentindo
muito bem comigo mesma. Meu pai normalmente não era
excessivamente protetor, mas quando olhei para trás, percebi
que ele nunca precisou ser. Esse sempre foi o trabalho de Jack
e Graham. Eu havia abalado sua fé em ambos? Esperava que
não.
Estávamos todos crescendo e cometendo erros ao longo
do caminho. Kelley me garantiu que isso era
normal. Gostava disso: normal. Não queria pensar sobre
quanto tempo tinha levado para me ver dessa forma. E não
queria estragar o quão bom era simplesmente me sentir
confortável em minha própria pele.
Graham me encontrou na frente do campo de treino dos
jogadores. Seus olhos se arregalaram quando ele viu meu novo
visual.
—Puta merda, Lauren, você está incrível...
Corei e olhei para ele por baixo dos meus cílios.
—Bom dia, Graham. — Considerando seu traje de calças
esportivas e uma camiseta, normalmente teria me sentido
vestida demais e envergonhada, mas o calor em seu olhar me
disse que tinha escolhido a roupa certa. Não queria ser um dos
caras. Não com ele.
Tentei manter minha compostura enquanto meu olhar
deslizou sobre ele novamente. Como ele se descreveu de
brincadeira? Como um garanhão saudável? Sim, pude ver
isso. Para onde quer que olhasse, ele estava inchado com
músculos e alguns impossíveis de ignorar a emoção de me
ver. Meu corpo estava tão emocionado por estar perto dele,
mas felizmente o corpo feminino o escondeu melhor.
—Devo dar a vocês dois minutos? — uma voz masculina
disse ao lado dele. Só então percebi que não estávamos mais
sozinhos. O outro homem poderia ter a idade de Graham ou
um pouco mais jovem, e era igualmente robusto e vestido de
maneira semelhante. Embora apreciasse seu físico porque
sabia o trabalho árduo que era necessário para mantê-lo, não
sentia nada da atração que sentia por Graham. Gostei, no
entanto, da simpatia de seu tom e como Graham permaneceu
relaxado em sua presença. O nome do homem era Tyler
Miller. Reconheci seu rosto pelos vídeos que vi dele. Ele era o
wide receiver de que Graham realmente gostava.
—Não é à toa que você sentiu que tinha que reivindicar
seu direito. — Ele estendeu a mão. —Graham fala sobre você
o tempo todo, mas ele não mencionou que você é linda. Sou
Ty.
Corei de novo, curtindo o momento, embora ele
provavelmente tivesse dito o mesmo para qualquer
mulher. Apertei a mão de Ty e disse: —Estou tão feliz por você
estar aqui. Usei sua última recepção incompleta para
demonstrar o que o software que trouxe comigo é capaz de
fazer. Gostaria de começar minha apresentação com essa
peça, se estiver tudo bem para você. Então juntei alguns clipes
de Graham e vários outros jogadores do time, juntamente com
algumas sugestões para cada um.
As sobrancelhas de Ty subiram e desceram e ele soltou
um assobio impressionado.
—Certo. Isso parece incrível. E muito mais do que
esperava.
Graham passou o braço em volta da minha cintura. —
Não disse? Ela é brilhante. Prepare-se para ficar
impressionado.
—Já estou—, disse Ty gentilmente.
O braço de Graham apertou minha cintura e olhei para
ele. Ele estava irritado. Não. Com ciúmes? Meu olhar foi dele
para Ty e voltou. Poderia ter dito a ele que ele não tinha
nenhum motivo para se preocupar, já que só havia um homem
que me fazia sentir como ele, mas decidi não tornar isso tão
fácil para ele.
Tinha feito algo ridículo na viagem e ouvi um podcast
sobre como agarrar o coração de um homem. Na verdade, não
tinha sido tão ruim quanto esperava que fosse.
Seja você mesmo - check.
Seja um desafio - falha épica.
De acordo com o podcaster, que usou seu casamento e
histórias anedóticas para ajudar seus amigos a encontrar o
amor, ao invés de citar um diploma sobre o assunto, os
homens valorizam mais uma mulher se eles sentem que a
conquistaram. Nunca fui de jogar, mas sua filosofia combinava
com a crença comum de que as pessoas tendiam a valorizar
algo mais se tivessem que trabalhar para isso.
Estava entrando em um território desconhecido. A ideia
de flertar com outro homem para acordar Graham não tinha
nenhum apelo para mim. No entanto, vi que poderia ser um
pouco menos como um cachorrinho correndo para encontrá-lo
na porta sempre que o visse. Seja um desafio. Ok, aqui vai.
Afastei-me de Graham e dei um tapinha na minha bolsa
do computador. —Você pode me mostrar onde vou
instalar? Quantos devo esperar? — Endireitei meus ombros e
usei o tom profissional que normalmente reservava para meus
colegas mais velhos quando precisava ser levado a sério.
Graham esfregou o queixo enquanto me observava adotar
esse papel.
Ty acenou para que o seguíssemos. —Porque não
apresento vocês aos caras primeiro, então nós os atrairemos
para a aula. Graham providenciou uma sala para você.
Práticas não oficiais estavam sendo realizadas em
qualquer campo disponível. Esta acabou por ser ligado a uma
escola secundária.
—Quatro homens do ataque estão aqui—, explicou Ty
enquanto caminhávamos para onde os outros homens estavam
parados. —Dois estão animados para falar sobre estratégia,
mas os outros dois não estão tão entusiasmados.
Graham interveio. —É melhor que sejam inteligentes o
suficiente para saber que não devem começar nenhuma
merda. Quem tem problemas com Lauren estar aqui? — Seus
músculos flexionaram sob sua camisa enquanto ele se movia.
Ty disse: —Gareon e Bruce. Treyvon e Dexter estão bem
com isso.
As mãos de Graham se fecharam em punhos ao lado do
corpo. —Deveria saber. Bruce adora mexer na merda e Gareon
sempre segue seu exemplo. Já apaguei os dois no passado e
farei de novo se eles apenas olharem para ela de forma
errada. Por que eles vieram?
Oh não. A última coisa que queria fazer era causar um
problema para Graham com sua equipe.
Ty colocou as mãos na frente dele. —Acalme-se,
Graham. Ninguém vai desrespeitar sua namorada. Eles estão
aqui para jogar algumas bolas e ver você. Trata-se de fazer o
ataque solidificar, não lutar. No final do dia, como vocês se
sentem um pelo outro afeta se vamos ganhar ou
perder. Qualquer que seja a história que você tenha com eles,
deixe para lá. É uma nova equipe, um novo jogo. —Graham
acenou com a cabeça e suas mãos relaxaram.
—Você tem razão.
Saímos para o campo dos jogadores e fiquei feliz por ter
usado sapatilhas. Estava trotando para acompanhar Graham
e Ty enquanto tentava não me deixar ceder a uma onda
crescente de preocupação. Quatro homens já estavam em
campo jogando bolas de futebol para a frente e para trás. Eles
pararam ao nos ver e seguiram em nossa direção. Graham
alongou seu passo e apressei o meu até que Ty balançou a
cabeça para mim e disse suavemente: —Ele precisa lidar com
isso sozinho.
Parei e agarrei minha bolsa de computador. Graham não
parecia nem um pouco intimidado pelos quatro homens
enormes que estavam diante dele como uma parede
humana. Observei, esperei e orei. Assim como Ty havia dito,
dois não pareciam nada satisfeitos não apenas com a minha
presença, mas também com Graham. Não conseguia ouvir o
que eles diziam, mas a conversa parecia civilizada o suficiente.
Um momento depois, Graham se virou e todos
começaram a caminhar em nossa direção. Ty disse: —Você
consegue, Lauren. Por baixo de todos esses músculos, eles são
apenas homens que desejam ser os melhores atletas que
podem. Eles dão tanta importância para fazer este trabalho
quanto Graham.
Sorri para ele em gratidão. —Obrigada. Isso ajuda.
Graham franziu a testa para mim e Ty novamente. Se
estivéssemos sozinhos, teria lhe dado um soco no braço e dito
que ele estava sendo bobo, mas não havia nada que pudesse
fazer com a audiência que tínhamos.
Cada um se apresentou a mim, dois com o entusiasmo de
uma criança no primeiro dia de aula. Recusei-me a deixar isso
me incomodar. Me apresentei e disse: —Estou animada com a
oportunidade de aplicar o que sei sobre física para ver se
minhas simulações de vídeo refletem a aplicação de minhas
teorias no mundo real.
Gareon balançou a cabeça. —É uma pena que não posso
ficar. Tenho muita merda para fazer. Mas estou pronto para
jogar bola outro dia.
Bruce interrompeu: —Eu também. Me saí muito bem no
ano passado para querer alguma coisa bagunçando minha
cabeça.
—Muito bem? Se o seu quarterback não tivesse se
machucado e levado a culpa por todas as suas más recepções,
você provavelmente teria sido dispensado —, eu disse.
—Isso não é verdade, — Bruce rebateu, seu
temperamento queimando.
Graham se moveu para ficar ao meu lado. Ele parecia que
estava prestes a dizer algo, mas silenciosamente implorei para
que ele não dissesse. A experiência me ensinou que, se
quisesse que esses homens me respeitassem, teria que provar
meu valor, e isso não era mais algo que me intimidava.
—Os números são incontestáveis. — Citei suas
estatísticas do ano passado em comparação com o ano
anterior.
—Quem diabos você pensa que é? — Bruce retrucou.
—Isso é muita atitude defensiva para alguém que joga no
ataque—, brincou Ty na tentativa de aliviar a tensão. Falhou.
—Cuidado, Bruce—, disse Graham em um tom frio e
tenso.
—Acho que sou a pessoa que pode mostrar como
posicionar melhor seu corpo para melhorar suas estatísticas
pessoais. Dê-me cinco minutos do seu tempo e, se não ficar
impressionado, vou embora.
—Cinco minutos? — Gareon zombou. —Acho que posso
te dar isso. Vamos tentar sua ‘mágica’.
Sorri com confiança quando Graham nos levou para a
escola e para a sala de aula que ele montou antes de eu
chegar. Cinco minutos não era muito, mas se colocasse os
clipes de forma diferente, cada homem teria pelo menos ouvido
uma sugestão de como eles poderiam melhorar seu jogo. Ty me
deu uma ideia sobre o que os companheiros de equipe de
Graham queriam enquanto caminhávamos para a sala de
aula. Gostaria que Graham fosse tão fácil de entender. Olhei
para Graham enquanto rapidamente configurava o
equipamento, e vi que ele ainda estava tenso e pisquei.
Um sorriso lento se espalhou por seu rosto. Ele se
inclinou. —Eu...— Ele parou como se percebesse que qualquer
coisa que ele pudesse ter me dito seria ouvido por todos ali. —
Mal posso esperar para ouvir sua apresentação.
Logo era hora do show. Estava na frente de um pequeno
teatro que criei com meu laptop ao meu lado e o programa
projetado em uma tela grande na nossa frente. Trouxe o clipe
do passe incompleto de Ty, quebrei todas as partes dele, então
usei equações matemáticas para explicar por que foi
impossível para Ty pegar a bola. Havia cinco pares de olhares
em branco até que fiz as simulações em 3-D de como a
mudança de posição, mesmo que levemente, importava, e
demonstrei como isso mudou a capacidade da bola de ser
pega. Fiz o mesmo ajustando como cada lance deveria ser
recebido com um tipo diferente de recepção para aumentar a
probabilidade de o recebedor reter a bola.
Quando reproduzi o clipe de Gareon seguido de minha
sugestão, ele se levantou e se aproximou da tela. —Passa outra
vez.
Eu fiz.
—Você está certa, — ele disse e me deu um olhar
estranho. —Se tivesse mudado, mesmo que ligeiramente, não
teria perdido a bola.
Concordei. —E desde a lesão de Graham, ele está
lançando espirais mais baixas. Com pequenas modificações,
você pode usar isso em seu benefício. — Tracei o caminho
parabólico descendente. —Se você sabe em que ângulo ele vai
chegar, você pode ajustar de acordo.
Graham se aproximou e se juntou a Gareon. — Também
poderia aumentar meu alcance.
Treyvon e Dexter se juntaram a eles. Treyvon disse: —
Você pode mostrar meu clipe de novo?
Passei novamente.
—E o meu—, Dexter pediu. Mostrei o seu próximo.
—Preciso tentar isso—, anunciou Gareon.
Graham deu-lhe um tapa nas costas. —Vamos fazer isso.
Ty se aproximou de mim e acenou com a cabeça em
direção a Graham.
—Você é boa para ele.
Uma tontura trouxe um sorriso bobo ao meu rosto
quando percebi que tinha feito isso, eu os ganhei.
—Eu sei. Ele tem sido bom para mim também.
—Espero que vocês dois se acertem—, disse Ty com
sinceridade.
—Eu também, — disse e coloquei minha mão em seu
braço. Ty parecia genuinamente se preocupar com Graham e
sabendo o que agora sabia sobre a infância de Graham, sabia
o quão importante era o vínculo deles. Gostaria que Jack
pudesse estar aqui, torcendo por Graham, lamentando-se com
ele quando as coisas iam mal e depois chutando sua bunda
para se esforçar mais, mas isso era culpa de Jack. E o que
importava era que isso não impedira Graham de ser capaz de
ter outras amizades. Tinha começado a pensar que Graham
nunca seria capaz de perdoar Jack, mas vê-lo construindo
novos laços com homens com os quais ele claramente teve
problemas anteriormente me deu esperança.
Fechei meu laptop e coloquei a bolsa no ombro. Graham
esperou por mim logo após a porta. Os dois Running Backs, o
Tight end e o outro wide receiver dos Cats se enfileiraram e Ty
acenou para que eles me vissem do lado de fora antes de fechar
a porta atrás de si.
Graham levantou minha bolsa de computador do meu
ombro e colocou-a contra a parede. —Obrigado por hoje.
— Embora suas palavras fossem bastante simples, seu humor
era mais complicado. Em vez de parecer satisfeito comigo, ele
parecia, cansado, frustrado, faminto.
—De nada, — disse sem fôlego enquanto ele me apoiava
contra a parede. Ele preencheu minha visão e enviou meus
sentidos em sobrecarga. Que se dane a ciência, como estar
com ele poderia ser tão bom quanto seria se não estivéssemos
destinados a ficar juntos?
Ele enfiou uma mão no meu cabelo e fechou a outra sobre
a minha bunda, me puxando contra ele enquanto inclinava
minha cabeça para trás. Seu pau endurecido cutucou meu
estômago.
—Você é minha, Lauren.
Abri minha boca para perguntar a ele o que isso
significava, mas minha pergunta foi perdida por um beijo
violento e saqueador que limpou todo pensamento coerente de
mim. Nada importava além de seus lábios, sua língua, a
sensação de suas mãos. Eu queria mais, muito mais. Passei
meus braços em volta do pescoço e me entreguei ao prazer.
Ele arrancou sua boca da minha, sua respiração irregular
e quente na minha bochecha.
—Quero você bem aqui, mas não posso fazer isso com
você. Não achava que era do tipo ciumento, mas toda vez que
você sorria para Ty, cada toque que via você dar a ele, isso me
despedaçava por dentro. Não me deixe, Lauren.
Queria dizer a ele que nunca o faria, mas isso não era
mais verdade.
—Então não me machuque de novo, Graham. Não me
exclua. Se realmente sou sua, então seja meu. Seja alguém em
quem possa acreditar.
Ele enfiou minha cabeça sob o queixo e me abraçou
contra o peito. Senti, assim como ouvi, a batida rápida de seu
coração.
—Eu vou ser. Juro que vou.
Balancei a cabeça contra ele e passei meus braços em
torno dele, segurando-o com tanta força quanto ele estava me
segurando. Nós conseguiríamos? Ele poderia ser o homem que
eu precisava que ele fosse? Ainda não tinha certeza, mas saber
que ele queria ser era quase tão bom quanto uma declaração
de amor dele.
Quase.
Mas Graham nunca me disse que me amava, nem mesmo
quando era criança. Ele não se sentia confortável em se
expressar dessa maneira.
Se medisse o sucesso do dia pelo quão duro joguei, falhei
miseravelmente. Decidi, no entanto, parar de tentar calcular
nossa trajetória e me permitir desfrutar de onde estava:
nos braços do homem que adoro desde que me lembrava.
Nós nos afastamos um do outro e ele limpou meus óculos
em sua camisa do jeito que tinha feito mil vezes
antes. Algumas coisas mudaram entre nós, mas outras
não. Nosso relacionamento não era tradicional, mas talvez,
apenas talvez, fosse isso que o tornasse bonito.
Fiquei tempo suficiente naquele dia para ver os jogadores
testando minhas teorias e adotando algumas delas. Graham
tentou jogar mais baixo e mais longe, adicionando o giro
adicional que sugeri. Os outros estavam ajustando como eles
se posicionaram para diferentes arremessos. Foi fascinante
assistir, mas acenei que estava indo embora. Graham estava
se dando bem com os outros e eu fiz o que vim fazer. Graham
correu até mim.
—Vou te acompanhar até o seu carro. — Odiava afastá-
lo dos outros.
—Tudo bem. — Ele tocou minha bochecha suavemente.
—Vejo você amanhã?
—Amanhã? — Perguntei, incapaz de me concentrar
quando sua atenção estava focada em mim dessa forma.
—Nosso encontro.
—Ah sim.
—Mal posso esperar para ficar sozinho com você.
Minha boca abriu e fechou, mas nada saiu. Poderia tê-lo
lembrado de novo que, sozinhos ou não, precisávamos seguir
em frente lentamente, mas essa convicção enfraquecia sempre
que ele estava por perto.
—Vejo você amanhã, — disse, fazendo uma retirada
rápida e um tanto estranha.
CAPÍTULO 34
GRAHAM

Estava tão nervoso quanto um adolescente no meu


primeiro encontro.
E puta merda, não era um estado de espírito confortável
para mim. Era um cara de 25 anos que não namorava.
Inferno, mesmo meu tempo com Hope tinha sido
um compromisso.
Fui a festas e transei. Não tinha a porra da ideia de como
realmente impressionar uma mulher. Talvez porque não
tivesse uma que realmente valesse a pena tentar.
Até agora.
Dei uma última olhada no meu reflexo. Não estava
vestindo um terno, não porque não achasse que valia a pena
vestir-me para Lauren, mas não era o tipo de cara de
gravata. Se achasse que isso a faria me olhar como se fosse
dela, usaria um smoking e um milhão de gravatas diferentes
de todas as cores. Mas ela odiaria se ela pensasse que não
estava gostando do jantar porque estava sendo estrangulado
por uma porrada de acessórios.
Então, decidi ser o melhor que poderia ser.
Meu jeans preto era novo em folha e o suéter creme era
apropriado porque ainda fazia um pouco de frio à noite no
Colorado.
Quando parei no shopping no início do dia, a balconista
me ajudou a escolher o suéter que estava vestindo.
Aparentemente, ficou bom com o meu cabelo e pele mais
escuros, pelo menos foi o que a mulher me
disse. Honestamente, tudo que queria era que Lauren me
achasse atraente. Pode ser que estrague tudo ao ouvir uma
balconista que tinha idade para ser minha avó.
Aborrecido comigo mesmo, afastei-me do espelho e fiz
meu caminho para a cozinha o mais rápido que meu novo par
de oxfords pretos poderia me levar lá.
Puxei minha jaqueta de couro preta e peguei minhas
chaves. Odiava estar tão tenso.
Lauren era minha melhor amiga, mas de alguma forma
tornou-se crítico que ela pensasse que era bom para namorar
também. Ser amigo e foder estavam bagunçando minha mente
de novo, mas no meu coração, sabia o que queria.
Quando entrei no meu Range Rover, admiti para mim
mesmo que queria mais do que ser um amigo e uma foda pra
Lauren.
Queria tudo, o que era um problema, já que realmente
não tinha encontros. E definitivamente não sabia merda
nenhuma sobre romance.
Sorri enquanto colocava os presentes que comprei para
Lauren no assento recém-aspirado. Meu Range Rover estava
tão limpo quanto no dia em que o comprei, desde que limpei
ele inteiro no início do dia.
Enquanto dirigia para a casa de Lauren, fiz uma careta
ao pensar no dia anterior. Estava tão orgulhoso da minha
Amendoim e de sua abordagem destemida com meus
companheiros de equipe. Mas então, já sabia que ela era
brilhante. O que mais me abriu os olhos foi a maneira como
me senti ao vê-la falando com qualquer cara de quem não era
parente, exceto eu.
Não queria que nenhum outro homem a tocasse ou
recebesse um de seus lindos sorrisos. Isso me irritou,
especialmente considerando que não poderia realmente
reivindicá-la como minha mulher.
Isso acaba agora. Esta noite.
Alguns anos atrás, minha ascensão significava tudo para
mim, e havia traçado o plano perfeito enquanto estabilizava
minha condição bipolar. Achei que Hope seria um ótimo
complemento para esses planos. De certa forma, realmente
precisava agradecer a Jack por encerrar aquele noivado. Se ele
não tivesse feito isso, estaria pensando em caminhar pelo
corredor em mais um mês com a mulher errada.
Agora, queria mais.
Lauren sempre foi a mulher que eu precisava, mas nunca
imaginei que poderia realmente tê-la ao meu lado.
Claro, ainda estava preocupado com meu valor, mas não
ia deixar isso me impedir. Tinha tomado uma decisão concreta
e sabia que estava certo.
Ninguém jamais iria se importar tanto com Lauren
quanto eu, e não havia nenhuma maneira no inferno que iria
deixá-la ir porque não tentei. Não era um desistente e me
recusei a me deixar ser definido por minha doença mental.
Sempre haveria medos associados ao meu transtorno
bipolar. Meu futuro de ter filhos um dia era incerto, já que a
doença era hereditária, e sim, poderia acabar em uma cama de
hospital balbuciando sobre coisas que não faziam sentido se
saísse do meu estado estável, mas não seria melhor apenas
viver minha vida se ou até que isso acontecesse, sabendo que
teria alguém por perto que genuinamente se importava comigo
para me ajudar a superar a experiência?
Inferno, estaria lá para Lauren, não importa o que
acontecesse com ela. Ela poderia ter delírios sobre ser a
Rainha da Inglaterra e começar a dançar nua nas mesas, mas
saberia quem estava realmente dentro de sua mente e seu
corpo. Isso não mudaria o que sentia por ela. No entanto, teria
que cobrir seu corpo e arrastá-la para fora da mesa. Ninguém
iria vê-la nua, exceto eu.
Então, se me sentia assim em relação a ela, seria um tiro
no escuro que ela pudesse ter essas mesmas emoções?
Realmente não conseguia me lembrar de uma época da
minha vida em que Lauren não fazia parte da minha história e
do meu futuro. OK. Sim. Nosso relacionamento estava
mudando. Meu pau a adorava agora que ela era adulta, e
queria conhecimento carnal de cada centímetro de seu corpo
curvilíneo. As coisas possessivas de homem das cavernas me
surpreenderam, mas talvez não devesse. Sempre me vi como o
protetor de Lauren, mas ela não precisava mais disso. Ela era
brilhante e poderia enfrentar qualquer adversário
razoável. Então, esses sentimentos se transformaram em uma
necessidade de reivindicá-la como minha.
A porra de um instinto implacável que estava me
matando.
Talvez fosse um relacionamento que aparentemente não
fazia sentido. O atleta e a gênia?
O problema era que via muito mais quando olhava para
Lauren do que sua inteligência. Sempre vi mais. Via ela. A
pessoa inteira.
A menina que sempre se sentiu diferente, mas tinha uma
compaixão infinita pelas outras pessoas ao seu redor.
A adolescente que me fez rir porque tinha senso do
ridículo e sabia fazer piadas sobre isso.
E agora, a bela mulher adulta que ansiava como uma
droga viciante. Oh inferno, estou fodido.
Deveria saber que estava ferrado desde o momento em
que o pé de Lauren roçou minha ereção na cabana em
Aspen. Gostaria de ter parado para pensar sobre o que estava
acontecendo então, mas não o fiz. Primeiro, deixei meu pau
assumir o controle do meu cérebro. Então, surtei, com medo
de fazer algo para machucar Lauren, então fugi como uma
covarde para protegê-la de mim. Não tinha reconhecido
conscientemente que estava fazendo algo que corroeria
completamente a confiança que construímos por mais de uma
década de amizade.
Já tinha me batido um milhão de vezes por perder sua
confiança.
Estava pronto para provar a ela que poderia estar lá para
ela quando precisasse de mim.
Mostrar a ela como me sentia era tão necessário que
fiquei nervoso. Poderia pensar no que aconteceria se não
pudesse mostrar a ela. Não iria aguentar.
Decidi não aceitar a derrota porque essa era praticamente
a minha natureza, e precisava muito de Lauren para aceitar
qualquer coisa menos do que sua rendição.
Queria que nós estivéssemos envolvidos um no outro,
entrelaçados, de preferência nus, até que não soubéssemos
onde um de nós terminava e o outro começava.
Gemi no interior escuro do meu veículo quando saí da
rodovia, me amaldiçoando ao imaginar Lauren nua.
—Não vá lá agora, —resmunguei em voz alta.
Sim, planejava colocá-la na cama antes que a noite
acabasse, mas queria que ela soubesse que estaria lá quando
ela acordasse pela manhã.
Desliguei o motor quando entrei na garagem de Lauren.
Antes que pudesse pensar muito, peguei os presentes no
banco ao meu lado e pulei para fora do meu veículo.
Poderia fazer Lauren confiar em mim novamente.
Poderia estragá-la como ela merecia ser estragada.
Toquei a campainha e o pai de Lauren abriu a porta
segundos depois, como se estivesse esperando que eu chegasse
lá.
Ele deu um passo para o lado e me deixou entrar com
uma expressão cautelosa no rosto. Não estava acostumado
com isso.
Sempre gostei do pai de Lauren e Jack, Ben. Ele me
tratou como um segundo filho quando era mais jovem, algo
que nunca tinha experimentado em meus muitos lares
adotivos. Percebi agora que o afastei um pouco, apenas como
se mantivesse todo mundo à distância quando era
criança. Mas não precisava mais dessa defesa protetora.
Apertei sua mão e ele me deu um tapa nas costas. Não o
via há algum tempo e reconheci o fato de que sentia falta dele.
—É bom vê-lo novamente, senhor, — disse enquanto
soltava sua mão.
—Lauren está lá em cima—, disse Ben. —Mas ela descerá
em breve. Me chame de Ben. Me sinto velho quando você me
chama de 'senhor'.
Estava em uma cozinha que não tinha mudado muito ao
longo dos anos quando concordei prontamente,
—Ben.
—Você está bem arrumado, — ele me disse. —Para onde
vocês dois estão indo?
Odiei o nervosismo que senti quando Ben olhou para
mim. Mas então, ele parecia estar me olhando como um
namorado em potencial, em vez de um amigo de Jack.
Disse a ele onde íamos jantar.
Ele assobiou. —Lugar legal. Queria levar Lauren lá para
seu aniversário, mas era um pouco caro demais para o meu
sangue.
Dei de ombros. —Posso pagar agora, e Lauren merece o
melhor que posso dar a ela. — Fiz uma nota mental para levar
Ben e Lauren a alguns lugares que antes estavam fora de
alcance. Qual era o sentido de ter dinheiro se não poderia usar
um pouco disso para me divertir com as pessoas de quem
gosto?
—Você se saiu bem, garoto—, disse Ben. —Você tem
preservativos?
Me contorci, me sentindo um pouco culpado por ver a
garota de Ben como a mulher que assombrava todas as minhas
fantasias sexuais.
—Acho que estamos bem, — disse rapidamente.
Meio que esqueci o quão direto o pai de Lauren poderia
ser. Mas não tínhamos conversado exatamente sobre sexo
quando era mais jovem.
Ele apontou para a mesa da cozinha e me sentei em uma
cadeira.
Ao se sentar à minha frente, ele disse: —Não mexa com a
cabeça dela, Graham. Ela é boa demais para isso.
Comecei a sentir como se estivéssemos falando a mesma
língua agora.
—Eu sei—, confessei. —Tudo que quero fazer é fazê-la
feliz.
—Você a ama? — Ben perguntou diretamente.
Balancei minha cabeça imediatamente. —Eu amo. Mas
errei uma vez.
Seu rosto solene se iluminou em um sorriso.
—Se o seu coração estiver no lugar certo, tudo vai dar
certo. Você e Lauren sempre pareceram se encaixar.
—Você não acha isso estranho? — Perguntei
curiosamente. —Somos tão diferentes de muitas maneiras.
—Não importa, — ele negou. —O importante é que você
sempre viu ela.
—Vou cuidar dela do jeito que ela merece, — jurei.
—Pai? Você está interrogando Graham? — A voz de
Lauren falou da entrada da cozinha.
Ben e eu nos levantamos como se estivéssemos sendo
pegos no ato de fazer algo errado.
—Só estou me atualizando, — Ben negou enquanto
piscava para mim.
Lauren revirou os olhos exasperada, mas olhou
carinhosamente para seu único pai ao dizer: —É apenas um
jantar. E é Graham.
Meu coração começou a acelerar como se estivesse
treinando enquanto olhava para ela.
Jesus! Ela era linda.
Ela me fez grato por ter feito um esforço para me
arrumar. Mas minhas tentativas foram envergonhadas por seu
vestido de coquetel preto. Era enganosamente simples, mas o
material sedoso parecia abraçar cada curva sua. Fiquei
hipnotizado pela vista de trás quando ela deu um breve beijo
na bochecha de seu pai.
—Não vou chegar tarde, — ela o informou.
—Você vai, — contradisse. —Não planeje vê-la até
amanhã, — informei a seu pai.
Ben olhou para mim com uma expressão resignada.
Lauren olhou para mim com surpresa, mas ela não falou.
—Você vai precisar de uma jaqueta, — disse a ela. —Não
está frio, mas também não está exatamente quente.
Ela pegou um casaco leve que estava nas costas da
cadeira da cozinha.
O peguei e estendi para ela enquanto ela colocava os
braços nele.
—O que é isso? — ela perguntou enquanto pegava os
presentes que deixei na mesa. Os muffins de mirtilo
eram autoexplicativos. Era o favorito dela, e comprei-os recém
assados em uma loja no shopping.
Mas sorri quando a vi olhando para eles como se fossem
bilhetes dourados. Ela finalmente colocou os muffins na mesa
e pegou o outro pacote.
—Não é grande coisa. Algo que você pode abrir mais
tarde.
Sabia que o papel de embrulho não duraria mais do que
trinta segundos. Lauren não era uma mulher que poderia
ignorar algo misterioso, mesmo que não fosse tão emocionante.
Ela rasgou o papel e abriu a caixa.
O moletom era azul Wildcats, e observei seu rosto quando
ela viu o que estava escrito na frente.
O Quarterback é meu.
Dei de ombros enquanto murmurava: —Apenas algo que
você pode usar para os jogos. Vou pegar uma camisa oficial
para você quando elas forem lançadas. — Claro, ela estaria
ostentando meu nome e número naquele lindo corpo dela.
Ela o abraçou por um momento e disse: —Amei isso.
—Essa coisa vai obrigar as outras mulheres a ficarem
longe, — Ben avisou.
—Essa é a ideia, — disse a ele honestamente. —Não quero
nenhuma outra mulher.
Não estava disposto a esconder o fato de que estava
determinado a fazer Lauren minha, nem mesmo para o pai
dela.
Ele balançou a cabeça como se aprovasse quando disse:
—Vocês dois, divirtam-se. Vejo você amanhã.
—Pai, — Lauren disse em uma voz de advertência.
Balancei a cabeça de volta, sabendo que Ben e eu
havíamos chegado a um acordo. Se cuidasse de sua filhinha,
teria sua aprovação.
Se não, ele iria me enfrentar, não importava o quão mais
jovem e mais forte eu pudesse ser. Respeitava isso.
Planejava cuidar de Lauren para sempre, então não tive
nenhum problema com o acordo.
Lauren pegou minha mão e me puxou em direção à
porta. —Vejo você mais tarde, pai.
—A loja de conveniência na mesma rua vende
preservativos—, comentou.
Sorri quando o rosto de Lauren corou de vergonha. Não
pude evitar isto.
Chegamos até o Range Rover antes de nos perdermos e
começarmos a rir.
CAPÍTULO 35
GRAHAM

O restaurante tinha sido tudo que esperava que fosse, e


gostei muito de assistir os olhares de êxtase no rosto de Lauren
ao longo de cada prato.
No entanto, minha paciência estava começando a se
esgotar.
Tinha uma relação de amor e ódio com a maneira como
Lauren gostava de sua comida. Adorei vê-la feliz. Mas odiava
ver o olhar excitado em seu rosto quando ela provou tudo sobre
a mesa.
Foi uma refeição dolorosamente difícil, embora a comida
e o serviço tivessem sido excelentes.
—Terminei, — Lauren disse tristemente enquanto
colocava o guardanapo de linho no prato com cuidado. —Esta
é a coisa mais decadente que já fiz.
A observei enquanto ela pegava sua taça de vinho,
silenciosamente jurando para mim mesmo que Lauren e eu
compartilharíamos cada coisa perversa que poderíamos
encontrar no futuro. —Foi bom—, respondi.
Suas sobrancelhas se juntaram da maneira Lauren que
eu adorava.
—Bom? — ela questionou. —Graham, foi extraordinário.
A comida, o vinho, a toalha de mesa, o serviço. Todo este
restaurante é fantástico. E duvido que teria experimentado se
não fosse por você. Obrigada.
Nós dois amamos boa comida, então sorri para ela.
—Há muitos outros lugares que quero ir.
Ela olhou ao redor do elegante interior do restaurante.
—Vou ficar sem vestidos. Não é como se tivesse um
armário cheio de roupas bonitas.
—Isso importa? — Perguntei. —Denver tem muitos
lugares ótimos que são casuais, ou poderia lhe dar meu cartão
de crédito para comprar mais vestidos e roupas.
Porra! Pareceu uma boa ideia. Gostei da ideia de cuidar
dela e agora tinha dinheiro para comprar para ela tudo o que
seu coração desejasse, sem nem mesmo afetar meu novo
patrimônio líquido.
A maioria dos bons restaurantes sempre esteve fora do
meu alcance quando éramos mais jovens.
—Realmente não importa para onde vamos, desde que
esteja com você, — ela respondeu em um tom sincero.
Não me escapou que ela ignorou totalmente minha oferta
de roupas novas. Amendoim era teimosa, mas não a deixaria
ser de outra maneira. Tinha muita fé em minhas habilidades
de persuasão e aprendi a contornar sua teimosia na maioria
das vezes.
—Mas comida boa não faz mal, — provoquei.
Lauren suspirou. —Você não vai fazer bem a minha dieta.
—Estarei disponível para ajudá-la a eliminar as calorias—
, ofereci com voz rouca. Seus lindos olhos se encontraram com
os meus, e vi o mesmo desejo que sabia que estava mostrando
a ela quando a olhei. A sensação de roer meu intestino tornou-
se agonizante quanto mais ela olhava para mim.
—Você quis dizer isso? — ela perguntou em um tom sem
fôlego. —Qual o objetivo da camisa que você me deu e o que
disse ao papai?
Me estiquei sobre a mesa e agarrei a mão dela.
—Eu, e eu quero. Talvez você ainda não acredite em mim,
mas não vou a lugar nenhum, Lauren.
Sua expressão ligeiramente assombrada me destruiu.
Mas dei a ela sinais confusos o suficiente no passado para
justificar isso. Não mentiria para ela nunca mais.
—Quero que você seja meu, — ela disse hesitantemente.
—Eu sou seu, — disse imediatamente, tentando derrubar
o resto da parede que havia construído entre nós com minha
estupidez.
Tínhamos uma conversa divertida durante o jantar,
apenas curtindo a companhia um do outro. Mas estava mais
do que feliz em derramar minhas entranhas para ela. Estava
pronto.
Meu pau ingurgitado se contraiu e admiti que meu pau
estava mais do que ansioso para falar com ela também.
Ela torceu o nariz adoravelmente enquanto seu polegar
brincava com o topo da minha mão.
—É estranho nos sentirmos assim depois de sermos
amigos por tanto tempo?
—Meu pau percebeu que não era estranho muito antes
do meu cérebro—, confessei. —Mas isso é certo,
Amendoim. Acho que nós dois sabemos disso.
—Sinto como se tivesse esperado uma eternidade que
você me notasse, mas então você se juntou a Hope...
Posso ouvir a angústia em seu tom, e quase me mata ter
sido tão estúpido.
Acariciei seu pulso com o polegar. —Sou um trabalho em
andamento, Amendoim, — admito. —Não é fácil estar com
alguém que é bipolar. Sempre existe aquele medo da desordem
tomando o controle. Hope não queria filhos e nenhum de nós
esperava muito um do outro. Mas eu esperava que ela não
transasse com outros caras. Acho que pensei que Hope e eu
éramos perfeitos um para o outro porque éramos
ambivalentes.
—Você merece muito mais do que isso, Graham, — ela
respondeu suavemente.
Levanto uma sobrancelha. —Então o que faço agora que
sei que a única que pode me dar o que quero é você?
—Sexo? — ela questionou.
Balanço minha cabeça lentamente. —Se é isso que você
pensa, então não estou fazendo um bom trabalho ao me
expressar. Quero tudo, Amendoim. Admito, não gostaria de
nada mais do que provocá-la até que você estivesse meio louca
de desejo, e então me enterrar dentro de você até estarmos
ambos satisfeitos. Mas isso não vai ser suficiente para
mim. Preciso de nós. Talvez seja muito cedo para querer isso,
mas não posso ver você com mais ninguém além de mim.
—Me matou ver você com Hope, — ela respondeu. —
Nunca admiti isso conscientemente porque sabia que doeria
muito.
Nosso garçom deixou a conta na mesa em silêncio, e soltei
a mão de Lauren para cuidar dela.
—Teria me sentido da mesma forma se você estivesse com
outra pessoa—, confessei. —Mas você e eu... simplesmente
não conseguia conceber porque não queria ninguém com quem
me importasse que convivesse com o meu transtorno. Não é
para quem tem coração fraco —, brinquei.
—Mas bipolar não define quem você é como pessoa. Isso
é completamente único.
Sorri para ela enquanto pegava minha carteira. —Acho
que acabei de ter essa conversa comigo mesmo.
—Você acredita nisso?
—Sim. Acho que finalmente consigo. Só preciso de uma
mulher que possa aceitar o risco. — Havia apenas uma mulher
que precisava para me contratar, e estava olhando para ela.
—Eu posso—, disse ela com firmeza. —Eu te conheço.
A tensão que não sabia que existia foi liberada do meu
corpo.
—Você provavelmente é a única pessoa que realmente me
quer, — respondi roucamente, remexendo na minha carteira
até que encontrei meu cartão de crédito e joguei na conta.
Perdi alguns outros itens no processo.
—O que é isso? — Lauren perguntou enquanto me
ajudava a pegar os itens que haviam caído da minha carteira.
—Isso não tem preço—, disse, arrebatando o objeto de
sua mão.
—É um trevo de quatro folhas —, observou ela. —Parece
que está preservado em resina.
—É o seu trevo de quatro folhas —, expliquei. —O mesmo
que você me deu antes de eu ir para a faculdade. Não me
separei dele desde que você o encontrou para mim.
Alisei a tampa de plástico, tentando me certificar de que
estava intacta. Consegui preservá-lo logo após Lauren ter dado
para mim. Foi preservado e montado em um pedaço pesado de
papelão branco e coberto com um plástico resistente. Estava
pensando em um lugar mais permanente para colocá-lo
porque estava começando a parecer um pouco esfarrapado.
Lauren o pegou de volta em sua mão e correu um dedo
pela capa transparente. —Você guardou?
—Você parece surpresa—, respondi. —Qual é a
probabilidade de encontrar um desses?
—Uma em dez mil, — ela recitou imediatamente.
—Sabia que você caçou muito por isso. Significou muito
para mim. Meio que me agarrei a ele enquanto estava no
hospital na faculdade. Aquele trevo de quatro folhas e você me
ajudaram a manter minha sanidade. Cada vez que queria
desistir, tudo em que pensava era na sua tenacidade quando
procurava um trevo especial entre milhares deles. Isso me
tornou mais forte.
—Se soubesse o que você estava passando, teria
procurado mais—, disse ela.
Peguei o amuleto da boa sorte de volta, certificando-me
de que foi para a minha carteira. —Não precisava de
mais. Tinha esse. Foi mais do que suficiente.
Lauren olhou para mim, mas ela não disse nada. Não
tinha ideia do que estava acontecendo em sua cabeça. Ela
parecia estar pensando em algo, e não gostei da expressão
melancólica em seu rosto.
O garçom, que silenciosamente pegara a conta da mesa
estava voltando para devolver meu cartão, então me
levantei. —Obrigado pelo excelente serviço—, disse, colocando
o cartão de volta na carteira.
Trocamos algumas gentilezas e ele abriu um sorriso.
Quando caminhei para o lado de Lauren, poderia dizer
que ela ainda estava pensando em algo, e ela não parecia
feliz. —Ei, sem franzir a testa esta noite, — disse severamente
enquanto agarrava sua mão e a colocava de pé.
—Não estava triste, — ela disse enquanto pegava seu
casaco. —Só não sei o que dizer.
—Isso seria a primeira vez, —provoquei.
Saí e estava segurando a porta aberta para ela antes que
pudesse ver as lágrimas em seus olhos com a ajuda do exterior
iluminado do restaurante.
—Você está bem? — A acompanhei até o estacionamento
e estava abrindo a porta quando ela jogou seu corpo lindo e
macio em meus braços.
Tive que sufocar um gemido quando apertei meus braços
ao redor dela. Ela era tão boa.
E segurá-la parecia tão certo.
—Odeio o que aconteceu com você, Graham. Você já
tinha tantos obstáculos que simplesmente não é justo estar
sozinho quando mais precisava de alguém. —Lauren disse em
uma voz abafada contra meu ombro.
Sorri contra seu cabelo sedoso. Amava tanto a mulher em
meus braços que, quando ela sofria, sofria com ela, mas não
queria que ela ficasse infeliz com o passado.
—Se aprendi alguma coisa... é que a vida muitas vezes
não é justa, querida.
—A vida é uma merda—, ela murmurou.
—Não agora, — disse a ela enquanto esfregava a mão para
cima e para baixo em suas costas. —Na verdade, além do fato
de que você está chorando, acho que é muito perfeito. — Tinha
um tesão do tamanho da cidade de Nova York, mas não
trocaria o passado pelo meu presente. Se cada minuto do meu
passado de merda tivesse me levado a Lauren, faria tudo de
novo.
—Você quer dizer isso? — ela disse com uma fungada.
Recuei para poder ver seu rosto e responder cara a cara.
—Estou feliz onde estou agora, Lauren. Estou em um
bom lugar e tenho a carreira que sempre quis. Tudo que
preciso agora é você.
Seu rosto parecia atormentado quando ela disse: — Te
amo, Graham. Talvez sempre amei.
—Minha! — Rosnei. Uma possessividade feroz que nunca
experimentei antes de Lauren fez meu peito doer como se
estivesse tendo um ataque cardíaco.
Suas palavras evocaram todas as malditas fantasias que
tive desde que estive com ela em Aspen.
—Também te amo, baby, — disse, forçando as palavras a
passarem pelo enorme nó na minha garganta.
Ela chorou mais forte.
—Você nunca me disse isso antes.
Para mim, foi um momento monumental. —Nunca disse
essas palavras para ninguém. Deveria ter dito isso a você há
muito tempo. Sempre te amei de volta, Amendoim, embora
fosse de uma maneira diferente quando éramos crianças.
—E agora? — ela perguntou hesitante.
—Agora te amo como a mulher sem a qual não posso
viver. Te amo com todo o meu coração.
Não importava que estivéssemos em um estacionamento
público. Precisava estar dentro dela.
A empurrei contra o Range Rover, prendi-a com meu
corpo e a beijei, sem me importar se algum dia pararia.
Ela respondeu, seus braços envolvendo meu pescoço
enquanto fazia o que queria fazer a noite toda.
CAPÍTULO 36
LAUREN

Não foi minha primeira vez em seus braços, mas saber


que ele me amava mudou tudo. Todas as dúvidas. Cada medo
desapareceu sob onda após onda de alegria. Sim, meu corpo
ansiava por ele, mas minha alma estava torcendo por isso.
Me afastei um pouco só porque não queria que a primeira
vez que fizéssemos amor fosse em público. Suas mãos
correram pelas minhas costas, segurando minha bunda, então
estava pressionada intimamente contra seu pau.
—O que há de errado? — ele perguntou, parecendo tão
atordoado quanto eu.
—Quão rápido você pode dirigir até sua casa?
— Brinquei.
A compreensão iluminou seus olhos. —Legalmente?
— ele brincou e me ajudou a entrar no Range Rover antes de
correr para o lado dele e entrar. Ele fechou a porta e me puxou
para outro beijo profundo que nos deixou abalados e com a
respiração pesada.
—Tenho um apartamento. Sei que eu tenho. E sei como
chegar lá, mas quando você olha para mim desse jeito, não
consigo me lembrar do meu próprio maldito nome. Deus, quero
te foder bem aqui.
Seu amor me deixou ousada. Corri minha mão por sua
coxa e acariciei seu pau através de sua calça jeans.
—Quero tudo, Graham, muito mais do que poderíamos
fazer em um estacionamento. — Desabotoei a parte de cima de
sua calça jeans e deslizei seu zíper para baixo. —Mas se estiver
tudo bem para você, vou começar enquanto você dirige.
Ele gemeu e pegou minha mão. —Lauren, quero fazer isso
direito. Posso esperar.
Inclinei-me mais perto e escovei meus lábios nos dele.
—O amor não vem com um manual. Não existe maneira
certa ou errada, desde que nós dois gostemos e agora quero
tentar algo que nunca fiz. Agora cale a boca e dirija. — Ele
soltou minha mão, ligou o carro e riu. Um rubor de profunda
excitação escureceu seu pescoço e se espalhou por seu rosto.
—Qualquer coisa por você, Amendoim.
Ele moveu seus quadris e seu jeans aberto se afrouxou.
Compartilhamos o tipo de sorriso que só os amantes
têm. Enfiei minha mão na frente de sua cueca boxer azul
marinho e o libertei. Tinha lido minha cota de romances
picantes e me sentia confiante com meu conhecimento da
anatomia masculina e prováveis zonas erógenas. Tudo o que
estava debatendo era o melhor ângulo.
Ele saiu para a estrada enquanto ainda estava
trabalhando em diferentes cenários na minha cabeça. Era
difícil formar um único pensamento coerente com seu pau
crescendo sob minha mão.
—As pessoas geralmente prendem o cinto de segurança
ao fazer isso? —Ele gemeu.
—Não sei—, respondeu ele. Poderia ter desafiado isso. De
nós dois, ele era definitivamente mais experiente, mas não
parecia que pudesse se concentrar em muito mais do que
dirigir naquele momento.
Amei a mão possessiva que ele enfiou no meu
cabelo. Paramos em um sinal vermelho e achei que ele poderia
me direcionar para baixo, mas em vez disso ele reivindicou
minha boca novamente, sua mão apertando meu cabelo até
que doesse prazerosamente. Quando ele levantou a cabeça,
disse: —Puta merda, Lauren, quero que desta vez seja lento e
perfeito para você. Como vou fazer isso se já estou louco?
—Já está perfeito—, disse. Cinto de segurança ou
não. Abaixei minha cabeça, levando-o profundamente em
minha boca. Não se tratava do meu prazer ou dele, era sobre o
nosso. Com ele, estava livre e sem medo de explorar minha
sexualidade. Um carro buzinou atrás de nós, anunciando que
o semáforo havia mudado e o Range Rover sacudiu para
frente. Bati contra o peito de Graham e nossa conexão foi
momentaneamente quebrada.
—Desculpe, — ele murmurou.
—Tudo bem. — Seu pau brilhava sob as luzes da rua por
onde passamos. Orgulhoso. Lindo. Meu. —Como estou indo?
Ele deu uma risadinha. —Tudo o que você faz é incrível
pra caralho.
Corri minha língua ao redor da ponta de seu pau enorme,
então desci ao redor do comprimento dele, então comecei a
chupar e bombear minha cabeça para cima e para baixo. Sua
coxa estava dura como pedra sob a mão que usei para me
firmar. Para cima e para baixo, cada vez mais fundo. Me perdi
em meu próprio ritmo louco. Esqueci onde estava. Esqueci
tudo além do gosto dele, os sons guturais de prazer que estava
arrancando de seus lábios, e a maneira como meu próprio sexo
estava latejando e desejando seu toque.
Quando chegamos ao segundo semáforo, ele passou a
mão pela minha perna, por baixo do meu vestido, logo acima
da virilha da minha calcinha. Seus dedos empurraram o
material de lado e mergulharam dentro de mim, um e depois
outro. Ele os enrolou dentro de mim e engasguei quando ele
localizou um ponto que me fez choramingar de prazer. Ele
moveu seus dedos para dentro e para fora, retornando
novamente e novamente para aquele local até que estava
molhada e me contorcendo contra sua mão. Ele arrastou os
dedos para fora e para frente e começou a circular e esfregar
meu clitóris.
Seu toque era áspero, exigente, mas não mais do que
queria que fosse. Segurei suas bolas com a minha mão e o
lambi até a ponta e nas costas. Seus dedos deslizaram para
frente e para trás com precisão e me movi contra eles,
levantando minha cabeça apenas o tempo suficiente para
sussurrar minha demanda.
—Coloque-os dentro de mim novamente. — Ele o fez e
gritei. Nunca. Nunca quis um pau como queria o dele.
Levantei minha cabeça e comecei a cavar
descontroladamente em seus bolsos por um preservativo. Ele
fez uma curva brusca e desceu uma rua escura entre dois
prédios. Encontrei o preservativo e o segurei
vitoriosamente. Ele retirou as mãos o tempo suficiente para
estacionar o carro e jogar seu banco para trás. Sem hesitar,
tirei minha calcinha, embainhando-o enquanto subia em seu
colo, de frente para ele.
—Eu te amo tanto, — grunhi enquanto me abaixava sobre
ele.
—Eu também te amo, baby—, ele empurrou para cima em
mim. Sua boca encontrou a minha novamente e nós nos
beijamos descontroladamente, batendo um no outro
febrilmente, como se fosse a primeira e a última vez, embora
desta vez não fosse nenhuma das duas.
Ele abriu o zíper das costas do meu vestido, em seguida,
empurrou-o dos meus ombros e para baixo em volta da minha
cintura. Ele estava além da provocação. Ele beliscou. Ele
reivindicou. Eu agarrei, oferecendo tudo de mim para ele, me
sentindo segura mesmo enquanto perdia o controle porque
estava com meu melhor amigo, assim como com o homem que
estava me prometendo o para sempre.
Ele ergueu o rosto e segurou o meu entre as mãos.
—Diga que você é minha, Lauren.
—Eu sou sua, Graham. Todo sua.
—E eu sou seu, Amendoim. — Ele me recompensou com
uma série de estocadas para cima tão poderosas, tão fortes e
rápidas que chamei seu nome enquanto me entregava a um
orgasmo de estilhaçar a mente.
Ele começou a me atingir com uma britadeira e isso
enviou uma espiral de fogo através de mim. Poderia ter
quantificado isso como um segundo orgasmo, estava além de
me importar. Tudo o que sabia era que nos encaixávamos tão
bem fisicamente como sempre nos adaptamos
emocionalmente.
Tive um espasmo contra ele. Ele grunhiu e praguejou
enquanto gozava dentro de mim. Estremecemos em uníssono
e depois desabamos um contra o outro.
Só então, embora estivesse nua da cintura para cima,
percebi que ele ainda estava completamente vestido. Coloquei
meu rosto em seu ombro e suspirei.
—Belo suéter. —Ele beijou minha testa.
—A senhora da loja disse que você gostaria, mas ela não
disse o quanto.
Com ele ainda dentro de mim, endireitei-me em seu colo
e olhei em seus olhos.
—Que senhora?
Ele sorriu ternamente e acariciou minha bochecha. —Ela
tinha cerca de cem anos.
—Bom, — brinquei. —Essas são as únicas mulheres com
quem quero ver você. — Sua expressão ficou séria.
—Não preciso de mais ninguém, Lauren.
—Estava apenas brincando, — disse e me encolhi com
quão defensiva soei. O sexo foi perfeito. Ele disse que me
amava. O que mais quero?
Como sempre foi capaz, Graham percebeu a mudança no
meu humor. Ele me beijou suavemente, em seguida, me tirou
de cima dele.
—Vamos para casa.
Sua casa? Minha casa? A noite acabou? Não queria que
fosse, mas também não queria me agarrar a ele se ele
precisasse de espaço.
—Tudo bem—, eu disse.
—Você não tinha planos para amanhã, não é? — ele
perguntou depois que se limpou, ajeitou o jeans e puxou o
carro de volta para a estrada.
—Não —, disse, dizendo a mim mesma que ele poderia
sempre precisar de tempo para processar as mudanças em
nosso relacionamento e que parte de amá-lo era poder honrar
isso. O que realmente queria fazer, porém, era sacudi-lo e
exigir saber o que tudo o que dissemos um ao outro significava
em termos práticos.
—Por quê?
Ele pegou uma das minhas mãos e a beijou.
—Porque duvido que qualquer um de nós tenha muita
energia depois desta noite.
Minha respiração ficou presa na minha garganta.
—Ah sim?
Ele pegou um dos meus dedos entre os dentes e o
beliscou suavemente. —Isso foi incrível, mas não estamos nem
perto de terminar. Vou foder cada centímetro de você,
lentamente, uma e outra vez. Então quero acordar e ter você
toda de novo. O que acha disso?
—Como se você precisasse dirigir mais rápido, — disse
com um sorriso.
O sorriso vigoroso que ele me deu foi combinado com um
aumento de velocidade que me fez colocar o cinto de
segurança. Ele me deu uma carona selvagem de volta para sua
casa, e depois outra logo após a porta de seu apartamento.
CAPÍTULO 37
LAUREN

Acordei na manhã seguinte com um gemido de


contentamento e um sorriso no meu rosto. Flashes da noite
anterior dançaram atrás de minhas pálpebras ainda
fechadas. Sexo selvagem e carnal. Sexo terno e doce. Ele me
deu ambos em abundância. Lambi meus lábios amando que o
gosto dele ainda estivesse comigo.
Café da manhã. Precisaria de sustento antes de outra
maratona de sexo. Rolei para o lado e estiquei o braço,
procurando por ele. Meus olhos se abriram quando senti uma
cama vazia ao meu lado.
Não. Recusei-me a entrar em pânico. Isso era
diferente. Não tinha motivo para duvidar de Graham. Ele disse
que me amava. Ele disse que era meu. Que tipo de
relacionamento teríamos se perder minha cabeça toda vez que
ele estivesse fora da minha vista? O amor se baseava na
confiança, não era? Precisava confiar nele.
Tentei escutar o som dele no banheiro adjacente. Nada.
Prendi a respiração e escutei qualquer indicação de que
ele estava no apartamento.
Nada.
Sentei-me, abracei meu estômago repentinamente incerta
e girei minhas pernas. Nua, cedi ao meu medo e corri de sala
em sala. Me forcei a manter a calma. Lembrei-me de cada vez
que ele esteve lá para mim, cada promessa que ele manteve.
Mas não conseguia parar as memórias da última vez que
acreditei nele e acordei sozinha. Tentei distinguir como desta
vez era diferente, mas a razão caiu quando a dúvida surgiu.
Ele uma vez disse que não sabia amar. E se fosse isso que
ele quisesse dizer? E se ele pudesse dizer todas as palavras
certas e ainda repetir o ciclo de me deixar?
Não era a mesma coisa. Desta vez, se ele me deixasse sem
dizer uma palavra, se ele se recusasse a atender minhas
ligações ou me ver, meu coração se quebraria de uma maneira
que não tinha certeza se curaria.
Suas chaves se foram. Seu telefone havia sumido. Sem
nota.
A sala girou ligeiramente e minhas pernas ficaram fracas
debaixo de mim. Minha roupa estava cuidadosamente dobrada
na mesa ao lado do sofá. Para tornar mais fácil para me vestir
e sair antes que ele voltasse?
Meu estômago embrulhou. Corri para o banheiro e parei
perto do vaso sanitário, desejando poder vomitar e acabar logo
com isso.
Foi quando ouvi a porta do apartamento abrir e fechar,
seguida pelo som do controle remoto de seu carro sendo jogado
em uma mesa. Era uma mistura de alívio, raiva, medo e
vergonha.
—Ei, — ele disse suavemente da porta do banheiro.
Me endireitei e fiquei ali tremendo.
—Pensei que você tinha ido embora.
Ele deu um passo à frente e me puxou para seus braços.
—Depois de ontem à noite, acordei com fome e pensei que
você também poderia estar. Decidi fazer uma surpresa com
muffins, mas percebi que não tinha a mistura. Há uma loja a
dois minutos. Achei que estaria de volta antes de você acordar.
Disse a mim mesma que não choraria. Estava
chorando. Me castiguei por ter reagido exageradamente e
tentei me recompor, mas não consegui. Cru e insegura, queria
ser melhor do que era naquele momento. Queria dizer a ele que
o passado se foi.
Não pude, no entanto. Não conseguia parar de
tremer. Levantei meus punhos entre nós e os esmurrei em seu
peito. Para não machucá-lo porque não queria machucá-lo. Fiz
isso porque não tinha palavras para expressar o quanto estava
zangada comigo mesma. Tínhamos chegado tão longe. Ele
estava me oferecendo tudo. E se for quem estragará tudo desta
vez? E se enquanto ele gastou tanto tempo se preocupando
com seu diagnóstico e como isso me afetaria, ele não
considerou meus desafios?
Ainda era meu pior inimigo.
Ele me abraçou e murmurou: —Está tudo bem,
Amendoim. Estou aqui. Não estou indo a lugar nenhum.
E ele continuou abraçando meu corpo tenso até que
finalmente coloquei minha cabeça em seu peito e fechei os
olhos.
—Sinto muito, — resmunguei.
Ele beijou minha testa. —Eu te amo, Lauren.
—Eu sei. — Poderia ter mentido para ele então, mas
precisava do meu amigo tanto quanto precisava do meu
amante. —Também te amo. Você deve ser capaz de ir até a loja
sem se preocupar se vou perder a cabeça. — Procurei em seu
rosto qualquer sinal de que o estava afastando.
Seus braços se apertaram ao meu redor. —Tudo
bem. Estamos bem. Não deveria ter saído. Deveria ter
considerado como você se sentiria se acordasse sem mim e
esperasse.
Lágrimas encheram meus olhos, mas funguei e pisquei
de volta. —A noite passada foi perfeita e eu...
Ele sorriu para mim, mas sabia que o machucaria.
—Não preciso de perfeição, Lauren. Preciso de você.
Funguei novamente e ri apenas por causa da maneira
como ele disse isso.
—Obrigado?
Ele rosnou e me beijou então. Em algum lugar da paixão,
encontrei meu equilíbrio novamente. Quando ele levantou a
cabeça, o desejo estava nublando o que já tinha sido uma
conversa difícil.
—A confiança leva tempo e balancei a sua. Estou disposto
a provar a você que não vou a lugar nenhum desta vez.
Acariciei uma de suas bochechas e deixei suas palavras
lavarem sobre mim.
—Quero te dizer que você já a tem de volta.
Ele me beijou brevemente. —Prefiro que você me diga
a verdade, sempre.
Concordei. —Eu te amo muito, Graham. Não quero
imaginar minha vida sem você nela, mas entrei em pânico
quando acordei sozinha. Odeio isso. Estou envergonhada e
com raiva de mim mesma.
Ele ergueu meu queixo. —Em vez disso, fique com raiva
de mim. Coloquei essa dúvida em você. — Meu coração doeu
por ele.
—Você já passou por muito. Entendo o porquê...
Ele passou o polegar pelos meus lábios. —Você precisa
me prometer algo agora.
Teria prometido a ele quase qualquer coisa naquele
momento, mas não disse. Simplesmente esperei.
Ele disse: —Não me dê desculpas. Não quero ou preciso
delas. Posso precisar do seu apoio um dia, mas sei que você
estará lá para mim. Preciso saber que sou isso para você. Se
falhar, você chuta minha bunda até eu acertar. Está claro?
Engoli em seco. Graham poderia ter ficado na defensiva
ou me dito como ele achava que eu deveria me sentir, mas esse
não teria sido o homem que passei minha vida toda
amando. Ele me viu, até mesmo os lados de mim dos quais não
estava orgulhosa, e ele os aceitou.
—OK.
Ele me ergueu em seus braços como se fosse a mulher
tamanho zero que nunca seria.
—Bom, então que tal cozinharmos o café da manhã
juntos?
Passei meus braços em volta do seu pescoço.
—Gostaria disso.
Um sorriso vigoroso voltou ao seu rosto.
—Mas fique nua. É meu look favorito em você.
Ele me colocou de pé dentro de sua cozinha. Acenei para
seu corpo totalmente vestido.
—Então você tira a roupa também, — desafiei.
Suas sobrancelhas se mexeram, então, enquanto
segurava meu olhar, ele começou a remover lentamente todas
as suas roupas. No momento em que ele estava totalmente nu,
seu pau acenou totalmente ereto para mim e tive dificuldade
em lembrar o que nos trouxe para a cozinha.
Com as mãos nos meus quadris, ele me levantou sobre o
balcão e abriu minhas pernas para ele. Me inclinei para trás,
amando a maneira como ele segurou meu sexo e se
aproximou.
—Relaxe e deixe isso ser tudo sobre você, Amendoim.
— Com um movimento certeiro, ele puxou uma cadeira e
sentou-se entre minhas pernas. Ele me puxou para frente até
que pendurei um pouco fora da borda, separou meu sexo com
seus dedos, então soprou seu hálito quente contra ele antes de
deslizar sua língua para baixo em meu comprimento.
Ainda havia coisas que não sabia, como quantas vezes
precisaria acordar ao lado dele antes de acordar sem ele para
não me derrubar, mas sabia que nenhum desses pensamentos
pertencia àquele momento. Agarrei a parte de trás de sua
cabeça, guiei sua língua para o meu clitóris, e felizmente não
tinha a mínima ideia além de como era bom.
CAPÍTULO 38
GRAHAM

Levei um mês para convencer Lauren que ela precisava


vir morar comigo, mas valeu a pena cada momento daquele
tempo para convencê-la de que ela podia confiar em mim.
Ela já estava lá? Ela tinha fé total em mim?
Eu não tinha ideia, mas se demorasse anos, felizmente
daria a ela todo o tempo de que ela precisava até que ela
estivesse pronta para se casar comigo.
Contanto que ela fosse minha enquanto isso.
Usei a desculpa de que o trabalho dela no instituto era
muito mais perto do meu condomínio, mas sabia que não era
por isso que queríamos ficar juntos.
Para mim, nada parecia certo sem Lauren por
perto. Adorava estar com ela, e queria ver seu rosto lindo todas
as noites quando ela chegasse em casa do trabalho.
E tinha certeza que ela ia trabalhar todas as manhãs
sorrindo.
—Tire sua mão dos meus nachos, — rosnei para Ty.
Lauren riu enquanto nós três nos sentamos ao redor da
mesa no meu condomínio para uma festa de aniversário. Já
que o aniversário de Lauren era dois dias depois do meu, nós
escolhemos o dia entre nossos aniversários para celebrar os
dois. Agora que Lauren estava acomodada comigo, fazia
sentido ter uma pequena festa no condomínio.
Ty havia se convidado.
E Lauren pediu a Kelley para vir. Não tínhamos visto
Kelley ainda, mas Ty já tinha colocado as mãos em toda a
comida.
—Não tenho mais a chance de comer junk food com
frequência—, protestou Ty. —Não agora que estou seguindo
sua dieta. Mas me ajuda a evitar picos de energia, então estou
continuando com isso. Mas hoje é um dia de festa.
Olhei para ele, desafiando-o a tocar o prato cheio de
nachos na nossa frente. Ele tinha um hambúrguer decente,
sem batatas fritas, mas Lauren tinha feito os nachos para mim
porque ela sabia que gostava deles.
—Coma as asas de frango—, sugeri.
Ele estendeu a mão para o prato novamente. —Não é o
mesmo. Lauren não os fez.
—Supere, —exigi enquanto pegava o prato e o colocava
em segurança na minha frente.
Lauren era uma cozinheira incrível, embora ela não
gostasse de fazer isso com frequência, e estava bem com
isso. Geralmente fazíamos algo simples quando ela chegava do
trabalho, ou ela tinha que comer algo que fiz.
As coisas mudariam quando começasse o acampamento
de treinamento em algumas semanas. Sabia que estaria
arrastando o traseiro para casa todos os dias, em vez de
trabalhar em práticas mais casuais com meu ataque. Mas
descobriríamos as coisas ao longo de nossos
treinamentos. Lauren e eu éramos bons em nos adaptar a
diferentes situações. As coisas pareciam fluir sem que
realmente percebêssemos a diferença. Sabia que a maior parte
da nossa comunicação silenciosa era devido ao fato de que nos
conhecíamos há muito tempo.
Lauren parecia saber do que precisava antes mesmo de
mim. E senti o que ela mais queria.
Ainda estávamos nos acostumando com o fato de que nos
amávamos tanto que iniciamos cada superfície em meu
apartamento fazendo sexo nele.
A intensidade do nosso relacionamento parecia ficar cada
vez mais forte. E nosso amor não parava de crescer.
Mas não tinha mais medo dessas emoções. Na verdade,
estava grato por tudo ter acontecido da maneira que
aconteceu. Não tinha perdoado Jack completamente, mas
disse a Lauren para convidá-lo. Posso ter que ranger os dentes
por um tempo, mas ele é irmão de Lauren. Não havia como
continuar guardando rancor. Talvez nunca tivéssemos o
mesmo tipo de amizade que tínhamos antes, mas por Lauren,
toleraria o bastardo.
A campainha tocou assim que peguei meus nachos, e
Lauren se levantou de um salto.
—Eu atendo. — Ela me olhou hesitante.
Encontrei seus olhos e acenei com a cabeça, deixando-a
saber que estava bem com quem quer que entrasse pela porta,
se ela quisesse convidar a pessoa que estava do lado de fora. O
apartamento era nosso lugar agora, e não queria que ela se
sentisse desconfortável em convidar alguém que ela quisesse
para nossa casa.
Ela me deu um sorriso encorajador que derreteu meu
maldito coração antes de correr para a porta.
Contanto que não fosse algum cara que olhasse para ela
como se quisesse transar com ela, estava determinado a ser
legal com qualquer um de seus convidados.
Ty olhou para mim enquanto fazia uma pausa para inalar
seu hambúrguer.
—Você concorda com Jack estar aqui? Bati no cara com
muita força.
Honestamente, estava feliz por Ty ter colocado Jack no
chão. Isso pode ter criado menos tensão entre mim e Jack.
—Ele mereceu, — disse sem desculpas.
—Ele definitivamente não vai gostar de mim—, advertiu
Ty.
Dei de ombros. —Não importa. — Gostava de Ty e
conhecia Jack, embora não passássemos mais tempo
juntos. —Ele não é do tipo que guarda rancor. Acho que ele
sabe que também mereceu.
—Não consigo imaginar você com ninguém além de
Lauren—, observou Ty.
Sorri para ele. —Nem eu. Mas não tenho nenhum
problema em fazer Jack se contorcer, então não se preocupe.
Ty era o tipo de amigo que nunca tive na vida, o tipo de
cara que ou gostava de alguém ou não gostava. Não houve
qualquer treta com ele. Ele aceitava alguém
incondicionalmente ou se afastava deles. Nós nos demos bem
com todo o resto dos atacantes, e realmente comecei a gostar
de alguns deles durante nossos treinos. Nosso ataque estava
começando a se solidificar, mas Ty foi o único que deixei entrar
completamente em minha vida.
Ouvi duas vozes masculinas distintas se juntando à de
Lauren, e parei de jogar comida na minha boca para me
levantar e cumprimentar meus convidados.
Ben entrou primeiro na cozinha, seguido de perto por
Jack.
Fiquei feliz em receber o pai de Lauren.
Jack era um pouco mais difícil de se animar.
Ben e eu chegamos a um acordo tácito: eu trataria Lauren
com amor e respeito, e ele confiaria em mim com sua filha o
suficiente para parar de nos avisar sobre preservativos.
Funcionou.
Cumprimentei Ben com um aperto de mão e depois olhei
para Jack.
Foi doloroso ver o amigo que me traiu. Mas também vi
boas lembranças quando vi seu rosto, momentos em que
ficamos um ao lado do outro, não importa o quê. Jack fazia
parte do meu passado e faria parte do meu futuro. Não tinha
certeza de quando todas as coisas de traição iriam embora,
mas estava grato pelo fato de ter Lauren agora. Me agarrei a
esse fato quando finalmente ofereci minha mão a ele.
—Jack, — reconheci em voz alta. —Que bom que você
está aqui.
—Obrigado por me convidar, — ele disse calmamente.
—Não me agradeça, — disse sem rodeios enquanto
rapidamente apertamos as mãos. —Lauren pediu que você
viesse, e amo sua irmã mais do que não gosto de você.
Jack sorriu, um olhar malicioso que eu tinha visto tantas
vezes antes. —Acho que já é alguma coisa—, respondeu ele.
Apresentei Ty e então observei os dois homens parecerem
se avaliar.
Jack ofereceu a mão a Ty. —Você tem um gancho de
direita médio.
Ty aceitou a saudação de Jack de má vontade. —Meu pai
era boxeador. — O aviso de Ty para Jack foi bem claro, embora
parecesse que ele estava disposto a se dar bem com quem quer
que recebêssemos em nossa casa.
Enquanto observava a troca entre meu ex-amigo e meu
novo amigo, me perguntei se chegaria um dia em que todos nós
poderíamos perdoar e esquecer.
Ty pode estar tolerando Jack, mas ele seria o primeiro a
se levantar e defender qualquer pessoa com quem se
importasse. Essa era uma das coisas que gostei nele. Havia
muito pouco que não fosse preto e branco com Ty.
—Me pergunto o que aconteceu com Kelley, — Lauren
disse com uma carranca enquanto todos nós nos sentamos de
volta à mesa.
Poderia dizer que ela estava preocupada. Kelley acabara
de se mudar da Califórnia para Denver. Não tive a
oportunidade de conhecer a amiga de Lauren ainda, e Lauren
não tinha visto Kelley desde que ela chegara na cidade no dia
anterior. —Envie mensagem para ela? — Sugeri.
Lauren correu para pegar seu telefone na sala de estar e
voltou com uma expressão que conhecia bem em seu rosto. Ela
estava chateada.
—O que há de errado? — Perguntei quando me levantei e
fui para o lado dela.
Podia ouvir Ben perguntando a Ty sobre sua carreira no
futebol, mas estava focado no olhar infeliz no rosto de Lauren.
—O carro alugado dela quebrou—, ela me informou. —
Ela mandou uma mensagem dizendo que vai se atrasar.
—Posso ir buscá-la, — ofereci.
—Eu vou—, disse Ty com entusiasmo, enquanto se
levantava ansiosamente.
Sorri para Ty. Tinha certeza que o pai de Lauren tinha
começado sua palestra sobre o uso de preservativos com meu
amigo, e não poderia culpá-lo por querer evitar esse
assunto. Acho que precisava dar um tempo a ele.
Lauren mandou mensagem de volta para sua amiga,
fazendo arranjos para Ty buscar Kelley enquanto Ty,
o bastardo sorrateiro, conseguia roubar alguns dos meus
nachos.
—Mova-se, —disse a ele enquanto o empurrava em
direção à porta.
Ty ainda estava mastigando quando conseguiu o número
do celular de Kelley e as informações de Lauren.
—Vou trazê-la em segurança, — Ty assegurou Lauren
com um sorriso.
Cerrei meus dentes quando Lauren colocou a mão no
braço de Ty e agradeceu antes que ele saísse.
A doce natureza de Lauren era algo com que teria que me
acostumar, mas não precisava gostar de vê-la perto de outro
cara, até mesmo um amigo.
Tinha certeza que Ty amou cada momento da atenção de
Lauren. Ele pareceu ficar eufórico ao me ver desequilibrado
quando se tratava de minha namorada. Não tinha certeza se
ele era um sádico ou apenas queria me ajudar a me sentir mais
confortável com ela mostrando afeto inocente por outros
homens.
Sabia que ele era seguro. Racionalmente, sabia que ele
não estava cobiçando minha mulher.
Mas ainda me irritou.
—Vou esperar até você voltar para cortar o bolo—, ela
gritou para Ty quando ele saiu do apartamento.
Passei meu braço em volta da cintura de Lauren, apenas
querendo senti-la ao meu lado. Ela derreteu no meu corpo
como se ela pertencesse lá, o que ela fez.
—Eu te amo—, ela murmurou em voz baixa, significando
apenas para mim.
Meu coração gaguejou quando apertei meu braço ao redor
dela. Ela sabia que tinha instintos possessivos, e sua primeira
inclinação foi me assegurar de que ela sempre seria minha. —
Eu te amo, Amendoim, —disse com a voz rouca em seu
ouvido. —Mas gostaria que você parasse de tocar em outros
caras.
Ela riu, um som despreocupado que me acalmou
depressa.
Lauren não estava rindo de mim, ela estava tentando me
fazer rir de mim mesmo.
Funcionou.
Enquanto olhava para sua expressão radiante, sorri de
volta para ela. O que era um pequeno desconforto quando
tinha uma mulher como Lauren? Comparado com o que tinha
com ela, não era praticamente nada.
EPÍLOGO
LAUREN

Sete meses depois ...

A multidão era ensurdecedora enquanto a ofensiva dos


Wildcats voltava para o campo.
—Por favor, deixe Graham e Ty ganharem este jogo, —
sussurrei para mim mesma, sabendo que ninguém poderia me
ouvir por causa do barulho no estádio.
Estava um caco. O placar estava empatado e faltavam
apenas alguns minutos para o término do jogo.
Estava de pé com o resto da multidão e Kelley estava ao
meu lado, parecendo tão fria quanto eu. Concordo, poderia
estar mais frio. Era praticamente a temperatura média em
Denver em janeiro, mas depois de ficar exposta às intempéries
por mais de duas horas, comecei a sentir o vento frio.
—Estou congelando pra caramba—, Kelley gritou.
Olhei para a linda morena ao meu lado e sorri.
—Bem-vinda ao Colorado no inverno, — disse a ela em
uma voz alta o suficiente para ela ouvir enquanto observava a
equipe se preparando para o ataque.
Kelley jurou que odiava futebol, mas a observei durante o
jogo e percebi cada vez que ela focava enquanto observava Ty
fazer uma jogada.
Algo havia acontecido entre ela e Ty quando ele foi buscá-
la durante nossa festa de aniversário meses atrás, mas ela
nunca me contou o que aconteceu. Ela me disse que Ty não
era significativo o suficiente para falar.
Conhecendo Kelley tão bem quanto eu, soube
imediatamente que havia algo que ela não estava me
contando. Mas ela não tinha cedido ao longo dos meses,
dizendo repetidamente que Ty não importava.
Estava começando a pensar que ela protestava demais
para uma mulher que não se importava com o melhor amigo
de Graham.
Até onde sabia, ela nunca o viu novamente fora dos
poucos encontros que eles tiveram em nosso condomínio
depois da festa de aniversário.
O que havia em Ty que ela não gostava tanto?
Pessoalmente, adorava Ty, então não conseguia imaginar
o que havia alimentado a irritação de Kelley com ele.
Durante seus breves encontros no condomínio, os dois se
ignoraram, um fato que não escapou de mim ou de Graham.
Torci quando o Running back pegou a interceptação e
ganhou mais jardas. O ajudei a trabalhar naquele giro para
desequilibrar a defesa do outro time, e tinha funcionado.
—Vamos, Graham! — uma voz masculina chamou do
meu outro lado.
Olhei com carinho para Jack, que estava do meu lado
oposto, e para meu pai, que estava ao lado dele.
Estávamos todos aqui para torcer por Graham e sua
equipe.
Meu coração estava na minha garganta enquanto assistia
Ty correr e disparar pelo campo. Ele e Graham estavam se
preparando para um passe longo, e o tempo estava passando
rápido demais.
Observei Graham soltar a bola com confiança, e ela
navegou em direção a Ty.
—E Miller vai para o touchdown! — Jack gritou. Eles
fizeram isso. Eles fizeram isso.
Quase não havia mais tempo no relógio e Ty pegou a bola
de Graham perfeitamente e lutou para chegar a end zone.
Os Wildcats haviam vencido o jogo da divisão do
campeonato.
—Eles estão indo para o Super Bowl! — Gritei como
qualquer outro torcedor do estádio.
Jack me levantou e me girou. —Sabia que ele
conseguiria—, disse meu irmão com entusiasmo.
Jack era um dos maiores apoiadores de Graham. Não
diria que ele e Graham recuperaram a amizade que tinham no
passado, mas esperava que algum dia eles pudessem. Era um
processo lento, mas eles estavam mais próximos do que há sete
meses, então tinha esperança.
Até Kelley parecia envolvida no momento, e ela me
abraçou enquanto saltava para cima e para baixo.
Faria dela uma fã dos Wildcats eventualmente. Tinha
sido ideia dela vir às finais, algo que ela nunca tinha sugerido
antes porque jurava que não gostava de futebol. Mas
certamente não saberia pela expressão em seu rosto no
momento.
O ponto extra foi feito e o jogo terminou.
A multidão ainda estava turbulenta quando disse: —
Precisamos de um prédio quente e um pouco de chocolate
quente.
Tinha visto tudo que queria ver.
Graham e seu ataque haviam se solidificado, e eles
conseguiram a vitória contra um time rival formidável. Limpei
uma lágrima da minha bochecha enquanto olhava para o
campo antes de entrar.
Não pude ver Graham por causa da horda de fãs que
estavam comemorando. Mas podia senti-lo.
Meus olhos estavam na tela grande e pude ver seu rosto
voltado para as arquibancadas.
Amo você, Graham. Você é um homem incrível.
Meu coração se encheu de orgulho quando o vi finalmente
se virar e se dirigir a um repórter.
Depois desse jogo, sabia que não o veria por várias
horas. Ele estaria preso em declarações e entrevistas. Mas ele
voltaria para casa e para mim, assim como ele fez todos os dias
durante os meses intensos de acampamento de treinamento e
a temporada.
O público poderia tê-lo por enquanto, mas ele estava
voltando para mim.
Sem mais incertezas e sem mais dúvidas. Finalmente saí
do meu próprio caminho e reconheci o fato de que Graham
sempre seria meu, estando ele comigo ou não.
—Você está bem? — meu pai perguntou enquanto
colocava a mão no meu ombro.
Balancei a cabeça rapidamente, sabendo que meu pai
podia ver minhas lágrimas. —Estou bem. Estou apenas feliz.
O abracei para tranquilizá-lo de que estava muito melhor
do que bem.
—Você conseguiu um bom homem, Lauren, — ele disse
enquanto me soltava de um abraço de urso.
Podia ver Kelley entrando com Jack não muito atrás
dela. —Ele teve um longo caminho para chegar aqui, pai. Ele
trabalhou tão duro.
Se pensasse muito sobre o quanto Graham lutou para
colocar sua cabeça acima da água, sabia que isso quebraria
meu coração.
—Ele está em casa agora, querida, — meu pai apontou. —
E ele está feliz. Algumas pessoas passam a vida inteira
procurando o que ele tem agora. Todo o trabalho árduo valeu
a pena.
Balanço a cabeça e sorrio enquanto coloco minhas mãos
nos bolsos para aquecê-las, e então me viro para o calor do
interior.
Encontramos Jack e Kelley dentro, ambos na fila para
pegar uma bebida quente.
Papai e eu paramos ao lado deles.
Quando Kelley se mudou, esperava que Jack e Kelley
pudessem ficar juntos, mas eles nunca mostraram nenhum
interesse em ser nada mais do que amigos.
Pegamos nosso chocolate quente e sentamos em alguns
assentos disponíveis no prédio para nos aquecermos antes de
fazer a caminhada até o carro.
Estava sentada quando meu celular tocou. Não havia
dúvidas em minha mente de quem era. Graham me ligava no
minuto em que conseguiu um segundo sozinho, o que
geralmente era perto do vestiário depois que ele tomasse um
banho.
Uma rápida olhada no meu identificador de chamadas
confirmou minha conclusão.
—Você foi fenomenal—, disse ao telefone. —Mas você teve
que me manter em suspense até o último minuto?
—Não tive escolha, — Graham atirou de volta. —Eles
eram uma equipe difícil.
—Estou tão feliz por você, — disse a ele enquanto puxava
a tampa do meu copo.
—Não sei se isso teria acontecido se não fosse por você—
, afirmou ele com voz rouca.
—Ah não. Não estou aceitando nenhum crédito. Isso foi
tudo você, Graham. E você mereceu. — Hesitei antes de
acrescentar: —Eu te amo.
—Eu também te amo, Amendoim. Te vejo em
breve. Obrigado por ficar comigo durante toda a temporada.
—Eu sempre vou. Eu sabia que você iria ganhar hoje,
Graham, você sabe como?
—Como? — ele perguntou naquele tom confuso que
sempre aqueceu meu coração.
—Da mesma forma que sabia que conseguiria descer a
pista de esqui do diamante negro contanto que tivesse você ao
meu lado. Estar com você me ensinou a acreditar em coisas
que não posso ver, simplesmente acredito. — Seu silêncio não
me assustou como antes. Entendi agora que ele costumava
ficar quieto quando estava mais emocional. —Dê um abraço
em Ty por mim.
—Sem abraços, — Graham resmungou, mas sua voz era
mais profunda do que o normal. Ri, feliz por ele ainda ser o
homem que amava, mesmo depois tornando-se parte de uma
equipe campeã.
Desligamos depois de uma troca rápida, nós dois mais do
que prontos para comemorar e aliviar a tensão quando ele
chegasse em casa mais tarde.
Ou pelo menos essa era a desculpa de Graham para se
tornar um homem excitado e imparável quando ele terminava
um jogo.
Não tinha certeza do que o movia todos os dias, porque
ele era quase insaciável o tempo todo.
Não que fosse reclamar.
Tomei um gole da minha bebida quente depois que
coloquei meu telefone de volta no bolso. Jack, Kelley e meu pai
estavam em uma conversa intensa bem ao meu lado, mas tudo
em que conseguia pensar era em Graham.
Me levantei e me atrapalhei para tirar minha jaqueta,
mais quente agora que estava dentro do prédio por meia
hora. Sorri ao ver minha camisa, a que Graham me deu antes
mesmo de começar o acampamento de treinamento.
O Quarterback é meu.
Talvez não tivesse acreditado muito quando peguei a
camisa de Graham, mas sabia agora. Confiava nele mais do
que em qualquer outra pessoa no mundo, e não importa quais
fossem nossos desafios no futuro, as palavras na camisa
sempre seriam verdadeiras.
Graham Morgan, QB número doze, era irrevogável,
completamente e sempre seria... meu.
Não foi preciso ser um gênio para descobrir o que
significávamos um para o outro, mas toda a minha análise
nunca funcionou quando se tratava de Graham. Não precisava
do meu alto QI ou da minha capacidade de raciocínio. Apenas
tive que seguir meu coração.

~ FIM ~

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