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Biodireito

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BIODIREITO E BIOTECNOLOGIA

O biodireito é um campo interdisciplinar que abrange a teoria, a legislação e a


jurisprudência sobre a conduta humana em face dos avanços da biologia, biotecnologia1
e medicina. Este ramo emerge da necessidade de alinhar as inovações científicas com os
valores sociais estabelecidos. Embora o avanço científico seja inevitável, é essencial
avaliar o custo social associado a essas inovações.

• Bioética e Direito: Uma Relação Complementar

A bioética, em termos simplificados, pode ser definida como a ética da vida,


funcionando como uma filosofia moral que orienta as práticas relacionadas à
biotecnologia e medicina. O direito, por sua vez, é responsável por garantir valores
considerados essenciais dentro do contexto histórico e cultural de uma sociedade.
Enquanto a bioética confere legitimidade ética às práticas, o direito assegura sua
efetividade por meio de normas obrigatórias e gerais. Assim, embora bioética e direito
não sejam sinônimos, eles se complementam de maneira crucial para a regulação de
práticas biomédicas.

• Desafios da Legislação Atual

A legislação existente frequentemente se mostra insuficiente para proteger


adequadamente o ser humano contra as interferências nos processos vitais. A
multiplicidade de interesses, especialmente de natureza econômica, pode comprometer a
dignidade humana, um princípio fundamental do Estado Democrático de Direito. Por isso,
é crucial promover o debate público sobre o Biodireito, compreender seus princípios e
estudar as questões correlatas para garantir uma regulamentação adequada e justa.

1
Qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus
derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica.
I. A LEI DE BIOSSEGURANÇA

A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) aborda questões relacionadas à


manipulação de organismos geneticamente modificados (OGMs) e pesquisas com
células-tronco embrionárias. Sancionada em 24 de março de 2005, essa legislação
estabelece normas para garantir a segurança e a responsabilidade no uso dessas
tecnologias.

II. MECANISMOS DE PROTEÇÃO

A Lei nº 11.105/2005 não apenas cria um ambiente estável para o investimento


em ciência, mas também assegura a segurança dos produtos derivados da biotecnologia.
A lei estabelece mecanismos de proteção que abrangem desde o desenvolvimento até o
monitoramento de produtos no mercado. Além disso, a biotecnologia está intrinsecamente
ligada à propriedade intelectual, exigindo proteção para inovações biotecnológicas e
patentes.

III. DIVERSIDADE E BIODIREITO

A Lei de Biossegurança também visa preservar a diversidade e a integridade do


patrimônio genético nacional e fiscalizar as entidades envolvidas na pesquisa e
manipulação de material genético. Esta legislação proíbe a manipulação genética de
células germinais humanas e a clonagem de seres humanos no Brasil. Da mesma forma,
a regulamentação das técnicas de reprodução assistida deve assegurar princípios como a
igualdade entre os filhos, a paternidade responsável e o melhor interesse da criança.

IV. USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)

A Inteligência Artificial (IA) é um campo da ciência da computação que simula


processos de pensamento humano, capacidade de aprendizagem e armazenamento de
conhecimento. Na biologia e medicina, a IA tem sido utilizada para aprimorar
diagnósticos, prognósticos e tratamentos em áreas como neurologia, oncologia,
cardiologia e dermatologia.
V. DIREITO SUBJETIVO AO CORPO E EUTANÁSIA

O direito ao corpo e à autonomia é um tema de crescente relevância, especialmente


quando se considera a relação entre capacidade civil e poder de decisão. A internação, por
exemplo, não implica automaticamente em incapacidade civil, pois atos da vida civil e
patrimoniais são distintos. A legislação deve reconsiderar o direito ao corpo, garantindo
sua autonomia e abordando questões complexas como eutanásia e suicídio assistido. É
fundamental equilibrar o alívio do sofrimento e a autonomia do paciente com a
inviolabilidade da vida humana e o risco de mau uso dessas práticas.

Referências Bibliográficas

BARBOZA, Heloisa. Princípios da Bioética e do Biodireito. Revista Bioética [Internet].


3º de novembro de 2009 [citado 22º de julho de 2024];8(2). Disponível em:
[http://revistabioetica.cfm.org.br/revista_bioetica/article/view/276](http://revistabioetica
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BRAGA, A. V.; LINS, A. F.; SOARES, L. S.; FLEURY, L. G.; CARVALHO, J. C.;
PRADO, R. S. do. Machine learning: O Uso da Inteligência Artificial na Medicina.
Brazilian Journal of Development, [S. l.], v. 5, n. 9, p. 16407–16413, 2019. DOI:
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[https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/3437](https://ojs.b
razilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/3437). Acesso em: 22 jul.
2024.

BRASIL. Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005). Disponível em:


[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004 2006/2005/lei/111105.htm]. Acesso em:
22 jul. 2024.
SILVA, Letícia Rodrigues da; PELAEZ, Victor; VALLE, Silvio. Implementação da Lei
de Biossegurança no Brasil. In: Biossegurança de OGM (uma visão integrada). COSTA,
Marco Antonio F. da; COSTA, Maria de Fátima Barrozo da. Rio de Janeiro: Publit,
2009.

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