Piezocone de Resistividade Na Investigação Do Subsolo

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11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1904

ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC


Tema 7 – Investigações Geológico-Geotécnicas

PIEZOCONE DE RESISTIVIDADE NA INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO:


EXECUÇÃO, INTERPRETAÇÃO E EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

HERMES LUIZ BOLINELLI JUNIOR 1


GIULLIANA MONDELLI 2
GIULIANO DE MIO 3
ANNA SÍLVIA P. PEIXOTO 4
HERALDO LUIZ GIACHETI 4
1
TQS Informática Ltda. Rua dos Pinheiros, 706, c/2, São Paulo-SP, CEP: 05422-001. Fone: (11)
3083-2722. E-mail: [email protected]
2
Departamento de Geotecnia, Escola de Engenharia de São Carlos-USP. Alameda dos
Crisântemos, 272, Apto. 41, São Carlos-SP, CEP: 13566-550. Fone: (16) 3361-2712. E-mail:
[email protected];
3
Departamento de Geotecnia, Escola de Engenharia de São Carlos-USP. Rua Sebastião Ferraz
Caldas, 125, cj 41, São Carlos-SP, CEP: 13562-010. Fone: (16) 3372-6414. E-mail:
[email protected]
4
Faculdade de Engenharia de Bauru – Unesp, C.P. 473, Bauru-SP, CEP: 17033-360. Fone: (14)
3103-6112. Fax: (14) 3103-6101. E-mails: [email protected]; [email protected]

RESUMO
Este artigo descreve o ensaio de piezocone de resistividade (RCPTU). Também apresenta e
discute procedimentos utilizados para a sua calibração e os fundamentos para sua interpretação,
assim como resultados de alguns ensaios realizados no Brasil. Os resultados mostram que os
valores de resistividade determinados num perfil de solo arenoso saturado sedimentar litorâneo
possibilitaram identificar a intrusão de água salina no aqüífero. Já, em perfis de solos tropicais,
os valores de resistividade são fortemente influenciados pelo grau de saturação, gênese e textura,
tornando sua interpretação mais complexa, sendo necessária a amostragem de água e solo para
dar suporte a essa interpretação.
Palavras-Chave: Investigação geoambiental; Investigação geotécnica; Piezocone de
resistividade.

ABSTRACT

This paper describes the resistivity piezocone test (RCPTU). The procedure to calibrate the
probe and the basis for test interpretation as well as some tests results carried out in Brazil are
also presented and discussed. The test results indicate that the resistivity values measured in a
saturated sandy soil profile can be used to identify salt water intrusion in a sedimentary aquifer.
In tropical soils sites the resistivity values were very affected by degree of saturation, genesis
and fabric so, interpretation is not straightforward. Soil and water sampling are required to
support RCPTU tests interpretation in tropical soils.
Keywords: Geoenvironmental site characterization; Geotechnical site characterization;
Resistivity piezocone.
11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1905
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
Tema 7 – Investigações Geológico-Geotécnicas

INTRODUÇÃO
O grande avanço da microeletrônica e o aumento da velocidade da circulação de informações
vêm trazendo profundas alterações no cotidiano das pessoas em geral e, em especial, no
ambiente profissional. As exigências de rapidez e um maior rigor na precisão e apresentação de
resultados são fatores cada vez mais imprescindíveis em cada área de conhecimento. Os projetos
geotécnicos utilizam metodologias tradicionais de investigação para a identificação de perfil e
estimativa de parâmetros geotécnicos do solo, como as sondagens de simples reconhecimento,
em especial aquela com determinação do N do SPT, e são praticamente as mesmas desde a sua
implantação, tendo evoluído pouco nos últimos anos. Observando o crescente aumento de
projetos na área ambiental, onde a identificação de camadas atingidas por contaminantes é
necessária e em que cuidados adicionais são exigidos, nota-se que o desenvolvimento de técnicas
de investigação do subsolo tem muito a evoluir.
Dentro desta abordagem, tem-se observado a crescente utilização de técnicas incorporadas ao
ensaio de piezocone (CPTU), sendo este uma ferramenta consagrada para a descrição contínua
do perfil geotécnico, definição da posição nível d’água assim como, para estimativa de
parâmetros mecânicos e hidráulicos dos solos.
Mais recentemente, a instalação de um dispositivo de medida de resistividade acoplado ao
piezocone (RCPTU) possibilitou a medição contínua da resistência a um fluxo de corrente
elétrica aplicada ao solo, permitindo, assim, ampliar a utilização desse ensaio em projetos que
envolvem a disposição de resíduos à presença de algum contaminante no solo.
Neste trabalho, faz-se uma breve apresentação do piezocone, em especial o piezocone de
resistividade, e a sua aplicação para a investigação do subsolo. Descrevem-se e discutem-se os
procedimentos para sua calibração em laboratório e os resultados de alguns ensaios realizados,
tanto em solos tropicais, como em um perfil de solo sedimentar arenoso saturado. Encerra-se este
trabalho fazendo-se algumas considerações sobre a aplicabilidade desta ferramenta de
investigação em solos que ocorrem em países de clima tropical.

PIEZOCONE
O piezocone é um ensaio de penetração quasi-estática in situ que permite identificar o perfil
geotécnico do terreno e avaliar preliminarmente os parâmetros geotécnicos do solo (LUNNE et
al., 1997). Nos Estados Unidos, o procedimento está normalizado de acordo com a ASTM
D3441 (1986), tanto para o ensaio com medida de poro-pressões (CPTU), como para o ensaio
sem essa medida (CPT). No Brasil este ensaio está normalizado pela ABNT MB-3406 (1990).
Nesse ensaio, uma ponteira em forma cônica (Figura 1a), que é conectada à extremidade de um
conjunto de hastes, é introduzida no solo a uma velocidade constante igual a 2 cm/seg, que é
aproximadamente igual a 1 m/min. O cone tem um vértice de 60° e um diâmetro típico de 35,7
mm, que corresponde a uma área de 10 cm2. O diâmetro das hastes é igual ou menor do que o
diâmetro do cone. Durante o ensaio, a resistência à penetração da ponta do cone é medida
constantemente. Também é medida a resistência à penetração de uma luva de atrito que é alojada
logo atrás do cone.
Os penetrômetros elétricos possuem células de carga que registram a resistência de ponta (qc) e o
atrito lateral (fs). Os valores da poro-pressão (u) são determinados através de um transdutor de
pressão, o qual pode estar localizado na ponta do cone (u1), atrás da ponta (u2) ou atrás da luva
de atrito (u3).
Em ensaios de piezocone realizados em meios saturados, principalmente em argilas moles,
constatou-se um erro na medida da resistência de ponta, devido à ação da água sobre as ranhuras
do cone. Deste modo, a resistência de ponta (qc) deve ser corrigida em função da poro-pressão
medida na base do cone (u2) através da seguinte equação:
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qt = qc + u2.(1-a) (1)

onde: qt = resistência de ponta corrigida e;


a = relação de áreas desiguais, que depende da geometria do cone.

O procedimento de ensaio CPT e CPTU é o mesmo, com exceção da preparação do piezo-


elemento. Essa preparação consiste na desaeração do elemento de filtro poroso e do próprio
cone. O sistema de reação utilizado para penetração consiste em um sistema hidráulico,
normalmente com capacidade entre 100 a 200 kN, geralmente montado sobre carretas ou
carroceria de caminhões.
Em um piezocone, os sinais são normalmente transmitidos através de um cabo que passa pelo
interior das hastes de cravação. Os dados são digitalizados, e normalmente gravados a cada 25 ou
50 mm de variação da profundidade. Esses sistemas de aquisição de dados permitem a
apresentação em tempo real dos resultados obtidos durante a penetração, utilizando gráficos da
variação da resistência de ponta (qc), do atrito lateral (fs) e da poro-pressão (u) com a
profundidade. Durante uma interrupção da penetração, é possível monitorar a dissipação da
poro-pressão com o tempo.

RESISTIVIDADE
O piezocone de resistividade (RCPTU), Figura 1b, possui um dispositivo para medida da
resistividade que é instalado atrás de um piezocone padrão. Esse recurso permite medir
continuamente a resistência a um fluxo de corrente elétrica aplicada ao solo. A partir da
resistência que o solo oferece à passagem dessa corrente é possível detectar a presença ou
estimar a concentração de certas substâncias presentes no lençol freático. Uma forma de
interpretação é comparar o valor da resistividade medida num local onde existem indícios de
contaminação com um valor de referência, estabelecido através da experiência de campo em
ambientes geologicamente similares, onde sabe-se que a contaminação não existe.
Em áreas onde os valores são discrepantes, pode-se então fazer uma avaliação complementar
através da coleta de amostras de água subterrânea, em profundidades discretas, para uma
posterior análise química. A combinação de ensaios RCPTU com uma amostragem discreta de
águas subterrâneas proporciona um meio rápido e econômico de realizar caracterizações
geoambientais de campo.
Segundo DAVIES & CAMPANELLA (1995), os resultados de ensaios RCPTU mostram uma
ampla variação para os valores da resistividade (ou condutividade), variando de 0,01 ohm.m (ou
106 µs/cm) a 1000 ohm.m (ou 10 µs/cm). A resistividade é bastante sensível, tanto a sais
dissolvidos como a contaminantes orgânicos de baixa solubilidade. A condutividade (C) é o
inverso da resistividade (R), sendo fácil à conversão de um valor para o outro segundo a
equação:

C (µs/cm) = 10.000/R (Ohm.m) (2)

CALIBRAÇÃO

Piezocone
Para a execução de um ensaio de piezocone é necessária a calibração e a checagem dos
dispositivos de medida de todo o sistema antes de utilizá-lo nos ensaios. Para tanto, inicialmente
deve-se realizar uma calibração em laboratório de cada um dos sensores existentes no piezocone,
comparando-se os valores medidos pelo piezocone com os valores de referência medidos por
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células de carga ou transdutores de pressão de referência.


O sistema de calibração de piezocones desenvolvido e implantado no Laboratório de Mecânica
dos Solos da Unesp-Bauru, consiste em uma célula de carga acoplada a um pórtico de reação
(Foto 1) que permite que as solicitações estáticas sejam aplicadas à ponta do cone ou à luva de
atrito. Com valores das cargas medidas nos sensores do piezocone versus os valores das cargas
de referência determinam-se as constantes de calibração ou os fatores de correção para a
resistência de ponta (qc) e para o atrito lateral (fs).
Pode-se utilizar também uma câmara para aplicação de pressão de água para verificar a
eficiência da saturação do piezo-elemento com diferentes fluidos (Foto 2). Esta eficiência pode
ser verificada comparando-se os valores das pressões de referência com aquelas medidas com o
piezocone ao longo do tempo. A Figura 2 apresenta o resultado de um dos testes realizados com
o piezo-elemento saturado com glicerina, que é uma das formas interessantes de saturação
descritas na literatura.
Uma câmara semelhante também pode ser utilizada para a calibração do sensor de poro-pressão,
aplicando-se ar pressurizado. Plotando-se o valor registrado pelo sensor de pressão do piezocone
versus a pressão de referência medida com um transdutor calibrado, determina-se a constante de
calibração ou o fator de correção (Figura 3). Se, durante esse mesmo ensaio também forem
medidas as resistências de ponta (qc) e de atrito lateral (fs) do piezocone, é possível determinar os
fatores de correção de áreas desiguais a e b, respectivamente. Maiores detalhes sobre a
realização da calibração do piezocone podem ser encontrados em MARQUES (2002) e em
LUNNE et al. (1997).

Resistividade
Assim como observado na calibração do piezocone, também a calibração e checagem do
dispositivo de medida de resistividade é uma etapa fundamental para garantia da qualidade dos
dados obtidos nos ensaios. Dessa forma, é necessário utilizar um sistema para calibração desse
dispositivo, que pode ser constituído basicamente de um reservatório de água, com diâmetro tal
que não cause efeito de borda nas leituras e seja composto de material inerte, não causando a
contaminação da água utilizada. Esse sistema deve ser montado em uma sala que permita o
controle da temperatura ambiente durante o ensaio. Na Foto 3 é apresentado o sistema de
calibração para o dispositivo de medida da resistividade do piezocone implantado no Laboratório
de Mecânica dos Solos da Unesp-Bauru.
As calibrações consistiram em obter os valores de condutividade da água, utilizada como
representativa do solo (ρb), a diferentes salinidades, obtidas por acréscimo de cloreto de sódio
(NaCl). As medidas do piezocone de resistividade (RCPTU) foram comparadas com as leituras
obtidas por condutivímetro, sendo estes valores plotados em um gráfico, como aquele
apresentado na Figura 4. Sendo assim, é possível verificar a faixa de validade das medidas de
resistividade feitas em um ensaio RCPTU e assim, estabelecer a faixa de valores que se irá
trabalhar.

INTERPRETAÇÃO

Ensaios com Piezocone (CPTU)


A base para a identificação do perfil geotécnico a partir dos resultados de ensaios de piezocone é
a utilização de ábacos de classificação, como aquele sugerido por Robertson et al. (1986), que
correlaciona a resistência de ponta com a razão de atrito (Rf = fs/qc), obtidas durante a
penetração. Basicamente, tem-se alta resistência de ponta associada a um baixo atrito lateral para
as areias, e o inverso para as camadas argilosas.
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As medidas de poro-pressão (u) também auxiliam na identificação de camadas de solo com


comportamentos distintos, observando-se um aumento da poro-pressão nas camadas com
penetração não drenada, geralmente constituídas de materiais finos (argilas e siltes). Um recurso
bastante útil para identificação rápida da posição do nível d´água também é possível de ser feito,
prolongando-se a reta de poro-pressão gerada durante uma penetração drenada, determinando-se
assim a pressão hidrostática.
Interrompendo a penetração em uma camada não drenada e dissipando-se o excesso de poro-
pressão gerado, é possível estimar a permeabilidade do solo desta camada. Dependendo do tipo
de solo, a dissipação pode levar minutos ou horas, sendo recomendado que a dissipação seja no
mínimo maior que 50% do excesso de poro-pressão gerado, para possibilitar a estimativa da
permeabilidade do solo.
Outra forma de interpretação de resultados de ensaios CPTU é correlacionar empiricamente qc e
fs medidos com o comportamento observado em fundações, prática que tem sido utilizada,
especialmente no Brasil, provavelmente pela dificuldade de considerar os diversos fatores que
afetam o comportamento de solos residuais não saturados. Os métodos empíricos desenvolvidos
para a previsão do comportamento de fundações, como por exemplo, o de AOKI & VELLOSO
(1978) são, em geral, para valores de qc e fs obtidos utilizando-se o cone mecânico. A estimativa
de parâmetros de projeto pode ser feita pela abordagem indireta, através de correlações desses
parâmetros com os valores de qc, fs e u medidos. Existem inúmeras propostas de correlações
desse tipo disponíveis na literatura internacional, a maioria desenvolvida para solos
sedimentares, sendo poucos os estudos existentes para avaliar o comportamento de solos
residuais.

Ensaios com o Piezocone de Resistividade (RCPTU)


O conhecimento da geologia local e das características do solo é bastante útil para que a análise
dos resultados seja feita de forma adequada. De acordo com CAMPANELLA et al. (1997),
valores de referência podem ser estabelecidos a partir da experiência de campo ou partir de
ambientes geológicos similares. Em áreas onde valores de referência são excedidos, pode-se
efetuar uma avaliação complementar através da coleta, em profundidades discretas, de amostras
da água subterrânea, para uma posterior análise química. É importante lembrar que fatores como
a temperatura, porcentagem de finos e características dos argilo-minerais presentes no solo
também influenciam nos valores de resistividade medidos durante o ensaio.
Outra possibilidade de interpretar resultados de ensaios RCPTU é procurar relacionar a
resistividade do solo (ρb) com a resistividade do fluido (ρf), procurando considerar os diversos
fatores que afetam essa relação. A fórmula de ARCHIE (1942) é uma das leis mais simples que
relaciona diferentes componentes do solo para determinação da resistividade elétrica e foi
desenvolvida para areias e rochas com praticamente nenhuma quantidade de argila, sendo dada
por:

ρb
Fc = = a ⋅ n − m ⋅ Sr − s (3)
ρf

onde: Fc = Fator de Formação intrínseco, que depende da geometria dos poros;


ρb = Resistividade integral do solo;
ρf = Resistividade do fluido;
a = Fator de escala da equação, que depende da mineralogia do solo;
m = Constante que depende do tipo do solo;
s = Expoente que também depende da mineralogia do solo.
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EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

Litoral do Paraná
Uma das principais aplicações do ensaio de piezocone de resistividade que se encontra na
literatura é a identificação da intrusão de água salina em aqüíferos. Ensaios desse tipo e para essa
finalidade foram realizados no litoral do Paraná. A Figura 5 apresenta o resultado de dois ensaios
RCPTU nesse local, onde a saturação do piezo-elemento foi feita com glicerina. Nela, além das
informações obtidas de um ensaio de piezocone, está apresentada também a variação da
resistividade elétrica com a profundidade. A identificação do perfil de solo foi feita utilizando o
ábaco de classificação proposto por ROBERTSON et al. (1986).
Observa-se, na Figura 5, uma maior resistência de ponta (qt), uma baixa razão de atrito (Rf) e a
não geração de excesso de poro-pressões (u2) até 14 m de profundidade, onde se tem uma
camada identificada como areia. Entre 14 e 25 m de profundidade observa-se uma redução de qt,
um aumento de Rf e a geração de poro-pressões (u2), numa camada identificada como silte
argiloso. Entre 25 e 27 m de profundidade as alterações de registros de qt, Rf e u2 indicam a
ocorrência de um outro material, identificado como silte arenoso, para no final desse perfil voltar
a surgir a areia. Pode-se, também, a partir dos registros de poro-pressão (u2), identificar a posição
do nível d’água traçando-se uma linha reta unindo os pontos de poro-pressão na camada de areia,
onde a penetração do piezocone não gerou excesso de poro-pressão possibilitando, portanto,
identificar a linha de pressão hidrostática.
Nos primeiros 14 m de profundidade, onde se tem a ocorrência de uma camada de areia, os
valores de resistividade variam em torno de 100 a 200 ohm.m, tendo um decréscimo a partir dos
14 m, onde se tem a ocorrência de material mais fino, portanto, mais condutivo. Observa-se,
também, entre as profundidades 4 a 8 m, na camada de areia, que o ensaio RCPTU 4 apresenta
valores de resistividade menores que o ensaio RCPTU 3, sem que haja alteração nos registros de
qt, Rf e u2, o que indica que algo deve estar ocorrendo na água que preenche os vazios do solo.
Isso se deve à intrusão de água salina no aqüífero e à contaminação de alguns poços de
abastecimento de água existentes no local, conforme identificado a partir de ensaios geofísicos,
em especial a técnica do caminhamento elétrico com arranjo dipolo-dipolo.
Nesse caso, os ensaios com o piezocone, além de fornecer um perfil detalhado, compatível com
as informações de sondagens de simples reconhecimento, também realizadas no local,
possibilitaram identificar camadas delgadas de areia e argila. Essas informações foram úteis, pois
permitiram entender melhor como se dá a migração de fluídos, possibilitando assim a
identificação dos alvos de coleta de maneira mais precisa, reduzindo tanto a quantidade de
ensaios em laboratório como o tempo total gasto no programa de investigação.

Área de Aterro de Resíduos Sólidos Urbanos


Diversas campanhas de ensaios RCPTU foram realizadas no entorno de um aterro de resíduos
sólidos urbanos de uma cidade do interior de São Paulo, a fim de avaliar a aplicabilidade desta
ferramenta para avaliação de uma possível contaminação causada pelo aterro. Inicialmente, uma
investigação utilizando a geofísica de superfície pela técnica do caminhamento elétrico com
arranjo dipolo-dipolo foi realizada no local para identificar a pluma de contaminação e os pontos
onde ensaios RCPTU deveriam ser realizados. A Figura 6 apresenta os resultados dos ensaios
RCPTU 14 e 15, realizados muito próximos à cava preenchida com resíduos, onde os resultados
dos ensaios geofísicos indicaram a presença de uma pluma de contaminação. Após a realização
dos ensaios RCPTU, foram feitas coletas de água e solo utilizando amostradores direct-push para
avaliação da contaminação da área. A Figura 7 apresenta os resultados dos ensaios CPTU 04 e
RCPTU 01, 02, 03 e 09 realizados à jusante, também sobre a pluma de contaminação porém, um
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pouco mais distantes da cava de resíduos. Como o nível d’água se encontrava próximo aos 5 m
de profundidade, optou-se em utilizar, nesses ensaios, a técnica do filtro de cavidade preenchido
com graxa automotiva para registro de poro-pressão, conforme sugere LARSSON (1995), para
evitar a abertura de pré-furo. Esse recurso tem se mostrado interessante em ensaios de piezocone
em solos tropicais e os registros de poro-pressão são úteis para auxiliar na identificação de perfis
geotécnicos e da posição do nível d’água, conforme demonstrado por DE MIO et al. (2004).
Analisando-se os resultados dos ensaios RCPTU realizados (Figuras 6 e 7) observa-se, em todos
eles, uma brusca diminuição nos valores de resistividade quando se atinge a zona saturada, o que
demonstra a vantagem do uso dessa ferramenta para identificação da posição do nível d’água.
Para a região saturada apresentada na Figura 7, observa-se que os valores de resistividade variam
com a textura e a mineralogia do solo, sendo maiores nas camadas mais arenosas e menores para
as camadas mais argilosas. A influência do tipo de solo nos valores de resistividade não é tão
nítida na região saturada dos ensaios RCPTU 14 e 15 (Figura 6), com valores em torno de 50
ohm.m para o primeiro e em torno de 20 ohm.m para o segundo. Isto pode ser um indicativo da
presença de contaminantes migrando nas camadas mais arenosas logo à frente do aterro, uma vez
que a amostra de água coletada entre 8 a 9 m de profundidade apresentou resistividade elétrica
baixa, o que é indicativo da presença de poluentes na água.

Bacia Sedimentar Terciária de São Paulo (BSTSP)


Na Figura 8, são apresentados os resultados de um único ensaio RCPTU realizado em solos da
Bacia Sedimentar Terciária de São Paulo, na área urbana da cidade de São Paulo. Neste ensaio, a
saturação do piezo-elemento foi feita com glicerina e, para garanti-la, o ensaio foi conduzido em
duas etapas: a primeira sem registro de poro-pressão até atingir o nível d’água e a segunda com
abertura de pré-furo e saturação do piezocone para garantir os registros da poro-pressão.
A interpretação dos registros de qc, fs e u2 possibilita a identificação das camadas de
comportamentos distintos, com maiores valores de qc, e menores de Rf, nas camadas mais
arenosas. O perfil obtido através de um SPT executado no local confirma a habilidade dessa
ferramenta para definição de perfil geotécnico e na identificação de camadas mais finas.
Observa-se, na Figura 8, que a classificação proposta por ROBERTSON et al. (1986) para
identificação de solos a partir de resultados de ensaios CPTU apresenta limitações para
classificar o solo quanto à textura, mas não quanto ao seu comportamento. Por exemplo, entre 7
e 10 m de profundidade, enquanto os resultados dos ensaios SPT identificam a presença de argila
siltosa a interpretação dos resultados dos ensaios RCPTU identificam essa camada como sendo
apenas uma argila. Os resultado aqui apresentados estão de acordo com as conclusões de
MARQUES (2002), em que a utilização de qc e Rf interpretados através do ábaco de
ROBERTSON et al. (1986) possibilitam a identificação de camadas de comportamento distintos
em solos tropicais, apesar de não ser possível o seu emprego para uma classificação textural dos
solos ensaiados. Esse autor recomenda amostrar solo nas diferentes camadas utilizando
amostradores direct push, pois estes podem ser cravados com o próprio sistema de reação
utilizado nos ensaios CPTU.
Os valores de resistividade determinados neste ensaio foram sensíveis às mudanças observadas
nas camadas investigadas. Observa-se ainda, na Figura 8, valores baixos de resistividade, da
ordem de 50 ohm.m, entre 3 m e 7 m e 12 m a 14,5 m de profundidade, em solo identificado
como argila siltosa a argila. Observa-se ainda, nessa figura, um aumento nos valores de
resistividade nas camadas mais arenosas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A calibração e a checagem do equipamento são etapas fundamentais para a realização das
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campanhas de ensaios com o piezocone, devendo ser executadas rotineiramente. A calibração do


dispositivo de medida de resistividade permitiu estabelecer os valores limites de utilização do
aparelho, sendo que, nos ensaios realizados, as medidas foram feitas dentro dessa faixa.
Os ensaios com o piezocone e o emprego de amostradores direct-push, têm como principal
vantagem reduzir a exposição do operador ao solo e à água amostrados, sendo, portanto,
apropriados para uma investigação geoambiental.
Os resultados de ensaios de piezocone de resistividade em perfil de solo sedimentar arenoso e
saturado do litoral do Paraná foram mais simples de serem interpretados e demonstraram as
vantagens do ensaio RCPTU para a identificação de pontos com presença de sal na água. A
principal vantagem, nesse caso, é a possibilidade de definir a coleta de amostras de maneira mais
precisa, reduzindo assim, tanto a quantidade de ensaios em laboratório como o tempo total gasto
no programa de investigação.
Já, em solos tropicais, os valores de resistividade são fortemente afetados por diversos fatores,
como o grau de saturação, a gênese e a textura do solo, o que dificulta sua interpretação. Como
as pesquisas nestes solos estão no início, recomenda-se o emprego de amostradores da tecnologia
direct-push para dar suporte à interpretação dos resultados desses ensaios.
Os resultados dos ensaios realizados e apresentados neste trabalho mostram que as variações nos
valores de resistividade coincidiram com as alternâncias entre as camadas de areia e argila,
principalmente nas camadas que se encontram abaixo do nível d’água: de maneira geral, tem-se
resistividades maiores nas camadas mais arenosas e menores nas camadas mais argilosas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tema 7 – Investigações Geológico-Geotécnicas

GIACHETI, H.L. Os ensaios de campo na investigação do subsolo: estudo e considerações


quanto à aplicação em solos tropicais. 2001. Tese (Livre Docência em Geotecnia) -
Faculdade de Engenharia de Bauru, Universidade Estadual Paulista, Bauru-SP, 2001.
LARSSON, R. Use of a thin slot as filter in piezocone tests. In: CPT’95, Proceedings… 1995,
Vol. 2, p. 35-40.
LUNNE, T. ROBERTSON, P.K.; POWELL, J.J.M. Cone penetration testing in geotechnical
practice. First Edition. London: Blackie Academic & Profissional, An Imprint of Chapman
& Hall, 1997. 312 p.
MARQUES, M.E.M. Tecnologia do piezocone para investigação geotécnica e geoambiental
de solos tropicais. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial). Faculdade de
Engenharia de Bauru, Universidade Estadual Paulista, Bauru-SP, 2002.
MONDELLI, G. Ensaios de piezocone em solos tropicais: calibração e interpretação.
Iniciação Científica, Fapesp, Processo nº 00/00515-0. Faculdade de Engenharia de Bauru,
Universidade Estadual Paulista, Bauru – SP, 2001.
MONDELLI, G. Investigação geoambiental em áreas de disposição de resíduos sólidos
urbanos utilizando a tecnologia do piezocone. 2004. 264f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Geotécnica) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo-
SP,2004.
ROBERTSON, P.K.; CAMPANELLA, R.G.; GILLESPIE, D.; GRIEG, J. Use of piezometer
cone data. In: In-Situ 86, Proceedings …ASCE Specialty Conference, Blacksburg,
Virginia, EUA, 1986. p. 1263-1280.
WEEMEES, I. A resistivity cone penetrometer for ground-water studies. 1990. Dissertação
(Mestrado em Geotecnia) - Department of Civil Engineering, University of British
Columbia, Vancouver, Canada, 1990.

Cravação
Cabo 2 cm/sec

Hasteamento

Isolante

Acelerômetro Dispositivo
Módulo de
350 mm 15mm para medida da
Resistividade
Inclinômetro
150mm
10.5 cm 2
resistividade
(10.5 cm2)
Strain Gauges da Eletrodos
Célula de Carga de
Atrito Lateral Luva de Atrito
(Área de 150cm2)
Sensor de U3
Temperatura Piezocone
Strain Gages da 650 mm
fs fs 10.0 cm 2
Célula de Carga de
Trandutor de U2
Resistência de Ponta
Poro-Pressão
U1
Filtro de Cone de 60o
Material Plástico diâmetro de
35.68mm qc
(a) (b)

Figura 1. (a) Piezocone com alguns acessórios incorporados (b) Piezocone de resistividade –
RCPTU (DAVIES & CAMPANELLA, 1995).
11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1913
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
Tema 7 – Investigações Geológico-Geotécnicas

(a) (b)
Foto 1. Sistema para calibração e checagem das células de carga da ponta e do atrito lateral de
piezocone. (a) Para uso no campo (b) Para uso no laboratório.

(a) (b)
Foto 2. Vista geral dos equipamentos utilizados para (a) realização dos ensaios para calibração
do transdutor de poro-pressão do piezocone e para (b) determinação do fator de áreas desiguais.
11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1914
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
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Determinação de poro-pressão - Saturação com Glicerina


700
Referência
600 Medido CPTu
Poro Pressão (kPa)

500

400

300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (seg)

Figura 2. Teste de saturação utilizando o piezo-elemento saturado com glicerina.

500

450

400 uT
resistência de ponta. qc (kPa)
pressão medida, uT (kPa)

350

300

250 qc

200

150
a = 0.64
100

50

0
0 100 200 300 400 500

pressão aplicada, Po (kPa)


Figura 3. Exemplo de gráfico obtido para a determinação da constante de calibração para o
transdutor de poro-pressão e da relação de área a, utilizada para a correção dos valores qc.
11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1915
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
Tema 7 – Investigações Geológico-Geotécnicas

Foto 3. Sistema para calibração do dispositivo para medida da resistividade no piezocone.

5000

y = 0,9859x - 9,8821
Resisitividade pelo RCPTU (Ohm.m)

R2 = 0,9989
4000

3000

2000

Rcond x Rrcptu
1000
Linear (Rcond x Rrcptu)

0
0 1000 2000 3000 4000 5000

Resistividade pelo Condutivímetro (Ohm.m)

Figura 4. Calibração do sensor de resistividade – Faixa de valores de 2 a 5000 ohm.m.


11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1916
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
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Rf (%) qt (MPa) u2 (kPa) R (ohm-m) C (µS/cm) Perfil Interpretado


0 1 2 3 4 5 0 10 20 30 0 500 1000 1500 0 100 200 300 0 250 500 750 1000 com base no CPT
0 NA 0
Solo Fino
2 2
u2
4 (Glicerina) 4

6 Areia 6

8 8

10 10
Profundidade (m)

12 12

14 14

16 16

18 18
Silte Argiloso
hidrostática
20 Pressão 20

22 22

24 24

26 26
Silte Arenoso
28 28
Areia
30 30

RCPTU 3
RCPTU 4

Figura 5. Resultados de ensaios RCPTU executados no litoral do Paraná.

PIEZOCONE AMOSTRAS AMOSTRAS


DE SOLO DE ÁGUA

Rf (%) qc (MPa) u2 (kPa) R (ohm-m) Perfil Interpretado Granulometria (%) R (ohm-m)


0 1000 2000 3000 0 100 200 300 400 500 com base nos CPTs 0 20 40 60 80 100 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 5 10 15 20 25 100 200 300
0 0
Areia (SBT=9)

1 1
u2
(slot filter) Areia siltosa 2
2
(SBT=7)

3 3
Silte Arenoso (SBT=6)
Profundidade (m)

Solo Fino Muito Rijo (SBT=11)


4 Areia siltosa (SBT=7) 4
Areia
Argila (SBT=3) N.A.
Silte

5 5
Argila

6 6
Areia siltosa
(SBT=8)
7 7

Argila (SBT=3 - RCPTU15)


8 Areia (SBT=9 - RCPTU14) 8

Areia siltosa
9 (SBT=7) 9

10 10
0 2 4 6 8 10
RCPTU 14 - Abr/2002
RCPTU 15 - Jul/2002 pH

Figura 6. Resultados dos ensaios de piezocone RCPTU 14 e 15 realizados à jusante do aterro e


próximos à cava preenchida com resíduos.
11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1917
ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC
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PIEZOCONE AMOSTRAS
DE SOLO

Rf (%) qc (MPa) u2 (kPa) R (ohm-m) Perfil Interpretado Granulometria (%)


0 1000 2000 3000 0 250 500 750
com base nos CPTs
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 5 10 15 20 25 0 25 50 75 100
0 0
Areia (SBT=9)

1 1
u2
(slot filter)
2 2
Areia Siltosa
(SBT=7 to 8)
3 3
Profundidade (m)

4 4
Silte
N.A.
5 Argila 5
SBT=3 or 11(CPTU4)

6 6
Areia Siltosa Areia
(SBT=7 to 8)
7 7
Argila
8 SBT=3 or 11(CPTU4) 8
Areia Siltosa (SBT=8)
9 Solo Fino Muito Rijo (SBT=11) Argila 9
Areia (SBT=9)
10 10
CPTU 04 - Dez/2001
RCPTU 01, 02, 03 - Fev/2002
RCPTU 09 - Abr/2002

Figura 7. Resultados dos ensaios de piezocone CPTU 04, RCPTU 01, 02, 03 e 09 realizados
próximos uns aos outros, à jusante do aterro de resíduos sólidos urbanos.

RF (%) qc (MPa) u2 (kPa) R (ohm-m) C µS/cm Perfil Interpretado Perfil Interpretado


0 2 4 6 8 0 5 10 15 20 25 30 0 250 500 750 10001250 0 500 1000 1500 0 100 200 300 com base no CPTU com base no SPT
0
0 0
solo fino muito rijo Aterro de argila
1 arenosa com 1
pedregulhos
2 u2 variados de quartzo, 2
(Glicerina) argila
3 marrom 3
avermelhada
4 Argila siltosa 4

5 c/ mat. orgânica 5
argila siltosa a cinza escura
6 argila 6
Argila siltosa
Profundidade (m)

7 cinza clara e 7
marrom
8 NA 8
argila
9 9

10 10
Areia média a
11 areia grossa siltosa com 11
pedregulhos de
12 areia c/ pedreg. quartzo, amarela 12

13 Argila siltosa 13
argila roxa e cinza
14 amarelada 14
solo fino muito rijo
15 15
Areia fina e média
16 areia siltosa amarela e 16
cinza
17 17

18 18

Figura 8. Resultados de um ensaio RCPTU realizado em solos da Bacia Sedimentar Terciária, na


cidade de São Paulo.

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