Uva em Clima Tropical: Ntroduçâo
Uva em Clima Tropical: Ntroduçâo
Uva em Clima Tropical: Ntroduçâo
Marco A. F. Conceiçêo"
Francisco Mandelli(2)
1. INTRODUÇÂO
A videira é uma planta que pertence à família das vitáceas, sendo as espécies mais cultivadas as
do gênero Vitis, destacando-se as videiras européias (Vitis vinifera), as americanas (Vitis labrusca e
Vitis bourquina) e as híbridas, provenientes de cruzamentos entre as diferentes espécies (Kuhn et aI.,
1996). O cultivo comercial ocorre numa ampla faixa do globo terrestre, entre as latitudes 52° N e 40° S
e, muitas vezes, em condições áridas e semi-áridas, tornando imprescindível, nestes casos, o uso da
irrigação (Sentelhas, 1998).
A viticultura tropical no Brasil tem apresentado uma evolução recente, sendo que, cerca de 35% da
área e 45% da produção de uvas, do país, estão em áreas tropicais, com destaque para os Estados
do Paraná (norte), São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia (Mello, 2008). Algumas novas áreas
têm sido implantadas, com uvas para suco e vinho de mesa, que incluem as regiões de Nova Mutum,
no Mato Grosso, e Santa Helena de Goiás (Camargo et aI., 2008).
Em condições tropicais, a videira pode produzir continuamente, devido às condições térmicas
presentes nessas regiões. Apesar disso, um período de repouso de 20 a 30 dias, entre o final de uma
safra e o início de outra, deve ser respeitado.
A brotação da videira pode ocorrer em qualquer época do ano, com o uso de reguladores vegetais.
A floração ocorre, em média, 30 dias após a brotação. A duração do ciclo da cultura, da brotação à
colheita, varia, normalmente, de 90 a 150 dias, conforme a cultivar e a região, sendo que, uma mesma
cultivar, em regiões mais quentes, apresenta ciclos menores. Geralmente, as cultivares americanas ou
híbridas apresentam ciclos mais curtos que as cultivares européias (Vitis vinifera L.).
As fases mais críticas da videira, face às condições climáticas, são a brotação, a floração e a
maturação da uva. A fase da floração é bastante prejudicada se ocorrer sob condições de tempo frio
(temperaturas inferiores a 15°C) e chuvoso, o que dificulta a floração e o pegamento do fruto, resultando
em cachos ralos, com bagas desuniformes.
A fase mais crítica para o suprimento hídrico é a de formação das bagas, situada entre o final
do florescimento e o início da maturação. Alguns autores consideram que o déficit hídrico afeta o
número de células por baga, principalmente na etapa inicial de desenvolvimento (Williams & Matthews,
1990). Entretanto, de acordo com Ojeda et aI. (2001), o déficit hídrico não afeta a divisão celular, mas
reduz o volume do pericarpo, provavelmente, devido às modificações nas propriedades estruturais dos
componentes das células e, conseqüentemente, na expansibilidade da parede celular. Por tal razão, o
decréscimo no volume das células, neste período, é irreversível.
O período de maturação é bastante favorecido, se ocorrer em condições de pouca chuva e bastante
sol. Tempo chuvoso e nublado, neste período, favorece o aparecimento das podridões do cacho, que
depreciam a uva, tanto para a elaboração de vinho quanto para o consumo in natura.
Fenologia
De acordo com Lorenz et aI. (1995), os estádios fenológicos de desenvolvimento estão divididos
em nove principais (macroestádios), que correspondem aos períodos de desenvolvimento. Cada
macroestádio, por sua vez, está subdividido em microestádios, para a descrição das fases de
desenvolvimento mais curtas e para as características da cultura. Assim, pode-se descrever,
precisamente, cada estádio, por meio de dois dígitos, como se observa na Tabela 1.A Figura 1 apresenta
um esquema ilustrativo dos diferentes estádios fenológicos da videira.
1- Eng. Civil, Dr., Pesquisador, EMBRAPA - Uva e Vinho - Estação Experimental de Viticultura Tropical. Córrego Barra Bonita,
s/n", C.P 241, CEP 15700-000, Jales - SP. E-mai/: [email protected]
2- Eng. Agrônomo, Dr., Pesquisador, EMBRAPA - Uva e Vinho. E-mail: [email protected]
Capo 31 - Uva em clima tropical! Conceição, MAF.; Mandelli, F.
De modo geral, os macroestádios 2 (formação dos ramos laterais), 3 (desenvolvimento dos ramos)
e 4 (desenvolvimento vegetativo dos órgãos de reprodução) são omitidos na descrição dos estádios de
desenvolvimento da videira.
O macroestádio de brotação (O) vai desde a dormência das gemas (00) até a abertura das gemas,
com pontas verdes visíveis (09). O macroestádio 1, que corresponde ao desenvolvimento foliar, inicia-
se quando a primeira folha se expande (11) e estende-se até nove ou mais folhas expandidas (19).
Os macroestádios 5 e 6 compreendem o período de floração, iniciando-se no momento em que as
inflorescências se tornam visíveis (53) e estendendo-se até o final da floração (69). O macroestádio
7 corresponde ao período de frutificação, indo do início da formação dos frutos (71) até o fechamento
dos cachos (79). O período de maturação corresponde ao macroestádio 8, do início da maturação das
bagas (81) até a colheita (89).
O macroestádio 9 marca o início da dormência e a queda de folhas, o que não ocorre em regiões
tropicais, a não ser que seja induzido por um déficit hídrico, com este propósito. Assim, na fase pós-
colheita, o único microestádio a ser considerado é o referente ao final da maturação da madeira dos
ramos (91).
Macroestádio Microestádio
1 - Desenvolvimento das
14 - Quatro folhas expandidas
folhas
5 - Aparecimento das
55 - Inflarescências se expandem, fiares individuais comprimidas umas às outras
inflorescências
69 - Fim da floração
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Parte 111
- Cultivos Permanentes
Macroestádio Microestádio
7 - Desenvolvimento do
75 - Bagas tamanho de uma ervilha
fruto
••••• ...L~
00 01 0& 09 11 13 15 55
61 65
71 73 75
77 81 89
Figura 1. Esquema ilustrativo dos estádios fenológicos de desenvolvimento da videira, de acordo com
Lorenz et aI. (1995).
A duração de cada estádio e do ciclo total da cultura varia de acordo com a região, a cultivar e a
época da poda. A c41tivar Niágara Rosada (Vitis labrusca) apresenta, em Jundiaí (SP), uma duração
do ciclo (da poda à colheita) variando de 124 a 153 dias, conforme a época da poda (Pedro Júnior et
aI., 1994). O período entre a poda e o início da brotação varia de 11 a 26 dias; da brotação ao início do
florescimento, de 26 a 34 dias; deste estádio às bagas tamanho "chumbinho", de de 14 a 17 dias; das
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Capo 31 - Uva em clima tropical! Conceição, MAF.; Mandelli, F.
Diferentes tipos de solos têm sido utilizados para o cultivo da videira. De um modo geral, o desempenho
é melhor em solos leves, profundos e bem drenados, uma vez que solos pesados, compactos e com
baixa capacidade de drenagem, são limitantes para o desenvolvimento da cultura (Terra, 2000). Em
solos profundos, o sistema radicular da videira pode atingir vários metros de profundidade (Terra et
aI., 1993). Independente, contudo, da textura do solo, de uma maneira geral, a maior parte das raízes
concentra-se até os primeiros 60 em de profundidade, principalmente sob irrigação localizada (Bassoi
& Miranda, 1997; Pires et aI., 1997; Chadha & Shikhamany, 1999; Santos et aI., 2002; Bassoi et aI.,
2003; Nascimento et aI., 2006).
A Figura 2 ilustra a variação de umidade no perfil do solo, em dois dias consecutivos, em plantas
da cultivar Niágara Rosada (Vits labrusca), sobre IAC 313 (Tropical), em Jales, SP (Conceição, 2001).
Observa-se que a maior variação ocorre até a profundidade de 60 em, enquanto que, a 70 cm, a
umidade praticamente não varia de um dia para o outro.
O uso da água por um vinhedo é caracterizado por uma baixa demanda no início da fase de
crescimento e após a colheita, e por uma alta demanda quando o dossel está plenamente desenvolvido,
sendo a evapotranspiração da cultura (ETc), para vinhedos em formação, menor que para os já
estabelecidos (Mullins et aI., 1992). Enquanto, no início desenvolvimento da planta, a baixa demanda
deve-se à menor área foliar das plantas, a redução das taxas de transpiração, após a colheita, deve-se,
principalmente, ao aumento na resistência do mesófilo, nas folhas mais velhas (Patakas et aI., 1997).
O tipo de folha da cultivar também pode influenciar o uso da água. As folhas mais largas da cultivar
Concord (Vitis labrusca), por exemplo, com bordas pouco recortadas, aumentam a resistência da
camada limite, o que reduz a transferência de calor sensível, provocando a ocorrência ocasional de
estresse térmico e a redução na transpiração (Dragoni et aI., 2006).
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Parte 111
- Cultivos Permanentes
10 -
Ê 20
-
"O
e
Q)
1\:1
30 -
:E 40 -
"O
c:
.2 50
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Q. 60
_Dia1
~ Dia2
70 -
80 -
Figura 2. Distribuição de água no perfil do solo, em videira Niagara Rosada enxertada em porta-enxerto IAC 313,
em Jales, SP (Conceição, 2001).
o sistema de condução exerce papel preponderante no consumo hídrico da cultura (van Zyl & van
Huyssteen, 1980; Dragoni et aI., 2006). A carga de frutos também afeta a demanda hídrica da videira. O
gradiente de potencial hídrico, entre as folhas expostas ao sol, as folhas sombreadas, os cachos e o solo,
explica o fluxo de água na planta, dos cachos para as folhas, durante o dia e, do solo para os cachos,
durante a noite, mostrando porque o consumo hídrico pode aumentar com o incremento do número de
cachos na planta. Os cachos podem ser vistos, assim, como reservatórios de água, abastecidos durante
a noite, e fornecedores de água para as folhas e outros tecidos, durante o dia (van Zyl, 1987).
A densidade de plantio pode alterar o consumo de água das plantas. Em áreas com maior densidade, há
um maior esgotamento da água disponível do solo, resultando em menores valores do potencial hídrico das
folhas, no fechamento antecipado dos estômatos e nas menores taxas de transpiração (Yuste et aI., 2004).
O uso de telas plásticas para cobrir o parreiral, como é comum no noroeste paulista e no norte do
Paraná, pode afetar a demanda hídrica da cultura, uma vez que, com o seu uso, há uma diminuição
expressiva da radiação solar incidente sobre o dossel (Conceição & Marin, 2005). O uso de cobertura
plástica, empregado para proteção contra a incidência de chuvas, também reduz a radiação solar, fazendo
com que a demanda hídrica possa representar até 50% do valor sem cobertura (Rana et aI., 2004).
A estimativa diária da ETc, durante o ciclo da cultura, é realizada, normalmente, multiplicando-se os
valores diários da evapotranspiração de referência (ETo) pelos respectivos coeficientes da cultura (Kc),
referentes a cada estádio de desenvolvimento das plantas. No início do desenvolvimento vegetativo
(após a poda), a área foliar é pequena e o valor de Kc (Kci) será função, principalmente, da evaporação
da água do solo, que está relacionada à freqüência de irrigação e à evapotranspiração de referência
(ETo) do local (Allen et aI., 1998). Com o crescimento dos ramos, o Kc aumenta, pois aumenta a
transpiração das plantas, atingindo um valor máximo no período de maior desenvolvimento vegetativo
(Kcm). No final do ciclo, o Kcf diminui, por causa do envelhecimento e queda de folhas.
Pereira (1997) apresenta valores, respectivos, de Kci, Kcm e Kcf, iguais a 0,50, 0,85 e 0,45, para
variedades rústicas (Vitis labrusca L.) e iguais a 0,30, 0,70 e 0,45, para variedades européias (Vitis
vinifera L.). Valores semelhantes são recomendados por Allen et aI. (1998).
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Capo 31 - Uva em clima tropical! Conceição, M.A.F.; Mandelli, F.
Evidentemente, o sistema de irrigação pode afetar os valores de Kc. Teixeira et aI. (1999), trabalhando
com a cultivar Itália (Vitis vinifera L.), no Submédio São Francisco, no sistema latada e irrigada por
microaspersão, registraram valores de Kc variando entre 0,56 e 1,15. Ávila Neto et aI. (2000) registraram,
para a mesma cultivar e local, mas empregando irrigação por gotejamento, valores de Kc entre 0,50 e 0,74.
O período do ano também pode influir no consumo hídrico da videira. A cultivar Petit Shirah
(Vitis vinifera L.), conduzida em espaldeira e irrigada por gotejamento, no Submédio São Francisco,
apresentou valores médios de ETc de 3,3mm dia' e, de 3,8 mm dia:', nos períodos de fevereiro a junho
e de julho a novembro, respectivamente, com Kc variando entre 0,63 e 0,87 (Teixeira et aI., 2007).
A demanda hídrica de cultivares rústicas apresenta comportamento semelhante ao das cultivares de
uvas finas (Vitis vinifera L). Conceição & Maia (2001) estimaram a evapotranspiração (ETc) da cultivar
Niágara Rosada (Vitis labrusca), no noroeste do Estado de São Paulo, conduzida em latada e irrigada
por microaspersão. Os valores médios de ETc variaram de 0,7 mm dia:' a 4,5 mm dia', com média igual
a 3,1 mm dia-1. Os valores de Kc variaram entre 0,18 a 1,08 (Figura 3), com um valor médio igual a 0,78.
1~9-------------------------------------------~
1,0
73
0,8
~ 0,6
y =~, OIx: + O,018<k+ 0,2829
0,4 R: = 0,8777
O~
O'O+--------.--------~-------.--------r-------~
O 50 25 15 100 125
Figura 3. Variação do coeficiente da cultura (Kc) para videira Niagara Rosada cultivada em Jales, SP. (Baseado
em Conceição & Maia, 2001).
Em grande parte das áreas tropicais do Brasil, o cultivo da videira é realizado sob irrigação. Em
locais onde não se utiliza esta prática, há o risco de ocorrência de deficiência hídrica durante o ciclo
da cultura, o mesmo podendo correr nas áreas irrigadas, quando o manejo da água é feito de forma
inadequada ou quando se induz um déficit hídrico controlado, em cultivares para vinho, com o objetivo
de melhorar a qualidade final do produto. Em regiões semi-áridas, o déficit hídrico é, muitas vezes,
induzido após a colheita, visando o repouso vegetativo das plantas (Sentelhas, 1998).
O déficit hídrico, durante o ciclo vegetativo, pode afetar o crescimento das plantas, inclusive
em ciclos posteriores. O desenvolvimento dos primórdios florais (fertilidade das gemas) para a
safra seguinte é sensível ao estresse hídrico (Williams & Matthews, 1990). O déficit hídrico reduz
a área foliar total das plantas e as taxas de fotossíntese e de transpiração. Esta redução ocorre,
primeiramente, nas folhas expostas ao sol, sendo que, com a intensificação do estresse, as outras
folhas também são afetadas (Escalona et aI., 2003). Já o crescimento radial dos ramos é menos
sensível ao déficit hídrico, comparativamente ao crescimento axial (Williams & Matthews, 1990).
Conforme aumenta a escassez de água no solo, a velocidade de crescimento diminui, os
entrenós se encurtam e a folhagem das pontas se torna verde escuro, como das folhas maduras.
Se o déficit hídrico se mantiver, as folhas mais velhas tornam-se amarelecidas e as margens
se dessecam e tendem a enroscar-se. Finalmente, as folhas mais próximas da base dos brotos
secam-se e caem (Albuquerque, 1996).
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Parte 111
- Cultivos Permanentes
o déficit que ocorre durante as primeiras etapas de desenvolvimento dos frutos é o que mais
compromete o rendimento da cultura, uma vez que reduz o tamanho das bagas, sem que elas
possam se recuperar com irrigações posteriores (Neuman, 1983; Williams & Matthews, 1990). A
falta de água, durante a maturação dos frutos, reduz o tamanho das bagas, enquanto, irrigações
ou chuvas excessivas, proxímas da colheita, podem atrasar a maturação das uvas e incrementar
a compactação dos cachos, favorecendo o ataque de fungos. Chuvas ou irrigações excessivas,
após um período de déficit, também podem ocasionar rachaduras nas bagas (Neuman, 1983).
Diferentes cultivares apresentam diferentes respostas ao déficit hídrico. As que melhor
se adaptam (isohídricas) buscam manter o potencial hídrico foliar através do fechamento dos
estômatos e da redução de sua atividade, conservando a umidade do solo; já as menos adaptadas
(anisohídricas) mantêm o consumo de água do solo, reduzindo o seu potencial hídrico foliar, o que
pode custar a sua sobrevivência (Schultz, 2000; Lisarrague et aI., 2007).
Por outro lado, o desenvolvimento do xilema está relacionado à redução na taxa de transpiração
das plantas, sendo que a regulação desse desenvolvimento pode contribuir para a resistência à
seca (Lovisolo et aI., 2000). O fator médio de resposta da videira, ao déficit hídrico (Ky), é igual a
0,85, considerando-se todo o ciclo da cultura (Doorenbos & Kassam, 1979).
Temperatura
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Capo 31 - Uva em clima tropical I Conceição, M.A.F.; Mandelli, F.
em Jundiaí, SP, um valor igual a 1549 GD para o ciclo da cultivar Niágara Rosada (Vitis labrusca),
valor semelhante ao observado em Jales, noroeste de São Paulo, por Conceição & Maia (2001).
Murakami et aI. (2002) encontraram, para a cv. Itália (Vitis vinifera L.), na região norte do Rio
de Janeiro, valores entre 1564 GD e 1840 GD, conforme a época de poda, valor semelhante ao
encontrado na região noroeste de São Paulo (Terra et aI., 1993). No norte do Paraná, Roberto et
aI. (2004) registraram um valor de 1238 GD, para a cv. Isabel (Vits labrusca).
o fator que mais contribui para a fertilidade das gemas é a insolação. Quando a diferenciação
das gemas ocorre em um período de alta nebulosidade, há uma tendência de redução do número
de cachos por planta. Esta tendência varia com a cultivar. A radiação solar é fundamental para
a produção de açúcar, por meio da fotossíntese. O número de horas de brilho solar (insolação)
exigido pela videira varia, normalmente, entre 1200 e 1400 horas, condições plenamente atendidas
em regiões tropicais (Sentelhas, 1998).
A incidência de radiação solar diretamente nos cachos permite que as bagas se tornem mais
coloridas e espessas, muito embora o excesso de radiação solar, na fase de pré-amolecimento das
bagas, possa causar um distúrbio fisiológico conhecido como "golpe de sol" (Kishino & Caramori, 2007).
O dossel apresenta, muitas vezes, várias camadas de folhas, sendo que uma única folha
pode absorver de 90% a 95% da radiação incidente, fotossinteticamente ativa (RFA). O nível
de intensidade de luz que alcança a camada mais externa é superior, entretanto, ao ponto de
saturação, que varia de 150 a 200 W m-2 de RFA. Por outro lado, a intensidade que alcançará
a terceira camada estará, provavelmente, próxima ao ponto de compensação, que ocorre para
valores de 2,0 a 5,0 W m-2 de RFA (Kliewer, 1990). Já a taxa máxima de fotossíntese da videira
pode alcançar valores entre 0,80 mg CO2 m-2 s' a 0,90 mg CO2 m-2 s'. sendo que, na região do
Submédio São Francisco, foi registrada uma taxa de, aproximadamente, 0,65 mg CO2 m-2 s', em
plantas irrigadas (Assis & Lima Filho, 2000).
A radiação fotossinteticamente ativa transmitida através do dossel vegetativo, durante o ciclo
de desenvolvimento da cultura da videira, foi determinada por Teixeira & Lima Filho (1997) na
cultivar Itália (Vitis vinifera L.), em Petrolina (PE). Observou-se que, no início do ciclo, para um
índice de área foliar (IAF) igual a 0,15, a relação entre a radiação transmitida (Rt) e a incidente
(Ri), acima do dossel, foi de 87%. Quando o IAF atingiu 1,3, a relação atingiu um valor mínimo,
igual a 34%. Estabeleceu-se uma relação linear entre a IAF e a razão RtlRi, em que Rt/Ri = - 0,41.
IAF + 0,93.
2.4 Fotoperíodo
O fotoperíodo afeta a dormência das plantas, sendo a redução do número de horas de luz
diária um dos fatores que podem desencadear este processo (Vieira et aI., 1999). A redução
do fotoperíodo diário pode afetar, também, o desenvolvimento dos ramos após a brotação,
principalmente quando a poda é realizada no início do outono, como ocorre, muitas vezes, em
algumas regiões tropicais, a exemplo do noroeste paulista (Botelho et aI., 2002).
2.5 Vento
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Parte 111
- Cultivos Permanentes
ramos, aliados à alta umidade relativa do ar, pode favorecer a incidência de doenças fúngicas nos
brotos e cachos (Kishino & Caramori, 2007).
Muito embora ventos fortes prejudiquem as plantas de forma mais acentuada, ventos
moderados também podem afetar o crescimento e a produtividade da cultura (Dry et aI., 1989).
Os principais danos mecânicos provocadas pelos ventos incluem a quebra de brotos, o corte de
folhas, a ocorrência de lesões nos ramos e frutos e a queda de flores e bagas.
Além dos danos mecânicos, os ventos podem afetar a transpiração da cultura e o
florescimento, embora uma brisa ligeira possa ser favorável à disseminação do pólen. Ventos
fracos ajudam, também, a secar a folhagem das plantas, reduzindo o período de molhamento
foliar e, conseqüentemente, o risco de incidência de doenças fúngicas (Kishino & Caramori, 2007).
O uso de quebra-ventos, em regiões com alta incidência de ventos, pode ser benéfico à cultura.
Pedro Júnior et aI. (1998) observaram uma tendência de aumento da produção da cv. Niágara
Rosada (Vitis labrusca), de 15% a 29%, para reduções da velocidade do vento entre 28% e 49%,
respectivamente, com o uso de quebra-ventos. Na área sem quebra-ventos, a velocidade média
diária foi de 1,4m s', chegando a um valor máximo de 4,3m s', enquanto, na área protegida, a
velocidade média diária variou de 0,7 m s' a 1,0 m s', atingindo um máximo de 2,7m s'.
3.EVENTOS ADVERSOS
O granizo, pelo impacto das pedras, pode causar lesões nos órgãos da videira (ramos, folhas
e cachos) e, dependendo da gravidade dos danos, pode comprometer uma ou mais safras, por
esgotamento das reservas ou por infecção por fungos, que penetram pelos ferimentos (Kishino &
Caramori, 2007). O efeito depende da intensidade do granizo e do período vegetativo da planta.
Uma videira muito danificada pode, inclusive, não se recuperar mais (Kishino & Caramori, 2007).
Algumas regiões, como o norte do Paraná e o noroeste de São Paulo, empregam coberturas
com telas de polietileno, que têm como função, entre outras, a de proteger as plantas contra a
ocorrência de granizo.
Chuvas intensas também podem ser prejudiciais às plantas, especialmente no período de
floração e no começo do desenvolvimento dos cachos, pela possibilidade de queda de pólen, de
flores e de frutos. Este tipo de chuva, principalmente se acompanhada de ventos fortes, pode
danificar ramos e cachos, prejudicando o desenvolvimento e a produção da cultura. Em solos de
baixa permeabilidade, a ocorrência de precipitações elevadas, em curto intervalo de tempo, pode
provocar a saturação do solo, afetando as raízes e as plantas.
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Capo 31 - Uva em clima tropical! Conceição, MAF.; Mandelli, F.
A Classificação Climática Multicritérios Geovitícola (Tonietto & Carbonneau, 2004) tem como
parâmetro, dentre outros, o indice de seca (18), calculado a partir do balanço hidrico realizado
durante o ciclo da cultura. De acordo com tal índice, valores entre 50mm e -1 OOmm representam
condições de seca moderada, que são favoráveis à maturação das uvas, principalmente as
destinadas à elaboração de vinhos finos. Por outro lado, as áreas em que os valores de 18 são
inferiores a -1 OOmm apresentam seca forte, que pode reduzir a produção e a qualidade dos frutos.
Nesta condição, a irrigação pode ser recomendável e, se o 18 for inferior a -200mm, então a
irrigação se torna obrigatória (Tonietto & Carbonneau, 2004).
Os ventos mais intensos danificam os brotos e os tecidos vegetais. Velocidades de vento superiores
a 3 m S--1 já inibem as funções fisiológicas da videira, por meio do fechamento de estômatos e da
redução da transpiração (Pedro Júnior et aI., 1998). A ocorrência de ventos de maior intensidade é
mais prejudicial nas fases iniciais de desenvolvimento dos brotos e frutos, que podem ser derrubados,
afetando diretamente a produção. A perda de folhas rasgadas, parcial ou totalmente, prejudica a
fotossíntese e, conseqüentemente, o desempenho da cultura. Durante a frutificação, os ventos fortes
podem provocar lesões nos frutos, pelo atrito com os ramos, reduzindo a qualidade final das uvas.
Ventos intensos também podem danificar ou, até mesmo, derrubar a estrutura do vinhedo (Kishino
& Caramori, 2007). Em algumas regiões, as parreiras são cobertas com plásticos, para proteção contra
a chuva, ou com telas, para a proteção contra granizo e o ataque de pássaros e morcegos. Nessas
áreas, os ventos fortes podem rasgar ou arrancar, totalmente, a cobertura da parreira.
3.4 Geada
Durante o período de repouso, a videira pode resistir a temperaturas negativas, na faixa de -10 °C
a -20 °C ou mais, como no caso das uvas americanas. Mas durante o período vegetativo, as plantas
podem ser afetadas pela ocorrência de baixas temperaturas ou geadas. A chegada de massas de
ar frio pode atrasar a brotação ou o desenvolvimento inicial do broto, podendo, também, provocar a
transformação da inflorescência em gavinha (Kishino & Caramori, 2007).
As geadas podem causar sérios danos, sobretudo quando ocorrem durante o período de
desenvolvimento da videira, uma vez que, ramos novos, não amadurecidos, apresentam menor
resistência à sua ocorrência (Nogueira, 1984). Normalmente, as geadas tardias, do final do inverno ou
início da primavera, são as mais prejudiciais, pois "queimam" a vegetação, podendo comprometer, total
ou parcialmente, a produção de uvas de uma safra, afetando, inclusive, a safra seguinte.
Em regiões tropicais, a incidência de geadas é menos freqüente, sendo que, em locais de
menor latitude, simplesmente não ocorrem. Na região norte do Paraná, é comum a sua ocorrência,
principalmente em áreas mais suscetíveis, como baixadas, por exemplo. No noroeste paulista, a
ocorrência de geadas é rara, muito embora existam registros do fenômeno. Nessas regiões, embora
não destruam as plantas, a ocorrência de geadas obriga à realização de uma nova poda, alterando a
programação da colheita (8entelhas, 1998).
A videira é sensível ao encharcamento dos solos, provocado pelo excesso de chuvas e, ou,
pela elevação do nível do lençol freático. Tal encharcamento afeta o desenvolvimento das raízes e a
produção de uvas, sendo que, áreas onde ocorre por tempo prolongado, não são recomendas para a
implantação da cultura. Quando não se dispõe, entretanto, de áreas mais adequadas e onde os solos
são rasos e, ou, de baixa permeabilidade, devem-se utilizar sistemas de drenagem.
Para efeitos de zoneamento vitícola, considera-se que, regiões, cujo índice de seca (18), referente
à Classificação Climática Multicritérios Geovitícola, apresentam valores superiores a 150mm, têm uma
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Parte 111 - Cultivos Permanentes
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As regiões tropicais do Brasil não apresentam limitações climáticas para o cultivo da videira. A
principal restrição encontrada, para a expansão da viticultura, nessas regiões, tem sido a alta incidência
de doenças fúngicas devido, principalmente, à ocorrência simultânea de chuvas (ou orvalho) e altas
temperaturas, durante o ciclo da cultura. A necessidade de controle intensivo dessas doenças aumenta
os custos de produção e os riscos econômicos e ambientais. Assim, estratégias, como o uso de cobertura
plástica, e o desenvolvimento de cultivares mais resistentes, devem ser incrementadas, visando tornar
a atividade mais sustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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