Cultura Da Mamona

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INTRODUO A mamoneira (Ricinus communis L.), tambm conhecida como carrapateira, ricinio, palma christi e castor bean, pertence famlia Euphorbiaceae. De origem tropical, a planta proveniente da regio Leste da frica, provavelmente da Etipia, tendo ocorrncia natural desde a latitude 40 Norte at 40 Sul, sendo cultivada comercialmente em mais de 15 pases. Segundo Moskin (1986), existem quatro principais centros de variabilidade, nos quais as plantas apresentam caractersticas botnicas especficas e diferenciadas: o principal localiza-se no Oeste Asitico, em pases como Ir e Afeganisto, entre outros; os demais so a pennsula arbica; a ndia e a China. Segundo dados da FAO (2005), a ndia o maior produtor mundial de mamona (870.000 MT), seguida pela China (268.000 MT) e Brasil (176.743 MT). Com relao ao leo, os trs maiores produtores mundiais tambm so a ndia, a China e o Brasil, que participaram, em 2001, com 92% da produo mundial. Os trs maiores importadores mundiais so a Frana, os Estados Unidos e a China. O Brasil aparece como segundo maior exportador mundial, entretanto, com grande distncia da ndia que, em 2001, respondeu por 85% das exportaes mundiais. No Brasil, o Estado maior produtor a Bahia, com cerca de 149,5 mil hectares cultivados, e uma produo de 134,9 mil toneladas, cerca de 90% da produo nacional. O principal produto da mamona o leo extrado de suas sementes conhecido no Brasil como leo de rcino ou, internacionalmente, como castor oil. Este leo processado tem inmeras aplicaes, que incluem o uso medicinal e cosmtico, fabricao de plsticos e lubrificantes. O produto tambm utilizado na produo de fibra tica, vidro prova de balas e prteses sseas. Alm disso, indispensvel para impedir o congelamento de combustveis e lubrificantes de avies e foguetes espaciais a baixssimas temperaturas. O Programa Nacional de Uso e Produo do Biodiesel , atualmente, a principal fora propulsora ao aumento da rea de plantio da mamona. Na proposta do programa, a mamona insumo fundamental para cumprir a meta de adio de 2% de biodiesel ao leo diesel.

MORFOLOGIA DA MAMONA (Parte l) A mamona (Ricinus communis L.), tambm chamada carrapateira, que inclui um grande nmero de espcies nativas da regio tropical, espcie perene que pode viver mais de 12 anos e atingir at 10 metros de altura. uma planta de hbito arbustivo, podendo possuir cera no caule e pecolo. Floresce quase o ano todo. Os frutos, geralmente, possuem espinhos, podendo as sementes apresentar diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de colorao (MOREIRA et al, 1996; AZEVEDO et al, 1997a; AZEVEDO et al, 1997b;AMORIM NETO et al, 1999).
Caractersticas Gerais da Planta

Raiz O sistema radicular vigoroso, do tipo pivotante, profundo. H forte emisso de radicelas ao longo das razes, conferindo grande rea de absoro de gua e nutrientes do solo. Caule Quando a planta jovem, o caule brilhante, tenro e suculento. medida que a planta envelhece, torna-se lenhoso. Apresenta grande variao na colorao, podendo ser verde, arroxeado e vermelho, apresenta cera, rugosidade e ns bem definidos, com cicatrizes foliares proeminentes. Estatura e porte Estatura muito varivel podendo atingir 5 a 6 m em climas e solos propcios, quando se trata de uma forma alta, ou a custo excedendo 1 m de altura nas formas mais pequenas. Como a estatura, varia tambm na mamona o seu porte, que pode ser forte ou frgil, erecto ou pendente. O grande nmero das suas formas reage de maneira diferente s condies edafoclimticas a que esto sujeitas, mostrando-nos uma escala infindvel de aptides e de reaes s condies que se lhes deparam. Os ramos novos podem apresentar ainda glndulas nectarferas, nas proximidades da base do pecolo da folha, dispondo-se em fiadas, mais ou menos ligadas e mais ou menos numerosas. Crescimento da mamona A haste principal cresce verticalmente sem ramificao at o surgimento da primeira inflorescncia, que tem a denominao aps a fecundao das flores de cacho ou racemo. O n, que aparece no primeiro racemo uma importante caracterstica agronmica que est associado maturao da planta. O ramo lateral surge, cresce e se desenvolve da axila da ltima folha, logo abaixo de cada inflorescncia. semelhana da haste principal, todos os ramos de 2a, 3a e 4a ordens apresentam crescimento limitado, terminando sempre em uma inflorescncia, formando uma estrutura simpodial (BELTRO, 2003).

Cada ramo forma um racemo. Crescimento simpodial, ou seja, crescimento do caule por vrias gemas consecutivamente. (felix.ib.usp.br)

Folhas So simples, grandes, com largura do limbo variando de 10 a 40 cm, podendo chegar a 60 cm no comprimento maior, do tipo digitolobadas, denticuladas, de pecolos longos com 20 a 50 cm de comprimento. As principais variaes nas folhas da mamona so na cor, na cerosidade, no nmero de nervuras principais, no comprimento do pecolo e na profundidade dos lbulos. A mamona possu heterofilia,ou seja, folhas com formatos diferentes em uma mesma planta, quando em crescimento. Logo depois que saem as folhas cotiledonares, comea a crescer tambm as primeiras folhas definitivas de maneira perpendicular as cotiledonares. Com o passar do tempo, as folhas cotiledonares secam e caem, ficando apenas as folhas definitivas.

Flores A mamoneira uma planta monica, que apresenta inflorescncia do tipo panicular, denominada de rcemo , com flores femininas na parte superior e masculinas na inferior . Nas regies tropicais a mamoneira apresenta ciclo de 250 a 300 dias apresentando florao com apenas 50 a 60 dias da germinao. A organognese da mamoneira envolve 12 diferentes estdios do desenvolvimento, considerando desde a germinao completa maturidade de cada cacho, e a durao de cada estdio depende da cultivar e do ambiente (BELTRO, 2003). O incio da florao se d no racemo principal e, com 10 a 12 dias, comea a formao dos racemos de segunda ordem (SAVY FILHO, 1999; AZEVEDO & LIMA, 2001). A mamoneira apresenta inflorescncia do tipo panicular com flores dispostas em grupos sobre racemos terminais ou atravs de uma srie de rebentos simpodiais numa posio lateral desordenada; com 15 a 80 cm de comprimento, (AZEVEDO & LIMA, 2001; LORENZI, 2002). A caracterstica padro do desenvolvimento da parte area emitir ramos laterais, logo aps a emisso da inflorescncia primria, na qual termina o caule

principal. Todos os ramos terminam com inflorescncia. O desenvolvimento das ramificaes um importante fator de produo, pois cada ramo vai formar um rcemo de mamona. (Embrapa) As flores da mamona, apresentam maturao de suas flores em pocas diferentes, podendo abrir algumas feminas e masculinas em um determinado tempo e frutificar, enquanto outras ainda esto ficando maduras para a fecundao. Com isso, o repasse na colheita dos frutos constante. Os botes florais masculinos so de forma cnica aberta ou arredondada, com dimetro variando de 0,4 a 1cm, apresentam clice com cinco lbulos e estames ramificados, cerca de 20 a 40 ramificaes primrias, 40 a 80 secundrias e de 500 a 800 anteras. Cada flor chega a ter mais de 60 mil gros de plen. A flor masculina aps a abertura, o que geralmente acontece duas a trs horas antes do amanhecer, libera gros de plen viveis por um a dois dias e, depois, a camada de absciso formada e a flor cai (AZEVEDO & LIMA, 2001). De grande interesse para a classificao, para o que se atende forma, cor e a existncia ou no existncia de polvilho. Podem ser verdes, glaucos, purpreos ou arroxeados, globosos, subglobosos ou cnicos mais ou menos acuminados. (biodiesel.com.br) A flor feminina possui pednculo geralmente no articulado e clice com cinco spalas desiguais, ovrio spero tricarpelar com placentao axial, estilete curto e trifurcado, aps a fertilizao, com 7 a 10 dias, o estigma, que papiloso e avermelhado ou amarelado, seca e cai. O boto floral feminino tem a forma cnica, estreita, com 0,6 a 1,2 cm de comprimento e de 0,2 a 0,4 cm de dimetro (AZEVEDO & LIMA, 2001). Para a fecundao das flores femininas acontece uma exploso das flores masculinas quando vo abrir, proporcionando a autofecundao das flores. So as flores mais da base da inflorescencia que so fecundadas desta maneira. Devido ao tipo da inflorescncia, em especial da sua conformao e distribuio de flores a polinizao ocorrente do tipo anemfila, podendo a taxa de alogamia chegar a mais de 40%, variando com o seu porte, embora seja considerada autgama. O incio da florao se d no racemo principal e, com 10 a 12 dias, comea a formao dos racemos de segunda ordem (SAVY FILHO, 1999; AZEVEDO & LIMA, 2001).

Os gros de plen de mamoneira so pequenos, considerados ovais. Uma das condies ambientais essenciais para disperso do plen a temperatura com a faixa indicada como de melhor eficincia entre 26 a 29C e com umidade relativa do ar de aproximadamente 60%, podendo variar de acordo com a cultivar utilizada. O plen tambm contm substncias alergnicas proticas semelhantes s encontradas nas sementes desta planta, como ricina, robina, crotina, circina e abrina (AZEVEDO & LIMA, 2001).

Frutos O fruto uma cpsula tricoca, raramente 1, 2, 4 ou 5 cocas, abrindo-se em cocas bivalves, subglobosa, elipside ou oblonga, de cor verde, vermelho-vivo, purprea ou tons intermdios. (biodieselbr.com.br) Acleos compridos, rgidos ou flcidos, erectos ou no erectos, mais ou menos grossos, cnicos, com ou sem polvilho, de base longa ou estreita; dispostos densamente. (biodieselbr.com.br) Variedades de cores, podendo ser verdes, vermelhas ou de cores intermedirias. O cacho infrutescncia tem conformao cnica, cilndrica ou mais ou menos esfrica, variando no comprimento de 10 a 80 cm, dependendo do ambiente e cultivar. O fruto pode apresentar-se de cor verde, vermelha ou coloraes intermedirias. (Embrapa) Os frutos deiscentes, so aqueles que abrem ainda no campo, derrubando sua semente no cho. J os frutos indeiscentes, no abrem, havendo apenas uma rachadura.

SOLOS

No Brasil ela encontrada como planta silvestre desde o Rio Grande do Sul at a Amaznia.Devido a expanso do mercado da mamoneira, em funo de novos produtos derivados do leo, inclusive a produo de biodiesel, h grande demanda potencial, e muitas regies a esto plantando experimentalmente. A mamoneira desenvolve-se e produz bem em vrios tipos de solo, com exceo daqueles de textura muito argilosa, que apresentam deficincia de drenagem, solos profundos, com boa drenagem, de textura franca e bem balanceado quanto aos aspectos nutricionais, favorecem o seu desenvolvimento. Solos de textura arenosa e portanto, com baixa capacidade de armazenamento de gua, requerem maior profundidade que os solos de textura pesada. O sistema radicular da mamoneira tem capacidade de explorar as camadas mais profundas do solo, que normalmente no so atingidas por outras culturas anuais, como soja, milho e feijo, promovendo o aumento da aerao e da capacidade de reteno e distribuio da gua no solo. A mamoneira exigente em fertilidade, devendo ser cultivada em solos com fertilidade mdia a alta, porm, solos com fertilidade muito elevada favorecem o crescimento vegetativo excessivo, prolongando o ciclo e expandindo,

consideravelmente, o perodo de florao. Tanto solos cidos como alcalinos tem efeito negativo no crescimento e desenvolvimento das plantas. A cultura prefere solos com pH entre 5 e 6,5, produzindo em solos de pH at 8,0. Por ser uma espcie que, durante os estgios iniciais de desenvolvimento sejam lentos ocorrendo uma exposio do solo ao impacto das gotas de chuva, pode causar eroso, seu cultivo deve ser feito em reas onde a declividade seja inferior a 12%, obedecendo as tcnicas de conservao do solo (AMORIM NETO et al., 2001). Solos com alta salinidade tambm so pouco recomendados, pois a presena de alta concenrao de sais pode prejudicar o crescimento da planta. Os solos dos cerrados devem ser corrigidos devido ao efeito floculante do alumnio trocvel, que prejudica o desenvolvimento da cultura (AMORIM NETO et al., 2001).

O cultivo tradicional de mamoneira no Nordeste feito em sua maioria em consorciao, principalmente com milho e feijo. Todavia, o baixo uso de insumos leva a eroso qumica do solo. Nos cerrados, so usados cultivares e hbridos que permitem o plantio adensado, em sistema de rotao de culturas, principalmente com a soja precoce. Tambm se adota o plantio seguindo as curvas de nvel. Conservao e manejo do solo A conservao do solo aspecto essencial na explorao racional da mamoneira. Essa planta apresenta baixo ndice de rea foliar; a arquitetura com estruturas planofilares, os espaamentos amplos e tratos culturais utilizados predispem o solo, onde cultivada, aos agentes erosivos. Tambm significativa a eroso qumica do solo resultante da exportao de nutrientes em colheitas sucessivas, em sistemas de produo com baixo uso de insumos (MARIA, 2001). Vrios procedimentos podem ser adotados para minimizar o problema de eroso do solo cultivado com a mamoneira: cobertura vegetal, preparo adequado do solo, usando-se curvas de nvel, rotao de culturas, consorciao, calagem e adubao adequadas. Preparo do solo O preparo do solo fundamental para o xito de uma lavoura de mamona. Essa prtica tem dois principais objetivos: controlar plantas daninhas e aumentar a aerao do solo. Ambos os fatores so de grande importncia, pois a mamoneira muito sensvel concorrncia com as plantas daninhas e muito exigente em aerao do solo, pois suas razes s se desenvolvem adequadamente em solo com bom suprimento de oxignio. Por possuir sistema radicular pivotante, robusto, que pode atingir uma profundidade de 2 m, pode ter seu desenvolvimento radicular afetado pela compactao do solo, ou solos rasos e/ou sujeitos ao encharcamento. Uma das causas freqentes de crescimento deficiente do sistema radicular a compactao do solo, resultante de manejo inadequado e que se reflete no desenvolvimento da parte area e na baixa produtividade. Alguns fatores so crticos produo da cultura da mamona, dentre os quais, a compactao do solo, o pH baixo ou nveis elevados de alumnio, a aptido climtica do local de cultivo, solos com baixa fertilidade.

Em solos arenosos ou franco-arenosos com pouca erva daninha, fazer gradagens (grade destorroadora); em solos de textura mediana (barrentos) proceder a uma arao a 20-30cm. de profundidade, (arao escarificador ou arado de aiveca) e uma gradagem e em solos argilosos uma arao e duas gradagens. Exigente em nutrientes minerais a mamoneira planta esgotante do solo; resultados de trabalhos de pesquisa em adubao indicam que 40-100 Kg/ha de nitrognio (110-200 Kg de uria), 40-60 Kg de fsforo/hectare (220-330 Kg de superfosfato simples) e 15-60 Kg/ha de potssio (25 a 100 Kg de cloreto de potssio) podem satisfazer as necessidades da mamoneira. Todo superfosfato, todo cloreto e 1/3 de uria devem ser colocados na cova/sulco, no plantio; 2/3 da uria devem ser aplicados em cobertura, 40 dias aps a emergncia da planta, com leve incorporao. Escolha da rea O uso de rea inadequada para o cultivo da mamoneira pode constituir-se num srio fator de degradao dos solos de uma regio. Essa planta apresenta pequena habilidade de proteo ao solo. Ela cultivada em baixa densidade populacional, apresenta baixo ndice de rea foliar e sua explorao exige eficiente controle de plantas daninhas do plantio at 60 dias aps a emergncia. Esses aspectos permitem a exposio do solo aos agentes erosivos, como chuva, raios solares e ventos. Os principais fatores ambientais a serem considerados na escolha da rea so: altitude, relevo, solo e clima. A rea deve ter altitude superior a 300m acima do nvel do mar, com topografia plana a suavemente ondulada. O solo deve ser frtil, profundo, de boa drenagem e no erodido. A temperatura da regio deve ser superior a 20C e precipitao pluvial anual de 600 a 700mm. Zoneamento da Mamona no Nordeste

A indicao dos municpios recomendados para o plantio da mamoneira (Zoneamento Agrcola) foi feita com base em trs critrios: a) altitude entre 300 e 1.500m sobre o nvel do mar b) precipitao pluviomtrica de pelo menos 500mm c) temperatura mdia do ar entre 20 e 30C

A incluso de um municpio no Zoneamento Agrcola no garantia da obteno de boas produtividades e tambm no significa que os municpios no includos estejam proibidos de plantar mamona. O Zoneamento Agrcola apenas aponta os locais onde esta espcie tem potencial para expressar seu potencial produtivo. O Zoneamento Agrcola continuamente aperfeioado de forma a incluir as inovaes tecnolgicas, avanos cientficos, novas cultivares etc. Analisou-se a ocorrncia de chuvas em cada ms nos ltimos 30 anos para sugerir uma melhor poca de plantio para cada municpio zoneado.

Veja abaixo a lista dos municpios zoneados em cada estado: Alagoas Bahia Cear Maranho Paraba Pernambuco Piau Rio Grande do Norte Sergipe

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CORREO E ADUBAO Anlise Qumica: A base para o estabelecimento de recomendaes adequadas de correo do solo e adubao para a mamoneira a anlise qumica do solo. Esta, por sua vez, deve representar a condio real mdia da fertilidade do solo do local onde se pretende estabelecer o cultivo (Sociedade, 2004), o que depende da coleta de amostra de solo representativa. Amostragem do Solo: Para se obter amostras representativas da fertilidade do solo, a rea a ser cultivada deve ser subdividida em glebas homogneas, de acordo com a posio no relevo, o tipo de solo, a condio de drenagem, a vegetao atual e o histrico de uso, devendo-se coletar uma amostra de solo representativa de cada gleba uniforme identificada. Dentro de cada gleba uniforme, recomenda-se a retirada de uma amostra de solo composta, a qual constituda pela reunio de 15 a 20 amostras simples. A amostra composta deve conter cerca de 300 gramas de terra, que sero enviados ao laboratrio para anlise. Em lavouras onde a ltima adubao foi feita na linha de semeadura, recomenda-se realizar a coleta com p de corte abrangendo de uma entrelinha a outra. Esta pode, porm, ser substituda pela coleta com trado, em linha transversal s linhas de semeadura. Neste caso, a coleta deve ser feita da seguinte maneira: a) coletar um ponto na linha e um de cada lado desta, se a cultura anterior for um cereal de inverno; ou b) coletar um ponto na linha e trs pontos de cada lado desta, se a cultura anterior for soja; e c) coletar um ponto na linha e seis pontos de cada lado desta, se a cultura anterior for milho (Sociedade, 2004). Correo do Solo: Melhor desenvolvimento da mamoneira obtido quando do cultivo em solo com pH variando entre 5,0 e 6,5, sendo que tanto a acidez quanto a alcalinidade excessivas afetam o crescimento e a produo das plantas. A determinao da quantidade de calcrio a ser utilizada pode ser estabelecida com base no critrios do pH referncia ou no critrio da saturao da capacidade de troca de ctions (CTCpH 7,0) por bases. Critrio do pH referncia: O pH referncia o valor do pH do solo mais adequado ao desenvolvimento das plantas.

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Critrio da saturao da CTC por bases: A indicao da quantidade de corretivo da acidez por meio do mtodo da saturao da capacidade de troca de ctions (CTC) por bases vem sendo muito utilizada, principalmente no sistema de plantio direto. Para a mamoneira, indica-se elevar a saturao por bases a 60%. Aplicao do Corretivo: No sistema de cultivo convencional de manejo de solo, o calcrio deve ser incorporado, de preferncia, na camada de 0 a 20 cm de profundidade. Para quantidades de corretivo maiores que 5 t ha-1, recomenda-se aplicar a metade da dose e lavrar; em seguida, aplicar o restante do corretivo, lavrar novamente e gradear o solo. No sistema plantio direto, a aplicao do calcrio superficial e a quantidade de calcrio recomendada a metade da indicada pelo ndice SMP (1/2 SMP) para pH 5,5. O calcrio deve ser aplicado, preferencialmente, com trs a seis meses de antecedncia ao estabelecimento da cultura. A distribuio na lavoura deve ser o mais uniforme possvel.

O efeito residual da calagem igual ou superior a cinco anos; aps este perodo, deve-se realizar nova anlise de solo para estabelecer a necessidade de nova correo do solo (Sociedade, 2004). Adubao Nitrogenada: Indica-se, como adubao nitrogenada de semeadura, a aplicao de 15 a 20 kg ha 1 de N. cobertura, a dose prevista do nutriente de 30 a 70 kg ha-1, variando em funo do teor de matria orgnica do solo e da adequao dos fatores de produo. Doses maiores so indicadas para solos com teores de matria orgnica mais baixos e/ou na presena de fatores de produo favorveis (clima adequado, potencial elevado de produtividade da cultivar utilizada, maior nvel tecnolgico do produtor). Para cultivos estabelecidos em sistema plantio direto, indicam-se doses 20% maiores de nitrognio. A poca prevista para a cobertura nitrogenada entre 30 a 40 dias aps a emergncia. Adubao fosftica e potssica: Solos que apresentam teores de fsforo (P) e de potssio (K) muito baixo, baixo ou mdio necessitam de adubao de correo, a fim de elevar os teores desses nutrientes no solo at o nvel de suficincia (limite superior da faixa de interpretao mdio). Quando os resultados da anlise de solo indicam teores de P ou de K alto ou muito alto, a probabilidade de resposta das plantas adubao com os nutrientes pequena. Assim, para solos que apresentam teores alto de P ou de K, recomenda-se a realizao da adubao de manuteno, que

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considera as quantidades extradas pela colheita acrescidas das perdas do sistema. Por sua vez, quando a classe de interpretao do teor de P ou de K for muito alto, basta realizar a adubao de reposio, que restitui ao sistema exclusivamente as quantidades exportadas pelos gros. Adubao orgnica: O uso continuado de adubos orgnicos pode melhorar os atributos fsicos do solo (estrutura, porosidade, capacidade de reteno de gua, entre outros), bem como alguns atributos qumicos (CTC, teor de nutrientes e de matria orgnica). Porm, dificilmente as necessidades nutricionais de uma determinada cultura sero totalmente supridas pelo uso exclusivo de adubos orgnicos. Para melhorar o aproveitamento dos adubos orgnicos, recomenda-se ajustar a adubao pelo nutriente cuja quantidade ser suprida com a menor dose de adubo orgnico. Para os demais nutrientes, calcula-se a contribuio proporcionada pela quantidade de adubo orgnico que ser aplicada e complementa-se o restante, via fertilizao mineral.

Para aumentar a eficincia das adubaes orgnica e mineral, fundamental associ-las com boas prticas de manejo de solo como, por exemplo, o aumento da cobertura vegetal do solo, o uso de rotao de culturas e de terraceamento.

Nas Tabelas 6 e 7 so apresentadas as concentraes de nutrientes e de matria seca e os ndices de eficincia dos nutrientes no solo de alguns materiais orgnicos em cultivos sucessivos, respectivamente. Funes dos nutrientes na mamoneira: Nitrognio: Elemento de suma importncia, sendo participante da formao das protenas e dos cidos nuclicos. Em excesso pode promover crescimento vegetativo exagerado e assim reduzir a produtividade. Fsforo: um nutriente de vital importncia para a mamoneira , sendo parte integrante dos cidos nuclicos ( RNA e DNA ). Faz parte do ATP e de outros constituintes importantes para o metabolismo celular. Potssio: Elemento essencial que ativa mais de 40 sistemas enzimticos no metabolismo da mamoneira, sendo participante do mecanismo de abertura e fechamento dos estmatos.

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Magnsio: Elemento vital, ativador de vrios sistemas enzimticos e participante ativo da molcula da clorofila junto com o nitrognio. Clcio: Elemento participante da lamela mdia das clulas, ativador de vrios sistemas enzimticos, responsvel pela integridade das membranas celulares e de sua permeabilidade e da capacidade de seletividade e importante no desenvolvimento das razes.

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CLIMA
Na agricultura moderna, os incrementos nos rendimentos e a reduo dos custos e dos riscos de insucesso dependem, cada vez mais, do uso criterioso dos recursos financeiros, alm da proteo ambiental. Neste processo, para obter maior rentabilidade, o agricultor deve tomar decises de acordo com os fatores de produo disponveis e a probabilidade de risco que envolve a sua atividade. Dentre os principais fatores que influenciam a produo agrcola destacam-se as condies climticas, que so incontrolveis. O Brasil, dada sua vasta extenso territorial, de dimenses continentais, possui uma tipologia climtica variada. Alm de sua extenso, outros fatores influentes nos diversos climas brasileiros so as condies de temperatura, altitude, presso e proximidade com o oceano. Esta grande diferenciao climtica do pas resulta, por sua vez, em paisagens vegetais bastante variadas, o que faz do Brasil um dos pases detentores do ecossistema mais variado e complexo no mundo. Fatores climticos afetam diretamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas sob diferentes formas e nas diversas fases do ciclo da cultura. Assim sendo o conhecimento da variabilidade espacial de elementos climatolgicos como: precipitao, excedente, dficit e disponibilidade hdrica (er/ep), so indispensveis para o planejamento da escolha de pocas para o plantio e o manejo do solo com fins conservacionistas (SILVA et al., 2007). Assim, para que qualquer empreendimento agrcola seja revestido de sucesso, as respostas interativas entre clima-planta precisam ser adequadamente quantificadas e monitoradas. Para tanto, de suma importncia conhecer os elementos climticos, definidos como grandezas que quantificam o clima, ao longo dos anos, tais como a radiao solar, a temperatura do ar, a precipitao pluvial, o fotoperodo, a umidade relativa do ar dentre outras. Mamoneira

A mamoneira vegeta bem em climas tropicais e subtropicais e explorada comercialmente entre as latitudes 40o N e 40o S. No Brasil ela encontrada como planta silvestre desde o Rio Grande do Sul at a Amaznia. TEMPERATURA
A variao da temperatura deve ser de 20o a 35o C para que haja produes que assegurem valor comercial, estando a temperatura tima para a planta em torno de 28oC.

15 Uma vez iniciada a germinao, a temperatura precisa manter-se acima de 12 C. A planta no tolera geada. Temperatura de 2C durante 4 horas geralmente considerado o mnimo necessrio para ocasionar a morte da planta. As encostas de matas ou os quebra-ventos muito fechados favorecem, tambm, o aprisionamento de ar frio, impedindo-o de escoar para as zonas mais baixas . Temperaturas altas na fase de florao, maiores que 40C, podem provocar a senescncia das flores, prejudicando a produo de frutos. Nesta situao, tambm ocorre a reverso sexual das flores, aumentando a quantidade das masculinas e diminuindo a de femininas, reduzindo a quantidade de leo. Por outro lado, temperaturas mdias do ar inferiores a 10C podem inviabilizar o plen, impedindo, tambm, a produo de sementes.J temperatura abaixo de 20C, podem paralisar o crescimento da planta.

UMIDADE RELATIVA
A cultura requer baixa umidade relativa do ar de 50 a 60% durante a fase de crescimento para obter mxima produtividade; dias longos e ensolarados so os mais desejados e dias midos e nublados, a despeito da temperatura, reduzem a produtividade; a interao entre temperatura e intensidade luminosa pode tambm afetar o tamanho e o teor de leo da semente .

PRECIPITAO PLUVIAL
A maior exigncia de gua desta oleaginosa ocorre no inicio da fase vegetativa. Chuvas fortes podem provocar a queda dos frutos, proporcionando perdas. e uma estao pouco chuvosa ou seca para permitir condies favorveis de maturao e colheita. Na fase que vai desde a florao at a maturao dos frutos, muita umidade relativa e temperaturas mais amenas, podem favorecer o desenvolvimento de doenas, principalmente do mofo cinzento. A mamona considerada tolerante seca, provavelmente devido ao sistema radicular bem desenvolvido. No recomendada sua semeadura em solos rasos, onde o rendimento limitado.

VENTO

No caso de cultivares deiscentes o vento pode ser considerado dispersor, pode tambm levar fungos, contaminar plantas que no estavam doentes, por exemplo, o mofo cinzento e a podrido do tronco. A polinizao ocorre pela ajuda do vento, conhecida como anemofilia.

16 As encostas de matas ou os quebra-ventos muito fechados favorecem, tambm, o aprisionamento de ar frio, impedindo-o de escoar para as zonas mais baixas .Os quebra-ventos bem conduzidos, cujos ramos mais baixos so cortados, permitem o escoamento do ar frio, impedindo que a geada cause danos maiores diminuindo, inclusive, a ocorrncia da geada negra, causada por ventos fortes nos dias muito frios. Tambm considerado fator grandemente prejudicial a mamoneira, provocando intensa evapotranspirao, ativando a respirao da planta, evaporando a umidade do solo. As carrapateiras de porte alto so as mais prejudicadas, alm de ativar a transpirao por ventos fortes, podem quebrar ramos, principalmente com a produo pendente. Os danos efeitos dos ventos podem ser contidos ou reduzidos, escolhendo locais abrigados dos ventos fortes, ou cultivando quebra-ventos.

FOTOPERODO
A mamona considerada uma planta de dias longos, embora se adapte bem s regies com fotoperodos curtos, desde que no sejam inferiores a nove horas. Seu melhor desenvolvimento ocorre em reas com boa insolao, com pelo menos 12 horas de sol por dia. Dias longos favorecem a formao de flores femininas, enquanto os curtos favorecem as masculinas.

ORVALHO
O orvalho pura gua depositada sob forma de gota na superfcie das folhas. A quantidade e intensidade de orvalho que vai ser depositado nas folhas e, quando vai comear acontecer este processo, depender de fatores como temperatura da superfcie da folha e da porcentagem da umidade relativa do ar. Quando a temperatura das folhas das plantas, est mais baixa que a do ar, pode haver formao de orvalho. vapor d gua contido na atmosfera se condensa ao entrar em contato com essas superf cies mais frias.

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CULTIVARES DE MAMONA

Cultivares
As cultivares so obtidas no desenvolvimento do melhoramento gentico, normalmente atravs de seleo massal ou de hibridao artificial. O produtor pode produzir suas prprias sementes, desde que os padres de campo sejam preservados, sendo essa a principal diferena entre cultivares e hbridos. A principal caracterstica que determina o tipo de cultivo adequado para a adoo de diferentes tecnologias de produo a deiscncia dos frutos e o porte da planta.

Seleo massal
Na seleo massal a populao original avaliada e um nmero de plantas selecionada com base no fentipo. A semente de polinizao aberta das plantas selecionadas agrupada para dar origem prxima gerao (Figura 12.1). O ciclo de seleo pode ser repetido uma ou mais vezes para aumentar a freqncia de alelos favorveis. Um dos principais problemas da seleo massal que ela baseada somente no fentipo. Por isso, este tipo de seleo muito influenciado pelo ambiente. O principal uso desse mtodo na obteno de novas variedades em espcies vegetais que ainda no foram muito trabalhadas geneticamente ou para caracteres de alta herdabilidade. Como vimos para plantas autgamas, a seleo massal tambm pode ser usada na produo de sementes para a manuteno da pureza varietal em campos de sementes. Neste caso fazemos a seleo truncada ou roughing, retirando as plantas fora do padro. A seleo massal o mtodo mais antigo de melhoramento de plantas e vem sendo utilizada pelos agricultores a milhares de anos. Isto ocorria quando os agricultores escolhiam as melhores espigas/plantas para darem origem gerao seguinte.

Hibridao Artificial
Se d pelo melhoramento gentico em laboratrios, misturando caractersticas desejadas levando em considerao a finalidade da lavoura.

Cultivares de frutos deiscentes


O fruto da mamona uma cpsula normalmente com espinhos. A deiscncia a abertura da cpsula seca na sutura com a liberao de trs sementes. A colheita dos frutos de cultivares deiscentes deve ser feito antes da ocorrncia desse fenmeno, com a complementao da secagem do fruto sob controle. No melhoramento gentico de cultivares deiscentes busca-se as semi-deiscentes, ou seja, sementes que permanecem por um perodo maior na planta, sem se desprender do fruto, o que permite a coleta dos racemos com maior porcentagem de frutos secos, conseqentemente reduzindo o tempo de secagem natural no terreno.

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So mais indicadas para pequenos e mdios produtores, visto que todas as operaes, manuais ou mecanizadas, podem ser feitas durante o desenvolvimento da cultura. Esta exige colheita parcelada dos racemos ou cachos, medida que vo secando, na mdia de 4 repasses de colheita, variando conforme o ciclo da cultivar. A secagem natural, no terreno, sendo as sementes liberadas dos frutos aps um perodo de 3 a 5 dias. As cultivares que possuem as caractersticas acima mencionadas so: IAC-80, BRS-49 Nordestina e BRS-188 Paraguau Mirante. Cultivares de frutos indeiscentes Os frutos indeiscentes no abrem depois de secos nem na planta e nem no terreno, mantm a semente em seu interior, e a colheita nica e no ocorrem perdas por deiscncia. Essas cultivares necessitam ser descascadas mecanicamente, com mquina especfica para mamona, sendo essa, basicamente a principal diferena entre as cultivares. As cultivares que apresentam indeiscncia so: Cultivar Guarani, Cultivar IAC-226, AGuarany 2002. Cultivares Semi-Deiscentes Cultivares semi-deiscentes permanecem por mais tempo fechados mesmo aps alcanarem a maturao, facilitando a colheita por precisar colher menos vezes por terem mais uniformidade de maturao. Hbridos Para sntese de hbridos so eleitas linhagens com as caractersticas desejveis que vo compor o novo germoplasma. Os hbridos distribudos comercialmente no Brasil apresentam as seguintes caractersticas: precocidade, porte baixo e frutos indeiscentes, alta porcentagem de plantas femininas e altura de 1,50 m (quando se tem o controle da gua). Porm quando cultivados em condies com regime de chuva normal (em torno de 1.000 mm) regular, o porte das plantas chega a atingir 2,0 m ou mais, a doena do mofo cinzento nessas condies ocorre com alta expresso. Os hbridos comerciais ris, Lara, Lyra, Mara, Sara e Savana apresentam alta porcentagem de flores femininas, precocidade, fruto indeiscente e porte baixo, possibilitando a colheita mecnica. Entre estes, o hbrido Sara destaca-se pela menor incidncia de mofo-cinzento. Al guarany 2002 Cultivar desenvolvida pela Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral do Estado de So Paulo (CATI). Tem porte mdio, variando entre 1,6 e 2,4m, ciclo de 180 dias, caule roxo com cera e ramos formando ngulo bem fechado, frutos indeiscentes, sementes de tamanho mdio, cor marrom escura contendo estrias cinza-claras, pesando aproximadamente 0,46g e contendo 48% de leo na semente. Produtividade variando de 1.000 a 2.500 kg/ha. susceptvel a fusariose e bacteriose e medianamente susceptvel a

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mofo cinzento. Deve ser plantada em espaamentos variando de 1,5 a 2m. Essa cultivar foi desenvolvida para as condies climticas do Estado de So Paulo e pode ser plantada em diferentes regies do pas com caractersticas climticas similares. Tem bom potencial produtivo e exige um nvel tecnolgico mediano, com descascamento exclusivamente por mquinas. A colheita pode ser manual ou mecnica, sendo feita de uma nica vez, pois os frutos so indeiscentes.

IAC 80
Cultivar desenvolvida pelo Instituto Agronmico de Campinas (IAC), lanada em 1982 e ainda muito plantada. Tem porte entre mdio e alto, atingindo at 3m de altura, ciclo de 240 dias, caule verde e sem cera, cachos cnicos e longos projetando-se acima das folhas, frutos deiscentes, semente de tamanho mdio, pesando 0,43g, cor marrom escura com estria cinza-claras, contendo 47% de leo. Tem potencial produtivo de at 4.000 kg/ha. susceptvel ao mofo cinzento e fusariose e moderadamente susceptvel bacteriose. Deve ser plantada em espaamento de 3 x 1m. Essa cultivar foi desenvolvida para as condies climticas do Estado de So Paulo, mas muito planta em diversas regies do pas. Embora tenha um potencial produtivo muito alto, a deiscncia dos frutos exige que se faa colheita parcelada em at 5 vezes, o que encarece a produo e inviabiliza a colheita mecnica.

IAC 226

A IAC 226 foi lanada em 1991 pelo Instituto Agronmico/Seo de Oleaginosas, Campinas, SP. Obtida pelo cruzamento da linhagem denominada Pindorama (seleo derivada de IAC 38), com Campinas, reunindo plantas de porte mdio-alto, com ramificao baixa, em formato de taa, com diversos racemos com tamanho mdio (pode ter at 18 racemos efetivos), o que se traduz em alta produtividade mdia. Apresenta ciclo de 180 dias (at a colheita dos cachos quaternrios), porte mdio, fruto indeiscente, hastes rosadas com cera e ramificadas.

BRS 149 Nordestina Cultivar desenvolvida pela Embrapa / EBDA. uma cultivar de porte mdio, com altura mdia de 1,9m, caule de colorao verde e coberto de cera, racemo cnico, frutos semi-deiscentes e semente grande, de cor preta, pesando aproximadamente 0,68g e contendo 49% de leo. A florao inicia-se aproximadamente aos 50 dias aps a emergncia. Deve ser plantada em espaamento entre linhas variando de 3m (consorciado) a 2,5 (solteiro) e 1m entre plantas. Essa cultivar foi desenvolvida para plantio em regio semi-rida e para uso na agricultura familiar, com plantio e colheita manual (parcelada), ciclo longo (at 250 dias se houver disponibilidade de gua) e boa tolerncia seca. Tem susceptibilidade

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moderada ao mofo cinzento. Em condies normais, com fertilidade do solo mediana, altitude superior a 300m, tratos culturais adequados e pelo menos 500mm de chuva pode produzir 1.500 kg/ha de sementes a cada ano.

BRS Paraguau Cultivar desenvolvida pela Embrapa / EBDA. Tem porte mdio, com altura mdia de 1,6m, caule de colorao roxa e coberto de cera, racemo oval, frutos semideiscentes e semente grande, de cor preta, pesando aproximadamente 0,71g e contendo 48% de leo. A florao inicia-se aproximadamente aos 50 dias aps a emergncia. Deve ser plantada em espaamento entre linhas variando de 3m (consorciado) a 2,5 (solteiro) e 1m entre plantas. Essa cultivar foi desenvolvida para plantio em regio semirida e para uso na agricultura familiar, com plantio e colheita manual (parcelada), ciclo longo (at 250 dias se houver disponibilidade de gua) e boa tolerncia seca. Tem susceptibilidade moderada ao mofo cinzento. Em condies normais, com fertilidade do solo mediana, altitude superior a 300m, tratos culturais adequados e pelo menos 500mm de chuva pode produzir 1.500 kg/ha de sementes a cada ano.

Mirante 10 um variedade de mamona, lanada por Sementes Armani. Apresenta frutos indeiscentes, porte mdio e ciclo mdio, haste vermelha, sem cera. Apresenta bom potencial de rendimento.

BRS Energia Desenvolvida em rede pela Embrapa, EBDA e Emparn e lanada em 2007. Tem porte baixo, em torno de 1,40m, ciclo entre 120 e 150 dias, caule verde com cera, cachos cnicos com tamanho mdio de 60cm, frutos verdes com cera e indeiscentes. As sementes pesam entre 0,40g e 0,53g com as cores marrom e bege, contendo 48% de leo. A produtividade mdia foi de 1.500 kg/ha e deve ser plantada em espaamentos de 1x1m.

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ESTABELECIMENTO DA CULTURA Semente Lisa, ovide, com carncula, a face dorsal geralmente convexa, a face ventral achatada, constituda por duas superfcies planas concorrentes na linha mdia longitudinal, que representa a ligao com o rafe. O tegumento coriceo, espesso, duro, diversamente colorido. O albmen abundante e oleoso; os cotildones grandes, largos, chatos e a radcula pequena. Ricina A ricina uma protena encontrada exclusivamente no endosperma das sementes de mamona, no sendo detectada em nenhuma outra parte da planta. Ela a principal responsvel pela toxidez da torta de mamona e est entre as protenas de maior toxidez conhecida pelo homem. Na rea mdica a ricina tem se destacado entre um grupo de protenas txicas que vm sendo usadas com o objetivo de matar clulas indesejadas (clulas cancergenas). Para chegar ao alvo, a toxina ligada a um anticorpo que reconhece especificamente a clula que se deseja eliminar, possibilitando que a ricina penetre a clula e provoque a toxidez. Extremamente txica: apenas uma semente contm veneno suficiente para intoxicar uma criana e basta um miligrama para matar uma pessoa adulta, necessrio injet-la, aspir-la ou ingeri-la. Os primeiros sintomas de envenenamento por ricina podem demorar horas para se manifestar e, dependendo da forma como foi inoculada, podem incluir dor de estmago, perda de apetite, diarria e vmitos, evoluindo para diarria e vmito com sangue, ou tosse e febre no caso de ter sido inalada; no existe um exame clnico que detetcte a substncia no organismo. Viabilidade da semente O uso de sementes de boa qualidade e de uma cultivar adaptada regio uma das tecnologias mais simples, baratas e possibilitando a obteno de produtividades mais altas. A semente deve ser adquirida de um produtor idneo e detentor de Registro no Ministrio da Agricultura.

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A produo de uma semente de qualidade deve ser feita com diversos cuidados para impedir a mistura gentica com outras variedades, principalmente com as mamonas asselvajadas, e garantir a germinao e vigor das plantas. Por essa razo, no se recomenda que a semente colhida na propriedade seja utilizada para plantio, pois se o produtor no tiver o cuidado necessrio nesse processo, a semente ir se contaminar geneticamente, provocando perda de produtividade ou surgimento de problemas como deiscncia dos frutos e aumento da susceptibilidade a doenas. A semente de mamona pode ter diversas cores, tamanhos e aparncia, no entanto no possvel identificar qual a cultivar apenas olhando a semente, mas apenas observando-se a planta de onde a semente foi colhida. Profundidade de Semeadura A profundidade de semeadura dever fixar-se em funo da capacidade de armazenamento de gua do solo, de forma que, quanto maior a capacidade de reteno de gua do solo, menor a profundidade de plantio. Solos de textura arenosa e, portanto, com baixa capacidade de armazenamento de gua, requerem maior profundidade que os solos de textura pesada. Para os primeiros, recomenda-se o plantio a uma profundidade de 8 a 10cm e, para os outros, uma profundidade de 6 a 8cm. Com relao incidncia de chuva; para anos ou regies com freqncia normal de chuva, a profundidade de semeadura deve ser de 6 a 8cm, e, para anos ou regies com baixa probabilidade de chuvas, 8 a 10cm. O produtor dever estar atento ao fato de que o plantio muito profundo pode produzir plantas menos vigorosas e com hipoctilo muito longo, podendo tambm haver possibilidade de no emergncia, devido incidncia de fungos e bactrias. A germinao, geralmente, ocorre entre 8 a 10 dias, em T0: 20 a 30 poca de Semeadura A poca de semeadura est relacionada incidncia de pragas, doenas, plantas daninhas e utilizao do substrato ecolgico, em especial os fatores hdricos, trmicos e luminosos que podem interferir na emergncia e na produtividade da lavoura.

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A poca de plantio deve ser determinada de forma a aproveitar ao mximo o perodo chuvoso, mas sendo a colheita feita em poca seca. Para isso, deve-se observar o ciclo da cultivar a ser plantada e o incio e fim do perodo chuvoso. O perodo mais adequado est entre outubro e novembro, principalmente para as cultivares mais tardias. Para as de precocidade mdia, o plantio pode prolongar-se at meados de dezembro. Regies secas: nicio da estao chuvosa, acima de 30 mm. Mtodos de Semeadura Manual ou Mecnica depende dos implementos e das condies econmicas do produto. Semeadura Manual No plantio manual, devem ser abertas covas com profundidade de 5 a 10cm e plantadas 2 ou 3 sementes. A adubao com fertilizantes qumicos pode ser feita na mesma cova, tendo-se o cuidado de deixar a semente a pelo menos 5cm de distncia do adubo para evitar morte da semente. Usando adubo orgnico esse isolamento no necessrio. Pode ser realizada com matraca ou manual propriamente dita. 5 a 15kg/ha. Semeadora de Trao Animal Aumentam o rendimento e a eficincia da semeadura. Semeadura Mecanizada O plantio mecnico recomendado para cultivares de sementes pequenas ou mdias, cujos espaamentos entre plantas na fileira seja pequeno (0,50 a 1,0m). Para plantio mecnico, deve-se observar se o tamanho das sementes compatvel com as engrenagens internas que podem lhe causar danos. A adubao pode ser feita concomitantemente ao semeio.

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Como Plantar? O plantio da mamoneira dever ser efetuado em curva de nvel ou, pelo menos, no sentido perpendicular ao escoamento das guas. A mamoneira uma planta helifila, ou seja, deve ser plantada exposta diretamente ao sol e no tolera sombreamento. Tem grande tolerncia ao estresse hdrico, mas exigente em fertilidade do solo. Embora tolere a seca, com boa disponibilidade de gua sua produtividade muito maior. Tambm pode ser plantada sob irrigao. Para cada condio climtica e nvel tecnolgico, deve-se procurar escolher uma cultivar apropriada, pois h grande variao nas caractersticas das variedades plantadas no Brasil. Densidade de Plantas A populao de plantas importante fator de produtividade dependente da configurao dos espaamentos e da altura da cultivar, para conferir uma concorrncia entre as plantas compatvel com o desenvolvimento vegetativo. As cultivares de porte alto, indicadas para pequenas reas de plantio, so plantadas em espaamentos de 3 m entrelinhas e 1 m entre plantas. J para as cultivares indeiscentes de porte mdio, os espaamentos indicados so de 1 x 1 m e 1,5 x 1,5 m. Em relao semeadura, o ideal realizar o plantio de duas sementes/cova.

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LEO
Dos produtos da mamona, destaca-se o leo. O teor de leo das sementes de mamona pode variar de 45% e 50%. Ao contrrio de outros leos vegetais, permite larga faixa de condies de temperatura, no perde viscosidade em altas temperaturas e se solidificam em baixas temperaturas, possuindo tambm estabilidade a oxidao. Baixo ponto de solidificao, em torno de 30C negativos, outras qualidades do leo de mamona, tais como resistncia ao escoamento e viscosidade elevada. O leo bruto de colorao palha-claro que, ao ser refinado, fica quase incolor, com odor caracterstico. solvel em solventes, como etanol, metanol, ter e clorofrmio. Existem vrios mtodos de extrao de leos vegetais, que misturam processos mecnicos e qumicos, o mtodo mais antigo e menos eficiente, o de prensagem mecnica (ou presso descont nua); o de presso cont nua ou o expeller; o de extrao por solventes; o associado expeller-solvente, que possibilita a obteno de tortas de melhor qualidade protica, devido ao menor tempo de exposio temperatura elevada e a apresentar teor de leo menor ou igual a 1%. ultilizado na fabricao de tintas, protetores e isolantes, depois de desidratado. Tambm utilizado em lubrificantes. Para manter uma lubricidade adequada s necessidades de uma bomba injetora num motor Diesel de concepo mais rstica. Circuitos hidrulicos de baixa presso, pneumticos, vcuo, lubrificao centralizada, conduo de combustvel, circuito de frio de ar (Rodoar), gases e lquidos. Corantes sintticos orgnico, produtos de higiene e limpeza. O leo de mamona usado em cosmticos, sabonetes, quando no uso de shampoo a base de leo de mamona, previne a queda de cabelo, deixando o macio e com brilho. usado como anti-inflamatrio e antioxidante devido os seus muitos benefcios teraputicos e medicinais. Alm de seu baixo ponto de solidificao, em torno de 30oC negativos, outras qualidades do leo de mamona, tais como resistncia ao escoamento e viscosidade elevada, o recomendam tambm como lubrificante de turbinas de aeronaves ou de veculos automotores que operam em regies geladas. Utilizao como fludo para freios hidrulicos de veculos, no atacando a borracha, metais ou plsticos.

BIODIESEL
Biodiesel um derivado de leo da mamona ou outro leo qualquer, com propriedades similares ao diesel (do petrleo). Comparado ao leo diesel derivado de petrleo, o biodiesel pode reduzir em 78% as emisses de gs carbnico, considerando-se a reabsoro pelas plantas.

26 Alm disso, reduz em 90% as emisses de fumaa e praticamente elimina as emisses de xido de enxofre. importante frisar que o biodiesel pode ser usado em qualquer motor de ciclo diesel, com pouca ou nenhuma necessidade de adaptao. (HOLANDA, 2004) Tecnicamente, o biodiesel definido como um ster alqulico de cidos graxos, obtidos da reao de transesterificao de qualquer triglicerdeo (leos e gorduras vegetais ou animais) com lcool de cadeia curta (metanol ou etanol). A transesterificao consiste na reao qumica de um leo vegetal com um lcool, que pode ser etanol ou metanol, na presena de um catalisador cido (HCl cido clordrico) ou bsico (NaOH - hidrxido de sdio). Como resultado, obtm-se o ster metlico ou etlico (biodiesel), conforme o lcool utilizado, e a glicerina.

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TRATOS CULTURAIS

Capinas As capinas na mamoneira so necessrias apenas at os 60 dias aps a emergncia da plantas. A mamoneira, sensvel a alelopatia, no tolera a competio com ervas daninhas. Veja mais em Plantas daninhas. Quando feito o controle do mato, manual ou mecanicamente, h efeito positivo na produo do primeiro cacho e a produtividade.

Rotao de cultura Tm sido atribudos rotao de cultura, efeitos benficos com relao umidade, fertilidade, estrutura e microrganismos do solo, diversificao de incidncia de ervas daninhas, reduo de pragas, doenas e compostos fitotxicos derivados dos resduos desbasteculturais do monocultivo. Desbaste O desbaste ou raleio consiste na retirada das plantas em excesso em cada cova. Deve ser feito entre 10 e 20 dias aps a emergncia. Deve-se ter cuidado para no danificar o sistema radicular da planta que permanecer em campo, o qual superficial e frgil. O ideal cortar a planta a ser eliminada abaixo das folhas cotiledonares, Caso se opte pelo arranquio, deve-se evitar puxar as plantas para cima, procurando-se puxar para o lado. Nunca se deve deixar mais de uma planta na mesma cova, pois as duas competiriam por espao, gua e nutrientes, resultando em produo menor que a de uma planta sozinha. No caso de plantio mecanizado no se faz desbaste, devendo-se obter a populao de plantas desejada apenas pelo ajuste da quantidade de sementes por metro linear, considerando-se o percentual de germinao da semente.

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Poda A poda uma prtica muito utilizada no Brasil que tem o objetivo de evitar o plantio da lavoura todo ano. Deve ser feita ao final da colheita. Recomenda-se que a lavoura seja podada no mximo uma vez para evitar aumento da ocorrncia de pragas e doenas. No se recomenda a realizao da poda em locais favorveis ocorrncia da prodrido-dos-ramos (solos pouco frteis, temperaturas altas e clima muito seco), pois grande parte das plantas pode morrer dessa doena durante o perodo seco, ocasionando baixo estande e produtividade insatisfatria. Cultivares de porte baixo ou ans e hbridos no so apropriadas para cultivo com poda. Em pequenas reas de cultivo, onde predomina o uso de mo-de-obra familiar e onde a mamoneira de portes mdio e alto consorciada com culturas alimentares como o caupi, o feijo, o milho etc, e na ausncia de doenas como podrido de Macrophomina e podrido de Botryodiplodia, recomenda-se o uso da poda seca. Este tipo de poda deve ser efetuado a uma altura de 30-50cm, imediatamente aps a ltima colheita, no final do primeiro ciclo. As estruturas envelhecidas e secas devem ser tambm eliminadas. Todo o resto cultural dever ser queimado com o propsito de evitar propagao de pragas e doenas. Este tipo de poda propicia a reduo do porte da planta, o que favorecer o consrcio com culturas de ciclos curtos. Outra vantagem advinda desta modalidade de poda que a planta, no segundo ciclo, dispe de um vigoroso sistema radicular e parte do caule formados. A planta, no segundo ciclo, no investir na formao inicial destes componentes vegetativos, particularmente nas regies semi-ridas, onde gua um fator limitante e, nestas circunstncia, a planta podada utilizar toda a gua de chuva cada, sem desperdcio, com espera para o preparo de solo e plantio. Um outro aspecto positivo neste tipo de prtica a reduo dos custos de produo, haja vista que despesas com preparo de solo, plantio, semente e capinas so evitadas. Para o mamonal cultivado nas condies de agricultura familiar, a poda verde ou capao pode ser recomendada, j que gastos com mo-de-obra no inviabilizam a explorao da referida cultura. Na explorao intensiva da mamoneira de porte ano, tanto irrigada ou em regime de sequeiro, a prtica da poda dever ser evitada. Em grandes reas, a operao da poda oneraria os custos de produo sem trazer benefcios que a justificassem.

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Sistemas de cultivo

A mamoneira explorada no Brasil em dois sistemas distintos de cultivo: isolado e consorciado. O primeiro mais utilizado por grandes produtores, os quais utilizam materiais de porte ano e com frutos indeiscentes, enquanto o consrcio tpico do semi-rido nordestino onde predomina o uso de cultivares de portes mdio e alto.

Sistema consorciado

Sistema definido como sendo o cultivo de duas ou mais culturas em fileiras distintas, numa mesma gleba de terra (WILLEY, 1979). O consrcio de plantas uma prtica agrcola consagrada em toda a regio tropical. O pequeno produtor utiliza o cultivo simultneo de diferentes culturas na mesma rea como estratgia espontnea para fugir da irregularidade climtica muito freqente nas regies semi-ridas.

Alguns cuidados so importantes ao fazer o cultivo consorciado

O plantio da cultura consorciada deve ser feito pelo menos 15 dias depois da mamona, pois a germinao e o crescimento inicial da mamoneira so muito lentos e se forem plantadas junto ela pode ficar muito prejudicada. Deve-se deixar pelo menos 1m de distncia entre a linha da mamona e da cultura consorciada para evitar sombreamento e concorrncia excessiva. Deve-se evitar o consrcio com culturas que crescem mais que a mamona, como o milho ou gergilim, pois o sombreamento dessas plantas pode prejudicar muito a produo da mamona. Deve-se dar preferncia a culturas rasteiras ou de porte baixo como feijo e amendoim. O feijo deve ter porte ereto, evitando-se aqueles com caractersticas de trepadeira o qual poderia subir pelo tronco da mamoneira e prejudicar sua produo. A cultura consorciada deve ter o ciclo mais curto possvel para diminuir a competio com a mamona.

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PRAGAS
PRAGAS DAS PLNTULAS E RAZES Ordem Lepidoptera Rene borboletas e mariposas. Asas membranosas cobertas por escamas que se destacam facilmente; aparelho bucal sugador maxilar, que fica enrolado em repouso(espirotrombra). Lagarta-elasmo Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) (Lepidoptera, Pyralidae). Adulto de 20 mm de envergadura, com as asas anteriores escuras nas fmeas, e claras na parte central, circundada por margens escuras nos machos. As fmeas depositam em mdia de 100 a 120 ovos durante o perodo de vida. O ovo inicialmente claro, passando a uma colorao avermelhada prximo ecloso da lagarta. A lagarta nasce aps um perodo de incubao de trs dias aps a oviposio e, inicialmente, alimenta-se das folhas, descendo em seguida para o solo, penetrando no colmo da planta logo abaixo do nvel do solo, alimentando-se no seu interior. A lagarta esverdeada com anis e listras de colorao vermelho-escura e mede 16 mm. Geralmente fica associada planta hospedeira, construindo um casulo, na parte externa, com restos vegetais, terra e teia, dentro do qual se abriga. Findo o perodo de larva (18 dias), a lagarta transforma-se em crislida, no solo, prximo da haste da planta e, aps oito dias, emerge o adulto. Os maiores prejuzos so causados nos primeiros 20 dias aps a germinao. Quando o ataque ocorre em plantas recm-emergidas, s vezes no se tem tempo de perceber o ataque da praga, devido ao secamento de toda a planta e sua remoo por ao do vento. No entanto, em plantas mais desenvolvidas, comum ser verificado o sintoma de dano conhecido como corao morto, ou seja, folhas centrais mortas, facilmente destacveis e folhas externas ainda verdes.

31 Lagarta rosca Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1766) (Lepidoptera: Noctuidae) As lagartas possuem colorao varivel entre o cinza ao marrom-escuro podendo

alcanar de 45-50 mm no seu mximo desenvolvimento. Apresentam a sutura epicranial na forma de Y invertido e possuem tubrculos pretos em cada segmento do seu corpo.Quando tocadas enrolam-se tomando o aspecto de uma rosca. O inseto adulto uma mariposa de colorao pardo-escura a marrom, com algumas manchas escuras nas asas anteriores, sendo as asas posteriores semi-transparentes. Deslocam-se em vos rpidos e curtos e, quando esto em repouso no solo, so confundidos com restos culturais. Alcanam entre 40 a 50 mm de envergadura. As fmeas realizam postura a noite, colocando de 600 a 1.000 ovos de coloracao branca e formato globular no solo ou sobre a folhagem das plntulas. Tm aproximadamente 0,5 mm de dimetro sendo mais largos que compridos. Apresentam uma srie de estrias longitudinais.O perodo de incubao dos ovos de cerca de cinco das. A fase larval dura em torno de 28 dias, durante o dia vive, geralmente, enterrada perto das plantas que ataca e noite corta o caule da planta na regio prxima ao solo. Ao final desta fase as lagartas se transformam em pupas.O perodo pupal dura em torno de 15 dias .A lagarta geralmente fica associada planta hospedeira, construindo um casulo, na parte externa, com restos vegetais, terra e teia, dentro do qual se abriga.

32 PRAGAS DAS FOLHAS Ordem Hemiptera As peas bucais sugadoras picadoras formam um rostro articulado, mandbulas e maxilas tm a forma de estiletes e repousam dentro de um sulco dorsal do lbio; asas membranosas; pronoto grande. Cigarrinhas Agallia sp. e Empoasca sp. (Hemiptera: Cicadellidae) So insetos pequenos (3-4 mm), bastante geis, e cujas ninfas tm o hbito de se locomover lateralmente. As espcies do gnero Agallia possuem colorao variando do pleo ao acinzentado, podendo possuir manchas escuras nas asas. Existem registros de ocorrncia de espcies desse gnero em plantas ornamentais, alface, batata-inglesa, beterraba, chicria, espinafre, feijoeiro, fumo, girassol, linho, pimento, tomateiro, trigo e algodoeiro, alm de serem capazes de atacar a mamoneira (COELHO et al., 2001). As espcies do gnero Empoasca possuem colorao esverdeada tanto na fase adulta quanto na fase ninfal. As fmeas realizam postura endoftica, colocando de 30-168 ovos/fmea. Os ovos eclodem em oito a nove dias e os cinco estdios ninfais so completados em 8-11 dias. Os adultos vivem em mdia 60 dias Ninfas e adultos alimentam-se do floema da planta, sugando a seiva, podendo injetar toxinas que fazem com que as folhas fiquem deformadas. Quando o ataque intenso, as folhas podem apresentar manchas inicialmente clorticas que, com a evoluo, podem se tornar necrosadas, secarem e se tornarem quebradias. Em alguns casos pode ocorrer a curvatura dos bordos foliares para baixo .Apesar de no existirem relatos de doenas virticas associadas mamoneira, estes insetos so capazes de transmitir viroses para um grande nmero de culturas que atacam .

33 Lagarta das folhas Thalesa citrina (Sepp, 1848) (Lepidoptera: Arctiidae) s adultos, tambm conhecidos por borboleta amarela da mamoneira, so mariposas pequenas, medindo cerca de 30 mm de envergadura, de cor amarela, com as asas posteriores brancas. As lagartas so pequenas, de colorao amarelada e apresentam grande quantidade de plos . Atacam o limbo foliar, desfolhando a planta. Ataques severos provocam a destruio completa das folhas chegando, s vezes, a ocasionar a desfolha total da planta. Estes insetos tambm so encontrados em lavouras de milho alimentando-se do pice da espiga e perfurandoa pela base (MATRANGOLO et al., 1997). Tambm existem relatos de ocorrncia em cafezais, onde podem se alimentar das folhas, pontas de ramos e casca de plantas jovens (POTAFOS, 1993).

Spodoptera latifascia (Walker, 1856) (Lepidoptera: Noctuidae) As mariposas, medem aproximadamente 40 mm de envergadura, de colorao parda sendo que as fmeas diferenciam-se dos machos por apresentarem as asas anteriores contendo desenhos brancos, enquanto os machos apresentam as asas amareladas, com desenhos escuros. Os ovos so colocados na parte inferior das folhas perto da nervura principal, as massas de ovos so irregulares, podendo conter entre 30 e 300 ovos (KING & SAUNDERS 1984). As lagartas so de colorao parda a negra e so aveludadas, apresentando manchas pretas no dorso e podendo atingir entre 40 a 50 mm de comprimento quando bem desenvolvidas (BATISTA et al., 1996). Nos bordos laterais encontram-se listras longitudinais de cor alaranjada marcadas sucessivamente por reas esbranquiadas. Em geral, empupam no solo. Atacam o limbo foliar, desfolhando a planta. Ataques severos provocam a destruio completa das folhas chegando, s vezes, a ocasionar a desfolha total da planta.

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Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera, Noctuidae) As lagartas de ltimo instar sao semelhantes as de S. latifascia referida por LEVY & HABECK (1973) e POGUE (2002), medem em torno de 48 mm e apresentam grande variao de colorao e padres de manchas. Os ovos de S. cosmioides so colocados em ooplaca na parte inferior das folhas perto da nervura principal, so de colorao amarela e recobertos por escamas que a fmea coloca para proteo dos mesmos Assim como S. latifascia, as massas de ovos so irregulares, podendo conter entre 30 e 300 ovos. caros caro o nome comum de aproximadamente 30.000 espcies 30.000 espcies de aracndeos diminutos, semelhantes a carrapatos, possuindo cabea, trax e abdmen unidos num corpo segmentado, porem, com tamanho muito inferior. A maioria dos caros no possui olhos e, como todos os membros da classe Arachnida, no possuem antenas nem mandbula. Em relao ao tamanho, os caros podem ser microscpicos ou milimtricos (geralmente, de 0,25 a 0,75 milmetro). Essa caracterstica lhes permite ocupar uma variedade incrvel de hbitats e ter distintos hbitos de vida: podemos encontrar caros de vida livre, aquticos, terrestres, parasitas, fitfagos (que se alimentam de plantas) e predadores (que obtm energia de outros caros, seus ovos e larvas de insetos).

35 Familia : Tetranychidae Os tetraquinideos compreendem uma famlia relativamente grande de acaros

estritamente fitofagos. Conhecidos como acaros-de-teias, dado o comportamento de muitas das especies de produzir quantidade variavel, por vezes, abundante de teias. Os caros formam colnias na face inferior das folhas, tecendo teias no limbo foliar, normalmente ao longo da nervura principal. A teia tem funes variadas, protege de seus predadores, de vez que muitos destes no conseguem movmentar-se entre os fios da teia, a teia pode impedir o estabelecimento de outra espcie no local. caro Vermelho Tetranychus ludeni (Koch, 1836) (Acarina: Tetranychidae) As fmeas so de cor vermelha intensa e os machos e as formas jovens so amareloesverdeados. Atingem entre 0,26 a 0,50 mm de comprimento. Os ovos so colocados entre as teias e so amarelados ou vermelho-opacos. Formam colnias densas na pgina inferior das folhas que tambm exibem abundncia de teias. Seu ataque facilmente percebido pela presena destas teias e de muitos pontos vermelhos na pgina inferior das folhas. As folhas ficam descoloridas e, com a evoluo da injria, tornam-se necrosadas, quebradias e, eventualmente senescem .

caro Rajado Tetranychus urticae (Koch, 1836) (Acarina: Tetranychidae) Adultos tm colorao esverdeada, apresentando duas manchas mais escuras no dorso, uma de cada lado. As fmeas medem cerca de 0,5 mm de comprimento e possuem corpo ovalado, enquanto os machos so menores e tm as pernas mais longas em relao ao corpo que as fmeas.

36 Formam colnias na face inferior das folhas que recobrem com grande quantidade de teias, nas quais so colocados os ovos, que so esfricos e amarelados. Passam por trs nstares que se desenvolvem em oito dias.Se localizam na face inferior das folhas, onde escarificam o tecido vegetal para alimentarem-se da seiva que extravasada. Em decorrncia, ocorre a formao de manchas esbranquiadas na face superior das folhas, pequenas pontuaes clorticas que podem evoluir para necrose. Tambm so capazes de atacar o feijoeiro, o algodoeiro, o amendoim, o tomateiro, etc .

Mosca Minadora Liriomyza sp. (Diptera: Agromyzidae) Os adultos so pequenas mosquinhas (medem cerca de 1-1,5 mm) e em algumas espcies comum a presena de um ponto amarelecido no trax. A fmea oviposita dentro do tecido foliar e aps dois ou trs dias nascem as larvas que possuem colorao hialina e aps a primeira troca de pele tornam-se amareladas . Constroem minas serpenteadas nas folhas, entre a epiderme superior e inferior das folhas, formando leses esbranquiadas (Os adultos alimentam-se do exsudato que as folhas liberam quando oa adultos fazem puncturas com o ovipositor). Quando a populao de larvas nas folhas alta, pode ocorrer comprometimento da rea fotossinttica, principalmente quando o ataque verificado na fase inicial do desenvolvimento vegetativo e quando as plntulas possuem poucas folhas .

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PRAGAS DAS FOLHAS E FRUTOS PERCEVEJO Pentatomidae)]. Caractersticas Gerais: Os ovos so colocados em grupos de cerca de 100 ovos, possuem formato hexagonal e so normalmente depositados na face inferior das folhas. As ninfas apresentam colorao alaranjada e manchas marrons nos primeiros nstares, sendo gregrias ao emergirem e se localizando ao redor da postura no 1 instar . No 2 nstar tornam-se pretas, apresentando manchas brancas no abdmen. No 3 nstar as ninfas mantm a mesma colorao apresentada no 2 instar, podendo apresentar comportamento gregrio ou tendncia a dispersar-se. No 4 nstar apresentam trax verde e abdmen preto com manchas e no 5 instar apresentam trax e abdmen verdes com manchas circulares brancas (CORPUZ, 1969; PANIZZI e SMITH, 1977). Os Adultos alcanam de 12-15 mm de comprimento, apresentam colorao geral verde, podendo, s vezes, ser escura no dorso. A face ventral possui colorao verde-claro (CORPUZ, 1969; PANIZZI e SMITH, 1977). O ciclo biolgico de cerca de 30 dias, distribudos da seguinte maneira: perodo de pr-oviposio 10 dias; perodo de oviposio cinco dias; perodo ninfal 25 dias e longevidade de adultos de 33-50 dias. Sintomas de Ataque: Tanto os adultos quanto as formas jovens, alimentam-se de seiva introduzindo seu aparelho bucal nos tecidos das folhas e frutos, podendo provocar a murcha e secamento com conseqente chochamento dos frutos. Em infestaes severas, os cachos da mamoneira podem ficar totalmente secos. Podem ocasionar prejuzos considerveis mamoneira, j que so considerados extremamente polfagos, podendo permanecer em atividade o ano todo nas regies com temperaturas amenas (CORRA-FERREIRA e PANIZZI, 1999). VERDE [Nezara viridula (Linnaeus, 1758) (Hemiptera:

PERCEVEJO-MARROM (Euschistus heros) Descrio - um percevejo de colorao marrom; na fase adulta, tem uma caracterstica marcante que so as expanses laterais pontiagudas do pronoto e uma meia lua amarela prxima ao escutelo. Tem em mdia 11 mm de comprimento. Por isso tambm conhecido popularmente como diabinho ou chifrudo. A postura feita sobre a

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folha e pode ter at 10 ovos. As ninfas so de colorao castanho, podendo haver variao com tonalidades verdes. Apresenta maior importncia em regies mais quentes do pas. Biologia - O ciclo de ovo a adulto dessa praga tem em mdia 80 dias de durao. O adulto pode viver at 30 dias. Aps a ecloso as ninfas permanecem sobre a postura, e a partir da primeira troca de pele, comeam a se alimentar, passam por 5 nstares ninfais e se tornam adultos. Prejuzos - Os prejuzos so os mesmos causados por Nezara viridula. Principais Inimigos Naturais: Predadores Alguns percevejos como Geocoris spp. e Podisus spp.

Parasitides - Hexacladia smithii, parasitando adultos, e Telenomus podisi, parasitando ovos. PERCEVEJO PEQUENO DA SOJA: Piezodorus guildinii Westwood, 1837 (Hemiptera: Pentatomidae) Os ovos dessa espcie so de colorao preta, em forma de barril, dispostos em massas constitudas por filas paralelas contendo cerca de 15 a 20 ovos. No primeiro estgio, as ninfas apresentam hbito gregrio, concentrando-se em colnias, normalmente prximas postura. Com o seu desenvolvimento, efetuado por meio de 5 nstares, dispersam-se sobre as diversas partes das plantas. As ninfas apresentam colorao esverdeada, com manchas vermelhas e pretas dispostas sobre o dorso. O adulto um percevejo de corpo verde, com uma listra de cor marrom ou vermelha na altura do pronoto, medindo aproximadamente 10 mm de comprimento. No final da sua vida pode apresentar colorao amarelada (Gazzoni et al., 1981). Esta espcie a mais abundante e juntamente com C. sanctus, compreendem cerca de 70% da populao de percevejos na cultura do feijo-caupi.

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PERCEVEJO-ASA-PRETA-DA-SOJA (Edessa meditabunda) Percevejos de 13mm de comprimento que apresentam a cabea, pronoto e escutelo verdes, asas pretas e o corpo na face ventral, inclusive antenas e pernas, de colorao marrom-amarelada. Suas ninfas so verde-amareladas com desenhos no abdome, faz postura de ovos verdes em fileira dupla. Os danos podem resultar da suco de seiva dos ramos ou hastes e de vagens. Ao sugarem ramos ou hastes, os percevejos podem ser limitantes para a produo de soja, pois, devido provavelmente a toxinas que injetam, provocam a "reteno foliar" ou soja louca, ou seja, as folhas no caem normalmente e dificultam a colheita mecnica. No caso de ataque s vagens, os prejuzos podem chegar a 30%, pois com a suco de seiva as vagens ficam marrons e "chochas".

DIABROTICA SPECIOSA Nome Popular Vaquinha, brasileirinho, patriota, larva alfinete Ordem: Coleoptera Filo: Arthropoda Partes Afetadas: Folhas verdes, frutos, flores, razes incluindo tubrculos. Sintomas: Desfolhamento, tombamento, morte repentina, apodrecimento de frutos e tubrculos, queda de flores e frutos. Esse besouro conhecido como brasileirinha ou vaquinha, dependendo da regio do Pas. Possui colorao verde e manchas amarelas, motivo pelo qual tambm conhecida como "patriota". Seu nome cientfico Diabrotica speciosa e praga de diversas plantaes em toda a Amrica Central e do Sul. A fase larval do inseto subterrnea sendo que se alimenta principalmente de razes de diversas espcies. O inseto adulto alimenta-se de partes vegetativas e plen de flores, causando grande destruio quando em alta densidade. Alm do dano direto, a vaquinha vetor de doenas virticas e bacterianas. O ciclo leva aproximadamente um ms para completar-se, sendo que cada fmea pode colocar at mais de 2000 ovos, podendo, dessa forma, atingir grande populao em

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pouco tempo caso no seja detectada precocemente. Das culturas mais atacas podemos citar a soja, o milho, as cucurbitceas, o amendoim e a batata. Muitas ornamentais tambm so atacadas. Em princpio, o controle qumico mais usual.

Existe, no entanto, feromnios sexuais que atraem os machos para armadilhas feitas de garrafas pet contendo gua e detergente. Como inimigos naturais a vaquinha possui os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, que infectam naturalmente larvas e adultos de D. speciosa no campo, e a mosca Celatoria bosqi que parasita essa praga. Aranhas e algumas espcies de formigas tambm so inimigos naturais. Porm, algumas espcies do gnero Diabrotica, ao consumirem partes de plantas cucurbitceas, no so parasitadas pelo fato de ingerirem uma substncia chamada curcubitacina, que txica a alguns inimigos naturais.

LARVA ALFINETE As fases imaturas dessa praga so encontradas no solo. Os ovos dessa praga so colocados na base da planta, prximo s razes. Desses ovos nasce as larvas, que so cilndricas. Quando completamente desenvolvidas atinge 12 mm de comprimento e um milmetro de dimetro. So esbranquiadas com a cabea e o pice de abdome de colorao preta. O adulto de colorao verde-amarela, por isso denominado vaquinha verdeamarela ou patriota, mede cerca de seis mil metros de comprimento, que se alimentam das folhas de diferentes culturas. No milho, seus danos s vezes so confundidos com os ocasionados pela lagarta-do-cartucho, quando raspam as folhas.

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IDI AMIM No Brasil, este inseto foi encontrado pela primeira vez no estado do Esprito Santo, motivo que originou o seu nome vulgar. O ataque vasto, tendo como principais hospedeiros as culturas do abacaxi, alface, banana, caf, cana-de-acar, milho, soja, sorgo, trigo e uva. Danos: Os adultos causam a destruio das folhas, reduzindo assim a rea fotossinttica das mesmas, acarretando em queda de produo. Controle: Aplicar inseticidas de contato e ingesto, registrados para as culturas. O uso de iscas, acompanhado de inseticidas fosforados, tambm tm mostrado bons resultados no controle dessa praga. (agrolink) Popularmente conhecido como idiamin, um coleptero nativo da frica que foi introduzido no Brasil em 1976, no estado do Esprito Santo. A atribuio desse nome foi inspirada no nome de Idi Amin Dada, um lder poltico e ditador de Uganda.

Diphaulaca sp A rea plantada com a cultura da mamona (Ricinus comunis L.) vem crescendo com a importncia dos leos de origem vegetal que podem servir de combustvel, em substituio aos derivados de petrleo (biocombustvel). Tida como planta rstica, resistente a doenas e pragas, a mamoneira, nos ltimos anos, vem mostrando um nmero crescente de artrpodes a ela associados, cujo aumento continuado de populao podem vir a causar danos econmicos produo. Nos trabalhos de introduo de cultivares, para seleo de materiais adaptados s condies do Estado do Piau, fez-se inspees peridicas com o objetivo de identificar insetos associados mamoneira. Nas inspees ocorridas em 2004, constatou-se em reas experimentais com a cultura da mamona na Embrapa Meio-Norte em Teresina, Piau, a ocorrncia de um inseto alimentando-se de folhas das plantas tornando-as rendilhadas e posteriormente secas, com o aumento dos danos. O inseto foi identificado como Diphaulaca sp. (Coleoptera; Chrysomelidae, Alticinae). O adulto um besouro que mede cerca de 5 mm de comprimento; litros

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azulados, sendo a cabea e o pronoto amarelados (Figura 2). Espcie deste gnero ja foi relatada atacando folhas de mamoneira no Rio de Janeiro. A espcie D. volkameriae (Fabricius) foi observada atacando folhas de fava e feijo comum em Minas Gerais e So Paulo e coletada em armadilha luminosa em plantaes de eucalipto em Minas Gerais. Suas larvas so mencionadas atacando razes de soja e feijo comum. Este o primeiro registro da ocorrncia do gnero Diphaulaca no estado do Piau e atacando a mamoneira.

FORMIGA CORTADEIRA Formiga Sava Classe: Insecta Ordem: Hymenoptera Famlia: Formicidae Nome cientfico: Atta spp. Nome vulgar: Formiga Sava BIOLOGIA Tamanho 1,5-24mm

Longevidade Operrias - 2 a 6 meses; rainhas - 20 anos Colorao Postura Avermelhada Dezenas de ovos/dia

As formigas atacam quase todas as espcies de plantas cultivadas, cortando folhas e ramos, que so carregados para o interior de seus ninhos sob o solo, o que torna o controle mais difcil. Ao contrrio do que se pensa, elas no se alimentam do tecido vegetal. Todo o material cortado serve para alimentar um fungo que, por sua vez, uma importante fonte de alimento para as formigas. O combate a formigas cortadeiras fundamental, pois elas limitam o

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desenvolvimento dos plantios florestais, provocando a reduo do crescimento das rvores e tambm causando baixa resistncia ao ataque de outras pragas. Os prejuzos ocorrem principalmente durante os primeiros seis meses de idade dos plantios, quando o desfolhamento causado pelas formigas pode provocar a morte das plantas. O maior problema acontece em plantios em reas anteriormente ocupadas por pastagens, devido alta quantidade de ninhos de quenquns. Neste caso, em plantios de eucalipto, por exemplo, o ataque das formigas pode causar a mortalidade de at 70% das plantas nos primeiros 30 dias de idade. O combate s formigas cortadeiras realizado basicamente com a aplicao de iscas formicidas. Recomenda-se o controle pr-plantio, realizado antes do preparo do solo e uma inspeo 30 dias aps o plantio, para uma possvel segunda interveno. O programa conta com a participao dos pesquisadores da Embrapa Florestas Edson Tadeu Iede e da Epagri Wilson Reis Filho, que vo explicar como deve ser feito o combate s formigas cortadeiras em plantaes de pnus e eucalipto e quais os cuidados que o produtor deve ter para evitar os problemas provocados por este insetopraga to pequeno, mas causadores de enormes prejuzos.

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MIP Manejo Integrado de Pragas Introduo: Devido a aplicao de defensivos de maneira desordenada fez com que surgissem problemas muitos srios como: a) Resistncia de pragas a diversos pesticidas b) Aparecimento de pragas at ento consideradas secundrias c) Ressurgncia de pragas. d) Efeitos adversos sobre inimigos naturais das pragas, sobre abelhas e outros polinizadores. e) Efeitos txicos prejudiciais dos produtos qumicos ao homem no momento da aplicao ou por meio de resduos deixados nos produtos consumidos posteriormente Como conseqncia surgiu um novo conceito de controle de pragas visando a minimizao de todos esses problemas. Esse novo conceito recebeu o nome de Manejo Integrado de Pragas Implementao do MIP: O primeiro passo para a implementao de um programa de MIP em uma cultura est na identificao do problema, ou seja, no reconhecimento do agente causal de um determinado sintoma na planta. As principais etapas para a elaborao de um programa de manejo de pragas em uma cultura incluem: a) Reconhecimento das pragas; b) Avaliao dos inimigos naturais; c) Estudo dos fatores climticos; d) Determinao dos NDE e NC; e) Avaliao populacional; f) Avaliao dos mtodos de controle; Nveis de Dano Econmico: A condio de praga para uma populao de insetos em uma cultura depende de sua densidade populacional e da injria ocasionada na planta. Muitas vezes a injria na planta no acarreta danos qualitativos ou quantitativos a produo. Na ausncia de mudanas permanentes no ambiente, pode-se definir o Nvel de Equilbrio (NE).

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Dentro do conceito mais moderno, uma espcie tida como praga se em um curto espao de tempo capaz de multiplicar rapidamente e atingir um nvel populacional que causa danos econmicos a cultura. Sendo assim, defini-se como Nvel de Dano Econmico (NDE) a densidade populacional de praga que causa prejuzos cultura igual ao custo de adoo de medidas de controle, ou seja, a menor densidade populacional capaz de causar perdas econmicas. A densidade populacional em que medidas de controle dever ser adotadas para impedir que a populao atinja o NDE so denominadas Nvel de Controle (NC). Nesse contexto, as pragas podem ser classificadas como a) No econmicos: quando sua densidade populacional raramente ultrapassa o NDE. b) Ocasionais: quando a densidade populacional ultrapassa o NDE em condies especiais. c) Perenes: quando a densidade populacional atinge o NDE com freqncia. d) Severas: quando a densidade populacional est sempre acima do NDE. Amostragem de Insetos: A amostragem para decidir se uma praga deve ou no ser controlada ou o monitoramento de pragas uma tcnica fundamental do MIP. A amostragem depende basicamente dos seguintes componentes: a) Pessoal: o conhecimento que o entomologista deve ter sobre a cultura, as pragas e seus inimigos naturais, as tcnicas para se efetuar a amostragem. b) Mecnico: so os aparelhos utilizados para amostragem. c) Econmico: refere-se ao custo de amostragem e a vantagem ou no as sua execuo. d) Estatstico: justamente o componente que da preciso da amostragem. Para seu desenvolvimento deve-se estabelecer o plano de amostragem que consta de: - Tamanho da amostra: nmero de amostras a ser obtido por unidade. - Unidade de amostra: nmero de observaes a serem feitas por amostras - Tipo de caminhamento: maneira de se deslocar em campo para realizar o levantamento. Varia de acordo com cada cultura e o tipo de amostragem. -Tipos de Amostragem: so as maneiras de conduzir uma amostragem.

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Tipos de amostragem: a) Amostragem convencional: Baseia-se em um nmero fixo de amostras a serem colhidas por unidade de rea. b) Amostragem seqencial: um tipo de amostragem em que o nmero de amostras varivel. c) Amostragem biolgica: um tipo de amostragem que utiliza de meios como dietas artificiais, feromnios e iscas para o monitoramento da praga no campo. Amostragem por sensoriamento remoto: a tcnica que se baseia na agricultura de preciso, utilizando satlites sensores.

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DOENAS DA MAMONA

Introduo A expanso agrcola e o conseqente adensamento de populaes de plantas concorre para uma maior disseminao de agentes etiolgicos das doenas, portanto, com base nisso tudo, conclui-se que o conhecimento sobre as doenas, a etiologia, a disseminao e os mtodos de controle so de fundamental importncia para o bom desenvolvimento da ricinocultura.

Principais doenas Mofo cinzento (Amphobotrys ricini ) O mofo cinzento causado pelo fungo Amphobotrys ricini (Buchw.) Hennebert, uma das mais importantes. A doena causa grandes prejuzos produo, pois destri inflorescncias e cachos, reduzindo a produo de leo pela diminuio dos frutos colhidos (Lima et al., 2001). O mofo cinzento da mamoneira uma das doenas mais importantes da cultura, em funo da rpida e completa destruio dos cachos; foi relatada pela primeira vez nos EUA, por volta de 1918 (Godfrey, 1923) e no Brasil em 1932, no estado de So Paulo (Gonalves, 1936). A importncia da doena foi crescendo medida que se intensificou a explorao da cultura, sendo considerada, atualmente, a doena mais sria em algumas regies do Brasil (Lima et al., 2001). Sintomas A doena causada pelo fungo Amphobotrys ricini (Buchw.) Hennebert (sin. Botrytis ricini Godfrey), forma anamrfica de Botryotinia ricini(Godfrey) Wetzel, que pertence classe dos Ascomycetes, ordem Helotiales e famlia Sclerotiniaceae. O fungo afeta principalmente inflorescncias e cachos, entretanto pode-se desenvolver tambm sobre outras partes da planta, como caule e folhas, cujas leses originam-se pela queda do material infectado da inflorescncia (Batista et al., 1996). Os primeiros sintomas so pequenas manchas de tonalidade azulada nas inflorescncias e frutos em desenvolvimento; em condies climticas favorveis, ocorre abundante esporulao do

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fungo na superfcie dos tecidos afetados, o que confere a rea lesionada um aspecto pulverulento de colorao cinza escuro (Godfrey, 1923). Epidemiologia Provavelmente, as principais fontes de inculo do patgeno sejam mamoneiras espontneas (asselvajadas) que nascem nas proximidades das reas de plantio. A disperso do patgeno realizada pelo vento, por insetos (Kimati, 1980) e por sementes (Neergaard, 1979). O progresso do mofo cinzento da mamoneira dependente de condies favorveis de umidade e temperatura. A doena particularmente destrutiva em regies onde o perodo de florao e frutificao da mamoneira coincide com alta umidade relativa associada com temperaturas em torno de 25 C (Godfrey, 1923). Manejo A utilizao de sementes sadias, a rotao de culturas, a eliminao de restos culturais, o uso de maiores espaamentos ente plantas e a eliminao de mamoneiras espontneas, so algumas das tticas recomendadas no manejo da doena (Sichmann, 1972; Kimati, 1980; Lima et al., 2001). Ressalta-se entretanto, que a utilizao de espaamentos maiores entre plantas uma prtica incompatvel com os sistemas de produo mecanizados e que a eliminao de mamoneiras espontneas, alm de ser de difcil execuo, indesejvel, pois eliminaes drsticas podem contribuir para a reduo da base gentica utilizada, alm de eliminar possveis fontes de resistncia. O tratamento qumico de sementes de mamoneira, visando eliminao ou reduo do inculo de A. ricini, pode se constituir em uma ttica eficiente na preveno da introduo do patgeno via sementes em novas reas de cultivo. Em outras culturas, essa medida tem sido uma das mais empregadas pela sua simplicidade de execuo, baixo custo relativo e eficcia. Depois de estabelecida a doena, o controle qumico, com pulverizaes e curativas, poder ser tambm uma das tticas utilizadas; entretanto, at o momento, no existem fungicidas registrados para a cultura.

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O uso de cultivares com resistncia ao mofo cinzento a ttica de manejo mais eficaz e desejvel; no entanto, cultivares com nveis elevados de resistncia a essa doena ainda esto sendo desenvolvidas. Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum f. ricini) Foi constatada nos estados de So Paulo e Paran por volta de 1937 sendo mais tarde registrado em Minas Gerais e na regio Norte do pas (Arruda e Gonalves, 1937; Kimati, 1980). Distribui-se na maioria dos estados que se cultiva a mamoneira. Dependendo das condies edafoclimticas, da densidade do inoculo do patgeno no solo e do nvel de resistncia da cultivar esta doena pode causar srios danos cultura da mamoneira (Kimati, 1980). Registros na antiga Unio Sovitica confirmam que a murcha-de-fusarium tem dizimado at 80% da populao da plantas cultivadas (Moshkin, 1986). Sintomas Os sintomas caractersticos da doena so a perda de turgescncia, reas irregulares de colorao amarela na superfcie foliar, no delimitadas, que se tornam posteriormente necrosadas, podendo induzir a queda de folhas. Outro sintoma bastante tpico o escurecimento dos vasos da planta onde a murcha um reflexo da obstruo dos vasos ou da ao txica dos produtos resultantes da interao patgeno-hospedeiro (Kimati, 1980). No h evidncias que comprovem que a disseminao possa ocorrer por meio de semente, contudo, mesmo no tendo sido constatada nenhuma fonte de infeco em seu interior observou-se que a semente afetada, em estado de decomposio superficial, originou uma plntula com sintomas da doena (Moshkin, 1986). Epidemiologia Temperaturas entre 22 C e 25 C proporcionam as condies ideais ao desenvolvimento da doena (Moshkin, 1986). Por ser um fungo habitante do solo, que vive saprofiticamente em restos de cultura, ele pode sobreviver na forma de clamidsporos. Dissemina-se por meio do transporte de partculas de solo contaminado e pela formao de macro e microndios na superfcie da planta afetada (Kimati, 1980). Manejo

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Para o controle desta doena deve-se utilizar sementes sadias, rotao de culturas e eliminao de restos de cultura que podem contribuir para a reduo da densidade de inculo do patgeno no solo. O uso de cultivares resistentes tem sido recomendada por Kimati (1980) e Moshkin (1986), cultivares como Campinas, de origem brasileira, e Chervonnaya e Sizaya 7, de origem russa, com resistncia horizontal, so indicadas para o controle desta doena. Podrido do caule ou dos ramos (Lasiodplodia theobromae) No Brasil, a podrido do caule e dos ramos da mamoneira foi constatada, pela primeira vez, na regio de Irec, Estado da Bahia (Kimati, 1980). Doena causada principalmente em tecidos injuriados de planta submetidas a algum tipo de estresse. Sintomas Seus sintomas so caracterizados sobretudo por necrose dos tecidos, que evolui para a podrido, seca e morte do caule e/ou dos ramos (Kimati, 1980). Sobre a superfcie do tecido atacado podem ser vistos picndios do fungo, que so pequenas estruturas escuras e globosas semelhantes a cabeas de alfinetes. Epidemiologia O estado nutricional ruim da planta, condies climticas como altas temperaturas, e principalmente estresses por deficincia hdrica, so, possivelmente, os principais fatores responsveis pela predisposio da planta doena (Kimati, 1980). O fungo penetra na planta principalmente por ferimentos causados durante a colheita do cacho, podendo, a partir dessa infeco inicial, se espalhar pelaplanta toda, geralmente o fungo s causa problemas no final do ciclo. Manejo Como principais medidas de controle esto: manejo cultural adequado sobretudo no que se refere ao aspecto nutricional e hdrico, para evitar a exposio da cultura ao estresse e o uso de sementes sadias oriundas de campos de produo isentos de doena (Kimati, 1980).

Murcha foliar bacteriana (Xanthomonas campestris pv. Ricini)

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Apesar de ser uma doena bastante comum, at o momento no tem apresentado conseqncias econmicas para a cultura da mamoneira. Ocorre nos estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paran (Akiba, 1974; Kimati, 1980). Sintomas Os sintomas caracterizam-se por pequenas manchas nas folhas, inicialmente de aspecto aquoso e colorao verde-escura, passando posteriormente a castanho-escura, de formato geralmente angular e algumas vezes circular. As leses foliares podem coalescer causando necrose em extensas reas do limbo, resultando no desfolhamento prematuro da planta (Cook, 1981; Drummond e Coelho, 1981). Os pecolos e ramos jovens podem apresentar leses escuras e alongadas. Frutos e racenos tambm podem ser afetados. Epidemiologia As condies que favorecem o seu desenvolvimento so temperaturas e umidade relativa elevadas. A penetrao da bactria ocorre pelos estmatos ou por ferimentos no rgo afetado (Kimati, 1980). A disseminao d-se principalmente pela gua e pelo vento, e, s vezes, pela semente (Brigham e Spears, 1980). Manejo Mais uma vez recomenda-se o uso de sementes sadias para ter um bom controle. A prtica mais recomendvel a utilizao de cultivares resistentes como, a cultivar Cimarron que possui boa tolerncia (Kimati, 1980), e a Tacaratu que apresenta alto nvel de resistncia (Drummond e Coelho, 1981).

Podrido do tronco (Macrophomina phaseolina ) Constitui-se em uma das mais importantes doenas da mamoneira, tendo sido relatada na Bahia, principal Estado produtor de mamona do Brasil, causando srios prejuzos cultura. A doena causada pelo fungo Macrophomina phaseolina (Tassi)

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Goid, patgeno polfago que afeta 293 espcies de plantas no mundo. Um aspecto importante que o fungo produz estruturas de resistncia denominadas de esclerdios, as quais podem sobreviver no solo por longos perodos, constituindo-se em inculo primrio em plantios subseqentes. Sintomas Os sintomas externos assemelham-se queles causados por Fusarium e caracterizam-se pelo amarelecimento das folhas e murcha da planta. A raiz apresenta necrose total ou parcial e o apodrecimento pode evoluir com o tempo, para o caule tornando-o parcial ou totalmente enegrecido. Epidemiologia Baixa umidade do solo e alta temperatura favorecem o desenvolvimento da doena (Cook, 1955). Sua disseminao pode se dar por partculas do solo e pela gua de irrigao ou da chuva (Dhingra e Sinclair, 1978).

Manejo A rotao de culturas recomendada em caso de grande incidncia da doena, apesar do fungo possuir um grande nmero de hospedeiros, pois poder induzir reduo na capacidade de multiplicao do patgeno. A eliminao de restos de cultura outra medida muito eficaz na reduo da densidade de inoculo do patgeno no solo. At o momento no existem cultivares resistentes comercialmente exploradas. Trabalhos conduzidos pela Embrapa Algodo, que tm por objetivo a obteno de gentipos resistentes, identificou a linhagem CNPA M.93-91 um bom material com boas perspectivas para uso nos trabalhos de melhoramento.

Mancha de Alternaria (Alternaria ricini) Manchas foliares causadas por fungos so muito comuns na cultura da

mamona, porm no apresentam importncia econmica devido aos pequenos prejuzos

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que causam (Kimati, 1980). A mancha-de-alternria, causada pelo fungo Alternaria ricini, tem ocorrido de forma generalizada nas regies produtoras de mamona no Brasil, porm no de grande importncia econmica; entretanto, nos Estados Unidos e na ndia tem ocasionado perdas de at 85% na produo. Sintomas Causada pelo fungo Alternaria ricini caracteriza-se por manchas circulares pardas, apresentando zonas concntricas, podendo haver coalescncia de leses no decorrer de sua evoluo, induzindo necrose em extensas reas do limbo foliar. O fruto afetado apresenta colorao marrom-escura, podendo murchar. A doena pode induzir ainda necrose do pedicelo e m formao da semente. Quando incide sobre plntulas pode causar sua morte. Epidemiologia A doena mais severa em condies de temperatura e umidade elevadas, em que ocorre intensa esporulao do patgeno sobre os tecidos do hospedeiro. O agente causal da mancha-de-alternria pode ser disperso no campo de cultivo por meio do vento, da chuva e de sementes contaminadas. O desequilbrio nutricional contribui para uma maior incidncia e severidade do patgeno (Kimati, 1980). Manejo O uso de medidas que favoream a aerao no plantio favorecem a reduo dos ndices de doena. Normalmente, no se recomendam medidas de controle para as manchas foliares, contudo, sabe-se que a adoo de maiores espaamentos e uma adubao adequada contribuem para reduzir sua severidade. O controle qumico atravs de pulverizaes da parte area, apesar de eficiente, no vivel economicamente. O uso de variedades resistentes seria o mtodo ideal de controle, porm pouco se conhece respeito do nvel de resistncia das nossas variedades (Kimati, 1980).

Mancha de Cercospora (Cercospora ricinella.) Manchas foliares causadas por fungos so muito comuns na cultura da

mamona, porm no apresentam importncia econmica devido aos pequenos prejuzos

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que causam (Kimati, 1980). A mancha-de-cercospora causada pelo fungo Cercospora ricinella. Sintomas Os sintomas na planta de mamoneira so caracterizados por manchas foliares de formato arredondado, com o centro claro e bordas de cor castanha. Epidemiologia A doena favorecida por condies de alta umidade relativa. Sobre a rea do tecido foliar necrosado, normalmente so produzidos esporos do fungo, os quais so dispersos pela gua da chuva, vento e insetos. O fungo tambm pode ser disperso por meio de sementes. Manejo Normalmente, no se recomendam medidas de controle para as manchas foliares, contudo, sabe-se que a adoo de maiores espaamentos e uma adubao adequada contribuem para reduzir sua severidade. O controle qumico atravs de pulverizaes da parte area, apesar de eficiente, no vivel economicamente. O uso de variedades resistentes seria o mtodo ideal de controle, porm pouco se conhece respeito do nvel de resistncia das nossas variedades (Kimati, 1980).

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MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS

Introduo A mamona tratada, tradicionalmente, como planta daninha em algumas culturas e indesejada na produo pecuria, pois contm alguns dos mais poderosos agentes txicos vegetais. O eventual consumo de folhas ou frutos por animais geralmente acarreta casos de intoxicao, e, quando presente infestando culturas extensivas ou pomares, suas folhas (grandes) tem boa habilidade de sombrear as espcies cultivadas, ocasionando perdas de produtividade. Do ponto de vista de utilizao comercial, a mamona pode ser qualificada como espcie de alta sensibilidade competio com invasoras por gua, luz e nutrientes. A determinao do Perodo Crtico de Preveno Interferncia (PCPI), ou seja, o perodo em que a cultura deve ficar livre de competio, informao importante quanto ao manejo de plantas daninhas na mamona. A extenso deste perodo varia, conforme o solo, o manejo da cultura e a cultivar utilizada. A partir destas informaes, que se conhece o tempo em que a cultura dever permanecer no limpo, sem sofrer competio com plantas daninhas. Em termos prticos, isto implica na realizao de capinas, roadas ou da aplicao de herbicidas ps-emergentes, ou, ainda, do tempo que os herbicidas premergentes devem se manter ativos no solo (variando-se a dose aplicada), controlando fluxos de emergncia das plantas daninhas. Uma pesquisa sobre o perodo de interferncia de plantas daninhas no cultivar Al Guarany 2002, cultivado no espaamento de 1,0 x 1,0 m, indica que a mamona deve ser mantida sem competio com outras plantas entre 9 e 41 dias aps a emergncia da cultura. Provavelmente com o uso de espaamentos menores, esse perodo crtico seja mais curto e o manejo de plantas daninhas facilitado, a exemplo do que ocorre com culturas como a mandioca, o milho e o feijo. De modo geral, prudente que a mamona esteja livre de competio com plantas daninhas at a fase de emisso do primeiro cacho floral. Preveno da ocorrncia de plantas daninhas Em reas com baixa infestao de invasoras, importante prevenir que ocorram plantas que possam causar prejuzos mamona e o primeiro passo para isto consiste no que se chama de manejo preventivo. Esse manejo, que provavelmente o menos

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oneroso dentre as formas de controle, tem dois pressupostos bsicos: o primeiro evitar a entrada de sementes de invasoras na rea de cultivo e o segundo, evitar a produo e a disseminao das sementes, caso a espcie daninha j esteja instalada no local. Nesse sentido, algumas prticas de preveno a serem adotadas so: - utilizar sementes de boa qualidade, livres das sementes de plantas daninhas; - limpar rigorosamente mquinas e implementos agrcolas antes de entrar em reas livres de plantas daninhas; - no permitir que animais se tornem vetores de disseminao; - controlar focos de infestantes, impedindo seu desenvolvimento e, sobretudo, a produo de sementes e/ou estruturas de reproduo em margens de estradas, cercas, terraos, ptios, canais de irrigao ou outros locais da propriedade; - utilizar rotao de culturas e de herbicidas para prevenir o aparecimento de plantas resistentes. Controle mecnico O controle mecnico o processo no qual se utilizam mtodos fsicos para o combate s plantas daninhas. Os implementos mais utilizados so a enxada, o cultivador de trao animal, o cultivador de trao motora, a roadora manual ou, ainda, a roadora costal mecanizada. Utilizando-se qualquer um dos mtodos mecnicos, recomenda-se manter a lavoura livre da competio das ervas daninhas durante o perodo crtico de competio, abordado anteriormente. Um aspecto importante no uso da capina a profundidade de operao, que dever ser superficial para no danificar as razes laterais da mamoneira. A capina mecnica poder ser feita em faixas, prximas s plantas de mamona, principalmente nos casos de baixa infestao de plantas daninhas e de espaamentos amplos entre linhas (acima de 1,5 m). O tamanho da faixa a ser capinada varivel; contudo, deve-se manter limpa uma rea superior da projeo da copa das plantas de mamona, principalmente na fase anterior emisso do primeiro cacho floral.

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Controle mecnico com roadoras O controle de plantas daninhas com roadoras manuais ou motorizadas vem sendo utilizado com sucesso em lavouras e reas experimentais de mamona. Esta forma de controle se caracteriza pelo corte da parte area das plantas daninhas, sem revolver o solo. O mtodo prioriza a conservao do solo, reduz o esforo fsico do produtor rural e otimiza o tempo, uma vez que essa operao mais rpida que a capina manual. De modo geral, com a roadora costal motorizada, uma rea de um hectare com elevada infestao de plantas daninhas roada em menos de oito horas de trabalho e com menor esforo fsico se comparado capina manual. Deve-se ter cuidado de no atingir as plantas de mamona com a roadora. Caso as plantas daninhas rebrotem vigorosamente aps o corte, deve-se repetir a operao, o que ocorre dependendo do clima e da espcie daninha, em cerca de duas semanas aps a primeira roada. Caso o rebrote ocorra antes do fechamento das linhas de mamona e antes da emisso do primeiro cacho, muito importante que se faa nova roada, para diminuir a competio da cultura com as invasoras. Aps a cultura entrar em produo, a roada til e eficiente para manter sob controle a cobertura vegetal entre as linhas de mamona. Controle Qumico Em culturas extensivas, o uso de herbicidas o mtodo mais rpido e prtico para o controle de plantas daninhas. Por ser considerada mais como invasora do que cultura com potencialidade comercial caracterstica que est sendo alterada com o advento do biodiesel existem vrios herbicidas registrados para o controle de mamona, contudo so poucos os produtos registrados para uso na lavoura de mamona, visando eliminar plantas daninhas. De fato, em consulta ao sistema Agrofit, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA, 2006), o nico herbicida legalmente habilitado para ser aplicado na lavoura de mamona a trifluralina, aplicado em pr-emergncia. A mamona uma dicotilednea da famlia das euforbiceas, sendo tolerante aplicao de diversos herbicidas, principalmente de graminicidas ps-emergentes utilizados na cultura da soja. Dados experimentais mostram que a mamona apresenta tolerncia aos herbicidas fluazifop-P-butlico (313 g.ha), sethoxydim (320 g.ha),

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haloxyfop-methyl (120 g.ha), clethodim+fenoxaprop-p-ethyl (75 g.ha), quizalofop-pethyl (125 g.ha), clethodim (156 g.ha), propaquizafop (175 g.ha) e cyhalofop (270 g.ha). Os produtos citados controlam gramneas anuais, so seletivos s dicotiledneas e a sua aplicao indicada associada ao uso de leo mineral como adjuvante calda de asperso, na proporo de 0,5% do volume do reservatrio ou do volume de calda aplicado. Por exemplo, em um tanque com 10 litros de gua, alm do herbicida, devem ser adicionados 50 mL de leo mineral. Uma das maiores dificuldades do controle qumico de invasoras em mamona a falta de registro de herbicidas seletivos cultura, principalmente daqueles aplicados aps a emergncia e que visam controlar plantas daninhas dicotiledneas. Alguns estudos, contudo, esto avaliando a viabilidade de utilizao do herbicida chlorimuronethyl e do halosulfuron. Efeitos da competio da planta da mamona e plantas daninhas e adubao nitrogenada De acordo com o resumo das anlises de varincia, no se observou efeito significativo dos perodos de competio sobre a altura das plantas, porm houve efeito significativo dos perodos de competio sobre as variveis, dimetro caulinar e

aumento da rea foliar, sendo as mesmas tambm influenciadas pelo efeito da adubao nitrogenada. A aplicao de nitrognio pode alterar o comportamento das plantas daninhas, favorecendo o seu crescimento, e comprometendo o da cultura principal. Algumas espcies so favorecidas pela presena dos adubos nitrogenados em doses elevadas, no entanto, outras se mostram indiferentes (MOSS et al., 2004). Em solos de alta fertilidade, algumas espcies daninhas tornam-se mais competitivas do que as culturas, devido sua maior eficincia na absoro e utilizao deste nutriente (TOMASO, 1995). Pesquisas concluram que a matria seca da parte area de vrias espcies daninhas estudadas aumentou com o incremento no uso do nitrognio (Salas et al., 1997; HARBUR E OWEN, 2004). J para a interao entre os perodos de competio e doses de nitrognio, observou-se efeito significativo apenas para o dimetro caulinar das plantas. possvel verificar ainda que os perodos de competio interferiram significativamente o nmero de folhas, bem como o nmero de flores femininas, o mesmo foi observado quando se utilizou a adubao nitrogenada.

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Porm, quando se realizou a interao do fator competio com adubao nitrogenada, observou-se efeito significativo apenas para o nmero de flores femininas, no entanto, o nmero de flores masculinas no foi afetado pelos fatores (Tabela 1). As plantas daninhas so mais beneficiadas do que as culturas quando os fertilizantes so utilizados, devido sua maior eficincia na absoro e no acmulo dos nutrientes (TOMASO, 1995). Pitelli et al. (2002) relatam perdas de rendimento devido interferncia das plantas daninhas entre 13 e 88 %. Na maioria dos casos o primeiro elemento a ser limitante, como resultado da competio entre a cultura do milho e as plantas daninhas. Os resultados da aplicao do nitrognio, nas relaes de competio entre culturas e plantas daninhas, tm se mostrado contraditrios. Trabalhos realizados com trigo e canola em mais de 23 espcies de plantas daninhas, o aumento na adubao nitrogenada resultaram no incremento da concentrao do nitrognio na parte area das plantas (Blackshaw et al., 2003). No entanto, nas culturas do feijo, da soja e, em mais quatro plantas daninhas, o incremento na adubao nitrogenada no aumentou no teor de nitrognio nas plantas (PROCPIO et al., 2004).

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COLHEITA
Uma das principais caractersticas da mamoneira relacionada colheita o nvel de deiscncia dos frutos. A colheita de variedades deiscentes uma das operaes mais dispendiosa e que mais consome mo-de-obra, em funo da necessidade de se repetir o processo de colheita 5 a 6 vezes durante o ano (CANECCHIO FILHO et al., 1963). Nas cultivares de frutos indeiscentes, a operao de colheita feita em uma nica vez, quando todos os cachos da planta atingirem a maturidade fisiolgica. Neste estdio de desenvolvimento, a semente apresenta o mximo vigor, teor de leo e poder germinativo. Variedades deiscentes: colher quando 70% dos frutos do racemo estiverem secos, completando-se a secagem no terreiro ou em secadores mecnicos. A colheita quando a maioria dos frutos ainda est verde diminui o contedo e a qualidade do leo (RIBEIRO FILHO, 1966). Variedades indeiscentes: esperar o amadurecimento total da lavoura para se proceder a uma s colheita (RIBEIRO FILHO, 1966; CONCEIO, s.d.). Colheita manual indicada para pequenas e mdias propriedades, onde a mo-de-obra disponvel deve ser abundante; consiste em cortar os cachos pela base, utilizando-se faca, canivete, tesoura ou podo. Os cachos colhidos so depositados em jacs, cestos, caixas, carroas ou reboques e transportados para o local de secagem (terreiro ou secador). Quando a produo grande, recomenda-se efetuar, na lavoura, o desprendimento dos frutos, para evitar o transporte dos talos, os quais representam 10% do peso do cacho (SEVERINO et al., 2005). Para isto, deve-se usar pentes feitos de prego sem cabea ou de pinos de ferro colocados na parte interna superior do depsito, de forma que o cacho seja passado por entre os dentes do pente e os frutos se desprendam e caiam dentro do objeto de transporte (RIBEIRO FILHO, 1966). Colheita mecnica Indicada para variedades com porte ano, indeiscentes, com plantas de arquitetura compacta e perda parcial das folhas. No Brasil, at o momento no houve desenvolvimento de mquinas destinadas colheita e ao descascamento de mamona, sendo utilizadas apenas colheitadeiras de cereais adaptadas que esto apresentando eficincia aceitvel.

61 A adaptao feita em uma plataforma colhedora de milho, agregando-se vrios dispositivos; na parte da conduo das plantas para dentro da plataforma, introduziu-se uma nova carenagem que tem a configurao de uma torre.

SECAGEM
A secagem dos frutos aps a colheita pode ser natural ou artificial. A natural recomendada para pequenas produes e feita expondo-se os frutos ao sol, aps o seu desprendimento do cacho, em terreiros de cho batido, cimentado ou de alvenaria, colocados em camadas finas e uniformes de 5 a 10cm de espessura por um perodo de 4 a15 dias, dependendo da temperatura, umidade do ar e insolao. Durante o dia recomenda-se fazer o revolvimento vrias vezes, para uniformizar a secagem e, tardinha, antes do sol esfriar, amonto-los e cobrilos com lona plstica para evitar a umidade da noite. O mesmo procedimento deve ser adotado se houver ameaa de chuva. Para o dimensionamento do terreiro deve-se considerar uma rea de aproximadamente 200m2 para a secagem da produo de 1ha de mamona. A secagem artificial recomendada para produes em reas superiores a 50ha e consiste na utilizao de secador mecnico para a retirada da umidade dos frutos. A temperatura ideal de secagem de 50 a 550C. Para ambos os sistemas de secagem, a umidade ideal dos frutos de 10%, quando acontece a deiscncia das cpsulas.

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BENEFICIAMENTO

Descascamento Os frutos semi-deiscentes, quando secos, se abrem com facilidade, porm alguns frutos retm a casca, formando o que denominamos de marinheiro ou dente de alho. Esses frutos se abrem facilmente, quando secos, se forem batidos com varas ou chicote de borracha. Esse o procedimento mais usado nos estados do Nordeste, onde a colheita e parte do descascamento realizado de forma manual. Para o descascamento da produo de reas maiores que 50ha e para cultivares indeiscentes, recomenda-se o uso de descascadores mecnicos. Algumas empresas desenvolveram descascadores de mamona, sendo uns de concepo simples, a qual apresenta os seguintes componentes: moega de alimentao, sistema de descasque com discos planos de borracha montados em rotor de ao; sistema de separao de cascas formado por coluna de ar; ventilador centrfugo; motor de acionamento de 7,5CV com transmisso por polias e correias; estrutura de sustentao e chassi com rodas para facilitar o deslocamento; e tambm dotado de dispositivo para acionamento pela tomada de fora do trator. A capacidade nominal de trabalho de 500 kg/h. Outra mquina para descascar mamona desenvolvida pela indstria nacional e fundamentada no principio de discos planos emborrachados, itinerante, acionada por um trator, com grande capacidade nominal de trabalho e adaptada para receber os cachos junto com os talos, dispensando o trabalho de separao (NUX METALURGICA, 2002). Outra mquina que est no mercado disposio dos produtores a batedeira de mamona, desenvolvida por uma indstria mecnica da Bahia (METALRGICA PAI, FILHO E IRMO, s.d.) e se fundamenta no princpio de funcionamento de batedeiras de feijo. Acondicionamento e armazenagem Aps o descascamento e limpeza das sementes, procede-se ao ensacamento, utilizando-se sacos de aniagem com capacidade para 50 a 60kg. Caso a mamona no seja imediatamente comercializada, os sacos devero ser empilhados em depsitos ou armazns arejados, secos e isentos de insetos e roedores (RIBEIRO FILHO, 1966;

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CONCEIO, s.d.). At o momento ainda no foram observadas sementes de mamona armazenadas sendo atacadas por pragas que comprometam sua qualidade, mas apenas alguns insetos que se alimentam de uma estrutura externa da semente (carncula), mas sem comprometer sua qualidade. O principal cuidado necessrio ao armazenamento que a umidade do gro seja mantida baixa , sendo desejvel tambm que se tenha baixa temperatura, baixa umidade do ar e boa aerao. Quando a semente de mamona bem armazenada, pode permanecer at 1 ano quando se trata de sementes para plantio ou at 2 anos para os gros destinados indstria. O leo das sementes quebradas se acidifica rapidamente durante o armazenamento, portanto, se as sementes tiverem sido muito quebradas durante o descascamento deve-se evitar armazenar o produto por muito tempo.

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TORTA DE MAMONA Na ndia, principal pas produtor de mamona do mundo, cerca de 85% da torta de mamona utilizada como fertilizante orgnico. Alm de ser uma excelente fonte de Nitrognio, cuja liberao no to rpida quanto a de fertilizantes qumicos, nem to lenta quanto a de esterco animal, apresenta ainda propriedades inseticida e nematicida (Directorate of Oilseeds Research, 2004). Alguns estudos j demonstraram a rapidez com que a torta de mamona se mineraliza e conseqentemente disponibiliza seus nutrientes. Segundo Jones (1947) entre 75 e 100% do nitrognio da torta de mamona foi nitrificado em trs meses. Severino et al. (2004) demonstraram que a velocidade de mineralizao da torta de mamona, medida pela respirao microbiana, cerca de seis vezes mais rpida que a de esterco bovino e quatorze vezes mais rpida que o bagao de cana. aconselhvel que a torta, mesmo sendo usada como adubo, passe pelo processo de destoxificao e desalergenizao, pois, como relatado por Small (1952), a aplicao deste produto pode causar alergia aos trabalhadores e aos moradores da proximidade para onde a poeira da torta pode ser levada pelo vento, alm de poder provocar intoxicao de animais domsticos. Por outro lado, a destoxificao provavelmente diminua o efeito nematicida do produto que um importante atrativo. A toxidez da mamona j conhecida desde a antiguidade, a qual j foi relatada pelos antigos hebreus, egpcios, persas, gregos e romanos, embora somente na segunda metade do sculo XX se tenha descoberto que sua toxidez e alergenicidade se deviam a diferentes compostos. A toxicidade pode ocorrer por diversas formas de administrao: inalao, injees intramuscular, endovenosa e intraperitoneal e por via oral, que apresenta uma resposta txica menor em relao s demais vias de administrao, devido, possivelmente, aos processos do trato gastrintestinal. A forma de intoxicao mais frequentemente citada para o homem a ingesto acidental das sementes de mamona pelas crianas. Esse efeito toxico causado pela ricina, que liberada das sementes durante a mastigao. Os sintomas clnicos da intoxicao pelas sementes em deres humanos incluem nusea, vmito, dor abdominal intensa, e diarria sanguinolenta, o que conduz a uma desidratao e, nos casos agudos convulses, apneia e coma seguido de morte. Essas substncias podem gerar quadros de conjuntivite, dermatite, faringite e bronquite em pessoas no protegidas. Alm disso, elevados teores em raes podem causar a morte dos animais.

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A torta de mamona, devido ao seu valor protico, pode substituir a torta de soja como alimento animal, significando barateamento de custos para o produtor rural e os fabricantes de raes.

Para isso, porm, ela precisa ser desintoxicada, isto , necessita ter retiradas as substncias txicas e alergnicas presentes nas sementes da mamona. Essas substncias podem gerar quadros de conjuntivite, dermatite, faringite e bronquite em pessoas no protegidas. Alm disso, elevados teores em raes podem causar a morte dos animais. Como ainda no existe um processo para destoxicao da torta de mamona que seja vivel em nvel industrial, mas em nvel experimental sua destoxicao facilmente obtida por tratamentos trmicos, como a autoclavagem. Uma torta de mamona destoxicada chamada Lex Protico j foi comercializada no Brasil na dcada de 60 pela empresa SANBRA. No entanto o processo de produo foi suspenso pela dificuldade no controle da eficincia do processo de destoxicao, ocasionando a liberao de lotes do produto ainda txicos que podiam causar morte de animais (Severino, 2005). Assim, embora atraente para alimentao animal, so trs os componentes que inviabilizam a utilizao da torta para esse fim: ricina, ricinina e CB-1A. Definio de estruso, um processo de tratamento trmico do tipo H.T.S.T que por uma combinao de calor, umidade e trabalho mecnico modifica profundamente as matrias-primas outorfando novas formas e , estruturas com novas caracterstica funcionais e nutricionais. Durante a extruso ocorre um grande nmero de funes entre as quais podemos citar: transporte, moagem, hidratao, cizalhamento, homogeneizao,.mistura, compreso, eliminao de gases, tratamento trmico, gelatinizao de amidos. Desnaturao de protenas, destruio de microorganismos e compostos txicos, compactao, aglomerao, bombeamento, fuso parcial e plastificao da mistura, orientao de molculas ou agregados, moldagem, expanso, formao de poros ou estruturas fibrilares, secado parcial, etc

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GENERALIDADES O leo de mamona, com preos regulados pelas cotaes internacionais, sujeitas s oscilaes de plantio e produo nos pases produtores e na expanso do uso industrial. um produto com demanda inelstica. As cotaes internacionais se refletem imediatamente naqueles preos pagos internamente ao produtor de mamona (SAVY FILHO, 2005). A produo de mamona deve estar focada para a comercializao de leo bruto, atendendo primeiramente a pequena demanda interna e em seguida o mercado externo. No mercado internacional, o leo o principal produto comercializado, constituindo-se em matria-prima industrial utilizada para obteno de inmeros produtos. Embora no Brasil esteja caracterizado um mercado oligopsnico para o leo de mamona, onde um pequeno excesso de oferta pode causar uma grande queda nos preos, o mesmo no se pode dizer do mercado internacional, que ditado por uma srie de fatores, os quais fizeram o preo se elevar desde 2004, devido principalmente reduo da safra americana de soja e o crescente aumento da importao de oleaginosas pela China. A ndia, principal pas produtor, contribui com 68,2%, dominando, consequentemente, a produo de leo. A China encontra-se em segundo lugar, sendo responsvel por 14,6% da produo mundial que totalmente destinada para o prprio consumo, e o Brasil vem em terceiro com 9,2%. Estes trs pases produzem 92% de toda mamona comercializada no mundo. (conab) A produo da ndia o fator de maior peso na definio do preo da mamona. Aumento na rea plantada e no nvel tecnolgico naquele pas foram os preos para baixo, enquanto ocorrncia de secas ou m distribuio das chuvas provocam aumento nas cotaes. O mesmo ocorre em relao a outros pases como China e Brasil, porm em menor escala. Aumento no preo de matrias primas alternativas, como o petrleo, tambm podem interferir no preo do leo de mamona.(Embrapa) De acordo com o 4o levantamento de gros realizado pela Conab em janeiro/09 para a safra 2008/09, a estimativa de produo de mamona em bagas de 130,9 mil toneladas representando acrscimo de 6,1% em relao safra de 2007/08.

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O principal ponto de comercializao de leo de mamona o porto de Rotterdam, na Holanda, onde diariamente feita uma cotao que serve de referncia para todos os pases produtores e consumidores. Os preos so negociados em funo dos estoques dos principais produtores e consumidores e expectativas de produo e consumo. (Embrapa) Os tradicionais compradores do leo de mamona so: Estados Unidos, Frana, Mercado Comum Europeu, Tailndia, China, Japo entre outros. A Frana o nico fabricante da poliamina 11 ou nylon 11, consumindo cerca de 12% da produo mundial de leo somente para esse fim. A semente de mamona geralmente vendida pelo produtor j descascada e ensacada (sacos de 60kg). A venda do leo da mamona diretamente pelo produtor muito rara, pois o processo de extrao em pequena escala ineficiente, sendo vivel apenas para indstrias de maior porte.(Embrapa) A mamona comprada principalmente pela indstria de extrao de leo, seja para produo de biodiesel ou para atender ao mercado de ricinoqumica, que a indstria base de leo de mamona. (Embrapa) A mamoneira desenvolveu-se nas regies Sudeste, Sul e Nordeste do Brasil. Nas regies Sudeste e Sul, para se garantir a competitividade com outros produtos concorrentes tornou-se necessrio o desenvolvimento de tcnicas que facilitassem a mecanizao e o desenvolvimento de variedades mais rentveis. Na safra 2008/2009 o nordeste alcanou uma produo de 1 22,8 mil toneladas, o Brasil produziu 1 30,9 mil toneladas, ou seja, o nordeste produziu aproximadamente 97% da safra nacional. A produo baiana para este perodo foi de 102,8 mil toneladas, o que significa 87% da produo nacional.Esses dados so um indicativo de que a produo brasileira de mamona est concentrada na Regio Nordeste, especialmente no Estado da Bahia. Deve-se destacar, tambm, que a produo desse Estado concentra-se nas microrregies de Irec, Senhor do Bonfim, Jacobina, Seabra e Guanambi.(conab) Brasil A importncia da cultura da mamona na economia da regio semi-rida do nordeste brasileiro, onde vivem comunidades das mais pobres do Brasil (FAO, 2006),

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est em sua capacidade de gerar renda para os agricultores familiares desta extensa rea nordestina, mesmo nas condies de atraso tecnolgico em que ela ainda produzida na Bahia, constituindo-se em fator de sobrevivncia e fixao para a populao rural (PARENTE, 2003). O cenrio existente bastante propcio para incluso dos pequenos agricultores do Nordeste no arranjo produtivo da mamona para atender a grande demanda das usinas de biodiesel j instaladas na regio (PAULA NETO; CARVALHO, 2006). Esta garantia de compra da produo dos agricultores familiares nordestinos tem provocado um crescimento do nmero de agricultores dispostos a produzir mamona (AMORIM NETO et al.,2003). A perda da competitividade do Brasil no mercado Mundial de mamona (SANTOS; KOURI, 2006) explicada pela deficincia do agricultor familiar nordestino em utilizar melhor nvel tecnolgico expresso em termos de uso de insumos industriais (como fertilizantes), sementes melhoradas, ou mesmo melhores sistemas de preparo do solo, plantio, colheita, beneficiamento dos frutos e armazenamento das sementes (AZEVEDO; LIMA, 2001; BELTRO; SILVA, 1999; BELTRO; CARDOSO, 2004). Aliado s deficincias climticas ocorridas na Bahia neste perodo (SAVY FILHO, 2005). Biodiesel e a Mamona Se a produo e consumo de leo de mamona forem ampliados, principalmente em funo do biodiesel, a importncia do Brasil na formao internacional dos preos pode ser ampliada.(Embrapa) O Programa Nacional do Biodiesel, lanado pelo Governo Federal em dezembro de 2004, o qual teve como enfoque a incluso social e o desenvolvimento regional atravs da gerao de emprego e renda, despertou o interesse pelo cultivo da mamona Ricinus communis L. em milhares de agricultores familiares do semirido brasileiro, por ser esta, uma cultura adaptada a regio e uma alternativa no aumento da renda destas famlias. O Programa Nacional de Produo e Uso de Biodiesel (PNPB) um programa interministerial do Governo Federal que objetiva a implementao de forma sustentvel, tanto tcnica, como economicamente, a produo e uso do Biodiesel

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Segundo dados do MDA, a rea de mamona plantada por agricultores familiares vinculados ao PNPB, em2 008, foi de 13 mil hectares. Passou para 46 mil hectares em 2009 e 72 mil hectares em 2010. O Programa brasileiro de biodiesel tem foco em aspectos energticos, ambientais e sociais. No Brasil h muito espao para a produo de biodiesel. O programa brasileiro de biodiesel visa utilizao apenas de terras inadequadas para o plantio de gneros alimentcios. O uso comercial do biodiesel, a partir da mistura de 2% ao diesel de petrleo, cria um mercado interno potencial nos prximos trs anos de pelo menos 800 milhes de litros/ano para o novo combustvel. O biodiesel pode ser utilizado ainda para a gerao e abastecimento de energia eltrica em comunidades isoladas, hoje dependentes de geradores movidos a leo diesel. Nessas regies, podero ser aproveitadas oleaginosas locais. O biodiesel tambm proporcionar mais empregos no campo e na indstria a partir do plantio das matrias-primas, da assistncia tcnica rural, da montagem e operao das plantas industriais para produo, do transporte e da distribuio. Para atender a legislao, a partir de 2008 sero necessrios, anualmente, aproximadamente 800 milhes de litros de biodiesel. O parque industrial brasileiro est se capacitando para atender essa demanda por meio da instalao de unidades distribudas pelo territrio nacional. PIS/COFINS so impostos federais pagos por empresas. O uso comercial do biodiesel ter apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES). O Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Biodiesel prev financiamento de at 90% dos itens passveis de apoio para projetos com o Selo Combustvel Social e de at 80% para os demais projetos. Os financiamentos so destinados a todas as fases de produo do biodiesel, entre elas a agrcola, a de produo de leo bruto, a de armazenamento, a de logstica, a de beneficiamento de sub-produtos e a de aquisio de mquinas e equipamentos homologados para o uso deste combustvel. (www.mme.gov.br)

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Inaugurao de uma das unidades das diversas usinas de produo de biodiesel atravs de vrias matrias primas, esta no Piaui, beneficiadora da Mamona. Ecodiesel a maior produtora de biodiesel no nrasil atualmente. A Petrobras, implantou vrias usinas beneficiadoras de oleaginosas produtoras de biodiesel principalmente no Nordeste do Brasil. Foram assentadas 560 famlias em um ncleo de produo, distribudas em 10 clulas de produo de mamona para abastecimento da unidade industrial da empresa Brasil Ecodiesel instalada em Floriano, no Piau. Alm dessas famlias assentadas no Piau a empresa conta com

aproximadamente 13.000 produtores da agricultura familiar, em cerca de 21.500 hectares espalhados pelo nordeste produzindo mamona em parceria, nos moldes estabelecidos pelo governo. Para incentivar a compra da matria-prima proveniente da agricultura familiar, o Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA) lanou o Selo Combustvel Social. Por intermdio do selo, so conferidos incentivos s empresas que adquirem matriasprimas prioritariamente de agricultores familiares. As indstrias produtoras tambm tero direito a desonerao de alguns tributos, mas devero garantir a compra da matria-prima, preos pr-estabelecidos, oferecendo segurana aos agricultores familiares. H, ainda, possibilidade dos agricultores familiares participarem como scios ou quotistas das indstrias extratoras de leo ou de produo de biodiesel, seja de forma direta, seja por meio de associaes ou cooperativas de produtores. Por outro lado o governo federal pretende, com Programa Brasileiro de esenvolvimento Tecnolgico do Biodiesel (PROBIODIESEL), reduzir o nvel de desemprego e de distribuio de renda no pas com a adoo desse biocombustvel. Essa tendncia em enfocar aspectos socioeconmicos observada na diretriz governamental que determina que 40% da produo nacional de biodiesel tenha como matria prima a mamona, produzida com base na agricultura familiar. (Foster,2004) Para viabilizao do PROBIODIESEL, o Ministrio da Cincia e Tecnologia coordenar uma rede de pesquisa e desenvolvimento tecnolgico para avaliar a

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viabilidade tcnica, scio-ambiental e econmica do mercado brasileiro de biodiesel, visando a sua utilizao no Pas. O PROBIODIESEL ser coordenado pela Secretaria de Poltica Tecnolgica Empresarial deste Ministrio. Em 2008 o petrleo teve uma grande alta no preo, chegando a picos inditos. Diante disso, comeou a dar muito mais importancia as fontes alternativas de combustiveis, pois seu preo refletiu diretamente no consumidor e no bolso dos paises que procuravam cada vez mais alternativas novas e mais baratas para abastecer seu desenvolvimento aquecido. Em 2009, o petrleo despencou de preo, isto afetou diretamente em todos os produtores, desde os de agricultura intensiva at da agricultura familiar. A produo de mamona no Brasil, na safra atual, ser de 146 mil toneladas, 55,8% a mais que no ciclo passado. Segundo estudo da Conab (Companhia Nacional de abastecimento), o resultado se deve, em parte, ao aumento do uso do leo pela indstria em vrios produtos. (Reportagem: Safra de mamona cresce mais de 50% , de 2008) Desde dezembro passado(2008), cerca de 800 mil quilos de mamona colhidos no Cear para a produo de biodiesel esto estocados num depsito em Quixad (a 160 quilmetros de Fortaleza), sujeitos chuva e degradao. A oleaginosa est em sacos com a logomarca BR, da Petrobras, e deveria ter sido usada na Unidade de Produo de Biodiesel de Quixad. (Reportagem :Cenrio de desperdcio em Quixad , de 2009) Motivada pelas boas condies climticas, o ano de 2011 foi de recuperao. O supervisor de Pesquisas Agropecurias do IBGE, lder Costa, estima que o nmero feche em 151 hectares plantados e 103 toneladas produzidas. Entretanto, a representatividade da mamona no total de leguminosas, cereais e oleaginosas no RN menor que 1%. Para efeitode comparao, a Bahia, maior produtor brasileiro, plantou 95,8 mil toneladas em 137,2 mil hectares no ano passado. Com as promessas de compra por bons preos, os agricultores se sentiram trados, e aps a experincia negativa criaram descrena em relao oleaginosa. Os estmulos para fomentar a cadeia produtiva comeam pelo garantia da compra de produo por um preo justo, o que est dentro do Programa do Biodiesel.

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Na anlise dos especialistas, acompanhamento tcnico adequado, distribuio de sementes com potencial de produtividade, e uma colheita/armazenagem ideal garantiriam segurana ao agricultor. A Petrobras busca firmar contratos de cinco anos com os produtores dando a contrapartida financeira, porm a estatal defende que o governo estadual participe mais ativamente do processo. A mamona est diretamente ligada a todos esses fatores, diante que, conforme os preos, os tratados e a necessidade de novas energias ganham enfoque, sua produo ganha esperanas e desenvolve regies que possuem seu plantio de longas datas.

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