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https://doi.org/10.1590/1980-549720210013.supl.

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE

Fatores associados às doenças cardiovasculares


na população adulta brasileira:
Pesquisa Nacional de Saúde, 2019
Factors associated with cardiovascular disease in the Brazilian adult
population: National Health Survey, 2019
Crizian Saar GomesI , Renata Patrícia Fonseca GonçalvesII , Alanna Gomes da SilvaIII ,
Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de SáIII , Francielle Thalita Almeida AlvesIV ,
Antonio Luiz Pinho RibeiroV , Deborah Carvalho MaltaI,III,VI

RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência e investigar os fatores sociodemográficos, de saúde e estilo de vida
associados ao diagnóstico autorreferido de doença cardiovascular na população adulta brasileira. Métodos:
Analisaram-se dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019). A presença de doença cardiovascular foi autorreferida
por meio da pergunta: “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de uma doença do coração?”. Avaliaram-se
fatores sociodemográficos, condições de saúde e estilo de vida. Para analisar os dados, utilizou-se a regressão
de Poisson com variância robusta. Resultados: 5,3% (IC95% 5,04–5,57) dos adultos brasileiros referiram doença
cardiovascular, destes, 29,08% (IC95% 27,04–31,21) realizaram cirurgia de revascularização miocárdica ou
angioplastia coronariana e 8,26% (IC95% 7,09–9,60) relataram limitação intensa nas atividades habituais pela
doença cardiovascular. Os fatores associados à doença cardiovascular foram idade avançada; ser do sexo masculino;
raça/cor branca; ter ensino fundamental completo e médio incompleto; possuir plano de saúde; autoavaliar a
saúde como regular ou ruim/muito ruim; autorrelatar hipertensão, colesterol alto e diabetes; ser ex-fumante;
consumir frutas e hortaliças conforme o recomendado; não consumir álcool de forma abusiva; não praticar
atividade física no lazer. Conclusões: A doença cardiovascular está associada a fatores sociodemográficos, de
saúde e estilos de vida. Torna-se importante apoiar políticas públicas, programas e metas para reduzir doenças
cardiovasculares no Brasil, especialmente nos grupos mais vulneráveis.
Palavras-chave: Doenças cardiovasculares. Fatores de risco. Inquéritos epidemiológicos. Brasil.

I
Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG), Brasil.
II
Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – Diamantina (MG), Brasil.
III
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG), Brasil.
IV
Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG), Brasil.
V
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG), Brasil.
VI
Departamento Materno Infantil, Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG), Brasil.
Autor correspondente: Crizian Saar Gomes. Avenida Professor Alfredo Balena, 190, Santa Efigênia, Belo Horizonte (MG) Brasil.
E-mail: [email protected]
Conflito de interesse: nada a declarar. Fonte de financiamento: Fundo Nacional de Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Ministério da Saúde (TED: 66/2018). CNPQ pela bolsa produtividade da Dra. Malta DC. Dr. Ribeiro recebe auxílios do CNPq
(310679/2016-8 e 465518/2014-1) e da FAPEMIG (PPM-00428-17 eRED-00081-16).
Comitê de ética: A Pesquisa Nacional de Saúde foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da
Saúde, sob parecer no 3.529.376 (2019).

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GOMES, C.S. ET AL.

ABSTRACT: Objective: to estimate the prevalence and investigate the sociodemographic, health, and lifestyle factors
associated with the self-reported diagnosis of Cardiovascular Disease (CVD) in the adult Brazilian population.
Methods: Data from the National Health Survey (PNS 2019) were analyzed. The presence of CVD was self-reported
through the question: “Has any doctor ever given you a diagnosis of heart disease?”. Sociodemographic factors,
health conditions, and lifestyle were evaluated. For data analysis, Poisson Regression with robust variance was
used. Results: 5.3% (95%CI 5.04–5.57) of Brazilian adults reported CVD, of which, 29.08% (95%CI 27.04–31.21)
underwent coronary artery bypass surgery or angioplasty and 8.26% (95%CI 7.09–9.6) reported severe limitation
in usual activities due to CVD. The factors associated with CVD were advanced age; being male; white race/
color; complete middle school and incomplete high school education; have health insurance; self-assessing health
as regular or bad/very bad; self-reported hypertension, high cholesterol, and diabetes; being a former smoker;
consuming fruits and vegetables as recommended; not consuming alcohol in excess; and not practicing leisure-
time physical activity. Conclusions: CVD is associated with sociodemographic, health, and lifestyle factors. It is
important to support public policies, programs, and goals for the reduction of cardiovascular diseases in Brazil,
especially in the most vulnerable groups.
Keywords: Cardiovascular diseases. Risk factors. Health surveys. Brazil

INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de mortalidade no Brasil e no
mundo, além de ocasionar aumento da morbidade, mortalidade prematura, incapacidades,
perda da qualidade de vida e dos custos diretos e indiretos à saúde1.
De acordo com as estimativas do estudo Global Burden of Disease (GBD), globalmente, os
casos prevalentes de DCV aumentaram de forma significativa entre 1990 e 2019, passando de 271
milhões para 523 milhões, respectivamente2. Houve também aumento do número de mortes por
DCV de 12,1 milhões em 1990 para 18,6 milhões, em 2019. Soma-se ainda o crescimento das ten-
dências globais para os anos vividos com incapacidade (years lived with disability – YLD), que dobra-
ram ao longo desses anos, de 17,7 milhões para 34,4 milhões2. No Brasil, o cenário é semelhante,
as DCV constituem a primeira causa de óbitos desde a década de 19903. Houve um crescimento
da mortalidade, passando de 270 mil em 1990 para 400 mil mortes em 2019, o que corresponde a
48% do total de óbitos3. Essas doenças também são as principais causas de anos de vida perdidos
ajustados por incapacidade (disability-adjusted life of years – DALY). Em 1990, provocaram 7.006.214
de DALY, e, em 2019, houve um aumento para 8.861.401 (27% do total de DALY)3.
O aumento das DCV está relacionado com o envelhecimento da população e com os fato-
res de risco clássicos, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, obesidade, seden-
tarismo, tabagismo, dieta inadequada, estresse e histórico familiar1. Ademais, as questões
sociodemográficas, étnicas, culturais, dietéticas e comportamentais são fortes preditores de
causalidade, morbidade e mortalidade prematura e podem também explicar as diferenças
na carga de DCV entre as populações e suas tendências ao longo dos anos1.

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Para prevenir as DCV, torna-se necessário o fortalecimento das medidas de proteção e de


promoção da saúde, especialmente aquelas que promovem os hábitos de vida saudáveis, o
acesso às medidas para prevenção primária e secundária de DCV, associados ao tratamento
de eventos cardiovasculares1. Além disso, o monitoramento, a vigilância dos fatores de risco
e as ações integradas devem ser prioritários para enfrentar essas doenças, por permitirem,
com base em evidências, o desenvolvimento de estratégias com maior custo-efetividade4.
Destaca-se também a importância das políticas sociais e econômicas, com vistas a reduzir as
desigualdades e garantir o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde5,6.
Um estudo realizado no Brasil, em 2013, evidenciou maior ocorrência de DCV em pessoas
do sexo feminino, idosos, portadores de hipertensão, diabetes, dislipidemias, sobrepeso, obe-
sidade e com comportamentos não saudáveis, como tabagismo e inatividade física7. Contudo
tem-se observado tendência de aumento da prevalência das DCV8 e mudanças no comporta-
mento de alguns fatores de risco6,8. Um estudo evidenciou que, entre 2006 e 2014, houve redu-
ção de fumantes e aumento da obesidade, do consumo de frutas e hortaliças, de atividade física
e do uso de álcool. No entanto, a partir de 2015, o cenário alterou, ocorrendo redução do con-
sumo de frutas e hortaliças, estabilidade da prática de atividade física e aumento do consumo
abusivo de álcool6. Cabe destacar que, a partir de meados de 2014, ocorreram crises econômi-
cas e políticas no Brasil e foram implementadas políticas de austeridade, como a aprovação da
Emenda Constitucional no 95 (EC95)9, que resultaram na diminuição dos investimentos em
políticas sociais e de saúde, aumento das desigualdades, além de redução da oferta de bens e
serviços de saúde, agravamento das comorbidades e impactos nas taxas de mortalidade10-13.
Nesse sentido, torna-se necessário monitorar a prevalência das DCV e seus fatores de
risco nos adultos brasileiros, especialmente em um cenário de instabilidade político-econô-
mica e social. Portanto, o presente estudo objetivou estimar a prevalência e investigar os
fatores sociodemográficos, de saúde e estilo de vida associados ao diagnóstico autorreferido
de DCV na população adulta brasileira.

MÉTODOS
Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, que é um
inquérito de base populacional, representativo da população brasileira, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde (MS)14.
O questionário da PNS foi dividido em três partes:
1. Informações do domicílio;
2. Informações de todos os moradores; e
3. Informações sobre um indivíduo selecionado aleatoriamente.

A população-alvo da PNS de 2019 consistiu em indivíduos com 15 anos ou mais de idade,


residentes em domicílios particulares permanentes. A amostra foi por conglomerados em
três estágios, sendo os setores censitários a unidade primária, os domicílios a secundária e

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um morador com 15 anos ou mais a terciária. Os domicílios e os moradores foram selecio-


nados por amostragem aleatória simples. O tamanho mínimo definido para a amostra foi
de 108.525 domicílios, e a amostra final foi de 94.114 domicílios com entrevista realizada,
com uma taxa de resposta de 93,6%14. Para as análises do presente estudo, excluíram-se os
indivíduos abaixo de 18 anos, totalizando 88.531 indivíduos. Maiores detalhes sobre a meto-
dologia da PNS podem ser obtidos em publicações anteriores14,15.
O diagnóstico de DCV foi autorreferido e avaliado pela questão: “Algum médico já lhe deu o
diagnóstico de uma doença do coração, tais como infarto, angina, insuficiência cardíaca ou outra?”.
Consideraram-se como portadores de DCV os indivíduos que responderam “SIM” para essa questão.
Para os indivíduos que relataram o diagnóstico de DCV, avaliaram-se as seguintes per-
guntas: idade no primeiro diagnóstico de DCV; realização de cirurgia de ponte de safena ou
cateterismo com colocação de stent ou angioplastia; grau de limitação nas atividades habi-
tuais por doença cardíaca; cuidados por DCV (realização de dieta; prática de atividade física
regular; uso regular de medicamentos; acompanhamento regular com profissional de saúde).
No que diz respeito aos fatores associados, avaliaram-se os seguintes fatores:
a. Características sociodemográficas:
• Sexo: masculino e feminino;
• Faixa etária: 18 a 24, 25 a 39, 40 a 59 e 60 ou mais;
• Escolaridade: sem instrução e fundamental completo, fundamental completo e
médio incompleto, médio completo e superior incompleto e superior completo;
• Raça/cor: branca, parda, preta e outras (amarela e indígena);
• Renda em salários mínimos (SM): até 1 SM, 1 a 3 SM, 3 a 5 SM e 5 ou mais SM;
• Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste;
• Posse de plano de saúde: sim ou não.

b. Condições de saúde:
• Autoavaliação do estado de saúde: bom/ muito bom, regular e ruim/ muito ruim;
• Diagnóstico autorreferido de hipertensão arterial: sim, não;
• Diagnóstico autorreferido de diabetes: sim, não;
• Diagnóstico autorreferido de colesterol alto: sim, não;
• Estado nutricional: eutróficos (índice de massa corporal – IMC <25 kg/m2);
sobrepeso (IMC entre 25 e 29 kg/m2); obesidade (IMC ≥30kg/m2)16. O IMC foi
calculado com base no relato de medidas de peso e altura.

c. Estilo de vida:
• Tabagismo: não fumante, ex-fumante e fumante;
• Consumo abusivo de bebida alcoólica: sim, não. Considerou-se abusivo o consumo
de cinco ou mais doses em uma única ocasião14;
• Consumo recomendado de frutas e hortaliças (FH): sim, não. Considerou-se
recomendado o consumo de FH em, pelo menos, 25 vezes por semana, tendo
um consumo mínimo de cinco frutas (inclusive suco) e cinco hortaliças14;

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

• Consumo de alimentos ultraprocessados: sim ou não. Considerou-se “sim” o


relato de consumo, no dia anterior à entrevista, de pelo menos cinco grupos dos
seguintes alimentos industrializados: refrigerante; suco de fruta em caixinha ou
lata ou refresco em pó; bebida achocolatada ou iogurte com sabor; salgadinho de
pacote ou biscoito/bolacha salgado; biscoito/bolacha doce ou recheado ou bolo
de pacote; sorvete, chocolate, gelatina, flan ou outra sobremesa industrializada;
salsicha, linguiça, mortadela ou presunto; pão de forma, de cachorro-quente ou
de hambúrguer; margarina, maionese, ketchup ou outros molhos industrializados;
macarrão instantâneo, sopa de pacote, lasanha congelada ou outro prato congelado
comprado pronto industrializado14;
• Ingestão elevada de sal: sim, não. Considerou-se elevada quando os indivíduos
responderam “muito alto” ou “alto” à pergunta: “Considerando a comida preparada
na hora e os alimentos industrializados, o(a) Sr.(a) acha que o seu consumo de sal é...”;
• Atividade física suficiente no lazer (AFL): sim; não. Consideraram-se ativos no
lazer os indivíduos que relataram praticar pelo menos 150 minutos semanais de
intensidade leve ou moderada ou 75 minutos semanais de intensidade vigorosa17.

Para descrever os dados, calcularam-se as proporções e os intervalos de confiança de


95% (IC95%). Na verificação dos possíveis fatores associados a DCV, usou-se como medida
de associação a razão de prevalência (RP), obtida por meio da regressão de Poisson com
variância robusta. Incluíram-se no modelo multivariado as variáveis que apresentaram valor
p<0,20 nas análises brutas. No modelo final, consideraram-se fatores associados as variá-
veis com valor de p≤0,05.
Todas as análises foram realizadas no software Data Analysis and Statistical Software (Stata)
versão 14, empregando-se o módulo survey que considera os pesos de pós-estratificação.
A PNS 2019 foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do
MS, sob parecer número 3.529.376. A participação do adulto na pesquisa foi voluntária e
a confidencialidade das informações garantida14. Os dados da PNS 2019 estão disponíveis
para acesso e uso público no repositório do IBGE (https://www.ibge.gov.br/estatisticas/
sociais/saude/9160-pesquisa-nacional-de-saude.html?=&t=download0s).

RESULTADOS
Avaliaram-se 88.531 indivíduos com idade acima de 18 anos. Destes, 5,3% (IC95% 5,0–5,6)
relataram diagnóstico médico de DCV. A idade média do primeiro diagnóstico médico de DCV
foi 46,7 anos (IC95% 45,6–47,9). Entre os adultos que referiram DCV, 29,1% (IC95% 27,0–31,2)
realizaram cirurgia de ponte de safena ou angioplastia e 8,3% (IC95% 7,1–9,6) relataram limi-
tação intensa nas atividades habituais pela DCV. No que se refere aos cuidados em saúde dada
a DCV, 43,7% reportaram realizar dieta, 26,2% praticar AFL, 69,1% usar medicamentos e
69,9% fazer acompanhamento regular com um profissional de saúde (Material suplementar 1).

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A Tabela 1 apresenta a prevalência de DCV segundo características sociodemográficas,


condições de saúde e relacionadas ao estilo de vida. Verificou-se maior prevalência de DCV
entre as mulheres (5,6%); pessoas acima de 60 anos (13,1%); indivíduos com baixa escola-
ridade (7,8%); de cor/raça branca (6,1%); que recebem de 3 a 5 SM (6,1%); moradores da
Região Sul (6,8%). Quanto às características de saúde e comportamentais, a maior preva-
lência de DCV foi entre aqueles que possuem plano de saúde (6,2%); avaliam a saúde como
ruim ou muito ruim (17,1%); portadores de hipertensão (13,6%), diabetes (15,4%), coles-
terol alto (13,4%), obesidade (7,0%); ex-fumantes (7,9%); com consumo recomendado de
frutas e hortaliças (7,2%); que não fazem uso abusivo de bebidas alcóolicas (5,9%); não têm
ingestão elevada de sal (5,4%); não são fisicamente ativos no lazer (6,1%).
No modelo multivariado, observou-se que a maior prevalência de DCV está associada
à idade de 60 anos ou mais (RP=2,8; IC95% 1,8–4,4); ter ensino fundamental completo a
médio incompleto (RP=1,2; IC95% 1,0–1,4); ter plano de saúde (RP=1,4; IC95% 1,2–1,6);
autoavaliação de saúde como regular (RP=2,0; IC95% 1,8–2,3) ou ruim/muito ruim (RP=3,1;
IC95% 2,7–3,6); hipertensão (RP=2,3; IC95% 2,0–2,5), colesterol alto (RP=1,7; IC95% 1,5–
1,9) e diabetes (RP=1,2; IC95% 1,1–1,3); consumo de frutas e hortaliças (RP=1,2; IC95%
1,1–1,4); ser ex-fumante (RP=1,2; IC95% 1,1–1,3). Em contrapartida, ser do sexo feminino
(RP=0,8; IC95% 0,7–0,9), da raça/cor parda (RP=0,8; IC95% 0,7–0,9) ou preta (RP=0,8;
IC95% 0,7–0,9), uso abusivo de álcool (RP=0,7; IC95% 0,6–0,9) e prática de AFL (RP=0,8;
IC95% 0,7–0,9) estavam associados à menor prevalência de DCV (Tabela 2).

DISCUSSÃO
Este estudo identificou que aproximadamente 1 a cada 20 adultos brasileiros apresentou
DCV, mostrando que o diagnóstico autorreferido da doença foi frequente no país. Cerca de
um terço realizou cirurgia de revascularização miocárdica e/ou angioplastia coronariana e
cerca de um décimo referiu limitação intensa. Os fatores associados positivamente às DCV
foram: idade avançada; ter ensino fundamental completo e médio incompleto; possuir plano
de saúde; autoavaliar a saúde como regular ou ruim/muito ruim; autorrelatar hipertensão,
colesterol alto e diabetes; ser ex-fumante; consumir frutas e hortaliças conforme o recomen-
dado. Em contrapartida, as menores prevalências de DCV foram entre as mulheres, aque-
les com cor/raça parda e preta; que consomem álcool de forma abusiva e praticam AFL.
No presente estudo, na análise bivariada as mulheres apresentaram maior prevalência
de DCV, no entanto, no modelo multivariado, observou-se maior prevalência de DCV nos
homens. Apesar de alguns estudos evidenciarem maiores prevalências de DCV nas mulhe-
res18,19, a maioria dos estudos aponta fatores de risco mais elevados, como tabagismo, ali-
mentação inadequada20-22, hipertensão arterial aferida23, entre homens, o que tem sido expli-
cado por questões comportamentais e culturais e maior acesso aos serviços de saúde, aos
cuidados com a saúde e adesão às práticas de promoção e prevenção entre as mulheres24-26.
Ademais, a taxa de mortalidade, a perda de anos de vida saudáveis e as incapacidades pela

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Tabela 1. Prevalência e razão de prevalência bruta para doenças cardiovasculares, segundo características
sociodemográficas, condições clínicas e estilos de vida, Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019.
DCV autorreferida
Variáveis
% IC95% RP IC95% Valor p

Total 5,3 5,0–5,6

Sexo

Masculino 4,9 4,6–5,3 1,00

Feminino 5,6 5,3–6,0 1,13 1,3–1,3 0,010

Faixa etária anos

18 a 24 1,4 0,9–2,2 1,00

25 a 39 1,9 1,6–2,3 1,40 0,9–2,2 0,160

40 a 59 4,8 4,4–5,2 3,40 2,2–5,3 <0,001

60 ou mais 13,1 12,4–13,9 9,40 6,1–14,6 <0,001

Escolaridade

Sem instrução e
7,8 7,4–8,3 1,00
fundamental incompleto

Fundamental completo e
4,8 4,2–5,5 0,60 0,5–0,7 <0,001
médio incompleto

Médio completo e superior


3,5 3,1–3,9 0,40 0,4–0,5 <0,001
incompleto

Superior completo 4,3 3,7–4,8 0,50 0,5–0,6 <0,001

Raça/cor

Branco 6,1 5,7–6,6 1,00

Preto 4,8 4,2–5,5 0,80 0,7–0,9 <0,001

Pardo 4,6 4,3–5,0 0,80 0,7–0,8 0,002

Outros amarela/indígena 5,2 3,2–8,3 0,90 0,5–1,4 0,500

Renda

até 1 salário mínimo 4,9 4,6–5,1 1,00

1 a 3 salários mínimos 5,6 5,2–6,0 1,10 1,0–1,3 0,020

3 a 5 salários mínimos 6,1 5,1–7,3 1,20 1,0–1,5 0,040

5 ou mais salários mínimos 5,8 4,9–6,8 1,30 1,0–1,4 0,080


Continua...

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Tabela 1. Continuação.
DCV autorreferida
Variáveis
% IC95% RP IC95% Valor p
Região
Norte 3,3 2,8–3,8 1,00
Nordeste 4,1 3,8–4,4 1,20 1,0–1,5 0,015
Sudeste 6,0 5,5–6,6 1,80 1,5–2,2 <0,001
Sul 6,8 6,2–7,4 2,10 1,7–2,5 <0,001
Centro-Oeste 4,8 4,2–5,4 1,40 1,2–1,8 <0,001
Plano de saúde
Não 4,9 4,7–5,4 1,00
Sim 6,2 5,7–6,8 1,30 1,1–1,4 <0,001
Avaliação do estado de saúde
Bom/muito bom 2,8 2,6–3,0 1,00
Regular 8,8 8,2–9,4 3,20 2,9–3,5 <0,001
Ruim/muito ruim 17,1 15,6–18,8 6,10 5,4–6,9 <0,001
Hipertensão
Não 2,7 2,5–2,9 1,00
Sim 13,6 12,8–14,4 5,00 4,6–5,5 <0,001
Diabetes
Não 4,5 4,2–4,7 1,00
Sim 15,4 14,1–16,9 3,50 3,1–3,9 <0,001
Colesterol elevado
Não 3,9 3,7–4,2 1,00
Sim 13,4 12,4–14,5 3,40 3,1–3,8 <0,001
Estado nutricional
Eutrófico 4,6 4,2–5,0 1,00
Sobrepeso 5,3 4,9–5,7 1,20 1,0–1,3 0,020
Obesidade 7,0 6,4–7,8 1,50 1,4–1,8 <0,001
Tabagismo
Não fumante 4,3 4,0–4,6 1,00
Ex-fumante 7,9 7,4–8,5 1,85 1,7–2,0 <0,001
Fumante 4,6 4,0–5,3 1,07 0,9–1,3 0,410
Continua...

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Tabela 1. Continuação.
DCV autorreferida
Variáveis
% IC95% RP IC95% Valor p
Consumo recomendado de frutas e hortaliças

Não 5,0 4,7–5,3 1,00

Sim 7,2 6,5–8,1 1,40 1,3–1,6 <0,001

Consumo alimentos ultraprocessados

Não 5,2 4,9–5,5 1,00

Sim 5,7 5,2–6,2 1,1 1,0–1,2 0,110

Consumo abusivo de bebidas alcoólicas

Não 5,9 5,6–6,2 1,00

Sim 2,5 2,1–3,0 0,4 0,4–0,5 <0,001

Ingestão elevada de sal

Não 5,4 5,1–5,7 1,00

Sim 4,5 3,9–5,2 0,8 0,7–1,0 0,020

Ativo no lazer

Não 6,1 5,8–6,5 1,00

Sim 3,4 3,1–3,8 0,6 0,5–0,6 <0,001


DCV: doenças cardiovasculares; RP: razão de prevalência.

DCV mostram-se mais elevadas entre homens3,18,27. Assim, considera-se consistente com a
literatura maior prevalência de DCV entre homens.
Como em outras pesquisas2,7,28, o presente estudo identificou maiores prevalências de
DCV com o aumento da idade, com maior magnitude na faixa etária com 60 anos ou mais.
A associação entre avanço da idade e aumento progressivo da DCV é fundamentada na lite-
ratura especialmente pelas alterações inerentes da senescência29,30. Além disso, a progressão
da longevidade também pode proporcionar maior tempo de exposição a fatores de risco
como poluição, tabagismo, alimentação não saudável e sedentarismo31, podendo contribuir
para desenvolver as DCV32. Ademais, os idosos utilizam mais os serviços de saúde, o que
pode contribuir para o diagnóstico de DCV25,33,34.
A menor prevalência de DCV em pessoas das raças preta e parda manteve-se em conformi-
dade com os resultados de estudos com dados da PNS de 20137. Embora tenham se apresen-
tado como fator de proteção, é importante destacar a existência de disparidades étnico-raciais na
saúde cardiovascular35, em que os indivíduos negros têm maiores riscos de mortalidade do que
brancos36. No Brasil, as disparidades socioeconômicas e culturais podem levar a diferenças nos
fatores de risco segundo raça/cor20. Um estudo identificou a maior ocorrência de fatores de risco

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GOMES, C.S. ET AL.

Tabela 2. Modelo multivariado dos fatores associados às doenças cardiovasculares, Pesquisa


Nacional de Saúde, Brasil, 2019.
Variáveis RP IC95% Valor p
Sexo
Masculino 1,00
Feminino 0,80 0,7–0,9 <0,001
Faixa etária anos
18 a 24 1,00
25 a 39 1,20 0,7–1,9 0,500
40 a 59 1,70 1,1–2,6 0,020
60 anos ou mais 2,80 1,8–4,4 <0,001
Raça/cor
Branco 1,00
Parda 0,80 0,7–0,9 <0,001
Preta 0,80 0,7–0,9 0,010
Escolaridade
Sem instrução e fundamental incompleto 1,00
Fundamental completo e médio incompleto 1,20 1,0–1,4 0,045
Médio completo e superior incompleto 1,00 0,9–1,2 0,758
Superior completo 1,10 0,9–1,3 0,512
Plano de saúde
Não 1,00
Sim 1,40 1,2–1,6 <0,001
Avaliação do estado de saúde
Bom/muito bom 1,00
Regular 2,00 1,8–2,3 <0,001
Ruim/muito ruim 3,10 2,7–3,6 <0,001
Hipertensão
Não 1,00
Sim 2,30 2,0–2,5 <0,001
Colesterol elevado
Não 1,00
Sim 1,70 1,5–1,9 <0,001
Continua...

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Tabela 2. Continuação.
Variáveis RP IC95% Valor p
Diabetes

Não 1,00

Sim 1,20 1,1–1,3 0,010

Tabagismo

Não fumante 1,00

Ex-fumante 1,20 1,1–1,3 <0,001

Fumante 1,00 0,9–1,2 0,770

Consumo recomendado de frutas e hortaliças

Não 1,00

Sim 1,20 1,1–1,4 0,002

Uso de álcool

Não 1,00

Sim 0,70 0,6–0,9 <0,001

Atividade física no lazer

Não 1,00

Sim 0,80 0,7–0,9 <0,001


RP: razão de prevalência.

cardiovascular em negros e pardos, como hipertensão arterial, pior padrão alimentar e inatividade
física20. Assim, as possíveis explicações para os resultados do presente estudo devem-se ao maior
acesso da população branca aos serviços de saúde, oportunizando mais diagnósticos de DCV25
e mais uso de procedimentos terapêuticos para definir a presença de DCV, e também pelo efeito
do viés de sobrevivência, com a ocorrência de eventos fatais em negros e pardos, reforçando a
importância de estudos no país para elucidar essa temática nas populações mais vulneráveis.
Embora melhorias de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) tenham acontecido em
todo Brasil, neste estudo, indivíduos com posse de plano de saúde apresentaram maiores
prevalência de DCV. Sabe-se que a utilização do serviço é determinada por uma necessidade
percebida pelo usuário, decorrente de sua situação de saúde ou conhecimento prévio de
doença37. Dessa forma, os dados aqui descritos podem refletir a maior facilidade de acesso
ao diagnóstico médico pela população detentora de planos de saúde. Ressalta-se que, na
PNS realizada em 2013, indivíduos sem posse de plano de saúde, com ou sem doenças crô-
nicas não transmissíveis (DCNT), também tiveram menor prevalência de uso de serviços,
internação e consulta médica37,38. Esses achados reforçam a necessidade de investimentos
no SUS, para sanar essas diferenças em segmentos sociais da população37.

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GOMES, C.S. ET AL.

O estudo atual mostrou que os indivíduos com autoavaliação de saúde ruim/muito ruim
apresentaram maior prevalência de DCV. Os dados encontrados na presente pesquisa corro-
boram estudos anteriores em que a maioria dos indivíduos com DCV relatou pior percepção
do seu estado de saúde7,39. O indicador autoavaliação ruim da saúde é um forte preditor de
morbimortalidade e piores desfechos em saúde40. Destaca-se que esse indicador produz uma
autoclassificação do indivíduo e mostra também o seu entendimento e percepção da doença,
considerando-se sinais e sintomas, gravidade, riscos, incapacidades e impactos em seu bem-
-estar físico, mental e social41. Estudos mostram a associação positiva entre a autoavaliação e
autopercepção regular e ruim com as DCV42,43. Assim, indivíduos com DCV tiveram 2,5 vezes
a chance de avaliar o seu estado de saúde ruim42; com angina tiveram a chance de autoper-
cepção ruim de saúde de 2,17 vezes; com insuficiência cardíaca a chance foi 5,21 vezes; e com
infarto agudo do miocárdio 5,77 vezes43.
As condições clínicas autorrelatadas, como hipertensão, diabetes e colesterol alto, apresenta-
ram-se, neste estudo, como fatores de risco para o diagnóstico de DCV. A presença desses fatores
de risco causa efeitos deletérios sobre o sistema cardiovascular, com impactos negativos na saúde,
reforçando a causalidade múltipla das DCV44-47. Na hipertensão, o risco atribuível por elevação
progressiva da pressão arterial é de aproximadamente 60% para acidente vascular cerebral e 50%
para doença arterial coronariana (DAC)45,47. No diabetes, há maior risco de mortalidade por DCV,
e as manifestações cardiovasculares mais comuns incluem insuficiência cardíaca, doença arterial
periférica e DAC44. Já as dislipidemias cursam com risco aumentado de DCV ateroscleróticas46.
Nesse contexto, é imperativo a contenção de fatores de riscos modificáveis com a implementação
de intervenções, como acesso a tratamentos farmacológicos e não farmacológicos precoces29,48.
Ressalta-se a importância da prevenção dessas comorbidades, não só para melhorar a condição
de vida dos indivíduos, mas também para diminuir a carga global de DCNT na população29.
No que tange ao estilo de vida da população brasileira, evidências indicam aumento propor-
cional das DCV em função do crescimento dos quatro principais fatores de risco, que incluem
uso do tabaco, alimentação não saudável, inatividade física e consumo excessivo de bebidas
alcoólicas47. Apesar de a prevalência do tabagismo no Brasil ter reduzido nas últimas décadas,
ainda se tem uma elevada carga de doença associada a esse fator de risco21,49. No atual estudo,
há uma possível explicação para a maior prevalência e associação positiva entre ex-fumantes
e DCV, estando relacionada ao fato de essas pessoas terem cessado o hábito de fumar em fun-
ção do diagnóstico médico de DCV, aderindo a mudanças de comportamentos dadas as orien-
tações recebidas sobre os malefícios do tabagismo1, configurando um efeito de causalidade
reversa. Esse mesmo efeito, possivelmente, ocorreu em relação à associação positiva de DCV
com o uso de álcool e naqueles indivíduos que apresentaram consumo recomendado de FH,
sugerindo-se possível mudança no estilo de vida, com melhoria no padrão alimentar e dimi-
nuição do consumo de álcool após o diagnóstico da doença. Isso também pode demostrar
maior compreensão da doença e seus riscos, bem como da importância de adoção de hábitos
saudáveis pelos participantes para prevenir piores desfechos clínicos1.
Um resultado importante deste estudo foi o efeito positivo da AFL como fator prote-
tor para DCV. A atividade física regular associa-se inversamente à mortalidade por todas as

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FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

causas (entre essas, as cardiovasculares), configura fator de proteção para as DCNT e con-
tribui para melhoria da qualidade de vida, do bem-estar físico e mental, além de auxiliar
no controle do peso1,22.
Devem ser consideradas algumas limitações do estudo, como a impossibilidade de estabe-
lecer relação de causalidade, por se tratar de um estudo transversal. Embora seja frequente
na literatura a investigação de DCV, que inclui as patologias cardíacas e cerebrovasculares,
o presente estudo analisou somente as doenças do coração. Outro ponto que merece ser
destacado é o fato de a PNS de 2019 coletar informações autorreferidas, o que pode estar
sujeito a viés de informação, gerando estimativas menos precisas. Contudo se destaca que
a PNS apresenta grande rigor metodológico, sendo a generalização dos resultados segura
para estimativas nacionais. Ainda, utilizou-se critério teórico para as análises, e emprega-
ram-se métodos estatísticos robustos.
Apesar das limitações apresentadas, este estudo avança em achados sobre os fatores associados
a DCV com dados de pesquisa robusta e de representatividade nacional em período posterior
às políticas de austeridade econômica. Nesse sentido, é também relevante como uma análise
anterior à pandemia da COVID-19, o que servirá de base na comparação de futuros estudos.
Os resultados mostraram que a prevalência de DCV foi de aproximadamente 5% da
população adulta brasileira. A DCV esteve associada a fatores sociodemográficos (sexo mas-
culino, idade elevada, raça/cor branca, escolaridade média e posse de plano de saúde), de
saúde (autoavaliação da saúde como regular ou ruim/muito ruim e diagnóstico de hiper-
tensão, colesterol alto e diabetes) e relacionados ao estilo de vida (ex-fumante, consumo
de frutas e hortaliças, uso de álcool e inatividade física). Essas informações podem apoiar
políticas públicas, programas e metas para reduzir as DCV no Brasil, especialmente nos
grupos mais vulneráveis.

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Recebido em: 31/05/2021 Escrita – primeira redação, Escrita – revisão e edição,


Revisado em: 09/07/2021 Validação. Silva, A. G.: Conceituação, Escrita – primeira
Aceito em: 13/07/2021 redação, Escrita – revisão e edição, Validação. Sá, A. C. M.
Preprint em: 15/09/2021 G. N.: Conceituação, Escrita – primeira redação, Escrita –
https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/ revisão e edição, Validação. Alves, F. T. A.: Conceituação,
preprint/view/2927 Escrita – primeira redação, Escrita – revisão e edição,
Validação. Ribeiro, A. L, P: Conceituação, Escrita –
Contribuição dos autores: Gomes, C. S.: Análise formal, revisão e edição, Validação. Malta, D. C.: Conceituação,
Conceituação, Escrita – primeira redação, Escrita – revisão Curadoria de dados, Escrita – primeira redação, Escrita –
e edição, Validação. Gonçalves, R. P. F.: Conceituação, revisão e edição, Obtenção de financiamento, Validação.

© 2021 Associação Brasileira de Saúde Coletiva


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REV BRAS EPIDEMIOL 2021; 24: E210013.SUPL.2

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