Módulo 3, Aula 9
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Tem sido proposto como solução para o problema da tutela dos credores das
sociedades comerciais, SPQ ou SA, em determinados grupos de casos (nos quais se
entende que ao comportamento dos sócios deve corresponder a perda do beneficio
da limitação da responsabilidade – para aqueles casos em que se entende que os
sócios agiram em prejuízo do ente societário e, reflexamente, dos seus credores).
Na Alemnha, Rolf Serick foi o percursor para a introdução dos grupos de casos os
quais justificam a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica (variam
consoante de avaliação do juiz):
Soluções:
- aplicação do CSC art.501 analogicamente
- desconsideração da personalidade jurídica (escolha da Escola da Lisboa, mas a
professora Maria de Fatima Ribeiro não a concorda!! => a tutela dos credores deve
ser assegurada pelo recurso às regras que consagram a responsabilidade dos
membros do órgão de administração (art.72 CSC etc.) e daqueles que estabelecem
a possível responsabilidade solidaria do sócio controlador (art.83 n.3-4 CSC etc.)
2) subcapitalização
A situação em que os sócios colocam ao dispor da sociedade, que constituem,
meios de financiamento manifestamente insuficientes para a prossecução da
atividade econômica que constitui o seu objeto social, sem que essa insuficiência
seja compensada por empréstimos (ou outros meios de natureza financeira
equivalente) por parte dos sócios.
Alguna doutrina:
Os sócios têm de assumir a responsabilidade perante credores => pode ser
executado o patrimônio do sócio.
MAS
dinheiro
Credores => Socios <= => Administradores
art.78 n.2 CSC art.72 CSC
Baptista Machado: “sempre que seja possível resolver uma problema dentro de
quadros jurídicos mais precisos e rigorosos, é metodologicamente incorrecto
recorrer a quadros de pensamento de contornos mais fluidos”.
Os sócios devem restituir à sociedade os bens que dela tenham recebido com
violação do disposto na lei, mas aqueles que tenham recebido a título de lucros ou
reservas importâncias cuja distribuição não era permitida pela lei, designadamente
pelos artigos 32 e 33 CSC, só são obrigados à restituição se conheciam a
irregularidade da distribuição ou, tendo em conta as circunstâncias, deviam não a
ignorar (art.34 n.1 CSC) Os credores sociais podem propor acção para restituição à
sociedade das importâncias referidas nos números anteriores nos mesmos termos
em que lhes é conferida acção contra membros da administração (art.34 n.3 CSC)
___________
Bainbridge, Henderson:
1) pôr em causa a responsabilidade limitada = pôr em causa uma sistema
economica
2) propõem que a abordagem à tutela dos credores das sociedades comerciais seja
feita, não a partir da desconsideração da personalidade jurídica, que parte da
actuação dos sócios no âmbito societário (com base, nomeadamente, no facto de
terem recorrido à sociedade como um alter ego, ou de se terem servido do poder de
a controlar de modo a causarem danos a terceiros), mas a partir da
responsabilidade dos sócios perante esses terceiros com base na sua actuação
directa para com estes, quando ela o justifique (por exemplo, com base em
responsabilidade pré-contratual, quando o credor tenha agido com base na
confiança em informações prestadas pelo sócio em causa; ou com base na violação
de regras especificamente destinadas a regular a actuação e responsabilidade de
administradores e sócios, em determinados contextos). Deste modo, circunscreve-
se o problema da tutela dos credores sociais aos casos em que os sócios
efectivamente estão em situação que lhes permita interferir na gestão da sociedade,
não se atingindo nem correndo o risco de atingir aqueles que se comportam como
meros investidores nas chamadas «sociedades abertas»
3) quanto aos credores cujos créditos têm origem contratual e que poderiam ter
acautelado contratualmente a satisfação desses créditos só poderia estar em causa a
desconsideração da personalidade jurídica em 2 grupos de situações:
- quando o credor tenha sido levado pelo sócio, com base na relação de confiança,
a prescindir de garantias pessoais
- quando o sócio tenha, depois de constituída a obrigação, de algum modo
desviado bens do património da sociedade, impossibilitando-a de a satisfazer