Como Fazer A Introduã Ã o de Um Texto Dissertativo

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COMO FAZER A INTRODUÇÃO DE UM TEXTO DISSERTATIVO-

ARGUMENTATIVO

O que é uma introdução?

Indo direto ao ponto, introdução é o início de um texto. Ela tem o intuito de introduzir o
assunto que será abordado pelo autor. De forma simplificada, a introdução, além de
informar o conteúdo dos parágrafos seguintes, também precisa motivar o leitor a
continuar a leitura. Ou seja, ela é um convite para que o texto seja lido até o final. Por
essa razão, é fundamental apresentar o tema de forma esclarecedora e atrativa.

Importância de escrever uma boa introdução

Já aconteceu de você perder o interesse em um texto logo após passar do título? Bom, as
chances são grandes de você ter experimentado essa situação pelo menos uma vez. Uma
das principais razões para a desistência é uma introdução fraca. Se o início do texto não
chama a atenção ou explica o tema que será abordado, dificilmente, você terá o desejo
de permanecer no conteúdo. O mesmo vale para introduções que são incoerentes ao
desenvolvimento. Isto é, o começo diz uma coisa, e o restante do texto, outra
completamente di ferente. Se isso acontece, é abandono na certa antes de chegar ao
final. Sendo assim, uma boa introdução deve simplificar as ideias, manter-se no tema e
induzir o leitor a querer continuar a ler o texto.

Como fazer uma introdução?

Uma boa introdução conversa diretamente com o título e o desenvolvimento do seu


texto. Ela requer dinamismo e fluidez da explicação, além da organização das ideias de
forma simplificada. Ainda que objetiva, a introdução precisa ser chamativa. Para ajudá-
lo a construir uma introdução perfeita, listamos alguns aspectos que você precisa
considerar.

Ao construir uma introdução, você deve considerar a sua persona. Isso quer dizer que o
seu texto precisa atender aos objetivos do seu leitor, até mesmo para atraí-lo. Praticar a
empatia é algo que ajuda nesse sentido. Reflita sobre o que a persona necessita e deseja
antes de colocar as ideias no papel.

Tema

A introdução não existe sem um tema e vice-versa. Todo o seu texto irá orbitar a
temática escolhida. Perder-se do tema pode prejudicar a fluidez da leitura e o
entendimento por parte do leitor. Certifique-se de manter seu texto no foco do assunto
do início ao fim.

Linguagem

A linguagem se relaciona diretamente com o público-alvo. Ao pensar na persona, será


mais fácil definir a linguagem ideal para o leitor. Utilizar uma abordagem robusta em
um tema descontraído, por exemplo, pode fazer com que ele perca o interesse
imediatamente. Da mesma forma que um artigo científico escrito de forma coloquial
não é visto com bons olhos. Entendeu a importância deste item?

Contexto

Assim como o tema, o contexto deve sempre ser levado em consideração durante todo o
processo criativo. Atente-se à forma como quer se comunicar, aos canais escolhidos e,
sobretudo, às circunstâncias que acompanham o assunto.

Objetivo do conteúdo

Ainda que se tratando de um fator básico, é muito fácil se perder no objetivo do seu
conteúdo, e esse pode ser um dos erros mais desastrosos na construção da
sua introdução. Portanto, lembre-se do que você espera atingir com o seu texto.

Uma redação com objetivo bem definido e claro vai ajudar a gerar o engajamento
necessário no leitor.

Exemplos de introduções
Independentemente do tema, a introdução de uma redação deve ser apresentada de
forma objetiva e atrativa. O assunto precisa ficar em destaque e, dependendo do tipo de
texto, o ponto de vista deve ser evidenciado.

Confira a introdução de uma das redações nota mil do ENEM 2019 produzida pela
candidata Ana Clara Socha e divulgada no portal G1:

“Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de


todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento
dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à
concentração de salas de cinema nos grandes centros urbanos e à condição cultural de
que a arte é direcionada aos mais favorecidos economicamente.”

Frases para iniciar uma introdução

Para fazer uma boa introdução, algumas técnicas podem ajudar, e uma delas é ter na
manga frases padrão para iniciar o texto.

Confira as opções:

 “Muito se tem discutido, recentemente, acerca de …”

 “Muito se discute a importância de …”

 “Pode-se afirmar que, em razão de …”

 “Observando o cenário…”

 “Em face do cenário atual…”

 “Segundo pesquisas…”

 “Tendo em vista que…”.

O que evitar ao fazer uma introdução

Um grave erro ao fazer a introdução é apresentar o tema de forma confusa. Isso pode
acontecer se você não usar as palavras corretas, por exemplo. Por essa razão, sempre
que tiver dúvida quanto ao significado ou a escrita de algum termo, prefira usar aqueles
que você conhece bem. Carregar o texto de informações também pode confundir o
leitor. Portanto, seja direto, e lembre-se de que ser objetivo é diferente de ser
explicativo. Por fim, tenha ainda o cuidado de não repetir informações do título ou dos
textos motivadores (no caso de exames que cobram a redação).

Isso só faz com que a sua introdução fique repetitiva e canse o leitor.

Conferir exemplos de redação dissertativa é uma ótima ideia para se dar bem no
Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.

Fazendo isso, você pode buscar inspiração e criar um texto digno de elogios. Não custa
lembrar que a redação tem peso máximo de 1.000 pontos e equivale à metade da nota
total do exame. Ou seja, ela é fundamental para que você tenha um bom desempenho na
avaliação, que é uma das mais importantes do País. A pontuação do ENEM é utilizada
para o ingresso em diversas universidades, podendo, inclusive, substituir os
vestibulares.

Muitos candidatos se preparam durante anos para o exame, com rotinas intensas de
estudo e jornada dupla em escola e cursinho. De fato, a preparação é parte importante
nesse processo, mas algumas dicas também podem ajudar bastante.

O que é uma redação dissertativa?

A redação dissertativa é um gênero caracterizado pela defesa de uma ideia. No Enem, o


formato exigido é o dissertativo-argumentativo. Isso significa que o candidato deve
construir o texto pautado em dados e fatos. Por isso, é fundamental prestar muita
atenção no enunciado e, principalmente, no tema da redação. A partir deles é que será
criada a linha de argumentação - uma das principais competências avaliadas na
dissertação. Outra característica importante da redação dissertativa é que ela precisa ser
escrita em terceira pessoa.
Nunca use “eu acho”, “eu acredito”, “eu concluo” ou coisas do tipo. Esse equívoco
pode fazer com que você perca pontos preciosos. Aproveitando que já entramos nas
orientações, vamos para o próximo tópico. Nele, você vai aprender como começar a sua
dissertação.

Como iniciar uma redação dissertativa?

Depois de ler o enunciado com todo o cuidado e certificar-se de que não há dúvidas
sobre o que precisa ser feito, é hora de levantar os seus argumentos. Em uma folha de
rascunho, liste todos os dados e fatos dos quais você se lembra e, ao lado deles, escreva
o porquê eles devem ser usados. Vale ainda enumerar os argumentos por ordem de
relevância. Se forem muitos, você precisará priorizá-los. Feito isso, crie indagações para
construir seu argumento, e procure propor uma solução ao problema apresentado.

Qual é a estrutura da redação dissertativa?

Definidos todos os aspectos que nortearão seu texto, chega o momento de escrever.
Organize suas ideias de maneira que sigam esta ordem: introdução, desenvolvimento e
conclusão. Na introdução, apresente a sua tese de uma forma geral. Nos parágrafos
seguintes, desenvolva-a, mostrando todos os seus argumentos. Por fim, faça o
encerramento da dissertação, dando a sua solução para o problema enfrentado. Mais à
frente, ainda neste artigo, vamos abordar com mais detalhes o que deve conter em cada
uma das etapas.

Como fazer uma redação nota mil no Enem?

Embora seja muito difícil, não é impossível atingir a nota máxima na redação do Enem.
Na edição passada, por exemplo, 53 pessoas conseguiram a maior pontuação.
Evidentemente, é preciso muita disciplina, prática e atenção para produzir um texto
digno de 1.000 pontos. Inicie seus estudos baseando-se em redações anteriores. Obter
referências é sempre uma boa pedida. Outra tática é ficar sempre atento aos noticiários,
uma vez que os temas utilizados como base para as redações costumam ser os principais
acontecimentos divulgados pela mídia. Lembre-se ainda de que você terá até 30 linhas
para apresentar suas ideias. Portanto, o treino o ajudará a desenvolver uma dissertação
dentro deste limite.

Introdução de uma redação nota mil

A introdução do texto é onde será apresentada sua ideia sobre o tema. Garantir que o
argumento esteja relacionado ao tema proposto no texto base e que reflita sua ideia
pessoal sobre o assunto são fatores primordiais. Porém, nem sempre é tão simples
iniciar a construção de uma ideia. Portanto, você pode se beneficiar de algumas táticas
para dar o primeiro passo, como por exemplo, utilizar uma citação, apresentar dados
históricos, criar uma contraposição ou iniciar com a definição de um termo.

Desenvolvimento

Os próximos parágrafos serão designados ao desenvolvimento de seus argumentos. É


onde são apresentados os fatos, dados e exemplos que sustentam sua tese. Nessa etapa, é
importante ter cautela para não copiar informações de outras fontes. Caso não se lembre
exatamente de todas as referências que gostaria de explanar no texto, utilize dados
aproximados ou itens apresentados no texto de apoio.

Conclusão da redação

A conclusão deve conter a apresentação da sua proposta de intervenção para os


problemas levantados e desenvolvidos ao longo do texto. Portanto, procure garantir que
as ideias expressadas no último parágrafo estejam coerentes ao restante da redação.
Tome cuidado para não repetir tópicos já abordados anteriormente e verifique se há o
tom de encerramento.

Quais as especificidades do Enem para a redação dissertativa-argumentativa?

Além da estrutura que precisa ser seguida, outras regras também devem ser
cumpridas. O título da redação, por exemplo, não é obrigatório, a não ser que seja
solicitado nas instruções da prova. Com relação ao tamanho da dissertação, você terá no
mínimo 8 linhas e no máximo 30 para desenvolver seu texto. A redação será avaliada
levando em conta cinco competências. Cada uma vale até 200 pontos. São elas:
 Domínio da língua portuguesa
 Compreensão do tema proposto
 Apresentação de argumento estruturado e boa interpretação de texto
 Desenvolvimento de raciocínio lógico
 Apresentação de proposta de intervenção.

Como abordar o tema para chegar na redação nota mil do Enem?

Muito treino é a chave para o sucesso de sua redação. Investir em um cursinho próprio
ou aulas com um professor particular também podem ajudá-lo a conquistar o resultado
desejado. Produzir redações de temas variados, regularmente, aumentará sua habilidade
de argumentar sobre diferentes questões. Outra dica importante é avaliar suas redações
de treino, verificando o que pode ser corrigido para produzir textos cada vez melhores.
Procure, ainda, ler bastante e manter-se informado.

Exemplos de redação dissertativa

Como dissemos, a melhor maneira de aperfeiçoar a redação é praticar. Uma boa dica é
observar redações que obtiveram a pontuação máxima em edições passadas e se basear
nos tópicos requeridos para avaliação das provas.

Confira aqui algumas das dissertações que obtiveram nota máxima no Enem 2019 e
inspire-se!

Dicas para uma boa redação dissertativa

Após compreender todos os tópicos que se relacionam com a redação do Enem, tome
nota do passo a passo para redigir uma boa redação dissertativa:

Entenda as etapas de uma boa redação

Introdução, desenvolvimento e conclusão são as etapas práticas de uma redação. Porém,


outras fases de preparação, como levantar os argumentos antes de escrever, também
fazem parte do processo. Durante os estudos, certifique-se de realizar todas elas.

Introduza o tema corretamente


Ler o texto de apoio com calma e reservar alguns minutos para refletir sobre o tema
proposto o ajudarão a construir sua redação. Ao longo da dissertação, você terá
oportunidade para demonstrar sua compreensão sobre o tema. Mas essa missão será
muito mais fácil se você abordá-lo na introdução corretamente, sem “queimar a
largada”.

Escolha seus argumentos

Os argumentos serão definidos antes de você iniciar seu texto, no momento de reflexão
após a leitura do texto de apoio. Qual será o ponto de vista adotado? Por que você
optou por abordar essa perspectiva? Quais os problemas levantados e o que pode ser
feito a respeito? Essas são algumas das questões que podem basear a sua dissertação.

Desenvolva com clareza

A redação ideal é clara, objetiva, coerente e lógica. Certifique-se de que o problema seja
bem apresentado no texto e que os parágrafos estejam bem construídos e alinhados com
o tema proposto. Apesar de ser necessário seguir as normas cultas da língua portuguesa,
priorize uma explicação fácil de ser entendida, em vez de usar expressões complicadas e
pouco conhecidas.

Traga soluções

Apresentar uma proposta de intervenção ao problema apresentado no texto base é um


dos quesitos de avaliação do Enem. Ela deverá aparecer na conclusão de sua redação e
ser coerente aos argumentos desenvolvidos ao longo do texto. Portanto, preste bem
atenção nisso.

Esteja atento ao português

Gramática e ortografia são pontos fundamentais para obter uma boa dissertação. Um
simples deslize de trocar uma letra de lugar pode custar caro. Por isso, leia e releia o
texto quantas vezes forem necessárias. Só assim você poderá identificar os erros a
tempo de corrigi-los.
Confira algumas das dissertações que obtiveram nota máxima no Enem 2019 e inspire-
se!

A pedido do G1, dois participantes do exame avaliados


com nota 1 mil na redação enviaram os rascunhos dos
textos feitos para o Enem 2019. Confira:

Daniel Gomes, de Fortaleza


"O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da primeira sala de cinema na
cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então
vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que,
naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De
maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso
ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à
exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito
afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de
parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a
perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas
públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no
país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da
Cultura exerce na administração do país. Instituído para se rum órgão que
promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora
ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco
privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em
instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema.
Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de
exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é
substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor –
como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para
a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre,
principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado
desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto
cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido,
há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que
muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes
populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica
impedida de frequentar esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso
democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por
meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de
Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de
Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior
número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal
plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de
ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas.
Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de
incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus
ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’
poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros."

Gabriel Lopes, do Rio de Janeiro


"O longa-metragem nacional "Na Quebrada" revela histórias reais de jovens
da periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e
pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa,
evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto
Criar, que promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos
alunos por meio da sétima arte. Apresentando-se como um retrato social, tal
obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária da
população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil,
sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma
reversão do quadro, faz-se necessário analisar as causas corporativas e
educacionais que contribuem para a continuidade da problemática em
território nacional.
Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as
áreas de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer,
em seus estudos sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era
moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo
finalidades prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas
fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes metrópoles
urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que
se mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa
prática, no entanto, fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema
das camadas menos abastadas, contribuindo para a dificuldade na
democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural
no Brasil.
Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse
sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação
do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma
educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa
forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional
vigente pouco estimula o contato do estudante com as diversas formas de
expressão cultural e artística, como o cinema, negligenciando, também, o seu
potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal
cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o
sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece
propostas significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a
carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a
escola contribui para um afastamento desses indivíduos em relação ao
cinema, o que constitui um entrave para que eles, durante a vida, tornem-se
espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e
internacionais.
É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao
cinema no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é
necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania
torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve
estabelecer parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes,
beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem, por meio de
relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para
regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior
número de pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e
para o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da
Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer
por meio da substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum
Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes
condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da
escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo
em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto,
poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em "Na
Quebrada", criando um legado duradouro de acesso à cultura e de
desenvolvimento social em território nacional."

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