PCAs Cascalheira Carneiro

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Plano de Controle Ambiental

Simplificado (PCAS)
Cascalheira do Carneiro
Fazenda Barra Mansa

Extração de Saibro

São José da Boa Vista/PR


Agosto de 2022
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO................................................................................................................ 6
2. MEMORIAIS DESCRITIVOS ......................................................................................................... 7
2.1.1 Informações do Empreendimento ............................................................................... 7
2.1.2 Informações da Empresa Responsável pela Elaboração .............................................. 7
2.1.3 Informações dos Técnicos Responsáveis ..................................................................... 8
3. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9
4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA .................................................................................................... 10
4.1 Localização ........................................................................................................................ 10
5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ........................................................................................................ 12
6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA ...................................................................................... 16
6.1 Áreas de Influência ............................................................................................................ 16
6.1.1 Área Diretamente Afetada (ADA)............................................................................... 16
6.1.2 Área de Influência Direta (AID) .................................................................................. 16
6.1.3 Área de Influência Indireta (AII) ................................................................................. 17
7. ORIGEM DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................. 18
7.1 Danos Ambientais Causados ............................................................................................. 18
7.2 Origem dos Danos Ambientais .......................................................................................... 18
7.3 Efeitos causados ao Ambiente .......................................................................................... 18
7.4 Diagnóstico dos Impactos Ambientais .............................................................................. 19
8. GEOLOGIA................................................................................................................................ 20
8.1 Processo ANM ................................................................................................................... 21
8.2 Grupo Itararé Indiviso ....................................................................................................... 21
8.3 Topografia ......................................................................................................................... 23
8.4 Geomorfologia .................................................................................................................. 23
8.5 Bacia Sedimentar do Paraná ............................................................................................. 23
8.6 Segundo Planalto Paranaense ........................................................................................... 23
8.7 Planalto de Ponta Grossa .................................................................................................. 24
8.8 Aspectos Geomorfológicos Locais ..................................................................................... 24
8.9 Dinâmicas do Relevo e Riscos Geoambientais .................................................................. 24
8.10 Proteção a Instalação de Processos Erosivos. ................................................................. 25
8.11 Pedologia ......................................................................................................................... 26
8.12 Argissolo Vermelho-amarelo........................................................................................... 27
9. HIDROLOGIA ............................................................................................................................ 27
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9.1 Hidrologia Superficial ........................................................................................................ 28
9.2 Rede de Drenagem da Área de Influência......................................................................... 30
9.3 Enquadramento dos Cursos D’água .................................................................................. 31
9.4 Águas Subterrâneas........................................................................................................... 32
9.5 Aqüífero Paleozóico Médio Superior ................................................................................ 32
9.6 Aqüífero Itararé ................................................................................................................. 33
10. CLIMA .................................................................................................................................... 33
10.1 Classificação Climática de Köppen .................................................................................. 33
10.2 Caracterização do Clima com Dados de Monitoramento ............................................... 34
10.3 Resultados ....................................................................................................................... 35
10.1.1 Classificação climática do Köppen............................................................................ 35
11. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO .......................................................................................... 35
11.1 Uso e Ocupação............................................................................................................... 35
11.2 Mapeamento de Usos da AID.......................................................................................... 35
11.3 Terreno do Empreendimento ......................................................................................... 37
12. PROJETO DE ENCERRAMENTO DA CASCALHEIRA ................................................................. 37
12.1 Diagnóstico Da Situação Atual Da Cascalheira ................................................................ 37
12.2 Detalhamento do Sistema de Isolamento da Área ......................................................... 38
13. OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO DO PRAD ............................................................................. 39
13.1 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 39
13.2 Etapas e Métodos da Extração ........................................................................................ 39
13.3 Método de Lavra ............................................................................................................. 39
14. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE DE LAVRA ................................................... 41
14.1 Decapeamento de Solo ................................................................................................... 41
14.2 Remoção de Material Estéril ........................................................................................... 41
14.3 Desmonte da Rocha (Saibro) ........................................................................................... 42
14.4 Carregamento e Transporte ............................................................................................ 42
14.5 Equipamentos Usados ..................................................................................................... 43
14.6 Planejamento da Exploração........................................................................................... 44
14.7 Controle da Erosão .......................................................................................................... 45
14.8 Recomposição Topográfica ............................................................................................. 46
14.9 Sistema de Plantio ........................................................................................................... 47
14.10 Espécies que Serão Usadas no Reflorestamento Da Área ............................................ 48
14.11 Alinhamento e Marcação Manual ................................................................................. 49

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14.12 Coveamento e Marcação .............................................................................................. 50
14.13 Distribuição de Espécies ................................................................................................ 50
14.14 Adubação e Correção nas Covas ................................................................................... 51
14.15 Recuperação do Meio Biótico ....................................................................................... 52
14.16 Implantação................................................................................................................... 52
14.17 Plantio de Gramíneas .................................................................................................... 52
14.18 Adubação e Irrigação..................................................................................................... 53
14.19 Manutenção .................................................................................................................. 53
14.20 Preparo da Área ............................................................................................................ 53
14.21 Ações Pós-Processo de Reabilitação ............................................................................. 54
14.22 Monitoramento Ambiental ........................................................................................... 54
14.23 Tratos Culturais e Ações Corretivas .............................................................................. 56
14.24 Adubação de Cobertura ................................................................................................ 57
14.25 Controle de Insetos e Ervas Daninha ............................................................................ 57
14.26 Ressemeadura ............................................................................................................... 58
14.27 Replantio ....................................................................................................................... 58
14.28 Irrigação......................................................................................................................... 58
14.29 Manutenção .................................................................................................................. 58
14.30 Manutenção Estrutural ................................................................................................. 59
15. USO FUTURO DA ÁREA .......................................................................................................... 60
15.1 Isolamento da Área ......................................................................................................... 60
15.2 Recomposição Vegetal e Paisagismo .............................................................................. 61
16. CRONOGRAMA DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DA ÁREA......................................... 61
17. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 62
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 63
19. ANEXOS ................................................................................................................................. 64

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TABELA DE FIGURAS

Figura 01: Localização da Jazida. ................................................................................................. 10


Figura 02: Bifurcação de entrada da Jazida................................................................................. 11
Figura 03: Jazida. ......................................................................................................................... 11
Figura 04: Áreas de influência. .................................................................................................... 17
Figura 05: área agropastoril ao redor. ........................................................................................ 18
Figura 06: exposição do solo. ...................................................................................................... 20
Figura 07: processo DNPM. ......................................................................................................... 21
Figura 08: Indentificação Geológica do Empreendimento.......................................................... 22
Figura 09: Solo local. ................................................................................................................... 27
Figura 10: Divisão das bacias hidrográficas do Estado do Paraná. araná. .................................. 29
Figura 11: Divisão das Unidades Hidrográficas do Estado do Paraná. ........................................ 29
Figura 12: Corpos hídricos presentes na AID e AII do empreendimento. ................................... 31
Figura 13: Uso do Solo da AII. ..................................................................................................... 36
Figura 14: Uso do Solo na AID e AII, área de lavoura e ao fundo mata nativa........................... 37
Figura 15: Proposta de cercamento. ........................................................................................... 38
Figura 16: Lavra atualmente. ...................................................................................................... 41
Figura 17: Croqui genérico de desmonte de rocha por meio de máquinas hidráulicas. ............ 43
Figura 18: Jazida exposta. ........................................................................................................... 46

LISTA DE TABELA

Tabela 01: Impactos ambientais decorrentes do empreendimento. ......................................... 19


Tabela 02: Unidades geológicas identificadas nas áreas de influência do empreendimento. ... 20
Tabela 03: Tipos de solos identificados nas áreas de influência do empreendimento. ............. 26
Tabela 04: Estações meteorológicas cujos dados de monitoramento são úteis à caracterização
do clima da região da Jazida........................................................................................................ 34
Tabela 05: Descrição das classes climáticas do Köppen no empreendimento. .......................... 35
Tabela 06: Espécies do horto Municipal e IAT. ........................................................................... 48
Tabela 07: Metodologia de Avaliação de Recuperação. ............................................................. 55
Tabela 08: Cronograma de execução do PRAD. .......................................................................... 61

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1. Apresentação

Este documento trata-se do Plano de Controle Ambiental Simplificado


(PCAS) de uma jazida, localizada na Fazenda Barra Mansa, Município de São
José da Boa Vista - PR, que será incorporado ao processo Ambiental a ser
protocolado junto ao Instituto Água e Terra (IAT), Escritório Regional de
Jacarezinho (ERJAC) que foi desenvolvido a atividade de exploração de
cascalho para uso na manutenção de estradas rurais do Município e afins.
A extração de saibro, como qualquer outra atividade humana, interfere
no meio ambiente, degradando os recursos naturais. Quando ocorre por
detonações e desmonte de rocha, pode provocar danos ao meio ambiente,
como a supressão da vegetação nativa presente às margens do local de
exploração.

Neste sentido, e reconhecendo que este tipo de empreendimento, ora


denominado extração de cascalho, apresenta grande potencial modificador e
impactante, faz-se necessário o entendimento, em base científica, dos reais
impactos resultantes desta atividade.

O PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO, por sua vez,


tem como objetivo propor a recuperação ou readequação das áreas já
impactadas, por vias naturais ou não e tanto na fase de operação como na fase
final da atividade.

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2. MEMORIAIS DESCRITIVOS

2.1.1 Informações do Empreendimento

NOME: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DA BOA VISTA

CNPJ: 76.920.818/0001-94

ATIVIDADE PRINCIPAL: Gestão do Município

ENDEREÇO: Rua Reinaldo Martins Gonçalves, 85, Centro

MATRÍCULA DA ÁREA: 977

CIDADE: São José da Boa Vista – Estado do Paraná

CEP: 84980-000

TELEFONE: (43) 3565-1252

2.1.2 Informações da Empresa Responsável pela Elaboração

NOME: LJC SOLUCOES AMBIENTAIS ME

CNPJ: 33.054.006/0001-09

ENDEREÇO: Rua Papa João XXIII, 588

BAIRRO: Santa Maria

CIDADE: Wenceslau Braz – Estado do Paraná

TELEFONE: (43) 9.9966-0974

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2.1.3 Informações dos Técnicos Responsáveis

NOME: Leandro Fiats

ENDEREÇO: Papa João XXIII, 588 _________________________

BAIRRO: Vila Santa Maria

CIDADE: Wenceslau Braz-PR

CEP: 84.950-000

TELEFONE: (43) 9.9966-0974

ÁREA DE ATUAÇÃO: Engenheiro Ambiental

NÚMERO DO REGISTRO: CREA PR 163532/D

REGISTRO IBAMA: 7015348

ART: 1720224459752

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3. Introdução

A área de estudo é uma jazida existente na zona rural do município de


São José da Boa Vista, localizada na Fazenda Barra Mansa, próxima à estrada
de acesso ao bairro Mangueirinha. A área, devido ao seu potencial mineral, por
alguns anos foi utilizada para a retirada do saibro, o que causou a atual
degradação da terra.
A degradação ambiental trata-se de uma perda ou redução dos recursos
naturais renováveis do meio ambiente, através de distúrbios, naturais ou não,
que impossibilitam ou dificultam a regeneração dos fatores bióticos locais.
Vários são os fatores de degradação e eles sempre estão relacionados
aos componentes de unidade da terra. A degradação de solos é um dos fatores
mais preocupantes, levando em consideração que sua formação e sua
capacidade de regeneração geralmente são muito lentas. Entende-se por
degradação de terra a „‟deterioração ou perda total da capacidade dos solos
para uso presente e futuro” (ARAUJO; ALMEIDA; GUERRA; 2011 apud FAO,
1980). Neste sentido, a recuperação dos solos da área de estudo se vê
necessária, visto que o local sofreu impactos ao longo dos anos com a retirada
do cascalho, causando o esgotamento da qualidade dos solos e,
conseqüentemente, a perda da biodiversidade local.
Segundo Barbosa (2003), as áreas prioritárias para recuperação devem
ser as de preservação permanente, as áreas com declive acentuado e,
posteriormente, áreas degradadas pela ação antrópica.
O presente trabalho tem, portanto, a finalidade de amenizar os efeitos
negativos da degradação da qualidade do meio ambiente na área de estudo,
contando com uma contribuição na preservação do meio ambiente local.

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4. Caracterização da Área

4.1 Localização

O empreendimento encontra-se localizado no município de São José da


Boa Vista-PR, denominado Fazenda Barra Mansa, próximo ao Bairro
Mangueirinha, seguindo a estrada de terra sentido Jaguariaíva a diante 7 km
aproximadamente.

Figura 01: Localização da jazida.

Fonte: Dos autores, 2022.

A área total do terreno onde está localizado o empreendimento é de


24,20 ha. Desse total foi utilizado 0,16 ha aproximadamente para a exploração
de cascalho. O restante da área corresponde a áreas de preservação
permanente e uso agropastoril.

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Figura 02: Bifurcação de entrada da jazida.

Fonte: Dos autores, 2022.

Na figura acima é possível visualizar a bifurcação a direita de acesso à


jazida.
Figura 03: Jazida.

Fonte: Dos autores, 2022.

Na imagem ilustrativa acima é possível identificar a localização exata da


jazida em relação as estradas de acesso aos municípios de Arapoti e
Jaguariaíva, a jazida fica localizada próximo ao bairro Mangueirinha,
aproximadamente 7 km. Existe uma estrada de terra principal de acesso ao
local, visto que, a prefeitura municipal por vários anos usou a jazida para
manutenção de estradas rurais.
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5. Legislação Pertinente

A Constituição Federal diz em seu artigo 225 que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. Em seu § 2º está estabelecido que “aquele que explorar recursos
minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com
a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”.
A recuperação de áreas degradadas, qualquer que seja o estado de
degradação, encontra suporte também em normas infraconstitucionais e há
duas décadas o tema constitui um dos pilares da Política Nacional do Meio
Ambiente. A Lei no 6.938, de 31/08/1981, que dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente determina que:

artigo 2º - “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a


preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico,
aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida
humana, atendidos os seguintes princípios:

VIII - Recuperação de áreas degradadas”.

Entretanto, a falta de conceitos precisos sobre o que é degradar e


recuperar levou à edição do Decreto no 97.632, de 10/04/89, que regulamenta
o artigo 2º, Inciso VIII da Lei no 6.938/81. Em seu artigo 1º, o Decreto nº 97.632
prevê que “os empreendimentos que se destinam à exploração de recursos
minerais deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental –
EIA e do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do
órgão ambiental competente o Plano de Recuperação de Área Degradada -
PRAD.
Decreto nº 97.632, artigo 2º - “Para efeito deste Decreto são
considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio
ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas
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propriedades, tais como a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos
ambientais”.
Decreto nº 97.632, artigo 3º - “A recuperação deverá ter por objetivo o
retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano
preestabelecido para uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do
meio ambiente”.
Porém, o Decreto nº 12.379, de 16/05/90, restringiu o número de
soluções possíveis no Distrito Federal, ao determinar a recondução de áreas
degradadas ao status quo ante. Muitas vezes o status quo ante é inoportuno,
pela urbanização da vizinhança, por mudança de uso do solo ou até mesmo
pela impossibilidade de se reconstituir um fragmento de ecossistema com
estrutura ecológica igual à natural. Países em que o tema encontrava-se mais
desenvolvido à época, já haviam tomado posições mais realistas. A Academia
Nacional de Ciências dos Estados Unidos aproximou, em 1974, a conceituação
teórica da factabilidade prática. Ela definiu três termos que expressam
processos, dificuldades e objetivos a serem atingidos ao se recuperar uma área
degradada:
• Restauração: reposição das exatas condições ecológicas da área
degradada, ou ao status quo ante, como definido no Decreto nº 12.379. A
restauração de um ecossistema é extremamente difícil e onerosa, só
justificável para ambientes raros. Os profissionais que trabalham com
Ecologia da Restauração atuam no ramo da reconstrução de ecossistemas
perturbados ou degradados. A restauração é improvável quando o ambiente
foi agudamente degradado, como em áreas mineradas. Além disso, as
restaurações geralmente produzem apenas comunidades simplificadas, em
relação às originais, ou comunidades que não se podem manter (PRIMACK &
RODRIGUES, 2002).
• Reabilitação: retorno da função produtiva da terra, não do ecossistema, por
meio da revegetação. Retorno de uma área a um estado biológico apropriado.
De acordo com Primack & Rodrigues (2002), é a recuperação de pelo menos
algumas das funções do ecossistema e de algumas espécies originais. A
escarificação do substrato de uma área minerada, por exemplo, é capaz de
devolver-lhe a função hidrológica de permitir a infiltração de águas pluviais.

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• Recuperação: estabilização de uma área degradada sem o estreito
compromisso ecológico. Recuperação é um processo genérico que abrange
todos os aspectos de qualquer projeto que vise à obtenção de uma nova
utilização para um sítio degradado. É um processo que objetiva, sobretudo,
alcançar a estabilidade do ambiente.

Áreas degradadas são comumente revegetadas no Brasil e por isso


recuperação e reabilitação são termos considerados afins no País (IBAMA,
1990). Quando se opta pela revegetação de uma área minerada, deve-se
reconhecer que a recuperação não é um evento que ocorre em uma época
determinada, mas é um processo que se inicia com o planejamento, antes da
mineração, e termina muito após a exploração da lavra, com a manutenção do
plantio (BARTH, 1989). Ao término da manutenção do plantio, a área deve
encontrar-se em um processo autônomo de sucessão ecológica, quando a
intervenção humana não se faz mais necessária.
Na prática, o termo recuperação prevê atividades que permitem o
desenvolvimento de vegetação, nativa ou exótica, na lavra explorada ou a
reutilização do local que foi degradado para diversos outros fins. O resultado
desses processos dependerá do objetivo pretendido e da capacidade do local
de suportá-lo. Essa posição é compartilhada pelo órgão federal de meio
ambiente brasileiro (IBAMA) desde 1990. O IBAMA define recuperação como o
retorno de áreas degradadas a uma forma de utilização tecnicamente
compatível, em conformidade com os valores ambientais, culturais e sociais
locais (IBAMA, 1990). Dessa forma, o termo recuperação encontra base
conceitual e técnica para que se adotem diversas medidas no tratamento de
áreas degradadas. O fato é que áreas degradadas são ambientes criados pelo
homem e a ecologia que rege seus processos, inclusive os de recuperação,
ainda é pouco conhecida.
Majer (1989) define ainda a reposição e a opção negligente como outras
formas de manejo de áreas degradadas. A reposição consiste em se criar um
ecossistema diferente do originalmente presente. A estabilização de cavas
mineradas por meio da implantação de pastagens é um exemplo de reposição,
em que o ecossistema natural pré-lavra é substituído por uma camada de
forrageiras após a mineração. Nesse caso, o ambiente criado pelo homem na
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área minerada tende a ser rico em nutrientes minerais, por causa da adubação,
apresentar grande biomassa vegetal, mas possuir baixa diversidade de
espécies e pouca complexidade estrutural. Além disso, áreas degradadas pela
mineração que são revegetadas são menos produtivas do que as áreas não
mineradas (BARTH, 1989). Primack & Rodrigues (2002) chamam a reposição
de substituição.
A opção negligente (MAJER, 1989), ou nenhuma ação (PRIMACK &
RODRIGUES, 2002), refere-se a deixar a recuperação da área minerada a
cabo da sucessão. A depender da forma da cava, do material exposto e da
presença ou ausência de estruturas que disciplinem as águas pluviais, mais
degradação, por causa da erosão, pode ocorrer na lavra explorada. Mesmo
assim, a opção negligente é sem dúvida a que domina, provavelmente, em
todo o Brasil.
A política ambiental brasileira objetiva permitir a exploração mineral sem
permitir, contudo, que o passivo ambiental seja transferido para a sociedade e
para os cofres públicos. Atualmente há diversos instrumentos normativos que
visam promover a recuperação e o monitoramento de ambientes que foram
degradados pelo homem. Essas normas buscam inserir ou ocultar espaços
degradados específicos em unidades maiores, como bacias hidrográficas,
ecossistemas e biomas. Buscam também, invariavelmente, formas de
responsabilizar o agente degradador pelo ônus da recuperação, pois a falta ou
o atraso em se iniciarem os trabalhos de recuperação no presente significa que
as gerações futuras terão um trabalho de recuperação mais difícil e oneroso
que a geração responsável pela degradação (BARTH, 1989).
A política e a legislação ambiental brasileiras estabelecem como
estratégico o desenvolvimento de técnicas que incrementem e facilitem a
reabilitação de terras degradadas, para o posterior uso preservacionista,
econômico ou social delas. O reflorestamento com espécies ecologicamente
adequadas e o manejo da regeneração natural são as ações indicadas para
transformar ambientes degradados em locais estáveis e/ou produtivos
(MMA/PNUD, 2002). A importância de se utilizarem processos naturais de
regeneração na recuperação de áreas degradadas é atualmente reconhecida
não só pelos formuladores da política ambiental brasileira (MMA/PNUD, 2002),
mas também pela legislação. O artigo 48 da Lei de Crimes Ambientais - Lei no
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9.605, de 12/02/98 - considera crime passível de detenção impedir ou dificultar
a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação.
A legislação sobre áreas degradadas evolui também em outros
aspectos. Após duas décadas de pesquisa e trabalhos de recuperação,
definições mais realistas são adotas pela legislação brasileira mais recente. A
Lei no 9.985, de 18/07/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza - SNUC, objetiva, entre outros, recuperar e restaurar
ecossistemas degradados (Artigo 4º, Inciso IX). Em seu artigo 2º, o SNUC
entende que:

XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população


silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente
de sua condição original.

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população


silvestre degradada o mais próximo da sua condição original.

6. Diagnóstico Ambiental da Área

6.1 Áreas de Influência

6.1.1 Área Diretamente Afetada (ADA)

É a área que consiste o local onde foi explorado saibro, os parâmetros


considerados foram à movimentação de massa feita, a exposição da jazida e
deterioração do relevo natural.

6.1.2 Área de Influência Direta (AID)

Para determinarmos a área de influência direta consideramos os


parâmetros ruído e vibração decorrentes do desmonte por máquinas, por
serem os impactos mais significativos com relação à distância do seu ponto de
geração. Adotou-se um traço imaginário de aproximadamente 200 metros de
distancia do centro da lavra como área de influência direta. Com esse
parâmetro de distância do empreendimento as intensidades tanto de vibração

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quanto de ruído podem confundir-se com ruídos e vibrações ocasionados por
veículos pesados por exemplo.

6.1.3 Área de Influência Indireta (AII)

Consideramos como área de influência indireta a continuação da estrada


de acesso a outras propriedades vizinhas e as divisões de terras.

Vizinho ao empreendimento onde ocorre a destinação e consumo dos


produtos derivados da britagem do basalto. Neste caso, causando um impacto
positivo de cunho sócio-econômico. O município necessita de cascalho para a
manutenção de estradas rurais.

Figura 04: Áreas de influência.

Fonte: Dos autores, 2022.

17
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Figura 05: área agropastoril ao redor.

.
Fonte: Dos autores, 2022.

7. Origem da Degradação Ambiental

7.1 Danos Ambientais causados

Alterações dos cursos d'água; Aumento do teor do material sedimentado


em suspensão, promovendo assoreamento, Desmatamento; Descaracterização
do relevo; Formação das cavas; Destruição da flora e fauna. Alteração do meio
atmosférico (aumento da quantidade de poeira em suspensão no ar); Alteração
dos processos geológicos (erosão, voçorocas, hidrogeologia), entre outros.

7.2 Origem dos Danos Ambientais

Através da escavação e exploração do local, foi se criando a vala. A


origem da degradação no local se deu, a partir, da exploração de Saibro e
pedras para o uso da própria Prefeitura Municipal.

7.3 Efeitos causados ao Ambiente

Os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, as diversas


fases de exploração dos bens minerais, como à abertura da cava, (retirada da
vegetação, escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem
local), ao transporte e beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído),
afetando os meios como água, solo e ar, além da população local.

18
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
7.4 Diagnóstico dos Impactos Am bientais

Para elaboração do diagnóstico dos impactos ambientais, inicialmente


deve-se ter a definição de impacto ambiental, que, de acordo com IAT (2014)1:
É a alteração significativa no meio ou em algum de seus
componentes por determinada ação ou atividade, em qualquer um ou
mais de seus componentes naturais, provocada pela ação humana.
O Impacto Ambiental está associado à alteração ou efeito ambiental
considerado significativo por meio da avaliação da proposta / projeto
de um determinado empreendimento ou atividade, podendo ser
negativo ou positivo.
O objetivo de se estudar os impactos ambientais é, principalmente, o
de avaliar as consequências de algumas ações, para que possa
haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que
poderá receber a execução de projetos ou ações, nas fases de
planejamento, implantação e, mais tarde, na sua operação.
Visto isso, e observado as características locais e da atividade, bem
como com o auxílio da Matriz de Impactos Ambientais (CREA, 2014) 2 para
exploração de pequenas cascalheiras, apresenta-se a Tabela abaixo com
diagnóstico dos impactos ambientais para o empreendimento em questão.
Tabela 01: Impactos ambientais decorrentes do empreendimento.

Cau Natu- Inten- Perí- Rever- Miti- Compen-


Grupo Subgrupo Impacto
sa reza sidade odo sível? gável? sável?
Destruição de habitats D N B T S S N
Fauna
Dispersão de espécies D N B T S S N
Meio biológico Invasão de espécies mais adaptadas (pós atividade) D N B T S S N
Flora Mudança de paisagem (ambiente) D N B T S S N
Perda de cobertura vegetal D N B T S S N
Alteração da qualidade do ar: CO, MP, SO2,
partículas inaláveis, ozônio, fumaça, NO2, voláteis, D N B T N P S
Ar
odores
Aumento dos índices de ruído D N B T S S N
Alteração das características dinâmicas do relevo D N M P P S N
Geologia /
Alteração das condições geotécnicas D N A P N P N
geomorfologia
Alterações de jazidas minerais D N M P N N N
Meio físico Alteração da estrutura do solo D N A T P P N
Alteração da fertilidade do solo (NPK, MO, Ph,
D N M T S S N
micronutrientes)
Alteração do uso do solo D N B T S P S
Solo
Compactação do solo D N M T P S N
Diminuição da capacidade de regeneração do meio D N M T S P N
Erosão nas encostas D N B T S S N
Impermeabilização D N A T P S N
Atividades Alteração das atividades agrícolas I P B P S N N
econômicas: Alteração de áreas e atividades agrícolas
Meio sócio I P B P S N N
Setor primário
econômico
Infraestrutura Alteração do sistema viário (rodovias)
I P A T S N N
regional

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CASCALHEIRA DO CARNEIRO
Legenda:
Causa: D (Direta); I (Indireta).
Natureza: P (Positiva); N (Negativa).
Intensidade: B (Baixa); M (Média); A (Alta).
Período: T(Temporário); P (Permanente).
Reversível? S (Sim); N (Não); P (Parcialmente).
Mitigável? S (Sim); N (Não); P (Parcialmente).
Compensável? S (Sim); N (Não); P (Parcialmente).

Figura 06: exposição do solo.

Fonte: Dos autores, 2022.

8. Geologia

Segundo MINEROPAR (2005) a área do empreendimento é constituída


pelo Grupo Itararé Indiviso, de idade Paleozóica. As unidades geológicas
identificadas são apresentadas na tabela a seguir, conforme a área de
influência e posteriormente descritas.

Tabela 02: Unidades geológicas identificadas nas áreas de influência do empreendimento.

Área de influência Unidade geológica

ADA, AID e AII Grupo Itararé Indiviso

Fonte: Dos Autores, 2022.

20
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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8.1 Processo ANM

Na área do empreendimento existe um processo DNPM Nº


826.670/2021, aberto em 2021 para exploração de cascalho. A área total do
processo é de 4,87 ha, mas apenas 0,10 ha foram explorados.

Figura 07: processo ANM.

Fonte: Engetec, 2022.

8.2 Grupo Itararé Indiviso

O Grupo Itararé corresponde a uma unidade geológica inserida no


contexto geotectônico na Bacia do Paraná. São constituídos por arenitos,
diamictitos, folhelhos, lamitos, siltitos e ritmitos. São comuns os vestígios de
influência direta e indireta de geleiras, tais como: diamictitos e conglomerados
com clastos facetados e/ou estriados, além de lamitos com clastos caídos de
gelo flutuante (VESELY e ASSINE, 2004). Essas litologias associadas a
algumas deformações encontradas nas rochas dessa unidade, tais como,
estrias glaciais refletem a influência glacial em diferentes ambientes
deposicionais que geraram essas rochas.

A unidade é caracterizada por diversas fácies sedimentares com


processos geradores específicos e que não possuem continuidade lateral
21
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
significativa, dificultando a determinação de subunidades e correlações
estratigráficas de grande porte (ARAB et al., 2009).

O arcabouço estratigráfico da unidade é marcado por expressivas


variações faciológicas. Diamictitos constituem as litologias típicas da unidade,
sendo freqüentes feições de deformação sin-sedimentar e ressedimentação
(fluxo de detritos, deslizamentos e correntes de turbidez). Espessos pacotes de
arenitos finos a grossos ocorrem associados aos diamictitos e encaixados em
ritmitos e folhelhos do Grupo Itararé (MINEROPAR, 2005).

A unidade compreende o registro do período glacial Permocarbonífero


na Bacia do Paraná, compreende rochas derivadas de ambientes terrestres a
marinhos relativamente profundos, sem continuidade lateral expressiva
(VESELY e ASSINE, 2004).

As fácies arenosas deste grupo são representadas por arenitos com


pouca matriz e relativamente bem selecionadas, com estruturas de
estratificação cruzada acanalada ou tangencial na base. Possui potencial para
constituir reservatórios de hidrocarbonetos e água (VESELY e ASSINE, 2004).

Esta unidade foi identificada em diversos locais da ADA e consistem na


principal identificada durante o levantamento de campo na ADA, AID e AII do
empreendimento, conforme apresenta a figura a seguir.

Figura 08: Indentificação Geológica do Empreendimento.

Fonte: Dos Autores, 2022.

22
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8.3 Topografia

Segundo o levantamento topográfico fornecido pelo empreendedor, a


ADA possui cotas altimétricas que variam de 638 até 646 m, sendo o oeste
desta a porção mais baixa da ADA, enquanto que a porção mais alta está
localizada ao leste da ADA. A disposição das curvas de nível é relativamente
homogênea no sentido sul, demonstrando a parte mais plana do terreno. Na
porção oeste e norte da ADA são observados decaimentos com
aproximadamente 90 m de distância até a parte mais baixa e gradiente vertical
equivalente a 100 m.

8.4 Geomorfologia

Segundo MINEROPAR (2006) a região em que estão inseridas o


empreendimento compreende a unidade morfoestrutural da Bacia Sedimentar
do Paraná, correspondente a unidade morfoescultural do Segundo Planalto
Paranaense.

8.5 Bacia Sedimentar do Paraná

A Bacia Sedimentar do Paraná abrange uma área de cerca de


1.600.000 km² e ocorre sobre a Plataforma Sul-Americana. Implantou-se no
Eosiluriano sobre a crosta continental do recém-formado Gondwana, ainda em
processo de resfriamento. A bacia encontra-se preenchida por depósitos
marinhos e continentais com idades desde o Siluriano Superior (Formação
Furnas) até o Cretáceo (Grupo Bauru) (MINEROPAR, 2006).

8.6 Segundo Planalto Paranaense

O Segundo Planalto Paranaense é representado por uma faixa de


rochas Paleozoicas que se modelam em estruturas monoclinais, sub-
horizontais, com mergulho para o oeste. É limitado a leste pela escarpa
Devoniana, com altitudes entre 1100 e 1200 metros, a oeste pela escarpa
areno-basáltica, também conhecida como Serra Geral ou Serra da Esperança,
com altitudes entre 350 e 560 metros (MINEROPAR, 2006).

23
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8.7 Planalto de Ponta Grossa

Esta subunidade morfoescultural abrange todo o empreendimento.


Apresenta dissecação média, com declividade predominante entre 6 e 30%. O
relevo tem gradiente de 460 metros, com altitudes que variam entre 480 e 940
metros. Dominam as formas de relevo de topos alongados e em cristas,
vertentes retilíneas e côncavas e vales em “V”. A direção predominante da
morfologia é NW/SE (MINEROPAR, 2006).

8.8 Aspectos geomorfológicos locais

Com base no levantamento de campo e análise de imagens de satélite,


foram identificadas feições geomorfológicas locais.

A área possui declividade média da ordem de 6,8% caracterizando


relevo suave ondulado. Na porção norte e oeste do empreendimento são
observadas as maiores declividades, atingindo até 16%. No restante a classe
de declividade predominante corresponde entre 6% e 8%.

A região em que está inserida a cascalheira é caracterizada por


modelados de dissecação homogênea, vertentes convexas e vales abertos de
fundo chato. Há um controle estrutural marcante bem definidos pelos
lineamentos N40-60W predominantemente que configuram vales ou topos bem
aplainados conforme apresenta a figura a seguir, juntamente com as principais
feições estruturais em macro escala. Os morros são moderadamente definidos,
os topos são aplainados, de modo que ocorre planície representativa nesta
região.

O padrão de drenagem é dendrítico e de densidade fina com


aprofundamento das incisões classificado como forte.

8.9 Dinâmicas do Relevo e Riscos Geoambientais

A região estudada caracteriza-se geralmente por relevos com


declividade menor que 6%, com densidade de drenagem moderada e fraco
aprofundamento da drenagem. Possui formações superficiais espessas e que a
24
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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ação do escoamento subsuperficial provoca a perda de materiais finos em
superfície com empobrecimento dos solos e, localmente, do escoamento
superficial difuso, favorecendo uma erosão laminar.

De acordo com Santos et al., (2007) o Planalto de Ponta Grossa possui


moderada evolução de dissecação de modo que a vulnerabilidade a erosão é
considerada como sendo, também, moderada. A região possui potencial para
desenvolvimento de atividades de turismo rural ou ainda recomendável para
ocupação com práticas específicas nas áreas com moderada vulnerabilidade.

Um dos grandes fatores que condicionam a vulnerabilidade natural à


instalação de processos erosivos e movimentação de massa refere-se ao uso
do solo. Segundo levantamento de uso do solo elaborado para compor este
estudo, na região, em especial na área onde se encontra a lavra, predomina
gramas rasteiras e ao seu lado existem partes com o solo exposto. Em
algumas porções também existem fragmentos florestais destinados à
preservação, sendo que alguns destes compõem as áreas de preservação
permanente, conforme determina o código florestal (Lei Federal nº
12.651/2012). Ao leste existe uma área destinada a pecuária, e em quase toda
a parte ao redor da lavra, as terras são destinadas a agropecuária.

8.10 Proteção a Instalação de Processos Erosivos.

As áreas que possuem vegetação nativa oferecem boa proteção ao solo


mediante a instalação de processos erosivos e movimentação de massa. Estas
áreas estão localizadas na porção norte, leste e oeste da lavra.

O solo encontra-se totalmente exposto na área de lavra, exceto no


entorno onde se encontra lavouras de soja, a possibilidade de erosão hídrica é
baixa. Entretanto, durante o levantamento de campo não foram evidenciados
feições erosivas representativas na área.

Ressalta-se que o empreendimento esta localizada em cima da Unidade


Aqüífera Paleozóica Média Superior. De acordo com a distribuição iônica
média, admite-se classificar as águas subterrâneas da Unidade Paleozóica

25
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Média-Superior como sendo Bicarbonatadas Cálcicas, apresentando conteúdo
médio de 120 ppm (mg/L) de Sólidos Totais Dissolvidos.

Segundo CEPED UFSC (2012), foi registrado somente um evento


relativo a enxurradas, uma inundação, uma ocorrência de granizo e uma
ocorrência de movimentação de massa no município de São José da Boa Vista
durante o período de 1991 a 2012.

8.11 Pedologia

De acordo com o ITCG (2008) na área do empreendimento ocorre o tipo


de solo ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO. Os solos identificados nas
áreas de influência citadas são apresentados na tabela a seguir e
posteriormente descritos.

Tabela 03: Tipos de solos identificados nas áreas de influência do empreendimento.

Área Tipos de solo

Lavra e entorno ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO


Distrófico típico

Fonte: Dos Autores, 2022.

26
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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Figura 09: Solo local.

Fonte: Dos autores, 2022.

8.12 Argissolo Vermelho -amarelo

Distrófico típico Este solo ocorre em toda a porção da ADA, AID e AII.
São solos que possui mais de 50% de sua capacidade de troca ocupada
(cáçcio, magnésio e potássio), sendo, portanto os mais férteis. O que influi
favoravelmente no crescimento redicular (EMBRAPA, 2009). São profundos a
pouco profundos, moderados e bem drenados.

9. Hidrologia

A análise da hidrologia da área de influência do empreendimento


compreendeu a caracterização das unidades hidrográficas de gestão dos
recursos hídricos onde está inserido o empreendimento. A caracterização da
bacia baseou-se principalmente em dados secundários obtidos nos planos
diretores das bacias de cada unidade hidrográfica de gestão, além do Relatório

27
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
de Bacias Hidrográficas do Paraná – série histórica, elaborado e disponibilizado
pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA.

A localização e caracterização básica dos principais usos da água


outorgados nas áreas de influência foram baseadas em consulta ao cadastro
de outorgas do Instituto das Águas do Paraná. Para os mananciais de
abastecimento público foram utilizadas também informações do Atlas de
abastecimento urbano de água da ANA (2010).

9.1 Hidrologia superficial

Situada na parte central do planalto meridional brasileiro, a Bacia


Hidrográfica do Rio Paraná, com cerca de 1.237.000 km², abrange regiões do
nordeste da Argentina, centro-sul do Brasil, porção leste do Paraguai, além do
norte do Uruguai (CAZULA, 2012). A bacia, pelo fato de ser essencialmente
planáltica, ocupa o primeiro lugar em potencial hidrelétrico do país.

O Rio Paraná, principal corpo hídrico da Bacia do Rio Paraná, é formado


pela fusão dos rios Grande e Paranaíba e separa os estados de São Paulo e
Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, além de foz do Rio Iguaçu,
servir de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. O mesmo apresenta
muitas quedas d‟água, mas é navegável em alguns trechos. Outros rios
importantes dessa bacia são os rios Paranapanema, Tietê, Piquiri, Pirapó e
Iguaçu.

Com base no conceito de que bacias hidrográficas são regiões limitadas


por um divisor de águas, o Estado do Paraná foi dividido em dezesseis bacias
hidrográficas, que são: Bacia Litorânea, Bacia do Ribeira, Bacia do Rio Cinzas,
Bacia do Iguaçu, Bacias do Paraná 1, 2 e 3, Bacia do Tibagi, Bacia do Ivaí,
Bacia do Piquiri, Bacia do Pirapó, Bacia do Itararé, Bacias do Paranapanema 1,
2, 3 e 4, conforme apresenta a figura a seguir.

28
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
Figura 10: Divisão das bacias hidrográficas do Estado do Paraná.

araná.

Fonte: Instituto de Águas do Paraná, 2007.

Com o objetivo de conduzir a gestão dos recursos hídricos o Estado do


Paraná, de acordo com Instituto de Águas do Paraná, foi subdividido em doze
unidades de gerenciamento de bacias hidrográficas, representadas na figura a
seguir.

Figura 11: Divisão das Unidades Hidrográficas do Estado do Paraná.

Fonte: Instituto de Águas do Paraná, 2007.

29
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
Neste contexto, o empreendimento está inserido na Bacia do Rio Itararé
na unidade hidrográfica de gerenciamento
Itararé/Cinzas/Paranapanema1/Paranapanema2.

A Bacia Hidrográfica do Itararé possui uma área total de 4.845,40 Km²


(SEMA-2007), cerca de 2% da área do estado, e uma população de 114.488
habitantes (IBGE-2004), em torno de 1% do total do estado. O rio Itararé tem
seu fluxo de sul para norte e conta com o rio Jaguariaíva como principal
afluente, em cujas bacias ocorrem, predominantemente, solos denominados de
Argilossolos Vermelho-Amarelos.

Nasce na Serra de Paranapiacaba, ao sul de São Paulo. Tem vários


afluentes, mas os seus maiores são o Jaguaricatu e o Jaguariaíva.

9.2 Rede de drenagem da área de influência

Os conhecimentos relacionados à região hidrográfica da Bacia do


Itararé/Cinzas/Paranapanema1/Paranapanema2, especialmente quanto à sub-
bacia do Rio Itararé permite identificar áreas de maior sensibilidade quanto à
recuperação ambiental da cascalheira, no caso de áreas periodicamente ou
permanentemente inundáveis, além de considerar uma possível proximidade
de mananciais de abastecimento e demais pontos de captação de água.

O detalhamento para ADA do empreendimento não compreendeu a


identificação de corpos hídricos existentes na mesma, identificou-se apenas na
AID e AII através de dados secundários (cartas do IBGE para a microrregião
envolvida no contexto do empreendimento) e primários (verificação em campo).

A seguir são abordados os aspectos hidrológicos das áreas de influência


da jazida no município de São José da Boa Vista/PR.

A AID do empreendimento contempla a maior quantidade de corpos


hídricos existentes nas áreas de influência, dois rios de pequeno porte nascem
e contornam a jazida denominada Fazenda Barra Mansa.

30
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
Figura 12: Corpos hídricos presentes na AID e AII do empreendimento.

Fonte: Dos Autores, 2022.

Observou-se, durante a amostragem de água superficial, que os corpos


hídricos e as nascentes de água em questão, cuja vegetação da área de
preservação nativa esta preservada, possuem leito constituído por areia,
rochas e água com aspecto visual límpido, as nascentes se encontram
preservadas.

9.3 Enquadramento dos cursos d‟água

O enquadramento dos cursos de água em classes busca “assegurar às


águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas” e a “diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante
ações preventivas permanentes” (Art. 9º, Lei nº 9.433, de 1997).

A portaria da SUREHMA n°005/91 dispõe sobre o enquadramento dos


corpos d‟água da bacia do Rio Itararé e estabelece que todos os cursos d‟água
da Bacia do Rio Itararé de domínio do Estado do Paraná pertence à classe “2”.
Todos os cursos d‟água utilizados para abastecimento público e seus afluentes,
desde suas nascentes até a seção de captação para abastecimento público,
31
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
quando a área desta bacia de captação for menor ou igual a 50 (cinquenta)
quilômetros quadrados, tais como os abaixo relacionados, pertencem à classe
“1”.
• Rio Jaboticabal, manancial de abastecimento público do município de
Carlópolis.
• Ribeirão Cinco Bocas, manancial de abastecimento público do
município de Jaguariaíva.
• Rio Varginha, manancial de abastecimento público do município de
Sengés.
• Córrego Malaquias, manancial de abastecimento público da localidade
de Reianópolis, município de Sengés.
• Ribeirão Água Fria, manancial de abastecimento público do município
de Siqueira Campos.
Segundo o plano de bacias (2013), em linhas gerais, a qualidade da
água da bacia do Itararé é considerada como boa a razoável, contudo alguns
de seus afluentes apresentam qualidade da água comprometida,
especialmente os que se inserem em áreas urbanas e recebem lançamento de
efluentes e esgoto sanitário.

9.4 Águas subterrâneas

Segundo SUDERSHA (2010), o empreendimento encontra-se sobre a


unidade Aqüífera Paleozóica Média Superior definida pelos aqüíferos Cinza,
Itararé e Paranapanema 1 e 2. A seguir são descritos os principais aspectos
relativos à unidade Aqüífera Paleozóico Media Superior.

9.5 Aqüífero Paleozóico Médio Superior

Segundo SUDERHSA (2007) as litologias que constituem este aqüífero


são representadas por camadas de arenitos que se encontram intercaladas
com diamictitos, argilitos e folhelhos. A espessura média do pacote sedimentar
é de aproximadamente 800m e a das camadas aqüíferas variam entre 5 e 20
m. Uma das características marcantes do aqüífero é a variação lateral, tanto
dos arenitos como dos sedimentos pelíticos. O aqüífero é do tipo
fraturado/poroso, com uma vazão média que varia de 1 a 6m³/h/poço.

32
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
9.6 Aqüífero Itararé

O Aqüífero Itararé integra a porção basal da unidade aqüífera


Paleozóica Média Superior e é representado por camadas de arenitos
intercalados com diamictitos, argilitos e folhelhos, com variação lateral dos
arenitos e sedimentos pelíticos. Devido à associação de litologias, trata-se de
um aqüífero do tipo fraturado e poroso (SUDERSHA, 2010). A área de recarga
deste aqüífero está localizada sobre a ADA, AID e AII do empreendimento.

As águas do aqüífero Itararé possuem ótima qualidade para o consumo


humano, uso industrial e irrigação. Elas são classificadas como bicarbonatadas
cálcicas e contêm teores de sólidos totais dissolvidos entre 100 e 150 mg/L
(SUDERSHA, 2010).

10. Clima

10.1 Classificação climática de Köppen

Um ponto de partida para o estudo climatológico de uma determinada


área é a avaliação de sua classificação conforme sistema do Köppen, proposto
em 1900 e que se baseia no pressuposto de que a vegetação natural de cada
grande região da Terra é essencialmente uma expressão do clima nela
prevalecente.

Assim, as fronteiras entre regiões climáticas foram selecionadas para


corresponder às áreas de predominância de cada tipo de vegetação, razão
pela qual a distribuição global dos tipos climáticos e a distribuição dos biomas
apresentam elevada correlação.

Para classificação do clima na região onde está localizado o


empreendimento (conforme Köppen) este estudo recorre, então, ao “Mapa
Climático do Paraná, segundo a classificação de Köppen” (ITCG, 2008) -
gerando a partir de dados do Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR) e
disponibilizado nas extensões pdf e shapefile. Através de geoprocessamento,
são extraídas as classes de climas da área do empreendimento, é elaborado
croqui ilustrativo e o panorama é discutido.

33
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
CASCALHEIRA DO CARNEIRO
10.2 Caracterização do clima com dados de monitoramento

O clima não é uma feição estática que pode ser descrita uma única vez
e válida para sempre através de médias de variáveis de tempo num
determinado período (MAIDMENT, 1993).

Desta maneira, para uma caracterização quantitativa de clima foram


utilizados diferentes dados monitoramento para duas abordagens
metodológicas, em paralelo:

 De avaliação de normas climatológicas, médias referentes


a um período padronizado de 30 anos e com data de início
também padronizada;

 De avaliação de demais médias históricas do


monitoramento em estações espacialmente mais próximas ao
empreendimento e/ou de dados mais recentes.

Para esta tratativa de elaboração do diagnóstico do clima regional


recorre-se aos resultados de monitoramento de parâmetros meteorológicos de
duas estações convencionais de observação de superfície (apresentadas na
tabela a seguir e na figura posterior), cujas justificativas de escolha constam
nos subitens subseqüentes desta metodologia.

Tabela 04: Estações meteorológicas cujos dados de monitoramento são úteis à caracterização do
clima da região da jazida.

Estação Japira Joaquim Távora

Código/ sigla 02350018 02349030


Município Bandeirantes / PR Joaquim Távora/PR

Entidade responsável IAPAR IAPAR


Latitude 23º06‟ s 23°30‟ s

Longitude 50º21‟ w 49°57‟ w

Altitude (m) 440 512


Fonte: IAPAR (2022).

34
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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10.3Resultados

10.3.1Classificação climática do Köppen

De acordo com a figura 20, é possível encontrar apenas uma


classificação na área, sendo ela o „Cfa‟, definidas como climas subtropicais
úmidos ou climas temperados suaves. A descrição da categoria climática
existente é apresentada na tabela a seguir.

Tabela 05: Descrição das classes climáticas do Köppen no empreendimento.

Classificação Descrição

 Clima temperado suave com verão moderadamente quente;

 Temperatura do mês mais frio entre -3 e 18ºC;

Cfa  Temperatura do mês mais quente superior a 22 ºC e, durante

 Chuvas durante todos os meses do ano

Fonte: IAPAR (2022).

Conforme discutido na metodologia, trata-se de uma classificação


indireta, baseada em padrões médios e no seu reflexo na composição
vegetacional de uma região que auxilia preliminarmente à compreensão do
panorama esperado, mas cujo estudo, todavia, é refinado através do
aproveitamento de séries históricas suficientemente representativas de dados
observacionais.

11. Caracterização do Entorno

11.1 Uso e Ocupação

A análise de uso e ocupação foi estruturada metodologicamente em uma


escala de estudo: a AII (como observado no mapa abaixo); logo, de uma
perspectiva mais ampliada para uma escala de detalhe – conforme os itens a
seguir.

11.2 Mapeamento de Usos da AI I

Com base no conjunto de informações do Plano da Bacia


Hidrográfica do Rio Itararé (ÁGUAS PARANÁ, 2007; ITCG, 2001) foi realizada
a análise dos usos presentes na AII (seguintes classes de uso: áreas urbanas;
35
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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agricultura intensiva; pastagens e campos naturais; reflorestamento; vegetação
nativa).

A figura a seguir demonstra o mapeamento de uso do solo da AII.

Figura 13: Uso do Solo da AII.

Fonte: Dos Autores, 2022.

Na região onde se encontra o empreendimento há o predomínio de


pastagens e áreas de preservação.

Em termos de pecuária, ao redor do empreendimento se destacam na


paisagem as pastagens que se encontra no entorno. A ocorrência de áreas de
preservação está associada aos corpos hídricos em grandes volumes. Está
localizada em maior volume na face oeste e norte do empreendimento,
apresentando um baixo grau de antropização. Vale ressaltar que ao redor o
índice de agricultura é considerável.

As figuras a seguir demonstram alguns usos presentes na AID e AII.

36
PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO -–PCAS
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Figura 14: Uso do Solo na AID e AII, área de lavoura e ao fundo mata nativa.

Fonte: Dos Autores, 2022.

11.3. Terreno do E mpreendimento

O terreno se destina ao uso de exploração de saibro e agricultura, no


seu entorno encontram-se lavouras temporárias de soja e em quase todo o seu
entorno pastagem. Na parte oeste e norte ocorre vegetação nativa pouca
antropizada

12. Projeto de Encerramento da Cascalheira

12.1 Diagnóstico Da Situação Atual D a Jazida

Foi realizado um diagnóstico da área mediante visitas ao local e


interpretação de imagens de satélite (Situação atual da área do aterro). A
jazida se encontra desativada no momento.
Os procedimentos que serão adotados para o encerramento da área da
cascalheira, constituirão:
 Diagnóstico do local: Este procedimento é a iniciação do plano
de encerramento, é nesta etapa que constitui a visita ao local, analisando as
condições que as estruturas se encontram e as melhorias que deverão ser
feitas.
 Inspeção e Monitoramento Ambiental: nesta etapa do projeto
são identificadas as condições dos sistemas de drenagem, monitoramento
geotécnico, manutenções necessárias e ações emergenciais.
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 Plantio e Melhorias: Esta é a etapa que será feita as melhorias
necessárias de estruturas condenadas, como rachaduras e fissuras. Ao final
desse processo, se inicia a preparação do solo para o plantio das espécies
indicadas, dando inicio a contemplação da cobertura vegetal.
 Sinalização indicativa: Por fim o processo de sinalização do
local, indicando que naquele local se encontra uma área de recuperação
ambiental, e que se devem tomar os devidos cuidados.

12.2 Detalhamento do sistema de isolamento da área

Em relação à área do empreendimento, no presente momento, não há


nenhum tipo de cercamento delimitando a jazida. Serão aproximadamente 177
metros de cerca necessárias para o isolamento do local. Em visita realizada no
local, foi identificada a falta de cercamento na lavra.

Figura 15: Proposta de cercamento.

Fonte: Dos autores, 2022.

Como visto acima, as partes que estão destacadas em vermelho são os


locais onde não foi identificada a existência de cerca, sendo necessária a
construção de uma cerca de palanques com arame farpado para o total
isolamento da lavra, visto que ao redor pode ocorrer a presença de animais.

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13. Objetivo Geral e Específico do PRAD

Analisar as condições ambientais da área da lavra, bem como propor


alternativas para amenizar os impactos causados na área com a exploração de
saibro, visando melhorias para o meio ambiente atentando para a perspectiva
de contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável.

13.1 Objetivos Específicos

 Descrever e caracterizar a área da jazida, se o mesmo está dentro


dos padrões e normas ambientais atentando para a perspectiva de
contribuírem efetivamente para uma exploração dentro das leis e
normas ambientais

 A dinâmica do crescimento da demanda de São José da Boa Vista,


em relação à produção de saibro.

 O gerenciamento da extração de saibro do município de São José da


Boa Vista.

 Identificar os problemas causados pelo acondicionamento


inadequado do saibro que causam danos ao meio ambiente.

13.2 Etapas e métodos da extração

A jazida é do tipo flancos de encosta, se desenvolvem em vertentes de


maciços de rocha pouco ou fortemente inclinados, e apresentam como
aspectos positivos em relação aos outros tipos a maior facilidade de aumento
da área explorável e a possibilidade de progressivo rebaixamento da lavra. O
escoamento da produção de blocos se faz ao nível do terreno de base ou
através de rampas descendentes.

13.3 Método de lavra

A jazida é constituída pelo método de lavra de bancada, como o próprio


nome sugere, a extração de volumes de rocha se dá através de um único ou
mais pavimentos, subparalelos, horizontais ou com baixa inclinação,

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suportados por faces verticais uniformes, os quais constituem as frentes de
lavra, que evoluem lateralmente em forma de “L”.
Alencar, Caranassios e Carvalho (1996) e Ciccu e Vidal (1998),
salientam que tal metodologia é comumente empregada quando a cascalheira
assume contornos físicos regulares, com altura das bancadas uniformes, sendo
característica de estágios avançados da lavra. Normalmente a liberação de
volumes de rocha desenvolve-se a partir das partes superiores do maciço
rochosos em direção, objetivando o rebaixamento das frentes de extração,
procedimento este que permite melhor manejo da lavra, com aproveitamento
mais racional e eficiente da jazida, elevando a taxa de recuperação e
minimizando custos operacionais. Ainda, segundo aqueles autores, o método
por bancadas trás como vantagem a possibilidade de operação articulada de
várias frentes de lavra, as “praças”, permitindo a flexibilização das atividades,
como por exemplo, no atendimento de solicitações emergenciais de incremento
do nível de produção ou contrabalançar inesperadas deficiências qualitativas.
Chiodi (1995) pondera que as lavras em cava permitem seu
aprofundamento máximo em até quatro bancadas com altura individual de 5,0
m a 6,0 m quando utilizado explosivo para seu desmonte. Ainda, segundo o
autor, podem evoluir em sub-superfície a partir do piso inferior mediante
aberturas de galerias, se o material explorado assim justificar. A altura
(espessura) das bancadas é função direta das características da jazida, e,
neste sentido, podem ser subdivididas em bancadas baixas e bancadas altas.

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Figura 16: Lavra atualmente.

Fonte: Dos autores, 2022.

14. Plano de Desenvolvimento da Atividade de Lavra

A lavra de saibro para produção de agregados compreende


as 5 etapas a seguir:
 Decapeamento de solo;
 Remoção de material estéril;
 Desmonte da rocha (saibro);
 Carregamento e transporte e;
 Britagem (beneficiamento).

14.1 Decapeamento de Solo

Operação que consiste na retirada de solo existente sobre a jazida,


através de equipamentos denominados de escavadeiras hidráulicas e
caminhões basculantes. O solo é retirado e estocado em local apropriado para
posterior uso na recuperação da área de lavra.

14.2 Remoção de Material Estéril

Operação que consiste na retirada de material estéril, ou seja, material


que recobre a rocha objeto da lavra, sem uso ou aplicação relevante. Este
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material também é retirado por meio de escavadeira hidráulica e caminhões
basculantes. O material é estocado em local determinado, denominado de bota-
fora, posteriormente podendo ser utilizado na recuperação da área de lavra, na
conformação de bancadas e suavização de taludes.

14.3 Desmonte da Rocha (Saibro)

Era realizado o desmonte mecânico de rochas com o uso de


escavadeira hidráulica, pode ser aplicado nos setores de mineração,
escavação de terra e construção civil. O uso de escavadeiras hidráulicas na
mineração permite o desmonte de rochas sem o emprego de explosivos,
possibilitando a mineração em locais próximos a zonas urbanas. Essa
tecnologia aplica-se na mineração seletiva de camadas delgadas ou inclinadas
produzindo fragmentos de rocha de pequeno tamanho. Nas operações de
escavação de terra obtêm-se taludes precisos e estáveis no corte de estradas,
túneis, trincheiras, rampas, etc.
Os principais benefícios alcançados na utilização de escavadeira
hidráulica em mineração estão relacionados com a substituição das operações
de perfuração, detonação, carregamento e britagem primária pela operação de
corte, que traz as seguintes vantagens:
 Aumento da capacidade total do sistema
 Redução no custo operacional
 Várias operações executadas por um único equipamento
possibilitando uma coordenação, planejamento, despacho e manutenção mais
fáceis.

14.4 Carregamento e Transporte

Operação que consiste no carregamento dos blocos de rocha


desmontados, por meio de escavadeira hidráulica, em caminhões basculantes
os quais levam a rocha até a unidade de britagem e peneiramento ou levadas
até os locais de que serão usadas em recuperações como as de estradas
rurais.

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Perfuração

Rocha desmontada

Carregamento e transporte

Figura 17: Croqui genérico de desmonte de rocha por meio de máquinas hidráulicas.

O solo que ocorre na área do empreendimento é classificado como


Argissolo Vermelho e Amarelo. Já o regolito apresenta espessura entre 3 e 6
metros e é disposto sobre a lavra para recuperação da área explorada. O solo
orgânico é separado para posterior utilização como substrato na revegetação
das áreas de interesse.
O material dito estéril, nada mais é que o regolito que recobre a rocha.
Por ser produto da decomposição da própria rocha sua composição é
basicamente de argilominerais produto da alteração dos minerais que compõem
o basalto, sendo eles praticamente plagioclásio e piroxênio. Esses
argilominerais na umidade e compactação adequadas apresentam excelentes
características como material impermeável e inerte.

14.5 Equipamentos Usados

Escavadeira Hidráulica: As escavadeiras usadas são de alto


desempenho e precisão, já que conta com um sistema hidráulico bem
dimensionado, e proporciona ciclos mais rápidos, elevada capacidade
operacional, economia de combustível e maior produtividade. Nos terrenos que
exigem maior força de tração, os motores de translação mudam
automaticamente para a capacidade de cilindrada máxima, o que reduz a
velocidade e aumenta a força de tração. Em caso de deslocamento, os freios
de translação têm aplicação e liberação automáticas, facilitando se locomover

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no terreno irregular da jazida. A escavadeira hidráulica serve para diversas
tarefas, desde a criação de curva de nível até obras em estradas. Esse sistema
hidráulico promove maiores pressões de trabalho.
Caminhão Basculante: Usado para o transporte do saibro ate sua
destinação final, e para locomoção de fragmentos na parte interna da própria
área da jazida.
Pá Carregadeira: Usada para eventuais aberturas de rampas e
estradas de acesso da jazida e limpeza na parte interna na área de exploração.

14.6 Planejamento da exploração

Seguindo as recomendações de IBAMA (1990), deve-se planejar e


conduzir a exploração mineral sempre visando ao produto final que será obtido
com a execução do PRAD. Existem medidas mitigadoras que são de fácil
execução e que tornam a recuperação mais simples, eficiente e menos
onerosa. A experiência acumulada recomenda as medidas abaixo listadas,
principalmente para pequenos mineradores:

• cercamento e vigilância da jazida, para coibir a exploração clandestina


de terceiros.
• piqueteamento da jazida, para facilitar a visualização espacial e
otimizar a exploração e a recuperação.
• presença de um responsável na lavra que indique aos operadores de
máquinas os locais e profundidades a serem explorados, em conformidade
com o estipulado na Licença Ambiental e no PRAD.
Os objetivos específicos de uma recuperação variam em função do
minerador, do órgão ambiental, da especificidade do local, entre outros. Os
objetivos mais frequentes são:

• restituir a forma da área (paisagem florestal, de campo e outras);


• restituir a função da área (suporte de fauna, recarga de aquíferos,
proteção de rios e outras);
• cumprir a legislação;
• executar um projeto de recuperação que esteja em conformidade com
a destinação da área e com a vizinhança (urbanização, paisagismo, agricultura,
reflorestamento, preservação);
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• executar um projeto sustentável que demande o mínimo de
manutenção em curto, médio e longos prazos.

14.7 Controle da Erosão

O controle da erosão laminar e em sulcos demanda medidas físicas ou


mecânicas (reconstrução de elementos da paisagem, retaludamento), edáficas
(escarificação, tratamento do substrato, incorporação de matéria orgânica) e/ou
biológicas ou vegetativas (incorporação de matéria orgânica, revegetação).
Toda e qualquer ação que diminua a desagregação das partículas do substrato
e seu carreamento pelas águas ou vento constitui prática de controle da
erosão. Implantar e otimizar a cobertura vegetal sobre substratos, aumentar a
capacidade de infiltração de água do substrato e controlar o escorrimento
superficial da água que não infiltra constituem as três estratégias mais
importantes para se controlar a erosão em áreas mineradas. As medidas mais
usadas para a consecução dessas estratégias estão listadas a seguir:

• Recomposição da paisagem;
• Escaificação e subsolagem do substrato;
• Recomposição da topografia;
• Terraceamento;
• Drenagem;
• Aumento da capacidade de infiltração e de armazenamento de água de
substratos;
• Proteção do substrato com cobertura morta (palha, capim, casca);
• Incorporação de matéria orgânica ao substrato;
• Estabelecimento de uma camada herbácea de rápido crescimento;
• Plantio de espécies perenes acompanhando curvas de nível;
• Reflorestamento total ou parcial da área.

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Figura 18: Jazida exposta.

Fonte: Dos autores, 2022.

14.8 Recomposição topográfica

A recomposição topográfica é uma etapa crítica para a estabilização da


paisagem, pois é sobre a superfície da área que as etapas seguintes do
processo de recuperação ocorrerão e que a comunidade vegetal estabelecida
deverá permanecer.

A nova configuração topográfica da área deve ser suave, por questões


de estabilidade, ondulada, para evitar grandes concentrações de água em uma
mesma superfície, e irregular em seu interior, para se evitar uma paisagem
monótona e também para se aumentar o número de possíveis abrigos para a
fauna e nichos ecológicos no local.

Paisagens côncavas são mais estáveis que convexas e, portanto, devem


ser preferidas sempre que possível. Uma topografia estável e que se
assemelhe à natural estará menos sujeita aos processos naturais que operam
sobre a paisagem, como, por exemplo, a erosão. Uma topografia suave
também se encaixa melhor na paisagem natural que circunda a área
degradada. A nova topografia da área deve manter em seus limites toda a água
que precipite sobre ela, evitando-se, dessa forma, escorrimento superficial,
enxurradas, erosão laminar e em sulcos. Em lavras extensas e inclinadas,
terraços, barreiras e valas são necessárias para a contenção das águas.

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As práticas mecânicas de controle da erosão são realizadas em
contorno. “Em contorno” se refere a operações que sigam as curvas de nível,
sempre cruzando perpendicularmente a direção de declividade do terreno.
Operações em contorno visam aumentar o armazenamento de água no solo ou
substrato em regiões secas. Em regiões úmidas, operações em contorno
reduzem a perda de sedimentos, solos e água por escorrimento. Sulcos
deixados no solo pelo plantio em nível, por exemplo, serve de valas de
infiltração de água, o que reduz o escorrimento superficial e a erosão.

14.9 Sistema de Plantio

O reflorestamento do tipo convencional, com o plantio de árvores


nativas, inclusive espécies frutíferas, em disposição de plantio em quincôncio,
de forma que as linhas de plantio não apresentem plantas paralelas e sim,
intercaladas.

Este reflorestamento terá como base conceitual os princípios da


sucessão secundária, que tem como premissa básica o uso de espécies
florestais pertencentes a estágios sucessionais distintos, manejados de tal
forma a favorecer a dinâmica da sucessão ecológica das comunidades
florestais. Dessa forma, grupos de espécies com exigências complementares,
principalmente quanto à necessidade de luz, serão associados de tal forma que
as espécies de rápido crescimento (pioneiras) sejam sombreadoras das
espécies de crescimento mais lento (secundárias e clímax).

As espécies de crescimento rápido e espécies de crescimento lento


serão distribuídas cuidando para que não ocorra concentração em um ponto de
espécies de um mesmo hábito de crescimento (reboleiras). A frequência de
espécies de crescimento rápido e de crescimento lento será 60% e 40%
respectivamente.

Serão utilizadas em maior proporção espécies pioneiras mais rústicas,


comprovadamente adaptadas à região, de crescimento mais rápido, capazes
de formar com sucesso condições que propiciem a melhoria do solo e

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microclima, de forma que o ambiente possa vir a sustentar espécies menos
tolerantes com o decorrer do tempo.

O plantio deverá começar no período chuvoso, pois nesta época a chuva


é favorável ao desenvolvimento das mudas e evitará perdas. Assim,
considerando a classificação acima, cumpre observar uma intercalação no
momento do plantio definitivo, separando as espécies pioneiras e secundárias
da espécie clímax, impedindo que duas espécies clímax fiquem lado a lado,
conforme o seguinte esquema:

S---------P---------X---------P---------S---------P

P---------X---------P---------S---------P--------- P

S---------P---------X---------P---------X--------- P

P = Espécie pioneira S= Espécie secundaria X = Espécie clima.

14.10 ESPÉCIES QUE SERÃO USADAS NO REFLORESTAMENTO


DA ÁREA

Mudas podem ser adquiridas junto ao viveiro florestal municipal e/ou do


IAT, conforme disponibilidade de espécies.

Tabela 06: Espécies do horto Municipal e IAT.

FRUTÍFERAS

Nome comum Nome científico Família


Ameixa amarela Eriobothryajaponica Rosaceae
Araçá Psidiumcattleyanum Myrtaceae
Gabiroba CampomanesiaXanthocarpa Mirtáceas
Laranjeira Citrussinensis Rutaceae
Pitanga Eugenia Uniflora Myrtaceae

NATIVAS

Nome comum Nome científico Família


Angico Gurucaia Parapiptadeniarigida Fabaceae
Angico-branco Anadenanthera colubrina Fabaceae
Angico-vermelho Anadenantheramacrocarpa Fabaceae
Araçá Psidiumcattleyanum Myrtaceae
Aroeira pimenteira Schinusterebinthifolia Anacardiaceae
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Aroeira salça Schinusmolle Anacardiaceae
Araucária Araucariaangustifolia Araucariaceae
Açoita-cavalo Lueheadivaricata Malvaceae
Canafístula Peltophorumdubium Fabaceae
Candiuba Trema micrantha Cannabaceae
Capixingui Crotonceltidifolius Euphorbiaceae
Caroba Jacarandamicrantha Bignoniaceae
Cedro-rosa Cedrelafissilis Meliáceas
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha Bignoniáceas
Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa Bignoniáceas
Jacarandá-branco Dalbergia brasiliensis Fabaceae
Jequitibá Carinianaestrellensis Lecythidaceae
Marmeleiro Cydonia oblonga Rosaceae
Mutambo Guazumaulmifolia Malvaceae
Pau-de-alho Gallesiaintegrifolia Phytolaccaceae
Pau-brasil Caesalpiniaechinata Fabaceae
Pata-de-vaca Bauhiniavariegata Fabaceae
Pinheiro-bravo Podocarpuslambertiir Podocarpaceae
Sobrasil Colubrina glandulosa Rhamnaceae
Tucaneiro Citharexylummyrianthum Verbenaceae
Fonte: Engetec, 2022.

As espécies acima escolhidas de acordo com a disposição de mudas


que se encontram no Horto florestal Municipal e/ou do IAT, será que mais se
encaixam no reflorestamento de Mata Atlântica.

14.11 Alinhamento e Marcação Manual

Esta operação consistira na determinação do ponto exato do local das


covas de plantio. O alinhamento e marcação manual das covas de plantio
consistiram na determinação do ponto exato de abertura das covas e o
alinhamento será balizado com balizas de bambu e cordas com nós atados
com distancias pré-estabelecidas, entre as linhas.

O modelo de plantio adotado será o de linhas em espaçamento 3 x 3,0


para reflorestamento convencional. A determinação do ponto exato para a
demarcação das covas será realizada com o auxílio de trenas ou estacas de
bambu (gabarito) e o picotamento com o auxílio de enxadão. Se o plantio
estiver acompanhando bastante de perto o coveamento, a demarcação das
covas poderá ser feita com a utilização do próprio fertilizante químico.

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14.12 Coveamento e marcação

As covas devem ter dimensões mínimas de 40 x 40cm de abertura e 40


cm de profundidade. O espaçamento recomendado é de 3,0 m x 3,0 m, que é a
distância média entre árvores adultas em condições naturais. Recomenda-se
um espaçamento não muito rigoroso, isso produzirá uma mata mais
semelhante à natural. Essas covas serão abertas com o auxílio de enxadas,
enxadões e outros tipos de ferramentas, sendo que a terra retirada será
deixada do lado das covas a fim de passar pela incorporação com os
fertilizantes quando da adubação de plantio.

14.13 Distribuição de espécies

As espécies devem ser plantadas em linhas de plantio distintas e


alternadas. A finalidade desta técnica é permitir que as espécies que se
desenvolvem bem inicialmente a pleno sol beneficiem aquelas que necessitam
de sombra em seu período inicial para também se desenvolverem de forma
satisfatória. As mudas devem ser plantadas de forma que sejam colocadas
uma espécie secundária ou clímax no centro entre quatro pioneiras como
mostra o esquema a seguir.

↓S---------P---------X---------P---------S---------P SENTIDO DA

3,0m

↑P---------X---------P---------S---------P---------P ⇓ DECLIVIDADE

S---------P---------X---------P---------X---------P DO TERRENO

← 3,0m →

P = Espécie pioneira S= Espécie secundaria X = Espécie clímax.

• Número de espécies.

Área de preservação permanente de 2.090 m²:


1 planta----------- 9,0m²
N° de mudas------2.090m²/9,0m²
N° de mudas = 232 plantas
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Sabendo que a cada quatro espécie primária será usado uma secundária
ou clímax, fica definido:

• Pioneiras: 140 espécies


• Secundárias: 46 espécies
• Clímax: 46 espécies

14.14 Adubação e Correção nas Covas

Esta operação consistira em melhorar as condições químicas do solo.


Não será realizada adubação ou correção em área total na forma mecanizada.
A adubação e correção manual localizada nas covas surtirão maior sucesso,
provendo o adubo com maior eficiência e de forma mais direta às mudas.

A adubação das áreas tem como base as referências de qualidade dos


solos apresentadas na região e poderá ser por adubo químico e/ou orgânica,
conforme descrito a seguir. Inicialmente é realizada a retirada cuidadosa da
muda do recipiente, procurando-se evitar, a todo custo, o destorroamento. No
caso de mudas embaladas em sacos plásticos será realizada a poda das
raízes enoveladas. Preparada a muda, essa deverá ser colocada na cova de
maneira a ficar o colo da muda no mesmo nível da superfície do terreno. A
seguir a cova será completada com a mistura de terra e adubo disposta ao
redor. Cada cova será adequadamente compactada. O excesso de terra,
retirado da cova agora ocupada pela muda, será disposto em “coroa” ao redor
da mesma (não em cone ao redor do seu caule), assegurando a possibilidade
de irrigações futuras.

A adubação de plantio por cova:

• 500 gramas de esterco bovino curtido;


• 100 g de adubo 04-14-08,
• 100 g de calcário.

Adubação de cobertura:

• 100 g de adubo NPK 10-10-10;


• 100 g de salitre do 51 hile.

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No preparo do solo, quando as covas forem abertas deverá ser retirado
a primeira camada de 15 cm e colocar de um lado; a segunda camada de 15 a
30 cm de outro lado, misturando a primeira camada de 15 cm com 500 gramas
de esterco bovino bem curtido e 100 g do adubo NPK 04-14-08 e colocar as
100 g de calcário dentro da cova, deixa as covas preparadas por 2 (dois) dias
para depois colocar as mudas nas covas e, por último, a camada de 15-30 cm,
desta forma evitará o surgimento das espécies consideradas invasoras.

14.15 Recuperação do meio biótico

A restauração do meio biótico se dará com a efetivação do plantio das


mudas, à medida que as árvores forem crescendo elas servirão como
corredores de ligação entre áreas que ainda conservam a vegetação nativa,
favorecendo assim a travessia de animais e a dispersão de sementes, o que
ajudará na própria recuperação da área.

14.16 Implantação

A primeira etapa para o recobrimento do plateau com gramínea é o


cuidado na escolha do material a ser adquirido, devendo optar por sementes
em boas condições fitossanitárias, de modo que o material não venha
contaminado com ervas daninhas, fungos e pragas que prejudicam o
estabelecimento da espécie na área. Em seguida, o preparo do solo deve ser
feito de modo que o terreno esteja limpo e nivelado, em que a última camada
do maciço que irá receber a cobertura vegetal, seja de solo orgânico (terra
preta) livre de pedras, fungos e daninhas, espalhado uniformemente na área.

14.17 Plantio de gramíneas

As sementes de gramínea devem ser espalhadas a lanço, na quantidade


indicada pelo fabricante, sobre o solo aerado e já preparado, e depois cobertas
uniformemente por uma fina camada de terra incorporada com fertilizante
químico ou orgânico. Ainda, sugere-se a aplicação de palhada para reter o
calor no solo e acelerar a germinação, bem como para evitar com que
passarinhos tenham acesso às sementes e para que o solo não permaneça

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exposto até o estabelecimento do plantio. Considerando que normalmente é
utilizado 1 kg de semente para 150 m² de área a ser plantada, estima-se que
serão necessários 206 kg de sementes para o plantio na área afetada.

14.18 Adubação e Irrigação

A adubação química será realizada com fertilizante granulado NPK (10-


10-10), na proporção de 50g/m² ou de acordo com o rótulo do fabricante,
incorporado com terra, distribuídos uniformemente em finas camadas de até 01
cm sobre toda a grama recém plantada/semeada. Alternativamente à adubação
química, pode ser realizada a adubação orgânica na proporção de 40 % de
terra, 30 % de areia e 30 % de matéria orgânica (esterco de galinha, esterco de
bovinos e torta de mamona) e aplicar uma camada uniforme (de 0,5 a 01 cm de
espessura). Logo após a adubação a área deverá ser moderadamente irrigada,
para que o solo fique apenas úmido e não encharcado. As regas devem ser
periódicas, preferencialmente no início da manhã e/ou no final da tarde,
variando de acordo com as condições locais e regime de precipitação ao longo
do ano.

14.19 Manutenção

A poda deverá ser realizada sempre que a grama superar 08 cm de


altura, sendo mais freqüente nos meses chuvosos e reduzidas nos períodos de
seca. Aliado à poda, tem-se o controle de pragas e ervas daninhas que poderá
ser feito com o uso de herbicidas seletivos para gramados aplicados na
dosagem recomendada pelo fabricante, ou pela capina manual.

14.20 Preparo da Área

A fim de evitar a morte ou diminuição do desenvolvimento das mudas


devido aos ataques de formigas, recomenda-se o combate com iscas
granuladas antes do plantio e, periodicamente, e nos próximos 3 anos ou até
que cessem os ataques. São indicadas iscas granuladas, na razão de 10 g por
m² de terra de formigueiro e a aplicação deverá ser realizada próxima aos
formigueiros em dias sem chuva e com baixa umidade relativa, em toda área
do plantio.
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A escolha de mudas de boa qualidade é um cuidado fundamental para o
sucesso do plantio, de modo que estejam em perfeito estado físico, nutricional
e fisiológico. Ou seja, evitar mudas estioladas (relação altura/raiz) ou atrofiadas
(diâmetro do colo), bem como observar o estado fitossanitário (fungos e
doenças) e as condições de aclimatação para suportar as condições de
estresse durante e após o plantio.
O preparo do solo consiste basicamente na descompactação através
subsolagem (40 – 60 cm de profundidade) nas linhas de plantio das duas
espécies e a abertura das covas. As covas poderão ser abertas manualmente
e/ou com auxílio de equipamentos, devendo apresentar dimensões
aproximadas à do tubete ou à do torrão do saco plástico (geralmente 40 x 40 x
40 cm), promovendo o bom acomodamento das mudas, garantindo a
integridade do torrão e o bom desenvolvimento radicular. Para o Sansão do
Campo, recomenda-se 01 (uma) linha de plantio à 01 (um) metro da cerca de
divisa da propriedade, e obedecendo o espaçamento entre plantas de 0,2 m.

14.21 Ações Pós -Processo de Reabilitação

Deverão ser realizadas intervenções caso ocorra qualquer insucesso


com relação ao desenvolvimento das espécies implantadas. As intervenções
poderão ser realizadas sobre as características químicas, físicas e biológicas
dos solos e sobre as características relacionadas ao desenvolvimento vegetal.
Após o término das ações de reabilitação citadas anteriormente várias
etapas devem ser cumpridas com o objetivo de se obter sucesso na
implantação destas medidas. A seguir são citadas estas etapas.

14.22 Monitoramento Ambiental

Após a realização do plantio de herbáceas (gramíneas, leguminosas) e


arbóreas, deverão ser realizadas práticas de monitoramento para averiguar a
pega dos espécimes, buscando obter dados para identificar a necessidade de
intervenções adicionais.

Depois de cessada a atividade, monitoramentos podem ser realizados


com o objetivo de verificar a integridade dos compartimentos da área
impactada. Solo, subsolo, água superficial e água subterrânea são meios

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físicos importantes de serem observados por um período após a atividade e
parâmetros químicos/biológicos podem ser avaliados.

O monitoramento deverá ser estendido por três(3) anos após o término


do processo de reabilitação e permitirá avaliar as condições da revegetação
em desenvolvimento, as condições físico/químicas do solo e a presença de
pragas, doenças e insetos. Qualquer eventual interferência necessária após
cada etapa de monitoramento desencadeará processos de manutenção
através de tratos culturais, conforme descrito a seguir.

A primeira avaliação ocorrerá após o término do processo de


reabilitação. Durante o primeiro ano, o monitoramento ocorrerá a cada três (3)
meses. No segundo e no terceiro ano de monitoramento, as inspeções de
campo poderão ter frequência semestral, conforme Instrução Normativa BAMA
n o 04, de 13 de abril de 2011.

Todas as áreas revegetadas deverão ser objeto de monitoramento


quanto ao estado nutricional e a evolução da cobertura vegetal, de forma a
avaliar os procedimentos adotados e interferir caso se faça necessário. Esse
controle visa detectar qualquer carência nutricional junto às espécies
selecionadas e corrigir o problema com adubação adequada, se necessário.

Deverão ser avaliados o crescimento das mudas plantadas, a taxa de


cobertura vegetal do solo e a colonização espontânea por espécies nativas. O
método adotado deverá ficar a critério do técnico responsável pelo
monitoramento, desde que considere os parâmetros aqui indicados.

Em áreas onde for identificada a necessidade de replantio, ou áreas que


apresentem um desenvolvimento anormal da revegetaçäo a frequência do
monitoramento poderá ser alterada para trimestral ou mensal até que o
processo de revegetação volte à normalidade.

Tabela 07: Metodologia de Avaliação de Recuperação.

Metodologia de Avaliação da Recuperação

As técnicas utilizadas para a avaliação da recuperação capazes de detectar os


sucessos ou insucessos das estratégias escolhidas para a recuperação da área
degradada, bem como os fatos que conduziram a estes resultados serão:
Avaliação da percentagem de cobertura do solo;

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Avaliação da estabilização do solo implantado;
Avaliação da contenção ou persistência de processos erosivos;
Avaliação da sobrevivência de mudas e sementes implantadas;
Avaliação da abundância e densidade de espécies vegetais;
Avaliação de espécies bioindicadoras animais e vegetais;
Avaliação quantitativa de serrapilheira;
Avaliação da regeneração natural.

14.23 Tratos Culturais e ações corretivas

Os tratos culturais são práticas de cultivo necessárias para o


desenvolvimento dos indivíduos introduzidos nas áreas revegetadas até o seu
estabelecimento.

Como forma de preservar os trabalhos de revegetação das áreas


degradadas, serão utilizados os dados do monitoramento para avaliar as
condições do plantio ao longo do tempo, verificando falhas. Nos locais em que
não houver germinação ou pega satisfatória, deverá ser avaliada a
necessidade de adubação para em seguida recompor a vegetação onde for
necessário.

As medidas necessárias para a conservação das mudas são a


adubação, irrigação, a capina em coroamento, elevação de terra ao redor da
muda para auxiliar o acúmulo da água, as roçadas periódicas até o fechamento
das copas (controle de ervas daninhas) e o controle permanente das formigas
cortadeiras. Em mudas grandes e em lugares de ventos fortes é preciso fazer o
tutoramento das plantas. Este se faz com uma estaca amarrada ao lado da
muda. Replantios podem ser necessários.

Assim:

 Aplicação de adubos orgânicos;


 Limpeza e reaplicação da cobertura morta em torno das mudas;
 Irrigação caso necessário (períodos longos de estiagem);
 Roçada da área - coroamento e capina no entorno das mudas;
 Controle alternativo de pragas, doenças e ervas daninha;
 Desbaste e podas quando necessário;

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 Enriquecimento de espécies (adaptadas ao estágio sucessional
da área) e/ou Replantio (conforme acompanhamento de desenvolvimento da
implantação inicial).

14.24 Adubação de Cobertura

A adubação de cobertura visa suprir eventuais deficiências nutricionais e


acelerar o desenvolvimento das plantas no campo favorecendo o
estabelecimento da cobertura vegetal.

A adubação será realizada em 30 a 45 dias após o plantio das mudas e


terá frequência trimestral durante o primeiro ano. O adubo deverá ser aplicado
a lanço.

14.25 Controle de Insetos e Ervas Daninha

O monitoramento das áreas deverá contemplar a identificação de


insetos, pragas e ervas daninha, que prejudique de forma significativa o
estabelecimento das plantas.

Para que as mudas tenham um bom desenvolvimento, é preciso eliminar


a competição com plantas daninhas e protegê-las das formigas. Para isso, são
feitas tantas capinas e roçadas quanto forem necessárias. As covas e ou os
sulcos deverão estar limpos antes de começar o plantio e as capinas deverão
ser feitas duas a três vezes no primeiro ano, uma capina e uma roçada, em
volta das mudas, no segundo ano e uma roçada também em volta das mudas
no terceiro ano. Pode-se optar por três diferentes métodos para realizar os
tratos culturais, o manual, o mecanizado ou o químico, podendo-se aplicá-los
isoladamente ou em combinação.

O método manual é feito em topografia acidentada, onde o acesso de


máquinas é difícil. Normalmente, são feitas roçadas nas entrelinhas e capina
na linha, ou apenas coroando as mudas. A roçada na entrelinha, além de ser
uma operação de maior rendimento, auxilia na conservação do solo,
diminuindo ou evitando a erosão. Capina manual em toda área expõe,
excessivamente, o solo à erosão e é uma operação que onera os custos, pois
seu rendimento é baixo.
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Assim, o controle das ervas daninhas será efetuado com roçada/capina
manual (enxadas e roçadeiras) nas áreas que apresentarem o problema e em
último caso com a aplicação de herbicidas, conforme recomendação de
técnico/profissional habilitado.

Para insetos deverá ser avaliado o grau de infestação (caso exista) para
então decidir sobre a utilização de defensivos agrícolas específicos.

14.26 Ressemeadura

Para áreas onde não houve o estabelecimento das herbáceas


(gramíneas e leguminosas), deverá ser realizada a ressemeadura. Verificar a
resposta das espécies implantadas e caso necessário substituir por outra(s).

14.27 Replantio

Essa operação ocorre, pois existe uma taxa de mortalidade das mudas
plantadas. Normalmente a taxa de replantio é de 10% e será efetuada no
máximo em 45 dias após o plantio. Assim, este processo se dá percorrendo as
covas, identificando as mudas comprometidas e substituindo-as por novas
mudas.

14.28 Irrigação

Recomenda-se que o plantio seja feito no período chuvoso, que na


região compreende os meses de dezembro e janeiro. Avaliar o
desenvolvimento das plantas para realização desta atividade e caso necessário
irrigar em períodos de estiagem prolongada.

14.29 Manutenção

Recomenda-se o controle de vegetação invasora próxima ao sistema


radicular das mudas, sendo indicado o coroamento mensal nos primeiros 05
(cinco) anos ou até que as árvores estejam estabelecidas, e semestrais nos
anos conseguintes. Ainda, será necessária a irrigação nos meses de estiagem
até o fechamento do dossel e total cobertura do solo. É fundamental que, no
momento da manutenção, a camada de serrapilheira seja preservada
integralmente, mantendo a cobertura do solo e a ciclagem de nutrientes

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14.30 Manutenção estrutural

O Plano de Manutenção após o encerramento da cascalheira considera


todas as ações que venham a ser necessárias para a garantia da integridade
dos sistemas de cobertura, proteção, drenagem e acessos, também
englobando todas as infra-estruturas de apoio em termos de instalações e
instrumentos de monitoramento geotécnico e ambiental, resguardando a
continuidade das ações de controle do empreendimento, até a sua
consolidação.
Tipos de Manutenção:

1. Sistema Viário;
2. Paisagismo;
3. Sistema de Monitoramento Ambiental;
4. Limpeza geral da área;
5. Sistema de Monitoramento Geotécnico;
6. Sistema de drenagem de águas superficiais
7. Cercas, portões e as edificações.

Manutenção de Paisagismo - A manutenção paisagística consistirá


fundamentalmente no controle da integridade da cobertura vegetal, incluindo a
cobertura de grama sobre a jazida visando o resguardo e continuidade da
proteção dos solos a eventos erosivos.
Manutenção da Limpeza geral da Área - A área da jazida deverá ser
mantida limpa, roçada e capinada, garantindo que o local seja mantida na mais
perfeita condição.
Manutenção do Sistema de Monitoramento Geotécnico - O Sistema
de Monitoramento Geotécnico deverá ser mantido após o encerramento das
atividades de operação da Cascalheira.
Cuidados a serem tomados:
• Proteção no entorno dos instrumentos de maneira a garantir sua
visibilidade e acesso para leituras;
• Evitar tráfego próximo destes instrumentos mesmo durante as
atividades de manutenção;
• A avaliação da funcionalidade em decorrência dos recalques e
deslocamentos cumulativos ao longo do tempo de operação desse sistema
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instrumentos, durante o período de monitoramento após o encerramento, o que
poderá suscitar eventual complementação ou substituição.
Manutenção do Sistema de Drenagem de águas superficiais - A
manutenção do sistema de drenagem superficial consiste em seguir alguns
passos importantes:
• Inversão no Sentido de Escoamento das Drenagens, eliminar as
depressões muito violentas, através da execução de reaterros e a reexecução
do sistema de drenagem, observando e aferindo o correto caimento. Essa
medida pode não surtir efeito, sendo necessárias medidas mais drásticas,
como execução de novos dispositivos de drenagem.
• Depressões em Taludes e Bermas Fazer inspeções mensais em todos
os platôs, terraços, bermas, taludes, etc. a procura de possíveis danos. Se os
mesmos ocorrerem, deve-se fazer um reaterro para restaurar as condições
anteriores, evitando, principalmente, o acúmulo de água na superfície da
jazida.
Manutenção das cercas e portões - Os portões e as cercas devem ser
mantidos em perfeitas condições impedindo assim o acesso não autorizado a
Cascalheira, mesmo após o encerramento.

15. Uso futuro da área

O uso futuro da área, após o encerramento da retirada do saibro,


consistirá nas atividades de pecuária ou lavoura, sendo que ao redor da área
da jazida, já exista essas atividades.
Para tanto, as medidas a serem implementadas, no sentido de
possibilitar esta forma de utilização referem-se à:

15.1 Isolamento da área

A área da jazida deverá ser isolada em todo o seu entorno, da forma


mais natural possível. Deverá ser executado em conformidade com a
reconformação geométrica, com o uso de espécies nativas e manutenção da
vegetação existente.

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15.2 Recomposição vegetal e paisagismo

Com o propósito de manter a área recuperada o mais harmonizada


possível com o meio ambiente local e mitigar o impacto visual causado pela
existência da área da Jazida, será executada adequação paisagística, em
consonância com as necessidades de isolamento e os demais usos.

16. Cronograma de Encerramento e Recuperação da Área

Tabela 08: Cronograma de execução do PRAD.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PRAD


Ações Atividades 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano

1º sem 2º sem 3º sem 4º sem 5º sem 6º sem 7º sem 8º em

1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º 1º 2º
trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim trim

Execução do 1.1) Contratação de Profissional x x


PRAD Responsável Técnico pela Execução
do PRAD.
1.2) Identificação do local com placas x x
de advertência.

(1.3) Delimitação e isolamento da x x


área a ser recuperada.

1.4) Homogeneização da superfície. x x

(1.5) Execução de Técnicas de x


Revegetação
(1º etapa):
- Aquisição das Mudas em Viveiro
(recomendadas pelo PRAD);
- Armazenamento temporários das
mudas no viveiro.

1.6) Execução de Técnicas de x x


Revegetação.
(1º etapa):
- Preparo do solo;
- Controle de formiga (se necessário);
- Marcação das covas (respeitando
espaçamento);
- Abertura das Covas e Coveamento;
- Adubação;
- Plantio;
- Escoreamento das mudas;
- Irrigação pós-plantio;
- Replantio (caso seja necessário).
Monitoramento 2.1) Contratação de responsável x
e Avaliação do técnico pela execução de
plantio de monitoramento da vegetação.
mudas 2.2) Monitoramento e Manutenção. x x x x x x x x x x x x

2.3) Elaboração de relatórios técnicos x x x x x x


e registros fotográficos.
- Até seis meses pós-plantio
mensalmente;
- De seis meses a um ano pós-plantio
de dois em dois meses;
- No 2º e 3º ano pós-plantio
semestralmente.
Fonte: Engetec, 2022.

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17. Conclusão

Hoje sabemos que muitos dos danos causados a natureza não se


corrigem sem o auxilio de técnicas que possibilitem a sua regeneração, assim
os Planos de Recuperação das Áreas Degradadas são um importante
instrumento para a efetivação de um futuro ambientalmente adequado, sem
essas ações os demais esforços se tornam frágeis, visto que é necessário
recuperar as áreas que já se encontram degradadas e preservar as que ainda
não sofreram nenhuma agressão.
A efetivação das ações propostas neste PCAS é de extrema importância
para a recuperação da área onde se encontra a jazida de Saibro, assim
daremos as condições necessárias para que a natureza se restabeleça nesse
local. Vale lembrar que as ações sugeridas neste trabalho são reparadoras.
Vale lembrar que um novo modelo de consumo se faz necessário, visto
que a área a ser recuperada se trata de “Jazidas” que fora explorada por
muitos anos. De nada vale a execução de planos de recuperação se a
exploração continuar e a degradação permanecer no mesmo nível. Um mundo
ambientalmente melhor é possível, porém e necessário que se crie
conscientização sobre os recursos a serem explorados. Hábitos baseados no
respeito ao meio ambiente para que possamos administrar o consumo de
recursos, e ao mesmo tempo, recuperar esses locais um dia explorados.
O sucesso do PCAS só pode ser avaliado após a implementação do
mesmo comparado os seus objetivos iniciais, além da verificação periódica do
quão eficaz foram às ações executadas.

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18. Referências Bibliográficas

ALBERTE, Elaine Pinto Varela; CARNEIRO, Alex Pires; KAN, Lin.


Recuperação de áreas degradadas por disposição de resíduos sólidos urbanos.
Diálogos & Ciência–Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de
Feira de Santana. Ano III, n. 5, 2005.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: . Acesso em: 17
Ago. 2016.
LANZA, Vera Cristina Vaz. Caderno Técnico de reabilitação de áreas
degradadas por resíduos sólidos urbanos. Belo Horizonte: Fundação Estadual do
Meio Ambiente: Fundação Israel Pinheiro, 2010.
NEPPI, Davi Lazarini et al. Plano de Fechamento do Aterro em Valas do
Município de Santo Antônio do Jardim–São Paulo. Engenharia Ambiental: Pesquisa
e Tecnologia, v. 7, n. 4, 2010.
Barth, R.C. (1989). Avaliação da recuperação de áreas mineradas no
Brasil. Boletim Técnico no 1. SIF/UFV, Viçosa, MG. 41p. In: Curso
Recuperação de áreas degradadas, vol. II. UFPr/FUPEF-Pr/Associação
Paranaense de Engenheiros Florestais. Curitiba, 5 - 15/07/93.
IBAMA - Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (1990). Manual de recuperação de áreas degradadas pela
mineração: técnicas de vegetação. Brasília, 96p.
Majer, J.D. (1989). Animals in primary succession: the role of fauna in
reclaimed lands. London, Cambridge University Press, 469p.
MMA/PNUD - Ministério do Meio Ambiente/Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (2002). Agenda 21 Brasileira. Resultado da
Consulta Nacional. Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e da Agenda 21 Nacional. Bezerra, M.C. de L. et al.
(organizadores) Volume 1, 144p.
Primack, R. B. & Rodrigues, E. (2002). Biologia da conservação.
Primack & Rodrigues. Londrina, 328p.

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19. Anexos

Matrícula da Propriedade

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