Banco Populacional de DNA e Suas Implicações Sociais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

JOÃO VITOR ORENIDES

BANCO POPULACIONAL DE DNA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOCULTURAIS

JACAREZINHO

2024
O projeto Genoma Humano (PGH), proporcionou muitos avanços para as áreas de
estudos referentes a engenharia genética e a biologia evolutiva, representando um
salto qualitativo e significativo para o meio científico, respondendo e preenchendo
algumas lacunas referentes as bases hereditárias da espécie humana. (genes).

Através desse projeto, que durou cerca de 13 anos, envolvendo o esforço de 20


instituições de 6 países e com um custo estimado em US$ 3 bilhões, foram
decifrados 92% do genoma humano. Seguem alguns dos resultados obtidos: O DNA
humano apresenta aproximadamente 3 Bilhões de pares de bases; A maior parte
dos nossos genes não codificam proteínas.

Com o PGH (Projeto Genoma Humano) em curso, pautas sobre questões étnico,
raciais quanto a privacidade de dados tornaram-se frequentes não apenas no meio
acadêmico, mas alcançaram os centros de mídia, sendo difundidas na sociedade.
Dentre elas está a criação de um banco de dados de DNA, que nos dias de hoje
estão sendo implementados em alguns países do mundo.

Sendo assim, surgem alguns questionamentos e reflexões pertinentes: Quais seriam


os fatores benéficos a partir da implementação de um banco de dados genético
(DNA) de uma população? Pois bem, o banco populacional de DNA seria
fundamental na investigação e procura de criminosos foragidos, no ramo da perícia
criminal, no melhoramento e desenvolvimento de técnicas e tratamentos para
condições de saúde diversas (síndromes, doenças congênitas, doenças autoimunes,
doenças oncológicas), permitindo a identificação no pré-natal através do
aconselhamento genético. Identificar os genes mais suscetíveis aos tipos de
mutações, escolha do sexo de bebês para a manutenção do número de indivíduos
homens e mulheres de uma população também são alguns exemplos.

Porém, a implementação dos bancos genéticos resvala em uma série de problemas


de ordem ética. O que garante que a privacidade das informações obtidas a partir do
teste de DNA das pessoas será resguardada? Uma base de dados do DNA de uma
nação seria uma informação poderosíssima nas mãos dos AIE (Aparelhos
Ideológicos de Estado), como governos autoritários e grandes corporações privadas,
que visam o lucro a qualquer custo, através da exploração da força de trabalho,
sendo essa uma das bases do sistema econômico Capitalista.
Nos dias de hoje existem leis de proteção de dados que são infringidas por grandes
empresas. No ano de 2018, por exemplo, foi confirmado pelo governo norte-
americano que o Facebook, uma das Big techs (compreende um conjunto das
maiores corporações globais do ramo da tecnologia e comunicação), forneceu
informações de mais de 50 milhões de seus usuários sem o consentimento dos
mesmos para uma empresa privada responsável pela propaganda política do ex-
presidente Donald Trump, na sua campanha eleitoral do ano de 2016. Percebe-se
então que as informações colhidas a partir do teste de DNA de um indivíduo exigiria
um nível de proteção ainda maior. Quanto a escolha do sexo e de características
fenotípicas dos bebês, é um assunto extremamente polêmico. Determinar os
caracteres de uma população esbarraria em questões sociais e culturais muito
profundas, além disso poderia culminar na homogeneização da etnia dos países,
reforçando a estereotipagem, o racismo e o discurso de ódio por parte de grupos
radicalizados (antissemita, misógino), que se consolidaram no decorrer da história.

A escolha das características fenotípicas e genotípicas de uma população também


seria um fator preocupantes biológico e geneticamente, quanto a suscetibilidade de
determinados grupos a determinadas condições de saúde (síndromes e doenças), e
ao fator imunológico no que se refere a resistência a determinados agentes
patogênicos (vírus e bactérias). Por exemplo, em uma população hipotética pré-
condicionada geneticamente - a qual se observasse uma homogeneização étnica
estabelecida ao longo de milhares de gerações como tal -, submetida a um evento
epidêmico por um agente patogênico altamente resistente, essa população seria
profundamente afetada, culminando numa elevada taxa no seu coeficiente de
letalidade (relação entre nº de mortes/ nº total de infectados).

Por tanto, concluímos que para a implementação de um banco de dados de DNA


populacional é necessário um amplo debate político, social e científico para definir
as políticas de privacidade que acercam essa temática, além do debate ético sobre
quais os métodos e os parâmetros empregados no aconselhamento genético e nos
testes de DNA, sendo essas ferramentas muito importantes para a prevenção e
tratamento de diversas condições de saúde, proporcionando assim uma melhor
qualidade de vida para os seus cidadãos.
Referências Bibliográficas

Zatz, Mayana. Projeto Genoma Humano e Ética. Revista São Paulo em Perspectiva.

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