Artigo 165433 2 10 20230926
Artigo 165433 2 10 20230926
Artigo 165433 2 10 20230926
Ananda Ewelin da Silva Rodrigues1, Bruna Garcia de Moares1, Ítalo José Silva Damasceno1, Paulo
Gustavo Colorado de Jesus Paiva1, Vanessa Novaes Barros1.
RESUMO
Objetivo: Descrever o processo de desenvolvimento e funcionamento da Diabete Mellitus (DM) em
infantojuvenis e mostrar as causas e agravantes da patologia. Métodos: Revisão Integrativa da Literatura,
nas bases de dados da Literatura Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Sistema Online de Busca
e Análise de Literatura Médica, via Biblioteca Virtual de Enfermagem, publicados entre 2020 a 2022, baseada
em Descritores em Ciências da Saúde "Diabetes Mellitus", "Alimentação", “Criança” e "Metabolismo”.
Resultados: Ao final, obteve-se a amostra de 12 artigos, sendo de países diversos, os quais demonstraram
uma variedade de fatores agravantes para as crianças insulino dependentes ou para aquelas que podem
desenvolver a doença, tendo como principais abordagens associações com quadros cardiovasculares,
leucemia, linfoma de Hodgkin e linfoma de não-Hodgkin; rotina escolar; inatividade física; alimentação
irregular; relações e influência familiar; e impacto pandêmico na rotina. Considerações Finais: Nota-se a
imprescindibilidade de transmitir informações objetivas sobre as causas da Diabetes e ações que podem
agravar os casos em crianças, podendo preveni-la e remedia-la, além de proporcionar uma maior atenção
quanto a educação alimentar e atividade física, desde a infância, aumentando os cuidados e diminuindo a
prevalência da doença.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Alimentação, Metabolismo, Criança, Doença crônica.
ABSTRACT
Objective: To describe the process of development and functioning of Diabetes Mellitus (DM) in children and
adolescents and to show pathology’s causes and aggravating factors. Methods: It’s a Integrative Literature
Review, of American and Caribbean Literature in Health Sciences databases and Online Medical Literature
Search and Analysis System, from Virtual Nursing Library, published between 2020 and 2022, based on
Descriptors "Diabetes Mellitus", "diet", "Child" and "Metabolism". Results: A sample of 12 articles was
obtained, from different countries, which demonstrated a variety aggravating factors for insulin-dependent
children or for those who may develop the disease, having as main approaches associations with
cardiovascular conditions, leukemia, Hodgkin's lymphoma and non-Hodgkin’s lymphoma; school routine;
physical inactivity; irregular eating; relationships and family influence; and pandemic impact on routine.
Conclusion: It is noted the indispensability of transmitting objective information about the causes of Diabetes
and actions that can aggravate cases in children, being able to prevent and remedy it, in addition to providing
greater attention regarding food education and physical activity, from childhood , increasing care and
decreasing the prevalence of the disease.
Keywords: Diabetes Mellitus, Food, Metabolism, Children, Chronic disease.
RESUMEN
Objetivo: Describir el proceso de desarrollo y funcionamiento de la Diabetes Mellitus (DM) en niños y
adolescentes y mostrar las causas y agravantes de la patología. Métodos: Revisión Integrativa de Literatura,
en las bases de datos de Literatura Americana y Caribeña en Ciencias de la Salud y Sistema de Búsqueda y
Análisis de Literatura Médica en Línea, a través de la Biblioteca Virtual de Enfermería, publicada entre 2020
y 2022, con base en los Descriptores de Ciencias de la Salud "Diabetes Mellitus", "dieta", "Niño" y
"Metabolismo". Resultados: Al final, se obtuvo una muestra de 12 artículos, de diferentes países, que
demostraron una variedad de factores agravantes para los niños insulinodependientes o para aquellos que
pueden desarrollar la enfermedad, teniendo como enfoques principales asociaciones con condiciones
cardiovasculares, leucemia linfoma de Hodgkin y linfoma no Hodgkin; rutina escolar; la inactividad física;
alimentación irregular; relaciones e influencia familiar; y el impacto de la pandemia en la rutina. Conclusión:
Se advierte la indispensabilidad de transmitir información objetiva sobre las causas de la Diabetes y las
acciones que pueden agravar los casos en los niños, pudiendo prevenirla y remediarla, además de brindar
una mayor atención respecto a la educación alimentaria y la actividad física, desde la infancia, incrementando
los cuidados y disminuyendo la prevalencia de la enfermedad.
Palabras-clave: Diabetes Mellitus, Alimentación, Metabolismo, Niños, Enfermedad crónica.
INTRODUÇÃO
De acordo com Brasil (2019), conceitua-se Diabetes Mellitus (DM), como uma doença de caráter
metabólico, caracterizada por hiperglicemia persistente decorrente da deficiência na produção de insulina ou
na sua ação, ou em ambos os mecanismos. No contexto das doenças crônicas, a DM merece destaque por
sua elevada prevalência, representando um problema de saúde pública, devido à natureza crônica e suas
complicações associadas ao tempo de exposição à hiperglicemia. Estima-se que, mundialmente, 537 milhões
de adultos viviam com diabetes, sendo prevalente entre adultos de 20 a 79 anos, ainda nesse viés, a DM foi
responsável por 6,7 milhões de óbitos no mundo até 2021 e de acordo com as projeções atuais, o número de
pessoas com diabetes no mundo pode ultrapassar a marca de 783 milhões até 2045 (OMS, 2021).
Esta patologia, ainda se subdivide de acordo com sua etiologia. As subdivisões mais conhecidas são o
diabetes tipo 1(DM1), diabetes tipo 2(DM2). No caso de crianças e adolescentes, a subdivisão que os acomete
com maior frequência é o DM1, também chamado de diabéticos insulino dependentes (DID), é causado pela
ausência de secreção da insulina no pâncreas. Na etiologia da DM2 inclui a contribuição de componentes
genéticos, fisiológicos e o estilo de vida, associado a um comportamento sedentário e a má alimentação
(MACEDO JL, et al., 2019). A DM2 comumente acomete pessoas com mais de 50 anos. No entanto, nos
últimos anos, houve um aumento dos casos da DM2 em pacientes pediátricos. O reflexo dos comportamentos
da sociedade atual somado à predisposição genética são os principais precedentes da doença (DIMEGLIO
LA, et al., 2018).
No caso das crianças com obesidade, verifica-se o aumento da resistência à insulina alterando os níveis
glicêmicos, com isso a dosagem de glicemia em jejum se faz necessária em Infantojuvenis com sobrepeso e
obesidade como iniciativa para investigar Pré-diabetes e DM2 (CRUZ DSM, et al., 2018). Nesse contexto, é
necessário ressaltar que a obesidade infantil, é definida pelo acúmulo de gordura corporal em associação ao
consumo excessivo de calorias juntamente com o sedentarismo, é uma doença que cresce gradativamente
em todo o mundo e tem capacidade de desenvolver hiperglicemia por resistência insulínica, diminuindo dessa
forma a sensibilidade do organismo à presença de insulina e, portanto, a mesma não consegue desempenhar
adequadamente sua função, que é carregar a glicose presente no sangue para o interior das células (ARAÚJO
GDR, et al., 2018).
Como resultado, há um aumento no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas, como
por exemplo, o DM2. Assim, é indicado que a obesidade, que é uma condição diagnosticada com base no
Índice de Massa Corporal (IMC), pode ser prevenida durante a infância e adolescência, pois contribuirá para
uma melhor qualidade de vida no futuro, vendo essa problemática e os riscos decorrentes dela, vale ressaltar
temas como promoção à saúde e orientação, que são necessárias tanto para as crianças e adolescentes
quanto para os pais ou responsáveis (ARAÚJO GDR, et al., 2018). Diante disso, o crescimento da diabetes
está associado a diversos fatores, dentre eles: padrão alimentar inadequado e sedentarismo, que estão
intimamente ligados à obesidade, independente da faixa etária, colocando-se em evidência a diabetes
adquirida na infância (IDF, 2018).
Os fatores de risco da obesidade e do sedentarismo são comuns para as doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), sendo temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)
(BRASIL, 2021). Considerando que o sucesso do tratamento das DCNT depende da participação e do
envolvimento do usuário do serviço de saúde enquanto sujeito ativo de seu tratamento, a PNPS trouxe como
um dos seus objetivos a promoção do empoderamento e da autonomia dos sujeitos e da coletividade através
do desenvolvimento de habilidades pessoais e de competências em promoção e defesa da saúde e da vida
(BRASIL, 2021).
Um dos principais dispositivos para promover o cuidado da saúde é a educação em saúde, com um caráter
mais ampliado, que auxilia não somente na prevenção de doenças como também no desenvolvimento da
responsabilidade individual, sendo bastante utilizada para transformação de práticas e comportamentos
individuais, além do desenvolvimento da autonomia e da qualidade de vida do indivíduo (BALSEIRO EM, et
al., 2021).
Entende-se, também, que o diagnóstico precoce e o tratamento podem retardar ou evitar o
desenvolvimento da doença, e, por conseguinte, a possibilidade de complicações futuras. Logo, é excepcional
intervir nesses fatores, de acordo com Lopes CO, et al. (2022), a partir do diagnóstico precoce e da difusão
de informações sobre comportamentos alimentares, estilo de vida, prática de exercícios físicos, terapia
medicamentosa, se necessário, para a melhora do quadro clínico, da qualidade de vida e a resposta ao
tratamento. Para tanto, é imprescindível que o indivíduo com diabetes mantenha o controle glicêmico
adequado, o que exige mudanças no seu estilo de vida e grande aporte de cuidados (ABREU MC, 2020).
O presente estudo teve como objetivo descrever o processo de funcionamento da Diabete Mellitus em
pacientes infantojuvenis, mostrando o motivo da relevância, prevalência e aumento desses casos no mundo,
para melhor entender como fatores alimentares e metabólicos contribuem para o acentuamento da patologia,
nessa faixa-etária, correlacionando as experiências pessoais e sociais, fatores externos e internos.
MÉTODOS
O presente trabalho refere-se a uma Revisão Integrativa da Literatura, a qual possui como principal objetivo
sintetizar um determinado assunto e discutir sobre este, além de reunir trabalhos científicos publicados nos
últimos anos que abordam determinado assunto (DANTAS HLL, et al., 2022). Esse escritor divide o método
em seis etapas, sendo assim, pode-se fazer uma melhor síntese dos artigos referentes ao tema estudado.
Como primeira etapa, formulou-se um tema norteador para melhor direcionar o trabalho e assim,
esclarecer de forma crítica a seguinte temática: "Diabetes infantil: uma análise dos fatores alimentares e
metabólicos que contribuem para o agravo da doença". Na etapa seguinte, foi realizada uma busca nas bases
de dados da Literatura Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e
Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Biblioteca Virtual de Enfermagem (BDENF).
Quanto aos critérios de inclusão, são reconhecidos artigos científicos nos idiomas inglês, português e
espanhol, dos anos de 2015 a 2022. Não serão incluídos trabalhos científicos de outra natureza, como revisão
de literatura e/ou bibliográfica, dissertação de mestrado, capítulo de livro e monografia. Por conseguinte,
foram usados descritores para a busca com auxílio do operador booleano “AND”. Os descritores usados
foram "Diabetes Mellitus", "Alimentação", “Criança” e "Metabolismo". O fluxograma a seguir mostra o processo
de seleção dos artigos:
Figura 1 - Fluxograma demonstrando o processo de escolha dos artigos para o presente estudo.
RESULTADOS
Dos 12 artigos selecionados, sido 2 realizados na China, e os demais nos Estados Unidos, Coréia, Itália,
Taiwan, Tailândia, União Europeia, Bélgica, Suíça, Brasil e Arábia Saudita, sendo um em cada país. Os
resultados evidenciaram que as motivações e impulsionamentos da doença se dão por questões alimentares
e nutricionais, ausência de atividades, presença influenciadora da família no estilo de vida, associação a
doenças secundárias como doenças cardiovasculares, leucemia, linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma de não-
Hodgkin (LNH), rotina escolar e, apontado recentemente, o impacto da pandemia.
Nos estudos, 6 artigos utilizaram métodos semelhantes para monitorar os fatores cardiovasculares que
indicam pré-diabetes ou diabetes. Além disso, 3 artigos tiveram como local de estudo escolas, relacionando
atividade física e alimentação saudável para o controle da DM1, caracterizando o perfil nutricional dos alunos
(baixa ingestão de fibras, baixo teor de cálcio e alto teor de sódio) como fatores de riscos.
Sobre as práticas alimentares, 2 artigos relacionaram o papel da família frente ao desenvolvimento de
fatores metabólicos que contribui para a desregulação metabólica, identificando baixo consumo de frutas,
hortaliças e água, enquanto a ingestão de doces, salgados e fast-food são elevados. Além disso, o artigo feito
no Brasil discute os modelos explicativos de DM1 para o cuidado mais adequado no âmbito familiar por meio
da socialização de saberes e práticas.
O impacto do isolamento social na rotina de crianças com DM também foi abordado como fator que
contribuiu para menor prática de atividades físicas, aumento de consumo de fast food e desregulação do
humor. Posteriormente, a ingestão de Tiamina foi associada está ao menor risco de se desenvolver
complicações cardiovasculares, hipertensão, infarto do miocárdio, diabetes tipo 2, depressão e dislipidemia
segundo o artigo coreano.
Quadro 1 – Síntese dos artigos sobre fatores de causa e/ou complicação de diabetes em crianças.
Autor e ano País Objetivo Metodologia Resultados Conclusão
Liu C, et al. Estados Examinar a associação entre fatores cardio- Foram analisadas a relação cintura-altura, No total, apresentaram 11,4% O risco de ter pré diabetes
(2021) Unidos metabólicos e a pré-diabetes entre 5633 pressão arterial, triglicerídeos e colesterol alteração de GJA (glicose de jejum tende a aumentar conforme os
adolescentes nos Estados Unidos na base de de lipoproteína de alta densidade com os alterada), 4,7% para TGD (tolerância a fatores cardio-metabólicos
dados NHANES (The National Health and indicadores pré diabéticos de 5.633 glicose diminuída), 4,5% para HbA1c assumem valores anormais
Nutrition Examination Survey). jovens. (hemoglobina glicada) elevada e 16,1%
tinham pré-diabetes.
Duc HN, et al. Coréia Determinar os níveis de ingestão de tiamina e Estudo populacional com amostragem por A ingestão de tiamina nos grupos que A ingestão de tiamina está
(2021) a associação entre ingestão de tiamina, conglomerados estratificado em área tomam doses suficientes está associada ao menor risco de
diabetes, doenças cardiovasculares e saúde geográfica, grau de urbanização, status inversamente associada a hipertensão, desenvolver complicações
mental. de crescimento econômico e distribuição infarto do miocárdio ou angina, diabetes cardiovasculares e sua
por sexo e idade, tipo 2, depressão e insuficiência contribui para a
derivado do Programa Nacional de Saúde dislipidemia. desregulação metabólica
e Nutrição da Coreia. durante a hiperglicemia, na
síntese de insulina e na
secreção das células do corpo.
Flores- União Entender sobre a disponibilidade de alimentos Estudo transversal, longitudinal, Os resultados indicaram que 92,7 % das O comportamento alimentar
Barrantes P, et Europeia em casa; ingestão de frutas; permissividade de randomizado e controlado nas escolas e crianças não cumpriam as infantil é resultado de múltiplos
al. (2021) alimentos salgados/doces; usar comida como na comunidade ao longo de 2 anos sobre recomendações de consumo total de níveis de influência tal como o
recompensa em famílias com risco de as práticas alimentares de 2967 famílias frutas e hortaliças e 84% de ingestão nível de escolaridade dos pais,
desenvolver diabetes. europeias com crianças entre 6 a 11 anos. hídrica. 90,9% excederam a quantidade qualidade nutricional dos
de doces e 62,3 e a quantidade de alimentos, educação alimentar
salgadinhos e fast-food. das famílias.
Ripoli C, et al. Itália Avaliar se a alimentação emocional está Estudo transversal, em 216 pacientes 40 pacientes apresentavam desinibição A Alimentação emocional está
(2022) associada ao controle metabólico com DM1 por meio de dois questionários e apresentavam níveis metabólicos relacionada ao controle
(hemoglobina glicada, lipídios plasmáticos e DEPS-R (Eating Disorder Screening )e elevados, 64 pacientes tinham sintomas metabólico e maior
ácido úrico) em crianças e adolescentes com ESS-C (European social survey) que de transtorno alimentar, 29 prevalência em pacientes com
diabetes tipo 1 e se há relação da alimentação identificam problemas comportamentais apresentavam insatisfação corporal e 10 transtorno alimentar.
emocional com os sintomas dos transtornos alimentares, associando com dados tinham comportamentos compensatório
alimentares. demográficos, antropométricos, alimentar.
terapêuticos e metabólicos.
Thongpaeng Tailândia Comparar a relação entre dietética e atividade Estudo transversal, foram registrados Participantes com DM1 consumiam em Em ambos os grupos tinham
S, et al. (2022) físicas entre 100 jovens com DM1 e 100 jovens durante 3 dias as refeições dos média mais de carboidratos e Cálcio e baixa ingestão de fibras, baixo
saudáveis. participantes e quantificados em dados de menor teor de gordura e proteína em teor de cálcio e alto teor de
consumo nutricional. As atividades físicas comparação ao grupo controle. Cerca sódio. Além disso, o incentivo
foram coletadas por entrevista. de metade em ambos os grupos da prática de exercício é
consumiam gorduras saturadas em sugerido para ambos.
excesso e também ambos praticavam
pouca atividade física
Kindler JM, et Suíça Avaliar as relações entre a qualidade da dieta Este estudo foi uma análise secundária de Pessoas com obesidade e com DM2 Indivíduos que seguiram um
al. (2021) e a densidade mineral em jovens com peso dados transversais coletados possuem densidade maior comparados padrão alimentar mais
saudável, com obesidade e com diabetes tipo anteriormente, comparando a densidade aos grupos saudáveis. alinhado com as Diretrizes
2. óssea dos grupos. Incluindo homens e Dietéticas para
mulheres afro-americanos e não-afro- estadunidenses possuem
americanos, com idades entre 10 e 23 maior densidade óssea.
anos.
Welsch S, et Bélgica Estudar os riscos de hiperglicemia em Foram coletados dados de 15 anos dos 18% dos pacientes com leucemia e 17% O aumento do risco de
al. (2022) pacientes com leucemia, linfoma de Hodgkin e pacientes pediátricos e agrupados de dos pacientes com linfoma de não hiperglicemia pode ser
linfoma de não Hodgkin. acordo com suas condições 179 Hodgkin desenvolveram hiperglicemia, facilmente identificado com a
pacientes com leucemia, 48 com linfoma dentre eles 61% no primeiro mês de medição do IMC em pacientes
de Hodgkin e 40 com linfoma de não tratamento. com leucemia, o
Hodgkin. monitoramento da glicose
deve ser reforçado quando há
resistência a esteroides ou
tratamento com células tronco.
Dantas IRO, et Brasil Analisar como crianças com diabetes mellitus Abordagem qualitativa, fundamentada na Os modelos explicativos identificados Conhecer os modelos
al. (2020) tipo 1 e suas famílias explicam a patologia, a antropologia médica e método narrativo. descrevem a busca das famílias pelo explicativos permite
partir da compreensão que possuem sobre os Realizaram-se entrevistas em esclarecimento dos sinais e sintomas compreender como as
fatores relacionados à descoberta do diabetes, profundidade com 12 famílias de crianças que a criança apresentava. Diante da famílias dão sentido à
etiologia, tratamento e prognóstico da doença. com diabetes mellitus tipo 1. doença, as experiência do adoecimento
famílias se reorganizaram para atender da criança, favorecendo o
às novas necessidades de cuidados de cuidado diário de enfermagem
saúde das crianças, como alimentação e o efetivo controle da doença.
adequada, prática de exercícios físicos
e monitorização glicêmica.
Fonte: Rodrigues AES, et al., 2023.
Por fim, 2 artigos relacionaram a DM com outras enfermidades em crianças, o risco de desenvolver hiperglicemia em pacientes com Leucemia, LH e LNH são
facilmente identificados com a medição do IMC e o monitoramento da glicose quando há resistência a esteroides ou tratamento com células tronco. Enquanto, para
pacientes com beta talassemia major o monitoramento dos valores metabólicos, principalmente a hemoglobina glicada A1c, também se mostrou essencial a detecção
e o monitoramento do diabetes.
DISCUSSÃO
Nos estudos abordados, Ho CY, et al. (2022) identifica que DM entre infanto-juvenis possui um predomínio
de 3,98% a 8,9%, sendo que dentro dessa porcentagem, existe uma variedade de etiologias destacadas tanto
na D1, quanto na D2 em crianças e adolescentes, sendo que a presença de acometimento diverge quando
comparada com faixas etárias adultas, posto que a D1 é mais presente, com cerca dois terços, já a D2 está
presente em um terço, no grupo infantil, a qual vem crescendo nos últimos anos associados a obesidade
(SOARES NS, et al., 2018).
Corroborando com os dados anteriores, é notório que a maioria dos casos abordados apontam como
causa da patologia fatores metabólicos e alimentares que comprometem o sistema de produção ou de
resistência de insulina. Quando se refere ao desenvolvimento da D1, de modo específico, os autores Dantas,
IRO, et. al. (2020), Liu C, et al. (2021), Welsch S, et al. (2021), Zhang L, et al. (2021), observam causas como
hereditariedade e fatores fisiológicos.
Além disso, a D2 possui uma perspectiva contraria, uma vez que o seu desenvolvimento ocorre apartir de
hábitos prejudiciais à saúde, principalmente, tangente a alimentação desregular, fatores emocionais, e
presença de uma vida sedentária, influenciado por casos de obesidade infantil, dado que em crianças com
sobrepeso ou obesas a síndrome metabólica prevalece em 24,09% a 56,32% (DUC H, et al., 2021; RIPOLI
C, et al., 2022; THONGPAENG S, et al., 2022; WANG S, et al., 2021; KINDLER J, et al., 2021; HO CY, et al.,
2022; FLORES-BARRANTES P, et al., 2021).
Com base nos estudos de Dantas IRO, et al. (2020), o fator genético é a razão mais expressiva de ligação
com a D1, apesar de ainda não ser totalmente conhecido este é um ponto que se tem discutido e mostrado
maior relação devido seus vestígios de infantos herdarem características fisiopatológicas dos genitores,
demonstrando maior pré-disposição a herdar informações genéticas patológicas. Ademais, ainda são
identificados fatores fisiológicos que comprometem a funcionalidade normal do organismo quanto a produção
de insulina.
Sendo assim, relaciona-se tal vertente com de estudos de Liu C, et al. (2021), apontando exemplificações
de quadros que ocorreram alterações fisiológicas e acarretaram em casos de hiperglicemia, como em razão
do acumulo de fatores de risco cardiometabólicos (FRCM), o qual demonstrou forte associação com a DM em
pré-puberes, ao aplicar exames como tolerância à glicose prejudicada (IGT) e glicemia de jejum prejudicada
(IFG) e Hemoglobina glicada (HbA1c) e os resultados serem alterados em crianças com 3 ou mais fatores,
contrariamente quando comparado a menores sem FRCM.
Outrossim, na mesma perspectiva, a pesquisa de Welsch S, et al. (2021) relata a incidência de quadros
de crianças diabéticas após o início do tratamento para neoplasias hematológicas infantis, expressa por
leucemia, LH e LNH. Essa questão é relatada demonstrando que 61% e 87% dos pacientes com LLA e NHL,
respectivamente, obtiveram aumentos glicêmicos drásticos, sendo que 50% dos infantos necessitou de
terapia com insulina, sendo que os casos de maior risco estavam nos pacientes com histórico de obesidade,
meninos e meninas entrando na puberdade.
Infere-se, ainda, a interação entre a Talassemia Beta Maior (Beta MT) em crianças, explanada por Zhang
L, et al. (2021), quanto ao aumento de glicose no sangue, demonstrando 40,68% de prevalência de IFG e
IGT, e, ainda 14,41% delas apresentou DM, e HbA1c se apresentou em números maiores do que em crianças
sem talassemia, ainda que os mecanismos dessa correlação não sejam de total conhecimento, entende-se
que a produção e secreção de insulina são inibidos em virtude da sobrecarga de ferro e de danos às células
beta pancreáticas. No que tange a D2, com base nas demais pesquisas de Duc HN, et al. (2021), Ripoli C, et
al. (2022), Thongpaeng S, et al. (2022), Kindler JM, et al. (2021) e Flores-Barrantes P, et al. (2021), ressalta-
se a relevância de costumes saudáveis para o evitar o desenvolvimento de mudanças metabólicas,
especialmente, quanto a alimentação, visto que é um fator primordial para evitar a resistência à insulina e,
também, para regular os níveis de glicose, porém, esse aspecto é pouco aplicado pelas crianças, uma vez
que as suas práticas alimentares ocorrem de modo irregular, com altos índices calóricos e glicêmicos, e cada
vez menos ricos em nutrientes, fibras e vitaminas.
diagnosticadas com a DCNT, sendo que apenas 50% dos homens com DM1 e 18% das mulheres com DM1
realizam exercícios moderados a vigorosos ≥150 min/semana. Apesar disso, vale ressaltar que não basta
executar atividades de qualquer modo, em razão de haver um efeito contrário e ocorrer prejuízos a saúde
como reduzir a massa magra e aumentar a massa gorda, e criar uma maior sensibilidade a insulina, e gerar
aumentos drásticos do açúcar. Sendo assim, faz-se preciso fomentar essa prática que é fundamental para a
manutenção da saúde crianças sejam saudáveis ou DID, motivando-as a criar oportunidades de se
desenvolver em completo bem-estar (WANG S, et al., 2021; HO CY, et al., 2022).
Em contextos contemporâneos, observa-se o processo pandêmico em 2020, sendo notória que as ações
dos infantos foram limitadas tanto em questões alimentares quando de atividades físicas, impactando seus
estilos de vidas, e nessa perspectiva é visualizado que suas consequências trouxeram mudanças
permanentes em suas vidas. Nessa lógica, verifica-se os aumentos de peso em até pelo menos 50% das
crianças com DM, e demonstrou a dificuldade de 46,4% delas em manter a alimentação regular em razão do
maior consumo de carboidratos, fast-foods e refrigerantes, com isso apenas 23,2% relataram conseguir
manter uma dieta saudável. Esse quesito reflete, ainda, na rotina sedentária, posto que se observou uma
diminuição de 66,1% das atividades antes realizadas, as quais foram substituídas por lazeres estáticos, fato
esse que afetou negativamente no controle glicêmico (AL AGHA AE, et al., 2021).
Neste estudo, foram encontradas limitações, como dificuldade em encontrar de forma aprofundada, artigos
específicos voltados a temática discutida e pouco aprofundamento em alguns fatores etiológicos, observando
que apesar das buscas serem dos 8 anos passados, os resultados obtidos foram apenas dos últimos 3 anos,
demonstrando ser uma temática atual e crescente. No entanto, os demais fatores mencionados foram de
suma importância para a construção deste. E com isso, espera-se que, a partir deste estudo, mais pesquisas
sejam elaboradas e que possam contribuir para os profissionais de saúde e para a comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, o proposto trabalho contribui para que os profissionais de saúde possam intervir diretamente nos
fatores agravantes da diabetes, melhorando a qualidade de vida do paciente e prevenindo o surgimento da
DM e de outras doenças secundárias, sendo imprescindível transmitir informações objetivas sobre as causas
e ações que podem influenciar nos casos de diabetes em crianças aumentando os cuidados e diminuindo a
prevalência.Conclui-se, a necessidade de uma equipe multidisciplinar para a melhora do paciente, visto que
a diabetes decorre de fatores genéticos e/ou do estilo de vida, necessitando de um acompanhamento
profissional, uma vez que eles são capacitados para orientá-los nos aspectos da patologia, explicando os
parâmetros do controle glicêmico, informando-os quais melhores adequações alimentares, os cuidados a
serem seguidos e a prevenção de doenças associativas, contribuindo na adesão ao tratamento e visando
assegurar uma vida saudável afastando possíveis de complicações da doença.
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