Farmacocin ética
Farmacocin ética
Farmacocin ética
FARMACOCINÉTICA
A farmacocinética compreende o estudo dos processos de absorção, distribuição,
metabolismo (biotransformação) e excreção de um fármaco e do modo pelo qual esses
processos determinam seu destino no organismo.
1. Absorção:
Ao entrar na corrente sanguínea, um fármaco deve ser absorvido do seu local de administração.
Assim, a absorção descreve a entrada do fármaco no organismo. Contudo, nem todas as vias de
administração resultam em quantidades similares de fármaco que alcançam a circulação
sistêmica e o tecido-alvo, dependendo da via a ser utilizada e de diversos fatores que serão
comentados adiante.
Vias de Administração:
Via oral:
A administração oral é definida pela deglutição do fármaco e sua absorção a partir do lúmen do
TGI. A ingestão oral é o método mais comumente usado. Sofre interferência do metabolismo
de primeira passagem (será comentado mais à frentre).
Via sublingual:
A drenagem venosa é alta neste local, permitindo uma rápida absorção e sem que haja
metabolismo de primeira passagem, uma vez que o fármaco é levado direto para a circulação
sistêmica pela veia cava.
É muito utilizada em fármacos que precisam de uma resposta rápida, como a necessidade de
reduzir casos de pressão alta em hospitais ou em dores de cabeça agudas.
Via retal:
Em torno de 50% do fármaco absorvido pelo reto passará pelo fígado e, portanto, fármacos
administrados por via retal podem sofrer taxa de metabolismo hepático de primeira
passagem, mesmo que em menores quantidades quando comparado aos fármacos
administrados por via oral.
Via intravenosa:
Na via intravenosa, o fármaco é administrado diretamente na corrente sanguínea sistêmica e,
portanto, não há o processo de absorção. Além disso, a biodisponibilidade da dose
administrada é de 100%.
Via intramuscular
Em geral, a absorção do local da injeção intramuscular de fármacos é mais rápida e com maior
biodisponibilidade do que a administração oral, porém, isso depende da taxa de fluxo
sanguíneo no local da injeção. A taxa de absorção pode ser aumentada pelo aquecimento do
local da administração por meio de massagem ou exercício, ou aplicação de compressa quente.
Por exemplo, o banho quente promove vasodilatação -aumento do fluxo sanguíneo local- e
então acelera a absorção nessa via.
Via topica
A administração por via tópica envolve a aplicação de substâncias ativas diretamente na pele,
com efeito local, disponíveis em formulações farmacêuticas tais como pomadas, cremes e
sprays.
Na maioria dos casos, objetiva-se apenas ação local, no qual a absorção sistêmica será
indesejada. Um exemplo disso são os glicocorticoides tópicos. Quanto menor a absorção para a
corrente sanguínea, menor o risco de efeitos adversos.
Via transdérmica
O metabolismo de primeira passagem ocorre quando o fármaco, uma vez absorvido, entra na
corrente sanguínea e segue o percurso da circulação porta-hepática, tendo como primeiro
destino o fígado.
O fígado é responsável pelo metabolismo de fármacos, ou seja, se um fármaco atingir a
circulação hepática antes da circulação sistêmica, ele será metabolizado e transformado para a
sua forma inativa antes de passar pelo resto do organismo, diminuindo a sua biodisponibilidade
e impedindo seu efeito terapêutico desejado.
Para que um fármaco passe por essa via, o que, no geral, é uma situação indesejada, ele precisa
ter características específicas e ter sido administrado por uma via específica. As principais vias
que sofrem metabolismo de primeira passagem são a via oral e retal.
*biotransformação=metabolização
Obs: Independente dos fatores que serão citados abaixo, ao se tratar da via oral, o intestino
sempre terá uma absorção maior em comparação ao estômago pois possui células
especializadas para absorção, os enterócitos, e uma superfície de contato maior devido às
microvilosidades.
PH do fármaco:
A absorção é facilitada quando o fármaco estiver em sua forma não ionizada mais lipofílica
(apolar).
Um fármaco ácido é mais bem absorvido em meio ácido, pois assim ele permanece em sua
forma não-ionizada (apolar). Se o mesmo for exposto a um meio básico, sofrerá ionização e
formará uma substância polar na qual não consegue ser absorvida.
O mesmo ocorre com fármacos básicos. São bem absorvidos em meio básico e pouco no meio
ácido.
(Ácido com ácido, básico com básico )
Se um fármaco se move muito rapidamente ao longo do TGI, ele não é bem absorvido (como em
caso de diarreia intensa), pois fica pouco tempo em contato com o local de absorção. Além
disso, quanto mais tempo o fármaco ficar em contato com o intestino, maior será a sua
absorção, como no caso da constipação.
Nesse caso, conclui-se que qualquer alteração no trânsito do TGI pode alterar o processo de
absorção dos fármacos. Isso irá alterar a biodisponibilidade, podendo levar à efeitos tóxicos ou
impedir que chegue na faixa terapêutica desejada.
Para que um fármaco seja absorvido, ele precisa estar dissolvido em solução. Por isso,
comprimidos devem ser administrados junto a 100ml de água.
2. DISTRIBUIÇÃO:
Após a absorção ou a administração direta do fármaco na corrente san-guínea, o fármaco é
distribuído por todo o organismo, isto é, é transportado pelo sangue aos diferentes órgãos e
tecidos do corpo, tendo como destino final o seu sítio de ligação.
Uma vez na corrente sanguínea, as moléculas do fármaco vão se ligar às proteínas plasmáticas,
em especial a albumina. Haverá, no entanto, uma parte do fármaco que se ligou às proteínas e
uma parte livre que não foi ligada (essa quantidade depende do grau de afinidade de cada
fármaco às proteínas).
Situação 1: fármacos que possuem baixa afinidade às proteínas deixarão mais moléculas
livres no sangue e disponíveis para entrar nos tecidos. Isso implica em um tempo de meia vida
curto, pois vão rapidamente exercer sua função e após isso serão eliminados pelo organismo. O
tempo de ação desses fármacos é rápido, sendo uma boa escolha para tratar situações agudas
que necessitam de uma rápida intervenção. Porém, como consequência, a curto prazo, podem
levar à efeitos adversos pois a fração de fármaco livre pode estar em uma concentração elevada
e atingir tecidos indesejados.
Situação 2: fármacos com alta afinidade às proteínas possuem uma alta concentração ligada à
albumina e poucas moléculas livres disponíveis para entrar nos tecidos. Por terem alta
afinidade, têm dificuldade de desgarrar das proteínas e irem até seu sítio de ligação e, portanto,
para chegarem a uma resposta terapêutica eficaz, precisam recircular por mais tempo na
corrente sanguínea até que a quantidade necessária do fármaco consiga entrar no tecido alvo.
Assim, possuem um tempo de meia-vida longo e, a longo prazo, podem gerar efeitos adversos
pois demoram ser metabolizados e excretados. Seu tempo de ação é mais prolongado e, por
isso, são bem utilizados de forma contínua, para situações crônicas.
!!! Note na imagem que durante a distribuição, o fármaco está na circulação sistêmica e passa
por todos os tecidos até chegar no alvo. Embora o fármaco tenha afinidade apenas pelo seu
sítio de ligação, ao passar pelos outros tecidos, se estiver em uma concentração elevada ou
acima da faixa terapêutica, pode acabar se ligando a receptores em tecidos indesejados. A
consequência disso são os efeitos adversos que podem surgir a cada vez que a
biodisponibilizade do fármaco aumenta.
Quanto maior a concentração do fármaco no sangue/ biodisponibilidade, maior o risco de efeitos adversos.
Volume de distribuição
Na maioria das vezes, a distribuição do fármaco não é homogênea em todo o corpo, podendo o
fármaco se concentrar em um ou mais tecidos (como sangue, gordura ou ossos).
Quanto maior a tendência do fármaco se concentrar em outros tecidos, maior o seu volume de
distribuição.
É de se esperar que fármacos acabem depositando no tecido adiposo uma vez que são apolares
e tem afinidade por esse tecido. Nesse caso, quanto mais apolar o fármaco for, maior a
tendência de se acumular no tecido adiposo e maior será o seu volume de distribuição.
! Nesse caso, quanto maior o volume de distribuição, menor será a biodisponibilidade pois
a concentração disponível no sangue tende a diminuir e "escapar" pro tecido adiposo !
Glicoproteina P:
Essa glicoproteina está presente em grande parte dos tecidos e bem expressada no SNC.
Ela é responsável por dificultar a entrada de fármacos e, nesse caso, diminui o efeito terapêutico
do mesmo.
Existem situações que aumentam a expressão dessa glicoproteina, como o caso da Erva de São
João e Tumores, dificultando a entrada e ação de fármacos presentes no organismo.
Barreira Hematoencefálica:
Apesar da relativa facilidade com que os fármacos se distribuem em todos os tecidos do corpo,
existem determinadas áreas que são de mais difícil penetração, cujo principal representante é o
SNC.
Assim, fármacos que atuam no SNC são bastante apolares (*tendência maior de acumular no
tecido adiposo) e com baixo peso molecular.
3. Metabolismo:
A eliminação (depuração) pelo rim exige que os fármacos se tornem mais hidrofílicos, de modo
que possam ser dissolvidos no filtrado glomerular e ser excretados na urina. Além disso, para
um fármaco ser excretado, precisa estar em sua forma ionizada (polar).
(O processo ocorre ao contrário no caso dos pró-fármacos. Eles são substâncias inativas que se
tornam ativas somente após a biotransformação)
Qualquer variação na atividade do P450 pode alterar a eficácia dos fármacos e o risco de efeitos
adversos por alterar o metabolismo. Por exemplo, a indução enzimática pelo antibiótico
rifampicina faz com que a contracepção hormonal à base de estrógeno de um anticoncepcional
que estiver em uso seja ineficaz em doses convencionais, visto que a rifampicina induz a P450.
Se ele estiver inibido ou retardado, ocorrerá redução do metabolismo e os fármacos não serão
excretados da forma esperada. Nesse caso, a biodisponibilidade se mantém elevada, tempo de
meia-vida estará prolongado e o risco de efeitos adversos aumenta. Os antifungicos e a
toranja são inibidores do P450.
FASE II: Reações de conjugação para facilitar a excreção. Onde se tornam mais hidrofilicos.
4. Excreção:
Como já dito anteriormente, a excreção é feita apenas por substâncias polares e hidrofílicas.
O mesmo ocorre para fármacos básicos. A urina básica reduz a excreção e a urina ácida facilita a
excreção.
FARMACODINÂMICA
A farmacodinâmica é o estudo dos efeitos decorrentes da interação fármaco-receptor e de
seus modos de ação.
Os efeitos terapêuticos dos fármacos resultam de suas interações com os alvos moleculares, ou
seja, com os receptores localizados nos órgãos e tecidos dos paciente.
A molécula do fármaco interage com o receptor, dando início a uma cadeia de eventos
bioquímicos e fisiológicos que resultam nos efeitos observados para os fármacos.
!! Para que um fármaco se ligue à um receptor, ele necessariamente precisa ter afinidade por
ele !!
Eficácia é a magnitude da resposta que o fármaco produz quando interage com um receptor.
Ou seja, é a resposta que o fármaco consegue produzir uma vez ligado ao seu receptor.
Potência é a dose necessária de um fármaco para atingir 50% da resposta (Ec50). Foi
estabelecido 50% da dose apenas como parâmetro para facilitar e padronizar a didática. Quanto
mais potente o fármaco é, menos dose precisa ser administrada para que se haja 50% da
resposta e, consequentemente, menor o risco de alcançar doses tóxicas e ter algum tipo de
efeito adverso.
Dica: o fármaco mais potente sempre será a melhor escolha ao se analisar riscos aos paciente
Observe que a dose para atingir o Ec50, ou seja, metade da resposta, para o fármaco A é menor
que o fármaco B, atribuindo a ele uma maior potência.
A janela terapêutica é a faixa entre a dose mínima eficaz e máxima eficaz. Quando se
ultrapassa a janela terapêutica obtem-se uma dose tóxica do fármaco. Importante ressaltar que,
no mercado, muitos fármacos em uso na prática clínica apresentam uma estreita janela
terapêutica, por apresentarem uma pequena diferença entre as concentrações terapêuticas e
tóxicas. Portanto, para tais fármacos, há a necessidade de cuidadosa monitorização da dose,
dos efeitos clínicos e mesmo das concentrações sanguíneas desses fármacos (por exemplo,
varfarina, heparina, fenitoína e lítio), visando a assegurar eficácia sem toxicidade.
!!! Para que haja uma resposta sobre a célula, o fármaco deve se ligar ao receptor e conseguir
estimulá-lo. O receptor deve ser estimulado! Se o fármaco estimulou o receptor significa que
possui eficácia sobre ele! Uma vez estimulado, o receptor libera Amp Cíclico e, assim, começará
a sequência de reações que levarão à resposta celular esperada. Ou seja, ter uma resposta
sobre a célula necessita da liberação de Amp Cíclico pelo receptor !!!
Ativação constitutiva: Quando um receptor, mesmo na ausência de seu ligante, consegue
gerar uma resposta. Ou seja, ele é autoestimulado, independente de fármacos ou de
substâncias endógenas. Exemplo: receptor B1 no coração sendo ativado sozinho sem precisar
da ação de um agonista ou da noradrenalina, gerando aumento da contração e da FC.
Agora que essas condições foram compreendidas, entro aqui nos conceitos de agonistas e
antagonistas, muito importantes para entender os processos de farmacodinâmica.
Agonista pleno: Fármacos que interagem com os receptores produzindo resposta máxima.
Eficácia 100%.
Agonista parcial: Alguns compostos mostram apenas eficácia parcial, independentemente
da concentração utilizada, e são denominados agonistas parciais. Eficácia maior que zero e
menor que 100%.
Agonista inverso: Inativam o receptor que estava em ativação constitutiva. Eficácia menor
que zero, negativa.
ANTAGONISTAS: Tem afinidade e se ligam a receptores, mas não ativam a geração de um
sinal. O receptor não é estimulado, ou seja, não provoca resposta sobre as células, apenas
ocupam o sítio de ligação dos agonistas impedindo sua ação. Eficácia 0%.
DESSENSIBILIZAÇÃO/ DOW-REGULATION:
Esse processo ocorre quando, ao ser exposto por altas doses de um fármaco ou de forma
contínua e prolongada, os receptores de membrana internalizam ou se inativam por
fosforilização e diminuem a sua quantidade total disponível.
Isso ocorre pois, quando as células são superestimuladas, elas possuem a capacidade de
inativar uma parte de seus receptores para reduzir a sua sensibilidade e reestabelecer uma
homeostase.
!! Quando isso ocorre, a potência do fármaco começa a ser reduzida, pois cada vez mais dose
é necessária a ser administrada para que consiga atingir o mesmo efeito anterior à
dessensibilização !!
Um exemplo muito frequente é a dessensibilização em resposta ao uso contínuo de
antidepressivos ou ansiolíticos. A exposição contínua desses fármacos resulta na redução da
quantidade de receptores, sendo necessário constantes ajustes de dose (para valores maiores)
para que continue atingindo o mesmo efeito do início do tratamento.
Todo fármaco que leva à dessensibilização têm tendência à dependência e possibilidade de ter
a síndrome de retirada, necessitando fazer o desmame no fim do tratamento. Isso pois, ao se
retirar de forma brusca as concentrações do fármaco, ocorre o fenômeno inverso, o up
regulation, o qual também tenta estabelecer a homeostase, aumentando a quantidade de
receptores em resposta da diminuição do fármaco antes presente.
FARMACOLOGIA DO SISTEMA
NERVOSO AUTÔNOMO
O sistema nervoso autônomo (SNA), também denominado sistema nervoso visceral, vegetativo
ou involuntário, é o principal componente do sistema nervoso responsável pela homeostasia,
mantendo sob controle funções fisiológicas involuntárias, tais como respiração, digestão,
metabolismo, sudorese, controle da temperatura corporal e secreção de determinadas
glândulas endócrinas. (Regula as atividades que não estão sob nosso controle voluntário)
A origem dos estímulos citada acima parte do SNC. As fibras pré-ganglionares simpáticas
saem do SNC pelos nervos espinhais torácicos e lombares. As fibras pré-ganglionares
parassimpáticas, por sua vez, saem do SNC pelos vários nervos cranianos, bem como da
terceira e da quarta raízes espinhais sacrais.
a1:
Nafasolida: vasoconstritor para reduzir inflamação de rinite (cuidado: hiperemia reativa)
Também são usados junto com anestésicos locais. Ex: fenilefrina
Bradicardia reflexa
a2:
Usado como anti-hipertensivo (metildopa, cloridina)
b1:
Usados em insuficiência cardíaca e choque cardiogênico (dobutamina)
b2:
Salbutamol: asma, retardar trabalho de parto...
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
a1:
Prazozim, Terazozim, Tansulozina
Tratamento de HPB
Reduzir PA nos hospitais
a1 e a2:.
Não seletivos
Anti-hipertensivos, mas tem que associar um antagonista b1 para funcionar
b:
1 geração: não seletivos b1 e b2 ( propanolol): asmático não pode
2 geração: seletivos para b1 (atenolol)
3 geração: tem ações adicionais. Carvedilol: bloqueia b1, a1 e b2. Nebivolol: bloqueia b1, a1
e libera NO
AGONISTAS COLINÉRGICOS
ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS
Atropina: Colírio para exame de fundo de olho (glaucoma não pode); hipertonia do TGi
Ipatrópio: tratamento de Asma
Buscopam: Para cólicas