Estratégia Da Escrita de L1 e L2
Estratégia Da Escrita de L1 e L2
Estratégia Da Escrita de L1 e L2
EM L1 E L2
Jaime Namanca
Resumo
Abstract
Teaching should provide and motivate revisions, encourage learning, induce problem solving, critical
thinking and more writing practice. To this end, the process approach can be effective, but if students'
linguistic ability imposes limits, then a combination of process teaching and language development
strategies is necessary, namely using author texts that will function as writing models and vocabulary
“banks”. This reflection is based on the ideas of some authors from Applied Linguistics and
Sociolinguistics, as they consider language as an integral part of a people's culture. Considering that in
rural areas in Mozambique Portuguese is a foreign language takes us to the issue of acquiring and
learning Portuguese in the field of teaching, which is marked by linguistic variants, both in terms of oral
and written language, due to to the situation of plurilingualism in which the country finds itself. This
linguistic variation leads this population to situations of stigmatization and discrimination by the rest of
the Mozambican population, creating linguistic conflicts, in general, in social environments and, in
particular, in school environments, which ends up affecting the linguistic performance of students in these
areas.
Introdução
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de situações de contacto e de contextos de aprendizagem de que têm resultado produtos
linguísticos, de grupo ou individuais, diferentes entre si.
Esses produtos são designados pelos termos Português Língua Segunda e
Português Língua Estrangeira. Sabe-se que nos países africanos em que o Português é
língua oficial a maior parte dos falantes dessa língua a têm como língua segunda. No
entanto, essa afirmação não significa dizer que nesses países não haja um grupo da
população que a desconhece completamente, o que nos pode levar a pensar que, para
esse grupo, o Português seja língua estrangeira.
Entretanto, verifica-se que, no campo estrito do ensino, o conhecimento de
línguas não maternas tem consequências positivas: as crianças que dominam mais do
que uma língua têm probabilidades acrescidas de atingir um nível superior de
desenvolvimento das capacidades metalinguísticas e cognitivas, e estão mais bem
preparadas para adquirir novas línguas e novas culturas, e para reconhecer a importância
de usar várias línguas.
Assim, e se quisermos acentuar a importância de valorizar a língua portuguesa
entendendo-a como uma riqueza das sociedades que a falam, o português encontra-se
bem posicionado para se tornar uma escolha possível no campo do ensino e
aprendizagem, tanto como língua segunda ou como língua estrangeira.
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que a L2 é também uma língua não materna para a maior parte dos seus membros (como
acontece em sociedades pós-coloniais, em que a língua colonial não é tipicamente a L1
da comunidade que a fala).
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Ainda na óptica desta autora, o processamento da língua não ocorre
isoladamente, mas em conjunção com uma série de outros factores de ordem emocional,
cultural, social que contribuem para a caracterização da língua como instrumento de
expressão individual e grupal, facilitando ou inibindo a aquisição. A força da hipótese
do input está no fato de que o foco deve ser na mensagem, na comunicação que se quer
obter (CARIONI, 1988, p. 54).
Outro aspecto focado pela mesma autora diz respeito ao filtro afectivo, que está
relacionado com o papel que factores tais como motivação intrínseca, ansiedade e
autoconfiança desempenham no processo de aquisição de uma língua. Esta hipótese se
baseia na observação de que indivíduos com atitudes positivas em relação à língua
estrangeira aprenderão com mais facilidade, pois tendem a buscar mais input, e, por
apresentarem um filtro afectivo mais fraco ou baixo, o input recebido penetrará naquela
parte do cérebro que é responsável pela aquisição da linguagem. Esses factores
afectivos, que podem impedir ou facilitar o recebimento do input, embora importantes,
são externos ao dispositivo de aquisição.
Já para Pupp Spinassé (2005, p. 18), a aquisição de segunda língua (L2 ou SL)
dá-se quando o indivíduo já domina em parte, ou totalmente, a sua L1, ou seja, quando
ele já está em um estágio avançado de aquisição de sua língua materna. Para esta autora,
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segunda língua é uma não primeira língua que é adquirida sob a necessidade de
comunicação e dentro do processo de socialização.
A situação tem que ser favorável: um novo meio, um contacto mais intenso com
uma nova língua que seja importante para a comunicação e para a integração Social.
Para o domínio de uma segunda língua, é necessário que a comunicação seja diária e
que a língua desempenhe um papel na integração em sociedade (PUPP SPINASSÉ,
2005, p. 18).
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de interação em situações reais de convívio humano, em que o aprendiz participa como
sujeito ativo. É semelhante ao processo de assimilação da língua materna pelas crianças,
processo este que produz habilidade prático-funcional sobre a língua falada e não
conhecimento teórico.
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também a escrita da língua materna. Assim, iremos dedicar algumas linhas neste ponto do
artigo tendo em conta o ponto de vista de alguns linguistas sobre a questão de letramento.
Neste artigo, iremos adoptar o conceito de letramento a partir das teorias de Street
(1993, p. 102), tendo em conta o seu modelo ideológico. Para este autor, a questão do
letramento deve ser estudada de acordo com uma abordagem etnográfica, isto porque o
letramento não é pura e simplesmente um conjunto de ‘habilidades técnicas’ uniformes a
serem transmitidas àqueles que não as possuem – o modelo ‘autónomo’, mas sim que
existem vários tipos de letramento nas comunidades, e que as práticas associadas a esse
letramento têm base social.
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Ainda sobre a questão do letramento, Jung (2009, p. 84) define letramento como o
conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem
em seu contexto social. Segundo esta autora, de acordo com esta noção de leitura e de
escrita, a concepção escolar de alfabetização é reducionista e está quase que, casualmente,
associada com o progresso, a civilização, a mobilidade social. Afirma, ainda, que se trata de
um modelo autónomo de letramento e que, segundo Street (1984, p. 18), a escrita é um
produto completo em si mesmo. Ao conceber a escrita dessa forma, o leitor não precisa
considerar o contexto de sua produção para a interpretação.
Teremos assim de concordar com Johns (1990) quando refere que “because L1
theory is rich in both history and substance […], it is necessary to select one of several
comprehensive models from which to work in order to classify essential components”
(p. 24).
Assim sendo, não existe um modelo que integre todas estas perspectivas de
investigação, dificultando, de certo modo, o acesso a uma visão global devido à relativa
fragmentação daí resultante. Poder-se-á considerar, assim, que existem entraves à
definição clara de uma didáctica da escrita (em LM e LE) que possa orientar, auxiliar
e/ou fundamentar o ensino-aprendizagem da escrita na escola.
Dabène afirma (1996: 89), sem pretensões pejorativas, que a didáctica da língua
materna é uma didáctica do heterogéneo. Segundo nós, a didáctica da LE também o é, e
nem poderia deixar de sê-lo, principalmente depois das abordagens comunicativas que
colocaram a ênfase no indivíduo, nos seus ritmos particulares de aprendizagem e nas
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suas necessidades comunicativas específicas, provocando uma expansão dos modelos
únicos de ensino e de aprendizagem de uma língua para uma miríade de modos de agir.
Todavia, não será só por motivos de permanência cómoda dessa prática, mas
porque, como afirma Puren (2001), a prática actual de ensino tornou-se ecléctica, em
parte devido, como referimos atrás, às abordagens comunicativas que em vários sectores
integraram e reaproveitaram práticas já existentes para responder à centração no sujeito
de aprendizagem e às múltiplas situações de comunicação presentes no quotidiano do
sujeito.
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escrita é o meio utilizado para aprendermos sobre nós próprios e sobre os outros,
destacando o desenvolvimento da auto-estima e a expressão de sentimentos e emoções.
A planificação tem por função orientar todo o processo de escrita por envolver
actividades cognitivas que serão retomadas nas outras fases do processo. Define-se
como as escolhas que resultam em planos (textual, semântico, sintáctico e lexical), que
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podem ser efectuadas antes de se iniciar a textualização ou durante essa actividade
cognitiva (Flower & Hayes, 19944; Flower, 1998).
No entanto, segundo Grabe & Kaplan (1996), as pesquisas até agora realizadas
poucas evidências têm trazido acerca da transferência de competências relativas aos
ganhos cognitivos em estratégias e técnicas advindos da aplicação do ensino intencional
(p. 130). Mesmo assim, é ainda considerada como uma boa estratégia de ensino de
determinadas competências motoras ou cognitivas. No caso da escrita, o ensino
explícito e intencional terá por objectivo ajudar os alunos a incrementarem as suas
estratégias para a operacionalização de tarefas cognitivas complexas de processamento
(Bereiter & Scardamalia, 1987: 250).
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também integrar na facilitação processual: valorizar a estratégia (explicar como e para
quê), ilustrar a estratégia (escrever frente aos alunos utilizando a estratégia e
verbalizando os passos do seu uso), guiar os aprendentes na utilização da estratégia
(para criarem autonomia no seu uso) e, finalmente, incitá-los a reutilizá-la sempre que
os alunos o acharem conveniente. De forma a realizar esta última fase, o uso dessa
estratégia tem de ser requerido após algum tempo (por várias vezes), existindo um
feedback construtivo sobre a sua utilização.
Considerações Finais
Relativamente à questão do letramento nas escolas das zonas rurais, este deve
ser tomado a peito pelos fazedores de programas do ensino primário e incluído na
formação pedagógica dos professores do ensino básico bilíngue, como algo que está
relacionado com práticas e eventos sociais, em que as crianças, ao entrarem em contacto
com o português pela primeira vez na escola, aproveitam o seu conhecimento cultural
para uma actividade de leitura e/ou de escrita em uma situação particular, definindo os
caminhos para utilizar o texto escrito em eventos de letramento.
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Referências
JUNG, Neiva Maria. “Letramento: Uma concepção de leitura e escrita como prática
social”, in BAGNO, Marcos. et al. Práticas de letramento no ensino: leitura,
escrita e discurso. Organização de Djane Antonucci Correa e Pascoalina Bailon
de Oliveira Saleh, São Paulo: Parábola Editorial, 2ª ed., 2009.
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PUPP SPINASSÉ, Karen. “Os conceitos língua materna, segunda língua e língua
estrangeira e os falantes de língua alóctones minoritárias no sul do Brasil”. In
revistacontingentia.com. 2005.
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