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DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O

DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS DE ANCORAGEM PARA TUBULAÇÕES SOB


PRESSÃO

DEVELOPMENT OF COMPUTATIONAL TOOL FOR THE DESIGN OF THRUST


BLOCKS FOR PRESSURIZED PIPELINES
Khrys Kathyllen da Silva de Medeiros1
Jordlly Reydson de Barros Silva2

RESUMO

Blocos de ancoragem para tubulações sob pressão são blocos de concreto estruturalmente
projetados para resistir aos esforços solicitados, oriundos do empuxo hidráulico. A utilização
de blocos confere, muitas vezes, segurança a sistemas de tubulações, portanto, é necessário que
verificações sejam realizadas corretamente para comprovar a estabilidade e eficiência dos
elementos de ancoragem. Com o objetivo de desenvolver uma alternativa eficiente para o
auxílio no dimensionamento e verificação de segurança de elementos de ancoragem para
tubulações sob pressão, um programa computacional com interface gráfica denominado
ProBlocos foi desenvolvido, sendo constituído de campos: para a inserção dos dados utilizados
nos cálculos de verificação, para a geração de um relatório com os resultados dos testes e para
a reprodução do esboço do bloco. Foram testados blocos reais apresentados na literatura para a
realização de testes e conferência dos resultados obtidos pelo software criado. Os resultados
mostraram que o programa desenvolvido é uma abordagem de baixo custo, simples e eficaz
para o auxílio no desenvolvimento de projetos de tubulações sob pressão. Com isso, o trabalho
proposto pode ser utilizado por profissionais e estudantes da área de Engenharia Civil,
independente da familiaridade do usuário com a linguagem computacional empregada.
Palavras-chave: Blocos de ancoragem. Programa computacional. Saneamento Básico.
Concreto.

ABSTRACT

Thrust blocks for pressurized pipelines are concrete blocks designed to resist the applied forces,
mainly due to hydraulic thrust. In many situations, a thrust block is required to ensure the safety
of the pipeline, therefore, it is necessary the verifications are carried out correctly to prove those
elements’ stability and efficiency. In order to develop a computational tool to help in the thrust
elements design and safety verification for pressurized pipelines, a computational software
named ProBlocos was developed. The tool interface is divided into three main areas: input data,
result report and thrust block sketch. Real blocks from academic research were used to carry
out tests and check the results obtained by the created software. The results showed that the
developed program is low-cost, simple and effective to aid in the development of pressure
pipeline projects. Thereby, the proposed work can be used by engineering professionals and
students, regardless of the user's familiarity with the computer language used.

1
Tecnólogo em Construção Civil: Edificações - Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica
do Cabo de Santo Agostinho. 2021
2
Mestre em Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco - Unidade Acadêmica do Cabo de Santo
Agostinho
1

Keywords: Thrust blocks. Computational tool. Sanitation. Concrete.

INTRODUÇÃO BLOCOS DE ANCORAGEM

A utilização de tubulações em construções Curvas horizontais


é fundamental para a manutenção da vida
humana, seja por meio da aplicação em Em uma tubulação, as curvas horizontais
instalações sanitárias ou ainda para o são aquelas que se localizam em um plano
transporte de água para residências, horizontal ou inclinado e têm sua projeção
indústrias ou regiões que sofrem com a curva no plano horizontal enquanto que reta
escassez, por exemplo. Contudo, tão no plano vertical. (LASMAR, 2003)
importante quanto a presença desses No caso de uma curva horizontal, a
elementos é o funcionamento adequado, resultante tem sua direção conforme
sem que ocorram vazamentos, qualquer tipo indicado na Figura 1, sendo 𝛼 o ângulo de
de perdas ou até mesmo seu rompimento. deflexão horizontal.
Com isso, para equilibrar os esforços de
empuxo hidráulico que atuam em curvas de Figura 1 – Exemplo de curva horizontal
tubulações pressurizadas, deve-se, quando
necessário, utilizar blocos de ancoragem
que atendam condições de segurança e
estabilidade, conforme indicada a NBR
13211:1994. Tais esforços decorrem de
quando curvas são utilizadas em tubulações.
Os projetos incorretos e a ausência de Fonte: Silva et al. (2017)
elementos de ancoragem podem ocasionar
acidentes relevantes, além de gerar gastos Segundo Silva et al. (2017) para o cálculo
adicionais no insumo total da construção, do empuxo hidráulico resultante (𝐸ℎ ) em
conforme comenta Lasmar (2003). O autor curvas horizontais, pode ser utilizada a
apresenta diversos acidentes acompanhados expressão (1), indicada abaixo:
pelo mesmo e cuidados a serem empregados 𝜋𝐷𝑒 2
no projeto desses elementos, o que ressalta 𝐸𝐻 = 2𝑝 4
𝑠𝑒𝑛(𝛼/2) (1)
a importância do estudo dos mesmos.
No dimensionamento de blocos de Sendo:
ancoragem, normalmente as análises de 𝑝 = Pressão interna de projeto;
equilíbrio são realizadas manualmente ou 𝐷𝑒 = Diâmetro externo da tubulação.
com o auxílio de planilhas eletrônicas.
Contudo, com o avanço da tecnologia novas
Blocos de ancoragem
técnicas para tornar os estudos mais
precisos e eficientes são elaboradas. Assim,
De acordo com Tsutiya (2006), as
com o objetivo de facilitar a verificação das
tubulações e seus complementos podem
condições de estabilidade e a visualização
gerar esforços externos que são originados
do traçado inicial de elementos de
em curvas, reduções, válvulas, derivações
ancoragem de seção retangular, nesse
entre outros e estes necessitam ser
trabalho, uma ferramenta computacional
absorvidos e transferidos a outras
com interface gráfica é apresentada em
estruturas. Com isso, blocos de ancoragem
linguagem Python na qual, a partir dos
são os suportes de concreto projetados para
dados de entrada fornecidos pelo usuário,
resistir o peso próprio da tubulação,
realiza os cálculos de equilíbrio indicados
absorver e transferir as forças
por Lasmar (2003) e Silva et al. (2017) e
desenvolvidas longitudinalmente que são
apresenta um esboço do bloco.
provenientes das mudanças de direção e
2

demais carregamentos hidromecânicos das Os principais dados necessários para os


tubulações. cálculos dos blocos de ancoragem são a
Além dos blocos de ancoragem, há também força resultante, as tensões máximas
os blocos de apoio, que apoiam a tubulação admissíveis, o ângulo de atrito interno do
e permitem o deslizamento livre sobre eles. solo, o peso específico do solo, as
A Figura 2 ilustra blocos de ancoragem e de especificações do concreto a ser utilizado e
apoio presentes em uma tubulação. o atrito entre o concreto e o solo
(TSUTIYA, 2006).
Figura 2 – Emprego dos blocos de apoio e
de ancoragem Parâmetros do solo

Há dois parâmetros de solo que são de


maior importância para os cálculos de
equilíbrio dos blocos de ancoragem, o peso
específico e o ângulo de atrito interno do
solo.
O peso específico (𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 ) é a relação entre o
Fonte: D.N.A.E.E. (1985) peso e o volume total do solo. Segundo
Pinto (2006), o valor do peso específico não
Assim como é importante o entendimento apresenta grandes variações para diferentes
das propriedades dos blocos e do solo em tipos de solos, de forma que se situa em
que se localizam, a geometria que os torno de 17 kN/m³ e 21 kN/m³.
elementos de ancoragem assumem nos O ângulo de atrito interno (𝜑 ′ ) representa a
projetos também influência na estabilidade característica de fricção entre partículas de
dos mesmos. Dessa forma, este trabalho um solo e varia entre 20° e 45° (NETTO,
segue a geometria utilizada em Silva et al. 2018). A Tabela 1 ilustra os valores
(2017), a qual está ilustrada na Figura 3. As aproximados do ângulo de atrito para
dimensões 𝐴, 𝐵 e 𝐻 correspondem à diferentes tipos de solo.
profundidade, largura e altura do bloco
principal, respectivamente, enquanto que a Tabela 1 – Valores do ângulo de atrito para
altura do bloco abaixo do tubo é indicada diferentes tipos de solo
por ℎ. Solo Ângulo de atrito
Areia 33° a 37°
Figura 3 – Geometria dos blocos de Silte 30° a 35°
ancoragem estudados Argila arenosa 26° a 30°
Areia argilosa 27° a 31°
Argila média 18° a 25°
Argila rija 23° a 28°
Argila mole 12° a 20°
Fonte: Adaptado de Lasmar (2003)

Tensão horizontal admissível e tensão


vertical admissível

A NBR 13211:1994 recomenda que a


tensão horizontal admissível (𝜎𝐻,𝐴𝐷𝑀 ) e a
tensão vertical admissível (𝜎𝑉,𝐴𝐷𝑀 ) sejam
determinados por ensaios de laboratório,
para que assim seja feito um
Fonte: Silva et al. (2017) dimensionamento mais preciso, com
3

menores coeficientes de segurança e, 𝐸𝐴 = 0 (4-a)


consequentemente, com ancoragens mais
econômicas. Caso não se conheça um • No entanto, se o nível do lençol
desses dados, parâmetros médios devem ser freático estiver localizado acima da altura
adotados, com coeficientes de segurança do elemento de ancoragem:
mais rigorosos. De acordo com Netto
(2018), na falta de dados, pode-se adotar 𝐸𝐴 = 𝛾á𝑔𝑢𝑎 ∙ 𝑉 (4-b)
𝜎𝐻,𝐴𝐷𝑀 igual a 100 𝑘𝑁/𝑚² e 𝜎𝑉,𝐴𝐷𝑀 • Se o nível do lençol freático estiver
variando entre 120 e 1000 𝑘𝑁/𝑚². ao longo da altura do bloco:
Peso do bloco de concreto 𝐸𝐴 = 𝛾á𝑔𝑢𝑎 ∙ 𝑉𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜 (4-c)

O peso específico do concreto (𝛾𝑐 ) deve ser Sendo:


determinado para que, posteriormente,
𝛾á𝑔𝑢𝑎 = Peso específico da água;
calcule-se o peso do bloco de concreto.
Segundo Lasmar (2003), essa propriedade 𝑉𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜 = Volume molhado do bloco.
pode ser adotada como 24 kN/m³ para o
concreto simples e 25 kN/m³ para o Força de atrito entre o bloco e o solo
concreto armado.
Conhecendo-se o peso específico do
A força de atrito (𝐹𝑎𝑡 ) é uma força de
concreto, é possível determinar o peso do
resistência que tem sentido oposto ao
bloco de concreto (𝑃𝐵 ) por meio da equação:
movimento do corpo e surge devido a
𝑃𝐵 = 𝛾𝑐 ∙ 𝐴 ∙ 𝐵 ∙ 𝐻 (2) irregularidades em superfícies
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER,
Peso do aterro 2016). Para os cálculos de blocos de
ancoragem, 𝐹𝑎𝑡 pode ser determinado pela
De forma semelhante ao cálculo do peso do equação (5), na qual 𝜑 corresponde ao
bloco, o peso do aterro (𝑃𝐴 ) no qual o ângulo de atrito entre o concreto e o solo.
elemento de ancoragem se encontra é dado
𝐹𝐴𝑇 = (𝑃𝐵 − 𝐸𝐴 )tan (𝜑) (5)
pela expressão abaixo e se refere a camada
de aterro acima da ancoragem. De acordo com Netto (2018) e Lasmar
𝑃𝐴 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 ∙ 𝑉 (3) (2003), na falta de dados, deve-se adotar um
valor para 𝜑 igual a 30° ou um valor que
Sendo 𝑉 é o volume de aterro acima do
não seja superior ao ângulo de atrito interno
bloco.
do solo, ou seja, 𝜑 ≤ 𝜑 ′ .
Empuxo da água
Empuxo passivo do terreno
Nos terrenos em que o bloco ou parte do
mesmo possa ficar abaixo do lençol Lasmar (2003) determina a expressão para
freático, o empuxo da água (𝐸𝐴 ) precisa ser calcular a força resultante do empuxo
considerado no dimensionamento do bloco, passivo do terreno (𝐹𝑝 ), bem como as
como uma força vertical e com sentido de expressões para os empuxos passivos do
baixo para cima (LASMAR, 2003). Dessa solo (𝑃1 ) e (𝑃1 ) como indicadas pelas
forma, em relação ao nível do lençol equações (6), (7) e (8), respectivamente:
freático, o empuxo da água pode ter as 𝑃1 +𝑃2
seguintes relações: 𝐹𝑃 = ∙𝐻∙𝐵 (6)
2
• Se o lençol freático estiver abaixo da 𝜑′
altura do bloco: 𝑃1 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 ∙ ℎ𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 ∙ 𝑡𝑎𝑛²(45° + ) (7)
2
4

𝜑′ Lasmar (2003) apresenta as expressões a


𝑃2 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 (ℎ𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 + 𝐻) ∙ 𝑡𝑎𝑛²(45° + 2
) (8)
serem utilizadas para o cálculo do equilíbrio
quanto ao deslizamento horizontal, ao
Sendo:
tombamento e ao deslizamento vertical,
ℎ𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = altura da camada de aterro acima
essas estando resumidas a seguir.
do bloco; 𝐹𝐴𝑇 𝐹
+ 𝛾𝑃 ≥ 𝐸𝐻 (10)
𝛾 𝐸 𝑆
𝑃1 = empuxo passivo na parte superior do
bloco; 𝛾𝐸 𝐹 𝐸
𝑉𝑀𝐼𝑁 = 𝛾 (𝐸𝐻 − 𝛾𝑃 ) + 𝛾𝐴 (11)
𝐶 tan (𝜑) 𝑆 𝐶
𝑃2 = empuxo passivo na parte inferior do 𝐴 𝐸𝐻 𝑦𝐸 −𝐹𝑃 𝑦𝑃
bloco. ≥ =𝑒 (12)
6 𝑃𝐵 −𝐸𝐴
A Figura 4 mostra as forças que atuam em 𝑃𝐵 6𝑒 𝑃𝐴
um bloco de ancoragem de seção 𝜎𝑉 = (1 + )+ ≤ 𝜎𝑉,𝐴𝐷𝑀 (13)
𝐴∙𝐵 𝐴 𝐴∙𝐵
retangular, nas quais 𝑦𝐸 é a distância do 𝐸𝐻
As equações (10) e (11) verificam a
até a base do bloco e 𝑦𝑃 é a distância de 𝐹𝑃 ocorrência de deslizamento horizontal do
até a base do bloco. bloco. A primeira utiliza uma comparação
da soma das forças 𝐹𝐴𝑇 e 𝐹𝑃 reduzidas por
Figura 4 – Forças atuantes em um bloco de
meio dos coeficientes de segurança 𝛾𝐸 e 𝛾𝑆
ancoragem
com o empuxo hidráulico 𝐸𝐻 . Já a
verificação por meio da expressão (11),
ocorre através da comparação do volume
mínimo de concreto (𝑉𝑀𝐼𝑁 ) a ser empregado
para que o bloco não escorregue. Dessa
forma, se a situação 𝑉 ≥ 𝑉𝑀𝐼𝑁 acontecer, a
condição será satisfeita.
Fonte: Silva et al. (2017) A partir do lado direito da igualdade contida
na expressão (12), é possível calcular a
Condições de equilíbrio excentricidade (𝑒) e, posteriormente,
compará-la com o lado esquerdo da
De acordo com Tsutiya (2006) é necessário expressão com o objetivo de examinar o
estudar o equilíbrio dos esforços equilíbrio em relação ao tombamento do
horizontais, verticais e o equilíbrio de bloco. Há também outros métodos de
tombamento para verificar a estabilidade analisar essa condição de equilíbrio, porém,
dos blocos de ancoragem, no entanto, é com apenas a equação (12) já é possível
importante ressaltar que outras verificações estudar o comportamento do bloco quanto
adicionais podem ser requeridas em casos ao tombamento, por ser mais restritiva.
especiais. A equação (13) deve ser empregada para a
De acordo com Silva et al. (2017), pode-se verificação das tensões aplicadas ao terreno.
dispensar a utilização de blocos de Assim, se 𝜎𝑉 ≤ 𝜎𝑉,𝐴𝐷𝑀 , a condição foi
ancoragem quando a equação abaixo for satisfeita. Caso contrário, alterações no
satisfeita: bloco precisam ser realizadas para que a
𝐸
𝐻
estabilidade do mesmo seja garantida.
𝜎𝐸𝐻 = 50𝑐𝑚∙𝐷 ≤ 𝜎𝐻,𝐴𝐷𝑀 (9)
𝑒
METODOLOGIA
A equação (9) determina se é necessária a
utilização de um bloco de ancoragem. O programa foi desenvolvido em linguagem
Assim, se 𝜎𝐸𝐻 ≤ 𝜎𝐻,𝐴𝐷𝑀 , o emprego de Python, através da plataforma aberta
elementos de ancoragem pode ser PyCharm. Os cálculos implementados
dispensado. seguiram as equações mencionadas
5

anteriormente e as saídas numéricas foram empuxo hidráulico, o volume do bloco, a


arredondadas para duas casas decimais. excentricidade do carregamento horizontal
Além disso, os coeficientes de segurança 𝛾𝐸 e a tensão vertical máxima. Por fim, a seção
e 𝛾𝑆 foram padronizados como 1,5 e 2,0, “ESBOÇO” gera um esboço gráfico sem
respectivamente. escala definida da seção transversal do
Na Figura 4, é possível observar que a bloco de ancoragem com base nas
geometria é composta por blocos, os quais dimensões dadas e na metodologia adotada.
o software somente analisa o principal O botão “Apagar entradas” deleta todas as
(𝐴 × 𝐵 × 𝐻), desconsiderando as demais informações da tela, enquanto que os botões
regiões nos cálculos. “Ampliar esboço” e “Reduzir esboço”
aumentam e reduzem o desenho gerado,
Bibliotecas PySimpleGUI e PIL respectivamente.

O programa denominado ProBlocos teve RESULTADOS E DISCUSSÕES


sua interface desenvolvida por meio da
biblioteca PySimpleGUI e os desenhos Para a validação do programa, foi utilizado
contidos na seção de esboço foram gerados o estudo de Silva et al. (2017). O autor
por meio do PIL. realizou um estudo acerca da otimização de
O PySimpleGUI é um pacote do Python que blocos de ancoragem, por meio da
permite a criação de programas com utilização de uma função proposta. Na
interface gráfica. Adicionar uma interface pesquisa, blocos reais foram empregados
gráfica amplia a interação do público e o para comprovar a eficiência do método.
programa, além de contribuir para o Assim, foi feito uso da Tabela 2 para a
entendimento da ferramenta computacional. realização de testes no ProBlocos que
Ademais, a biblioteca Python Imaging validaram o programa e então foi elaborada
Library (PIL) é um pacote que auxilia na a Tabela 3, na qual encontram-se os
criação e manipulação de imagens, de resultados determinados pelo programa
maneira a também possibilitar a inserção de para as condições de equilíbrio
formas geométricas básicas em imagens. mencionadas anteriormente. Nessas
análises, os valores de entrada não listados
PROGRAMA DESENVOLVIDO na Tabela 3 foram admitidos conforme
ilustra a Tabela 4.
Materiais e métodos É possível notar que todas as verificações
presentes na Tabela 3 foram aprovadas,
A Figura 5 mostra a tela inicial do programa assim como o autor havia determinado. Na
desenvolvido e nesta encontram-se quatro Figura 6, é ilustrado um dos testes utilizados
quadros. Os painéis intitulados para a validação do programa, referente ao
“GEOMETRIA” e “PARÂMETROS bloco número 7, encontrado na Tabela 3.
ADICIONAIS” são locais destinados à
inserção dos dados de entrada que serão
posteriormente utilizados nos cálculos. Ao
clicar no botão “Calcular”, as entradas
adicionadas são utilizadas nos cálculos das
verificações e no desenho do esboço. Logo,
no quadro “RELATÓRIO DE
VERIFICAÇÕES”, é gerado um relatório
que indica se o bloco satisfez as verificações
de tombamento, deslizamento e tensões
verticais, além de fornecer outras
informações, sendo essas a tensão devido ao
6

Figura 5 – Tela inicial do ProBlocos

Fonte: Autor (2021)


7

Tabela 2 – Estudo da literatura analisado


BLOCO ORIGINAL BLOCO OTIMIZADO

Pressão interna da
Ângulo da curva

Profundidade do

Profundidade do
Largura do Bloco

Largura do Bloco
Nível d'água

Altura do Bloco

Altura do Bloco
tubulação

Fabricação

Fabricação
Custo de

Custo de
Numeração

Bloco

Bloco
α p N. A. B A H B A H
° m.c.a. m m m m R$ m m m R$
1 90 89 1,3 3,00 2,90 1,50 6944,53 2,90 2,51 1,59 6255,08
2 90 88 1,3 3,00 2,90 1,50 6944,53 2,89 2,50 1,58 6178,81
3 90 87 1,3 3,00 2,90 1,50 6944,53 2,87 2,49 1,58 6102,62
4 90 86 3,65 3,00 2,90 1,50 6944,53 2,50 2,17 1,66 5000,13
5 45 83 3,65 3,00 2,60 1,00 4623,10 1,85 1,60 1,37 2574,31
6 11,15 82 0,85 1,50 1,50 0,70 1300,40 0,97 0,84 0,92 744,28
7 90 81 0,85 3,00 2,70 1,50 6537,39 2,97 2,58 1,50 6238,11
8 90 77 0,85 3,00 3,00 1,50 7148,36 2,90 2,52 1,48 5907,70
9 45 78 3,6 3,00 2,60 0,80 3948,11 1,80 1,56 1,34 2416,88
10 45 77 3,6 3,00 2,60 0,80 3948,11 1,78 1,55 1,34 2385,44
11 90 77 3,6 2,60 2,60 1,50 5540,87 2,38 2,06 1,60 4463,91
13 11,15 77 3,6 1,30 1,30 0,80 1135,04 0,78 0,86 0,99 663,81
14 22,50 75 3,6 2,00 2,00 1,00 2591,56 1,23 1,06 1,11 1171,39
15 45 27 0 1,60 1,50 1,00 1723,67 1,50 1,30 0,85 1332,40
TOTAL 71815,70 54727,39
Fonte: Adaptado de Silva et al. (2017)

Tabela 3 – Resultado obtido pelo programa para as entradas apresentadas em Silva et al. (2017)
Dados de entrada Dados gerados pelo programa
Largura do Bloco
Ângulo da curva

Pressão interna

Altura do Bloco
Profundidade
da tubulação

Nível d'água

Tensão
do Bloco

Tensão Necessita de Verificação


devido ao Volume Verificação do Verificação do
Numeração

vertical bloco de das tensões


empuxo do Bloco deslizamento tombamento
máxima ancoragem verticais
hidráulico

α p N. A. B A H V - - - -
° m.c.a. m m m m kPa m³ kN/m² - - - -
1 90 89 1,3 3,00 2,90 1,50 1051,81 13,05 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
2 90 88 1,3 3,00 2,90 1,50 1039,99 13,05 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
3 90 87 1,3 3,00 2,90 1,50 1028,17 13,05 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
4 90 86 3,65 3,00 2,90 1,50 1016,35 13,05 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
5 45 83 3,65 3,00 2,60 1,00 530,86 7,80 37,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
6 11,15 82 0,85 1,50 1,50 0,70 133,14 1,57 37,87 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
7 90 81 0,85 3,00 2,70 1,50 957,26 12,15 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
8 90 77 0,85 3,00 3,00 1,50 909,99 13,50 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
9 45 78 3,6 3,00 2,60 0,80 498,88 6,24 42,19 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
10 45 77 3,6 3,00 2,60 0,80 492,48 6,24 41,85 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
11 90 77 3,6 2,60 2,60 1,50 909,99 10,14 49,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
13 11,15 77 3,6 1,30 1,30 0,80 125,02 1,35 32,80 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
14 22,50 75 3,6 2,00 2,00 1,00 244,54 4,00 37,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
15 45 27 0 1,60 1,50 1,00 172,69 2,40 37,60 Sim Aprovado Aprovado Aprovado
Fonte: Autor (2021)
8

Tabela 4 – Valores de entrada adicionais A ferramenta é de fácil entendimento e


Simbologia Valor direta, além de fornecer ao usuário um
𝜑 30° relatório conciso sobre a necessidade da
𝜑′ 32° utilização dos blocos de ancoragem e as
ℎ 0,40 𝑚 verificações anteriormente mencionadas. O
𝐷𝑒 0,532 𝑚 programa ainda fornece parâmetros como o
𝛾𝑐 24 𝑘𝑁/𝑚³ valor da tensão devido ao empuxo
𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 hidráulico, o volume do bloco, a
17 𝑘𝑁/𝑚³
excentricidade do carregamento horizontal
ℎ𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 0,80 𝑚
e a tensão vertical máxima. Esses dados
𝜎𝐻,𝐴𝐷𝑀 100 𝑘𝑁/𝑚² facilitam o dimensionamento dos blocos de
𝜎𝑉,𝐴𝐷𝑀 200 𝑘𝑁/𝑚² ancoragem, uma vez que ao comparar o
Fonte: Autor (2021) valor da tensão vertical máxima com a
tensão vertical admissível, por exemplo, é
No desenvolvimento de testes para a possível determinar o quanto o bloco está
validação do ProBlocos, foi observado que próximo ou distante do limite de segurança,
os resultados determinados com o programa e assim alterar as dimensões de acordo com
computacional foram satisfatórios para os a necessidade.
casos em que todas as variáveis requisitadas Assim, a ferramenta computacional tem
na tela inicial foram fornecidas. No entanto, potencial para ser empregada no
quando ao menos uma das variáveis não foi desenvolvimento e avaliação de projetos de
provida, o programa manifestou erro, blocos de ancoragem de seção retangular
encerrando-se automaticamente. Isso para tubulações, de modo que, devidamente
resulta em uma necessidade da inserção de implementada poderá auxiliar no
todos os dados preliminares, mesmo para a dimensionamento e visualização inicial
indicação de alguma verificação que não desses elementos.
necessita do dado fornecido. Além disso, o
software não realiza conversões de
unidades entre si, de modo que as entradas
devem estar de acordo com o requisitado na
tela inicial.
Outra limitação da ferramenta é a respeito
dos blocos que são calculados. Os
elementos de ancoragem de seção
retangular são compostos por blocos, nos
quais o programa somente calcula o de
dimensão 𝐴 × 𝐵 × 𝐻, apenas esboçando os
outros.
O programa apresentou resultados
adequados em todos os testes realizados, de
forma que as saídas dadas pela ferramenta
foram compatíveis aos resultados
encontrados na literatura.

CONCLUSÕES

Conclui-se que o programa ProBlocos


atende os requisitos das principais
verificações utilizadas em blocos de
ancoragem para tubulações sob pressão.
9

Figura 6 – Esboço apresentado pelo programa para o exemplo retirado da literatura

Fonte: Autor (2021)


10

REFERÊNCIAS
SILVA, J. R. B.; MENDONÇA, G. F.;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MODESTO, M. A.; AGRA, T.
NORMAS TÉCNICAS. NBR 13211: Dimensionamento Otimizado de Blocos de
1994. Dimensionamento de ancoragens Ancoragem para Tubulações sob Pressão.
para tubulação - Procedimento. Rio de In: 59° CONGRESSO BRASILEIRO DO
Janeiro: ABNT, 1994. Disponível em: CONCRETO, 2017, Bento Gonçalves.
https://www.target.com.br/produtos/norma Anais [...]. Rio Grande do Sul: Instituto
s-tecnicas/27638/nbr13211- Brasileiro do Concreto, 2017. p. 1-16.
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