Tecnologias Digitais e A Mudanca de para
Tecnologias Digitais e A Mudanca de para
Tecnologias Digitais e A Mudanca de para
PORTO ALEGRE
2012
Marta Dieterich Voelcker
Orientadora:
Profa. Dra. Léa da Cruz Fagundes
PORTO ALEGRE
2012
AGRADECIMENTOS
This thesis presents moves and theories that ask for change of paradigm on basic
education. The adoption of active learning methods with the use of digital technology
is thought as an opportunity for the consolidation of the desired innovation. The
identification of barriers to consolidate the change in large scale is presented as the
research problem. The intention to differentiate education faces a barrier on
educators limited education and experience on the desired paradigm as well as on
the use of digital technology. An action participatory research was conducted on a
social center, structured similar to a regular school, having as goal the engagement
of local educators and coordinators on the design of instruments and on the
improvement of educational practices enabled by the use of digital technologies with
active learning methods. The strategy proposed was based on four elements that
influenced the interventions for the change on educational practices: Framework on
21st Century Skills as possible goals; learning by activities; a social network with
personal library on the role of digital learning environment; educators building rubrics
to design, give value and monitor new dimensions for evaluation. Based on a
situational analysis, cycles of change on practices were proposed on a way that local
subjects got involved with planning, implementation and analysis of changes enabled
by the use of digital technology and aligned with the goals selected by the local
educational team. These cycles included the creation of instruments designed to
facilitate and systematize the proposed strategies. The results show that the activities
designed and implemented by the educators have evolved through the research
cycles becoming better aligned with the desired paradigm. The strategy has proved
to be efficient to unbalance the educators and start them in practices, reflections and
active learning related to the desired paradigm, but in the other hand, some
limitations were pointed out when considering the adoption of this strategy in a
systemic way. The development of digital systems designed specifically to support
the desired change is discussed and suggested for future studies.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
4 A DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................... 74
4.1 ANTECEDENTES......................................................................................... 74
4.2 CONTEXTO DA PROBLEMATIZAÇÃO ....................................................... 75
4.2.1 Relações entre a fundamentação teórica e as práticas facilitadas pela
tecnologia digital ........................................................................................ 76
4.2.2 A convergência de demandas de mudança de paradigma na educação .... 80
4.2.3 Recursos tecnológicos que viabilizam o novo paradigma .................... 82
4.2.4 Barreiras para a concretização da mudança ............................................ 89
4.3 O PROBLEMA .............................................................................................. 91
5 PROPOSTA DE PESQUISA AÇÃO PARTICIPANTE ................................ 98
5.1 RESUMO E INTENÇÕES ............................................................................. 99
5.2 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................ 100
5.3 A ORGANIZAÇÃO ESCOLHIDA ................................................................ 102
1 INTRODUÇÃO
2.1 INTRODUÇÃO
O professor não está na escola para impor certas ideias ou formar certos
hábitos na criança, mas está como um membro da comunidade para
selecionar as influências que devem afetar a criança e para apoiar a criança
a responder adequadamente a estas influências. (DEWEY, 1902, p.9)
24
A obra de Piaget é fundamental para esta tese, cabendo aqui uma descrição
mais ampla deste autor. Jean Piaget foi um pensador precoce, com apenas 10
anos publicou em Neuchâtel, sua cidade natal na Suíça, um artigo com estudos
sobre um pardal albino. Aos 22, já era doutor em Biologia. Escreveu cerca de
setenta livros e 300 artigos sobre Psicologia, Pedagogia e Filosofia (NOVA
ESCOLA, 2001). No início da década de 1920 dirigiu seus estudos para o campo da
Epistemologia, com investigações no âmbito da Psicologia Genética. No Instituto
Jean-Jacques Rousseau, em Paris, desenvolveu pesquisas sobre o estudo da
linguagem, da lógica, da moralidade, das representações de mundo e das
explicações das crianças sobre os fenômenos da natureza, além das relações de
aspectos do desenvolvimento infantil com a inteligência objetiva.
As publicações realizadas a partir desses estudos concluem que o
pensamento da criança difere do pensamento adulto pelo tipo de raciocínio que
alcança e por suas estruturas lógicas. As publicações destacavam ainda a
importância da atividade na formação da inteligência e a ideia de que o pensamento
objetivo resulta da descentração e da coordenação progressiva de pontos de vista.
Em 1947 publicou o livro Psicologia da Inteligência, com conclusões de suas
pesquisas psicogenéticas e o anúncio de uma teoria epistemológica, a qual era o
objetivo maior do seu programa de pesquisa (NAVES, 2010).
Piaget estudou longamente o nascimento e o desenvolvimento da
inteligência da criança sua a grande motivação era compreender como acontece a
construção do conhecimento. Ele questionava como a criança aprende, ou constrói
conhecimento, sobre o mundo em que vive ou o meio onde está imersa.
Compreendendo meio como a via diversa que abrange tudo: natureza, objetos
construídos pelo homem, ideia, valores, relações humanas incluindo história e
cultura. Para Piaget o conhecimento é o resultado da interação entre o organismo e
o meio e o termo conhecer tem sentido claro: organizar, estruturar e explicar, porém
a partir do vivido, do experenciado (CHIAROTTINO, 1998, p.3).
O autor concluiu que a forma própria e ativa de raciocinar da criança evolui
por estágios até a maturidade intelectual e seus erros são parte integrante de seu
desenvolvimento. A teoria desenvolvida por Piaget explica a aprendizagem como
25
Na década de 1930, no Brasil, “Escola Nova” era uma expressão ampla que
representava muitas correntes pedagógicas modernas. Tratava-se de um movimento
de ideias opostas ao ensino tradicional, com influências de pensadores europeus e
norte-americanos. A tradução de artigos de Dewey e Piaget na década de 1930,
para português veio a ajudar a educação brasileira a definir um equilíbrio entre
“respeitar o funcionamento da mente da criança” e “transmitir o conhecimento dos
adultos”. (CUNHA 1996).
O marco inaugural do projeto de renovação educacional no Brasil aconteceu
em 1932 com o lançamento do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”. Escrito
por um segmento da elite intelectual que vislumbrava a possibilidade de interferir na
organização da sociedade brasileira a partir da educação. Redigido por Fernando
Azevedo e assinado por 26 intelectuais entre eles Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto e
Cecília Meireles. Além de constatar a desorganização do aparelho escola, o
manifesto propunha a criação de um plano geral de educação com uma escola
única, pública, laica, obrigatória e gratuita. (NAVES, 2010).
Nos anos seguintes intelectuais que assumiram cargos no governo
formularam propostas e tentaram levar a cabo renovações metodológicas para o
sistema educacional alinhadas com os movimentos renovadores internacionais.
Estes líderes não obtiveram êxito na obtenção de mudanças estruturais em escala.
Contudo a inovação metodológica se concretizou em escolas isoladas sob
orientação de líderes como Lauro de Oliveira e Anísio Teixeira. Em 1950, em
31
1
www.pedagogiaemfoco.pro.br/per10g.htm
32
2.6.1 O Construcionismo
2
www.squeakland.org
3
www.laptop.org
35
4
www.laptop.org
38
5
MIT News - LEGO funds new $5 million Media Lab facility: http://web.mit.edu/newsoffice/1999/lego-
1027.html
39
jovens precisam de fluência digital sobre como construir novas mídias para que se
tornem consumidores críticos e produtores (RESNIK, 2002; PEPPLER & KAFAI,
2005).
Através do Scratch é possível trabalhar os seguintes conceitos específicos
de programação: sequência, iteração, condição, variáveis, execução paralela,
sincronia, interação em tempo real, lógica booleana, números randômicos, event
handling e criação de interfaces interativas, são todos recursos amigáveis no
Scratch. Contudo, para Resnick a principal contribuição do Scratch não é possibilitar
a crianças o aprendizado da programação, mas viabilizar e estimular uma nova
forma de aprender com base em autoria e interação, uma nova forma de construir
projetos como experiências de aprendizagem; viabilizar e estimular o “tinkering”
termo usado por Resnik para descrever a repetição criativa que envolve
experimentar, ousar , construir, refletir, reconstruir, envolve o fazer e refazer,
receber sugestões, ter seu produto remixado, ver o resultado, ver como os outros
entendem, não entendem, recebem ou ignoram, se interessam, ou rejeitam o
produto do aprendiz. Segundo Resnick esta vivência caracteriza uma nova forma de
aprender, importantíssima para formação de um futuro adulto que saiba viver e
produzir de forma colaborativa na sociedade do conhecimento, que tenha auto
estima suficiente para mostrar seu trabalho antes de finalizá-lo, para receber
contribuições sem perder tempo fazendo sozinho. São práticas que precisariam
estar acontecendo agora na escola, nos anos iniciais, para se tornarem naturais no
ambiente de trabalho (informação verbal)6.
O ciclo de construção, publicação, interação, alteração e nova publicação,
viabilizado pelo Scratch, quando realizado com reflexão do aprendiz, alinha-se com
o processo de equilibração descrito por Piaget. O uso do Scratch e práticas
relacionadas com este processo podem migrar para o sistema escolar e serem
usados como recurso de autoria sobre o currículo. Mas para tal, para que o aluno
tenha coragem de se mostrar, de tornar pública a sua produção, ele não pode ser
avaliado de imediato, é importante que o sistema educacional valorize o seu
processo, a sua habilidade de aprimorar a partir da primeira formalização, a partir
de reflexões e contribuições dos outros, a partir de suas próprias reflexões
espontâneas ou em momento posterior a formalização inicial.
6
Depoimento de Resnick durante o Scratch Day, maio de 2010 no MIT Media Lab, presenciado pela
autora.
40
2.6.4 Considerações
7
Portal com repositório gratuito de vídeos www.youtube.com
43
A lacuna entre o mundo real e a escola nunca esteve tão grande e, até
mesmo as escolas que obtém os melhores escores nos testes
padronizados, não preparam os jovens para o mundo adulto da sociedade
atual. (WAGNER, 2008).
cidadão no século XXI, todos precisarão ter desenvolvido essas habilidades. Estas
não são mais habilidades que só a elite precisa desenvolver, elas são habilidades
essenciais a sobrevivência no século XXI.
Pensamento crítico X X X
Solução de problemas X X X X X X
Tomada de decisão X X
Comunicação X X X X
Colaboração X X X
Uso da informação X X X X
8
www.p21s.org
50
Curiosidade X X
Uso de mídias X
Cidadania Digital X
Conceitos e Operação de X X X X X
TIC
Flexibilidade X X
Iniciativa e autonomia X
Produtividade X
Liderança responsab. X
Integrado a matérias da X X X
escola
Fonte: ATC21S (2009, p.9).
Formas de Pensar:
1. Criatividade e Inovação
2. Pensamento Crítico, resolução de problemas, tomada de decisão.
3. Aprender a aprender ou metacognição
Formas de Trabalhar:
4. Comunicação
5. Colaboração ( trabalho em equipe)
Ferramentas para o Trabalho
6. Alfabetização em Informação
7. Alfabetização em TICs
Vivendo no Mundo
8. Cidadania ( local e global)
9. Vida e Carreira
10. Responsabilidade Pessoal e Social ( incluindo consciência cultural
e competência)
Pesquisa em
Como o ser
educação, psicologia,
humano aprende?
sociologia.
9
Extraído de apresentação da doutoranda no TED Laçador, 2011:
http://pt.scribd.com/doc/54094678/TED-Um-or-Por-Aluno
52
3 CENÁRIO BRASILEIRO
10
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=244&Itemid=462
60
77
70
62
57 56
43
28
Importante observar que a pesquisa TIC educação (CGI, 2011) não produziu
dados sobre a quantidade de vezes que o aluno desenvolveu cada atividade ou o
percentual de tempo dedicado a elas, a pesquisa informa apenas o percentual de
alunos entre os entrevistados que já usou tecnologia em cada uma das atividades
apresentadas. Fato que limita a contribuição deste dado para o diagnóstico da
metodologia pedagógica em curso em tais escolas.
Em relação a percepção dos professores sobre os objetivos pedagógicos a
pesquisa TIC Educação revelou que os professores consideram importante e muito
importante diversos objetivos pedagógicos que variam do sucesso dos alunos em
65
muito
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS importante
importante
1
Preparar os alunos para o mercado de trabalho 80 18
2
Promover atividades contextualizadas ou relacionadas com a vida
79 20
cotidiana/prática dos alunos
3
Assegurar um bom resultado do aluno em testes de desempenho 70 27
6
Promover experiências de aprendizado individualizadas, para
70 28
diferentes necessidades de aprendizagem
10
Preparar os estudantes para um comportamento responsável 85 14
11
http://www.sbc.org.br/
72
13
http://nate.lsi.usp.br/projeto_uca/casos/caso4/apresentacao.html
14
http://www4.pucsp.br/uca/
74
4 A DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
4.1 ANTECEDENTES
15
el.media.mit.edu/logo-foundation/logo/programming.html
16
www.squeakland.org
17
www.scratch.mit.edu
77
estrutura a realidade. Daí a explicação para a ideia de que “A criança recria o mundo
à medida que interage com os objetos.”
Este ciclo de aprendizagem acontece a partir de ações que envolvem
trabalho em equipe e self government, termos destacados por Piaget (1969) como
essenciais para melhoria da educação, os quais levam a descentração e autonomia.
Considerando as práticas educacionais que podem ser realizadas em sala de
aula com presença de tecnologia digital, a abstração reflexionante é facilitada
quando os alunos vivenciam ciclos de ações alinhadas com a teoria da equilibração
(PIAGET, 1977). É o caso da figura 2 que ilustra o ciclo de construção do
conhecimento protagonizado pelo aprendiz. As tecnologias digitais são recursos
valiosos para viabilizar tal processo. O quadro 5 apresenta exemplos de usos de
tecnologias digitais em tais processos.
aprendiz formalizar a representação apenas uma vez, receber avaliação e não tiver
oportunidade para refletir e reorganizar sua representação do objeto, o seu
processo de aprendizagem será interrompido e o processo educacional perde, não
apenas na construção dos conceitos específicos em questão, mas também no
desenvolvimento da habilidade de aprender a aprender e no desenvolvimento
cognitivo como um todo.
A reflexão sobre o que o educando produziu (formalizou) é um processo
importante que deveria dar sequência a representação da sua compreensão do
objeto. Ao formalizar a representação do objeto o aprendiz cria deduções e reflete
sobre as deduções construídas para relacionar as ações do objeto. Esta reflexão
do indivíduo se refere a coordenação das ações em um patamar superior, processo
conhecido como abstração reflexionante.
Se o indivíduo estiver trabalhando com caneta e papel, e se essa
representação for restringida a um processo de avaliação, onde o estudo de uma
unidade de conhecimento é concluído após a formalização do conhecimento do
aprendiz, neste caso perde-se a oportunidade de um aprendizado em um patamar
mais alto. Pois a primeira representação é o esforço inicial para estabelecer
deduções, a partir desse momento , a partir da representação do objeto, se fosse
oportunizada ao aprendiz a reflexão sobre a sua própria produção ele certamente
questionaria algumas decisões e se ele pudesse experienciar interações
colaborativas com oportunidade de reconstrução dessas hipóteses, ele seguiria
melhorando e aprofundando a sua aprendizagem.
Mas não é assim que acontece no sistema tradicional. O aprendiz, quando
instigado a representar o seu entendimento sobre o objeto ( conteúdo em estudo)
ele o faz com uso de lápis ou caneta sobre papel, um meio com limitações para
edição. Além disso, no sistema vigente, onde a representação do objeto é muitas
vezes foco do processo de avaliação, a interação do professor com o aluno autor
restringe-se a correção final marcando certos e errados, o que coincide com o final
da unidade de ensino. O aluno autor ao receber as observações do professor sobre
“a representação de seu conhecimento” já está com a mente na unidade seguinte.
Neste sentido ao invés de interações colaborativas acontece apenas a mensuração
de certos e errados na representação do aprendiz.
A tecnologia permite com facilidade a criação de representações por meios
diversos, e a facilidade em editar (alterar) essas representações. Permite também
84
que o aluno autor compartilhe a sua construção com o educador , com seus pares e
com quem mais desejar, antes que esta representação esteja concluída. Situação
que permite ao educador construtivista conhecer a compreensão do educando e
estabelecer questões que desequilibrem o aprendiz e lhe levem a novas reflexões,
próprias para o momento do seu aprendizado.
Trago o ambiente de autoria programável Scratch 18 como exemplo onde a
tecnologia viabiliza o ciclo de representações, interações, deduções, edições e
novas representações na construção de conhecimento. Através deste recurso o
aprendiz pode definir diversos objetos e programar ações para estes objetos. A
construção de conceitos é oportunizada a partir da coordenação entre as ações dos
objetos definidos pelo aprendiz. Tomando o conceito da polinização exemplifico a
diferença entre o ensino tradicional e o aprendizado com uso de tecnologia para
construção do conhecimento:
18
www.scartch.mit.edu
19
http://educacao.uol.com.br/biologia/polinizacao-a-maneira-pela-qual-as-plantas-se-reproduzem.jhtm
85
Figura 6 - Polinização 1
Figura 7 - Polinização 2
87
A combinação das ações do objeto abelha com objeto pólen faz a abelha levar o
pólen com ela, em direção à flor feminina como mostra a figura 8:
Figura 8 - Polinização 3
Figura 9 - Polinização 4
88
Figura 10 - Polinização 5
20
Contexto Brasileiro descrito no capítulo 2.
90
ii) o entendimento sobre o tema por parte daqueles que pensam e executam a
política pública de educação.
e) A vontade política de permitir e apoiar a mudança em nível de sistema
educacional. Entendendo como apoio do governo ações como formação de
educadores e manutenção de equipamentos, mas também ações necessárias para
consolidar o processo de mudança, que inclui, mas não se limita a: reconhecer as
inovações, sistematizar e comunicar as evidências de sucesso, incorporar,
disseminar e concretizar as mudanças no sistema educacional.
f) A comunicação da mudança para toda sociedade, gerando o
envolvimento da sociedade na mudança e resultando em nova cultura relacionada
ao novo paradigma educacional. A comunicação pode ser feita de várias formas: em
veículos de massa pelo governo; na escola, via reuniões e informativos; preparar os
educadores e coordenadores para relatar a mudança para os veículos de
comunicação, entre outras. O planejamento da comunicação é de extrema
importância no processo de mudança pois é através da comunicação que a
sociedade poderá engajar-se neste processo e enriquecê-lo.
No Brasil o significado da mudança não é de domínio universal entre os
educadores. Muitos possuem formação limitada em relação às teorias que embasam
a mudança de paradigma na educação. Os estudos sobre a formação de docentes
encontram no Brasil, a exemplo de outros países da América Latina, um currículo
tradicional sem campos de estudo nem prática em pesquisa e inovações educativas,
em que não se elaboram recursos didáticos para favorecer a educação ativa, nem
há processos de desenvolvimento do pensamento e da criatividade. (BASTOS,
2010).
Algumas barreiras para a consolidação da mudança residem no fato da
sociedade brasileira possuir senso comum sobre educação com referências no
modelo tradicional. Os adultos referenciam a experiência educacional tradicional que
tiveram na infância. A existência dos vestibulares como provas de acesso às
universidades e a importância dada a testes padronizados contribui para a
resistência à renovação do paradigma educacional. O que resulta em geral no uso
de tecnologias digitais desassociado a promoção da mudança na educação. O que é
justificado pelo fato do uso da tecnologia nas práticas educacionais trazer inúmeros
encantos iniciais e satisfazer os atores envolvidos, que acabam por acomodar-se e
91
4.3 O PROBLEMA
Métodos
Ativos de
Aprendizagem
pesquisas apontam No século XXI se
os métodos ativos faz necessário
de aprendizagem uma educação que
como melhor forma desenvolva
de usar Tecnologias habilidades para
Digitais na trabalhar com o
educação conhecimento
educador poderá planejar ações inovadoras com uso das tecnologias digitais para a
mudança de paradigma?
Os programas de inserção de tecnologia na educação são acompanhados
de formações para educadores, as quais poderiam dar conta das questões acima.
Mas entendo que o curto tempo das formações previstas é insuficiente para lidar
com a complexidade da mudança de paradigma. As formações dão conta de guiar
os educadores na aprendizagem inicial do uso da tecnologia e exploram
possibilidades de uso da tecnologia em práticas educacionais. Muitas vezes as
práticas apresentadas são construtivistas, mas a limitação da base teórica do
educador em formação inibe seu potencial como agente de mudança.
Como os docentes não estão preparados para um melhor aproveitamento
curricular da tecnologia digital, as escolas públicas equipadas acabam cumprindo
principalmente um papel de redução do hiato digital. Uma função importante, mas
pobre do ponto de vista educacional. As tecnologias digitais poderiam ser usadas
para apoiar a aprendizagem, desenvolver o raciocínio, facilitar o desenvolvimento do
pensamento abstrato e viabilizar trocas no trabalho colaborativo. (BASTOS, 2010)
Nesse sentido faz-se necessário, para que o educador possa pensar e
planejar as atividades inovadoras, que ele compreenda os benefícios dos métodos
ativos de aprendizagem, e para que ele possa implementar e dar continuidade ao
novo método faz-se necessário que os atores envolvidos com o processo
educacional também compreendam as razões e os objetivos das práticas que
caracterizam a mudança de paradigma.
A compreensão dos demais atores envolvidos não deveria provir apenas
da comunicação e das ações dos educadores inovadores, mas também de ações
provenientes do sistema educacional para apoiar a mudança nos níveis
organizacionais (meso) e sistêmico (macro). Dessa forma o educador se
responsabilizaria pela mudança em sala de aula e seria apoiado e valorizado pelos
demais atores envolvidos no processo educativo (PRICE & ROTH, 2009).
A partir das minhas vivências e pesquisas noto que atualmente a
mudança de paradigma é iniciada em nível micro, em sala de aula pelo professor,
algumas vezes acompanhada em nível médio (coordenação da escola), mas ainda
desacompanhada pelo sistema escolar ou sistema de desenvolvimento social, e
desconectada das expectativas da sociedade em geral em relação a educação
básica.
96
Ciclo na
PRÁTICA INVESTIGAÇÃO
pesquisa-ação
Da avaliação dos
Da mudança na
PLANEJAMENTO resultados da
prática
mudança
Da mudança na
IMPLEMENTAÇÃO Produção de dados
prática
Do resultado da
AVALIAÇÃO
mudança de prática
6 ANÁLISE SITUACIONAL
23
www.atc21s.org
112
com suas representações. O ambiente Noosfero foi escolhido para desempenhar tal
papel.
O uso do Noosfero acompanhado de aplicativos de autoria, procura otimizar
as condições para viabilizar e estimular o aprendizado fundamentado na autoria e
interação, processos considerados como fundamentos da mudança de paradigma
educacional. A proposta tem a expectativa de que o Noosfero possibilite o processo
de aprendizagem em ciclos de formalização de conhecimento, compartilhamento,
interação, reflexão, alteração, novo compartilhamento.
Em síntese a estratégia fundamenta-se em quatro elementos que serão
descritos e justificados com maior profundidade a seguir:
a. Referencial e fundamentação Habilidades Século XXI
b. Aprendizagem por atividades
c. Comunidade online em plataforma de rede social privada, Noosfero,
com biblioteca de usuário para salvar e valorizar produções diversas dos
alunos e incentivar a interação colaborativa.
d. Rubricas como instrumento para o educador planejar, comunicar e
avaliar atividades.
Formas de Pensar:
1. Criatividade e Inovação
2. Pensamento Crítico, resolução de problemas, tomada de decisão.
3. Aprender a aprender ou metacognição
Formas de Trabalhar:
4. Comunicação
5. Colaboração ( trabalho em equipe)
Ferramentas para o Trabalho
6. Alfabetização em Informação
7. Alfabetização em TICs
Vivendo no Mundo
8. Cidadania ( local e global)
9. Vida e Carreira
10. Responsabilidade Pessoal e Social ( incluindo consciência cultural
e competência)
Com o uso do Noosfero a ONG passa a contar com uma rede social para
uso exclusivo do Centro Social e seus convidados. O diferencial desta rede social é
que os alunos podem fazer upload de arquivos, viabilizando que salvem,
compartilhem, editem seus trabalhos na internet. Diferente de um ambiente de curso
a distância tipo Moodle, o aluno não salva apenas o arquivo produzido como um
trabalho a ser entregue ao professor, no Noosfero o aluno pode salvar qualquer
arquivo que ele produza, ou que lhe seja interessante, criando uma biblioteca
pessoal. Esse recurso é muito importante na proposta construtivista, permitindo criar,
compartilhar, refletir, editar através do tempo e com várias pessoas. O Noosfero
permite também a expressão dos alunos através de vários meios, e ainda que o
aluno visualize e passe a considerar a expressão (ou ponto de vista) dos demais
colegas, processos que contribuem para descentração e desenvolvimento moral dos
jovens.
O Noosfero possui as funcionalidades de Blog, e-Portfolios, CMS, RSS,
discussão temática, agenda de eventos num mesmo sistema. Utiliza a linguagem de
programação Ruby com framework Rails e, portanto, suporta bancos de dados,
PostgreSQL, MySQL, SQLite entre outros. Como características apresenta: Rede
Social (três entidades: pessoas, comunidades e organizações); CMS: pastas,
artigos, RSS, upload e publicação de imagens e arquivos; Blog com sistema de
notificação de comentários; Galeria de imagens; e-Portfolios (individuais & de
grupos); Compartilhar Interesses; Fóruns / Discussão Temática; Agenda de
eventos compartilhadas; Acompanhamento de atividades de usuários e grupos;
Mensagens assíncronas & Web Chat.
Além de suportar e estimular a iteração de abstrações, o uso de uma
comunidade virtual com biblioteca pessoal no processo educativo pode contribuir
também para construção da ética da vida online, a qual os jovens já estão expostos
muitas vezes sem receber orientação alguma sobre como se comportar nesse meio.
7.4 RUBRICAS
Optei por usar rubricas na estratégia de intervenção por entender que elas
se constituem em um tipo de instrumento criadas para avaliação de práticas
educacionais onde os alunos constroem produtos. Um dos maiores desafios na
mudança de paradigma educacional, reside em substituir a avaliação por provas, por
118
24
.(Blog Aprendente, 2007) http://aprendente.blogspot.com.br/2007/01/uso-de-rubricas-em-
avaliao.html
119
Nesta estratégia o uso das rubricas aparece como recurso para que
educador se envolva em um aprendizado que lhe permita ir construindo o caminho
entre a teoria e a prática. O educador social deve passar, a envolver-se com um
ciclo de planejamento, formalização, comunicação, implementação, avaliação,
novo planejamento, caracterizando um ciclo de aprendizagem continuada para o
educador em termos de aplicação de conhecimento em sua prática. Ele aplica
aquilo que lhe parece útil e aquilo que ele se sente capaz de implementar
considerando as limitações de seu contexto local, sempre refletindo, formalizando,
compartilhando, recebendo contribuições, de forma semelhante ao processo dos
Projetos de Aprendizagem e a própria espiral do conhecimento ( FAGUNDES,
1998).
25
ESCOLABR.com, 2011 http://www.escolabr.com/projetos/rubricas/avaliacao_autentica.htm
120
8.1 PLANEJAMENTO
ocorridas no mês de março. O mês de abril foi utilizado para observar e produzir
dados sobre as práticas educacionais.
Durante as semanas de formação e planejamento no mês de março, realizei
uma apresentação para a equipe pedagógica do Centro sobre métodos ativos de
aprendizagem e projetos de aprendizagem (FAGUNDES, 1999) ambos relacionados
com a teoria construtivista. Este momento foi usado para valorizar o uso da
tecnologia como recurso enriquecedor desta estratégia metodológica. Foi abordada
a importância do desenvolvimento de competências complementares ao
aprendizado de conteúdo, tanto para formação e desenvolvimento dos jovens,
quanto para qualificação para o trabalho.
A estratégia da pesquisa-ação participante foi proposta e discutida com a
coordenadora pedagógica e a coordenadora de tecnologias digitais em fevereiro.
Esta estratégia foi por mim apresentada para equipe técnico-pedagógica do centro
durante a semana de formação dos educadores em março. Nessa ocasião
apresentei à equipe do Centro Social as intenções e a metodologia da pesquisa,
logo após, em conjunto com a equipe discutimos os diversos aspectos envolvidos.
A comunicação da intenção de desenvolver práticas construtivistas para uso
da tecnologia no Centro Social manifestou a intencionalidade da pesquisa, mas não
se aprofundou na fundamentação da teoria construtivista. Ao invés de explicar de
maneira detalhada os fundamentos teóricos do construtivismo para apresentar aos
educadores o porquê da adoção de métodos ativos de aprendizagem, optei por
apresentar aos educadores o referencial de Habilidades do Século 21, como
ilustração de possíveis resultados de uma educação implementada com métodos
ativos de aprendizagem fundamentados no construtivismo. A aprendizagem por
atividades foi mencionada como uma prática já em exercício no Centro. O uso de
rubricas foi mencionado, mas postergado como algo a ser desenvolvido mais
adiante no decorrer do ano, e o uso da rede social Noosfero foi valorizado como
viabilizador de práticas construtivistas. O Noosfero já estava instalado e os
educadores já estavam engajados em formações para uso deste ambiente.
122
Apresentação 25 9 45 0 0 0 28 4 1
pessoal
Interação 23 0 25 60 0 0 0 0 0
Social
Resposta 0 0 0 0 85 0 0 0 0
exercício/at.
Expressão 16 1 124 4 104 0 1 0 0
ponto de vista
Upload de 0 2 0 0 0 3 2 0 0
trabalho
Solicitação 1 0 0 0 0 0 0 0 0
apreciação
127
apreciação
desequilíbrio
outro
postagens, a partir das quais apenas um comentário foi gerado. Uma justificativa
possível para a ausência de comentários nas expressões de ponto de vista dos
colegas pode fundamentar-se no fato de que a grande maioria dessas postagens
tenha sido feita em mural de comunidade, como resultado de uma instrução do
educador de determinadas turmas. Não tendo acontecido instrução específica para
comentar as publicações dos colegas e tratando-se dos meses iniciais de uso do
Noosfero, acredito que os alunos não tenham notado a possibilidade de comentar
postagens dos demais, ou estivessem ainda inseguros no uso do ambiente e se
arriscavam somente a postar mensagens sob instrução do educador.
As intervenções de março, realizadas com uma simples explanação dos
fundamentos do construtivismo e proposição de uso de métodos ativos de
aprendizagem não resultaram em mudança de método na prática. Educadores
seguiram apostando na construção de tutoriais e na ocupação máxima dos alunos
como estratégia de sucesso, o que limitava as possibilidades de autoria, reflexão e
discussão entre os alunos. As regras de convivência não eram referenciadas em
momentos de conflito. O Noosfero foi usado para expressão, mas não para
discussão entre os alunos, como mostra o limitado número de comentários.
O baixo número de arquivos postados no ambiente (5), indica que as
atividades implementadas não estavam gerando produtos e o uso de métodos
ativos de aprendizagem era limitado ou inexistente durante o Ciclo 1.
EGOCENTRICO e Não distingue seu Toma consciência de Comunica seu Comunica seu
a ponto de vista da seu ponto de vista ponto de vista e ponto de vista
DESCENTRAÇÃO verdade, acredita próprio. reconhece a com clareza.
existir uma única Formaliza seu ponto existência de Defende seu
verdade (ponto de vista ou sua visão outros pontos de ponto de vista
de vista). de mundo, mas não vista, escuta ou participando de
Raramente consegue comunicá- assiste aos debates
verbaliza ou la e defendê-la colegas com sistêmicos.
expressa o seu através do debate respeito, mas Elabora novos
ponto de vista. sistematizado. raramente insights a partir
Normalmente se participa de troca dos pontos de
expressa através de de ideias, pois vista dos outros.
julgamentos ainda apresenta Discute
imediatistas. dificuldade para alcançando a
defender o seu lógica. Colabora
ponto de vista em com colegas.
debates
sistemáticos.
AUTONOMIA ANOMIA HETERONOMIA AUTONOMIA
SEGUNDO Não reconhece Percebe que existem regras. Reconhece Cumpre os
PIAGET regras. Nega ou o bem como o cumprimento da regra. A deveres e segue
ignora as regras. regra, foi feita por alguém superior e não as normas,
As necessidade pode ser flexibilizada. É intolerante. mesmo se não
existir controle
básicas e Obedece as normas para não ser punido sobre ele. É
imediatas ou para receber prêmios. Pode deixar de responsável, auto-
determinam seu obedecer a norma se não houver controle determinado e
comportamento. e ameaça de punição ou possibilidade de justo. Na ausência
Não respeita leis, prêmio. de autoridade
pessoas e continua o
normas. mesmo: com
consciência da
necessidade e
significado de
cumprir o dever e
seguir as normas.
Contribui para
definição de
regras e
planejamento do
trabalho.
SOLIDARIEDADE Ausência de Respeita os colegas SOLIDARIEDADE SOLIDARIEDA
MORAL respeito EXTERNA DE INTERNA
É solidário ao Exerce
obedecer a uma solidariedade
regra exterior apoiada na
decisão comum.
Ou exerce
solidariedade que
resulta de uma
vontade de
entendimento e
cooperação.
O respeito às
regras emana do
respeito pelo
outro indivíduo
134
9.1 PLANEJAMENTO
26
http://educate.intel.com/br/AssessingProjects/AssessmentStrategies/DemonstratingUnderstanding/ap
_rubrics_scoring_guides2.htm
136
27
http://www.intel.com/education/la/es/paises/brasil/index.htm
138
4 3 2 1
EXECUÇÃO DA
ATIVIDADE (incluindo Realiza toda a aividade Realiza toda a atividade porém com muitos erros de
Não realizou a atividade
digitação e conclusão sem erros de digitação digitação
da atividade)
Mensagens iniciais
250
número de mensagens
200
Apres. Pessoal
150 interação social
comentários
70
numero de mensagens
60
50
40 coment. apres. pessoal
30 coment. pto.vista
20 coment. trabalhos
10
0
CICLO 1 CICLO 2
apreciação
desequilíbrio
outro
28
Dado obtido a partir de entrevista com educador que participou de reunião com
familiares em sábado.
152
O Planejamento foi realizado nos dias iniciais das férias de inverno dos
alunos. Nas duas semanas finais do mês de julho, os alunos não frequentaram o
Centro Social, o que oportunizou á equipe envolvida com o estudo a realização de
reuniões de análise e planejamento com a participação da coordenação pedagógica
e educadores envolvidos para refletirmos sobre as mudanças geradas pela pesquisa
ação até aquele momento.
Nos dias iniciais do recesso dos alunos definimos que o terceiro ciclo de
proposição e análise de mudança, focaria suas ações interações e análises nos
dois educadores do curso Educação Digital (educador A e educador B) e na
coordenadora pedagógica. Nesse momento, constatamos que seria necessário
esclarecer e facilitar aos educadores alguns elementos previstos na estratégia da
pesquisa ação participante e com este objetivo planejamos trabalhar, ainda durante
as férias dos alunos, na construção de instrumentos e na a definição de critérios
complementares para facilitar a implementação da mudança de prática no Ciclos 3
e 4. Planejamos também a criação de objetos ou peças de comunicação que
explicassem a mudança de método.
ser usados para comunicar os pilares do método do Centro. Como síntese dos
aportes teóricos das intervenções dos Ciclos anteriores e também como síntese das
mudanças realizadas nas práticas educacionais do Centro, a coordenadora
pedagógica propôs os termos : EXPRESSÃO, AUTORIA E COLABORAÇÃO a
serem divulgados como pilares do método. A sugestão foi bem aceita pelo grupo e
com apoio da pesquisadora foi redigido a definição do que o Centro Social entende
por esses três termos.
Através de postagens na comunidade da equipe pedagógica na plataforma
Noosfero, foi registrado o entendimento sobre os pilares e suas relações com as
atividades:
AUTORIA acontece quando o aluno se torna autor, quando ele cria um produto (texto,
imagem, música, vídeo). O aluno concretiza em um objeto a expressão do seu ponto
de vista ou a representação do que aprendeu sobre determinado assunto. Usando a
tecnologia o aluno pode publicar o objeto construído e receber críticas e sugestões,
então refletir e editar o objeto. Processo importante para aprendizagem.
Atividade tipo 3 - Envolve autoria do aluno, isto é, a criação de um objeto ( texto, desenho, imagem, som , vídeo
ou combinações entre eles)
10.3.1 Rubricas
TOTALMENTE
NA MAIORIA DAS
RARAS VEZES INTEGRADO AO
NÃO INTEGRADO VEZES ESTÁ
INTEGRA-SE AO GRUPO - Ex: Expressa
INTEGRAÇÃO COM O AO GRUPO (não INTEGRADO AO
GRUPO. Expressa sua sua opinião com clareza,
GRUPO aceita a opinião do GRUPO Ex: Expressa
opinião, mas não aceita a debate com calma, escuta
outro). sua opinião e entende a
do outro. os outros e propõe suas
do outro.
ideais.
DADOS GERAIS turma turma turma turma turma turma turma turma
EDUCADOR A CICLO 3 A1 A2 A3 A4 médias A1 A2 A3 A4 médias
DIMENSÕES DE
ATITUDE
disciplina –
comportamento 2,17 2,78 2,88 2,61
integração com
grupo 2,43 3,00 2,97 2,80
interesse ou
comprometimento 2,40 3,05 2,82 2,76
Interação 6
1 5 26 0 0 0 0 0
Social
Resposta 0
0 0 0 16 0 0 0 0
exercício/at.
Expressão 10
ponto de 11 18 4 88 0 0 0 0
vista
Upload de 0
65 0 0 0 388 3 3 0
trabalho
Solicitação 12
0 0 0 0 25 7 2 0
apreciação
(...) fui brincar com eles sobre a questão do beijo, por que tava dando muito essa história de
quererem beijar aqui dentro, aí falar dos benefícios, aquela coisa toda, com apresentação de
slide sobre isso, eu fiz uma apresentação e depois dei para eles fazerem... Aí eles tinham
que dizer a posição deles, mas aí, alguns diziam que é um assunto chato que não gostam
que não se sentem a vontade para falar, então tem as vezes... de uma turma de 15 eu
consigo envolver 12... para os outros preciso dar uma empurradinha. (Fonte: Educador
A/entrevista Dezembro, 2011)
trabalhos publicados. A autoria teve grande progresso, mas a colaboração ainda não
acontecia. Contudo, de acordo com as entrevistas conduzidas com educadores e
com a evolução dos níveis das avaliações, nota-se melhora no respeito e
comprometimento dos alunos. Os educadores passaram a postar suas rubricas no
Noosfero, nas páginas das comunidade das turmas.
EDUCADOR A - CICLOS 2 E 3
3,00
2,50
Nível na rubrica
2,00 respeito
1,00 interesse ou
comprometimento
0,50
0,00
CICLO 2 CICLO 3
Noosfero - comentários - 3
CICLOS
70
60
50
40 coment. apres. pessoal
30 coment. pto.vista
20 coment. trabalhos
10
0
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3
11.1 PLANEJAMENTO
11.2.1 Atividades
preferida entre aquelas tocadas pela rádio do Centro Social (operada por outros
colegas durante o intervalo).
O jornal é todo feito pelos alunos, em nenhum momento eu ... eu só disse que eles tinham
que escolher um nome, que eles tinham que escolher um âncora, eu dei assim várias
opções. (...) têm as coisas que têm em um jornal: previsão do tempo, notícias, se é um
jornal jovem tem o top5 de vídeos da internet, tem um top 5 de músicas e assim a gente foi
elaborando, então eles tinham um leque de informações, mas cada um escolheu o que mais
gostou, esportes... aí assim a turma A4 fez duas (notícias) de esportes: sobre o
campeonato que a gente fez aqui e sobre o esporte em geral: campeonato gaúcho,
brasileiro.. Aqui estão alguns vídeos, foi tudo filmado na sala dos monitores. Observa que
eles criaram recursos para disfarçar que estavam lendo, uns colocaram “a cola “ no canto
da mesa (olhavam para baixo), outros olhavam para cartazes que os colegas seguravam
atrás da câmera. Uma coisa muito legal, é que o aluno que fez a previsão do tempo,
usou o data show (projetor de imagem), ele foi o único que teve essa ideia, eu achei muito
interessante, foi ideia dele não foi minha. Ele projetou um mapa na parede, com ícones de
previsão de tempo, e os colegas filmaram ele indicando a previsão no mapa. Ele simplificou
o mapa do rio grande do sul em 4 regiões, para ele não precisar detalhar a previsão do
tempo por município. Então ele projetou o mapa na parede, pegou uma régua e começou a
fazer como se fosse na TV mesmo, aí ele explicou o que era norte sul, leste e oeste, ele não
quis se prender às cidades, ele quis fazer das regiões. (Fonte: Educador A/ transcrição de
entrevista em dezembro, 2011)
11.2.2 Avaliação
3,00
2,50
respeito
Nível rubrica
2,00
integração com grupo
1,50
1,00 interesse ou
comprometimento
0,50
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
172
Apresentação 0 0 0 0 0 0 0 0 0
pessoal
Interação 1 0 2 11 0 0 0 0 0
social
173
Resposta 0 0 0 0 6 0 0 0 0
exercício/at.
Expressão 3 1 12 9 7 0 0 0 0
ponto de
vista
Upload de 0 15 0 0 0 260 1 0 0
trabalho
Solicitação 0 0 0 0 0 0 0 0 0
apreciação
GERAL 4 CICLOS
500
450 Apres. Pessoal
400 com. Ap. pess.
350 interação social
300 com. Int.soc.
250
resposta exercicio
200
exp. Ponto de vista
150
100 com. Pto.vista
50 upload trabalhos
0 com. Trab.
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3 CICLO4
174
COMENTÁRIOS - 4 CICLOS
70
60
50
40 coment. apres. pessoal
30 coment. pto.vista
20 coment. trabalhos
10
0
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3 CICLO4
No início eles estão muito inseguros, só fazem o que eu falo, eles perguntam: -É para clicar?
– Não é para clicar? – Eu arrasto eu não arrasto? Eles ficam inseguros, depois que tu passa
a parte técnica, que eles sabem a função, aí eles vão tranquilos, sem grandes dificuldades
(...)(Fonte Educador A/ transcrição entrevista, 2011)
O aluno BF, ele é extremamente agitado, ele não é mal educado, ele claro, ele brinca muito
com os colegas, eles pegam muito no pé um do outro, mas ele não é... ele é muito agitado e
ele é muito rápido e muito bom no que ele faz. Ele é nível 4 em questão técnica, e com a
rubrica deu para diferenciar isso entendeu, deu para fazer o quê. Porque antes tu fazia um
geral, então aí tu dava um 3... mas então com a rubrica de comportamento e a rubrica de
atividade a gente pode avaliar isso, então eu posso chegar para ele e mostrar: oh, teu
comportamento é 2 mas teu nível técnico é 4, nisso eu vi que a rubrica me ajudou a fazer
essa separação, não misturar o comportamento com o nível técnico. (Fonte Educador
A/transcrição entrevista, 2011).
(...)eu sei que a gente não tem muito tempo, mas uma coisa primordial, a primeira é nivelar
conhecimentos, por que assim se tu vai passar Gimp, se tu vai passar scratch, se tu vai
passar Calc, o educador tem que ter o mesmo conhecimento (...) Então o método do Centro
seria : dar um conteúdo no sistema tradicional um pouco, em alguns encontros, até porque
eles tem que ter aquilo, e depois uma parte de criação, um projeto.
(...) As vezes dá para deixar escolher o assunto, as vezes não, as vezes precisa empurrar
mais as vezes deixar por eles, isso depende do nível de autonomia do aluno, né? E quanto
mais cedo conseguir fazer com que saiam da inércia e comecem a criar, mais rápido eles se
engajam.
(...) eles (os alunos) querem muito, eles querem fazer um informativo mensal, trabalhos
filmados, não precisa ser exatamente jornal, mas pode ser filmar uma apresentação deles, e
aí já trabalha em grupo, de preferência que o trabalho seja... Assim se vai fazer um jornal,
que a sala se torne a redação do jornal, porque aí tu vai conseguir trabalhar em grupo e vai
trabalhar um monte de questões de autonomia.
Eu trabalhei a identidade com eles com o avatar, e foi bem engraçado porque a gente fez
um amigo secreto, faz tempo, agora voltei (a trabalhar com avatar) por causa do South Park
que é um software de avatar novo que a gente tem e aí o primeiro exercício eles fizeram
“como - tu gostaria de ser”, ou “como tu te enxerga” – os meninos se fizeram com muita
arma, com esta questão de poder, e malandros e tatuagens, já as meninas se fizeram as “
mais fofas”. Então fizemos um amigo secreto, cada um tirou um nomezinho e aí tinham que
fazer o avatar do amigo secreto no computador, e aí a turma tinha que adivinhar, eles
gostaram bastante, é uma coisa muito legal, mas também tem que ser quando eles já estão
mais se conhecendo, aí uma dica do cabelo ou tem um ursinho... mas eu trabalhei
identidade dessa forma fazendo um amigo secreto, bem legal.
podem aprofundar mais o trabalho. Por fim, os educadores concluem que sem
tecnologia digital isso não seria possível.
O educador A afirmou também que os alunos ficam mais motivados e
engajados quando trabalham com autoria. Ambos os educadores destacaram como
importante barreira ou desafio para a proposta a fluência dos educadores nos
aplicativos que serão usados pelos alunos. Os educadores não usaram o aplicativo
Scratch por não sentirem-se preparados para seu uso perante os colegas e alunos.
EDUCADOR A - ATITUDE
3,50
3,00
respeito
Nível rubrica
2,50
2,00
integração com grupo
1,50
1,00
interesse ou
0,50 comprometimento
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
Das quatro turmas do educador A, apenas três foram avaliadas com uso das
rubricas no Ciclo 4. A quarta turma não foi avaliada por que não conseguiu trabalhar
dentro da proposta do educador A. Segundo depoimento deste educador, a Turma
A2 não estava pronta para trabalhar em grupo e por projetos, a proposta não
funcionou, os alunos não se engajaram, então o educador abortou a proposta e
voltou a instruir os alunos a fazerem atividades específicas com determinados
aplicativos.
Entre as três turmas avaliadas, em duas delas (A1 e A3) a média das
avaliações dos alunos em atitude melhorou no quarto ciclo, quando trabalharam
com métodos ativos de aprendizagem. Entretanto, a turma A4 apresentou no Ciclo 4
queda na avaliação média dos alunos em atitude. Já em relação à produção ou
184
TURMA A1 - ATITUDE
3,50
3,00
Nivel na rubrica
respeito
2,50
2,00
integração com grupo
1,50
1,00
0,50 interesse ou
comprometimento
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
TURMA A 3 - ATITUDE
4,00
3,50
Nivel na Rubrica
3,00 respeito
2,50
2,00 integração com grupo
1,50
1,00 interesse ou
0,50 comprometimento
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
TURMA A3
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
interesse ou
comprometimento 2,56 3,05 3,29
TURMA - A 4 ATITUDE
3,50
3,00
Nível na rubrica
2,50 respeito
2,00
integração com grupo
1,50
1,00
interesse ou
0,50 comprometimento
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
TURMA A4
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
interesse ou
comprometimento 2,60 2,82 2,60
3,50 criatividade
3,00 formatação
recursos de internet
2,50
comunicação (apresent
Título do Eixo
2,00 trab)
power point - impress
1,50 recursos noosfero
Writer 2,74
DISCIPLINA
(capacidade de INTEGRAÇÃO INTERESSE E
Turma A4 cumprir regras) COM O GRUPO COMPROMETIMENTO
MÉDIA F
NOME OUT NOV MÉDIA OUT NOV MÉDIA OUT NOV MÉDIA
Nº
1 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
2 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
3 3,5 3,8 3,7 3,0 3,0 3,0 3,5 3,3 3,4 3,4
4 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
5 4,0 4,0 4,0 3,0 3,5 3,3 4,0 4,0 4,0 3,8
6 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
7 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
8 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
9 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
10 3,5 3,7 3,6 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,2
11 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
12 4,0 4,0 4,0 2,0 2,5 2,3 1,0 1,0 1,0 2,4
13 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
14 3,0 3,5 3,3 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 3,8
15 3,0 3,0 3,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,5 2,3 2,4
2,5 3,0 2,8 4,0 4,0 4,0 3,0 3,0 3,0 3,3
Embora a evolução das médias das turmas tenha sido positiva, foi
observado que dentro das turmas , uma minoria representando de 15% a 30% dos
189
29
http://www.arede.inf.br/inclusao/acontece/4858-premio-arede-2011-e-entregue-a-16-projetos-de-
inclusao-digital
191
cenário brasileiro onde o governo permite, mas não apoia nem reconhece
formalmente as inovações na área de informática na educação.
GERAL 4 CICLOS
500
450 Apres. Pessoal
400 com. Ap. pess.
350 interação social
300 com. Int.soc.
250
resposta exercicio
200
exp. Ponto de vista
150
100 com. Pto.vista
50 upload trabalhos
0 com. Trab.
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3 CICLO4
MENSAGENS INICIAIS 4
CICLOS
500
450
400
350 Apres. Pessoal
300 interação social
250
resposta exercicio
200
150 exp. Ponto de vista
100 upload trabalhos
50
0
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3 CICLO4
192
11.3.5 Considerações
EDUCADOR A
3,50
3,00
2,50 respeito
Nível rubrica
2,00
integração com
1,50 grupo
1,00 interesse ou
comprometimento
0,50
0,00
CICLO 2 CICLO 3 CICLO 4
MENSAGENS INICIAIS -
3 CICLOS
500
450
400
350 Apres. Pessoal
300 interação social
250
resposta exercicio
200
150 exp. Ponto de vista
100 upload trabalhos
50
0
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3
196
COMENTÁRIOS - 4 CICLOS
70
60
50
30 coment. pto.vista
coment. trabalhos
20
10
0
CICLO 1 CICLO 2 CICLO 3 CICLO4
apreciação
desequilíbrio
outro
197
12 CONCLUSÕES
O professor não está na escola para impor certas ideias ou formar certos
hábitos na criança, mas está como um membro da comunidade para
selecionar as influências que devem afetar a criança e para apoiar a criança a
responder adequadamente a estas influências. (DEWEY, 1902, p.9)
pode levar ainda a desistir do método assim que considerar que seus alunos tenham
desenvolvido suficientemente determinadas habilidades. Estas seriam conclusões
que surgiriam de um educador que adotou os métodos para desenvolver
habilidades, mas não compreendeu o desenvolvimento cognitivo da criança como
um todo.
O trabalho em equipe com self guidance, termo usado por Piaget ou com
self direction, termo usado por gestores e relatado por Wagner, significa que os
aprendizes têm autonomia para definição de ações, uso de recursos, tempos e
objetivos. A importância de oportunizar este tipo de trabalho aos alunos é
fundamentada pela obra de Piaget, que explica que essa experiência é
indispensável para o desenvolvimento cognitivo do aprendiz. Ela é fundamentada
também pela demanda daqueles que recebem o jovem após a conclusão do ensino
básico, sejam eles professores do ensino superior ou empregadores, a sociedade
hoje solicita cidadãos autônomos e que saibam pensar (WAGNER, 2008).
Com a realização do projeto de jornal multimídia as aulas de educação
digital deixaram de subdividir o conteúdo programado em unidades e lições. Nos
ciclos iniciais cada aplicativo ou software era introduzido aos alunos como uma
unidade de um curso, e durante um período de tempo os alunos usavam somente
aquele aplicativo em atividades instruídas pelo educador.
Ao analisar a solução construída pelo educador A, relatada na entrevista no
mês de dezembro, constato que o pensamento do educador se aproxima da visão
de Dewey. Lembro que este mesmo educador no mês de março (início da pesquisa)
empregava boa parte de seu tempo na construção de um tutorial para os alunos por
considerar que o conteúdo relacionado ao aprendizado técnico de informática era o
205
alunos. Muito diferente da prática pensada para o uso de rubricas que previa o
envolvimento do educador em pensar e repensar o detalhamento da atividade ou
projeto, e o uso do instrumento para comunicar a proposta e permitir a participação
crítica dos alunos.
Concluí que as rubricas podem ser conceitualmente antagônicas à proposta
renovadora, ao se relacionarem com a concepção tradicional de ensino através da
intenção de pré-definir a produção ou a performance do aluno e prever formas de
mensurá-la. Através das palavras que Dewey usou para criticar o ensino
tradicional, podemos também entender as limitações das rubricas para promover a
transformação. Dewey (1902) define e critica o ensino tradicional como aquele que:
30
www.facebook.com
210
O uso dos quatro elementos propostos por esta pesquisa não se caracteriza
como uma solução infalível e isolada. Isso simplesmente não existe, a solução
almejada para facilitar a mudança de paradigma em contexto onde educadores
tenham limitada formação nos fundamentos desta mudança, envolve transformações
culturais que se relacionam com toda a sociedade. A escola é parte da vida das
famílias, parte da comunidade onde se insere e parte de um sistema de governo. As
pessoas em geral pensam educação nos moldes das vivências que tiveram em sua
infância e juventude. Para conseguir dar escala e sustentar as inovações ao longo
do tempo é necessário que a escola formalize e comunique sua nova forma de ser,
os critérios que definem a educação de qualidade, e como esses critérios são
verificados no novo paradigma viabilizado pelo uso de tecnologia digital.
Busco apoio no conceito de complexidade de Morin (2005) para analisar o
contexto envolvido no desafio de mudar o paradigma da educação e reconheço este
cenário como uma trama complexa. Se tomarmos como elementos desta trama os
pensadores de diversos campos do conhecimento, os operadores da educação,
incluirmos também as novas tecnologias, questões culturais e sociais do nosso
tempo, veremos que algumas emergências preciosas poderiam contribuir para
apoiar a mudança de paradigma. Considerando que esta mudança precise de boa
tecnologia (1), que leve em conta o funcionamento do cérebro da criança (2), os
métodos de ensino e aprendizagem (3), a administração dos recursos públicos
disponíveis para educação (4), que a escola precise ainda comunicar-se com a
sociedade (5) e ser parte dos seus movimentos culturais (6), identifico nestes itens,
os elementos da trama complexa que caracteriza o contexto da mudança.
Ao considerar pelo menos os seis elementos acima citados como partes
inseparavelmente associadas, uma possível emergência da colaboração entre esses
elementos seria o pensamento conjunto (com pensadores de várias áreas de
conhecimento) sobre como funcionaria a escola fundamentada na criação e na
colaboração. Este imaginário permitiria reconhecer a necessidade de um ambiente
digital que facilitaria e induziria a mudança da escola da era industrial para a escola
da era do conhecimento.
213
31
www.relpe.org
32
http://www.relpe.org/especial-del-mes/tecnologias-digitais-e-educacao-avancos-e-desafios/
33
http://lists.laptop.org/pipermail/olpc-open/2012-January/001784.html
215
34
http://www.linkedin.com/groupAnswers?viewQuestionAndAnswers=&discussionID=81688207&gid=32
75408&commentID=61478231&trk=view_disc&ut=2C5Gadz-tHQlc1
35
www.pbyp.co.uk
216
36
www.edmodo.com
217
aluno pode se vincular a vários grupos, porém se todos os grupos do aluno forem
finalizados ele ficará excluído da plataforma, ainda que temporariamente. Em
resumo, o aluno está sempre sobtutoria de algum professor.
Os grupos criados pelos professores são equivalentes às turmas
existentes. Os professores podem ainda criar subgrupos para trabalhos em equipe.
As interações entre os alunos são sempre visíveis ao professor. Dentro dos grupos é
possível enviar mensagens anexando arquivos de vários tipos, e também
compartilhar pastas da biblioteca pessoal do usuário.
O início do desenvolvimento do Edmodo data do final de 2008 quando Nic
Borg e Jeff O´Hara decidiram criar um recurso que fechasse a lacuna existente entre
a forma que os alunos vivem e maneira como eles aprendem nas escolas, Borg e
O´Hara acreditavam que o cenário do sistema escolar precisava evoluir para refletir
o mundo conectado em que vivemos. O sistema foi e vem sendo desenvolvido com
forte participação da comunidade de professores, segundo Borg e O´Hara os
recursos oferecidos visam facilitar o trabalho dos professores.
A concepção do ambiente não encaixa completamente com o sistema que
eu havia idealizado, ou com os fundamentos do novo paradigma. Embora exista a
biblioteca pessoal e seja possível compartilhar trabalhos, não existe destaque para o
arquivo produzido pelo aluno. Os arquivos dos alunos ficam escondidos dentro de
suas bibliotecas e não integram a identidade do autor como se fossem obras de um
artista. O ideal por mim imaginado seria um sistema que mostraria ícones como
representação e link para os produtos dos alunos, assim como o facebook mostra as
fotos dos usuários (em destaque, como parte da identidade), ainda que existam
níveis para permissão de acesso.
O Edmodo é um tanto centrado no professor, assumo que este fato se
justifique por motivos de segurança e pelo receio de que este ambiente seja usado
para fins não escolares, transformando-se em rede social nos moldes das existentes
na cultura vigente destes espaços. Porém, ainda assim, o Edmodo traz
contribuições para viabilizar a mudança de paradigma na educação. Exatamente
por atender os receios das escolas existentes o ambiente criado há menos de três
anos já conta com 7 milhões de usuários entre professores e alunos de educação
básica. O uso da plataforma cresce de maneira orgânica dentro das escolas porque
sua funcionalidade é familiar aos conceitos de interações em redes sociais, já
dominados por professores e alunos. A interação acontece no meio mais natural
218
37
www.edmodo.com
219
38
www.uca.gov.br
39
http://www.enem.inep.gov.br/
40
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210&Itemid=325
220
Gráfico 34 - Mudança 1
Gráfico 35 - Mudança 2
Gráfico 36 - Mudança 3
223
REFERÊNCIAS
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Environment to Enhance Technological Fluency at After-School Centers in
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WAGNER, T.: The global achievement gap: why even our best schools don´t teach
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ANEXO A
Eu não
Eu compreendi
compreendi o
parcialmente o
Eu compreendi texto e não
Interpretação de Eu tenho ótima texto e procurei
parcialmente o procurei
texto Compreensão do texto. auxilio para melhor
texto. auxilio para o
desenvolver a
desenvolvimen
tarefa proposta.
to da tarefa.
Eu não
Eu tive dificuldade
desenvolvi a
de construir a
Eu construí parodia por
parodia, fugi da
Eu construo a paródia parcialmente a não
ideia principal.
Criatividade com clareza e sem fugir parodia porém fugi compreender a
Mas procurei
da ideia principal. parcialmente da atividade e não
auxilio para tentar
ideia principal. procurei
desenvolver a
auxilio para o
tarefa.
mesmo.
Eu tenho grande
Eu uso os recursos dificuldade para Eu não uso os
abaixo de forma usar os recursos recursos
Eu uso os recursos adequada, porém abaixo, porém abaixo de
abaixo de forma com uma certa procuro auxilio forma
Formatação adequada: Formatação de dificuldade: para tentar adequada e
fonte (tipo, tamanho,cor, Formatação de desenvolver a não procuro
alinhamento) fonte (tipo, tarefa: Formatação auxilio para
tamanho,cor, de fonte (tipo, desenvolver a
alinhamento) tamanho,cor, tarefa.
alinhamento)
Eu tenho grande
Eu tenho facilidade
dificuldade em Eu não
em navegar no
navegar no consigo
Noosfero, porém
Eu tenho plena facilidade Noosfero navegar no
Recursos do apresento uma
em navegar no Noosfero (Login,blog.mural), Noosfero e
Noosfero certa dificuldade
(Login,blog.mural). porém procuro não procuro
em umas das
auxilio para tentar auxilio para o
funções abaixo:
desenvolver a mesmo.
(Login,blog.mural).
tarefa.
232
Eu tenho
dificuldade em usar
Eu tenho certa Eu não sei
Eu tenho total facilidade o navegador de
Recursos da dificuldade em usar como usar o
para usar o navegador de internet, mas
Internet o navegador de navegador de
internet. procuro auxilio
internet. internet.
para desenvolver a
tarefa.
Eu tenho certa
Eu tenho certa Eu não
dificuldade em
Eu trabalho plenamente dificuldade em trabalho em
trabalhar em grupo
Trabalho em Grupo em grupo, cooperando trabalhar em grupo, grupo e não
e em cooperar
junto dos meus colegas. mas coopero junto coopero com
junto com os meu
dos meus colegas. meus colegas.
colegas.
Eu não tenho facilidade de Eu não tenho facilidade de Eu tenho facilidade para Eu tenho facilidade
trabalhar com a Internet, trabalhar com a Internet, usar a internet, mas tenho para usar a internet
não consigo fazer o não consigo fazer o pouca dificuldade para e no Noosfero faço
download das fotos, não download das fotos, não fazer download das download das
sei entrar no Noosfero sei entrar no Noosfero fotos, ou em saber meu fotos, sei meu
(esqueci usuario e/ou (esqueci usuario e/ou usuario e senha, ou em usuario e senha,
senha) não consigo senha) não consigo achar o perfil do prof e acho com
localizar o link do Picasa e localizar o link do Picasa e ;ou o link do Picasa no facilidade o perfil
RECURSOS DA o perfil da professora no o perfil da professora no Noosfero. Não me da professora e o
INTERNET Noosfero, também não Noosfero, mas procuro empenho em procurar link do Picasa,
procuro ajuda dos colegas ajuda dos colegas ou outros recursos (imagens, procuro imagens,
ou professora. professora. gifs e etc) para gifs e etc, para
enriquecer meu trabalho, enriquecer meu
eu busco ajuda em trabalho e ajudo
alguns momentos e em meus colegas
outros eu ajudo meus quando necessário
colegas para realizar a
tarefa.
Eu tenho muita dificuldade Eu tenho muita dificuldade Tenho certa facilidade Tenho facilidade
de me expressar, não de me expressar, não de me expressar, me de me expressar,
consigo explicar meu consigo explicar meu atrapalho para explicar explico com
trabalho e não tenho muita trabalho e não tenho muita qual mensagem quero clareza a
clareza de ideias, não clareza de ideias, não passar com as fotos e mensagem que
COMUNICAÇÃO consigo expor o que me fez consigo expor o que me fez com o mosaico, tenho quero passar com o
(Apresentação do escolher as fotos e qual escolher as fotos e qual uma confusão de ideias, mosaico, mostro
trabalho) mensagem eu quis passar mensagem eu quis passar me esforço para me claresa de ideias,
com o mosaico, n me com o mosaico, mas me comunicar e não me me interesso em
intereço em me comunicar. intereço em me comunicar. sinto muito a vontade comunicar, me
falando para minha sinto bem falando
turma. para minha turma.
Não consigo usar as Não consigo usar as Uso com um pouco de Uso as ferramentas
ferramentas do Power ferramentas do Power dificuldade as do Power Point e
Point ou Impress e não me Point ou Impress, mas me ferramentas do Power impress criando o
esforço para aprender, não esforço para aprender, Point e impress procuro mosaico com
presto a atenção nas tenho dificuldade de criar o mosaico com animação, efeitos e
FERRAMENTA explicações da professora. manter a atenção nas animação, efeitos e cores cores (bordas),
POWER POINT explicações da professora. (bordas), presto a presto a atenção
atenção nas explicações nas explicações da
da professora, ajudo professora e ajudo
meus colegas a usar o meus colegas a
aplicativo, ma tambem usar o aplicativo.
busco ajuda.
234
ANEXO B
Eu não tenho Eu não tenho facilidade Eu tenho facilidade para usar Eu tenho facilidade
facilidade de trabalhar de trabalhar com a a internet, mas tenho pouca para usar a internet
com a Internet, não Internet, não consigo dificuldade para fazer faço download das
RECURSOS DA consigo fazer o fazer o download das download das fotos, ou gifs, fotos, ou gifs, ou
INTERNET download das fotos, fotos, gifs, sons e ou sons e/ou animações, mas sons e/ou animações
(Download, Pesquisa de gifs, sons e animações, não sei mas não me empenho muito em procuro imagens,
Imagem, Mensagem e animações, também procuro ajuda dos procurar para enriquecer meu gifs e etc, para
Som) não procuro ajuda dos colegas ou professora. trabalho, eu busco ajuda em enriquecer meu
colegas ou professora. alguns momentos e em outros trabalho e ajudo
eu ajudo meus colegas para meus colegas
realizar a tarefa. quando necessário.
Eu não consigo inserir Eu não consigo inserir Eu não consigo inserir Eu trabalho
animações de animações de imagens, animações de imagens, ou tranquilamente com
imagens, transições transições de slides, transições de slides, ou tenho animações de
de slides, tenho tenho dificuldade de dificuldade de formatar imagens, transições
POWER POINT OU dificuldade de formatar caracteres e não caracteres, tenho dificuldade de slides, sei
IMPRESS (animação formatar caracteres e sei "salvar como", não em "salvar como", ou inserir formatar caracteres e
personalizada, não sei "salvar como", sei inserir imagens, imagens, slides, gifs ou "salvar como", sei
transição de slides, não sei inserir slides, gifs ou musicas. musicas. procuro ajuda da inserir imagens,
formatação de imagens, slides, gifs Procuro ajuda da professora ou colegas em slides, gifs ou
caracteres, inserir ou musicas. Não professora ou colegas, alguns momentos, me musicas. Ajudo os
slides, salvar como, procuro ajuda da me interesso e presto interesso e presto atenção colegas, me
inserir imagens, gifs, professora ou colegas, atenção nas explicações. nas explicações. interesso e presto
etc.) não me intereço e não atenção nas
presto atenção nas explicações.
explicações.
235
Eu não consigo inserir Eu tenho certa dificuldade Eu tenho facilidade de Eu sei inserir animação
animação personalizada, em inserir animação inserir animação personalizada e/ou transições
transições de slides, não sei personalizada, transições personalizada e/ou de slides, sei de formatar
formatar caracteres (cor, de slides, tenho transições de slides, caracteres (cor,tamanho,
tamanho, estilo, tipo de dificuldade de formatar tenho facilidade de estilo, tipo de fonte), sei a
fonte) e não sei salvar, não caracteres (cor,tamanho, formatar caracteres diferença entre salvar e
sei inserir imagens, slides e estilo, tipo de fonte) e não (cor,tamanho, estilo, salvar como e aplico-os
POWER POINT OU o conteúdo dos links, sei salvar e/ou inserir tipo de fonte), tenho quando necessário, insiro
IMPRESS (animação revisados. Não procuro imagens e/ou slides e/ou dificuldade em salvar, imagens, slides, e conteúdo
personalizada, transição de ajuda da professora ou conteúdo dos links, pois me confundo entre dos links (usando minhas
slides, formatação de colegas, não me interesso e revisados. Procuro ajuda salvar e salvar como, próprias palavras). Auxilio
caracteres, inserir slides, não presto atenção nas da professora ou colegas, insiro imagens e/ou meus colegas
salvar como, inserir explicações. me interesso e presto slides e/ou conteúdo espontaneamente, me
imagens, gifs, etc.) atenção nas explicações. dos links. Procuro ajuda interesso e presto atenção
da professora ou nas explicações.
colegas em alguns
momentos e em outros
auxilio quando
solicitado, me interesso
e presto atenção nas
explicações.
236
ANEXO C
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Marta Dieterich Voelcker
Av. Paulo Gama, 110 - prédio 12105 - 3º andar sala 332
90040-060 - Porto Alegre (RS). Telefone 51 - 98666870
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Sujeito de pesquisa