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Gestão educacional: Projetos, formação e tecnologia
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Gestão educacional: Projetos, formação e tecnologia
E-book232 páginas2 horas

Gestão educacional: Projetos, formação e tecnologia

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Sobre este e-book

Os artigos que compõem esta obra abordam temas centrais e contemporâneos da gestão educacional. Organizado com o intuito de oferecer uma visão abrangente sobre os desafios, práticas e inovações que permeiam o campo da educação no Brasil. Com uma abordagem multidisciplinar, os capítulos que desta obra foram escritos por especialistas que compartilham suas pesquisas, experiências e reflexões, enriquecendo o debate e contribuindo para a construção de uma educação de qualidade. Escrevem nesta obra: Ana Zeneide Videira, Augusto Vasconcelos Façanha, Eliana Oliveira da Silva, Emannuela Débora Nóbrega Ferreira da Silva, Herbert Silva de Oliveira, Madelaine Parzianello Dos Santos, Mariana Rosa, Myllena Cristina de Araujo Bezerra, Paulo Alexandre Lima Rurato, Pedro Cunha, Raquel Alves Cavalcante, Sandra Coêlho de Almeida Portilho e Tatieli Betiol Yanes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de out. de 2024
ISBN9786553873582
Gestão educacional: Projetos, formação e tecnologia

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    Gestão educacional - Paulo Sérgio Araújo

    Sobre os Organizadores

    Paulo Sérgio Araújo

    Doutor em Ciência da Informação, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. Mestre em Ciências da Religião, PUC - Minas. Graduado em Filosofia, PUC - Minas. Graduando em Engenharia de Software - Universidade Estácio de Sá. Professor de Filosofia e Iniciação a Pesquisa - Faculdade ISTA. Gestor de Projetos e Coordenador do Núcleo de Inovação Cocriação e Disrupção Educacional – NICDE – da Coordenadoria de Tecnologia da Secretaria Municipal de Educação de Betim - MG. Diretor, Proprietário e Fundador da Empresa Paideia Conexões Acadêmicas.

    Daniely Rosa Lana Araújo

    Mestranda em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa - Porto/Portugal. Professora de Metodologia Científica, Pesquisadora e Consultora Acadêmica. Formada em Letras e Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em Educação Inclusiva, Leitura e Produção de Texto e Estudos Africanos e Afrobrasileiros, com formações pela Universidade de Brasília; Unimontes e Universidade Federal de Minas Gerais.

    1. Gestão de Conflitos e Inteligência Emocional em Equipes Multiprofissionais na Educação

    Mariana Rosa[1]

    Pedro Cunha[2]

    1. Introdução

    A reflexão que aqui se apresenta é parte de uma pesquisa mais ampla e aprofundada que esteve dedicada a investigar a relação entre a Gestão de Conflitos e a Inteligência Emocional em profissionais que trabalham em setores multiprofissionais na educação e que atuam na inclusão educacional no Brasil.

    As recentes descobertas acerca da relação entre a Gestão de Conflitos e a Inteligência Emocional apontam novos horizontes para a educação do século XXI, afinal, na escola, despontam vários conflitos que desafiam os profissionais da educação a buscarem sempre métodos e estratégias para resolvê-los.

    Na esfera educacional, as emoções desempenham uma função fundamental de conhecimento intrínseco do sujeito e de suas relações. Por isso, ao serem abordadas neste espaço, proporcionam um equilíbrio emocional que favorece o ambiente laboral. Quando aliada à gestão construtiva e colaborativa de conflitos, a Inteligência Emocional permite que pessoas e profissionais possam ser assertivos em suas proposições, com proatividade, usando a escuta ativa e acolhedora com empatia, e ter maior coesão com o grupo, pois os conflitos ativam as emoções, interferem na motivação e na atenção e tornam o outro passível de manipulação.

    2. A relação entre Inteligência Emocional e Gestão de Conflitos na educação

    A educação é fundamentada em princípios que buscam garantir a igualdade de oportunidades sociais e educacionais, cujos valores prescrevem a necessidade de acessibilidade, de inclusão, de garantia à gratuidade e de qualidade para todos.

    Decorrendo de princípios de igualdade de oportunidades e comprometida com o desenvolvimento integral da pessoa humana, como formadora da sociedade, a educação prevê a formação integral do indivíduo como um cidadão crítico, consciente e autônomo. Isso significa que o indivíduo deve ser compreendido em todos os aspectos, ou seja, cognitiva, social, cultural e emocionalmente (Santuchi et al, 2022; Souza, 2020).

    A escola é um espaço propício ao conflito, e nela despontam numerosos fatores que o desencadeiam, e este, por sua vez, é intrínseco à natureza humana, especialmente diante dos desafios diários de uma escola, como a inclusão, a formação de professores, a preparação para o futuro, o engajamento dos alunos, a saúde mental, a adaptação tecnológica, os recursos financeiros e o acesso equitativo (Cunha e Monteiro, 2018).

    No contexto escolar, é primordial considerar as emoções do sujeito. Por serem indissociáveis ao ser humano (Damásio, 2013), elas desempenham um importante papel no ato pedagógico. As emoções, ao serem trabalhadas e aprimoradas, geram um ambiente propício ao aprendizado e ao equilíbrio emocional. Além disso, influenciam positivamente a saúde, o bem-estar e o desempenho dos profissionais da educação (Brantes e Gondim, 2022), bem como dos estudantes. Também por isso, gerenciar as emoções se refere à habilidade de dominar as competências emocionais (Nunes-Valente e Monteiro, 2016).

    Cabe destacar que, na atualidade, a educação enfrenta transformações resultantes do avanço tecnológico e, nesse contexto, a escola acaba por requerer um novo perfil profissional dos seus agentes. Conforme Xavier (2022), à medida que a tecnologia avança, torna-se cada vez mais importante ter educadores intelectual e emocionalmente maduros, curiosos, entusiasmados e abertos, que saibam motivar e dialogar. Para o referido autor, o educador do século XXI integrará melhor as tecnologias com afetividade, humanismo e ética. Dessa maneira, o profissional será mais criativo, melhor orientador de processos de aprendizagem e melhor gestor de atividade de pesquisa, de experimentação e de projetos (Moran, 2008, cit. in Xavier, 2022).

    Assim, o trabalho em equipe inserido num espaço de ações coletivas, relacionadas entre si direta e indiretamente, quando faz uso inteligente das emoções, conduz mais assertivamente a inúmeras relações conflituosas que a esse espaço são inerentes.

    Nesse sentido, os conhecimentos acerca da Inteligência Emocional (IE) e da Gestão de Conflitos (GC) ganham relevância. Isso é observado em vários estudos que buscaram compreender a relação entre a IE e a GC em diversos contextos, como se vê nas pesquisas de Custódio (2021), Dantas (2017), Freitas (2016), Galvão (2020), Gonçalves e Cardim (2019), Maciel (2012), Romanos et al. (2022), Valente (2018) e Xavier (2022). É comum a esses trabalhos o que fora afirmado por Goleman (2011), segundo o qual indivíduos com elevada IE possuem habilidades de resolução de conflitos superiores e mantêm relacionamentos interpessoais mais saudáveis.

    No campo educacional, as pesquisas quantitativas conduzidas por Freitas (2016) e Valente (2018) aprofundaram a compreensão sobre o tema Inteligência Emocional (IE), estabelecendo uma conexão com os Estilos de Gestão de Conflitos.

    Em diferentes estudos, evidencia-se o contributo que a IE desempenha nas tomadas de decisões e na gestão construtiva de conflitos no ambiente escolar, abrangendo todas as etapas da formação: nos primeiros anos (Brantes e Gondim, 2022), no ensino fundamental em contexto inclusivo (Campos e Martins, 2012; David, 2015) e na gestão escolar (Souza, 2020).

    No que diz respeito mais especificamente à Gestão de Conflitos, há uma maior ênfase na estratégia de mediação de conflitos, como se vê nos trabalhos de Amaral e Ramos (2018), Mejia, Benítez e Ramírez (2021), Moreno (2020), Oliveira e Rolim (2020) e Possato et al. (2016).

    Concernente ao trabalho de equipes multiprofissionais na educação, há estudos acerca da atuação de equipe multidisciplinar na educação inclusiva, constatando-se que existe uma crescente necessidade e atuação de profissionais compondo equipes multidisciplinares na escola, voltadas em sua grande maioria para a inclusão, tal como constatado em Maekava (2020), Pertile, Rottava e Puker (2022), Silva e Mendes (2021) e Volante (2023).

    Ainda assim, são escassos os estudos acerca da IE e da Negociação de Conflitos na escola e das relações entre IE e GC associadas ao trabalho de equipes multiprofissionais na educação, como apontado por Andrade et al. (2022), Paiva, Cunha e Lourenço (2011) e Paiva e Lourenço (2011).

    3. Inferências legais

    Em alguns documentos que norteiam a educação no Brasil, como a Base Nacional Comum Curricular, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, encontram-se menções à Inteligência Emocional como uma competência a ser cultivada nas escolas. Embora não seja explicitamente delineada como uma política pública, muitas iniciativas em escolas públicas vêm implementando programas para o desenvolvimento de habilidades emocionais, frequentemente categorizadas como competências interpessoais ou socioemocionais, conforme ressaltado por Brantes e Gondim (2022).

    Há um movimento crescente nas escolas para reconhecer a importância de indivíduos emocionalmente inteligentes e capazes de lidar com as exigências da sociedade contemporânea (Brantes e Gondim, 2022; Souza, 2020). Ele é identificado por Branco (2004, cit. in Brantes e Gondim, 2022) como uma pandemia de iliteracia emocional (p.4), termo que descreve a dificuldade afetiva e relacional presente nas escolas, tanto entre os alunos quanto entre os professores. Essa situação é parcialmente atribuída a uma mudança de enfoque teórico, que anteriormente se concentrava na inteligência lógico-matemática, mas que agora reconhece a importância da Inteligência Emocional, apesar de muitos currículos escolares ainda negligenciarem essa dimensão.

    Conforme destacado por Souza (2020), a instituição educacional, vista como um ambiente voltado para a formação completa do indivíduo, é aquela que destaca a importância do cuidado, da solidariedade e da responsabilidade. Nessa circunstância, busca-se proporcionar o desenvolvimento intelectual, a expressão de ideias e a convivência respeitosa com os demais. A autora ainda destaca que a falta de uma educação de qualidade é o meio de responsabilizar uma sociedade violenta e desigual.

    Além disso, a educação emocional implementada nos currículos é uma forma política de preparar o indivíduo para ser autônomo e menos dependente do Estado para a resolução de problemas. A ausência de competências como a resiliência, a empatia, a motivação, a solidariedade e a proatividade é perceptível nas relações de mau comportamento nas escolas, de violência, de ansiedade e de estresse, gerados por conflitos micro e macrossociais.

    4. Equipe multiprofissional e inclusão

    A inclusão plena de todos os estudantes no contexto escolar demanda uma abordagem abrangente que reconheça e incorpore a educação emocional como uma nova perspectiva na formação integral do indivíduo. A superação do modelo educacional que privilegia a transmissão de conhecimentos acadêmicos visando preparar para o mundo profissional em detrimento da preparação para a vida como um todo, incluindo as dimensões emocionais no processo educativo, ainda representa um desafio para a educação do século XXI (Lombardi, 2019; Maekava, 2020; Nunes-Valente e Monteiro, 2016).

    Lombardi (2020) também argumenta que, nesse modelo, há pouca valorização do desenvolvimento da autoconsciência e da habilidade de gerenciar as emoções por parte dos estudantes. A autora ainda sugere que uma das razões para a crescente propensão das pessoas a enfrentarem doenças psíquicas, psicossociais e psicossomáticas nos tempos atuais é a falta de ênfase na conscientização e na promoção do autoconhecimento, uma lacuna que persistiu por décadas no ambiente escolar.

    Leite (2019) respalda essa afirmativa, enfatizando que a formação integral do indivíduo transcende os meros conhecimentos acadêmicos, abrangendo aspectos como a dimensão afetiva, o respeito mútuo, a resolução de conflitos, a compreensão ética e estética, além do auxílio na educação em relação aos seus pares, suas culturas e sua espiritualidade. Para efetivar a inclusão em diferentes níveis de ensino, uma equipe multiprofissional deve implementar políticas que facilitem a acessibilidade e a permanência dos estudantes com necessidades especiais na escola.

    No âmbito dos atendimentos, a comunicação aberta e a empatia são ferramentas cruciais para compreender as demandas dos alunos, familiares, professores e demais profissionais da educação. Uma equipe dotada de Inteligência Emocional e habilidades de Gestão de Conflitos está capacitada a decifrar nuances emocionais sem realizar avaliações precipitadas, favorecendo o diálogo como meio para auxiliar alunos, professores e demais membros da comunidade escolar na superação das dificuldades frequentemente enfrentadas nesse ambiente, como frustrações, raiva e medo (Lombardi, 2020; Souza, 2020).

    Nesse contexto, é crucial que a equipe esteja atenta ao bem-estar de seus próprios membros, fomentando um ambiente de cuidado recíproco. Quando a Inteligência Emocional é adequadamente desenvolvida, os profissionais conseguem gerenciar o estresse e a ansiedade, o que resulta em decisões mais assertivas. Lima et al. (2022) e Vieira-Santos et al. (2018) ressaltam a importância de evitar ações individuais que possam comprometer a inclusão de todos os alunos, destacando a necessidade de os profissionais estarem alinhados com a política institucional da escola.

    5. Equipes multiprofissionais na educação

    Entendem-se como setores multiprofissionais da educação aqueles que são compostos por vários profissionais com diferentes formações e que trabalham em colaboração mútua em prol de um objetivo comum, formando, assim, uma equipe.

    Por se tratar de uma equipe multiprofissional, Volante (2023) e Silva e Mendes (2021) apontam para uma característica primordial dessas equipes, o trabalho colaborativo, que deve convergir os saberes técnicos de cada profissional de modo a se distanciar dos atendimentos terapêuticos ou clínicos, que muitas vezes são esperados dessas equipes na escola. Também destacam que equipes multiprofissionais propõem inovações ao aprendizado e bem-estar na instituição, embora nem sempre trabalhem como equipe, o que requer uma mudança na filosofia do grupo.

    Vale evidenciar que os profissionais das equipes multiprofissionais, independentemente do cargo, da formação e da função que ocupam na instituição, representam uma parte integrante da comunidade escolar. Nesse sentido, cabe destacar que, em todas as modalidades de ensino, exercem prática pedagógica e são pressionados pela necessidade de corresponder às demandas sociais em torno das relações e da convivência (Leite, 2019).

    Outro aspecto relevante é que setores multiprofissionais na educação, como parte da gestão escolar, precisam ter claro seu papel na hierarquia organizacional. Sua função, como extensão desse segmento, é o trabalho colaborativo com outros setores da escola (Silva, 2022; Silva e Mendes, 2021; Volante, 2023), embora possam enfrentar o estigma de serem supervisores do trabalho docente e de punição aos estudantes, como destaca Souza (2020) ao se referir à atividade das coordenações pedagógicas. Segundo a autora, um desafio para as equipes multiprofissionais é romper com essa ideia que dificulta a qualidade do trabalho em conjunto em prol do ensino-aprendizagem e do bem-estar.

    Sabendo que as emoções em um grupo são contagiosas e todos são impactados pelas emoções do outro (Goleman, 2011), para um bom relacionamento interpessoal e intergrupal, é necessário Inteligência Emocional. Nessa perspectiva, um profissional que sabe reconhecer suas habilidades, que sabe agir e se expressar de maneira coerente, desenvolve um trabalho em equipe muito melhor, contribuindo com um ambiente mais harmônico e com uma melhor atividade laboral (Lima et al., 2022).

    Outra atividade em torno das equipes multiprofissionais da educação, destacada por Silva e Mendes (2021), Souza (2020) e Volante (2023), refere-se à proposição de ações de formação continuada, uma vez que essas equipes atendem diversas demandas e conhecem as carências que requerem reflexão e aprendizado do grupo escolar. De acordo com esses autores, a qualidade do ensino é notável quando os docentes continuam se aperfeiçoando. É por meio da formação continuada que se atualizam as necessidades discentes e se estabelecem mudanças na forma de ensinar e de aprender. Entretanto, essa ação deve, também, ser direcionada aos agentes e aos colaboradores de outros setores da escola, inclusive aos estudantes e seus familiares.

    Uma vez que a IE pode ser aprendida e desenvolvida ao longo da vida (Goleman, 2011; Mayer, Caruso e Salovey, 2002), aprender sobre as emoções cria oportunidades para o autoconhecimento e para o respeito pelos próprios sentimentos e pelos sentimentos do outro, e, além de levar a pessoa a negociar em torno de interesses comuns, proporciona maturidade para reconhecer os próprios erros (Leite, 2019). Diante do exposto, a negociação de conflitos ganha destaque porque é um

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