669-Texto Do Artigo-2133-3-10-20190608

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Revista Diálogos Interdisciplinares

2019 VOL. 8 N° 2 - ISSN 2317-3793

PRINCIPIOS DA UTILIZAÇÃO DO GABIÃO NA CONTENÇÃO DE SOLO


DE UMA VIA DE ACESSO NUM COMPLEXO RESIDENCIAL
Durval Lopes Pereira Junior1; Gabriel Mamede Silva1; Julio César Swartele Rodrigues2 3; Ronaldo
Barros Órfão2 4; Mayara dos Santos Amarante2,5

RESUMO
A intervenção humana no seu próprio ambiente é essencial para seu aproveito e desenvolvimento no local, a engenharia é o princípio
e fundamento de qualquer edificação necessária para apropriação residencial, industrial, fontes de energia, etc. Toda obra de
construção não pode ignorar os fatores naturais a sua volta ou de sua própria natureza durante a projeção, todavia a parte mais
importante é reconhecida, estudada e calculada antes mesmo da compra de material, pois o reconhecimento do espaço e o plano de
construção regem as melhores técnicas para execução do serviço. Uma das necessidades mais importantes no início de qualquer
projeto é a contenção dos fatores naturais que podem provocar alterações ao longo dos anos ou atrapalhar o andamento do
desenvolvimento, contudo é essencial a contenção de solo quando se deseja alterar a inclinação natural e convertê-la num plano reto
que possibilita construção, logo é preciso um estudo do tipo de solo para que com base nos resultados o engenheiro contribua com o
melhor método balanceando seu custo benefício eficiência de suprir todos os requisitos e agilidade da construção.
O Gabião é uma maneira muito simples e eficaz, capaz de ser aplicado nos mais variados tipo de obras, por isso, fora feita uma
pesquisa de campo com base em uma de suas utilidades para contenção de solo e estruturação de uma via de acesso num complexo
residencial, desta forma, houve a coleta de informações primordiais dos processos para implementação desta técnica, procedimentos
de construção eficaz e resultados conquistados por sua construção, objetivando um conhecimento mais prático das etapas conforme o
que foi observado em campo.
Palavras chave: contenção de solo; muro de gabião; via de acesso.

ABSTRACT
The human intervention in its own atmosphere is essential for yours take advantage and development in the place, the engineering is
the beginning and foundation of any necessity of a construction for appropriation, industrial, sources of energy, etc. Every
construction work cannot ignore the natural factors around it or of its own nature during the projection, though the most importante
part is recognized, studied and made calculations before even of the material since the recognition of the space and the construction
plan rule the best techniques for performing the servisse. One of the most important needs in the beginning of any project is the
contention of the natural factors that can provoke alterations along the years or to disturb the course of the development, however it is
essential the soil contention when wants to alter the natural inclination and you convert it in a straight plan that makes possible
construction, soon it is necessary a study of the soil type so with that base in the results the engineer contributes with the best method
balancing its cost benefit efficiency of supplying all of the requirements and construction agility.
Gabion is a very simple and effective way, able of being applied in the most varied type of works and for that it had been made a
field research with base in one of their usefulness for soil contention and structuring of an access road in a residential compound, in
this way there was the collection of primordial information of the processes for implementation of this technique, procedures of
effective construction and results conquered by yours construction, aiming at a more practical knowledge of the stages conforms
what was observed in field.
Key words: soil contention; gabião wall; access road.

1 INTRODUÇÃO

As obras hidráulicas vêm se tornando cada vez mais precisas devido à necessidade de soluções
eficazes de engenharia para inúmeros problemas relacionados á distribuição e contenção de água,
tais como meios de proteção contra o surgimento de erosões em morros ou margens de cursos
d’água, entre outros. Em locais em que existe presença de obras hidráulicas com fortes fluxos, os

1 BACHARELANDOS do Curso de Engenharia de Civil, Centro Universitário Braz Cubas, Brasil.


2 PROFESSOR Titular da Universidade Braz Cubas, Brasil.
3 MESTRADO em Tecnologias Ambientais pelo Centro de Educação Tecnológica Paula Souza, Brasil (2011).
4 MESTRADO em Educação Matemática pela Universidade Bandeirante de São Paulo, Brasil (2012).
5 MESTRADO em Ciências e Tecnologias Espaciais pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Brasil (2014).
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Gabiões têm sido um dos elementos fundamentais para soluções mais eficientes tanto
por sua resistência quanto pelo seu custo benefício (MACCAFERRI, 2019).
Foi no final da década de 60 em que foram utilizadas pela primeira vez as estruturas
em Gabiões no Brasil, firmando sua eficiência e durabilidade no passar dos anos. O
Gabião normalmente é uma peça em forma de paralelepípedo, formado por telas em
malha hexagonal de dupla torção onde formam a tampa, as paredes verticais e a base.
Geralmente, a caixa é dividida em células ao longo do comprimento por diafragmas
colocados a cada metro e presos à peça principal pelo fio, em espiral contínua. Eles
podem ser aplicados em revestimento de margens de cursos d’água, contenção de
margens em rios e canais, proteção de pilares de pontes e proteção do encontro de
aterros com pontes, controle da erosão de solos, barragens de assoreamento e controle
de enchentes, obras auxiliares nas grandes barragens, ensecadeiras e corta-rios e em
obras marítimas para construção de cais, espigões e proteção de praias
(ARCELORMITTAL, 2014).
Estruturas de contenções por gabiões são bastante usadas em todas as áreas da
construção civil, pois caracteriza uma simples alternativa de baixo custo e rápida
execução. Os muros em gabiões são bastante eficazes, pois não é necessário mão de
obra especializada e nem de meios mecânicos sofisticados. Geralmente, as pedras que
são usadas dentro dos gabiões são encontradas no local que está sendo realizada a obra,
podendo minimizar custo e tempo. Existem três tipos de gabiões, o gabião tipo caixa,
tipo colchão e o tipo saco, onde cada um é usado onde melhor se adapta o seu formado
de acordo com a formação da obra. Ele se integra naturalmente no meio ambiente, pois
as estruturas podem se adaptar em qualquer ecossistema pelo fato de que não criam
obstáculos na passagem das águas e beneficiam a recuperação rápida da fauna e da flora
por serem de materiais fixos (ONODERA, 2005).

2 RELAÇÃO ENTRE ENGENHARIA E CONTENÇÃO DOS SOLOS

Uma das grandes dificuldades da engenharia é projetar de acordo com forças


naturais não exatas, tais como, clima, material, relevo da localidade, teor de umidade,
entre tantos outros fatores que interferem durante a construção de alguma obra,
inclusive em meio ao trabalho algumas destas obras são feitas justamente no intuito de
proteger ou sustentar a própria edificação, a exemplo da necessidade de contenção de
fluídos ou solo para que não afetem e resultem em problemas de maneira a contribuir no
tombamento ou rompimento do edifício também ameaçando a vida dos que estejam ao
seu entorno.
Estruturas de contenção é parte indispensável na maioria dos projetos e obras de
engenharia civil, como pontes, rodovias e vias de acesso, barragens, prédios em geral,
usinas, etc. Seu emprego é, basicamente, necessário para suportar o empuxo de terra,
conferir segurança e estabilidade à obra, permitindo a utilização do espaço à frente da
contenção ou do terraplano superior em emprego do desenvolvimento desejado.
O solo possui características especifícas que capacitam seu uso de diversas formas e
em casos sua própria utilização para contenção dele mesmo (o que chamamos de
taludes), as técnicas de moldagem e estudo do solo geralmente são desenvolvidas na
geotécnica, dentre as propriedades ligadas ao solo destaca-se a coesão (especificidade
de liga e capacidade junção entre as partículas), seu peso específico e ângulo de
atrito/repouso (quanto maior for este
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ângulo, maior será a projeção da crista, ponto mais alto, de um talude, ou seja, diferente
de um barranco natural onde não há intervenção humana alguma, um talude é feito com
solo compactado e depende do ângulo de repouso do material é possível aumentar sua
angulação e nível do topo).
A interferência da engenharia agrega para um melhor aproveitamento de um espaço,
o tornando útil para construção, e este processo liga-se com a continência dos resíduos a
sua volta, dentre estas formas de aproveitamento está o talude, como já citado, porém
sua inclinação natural máxima não permite dispor de uma grande nova superfície de
trabalho, logo, para alcançar melhores resultados, potencializamos o espaço com um
ângulo de 90° (graus) aplicando outros tipos de técnicas tais como o gabião e seu
principal concorrente, o muro de concreto de flexão (muro de arrimo com contraforte).

3 ESTUDO DE CAMPO DO USO DE CONTENÇÃO DO TIPO GABIÃO

No intuito de comprovar os estudos e teorias da utilização do gabião, visitamos uma


obra na região de Suzano para pesquisa de campo. Neste local havia a necessidade de
conter solo a fim de estruturar e conter uma via de acesso no condomínio, ou seja, além
da necessidade de estabilizar o solo para não haver eminentes deslizamentos entre os
lotes, precisavam de uma maneira que melhor convertesse o trecho em espaço útil e
capacitasse à criação de uma via (estrada) ao longo da lateral dos conjuntos.
Se tratando da construção de um condomínio residencial localizado no que aos
poucos deixa de ser um plano inclinado, conforme o andamento das atividades, e passa
a ter vários níveis planos para a construção das casas, observamos diversas técnicas
aplicadas conforme o planejamento e a planta primeiramente dimensionada e com base
no que é desejado. São então escolhidas às maneiras mais eficientes, viáveis e
econômicas que atendam o que se almeja, ou seja, a partir de um estudo profundo do
local de trabalho e de acordo com a proposta para tal, então é desenvolvido um plano de
construção e um cronograma de realização das etapas em cada fase baseado na técnica
escolhida. No caso deste complexo residencial usado como base de estudo temos como
exemplo a escolha de aplicar talude coberto por grama e fechado por uma cortina de
concreto na lateral (apenas para deixar o trecho reto) em espaços que não sofrerão com
grandes cargas e apresentam uma boa qualidade de solo, o mantendo firme e sem risco
de erosões, sendo esta a divisa entre o primeiro plano residencial superior e a via lateral
de acesso.
Seguindo para os demais níveis, entre um plano e outro seria indispensável uma
obra de contenção de maior porte já que a estrutura agora deve suportar as cargas do
pavimento superior de forma a aproveitar o maior espaçamento possível entre o
próximo, dentre as opções possíveis havia a escolha do gabião e o muro de arrimo do
tipo concreto de flexão (estruturas com seção transversal geralmente em forma de “L”
que resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço, que
se apóia sobre a base do “L”, para manter-se em equilíbrio). Fazendo o balanceamento
da eficiência e custo benefício de ambos, devido à divisa entre os planos não terem uma
cota de altura tão elevada e se tratando de um longo comprimento (já que seria feito em
diversos outros planos tendo que padronizar), o gabião necessitaria de mais energia para
construção, ou seja, deveria haver mais escavações naquele local (pois além do nível
também seria necessário encaixar o gabião para a face de 90° ficar exposta) o que
tomaria mais tempo e muito material (pedras no caso para toda extensão e fazer o
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mesmo nos demais níveis pela quantidade de pavimentações, por se tratar de uma obra
focada para venda, quanto antes finalizado, mais rápido será o retorno lucrativo para a
empresa), outro problema seria a exposição das pedras ao fundo dos terrenos o que
comercialmente falando não agradaria a muitos, por isso, optou-se neste caso por um
muro de concreto de flexão, apesar da quantidade e espessura das barras de aço, já que
atenderia aos requisitos necessários para suportar as cargas e padronizaria as casas, sua
construção neste caso é mais simples, portanto, mais barato e mais ágil.
Agora, voltando à atenção para a principal via de acesso do complexo localizada na
lateral direita dos lotes (sentido reto à portaria), por conta do grande desnível do terreno
e movimentação do pavimento na crina, cargas as quais o muro deveria suportar,
contando também toda a inclinação do terreno e altura considerável em alguns trechos,
o gabião se tornou a melhor opção de investimento, pois ali não necessitaria de grandes
escavações, pois seria coberto pela própria terra retirada do nivelamento dos terrenos
durante o processo de terraplanagem além de atender a complexidade que havia no
trecho, segundo os fatores já citados, haveria apenas um cuidado na escolha do tipo de
fundação o que ainda não seria um problema, pois um simples colchão Reno, conhecido
também como cama de rachão (tipo de pedra também utilizado para preencher as caixas
de gabião) já estabilizaria como um suporte para a estrutura.

4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE E BALANCEAMENTO DOS


FATORES NATURAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE
OBRA

Antes de qualquer plano de obra é necessário um levantamento mais preciso de toda


a região para que a construção que se almeja efetuar no local se torne viável e que não
haja deformidades durante a construção ou ao longo do tempo, desta forma, iniciamos
com o levantamento topográfico planialtimétrico (documento que descreve o terreno
com exatidão e nele são anotadas as medidas planas, ângulos e diferenças de
inclinação), com ele o engenheiro pode projetar com mais qualidade e economia,
aproveitando as características do terreno, com auxílio de equipamentos adequados para
fazer as medições, seguindo depois para o projeto de terraplenagem que tem como
objetivo preparar o terreno para receber a implantação do empreendimento, por meio da
movimentação de terra, com cortes e aterros, parte essencial de uma construção.
O estudo do tipo de solo também é de suma importância, pois suas características
apresentam seus dados mecânicos dos quais qualquer fundação depende muito, e em
alguns casos não é possível fazer apenas a compensação (uso do material do próprio
local), é necessário utilizar um solo de re-aterro, ou seja, efetuar a troca por um solo
importado de uma jazida, agora utilizando uma terra com melhores propriedades. Este
estudo pode ser realizado através de um teste cisalhamento para a obtenção da
resistência do solo (procedimento muito utilizado em projetos geotécnicos que
envolvem estabilidade de solos e estruturas).
Ainda no levantamento de dados sobre o terreno temos a sondagem do tipo SPT, ou
sondagem de simples reconhecimento, é um processo de exploração e reconhecimento
do solo apresentando sua estratigrafia (usado normalmente para solos granulares, solos
coesivos e rochas brandas, o sistema ainda é largamente utilizado na engenharia civil
para se obter subsídios que irão definir o tipo e o dimensionamento das fundações que
servirão de base para uma edificação), com esta espécie de sonar é possível reconhecer
os tipos de solos que estão sob a obra e suas respectivas profundidades, altura do lençol
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freático, capacidade de carga do subsolo em diversas profundidades e como o solo se


comporta ao receber uma carga.
Todo esse estudo valida estes resultados, que são fatores relevantes durante as
projeções, certifique a certeza do tipo de solo, geometria do muro, possíveis cargas
atuantes, controle tecnológico da compactação que deve ser especificado em projeto
como taxa de umidade ótima e porcentagem do proctor (densidade máxima do maciço
terroso que aperfeiçoa a relação e desempenho estrutural e hidráulico), especificação do
material (resistência da tela no caso do gabião) e escolha do melhor tipo de fundação
conforme as necessidades.

5 PROJEÇÃO E CÁLCULO PARA IMPLANTAÇÃO DO GABIÃO COM A


MELHOR ESTABILIDADE E EFICIÊNCIA.

Com ajuda de profissionais na área foi possível assimilar a relação entre os cálculos
e a importância de seu resultado no decorrer do que é elaborado, permitindo do mesmo
modo ter uma visão mais ampla do funcionamento do gabião conforme os conceitos
básicos descritos a seguir:

5.1 Seção e relação altura/base

Segundo Gerardo Fracassi, no livro “Proteção de rios com soluções


MACCAFERRI”, estruturas em gabião devem ser dimensionadas de modo a resistir
das eventuais pressões do terreno até solicitações de fluxo. A primeira abordagem é
dimensionar a largura da base, que diferente de obras puramente geotécnicas, em
que a base é inicialmente considerada 70% da altura total, nesse caso, é pré-
dimensionado igual à altura, mas este valor ainda pode ser menor se as informações
das características do solo forem bastante confiáveis. Ainda para aumentar a
estabilidade do muro, em caso de erosões do pé não previstas, é possível utilizar
algumas experiências, com base nos anos de trabalho e especialização da empresa
com este tipo especifico de obra, sendo elas:

 Inclinação de 6° (graus) para melhorar a estabilidade ao tombamento.

 Escalonar a estrutura do lado externo para deslocar seu centro de gravidade.

 Colocar os gabiões perpendicularmente à face externa, ganhando resistência


ao tombamento, uma vez que será mais rígida transversalmente.

5.2 Contenções à gravidade

Primeiro parâmetro a ser esclarecido, para melhor entendimento, é o


comportamento de uma estrutura que utiliza da gravidade de seu próprio peso para
contrapor os esforços do empuxo exercido pelo solo. Como apresentado, o gabião é
formado por caixas preenchidas com pedras, sendo estas caixas sobrepostas umas as
outras e amarradas entre si de forma a se assemelhar a uma escada, nesta estrutura a
base é responsável por absorver a maior parte das cargas, conforme Figura 1.
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Figura 1: Absorção de cargas do gabião


Fonte: Próprio autor

Chamamos de anteparo à estrutura que interrompe uma ação (no caso o empuxo)
antes que ele ocorra. Assim, podemos atribuir que a principal função de qualquer
obra de contenção é suspender as forças que tentam a atravessar, no caso de um
muro por gravidade ele utiliza de seu próprio peso para manter-se em inércia (Figura
2).
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Figura 2: Anteparo e cargas horizontais


Fonte: Próprio autor

5.3 Deslizamento

Figura 3: Esquema de forças relacionadas ao deslizamento


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Fonte: Próprio autor

O fator de segurança contra o deslizamento, mostrado na Figura 3, é determinado


como a razão entre as forças de resistência e direção. A resistência disponível é a soma
das forças de cisalhamento disponíveis ao longo da base e do componente de empuxo
passivo. A força motriz é dada pelo componente de impulso atuando em direção ao
deslizamento.

5.4 Tombamento

Figura 4: Esquema de forças relacionadas ao tombamento


Fonte: Próprio autor

O fator de segurança contra tombamento (Figura 4) é determinado como a relação


entre a resistência disponível e os momentos de condução. A resistência disponível é
dada pela soma do peso da estrutura e do componente de empuxo passivo. A força
motriz é dada pelo componente de impulso atuando em direção ao tombamento.

5.5 Pressão na fundação (recalque)


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Figura 5: Esquema de forças relacionadas à fundação


Fonte: Próprio autor

O recalque (descrito na Figura 5) está relacionado aos valores de força para o solo, a
pressão aplicada e seu ponto de aplicação. Os valores de pressão atuantes sobre a
fundação devem ser comparados com a pressão aceitável.

5.6 Estabilidade global

Figura 6: sistema de estabilidade por Bishop


Fonte: Próprio autor

Na verificação da estabilidade global é realizada a análise da estabilidade do maciço


que contém a estrutura de solo reforçado, então se calcula o fator de segurança contra a
rotação do maciço considerado, ao longo de uma superfície, utilizando-se qualquer
método de equilíbrio-limite, que é usualmente empregado para a avaliação da
estabilidade de taludes.

5.7 GawacWin – MACCAFERRI

O dimensionamento pode ser realizado pelo software GawacWin (Figura 7),


disponível no site da empresa Maccaferri (www.maccaferri.com.br), verificando sua
estabilidade contra tombamento e deslizamento, se a pressão do muro transmitida pela
base ao solo for menor do que a admissível, e se a pressão nos vários níveis do muro for
menor do que aquela que os gabiões podem suportar, ou seja, se os parâmetros
estiverem de acordo, dentro do admissível, com este tipo de estrutura então é possível
fazer uso do programa, uma vez que a empresa é uma das líderes em especialização
neste tipo de construção.
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Figura 7: Interface do software GawacWin – Maccaferri.


Fonte: Maccaferri.

5.8 Fundação de gabiões

As estruturas em gabiões se apóiam diretamente sobre o solo regularizado depois de


eliminar as principais irregularidades, tais como pedras, troncos e raízes. No entanto,
quando necessário, a base de gabiões pode ser moldada para se acomodar à superfície
existente.
Outros métodos como o gabiões do tipo saco podem ser utilizados em caso de
terreno pantanoso e de baixa capacidade de suporte. Nessa situação, eles são colocados
em camadas diretamente sobre o solo, deixando-os afundar. A operação deve ser
repetida até que os gabiões se estabilizem, e, uma vez regularizada sua superfície, o
trabalho pode prosseguir.

5.9 Material

Para construção do gabião do tipo caixa é necessário:


 Tela de dupla torção, com ou sem revestimento polimérico de engenharia.
 Pedra do tipo rachão, com granulometria de 1,5 a duas vezes a menor abertura
da malha (12 a 16 cm).
 Malha 8x10.
 Geotêxtil não tecido, calandrado e agulhado com gramatura de 200 a 300 gramas
por m2.
 Arame de amarração com o mesmo revestimento das caixas
 Gabaritos de madeira.
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 Para muro de divisa (muro pré-moldado sobre a crista do gabião) deixar vazios
nos últimos dois metros de altura (colocando tubo de PVC em meio às pedras)
para execução dos arranques do muro de divisa.

6 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

Como parâmetro base para construção, utilizamos as recomendações dos


engenheiros da Maccaferri geralmente repassada a seus clientes para melhor
execução e resultado, sendo elas:

 Antes de qualquer passo é fundamental a preparação da base (fundação), seja


uma troca de solo, cravação de estacas, ou simplesmente regularização do solo,
entre outros métodos segundo o projeto e a necessidade do local para que o
gabião seja posto na inclinação desejada, como em caso de 6 graus, faz na
inclinação da base.
 Para a execução então do gabião, primeiro é preciso de uma equipe de
topografia na obra para fazer a locação do muro ou da face (seja interna ou
externa de acordo com o gosto do engenheiro), ele fará a demarcação do espaço.
 As telas virão pré-costuradas e transportadas num caminhão em fardos, então é
preciso abrir essas telas numa superfície plana (para tirar irregularidade
proveniente do carregamento).
 Erguem-se as laterais da caixa que contem o arame mais grosso, que
chamamos de arame de borda, para formar a gaiola no formato de cubo e
prossegue costurando da parte de baixo para cima, em todos os mais ou menos
uns 10 cm em todos os hexágonos das telas (deixando a tampa aberta).
 Juntamos as faces dos cubos pré-feitos com costura em arame contínuos
(arame de amarração) intercalando volta sim e volta dupla, essa costura
estrutural evita que, caso haja algum rompimento na malha do gabião, ele se
desmanche, ou seja, se romper em algum ponto a costura faz com que pare na
costura dupla.
 Feita a costura nas quatro laterais, levamos e encaixamos conforme a
amarração da topografia, feito isso, as outras caixas e costuras com a mesma
técnica de amarração intercalada simples e dupla (sendo esta a primeira camada,
a base da estrutura do gabião).
 Colocadas as caixas segundo o prumo estabelecido na topografia, aconselha-se
o uso duma retro escavadeira ou outra maquina que permita carregar as pedras e
despejar nas caixas, primeiramente preenchendo apenas 1/3 de sua altura total.
 O gabioneiro vai entrar na gaiola alocando melhor as pedras de maneira
ordenada, diminuindo assim ao máximo o número de espaço vazio dentro da
caixa, tendo como ponto crítico a face externa. Então ele vem colocando as
pedras de maneira correta, com a face mais lisa sempre em contato com a face
externa (face do gabarito) numa posição que ela seja mais estável o possível
(deitada, por exemplo).
 Enquanto são ordenadas as pedras, o gabarito de madeira (que são três ou
quatro ripas de madeiras dependendo do tamanho da caixa) deve ser pressionado
na face externa de maneira a garantir a inclinação de 6%, que equivale a 10 cm
na horizontal a cada 1 m de altura (como proposto e feito durante o processo de
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fundação), então concluímos que o gabarito serve para alcançar um parâmetro


reto na inclinação correta.
 Dentro da caixa ainda, após o gabioneiro ter arrumado o primeiro 1/3 das
pedras, faz-se dois tirantes (mesmo arame de amarração usado nas costuras
laterais, fazendo uma espécie de triangulo juntando a face com a parte de trás do
gabião), por metro quadrado, pois este tirante evita que a estrutura estufe.
 Repito os procedimentos para todos os próximos 1/3 de pedra ate completar o
nível da caixa, desço a tampa completando o cubo prendendo-a com a mesma
costura de amarração e sigo repetindo todo o processo nos demais níveis ate
obter a altura e forma desejada.

 Importante também o uso do geotêxtil na superfície em contato com o aterro,


pois ele evita que a terra molhada passe pelos vãos entre as pedras, sujando-as
ou criando buracos na terra em cima, ou seja, ele permite a vazão da água pelos
poros evitando a movimentação do solo e mantendo estabilidade.
 É importante que a terra em contato com a face interna (sendo a face reta ou
escalonada dependendo do projeto) seja posta aos poucos (por uma máquina
também se possível), em média de 1/3 da altura de cada caixa, e compactada
adensando-se à estrutura também para mais estabilidade na relação de forças
entre o gabião e o solo e para que não haja nenhum vazio capacitando acúmulo
de água interferindo na propriedade do solo o que pode causar problemas no que
for construído acima.

7 CONCLUSÃO

Com o reconhecimento do campo estudado é possível comprovar a eficácia da


construção de um gabião na prática, já que na construção visitada o muro suporta com
êxito toda a movimentação no pavimento acima, superando as expectativas do
cronograma para a construção (por se tratar de apenas uma parede reta com grande
comprimento) e tudo foi possível após o estudo profundo do terreno em geral o qual
demonstra fatores de atenção, direção e atuação das forças, e cuidado com seu
desenvolvimento, desta forma, percebemos que a projeção é tão importante quanto à
execução do método.
Observamos também os requisitos para este tipo construção como fatores de
segurança para os trabalhadores, neste caso o gabioneiro (profissional que monta o
gabião) deve vestir roupa adequada para sua segurança (como calça, bota de proteção,
óculos de proteção já que há fragmentos de pedras no ar, camisa de manga longa ou
blusa), o profissional a armar o muro também deve ter experiência de pelo menos uma
montagem ou ser treinado pela empresa antes de trabalhar numa obra de maior escala, já
que detalhes como melhor alojamento das pedras, amarração das caixas conforme as
recomendações do fabricante, garantir a inclinação reta da face, entre outros aspectos
relevantes, tanto para estética quanto, para que, com o tempo as pedras não se
movimentem abrindo rupturas na tela ou o deformando, o ciclo de vida de um gabião é
de 120 anos ou mais, uma vez que ele se integra na natureza devido à maior parte de seu
material ser natural e faz parte da paisagem ao mesmo tempo em que trabalha na
segurança da construção contendo a terra e evitando problemas.
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O muro de gabião permite reparos em pequenos trechos em que a tela se rompa é


possível a amarração de outra tela sobre a que foi danificada, a estrutura também estufa
antes de romper em caso de movimentação das pedras ou por exceder as cargas
estimadas para tal, alarmando para o problema antes que algo seja destruído ou
apresente risco para a vida das pessoas ao seu entorno.
Na obra local o resultado do gabião foi tão efetivo que proporcionou um novo
projeto numa área a qual não seria aproveitada por conta da instabilidade do solo, desta
forma, outro muro será feito próximo ao da via, haverá substituição de parte do solo, e o
espaço a princípio descartado agora dará lugar para um novo condomínio agregando
valor ao lote que seria dispensado anteriormente.

8 REFERÊNCIAS

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