Relatorio Biodiversidade

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ECOLOGIA I

Biodiversidade

Trabalho realizado por:

Joana Alves nº16071


Eva Firme nº15471
Núria Costa nº11791

1
ÍNDICE

Resumo pág.2

Introdução pág.3

Material e Metodologia pág.8

Resultados pág.12

Discussão/Conclusões pág.26

Bibliografia pág.30

2
RESUMO

O objectivo deste trabalho foi estudar, caracterizando e


comparando, a biodiversidade de três praias: Cabana do
Pescador, Comporta e Meco.

A biodiversidade consiste em duas componentes: a riqueza


específica, a que corresponde o número de espécies, e a
equidade, que traduz a maneira como as abundâncias (número de
indivíduos, biomassa, grau de cobertura) estão distribuídas
pelas diferentes espécies da comunidade.

Neste trabalho calculou-se a riqueza específica que consiste


no número total de espécies de uma comunidade (S), e o seu
índice, denominado Margaleff (IMG). Calculou-se também um
índice baseado na abundância realtiva de espécies, que combina
a componente anterior com a equidade [eq. de Shannon (E)], mas
que não tem em conta a sua distribuição: o índice de Shannon
(H’).
Posteriormente calcularam-se índices de dominância, ie, que
fazem sobressair a abundância das espécies mais comuns, dos
quais, o índice de Simpson (Is) e de Berger-Parker (d). O
primeiro é pouco sensível á riqueza específca mas muito
influenciado pela distribuição de abundância quando S >10; o
segundo exprime a importância proporcional da espécie mais
abundante.
Por fim aplicaram-se mais três índices, comparativos da da
biodiversidade entre comunidades relativamente à distribuição
β, os índices de Jaccard, Sorensen e Morisita-Horn.

Os índices de riqueza em espécies mostraram que a praia do


Meco é a que apresenta um valor superior mas quase igual à da
praia da Comporta, sendo que a Cabana do Pescador é a que
apresenta o índice mais baixo. (Cabana do Pescador: S=22,
IMG=2.4308;Comporta S=24, IMG=3.1552, e Meco: S=25, IMG=3,0322).
Em relação à equidade, é igualmente a praia do Meco que
apresenta o valor superior, muito próximo do valor da Cabana
do Pescador, e a Comporta o valor inferior (Meco: E=0.6808
Cabana do Pescador:, E=0.6505; e Comporta, E=0.3152);
consequentemente existe uma maior diversidade,(que pode ser
prepresentada pelo inverso de Berger-Parker) na Comporta e uma
menor no Meco (Comporta 1/d=4.8350, Cabana do Pescador:
1/d=4.4202, e Meco: 1/d=4.2058), o que mostra uma maior
uniformidade de distribuição das espécies e portanto uma maior
repartição dos recursos nesta comunidade. O índice de Shannon
(H’) é o que melhor caracteriza as três comunidades, pois tem
em conta a riqueza em espécies e a equidade. Também este
mostra uma maior biodiversidade na praia da Comporta (Comporta
H’=2.2974, Meco H’=2.1914 e Cabana do Pescador: H’=2.0107).

A comparação da biodiversidade nas três praias, sugere que


haja uma escassez dos recursos na praia da Comporta, apesar da
sua larga distribuição, provavelmente devido às perturbações
antrópicas.

3
Relativamente a distribuição β, podemos inferir os
coeficientes de similaridade entre as três comunidades, a
partir dos cálculos de Jaccard (Comporta/FT-0.533333,
Comporta/Meco-0.58064, FT/Meco-0.51612) ou Sorensen
(Comporta/FT-0.164183, Comporta/Meco-0.401618, FT/Meco-
0.239657), que nos indicam que a praia da Comporta tem grandes
semelhanças com a praia do Meco assim como o índice de
semelhança de Morisita-Horn, que nos reporta para a mesma
conclusão.(Comporta/FT-0.328118,Comporta/Meco-0.56651,FT/Meco-
0.40592).

4
INTRODUÇÃO
Entende-se biodiversidade como diversidade biológica do
mundo, consistindo na maior riqueza do planeta. Há milhares de
milhões de anos começou um processo evolutivo gerador da
variedade da vida na Terra, cuja conservação constitui um dos
maiores desafios da humanidade.

É uma imensidão tal que estão hoje formalmente descritas


cerca de 1,75 milhões de espécies, sendo descritas dezenas a
centenas de novas espécies por dia, e estimando-se o valor de
14 milhões como o total de espécies à face da Terra.

A redução de biodiversidade decorre virtualmente em todo o


mundo, e a um ritmo mais acelerado onde a biodiversidade é
mais elevada, como nos trópicos. De facto, as causas estão bem
diagnosticadas: a destruição de habitats naturais por
alterações do uso de solo, à introdução de espécies exóticas,
à sua perseguição e captura, à contaminação do solo, ar e
água, e às alterações climáticas.

A preservação da biodiversidade é essencial para as


actividades a longo prazo de cada país e de cada sector da
sociedade. As espécies de plantas, animais e microrganismos
fornecem-nos o material básico da nossa alimentação, para além
de matérias primas para a indústria e medicina. Também
constituem um precioso e insubstituível reservatório de
material genético utilizado na investigação. Para além disso
armazenam nutrientes essenciais para a vida, como o carbono e
o oxigénio, e mantém a fertilidade dos solos.
As comunidades ecológicas não contêm todas o mesmo número de
espécies, e uma das áreas presentemente activas na
investigação das comunidades ecológicas é o estudo da riqueza
de espécies ou biodiversidade.

O conceito de diversidade é um conceito fundamental em


ecologia, mas não um consenso quanto à forma como a
diversidade deverá ser medida.

O conceito de diversidade ecológica associado a espécies


comporta duas componentes:

• VARIEDADE, também designada por riqueza em espécies,


refere-se ao número de espécies encontradas;

• ABUNDÂNCIA RELATIVA, ou equidade, refere-se à forma como


as abundâncias (número de indivíduos, biomassa, grau de
cobertura) estão distribuídas pelas diferentes espécies da
comunidade.

Segundo Whittaker (1977 in Magurran, 1988), é possível


identificar 4 níveis de diversidade ecológica:
DIVERSIDADE PONTUAL – diversidade num micro-habitat ou
numa amostra retirada de um habitat homogéneo;

5
DIVERSIDADE ALFA (α) – diversidade num habitat homogéneo;
DIVERSIDADE GAMA (γ) – diversidade num conjunto de
habitats à escala de áreas geográfica (ilha, unidade de
paisagem);
DIVERSIDADE ÈPSILON (ε) – diversidade à escala regional
(grandes áreas biogeográficas).

Distinguem-se três categorias de métodos de determinação da


biodiversidade de espécies de um habitat ou comunidade:

Índices de riqueza em espécies - os quais medem o número


de espécies numa determinada área;

Índices baseados nas abundâncias proporcionais das


espécies - tentam “cristalizar” a riqueza e a equidade num
único número (índice de Shannon) provavelmente o índice mais
usado em ecologia das comunidades;

Modelos matemáticos - estes modelos assumem que a


diversidade pode ser descrita através do modelo que melhor se
adapta ao padrão observado das abundâncias das espécies.

O índice de riqueza mais simples, denominado riqueza


específica, consiste no número total de espécies de uma
comunidade, e é designado por S. Contudo, como S depende do
tamanho das unidades de amostragem e do tempo gasto na
amostragem, tem um valor limitado, sendo apenas usado como
índice comparativo. Então, foram desenvolvidos índices
independentes do tamanho das unidades de amostragem. Estes
índices baseiam-se na relação entre S e o número total de
indivíduos observados (N). Um dos mais conhecidos é o índice

de diversidade de Margalef I MG =
(S − 1) . Uma grande vantagem
ln N
deste índice é a sua facilidade de cálculo.

A verdade é que um índice único não pode descrever a


estrutura específica de uma comunidade. Um conhecimento mais
preciso é-nos dado pela distribuição de abundâncias. Para tal,
são usados modelos matemáticos. Os principais, utilizados no
estudo da biodiversidade são o modelo geométrico (reduzido
número de espécies dominantes, número muito elevado de
espécies raras), o logarítmico, log-normal e “broken-stick”
(as espécies são virtualmente iguais em termos de abundância).

Diversos autores defendem a superioridade do modelo


logarítmico, em particular quando o número de amostras não é
muito elevado. O seu parâmetro α é utilizado como índice de
diversidade, caracterizando-se por um bom poder de
discriminação e por uma reduzida sensibilidade à dimensão da
amostra (pelas folhas de apoio de “Diversidade Ecológica”).

Existem também índices baseados na abundância relativa das


espécies, que constituem uma alternativa ao uso de modelos de
abundância. Distinguem-se dois tipos de índices de abundância:
os índices estatísticos, baseados na teoria de informação (ex.

6
o índice de Shannon); e as medidas de dominância, que traduzem
a importância da espécie dominante no conjunto das espécies
presentes (ex. o índice de Berger-Parker). O primeiro assenta
em dois pressupostos: os indivíduos, amostrados de forma
aleatória, provém de uma população de dimensão infinita e
todas as espécies estão representadas na amostra. O segundo
índice expressa a importância da espécie mais abundante.

Além destes existe uma grande variedade de índices de


diversidade. Todos têm vantagens e inconvenientes e o índice
utilizado para um dado estudo depende do caso particular, dos
objectivos e de considerações práticas.

A noção de nicho ecológico torna-se essencial quando


queremos explicar a diversidade de espécies existentes num
mesmo local e os mecanismos que permitem a sua coexistência.
Este conceito variou ao longo do tempo e vários foram os
autores que o focaram, tal como Grinell em 1917 e Elton em
1927.

O conceito de nicho recebeu um desenvolvimento considerável


com Hutchinson (1957), que o definiu como um hipervolume a n
dimensões, correspondendo a todas as variáveis ambientais
(bióticas e abióticas) afectando uma dada população. No
entanto, do ponto de vista operacional a noção de Hutchinson é
impraticável, visto que nunca podemos estudar todas as
dimensões do nicho de modo a delimitar o hipervolume. Como
tal, o nicho é considerado na prática como uma função de
utilização de recursos, como foi proposto por MacArthur (1968,
1972). Isto é, cada tipo de recurso (comida, espaço e tempo)
corresponde a um dos eixos do hipervolume teórico.

O pressuposto básico da teoria clássica do nicho é que a


competição interespecífica é o motor da estruturação das
comunidades, determinando a largura e a sobreposição tolerável
dos nichos e, portanto, o número de espécies do mesmo nível
trófico que podem coexistir num dado local. É neste contexto
que se torna essencial a utilização dos parâmetros do nicho,
ou seja, modelos matemáticos que permitem definir o modo como
os recursos são repartidos pelas espécies. Os principais são
precisamente a largura do nicho e a sobreposição do nicho.2

Este trabalho tem como objectivo estudar a diversidade de


três sistemas dunares, Meco, Fonte da Telha e Comporta,
através do cálculo dos diversos índices de diversidade, e pela
aplicação do modelo da série logarítmica à distribuição de
abundâncias das espécies.

7
MATERIAL E METODOLOGIA
Os dados da praia da Comporta e da Cabana do Pescador foram
recolhidos por nós, este ano, através de uma saída de campo ao
sistema dunar. Esta foi realizada de acordo com uma
metodologia apresentada de seguida.

o Material
Trabalho de campo - Amostragem pelo método dos quadrados

MATERIAL NECESSÁRIO:

- Estacas
- Fitas métricas de 50 e 20m
- Corda
- Herbário
- Sacos de plástico
- Etiquetas/marcadores
- Tabela de números aleatórios
- Tabela para registo dos resultados

o Metodologia:
ƒ Descrição da amostragem no campo

Na zona das dunas assentou-se ao acaso quadrados de 1 m2,


utilizando as coordenadas fornecidas pela tabela de números
aleatórios referentes a uma área de 100m x 20m (a maior
distância foi marcada perpendicularmente à linha de costa).

Obtidas as coordenadas marcou-se um quadrado de 1x1m,


utilizando as estacas fornecidas.

Registou-se sempre na tabela as espécies presentes e o


número de indivíduos de cada espécie.

ƒ Tratamento dos dados

I – CÁLCULO E COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE DAS COMUNIDADES


DUNARES DA CABANA DO PESCADOR, DO MECO E DA COMPORTA

Considerando que as listas de espécies dizem respeito à


mesma área total de amostragem e que foi utilizado o mesmo
método, nas mesmas condições, calculou-se para os 3 locais:

(S = n.º total de espécies; N = n.º total de indivíduos)

8
1. Riqueza específica, S

2. Índice de Margaleff (I MG )
I MG =
(S − 1)
ln N

3. Índice de Shannon (H')

H ' = −∑ pi ln pi

ni
em que pi = sendo ni é o n.º de indivíduos da espécie i
N

- Construiu-se uma tabela para os valores pi, pi ln pi e pi


(ln pi)2. Esta última coluna destinou-se ao cálculo do valor t
(teste t) que utilizámos para avaliar se a diferença entre os
valores de H' das duas comunidades é ou não estatisticamente
significativa.

- Calculou-se a variância das diversidades de cada uma das


comunidades:

Var H' =
[∑ p (ln p )
i i
2
− (∑ pi ln pi )2]+
S −1
N 2⋅ N 2

- Comparou-se a diversidade dos três locais (2 a 2) através

do teste t

H '1 − H ' 2
t=
Var H '1 +Var H' 2

- Calculou-se o número de graus de liberdade para o valor de


t; consultou-se a tabela de valores de t

(Var H'1 +Var H'2 )2


gl =
(Var H'1 )2 (Var H' 2 )2
+
N1 N2

9
- Verificou-se se as diferenças de diversidade entre os
três locais foram significativas.

4. Equidade de Shannon (E)


H'
E=
ln S

5. Índice de Berger-Parker (d)

N máx
d=
N

sendo Nmáx o n.º de indivíduos da espécie mais abundante.

Este índice mede a dominância. Tomou-se o valor recíproco


1
( ) para assegurar uma ordem crescente do valor do índice e
d
da diversidade.

6. Índice de Simpson (IS)


⎡ n ⋅ (ni − 1)⎤
IS = ∑ ⎢ i ⎥
⎣ N ⋅ ( N − 1) ⎦

ni é o n.º de indivíduos da espécie i; N - n.º total de


indivíduos

Este é um índice de dominância sendo necessário calcular o


1
valor recíproco ( ) como índice de diversidade.
IS

10
II – DIVERSIDADE BETA (DIVERSIDADE DE DIFERENCIAÇÃO)

1. Índice de Jaccard (qualitativo)

j
Cj =
(a + b – j)

j- n.º de espécies presentes nos dois locais


a- n.º de espécies no local A
b- n.º de espécies no local B

2. Índice de Sorenson (quantitativo)

2 x jN
Cn =
(aN + bN)

jN- somatório da menor das abundâncias das espécie comuns aos


dois locais
aN- n.º de individuos no local A
bN- n.º de indivíduos no local B

3. ìndice de Morisita-Horn (quantitativo)

2 Σ (ani x bni)
Cmh =
(Da+Db) x aN x bN

ani- n.º de indivíduos da espécie i no local A


bni- n.º de indivíduos da espécie i no local B
Da- índice de Simpson (dominância) no local B
Db- índice de Simpson (dominância) no local B
aN- n.º total de indivíduos no local A
bN- n.º total de indivíduos no local B

11
RESULTADOS

o Cálculo e comparação da diversidade das comunidades de


plantas dunares da Cabana do Pescador, Meco e Comporta.

Tabela 1 – Valores de riqueza especifica, S (n.º total de espécies e


N (n.º total de indivíduos)

Comunidade S N
Comporta 24 1465
Meco 25 2738
FT 22 5649

Tabela 2 – Número de indivíduos por espécie recolhidos na praia da


Comporta

n de cada
Espécie espécie
Ammophila arenaria (Estorno) 112
Anagalis latifolia 65
Anchusa calcarea 1
Antirrhinum majus 5
Armeria pungens 7
Artemisia crithmifolia 124
Corema album 1
Corynephorus canescens 209
Crucianella maritima 243
Cyperus capitatus 26
Elymus farctus 83
Eryngium maritimum (cardo) 15
Euphorbia peplis 1
Euphorbia paralias 1
Helichrysum picardii 21
Herniaria maritima 15
Lotus creticus 1
Malcomia littorea 1
Medicago marina 15
Otanthus maritimus 11
Pancratium maritimum 4
Sedum sediforme (Erva-pinheira) 196
Silene littorea 5
Thymus carnosus 303
N 1465

12
Tabela 3 - Número de indivíduos por espécie recolhidos na praia do
Meco

n de cada
Espécies espécies
Ammophila arenaria (Estorno) 505
Armeria pungens 18
Artemisia crithmifolia 26
Carpobrotus edulis (chorão) 8
Corema album 3
Corynephorus canescens 196
Crucianella maritima 651
Cyperus capitatus 109
Ditrichia viscosa 3
Elymus farctus 169
Eryngium maritimum (cardo) 3
Euphorbia paralias 5
Helichrysum picardii 223
Herniaria maritima 83
Lagurus ovatus 6
Linaria spartea 47
Malcomia littorea 18
Medicago marina 550
Ononis ramosissima 2
Otanthus maritimus 1
Pancratium maritimum 16
Pimpinela vilosa 5
Reishardia gaditana 1
Silene littorea 5
Thymus carnosus 85
N 2738

13
Tabela 4- Número de individuos por espécie recolhidos na praia da
Cabana do Pescador

n de cada
Espécies espécie
Ammophila arenaria (Estorno) 1278
Anagalis latifolia 10
Antirrhinum majus 108
Artemisia crithmifolia 31
Calystegia soldanella 1186
Carpobrotus edulis (chorão) 74
Corynephorus canescens 7
Crucianella maritima 68
Cyperus capitatus 483
Ditrichia viscosa 1
Elymus farctus 1177
Eryngium maritimum (cardo) 515
Euphorbia peplis 2
Euphorbia paralias 5
Helichrysum picardii 9
Malcomia littorea 7
Medicago marina 80
Ononis ramosissima 7
Pancratium maritimum 24
Plantago coronopus 1
Reishardia gaditana 2
Sedum sediforme (Erva-pinheira) 574
N 5649

14
ƒ Índice de Shannon.

Tabela 5 - Valores de pi ,pi ln pi e pi (ln pi)2 necessários para o


cálculo da variância do índice de Shannon, para a praia da Comporta.

ni/N = pi * ln
Espécie ni pi ln pi pi pi(ln pi)2
Ammophila arenaria (Estorno) 112 0,07645 -2,57111165 -0,19656 0,50538491
Anagalis latifolia 65 0,04437 -3,115223252 -0,13822 0,430580228
Anchusa calcarea 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Antirrhinum majus 5 0,00341 -5,680172609 -0,01939 0,110117273
Armeria pungens 7 0,00478 -5,343700372 -0,02553 0,136440912
Artemisia crithmifolia 124 0,08464 -2,469328956 -0,20901 0,516109625
Corema album 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Corynephorus canescens 209 0,14266 -1,947276269 -0,27780 0,540958319
Crucianella maritima 243 0,16587 -1,796549078 -0,29799 0,535361111
Cyperus capitatus 26 0,01775 -4,031513983 -0,07155 0,28845101
Elymus farctus 83 0,05666 -2,870769914 -0,16264 0,46691437
Eryngium maritimum (cardo) 15 0,01024 -4,58156032 -0,04691 0,214921791
Euphorbia peplis 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Euphorbia paralias 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Helichrysum picardii 21 0,01433 -4,245088084 -0,06085 0,258318245
Herniaria maritima 15 0,01024 -4,58156032 -0,04691 0,214921791
Lotus creticus 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Malcomia littorea 1 0,00068 -7,289610521 -0,00498 0,03627196
Medicago marina 15 0,01024 -4,58156032 -0,04691 0,214921791
Otanthus maritimus 11 0,00751 -4,891715249 -0,03673 0,179670757
Pancratium maritimum 4 0,00273 -5,90331616 -0,01612 0,09515124
Sedum sediforme (Erva-pinheira) 196 0,13379 -2,011495862 -0,26911 0,541323316
Silene littorea 5 0,00341 -5,680172609 -0,01939 0,110117273
Thymus carnosus 303 0,20683 -1,575877716 -0,32593 0,513629587

15
Tabela 6 - Valores de pi ,pi ln pi e pi (ln pi)2 necessários para o
cálculo da variância do índice de Shannon, para a praia da Cabana do
Pescador.

ni/N =
Espécies ni pi ln pi pi * ln pi pi(ln pi)2
Ammophila arenaria (Estorno) 1278 0,22623 -1,48618218 -0,336226 0,49969313
Anagalis latifolia 10 0,00177 -6,33664872 -0,0112173 0,07108004
Antirrhinum majus 108 0,01912 -3,95710259 -0,0756536 0,29936898
Artemisia crithmifolia 31 0,00549 -5,20524661 -0,0285648 0,14868691
Calystegia soldanella 1186 0,20995 -1,56089224 -0,3277072 0,51151569
Carpobrotus edulis (chorão) 74 0,01310 -4,33516872 -0,0567893 0,24619099
Corynephorus canescens 7 0,00124 -6,69332367 -0,0082941 0,05551497
Crucianella maritima 68 0,01204 -4,41972611 -0,0532026 0,23514083
Cyperus capitatus 483 0,08550 -2,45921716 -0,2102676 0,51709379
Ditrichia viscosa 1 0,00018 -8,63923382 -0,0015293 0,01321231
Elymus farctus 1177 0,20836 -1,56850971 -0,3268076 0,51260084
Eryngium maritimum (cardo) 515 0,09117 -2,39506692 -0,2183501 0,52296299
Euphorbia peplis 2 0,00035 -7,94608664 -0,0028133 0,0223545
Euphorbia paralias 5 0,00089 -7,0297959 -0,0062222 0,04374051
Helichrysum picardii 9 0,00159 -6,44200924 -0,0102634 0,06611707
Malcomia littorea 7 0,00124 -6,69332367 -0,0082941 0,05551497
Medicago marina 80 0,01416 -4,25720718 -0,0602897 0,25666579
Ononis ramosissima 7 0,00124 -6,69332367 -0,0082941 0,05551497
Pancratium maritimum 24 0,00425 -5,46117999 -0,023202 0,12671051
Plantago coronopus 1 0,00018 -8,63923382 -0,0015293 0,01321231
Reishardia gaditana 2 0,00035 -7,94608664 -0,0028133 0,0223545
Sedum sediforme (Erva-pinheira) 574 0,10161 -2,28660442 -0,2323439 0,53127869

16
Tabela 7 - Valores de pi ,pi ln pi e pi (ln pi)2 necessários para o
cálculo da variância do índice de Shannon, para a praia do Meco.

ni/N = pi * ln
Espécies ni pi ln pi pi pi(ln pi)2
Ammophila arenaria (Estorno) 505 0,18444 -1,690424577 -0,31178 0,527047225
Armeria pungens 18 0,00657 -5,024611248 -0,03303 0,165975503
Artemisia crithmifolia 26 0,00950 -4,656886468 -0,04422 0,205935493
Carpobrotus edulis (chorão) 8 0,00292 -5,835541464 -0,01705 0,099499033
Corema album 3 0,00110 -6,816370717 -0,00747 0,050908959
Corynephorus canescens 196 0,07159 -2,636868347 -0,18876 0,497736536
Crucianella maritima 651 0,23776 -1,436473364 -0,34154 0,490617121
Cyperus capitatus 109 0,03981 -3,223635124 -0,12833 0,413699325
Ditrichia viscosa 3 0,00110 -6,816370717 -0,00747 0,050908959
Elymus farctus 169 0,06172 -2,785084291 -0,17191 0,478773328
Eryngium maritimum (cardo) 3 0,00110 -6,816370717 -0,00747 0,050908959
Euphorbia paralias 5 0,00183 -6,305545093 -0,01151 0,072607558
Helichrysum picardii 223 0,08145 -2,507811234 -0,20425 0,512225395
Herniaria maritima 83 0,03031 -3,496142398 -0,10598 0,370529572
Lagurus ovatus 6 0,00219 -6,123223537 -0,01342 0,08216333
Linaria spartea 47 0,01717 -4,064835404 -0,06978 0,28362881
Malcomia littorea 18 0,00657 -5,024611248 -0,03303 0,165975503
Medicago marina 550 0,20088 -1,605064728 -0,32242 0,517504759
Ononis ramosissima 2 0,00073 -7,221835825 -0,00528 0,038097087
Otanthus maritimus 1 0,00037 -7,914983006 -0,00289 0,022880554
Pancratium maritimum 16 0,00584 -5,142394284 -0,03005 0,154531594
Pimpinela vilosa 5 0,00183 -6,305545093 -0,01151 0,072607558
Reishardia gaditana 1 0,00037 -7,914983006 -0,00289 0,022880554
Silene littorea 5 0,00183 -6,305545093 -0,01151 0,072607558
Thymus carnosus 85 0,03104 -3,472331749 -0,10780 0,374306962

Tabela 8- Variância das diversidades (variância H´)de cada uma das


comunidades.

Comunidade Variância
Comporta 0,000560173
Meco 0,000364079
FT 0,000139064

17
Tabela 9 - Comparação da diversidade dos três locais através do teste
t.

Locais t
Comporta/Meco 3,488273205
Comporta/FT 10,8437232
Meco/FT 8,055546479

Tabela 10 - Cálculo do número de graus de liberdade (g.l.) para o


valor de t.

Comunidade gl
Comporta/Meco 3252,937792
Comporta/FT 2246,753436
Meco/FT 4883,728634

18
ƒ Índice de Simpson (Ds).

Tabela 11- Variância das diversidades (variância de Ds) de cada uma


das comunidades.

Comunidade Var Simpson


Comporta/Meco 4,53863E-05
Comporta/FT 3,36315E-05
Meco/FT 5,36119E-05

Tabela 12 - Comparação da diversidade dos três locais através do


teste t.

locais t
Comporta/Meco 30612,01636
Comporta/FT 14078,01701
Meco/FT 225526,548

Tabela 13 - Índices de diversidade calculados: índice de Margaleff


(IMG), Índice de Shannon (H'), Equidade de Shannon (E), Berger-Parker
(d), Simpson (Is), Inverso do índice de Berger-Parker (1/d).

Cabana do
Índice Comporta Meco Pescador

Margaleff
3,1552 3,0322 2,4308
(IMG)
Shannon
2,2974 2,1914 2,0107
(H')
Equidade
de
0,3152 0,6808 0,6505
Shannon
(E)
Berger-
Parker 0,2068 0,2378 0,2262
(d)
Simpson
0,1271 0,1502 0,1654
(IS)
Inverso
do I.
Berger- 4,8350 4,2058 4,4202
Parker
(1/d)

19
o Diversidade beta

Tabela 14- valores de ani^2, bni^2 e ani*bni necessários para o


cálculo dos índices de Jaccard, de Sorenson e de Morisita-Horn para
as praias da Comporta/Fonte da Telha

somatório
ani^2 bni^2
(ani*bni)
143136 12544 1633284
650 4225 100
0 1 0
540 25 11664
0 49 0
3844 15376 961
0 0 1406596
0 0 5476
0 1 0
1463 43681 49
16524 59049 4624
12558 676 233289
0 0 1
97691 6889 1385329
7725 225 265225
2 1 4
5 1 25
189 441 81
0 225 0
0 1 0
7 1 49
1200 225 6400
0 0 49
0 121 0
96 16 576
0 0 1
0 0 4
112504 38416 329476
0 25 0
0 91809 0

20
Tabela 15- valores de ani^2, bni^2 e ani*bni necessários para o
cálculo dos índices de Jaccard, de Sorenson e de Morisita-Horn para
as praias da Comporta/Meco

somatório
ani^2 bni^2
(ani*bni)
56560 12544 255025
0 4225 0
0 1 0
0 25 0
126 49 324
3224 15376 676
0 0 64
0 0 0
3 1 9
40964 43681 38416
158193 59049 423801
2834 676 11881
0 0 9
14027 6889 28561
45 225 9
5 1 25
0 1 0
4683 441 49729
1245 225 6889
0 0 36
0 0 2209
0 1 0
1
18 1 324
8250 225 302500
0 0 4
11 121 1
64 16 256
0 0 25
0 0 1
0 38416 0
25 25 25
25755 91809 7225

21
Tabela 16- valores de ani^2, bni^2 e ani*bni necessários para o
cálculo dos índices de Jaccard, de Sorenson e de Morisita-Horn para
as praias da Fonte da Telha/Meco

somatório
ani^2 bni^2
(ani*bni)
645390 1633284 255025
0 100 0
0 11664 0
0 0 324
806 961 676
0 1406596 0
592 5476 64
0 0 0
0 0 9
1372 49 38416
44268 4624 423801
52647 233289 11881
3 1 9
198913 1385329 28561
0 0 0
1545 265225 9
10 4 25
0 25 0
2007 81 49729
0 0 6889
0 0 36
0 0 2209
0 0 0
126 49 324
44000 6400 302500
14 49 4
0 0 1
384 576 256
0 0 25
0 1 0
2 4 1
0 329476 0
0 0 25
0 0 7225

22
Tabela 17- Índices de diversidade de diferenciação (beta) calculados:
índices de Jaccard (Cj), Índice de Sorenson (Cn) e Índice de
Morisita-Horn (Cmh).

Jaccard Sorenson Morisita


Comporta/FT 0,533333 0,164183 0,328118
Comporta/Meco 0,58064 0,401618 0,56651
FT/Meco 0,51612 0,239657 0,40592

23
DISCUSSÃO/CONCLUSÕES
Este trabalho consistiu no estudo e na comparação da
diversidade das comunidades de plantas dunares da Praia da
Comporta, do Meco e da Cabana do Pescador.

A biodiversidade consiste em duas componentes: a riqueza


específica, a que corresponde o número de espécies, e a
equidade, que traduz a maneira como as abundâncias (número de
indivíduos, biomassa, grau de cobertura) estão distribuídas
pelas diferentes espécies da comunidade.

Neste trabalho calculou-se a riqueza específica que consiste


no número total de espécies de uma comunidade (S) e o seu
índice, de Margaleff (IMG). Calculou-se também o índice de
Berger-Parker (d) que exprime a importância da espécie mais
abundante, o índice de Shannon (H’) bem como o índice de
Simpson (Is) que relacionam a abundância com a variabilidade,
a equidade de Shannon (E) que dá maior importancia as espécies
com maior abundancia de individuos, o índice de Jaccard, o
índice de Sorenson e o índice de Morisita-Horn.

Os valores de riqueza específica (S) foram 22 para a praia


da Cabana do Pescador, 25 para o Meco e 24 para a praia da
Comporta. No índice de Margaleff (IMG),obtiveram-se valores de
3,1552 para a Comporta; 3,0322 para a prais do Meco; e 2,4308
para a Cabana do Pescador.
A riqueza específica depende do tamanho das unidades de
amostragem e do tempo gasto na amostragem, tendo um valor
limitado, sendo apenas usado como índice comparativo. Deste
modo, foram desenvolvidos índices independentes do tamanho das
unidades de amostragem. Estes índices baseiam-se na relação
entre S e o número total de indivíduos observados (N). Um dos
mais conhecidos é o índice de diversidade de Margalef

( I MG =
(S − 1) ).
ln N
Tanto a riqueza específica (S), como o índice de Margaleff
(IMG) apenas têm em consideração a riqueza específica; por aqui
verificamos que o índice em espécies da praia da Comporta é
superior às outras duas, como podemos observar; no entanto, S
é ligeiramente inferior ao da Cabana do Pescador,
provavelmente devido aos factores de que dependem, sendo o
tamanho da amostra o mais relevante neste caso e que
discutiremos mais adiante.

O índice de Berger-Parker (d), é uma medida de dominância,


que traduz a importância da espécie dominante no conjunto das
espécies presentes. Este apresenta valores de 0,2068 na
Comporta; 0,2262 na Cabana do Pescador e; 0,2378 no Meco .
Apesar dos valores estarem bastante próximos entre si,
verifica-se na praia do Meco o índice mais alto.
O seu inverso (1/d) pode ser representativo da diversidade,
e apresenta valores de 4.8350 na Comporta, 4.4202 na Cabana do
Pescador; e 4.2058 no Meco verificando-se o valor mais alto na
Comporta.

24
A equidade de Shannon (E), com valores de 0.3152, 0.6505 e
0.6808 respectivamente Comporta, Cabana do Pescador e Meco,
indicam-nos que esta ultima tem o valor mais alto,
inversamente ao valor de 1/d.
É importante salientar que, sendo este cálculo referente as
espécies mais comuns numa determinada praia, é bem possivel,
que a comunidade que tiver este valor mais elevado, tenha uma
diversidade menor, pois a população é mais homogénea de uma
forma geral. Não podemos, no entanto, afirmar esta relação
como uma certeza, visto ser possivel encontrarmos uma
determinada espécie dominante, e continuar a existir da mesma
forma que uma população heterogénea, o mesmo número de
espécies, embora algumas com muito menor numero de individuos.

A variância das espécies existentes em cada uma das


comunidades (Var H´, de Shannon), apresenta valores de
aproximadamente 0.00056 na praia da Comporta; de 0,00036 no
Meco e de 0.00014 na Cabana do Pescador. Podemos constatar que
a variância é maior na Comporta.

Na distribuição de t do teste de Shannon, estamos a testar a


hipótese nula, que diz sempre que não há diferenças
significativas entre os índices de diversidade que estamos a
comparar, neste caso, em três praias distintas. A
probabilidade para a qual se aceita que há ou não há
diferenças é de 0.01.

No índice de Shannon, os graus de liberdade deram 3252,94


para Comporta/Meco; 2246,75 para Comporta/Fonte da Telha; e
4883,73 para Meco/Fonte da Telha. Os valores de t para o
índice de Shannon foram de 3,488 para Comporta/Meco; 10,844
para Comporta/Fonte da Telha; e 8,056 para Meco/Fonte da
Telha, sendo os valores correspondentes de distribuição de t
3,488=7,995; t 10,844=2,995 e t 8,056=2,99. Como os valores por nós
obtidos são superiores ao valor de t estipulado, então a
probabilidade para a qual não há diferenças entre os valores
que estamos a comparar será cada vez mais pequena, ou seja, a
probabilidade de haver diferenças será cada vez maior. Deste
modo, rejeita-se a hipótese nula e aceita-se a hipótese
alternativa, ou seja, as médias são diferentes, portanto há
diferença de biodiversidade entre as três praias.

No índice de Simpson, temos valores para a Comporta de


0.1271; 0.1502 para a praia do Meco e de 0,1654 para Cabana do
Pescador. Sendo este índice representativo da diversidade
quando aplicado inversamente, tal como o de Shannon, podemos
concluir que através deste cálculo obtivemos uma diversidade
maior na Cabana do Pescador.

Nota- Qualquer um destes índices aplicado individualmente


não pode descrever a estrutura específica de uma comunidade.

25
Um conhecimento mais preciso é-nos dado pela distribuição de
abundâncias. Para tal, são usados modelos matemáticos. Os
principais, utilizados no estudo da biodiversidade são o
modelo geométrico, o logarítmico, etc. Estes métodos não foram
realizados por nós, portanto não serão apresentados neste
trabalho, no entanto, para um estudo mais preciso, tornar-se-
iam fundamentais.

Além destes, existe uma grande variedade de outros índices


de diversidade. Um outro, utilizado neste trabalho prático,
refere-se á diversidade de diferenciação ou á diferenciação de
habitats (β), constando para este, o índice de Jaccard, o
índice de Srenson e o índice de Morisita-Horn.
A diversidade β é essencialmente uma medida de semelhança ou
diferença de um conjunto, de habitats ou amostras, em termos
da variedade de espécies que neles se encontram. As medidas de
β usam geralmente dados de presença-ausência.
Temos assim , os índices de Jaccard e Sorenson, que são
utilizados sob a forma de coeficientes de similaridade, e
agrupados segundo técnicas de ordenação e classificação. Ambos
são utilizados frequentemente mas são também extremamente
sensíveis no que diz respeito à riqueza em espécies e à
dimensão da amostragem.

O índice de Jaccard trata a qualidade da diversidade, sendo


que se verificaram para os conjuntos de praias os seguintes
valores: Meco/Fonte da Telha-0.51612, Comporta/Meco- 0,58064;
e Comporta/Fonte da Telha- 0,5333.
Estes valores mostram-nos que a praia da Comporta e do Meco
apresentam uma maior semelhança entre espécies, demonstrando
assim a existência de um maior numero de habitats compatíveis
(16 das espécies são comuns nos dois locais).

O índice de Sorenson trata a quantidade diversificativa das


espécies. Os valores calculados foram: Comporta/Meco-0,4016;
Meco/Fonte da Telha- 0,2397 e Comporta/Fonte da Telha- 0,1641.
Assim verificamos que o valor mais significativo reside na
relação entre a Comporta e o Meco, que apresentam maior numero
de indivíduos por espécie adaptados aos ecossistemas onde se
encontram inseridos.

O índice de Morisita-Horn é utilizado para indicar a


semelhança entre comunidades (de notar que este cálculo
abrange o índice de Simpson). Este índice é mais significativo
ao tratar a riqueza em espécies e a dimensão da amostra,
apresentando apenas uma desvantagem: ser muito sensível a
valores elevados da espécie mais abundante. Os valores obtidos
foram: para as praias Comporta/Meco-0.5665; Comporta/Fonte da
Telha- 0,3281; e Meco/Fonte da Telha- 0,4059. notamos assim
que as semelhanças entre as comunidades Comporta/Meco são
muito reduzidas, e que o valor mais significativo cabe ás
comunidades das prais Meco/Fonte da Telha.
O que nos leva a concluir que as praias com comunidades mais
semelhantes são as da Comporta e do Meco, tal como nos índices
anteriores, fazendo-nos chegar a esta conclusão final,
enquanto que as praias que mais diferenças apresentam entre as

26
suas comunidades são as da Comporta e a praia da Fonte da
Telha.

A maioria dos índices atribuiram a praia da Comporta uma


biodiversidade ecológica superior, à das outras duas, no
entanto a praia do Meco não se distanciou muito desta.

O Meco atingiu os valores mais elevados na Riqueza


específica(S), no índice de Berger Parker (d) , e na Equidade
de Shannon. Atingiu valores medianos no indice de Margalef, na
variância e no índice de Simpson.

Apesar da variedade/número de espécies(S), ser a maior das


três praias, quando a relacionámos com o numero total de
indivíduos, obtivemos um indice (Margaleff) inferior ao da
Praia da Comporta, pois esta mesmo com um valor reduzido de
individuos no total (aproximadamente metade) apresentava quase
tantas espécies quanto a praia do Meco.
Este facto pode ser explicado pela maior exposição aos
factores bioticos, nomeadamente homem e animais, e abioticos .
O índice de Berger-Parker indica-nos que esta praia é a que
apresenta a espécie com o máximo número de indivíduos, o que
também pode ser apoiado pela Equidade de Shannon, que nos
demonstra que do conjunto das três praias, o Meco apresenta as
espécies com maior abundância de indivíduos.

A Comporta porém,apresenta os valores mais elevados do


índice de Margaleff, do inverso de Berger-Parker, da variância
de Shannon, e do inverso do índice de Simpson. Apresenta
apenas, como foi atrás referido, um valor médio de riqueza
específica.
Relativamente ao índice de Margaleff, este já foi discutido
anteriormente, no entanto podemos relacioná-lo com o elevado
valor de variância de Shannon, que nos indica como variam as
espécies a nivel de indivíduos, de umas para as outras. Se
atentarmos ao número total de individuos, (que é o factor
relevante para o valor obtido no índice), apercebemo-nos que
nestes resultados, este e a variância são inversamente
proporcionais . Para um valor baixo de individuos , como é o
caso, obtivemos um valor de variância elevado e tendo em conta
que a riqueza específica é practicamente igual á do Meco
concluímos que qualitativamente, esta praia é mais rica que a
outra, isto é, numa amostra com o mesmo número de indivíduos,
era muito mais provável que a riqueza específica fosse máxima
na praia da Comporta.
É por este mesmo motivo que o valor de 1/d é tão elevado,
pois este é representativo da diversidade, assim como o
inverso do índice de Simpson .

Dos índices calculados, o índice de Shannon (H’),e o de


Simpson são os únicos que consideram as duas componentes da
diversidade – a riqueza em espécies e a equidade ou
abundâncias relativas – e portanto serão os mais adequados

27
para caracterizar a biodiversidade ecológica entre as
comunidades.

Estando as comunidades dos organismos integradas e auto-


reguladas em equilíbrio com o seu meio físico e químico,
qualquer alteração que se verifique afecta a estabilidade de
todo o ecossistema. Através de processos de selecção natural,
as espécies estão diferentemente adaptadas às condições
existentes no ecossistema. Assim, as espécies vão regular as
flutuações naturais do seu ambiente, através de mecanismos
homeostáticos, pelo que a sua produtividade e desempenho
aumentam por intermédio de um feedback positivo sob condições
de estabilidade (Connell & Orias, 1964).
A praia da Comporta apresenta maior diversidade de recursos,
favorecendo a biodiversidade, no entanto , em quantidades
reduzidas, daí o numero de indivíduos ser tão baixo, para além
dos factores bióticos e abióticos a que esta se encontra
exposta.
A menor equidade da praia da Comporta apoia este facto, uma
vez que umas estão mais bem adaptadas a sobreviverem sob
condições de escassez de recursos, como acontece na Meco.

Isto pode ser comparado com o que acontece entre uma


floresta tropical luxuriante, com abundância de recursos e uma
savana seca e esparsa, onde os recursos (nomeadamente a água)
escasseiam.

Apesar desta apresentar menor número é evidente que irá


disponibilizar menos recursos às plantas do que a praia do
Meco. Deste modo:
A distribuição dos recursos em cada uma das praias pode ser
caracterizada pelos índices de equidade. Uma equidade
superior, que se verifica na praia da Comporta, é o resultado
de uma maior uniformidade e regularidade das espécies nesta
praia, o que indica que há uma distribuição mais repartida dos
recursos. Por outro lado, a abundância de um pequeno número de
espécies na praia da Cabana do Pescador, sugere uma
distribuição bastante desigual dos recursos, talvez também
influenciada pela actividade humana destruidora de espécies
mais sensíveis.

Então podemos concluir que as duas componentes da


biodiversidade (riqueza em espécies e equidade) são superiores
na praia da Comporta. A maior equidade da praia da Comporta
sugere uma distribuição mais repartida dos recursos

A biodiversidade é simplesmente a mais espantosa imagem de


marca da Terra, e isso deveria bastar para nos interessarmos
por o que se passa com ela. É a ela que devemos reconhecer e
atribuir uma valia intrínseca, inerente ao facto de a
biodiversidade representar a forma mais complexa, mais rara e
mais frágil de organização da matéria cósmica, longa e
insubstituivelmente acumulada durante milhares de milhões de
anos de evolução.

28
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