E - Book Comunicação e Expressão

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Comunicação e Expressão

Coleção Educação
SUMÁRIO

UNIDADE I - INTRODUÇÃO ............................................................ 3

UNIDADE II – AS MODALIDADES TEXTUAIS ........................14

UNIDADE III – O TEXTO DISSERTATIVO ............................. 23

UNIDADE IV – REDAÇÃO TÉCNICA .................................... 33

BIBLIOGRAFIA BÁSICA DA DISCIPLINA ..................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS ......................... 41


UNIDADE I - INTRODUÇÃO

I.I Comunicação

Nesta introdução iremos apresentar os principais conceitos relacionados


à comunicação e à linguagem.

Iniciemos com a comunicação!

Como dizia Chacrinha, um famoso artista e comunicador brasileiro,


“Quem não se comunica se trumbica”. Não vivemos sem a comunicação. A
todo momento estamos nos comunicando, estamos nos expressando, estamos
apresentando ideias, argumentos, situações, ou apenas conversando com
nossos amigos, familiares e colegas de trabalho.

Assim a comunicação está em nossa essência, em nosso dia-a-dia e


não só é fundamental para o convívio social, mas extremamente necessária
para a atuação com excelência de qualquer profissional. Pois, por meio de uma
comunicação eficaz, todo profissional pode reunir as condições para apresentar
de forma satisfatória suas ideias, projetos, ações e avaliações, além de
interagir de forma adequada com colegas e lideranças em seu ambiente de
trabalho.

A comunicação, segundo (CHIAVENATO, 2014, P.205) é a transmissão


de uma informação de uma pessoa para outra ou de uma organização para
outra. Ainda, conforme o autor a comunicação é o fenômeno pelo qual um
emissor influencia e esclarece um receptor. Portanto, a comunicação só será
efetiva se houver, se incluir, conforme (ROBBINS, TIMOTHY & SOBRAL, 2010,
P.325), a transferência e a compreensão do significado. Em síntese, é
necessário que haja compreensão em todo o processo de comunicação.

A comunicação está inserida em um processo, como pode ser


visualizado, logo abaixo. Neste temos como elementos básicos e
fundamentais, o emissor, o receptor, a mensagem e os canais de
comunicação.

Emissor Receptor
Mensagem

Canais de Comunicação

Feedback
Figura 1 – Processo básico de comunicação
Onde podemos identificar e entender cada elemento como:

Emissor: aquele que emite a mensagem.

Receptor: aquele que recebe a mensagem.

Mensagem: a informação decodificada, isto é, emissor e receptor devem


dominar o mesmo código, a mesma linguagem para que sejam mutuamente
compreendidos.

Canais de Comunicação: meios pelos quais a comunicação irá ocorrer. Um


telefone, um e-mail por exemplo, ou o próprio ar, quando estamos conversando
pessoalmente.

Feedback: a resposta ou reação do receptor à mensagem enviada.

Nota-se que um dos elementos chaves do processo de comunicação é a


mensagem. Quando falamos, quando escrevemos, quando fazemos gestos e
até mesmo quando emitimos nossas expressões faciais estamos transmitindo
uma ou várias mensagens. E a transmissão de uma ou mais mensagens ocorre
por meio da linguagem.

Ainda vale ressaltar que em um processo de comunicação a relevância


de termos atenção ao conteúdo das mensagens que estamos produzindo ou
recebendo. Em todo o processo de comunicação temos informações inseridas.
Conforme podemos entender um texto de informação como aquele que tem por
objetivo central informar o leitor de algum fato ou de alguns fatos.

Mas segundo (FARACO & TEZZA, 2003, P.183), desde já, ficar atento
ao fato de que não existe “informação pura”. Toda informação é “interessada”,
e implica uma relação viva entre quem informa e quem é informado, cujos
interesses e pontos de vista são elementos constitutivos de toda enunciação –
de tudo que dizemos, ouvimos, lemos e escrevemos.

Para entendermos melhor os que autores chamam de “informação


interessada”, reflita sobre a quantidade de informações praticamente
instantâneas que recebemos e repassamos hoje, via as diversas redes sociais.

Se percebeu, diariamente somos inundados de informações sobre os


mais diversos temas. Sendo estes nem sempre muito agradáveis. E ficamos
perdidos sem saber o que de fato são informações verdadeiras ou falsas e
quais foram as intenções de quem produziu tais informações, expressadas das
mais diversas formas como vídeo, áudio ou texto.
Assim, uma vez que saibamos a importância da comunicação, tanto na
nossa vida pessoal, como profissional, também tenhamos clareza seja como
emissor de mensagens ou receptor sobre a relevância de avaliarmos
criticamente as informações que estamos gerando ou que estamos
repassando. Pois mensagens ou informações de qualidade começam com sua
veracidade.

Portanto, em um processo de comunicação como receptores de


mensagens neste mundo completamente conectado online, tenhamos o
cuidado de checar as fontes. Isto é, o cuidado em verificar quem produziu a
informação, com qual objetivo e se o produtor da informação trata-se de uma
fonte com credibilidade e confiabilidade. E por outro lado, no papel de
emissores aos produzirmos nossas mensagens e informações que saibamos
informar e não confundir ou alarmar nossos interlocutores.

I.II O que é linguagem?

Podemos entender a linguagem como um sistema de comunicação por


meio de símbolos, gestos, sons, entre outras formas. Logo que observamos a
linguagem, nos remetemos à Língua Portuguesa, expressão maior de nossa
comunicação.

Você deve ter observado o quão por vezes nossa Língua Portuguesa é
diversa. Basta observarmos o Português falado em Portugal ou o Português
falado em Angola ou Português falado no Brasil. Ou se olharmos mais perto, as
diferentes formas de expressão da Língua Portuguesa em nosso País. Assim
como, há diferenças quando escrevemos, ou seja, quanto utilizamos uma
diferente forma de comunicação, como a linguagem escrita.

Seja ao falar ou escrever, tendo por base os conceitos de comunicação


e linguagem devemos proporcionar compreensão para os receptores de
nossas mensagens. E isto é um pouco mais desafiador, quando nos
comunicamos por meio da linguagem escrita. Pois não estamos nos
expressando facialmente e nem pela entonação de nossa voz.

Isto não quer dizer que a língua escrita seja mais importante do que a
língua falada. Apenas são diferentes. Ao escrevermos devemos ter cuidados
adicionais, ou melhor, técnicas específicas para a produção correta e efetiva de
qualquer tipo de comunicação textual, como observaremos ao longo deste
material.

Conforme (FARACO & TEZZA, 2003, P.12), a primeira notável diferença


entre fala e escrita é o princípio da organização. Ao contrário da fala – que é
basicamente “improvisada” a todo momento – um bom texto obedece sempre a
alguma organização prévia.
Vamos recorrer aos exemplos dos mesmos autores para percebermos
as diferenças entre linguagem escrita e linguagem oral (falada).

Linguagem Oral – Um bate papo!

- O que é que você tá lendo aí

- Ah, uma reportagem sobre uns cientistas. São Lá da Holanda e da Indonésia.

- E o que é que tem?

- Eles descobriram que o primeiro cara que fabricou um barco foi o Homo
erectus.

- Homo erectus?

- É. Aquele sujeito peludo foi dele que nós viemos.

- Quer dizer, não é certo ainda.

- Que nós viemos dele? Mas tá na enciclopédia!

- Não. Que foi ele que inventou o barco. Por enquanto é só teoria.

- Quando que descobriram?

- Na semana passada.

- Agora? E os cientistas são de onde mesmo?


Fonte: (FARACO & TEZZA, 2003, P.20)

Perceba a informalidade com que a conversa vai desenvolvendo-se.


Observe as frases curtas e um tanto quanto soltas. E não há nada de errado
nisto, pois a linguagem oral, uma conversa por exemplo, funciona desta forma:
com interrupções, gírias e com nossos gestos e expressões.
I.III A Linguagem Escrita

Agora, vejamos um parágrafo escrito sobre o mesmo assunto, abordado


anteriormente.

Na semana passada, uma equipe de paleontólogos holandeses e


indonésios levantou a tese de que o Homo erectus, que deu origem ao homem
moderno, foi o primeiro ser a construir embarcações e singrar os mares. Fonte:
(FARACO & TEZZA, 2003, P.21)

Perceba a formalidade e o cuidado no processamento das informações.


Observe o encadeamento das frases em uma forma lógica e compreensível
para o leitor.

Vamos agora conferir um outro exemplo. Agora de duas diferentes formas


de produção textual escrita.

Leia o parágrafo abaixo:

A Nike disse nesta segunda-feira que vai aumentar o salário de cerca de


7,5 mil funcionários após uma revisão global de salários dois meses após a
marca esportiva ter concluído uma investigação sobre o comportamento no
ambiente de trabalho que resultou na saída de um número de executivos de
alto escalão Cerca de 10 por cento dos seus funcionários em todos os níveis e
locais receberão uma ajuste salarial disse uma representante da Nike à
Reuters A empresa tem cerca de 74,4 mil funcionários pelo mundo segundo
documentos internos Os gestores de médio escalão na sede em Portland
recebem entre cerca de 40 mil dólares e 120 mil dólares por ano segundo o site
de procura de emprego Glassdoor.

Perceba que o texto não possui pontuação e nem uma divisão adequada
de parágrafos. A leitura e o entendimento do texto, portanto, fica
comprometida.

Leia agora o texto original!

A Nike disse nesta segunda-feira que vai aumentar o salário de cerca de


7,5 mil funcionários após uma revisão global de salários, dois meses após a
marca esportiva ter concluído uma investigação sobre o comportamento no
ambiente de trabalho que resultou na saída de um número de executivos de
alto escalão.

Cerca de 10 por cento dos seus funcionários em todos os níveis e locais


receberão uma ajuste salarial, disse uma representante da Nike à Reuters. A
empresa tem cerca de 74,4 mil funcionários pelo mundo, segundo documentos
internos.
Os gestores de médio escalão na sede em Portland recebem entre cerca
de 40 mil dólares e 120 mil dólares por ano, segundo o site de procura de
emprego Glassdoor. Fonte: Versão adaptada e extraída do Site da Revista Exame – Julho de 2018.

Observe que ao contrário da versão anterior, em sua versão original o


texto apresenta pontuação e está dividido de forma adequada. Assim, a
organização e a redação correta de um texto pode fazer um total diferença para
nossa leitura e interpretação.

Outra questão básica para a linguagem escrita, mas de extrema relevância


é a concordância verbal. Repare as frases abaixo:

• Eles foi ao supermercado;


• Nós fomo ao cinema.
Observe que os textos não atendem à regra fundamental de concordância
verbal: O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

Por exemplo, com o sujeito na 1º pessoa do plural (Nós) o verbo deverá


concordar com a 1ª pessoa do plural. Com o sujeito na terceira pessoa do
singular (Ele) o verbo deverá concordar com a 3ª pessoa do singular.

Agora com a devida concordância verbal:

• Eles foram ao supermercado;


• Nós fomos ao cinema.
Portanto, ao nos comunicamos de forma escrita, estaremos produzindo, ou
melhor estruturando e organizando um texto de forma que seus leitores o
entendam. Este poderá assumir a forma de uma redação, expressar um
poema, descrever uma matéria jornalística, ou até mesmo ser um curto e-mail,
algo bem comum nos dias de hoje. Ao final, todos serão exemplos de produção
textuais, exemplos de textos que expressam nossa comunicação, isto é, nosso
esforço para produzirmos a compreensão de nossos leitores.

E para que qualquer texto cumpra seus objetivos de comunicação, sejam


estes uma redação para a participação em um concurso público, a confecção
de um relatório de avaliação dos alunos ou o e-mail de comunicação de um
evento do calendário escolar, torna-se necessário que o mesmo seja claro,
coeso, bem estruturado e redigido com a correta forma gramatical. Caso
contrário, correremos o risco de não sermos devidamente entendidos em nossa
comunicação.
I.IV A Coesão e a Coerência Textual

Conforme (KOCH, 2008, P.35), costumou-se designar por coesão a


forma como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se
interligam, se interconectam, por meio de recursos também linguísticos, de
modo a formar um “tecido” (tessitura), uma unidade de nível superior à da
frase, que dela difere qualitativamente.

De forma mais direta, segundo os melhores dicionários de nossa Língua


Portuguesa, a palavra coesão significa harmonia, unidade e ligação,
configurando-se em uma verdadeira sintonia entre as partes de um todo. Nesta
ótica, qualquer texto para que seja melhor compreendido necessita apresentar
coesão.

Observe e leia a sequência de textos abaixo:

Texto 1

Ele saiu sozinho. O inverno é a melhor estação do ano. Os preços dos


combustíveis não param de cair. A bolsa de valores subiu novamente. O
Governo caiu. Maria chegou na casa de Paulo.

Texto 2

Ela saiu de guarda chuva. Estava chovendo muito. Demorou para o sol
aparecer. Nesta época do ano é sempre assim. Maria voltou.

Texto 3

O aluno José foi aprovado com as notas máximas em matemática, pois


estudou intensamente, durante todo o semestre. José também apresenta um
excelente comportamento em sala de aula, convivendo harmonicamente com
colegas e professores. Portanto, nós professores de matemática, estamos
muito satisfeitos com o desempenho e participação de José.

Observe que tanto no Texto 1, como no Texto 2 não há uma perfeita


coesão. Embora no texto 2 as frases pareçam fazer mais de sentido. Assim,
percebemos que não há uma conexão adequada entre as palavras e entre as
frases, de forma que consigamos ter uma melhor compreensão dos sentidos e
objetivos dos textos.
Agora voltemos a observar mais atentamente o Texto 3. Perceba, que já
é possível termos um entendimento adequado do texto, permitindo avançarmos
em sua interpretação e entendimento. Portanto, o texto foi redigido de forma
coesa.

Vejamos conforme (KOCH, 2008, P.36) exemplos adicionais de frases que


apresentam coesão:

• Todos os livros estão na estante. Os meus são os de capa azul;

• Muitos trabalhos foram premiados no concurso. Os primeiros deverão


ser publicados ainda neste semestre;

• Dois navios foram atingidos pelo fogo inimigo. Diante dos estragos, a
esquadra fez-se ao largo;
• Os alunos da escolinha resolveram organizar uma festa junina. E
mesmo sem a ajuda dos adultos, a organização nada deixou a desejar.
Os textos também precisam ser coerentes, apresentar coerência. Vejamos
os três exemplos destacados abaixo:

Texto 1

Ele saiu de guarda-chuva, pois não estava chovendo.

Texto 2

Marcela foi aprovada com nota máxima em Português, pois estudou muito e
aprendeu intensamente ao longo do semestre.

Texto 3

O Brasil ganhou o jogo eliminatório, porém foi eliminado e não passou para a
próxima fase.

É bem provável que tenha percebido, certa ou grande incoerência nos


Textos 1 e 3. Os textos não fazem sentido! Há contradições inseridas em
ambos os textos. Por outro lado, podemos perceber que no Texto 2 a frase faz
sentido e não apresentam contradições. Assim, podemos entender a coerência
em um texto, como a interligação entre seus elementos, de forma que
tenhamos uma compreensão clara, completa, não contraditória e que faça
sentido.
Portanto, em síntese, para que nossa comunicação escrita tenha
maiores condições de alcançar seus objetivos, nossos textos precisam possuir
coerência e coesão.

Voltemos à Coesão!

Conforme (MOYSÉS, 2009, P.28) a coesão também pode ser alcançada


por meio de conjunções – palavras que ligam orações em um período
composto.

Observemos abaixo alguns dos exemplos construídos pelo autor:

Ele estudava bastante para que fosse aprovado no concurso.

Relação de finalidade

Ele estudou tanto que foi aprovado no concurso.

Relação de consequência

Ele foi aprovado no concurso, pois estudou bastante.

Relação de causa

Ele estudou bastante, portanto foi aprovado no concurso.

Relação de conclusão

Ele será aprovado no concurso se estudar bastante.

Relação de condição

Ele passará no concurso se estudar bastante

Relação de tempo
Fonte (MOYSÉS, 2009, P.28)

Perceba que a mesma frase apresenta variações em sua estrutura por


meio das conjunções. Observe ainda que por meio de todas as conjunções
utilizadas foram construídos textos que apresentam um relação de sentido, isto
é, apresentam coesão.

Portanto, as conjunções, quando utilizadas corretamente nos permitem


construir nossa comunicação escrita de forma clara e coesa.

Veja, logo abaixo, as principais conjunções e suas relações.


Relação Conjunção

Adição e, nem (= e não), não só .... mas também

Oposição mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto

Conclusão Logo, pois (colocada após o verbo), portanto, por isso

Explicação Pois (colocada antes do verbo), porque, que, visto que

Causa Como, uma vez que, porque, que

Condição Se, a menos que, desde que, contanto que

Consequência (tão) ... que, (tanto)... que, (tamanho) ... que

Conformidade Como, conforme, segundo

Concessão Embora, mesmo que, ainda que, se bem que, conquanto

Á proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais...


Proporção tanto mais

Comparação (mais)... que, (menos)... que, (tão)... quanto, como

Tempo Quando, enquanto, sempre que, assim que, desde que, logo que

Finalidade A fim de que, para que


Fonte (MOYSÉS, 2009, P.29)
Saiba Mais!

Aprofunde seu aprendizado!

Veja os materiais complementares disponíveis no AVA.

Artigo: A importância da Coesão e Coerência em nossos textos.

Vídeo: Linguagem e Comunicação


UNIDADE II – AS MODALIDADES TEXTUAIS

II.I – As três principais tipologias textuais

Há três grandes tipologias textuais ou tipos ou modalidade de textos:

O Texto Descritivo;

O Texto Narrativo; e

O Texto Dissertativo.

Cada modalidade ou tipo de texto expressa a forma como o texto é


construído e apresentado ao leitor. Em suma, vejamos como se caracteriza
cada modalidade:

O Texto Descritivo

O texto descritivo ou a descrição, como o nome sugere, tem como propósito


descrever um objeto, coisas, pessoas, lugares, processos, imaginações e
situações. Assim, a descrição objetiva que o leitor possa compreender imaginar
e até visualizar por meio do texto as características objetivas e subjetivas do
que está sendo descrito.

O Texto Narrativo

Originada do Latim Narratio, o termo narração significa contar. Contar uma


situação, um acontecimento, um fato real ou até mesmo imaginário. Com a
inserção de elementos que elucidem, por exemplo: o quê, qual é o fato, qual é
a situação, onde, como, quando, o porquê, ou seja, a motivação da situação e
quem participam da narrativa.

O Texto Dissertativo

O texto dissertativo ou dissertação objetiva apresentar e discutir um tema ou


assunto de forma argumentativa. Como forma de atingir sua finalidade o autor
de uma dissertação pode examinar dados e fatos, comparar ideias e diferentes
visões, suportando assim sua argumentação sobre um determinado tema.
Em suma, podemos destacar as seguintes características para cada
uma das modalidades de texto:

Texto Descritivo

Um texto descritivo pode ser escrito tanto no presente, como no


passado. As descrições podem ser apresentadas tanto de maneira objetiva,
quanto subjetiva. Em descrições de caráter mais objetivo há uma maior
aproximação do objeto da descrição à realidade com a utilização de uma
linguagem mais direta e clara. Enquanto em descrições de caráter mais
subjetivo há certa descrição de emoções e sentimentos com a utilização de
uma linguagem mais simbólica e com o uso de metáforas.

Texto Narrativo

Toda narrativa é contada por um narrador que pode ou não participar do


fato ou do relato. De maneira geral o narrador, conforme (NADÓLSKIS, 2013,
P.203), para narrar um fato dispõe a matéria em:

• apresentação - apresenta personagens e localiza-as no tempo e


espaço;
• desenvolvimento - início da ação e do conflito;
• clímax - ponto culminante da tensão;
• desfecho - solução dos conflitos.

Toda narrativa ainda contém personagens que exercerão papéis principais ou


secundários ao longo da narrativa.

Texto Dissertativo

Nos próximos capítulos teremos a oportunidade de explorar com maior


detalhamento os textos dissertativos, mas já tenhamos em mente que o texto
dissertativo caracteriza-se por apresentar uma linguagem clara e até certo
ponto exata. Como forma de apresentar uma ideia ou um conjunto de
argumentos de forma lógica e convincente.
II.II – Identificação das tipologias textuais

Agora, observe atentamente os três textos abaixo e procure identificar qual se


trata de uma descrição, narrativa ou dissertação.

Texto 1 - Quatro argumentos da Direita em defesa das drogas (texto publicado online
pela Revista Veja em 10 de Fevereiro de 2017).

A descriminalização do porte de drogas, que o STF debate hoje,


costuma ser uma bandeira da esquerda. Mas os seus melhores argumentos
vêm do outro lado da política.

1. O argumento conservador

Será que Edmund Burke, o pai do conservadorismo inglês, seria contra a


legalização das drogas? Suspeito que não. Burke não era contra mudanças
sociais, e sim contra a tentativa de redesenhar toda a sociedade a partir de
teorias de gabinete, como fizeram os revolucionários franceses. Os políticos,
dizia Burke, devem legislar para homens reais, e não homens imaginários; para
as pessoas como elas são, e não como devem ser.

E as pessoas reais, de qualquer cultura ou época, usam drogas legais


ou ilegais.

Talvez Darwin ajude a explicar o motivo de humanos gostarem tanto de


drogas. A seleção natural legou ao homem padrões de pensamento nem
sempre agradáveis. No Paleolítico, tinha mais chance de sobreviver e gerar
descendentes quem se preocupava, imaginava ameaças, antecipava ataques,
temia ser rejeitado pelo grupo e ficar sozinho. É como se tivéssemos um
pequeno rádio grudado na testa repetindo, sem parar: “o pedaço de mamute
que você caçou na semana passada está acabando”, “você deveria ter
investido em dólares”, “com essa pontaria, da próxima vez não te chamam pra
caçar mamute”, “o Laurentino vende muito mais livros que você”, “aquele
leopardo vai invadir a caverna e levar o seu filho embora”.

É por isso que toda sociedade humana usa drogas. É um direito legítimo
tentar se livrar desse pesadelo evolutivo pelo menos em ocasiões especais, por
pouco tempo. Barrar esse direito é legislar para um homem irreal – e atentar
contra tradições que os conservadores tanto prezam.

2. O argumento individualista

Projetos coletivos sejam eles a cidade sem carros, a cruzada aos infiéis,
a sociedade igualitária ou totalmente sóbria, não devem se sobrepor à
liberdade individual. O cidadão tem todo o direito de recusar contribuir com um
projeto da maioria – porque a liberdade individual é em si própria o bem público
mais valioso.
3. O argumento do mercado eficiente

Não é certeza que a legalização provoque um aumento do consumo e


dos problemas relacionados a drogas. Mas digamos que sim, que o número de
viciados se multiplique depois de uma legalização completa. Isso criaria uma
enorme oportunidade de mercado. De um lado, empreendedores concorreriam
entre si para produzir produtos com menor teor (foi o que aconteceu depois da
liberação do álcool, nos Estados Unidos). Do outro, médicos, bioquímicos e
farmacêuticos investiriam bilhões em pesquisa para ganhar dinheiro curando
viciados. Já há diversas iniciativas assim. Por exemplo, o médico brasileiro
André Waismann, radicado em Israel, descobriu um método de menos de uma
semana para reduzir o vício em opiáceos (heroína e morfina). O combate ao
vício de cigarros já está estabelecido, à base de antidepressivos e adesivos de
nicotina. Num mundo onde o consumo de drogas é livre, haveria muito mais
dinheiro para inovações como essa. Em pouco tempo, resolveríamos a
dependência como se ela fosse uma gastrite – comprando um remédio de R$
8,90 na farmácia.

4. O argumento elitista

Proibir as drogas é nivelar por baixo – restringir a liberdade dos bravos e


fortes, que saberiam se controlar e ter uma relação saudável com as
substâncias alucinógenas, em nome dos impotentes que se tornariam viciados.
Uma sociedade pode ser caridosa com os fracos, mas não deve se guiar por
eles. Proibir as drogas em nome de potenciais viciados é cultuar a
mediocridade. O elitismo deixa a sociedade mais perigosa, é verdade – e
também muito mais interessante.

Texto 2 – Montagem de equipamento

Para simplificar a montagem, iremos dividir a fonte de alimentação em


quatro etapas. Inicialmente coloque e solte os terminais de ligação nos pontos
numerados de 1 a 14.

Etapa número 1

Esta etapa é constituída pelo enrolamento n.1 (primário) do transformador.


Na figura, que é apresentada a seguir, acompanhe os pontos de ligação.

1. Fixe o transformador na posição indicada (pontos A e B)


2. Ligue aos pontos 1 e 2 o enrolamento primário do transformador
3. Ponto 1, fio preto; ponto 2, fio vermelho.
4. Solde as ligações dos pontos 1 e 2.
Atenção: todas as ligações, utilizando fios, deverão ser as mais curtas
possíveis. Desencape as extremidades dos fios, estanhando-as em seguida.
Fonte: Normas de Comunicação em Língua Portuguesa – Pág 198.
Texto 3 - Relembre Brasil x Bélgica de 2002, em texto narrado por
Kleberson (Texto online publicado no site www.gazetadopovo.com.br em 05/07/2018.)

“Não tem como não lembrar este momento. Foi o jogo das oitavas de final e eu
tava na reserva. Estava difícil. Não foi nada tranquilo. Criamos várias
oportunidades, mas a bola não entrava. Lembro-me aquele voleio do Rivaldo
que não entrou. O atacante deles também quase marcou e eles tiveram um
gol anulado. Depois que o Rivaldo abriu o placar, a gente estava sofrendo
muita pressão. Foi quando o professor Felipão me chamou para entrar. Foi
uma mudança tática que mudou a história do jogo.

O Juninho [Paulista] tinha a característica de jogar pelo meio e o Cafu não


estava conseguindo atacar pela direita. Ele estava sozinho lá. A gente sabia
que os belgas vinham com tudo por dentro e deixavam os lados abertos. Foi
quando eu entrei no segundo tempo no lugar do Ronaldinho Gaúcho. Então
eles vieram para o ataque. Eu e o Cafu recuperamos a bola um pouco atrás do
meio de campo. E eu vi um espaço aberto, aquele corredor. Pensei, vou usar
minha velocidade. De canto, olhei o Ronaldo no meu lado esquerdo entre dois
zagueiros e pensei: eu vou para cima, tentar ganhar profundidade, chegar o
mais rápido no campo do adversário para fazer o passe.

Eu lembro que eu só dei três ou quatro toques na bola. Só que o zagueiro


deles não veio na minha direção. Ele correu em linha reta. Foi quando levantei
a cabeça e vi um espaço na marca do pênalti, entre o goleiro e o defensor. Eu
pensei: vou cruzar rasteiro que o Ronaldo vai fazer. O passe saiu na medida e
o Ronaldo só completou.

Foi melhor deste jeito do que ter começado como titular. Foi ali que eu virei
titular na Copa e depois joguei contra Inglaterra, Turquia e a final diante da
Alemanha. “Foi um jogo que marcou a minha vida.”

Espero que tenha identificado a correta modalidade de texto. Vamos Lá!

O texto número 1 é uma dissertação.

Perceba como o autor apresentou diferentes argumentos para a defesa


de seu tema. Isto não quer dizer que o leitor tenha ou venha a concordar com
os argumentos apresentados. O importante para nosso entendimento é
observarmos a forma pela qual o texto foi estruturado e redigido e como o autor
disserta, argumentando sobre o tema.
O texto número 2 é uma descrição técnica

Já o texto número 2 apresenta um tipo não muito comentado de


descrição, mas frequentemente utilizado em determinadas situações como: a
descrição de equipamentos, componentes e processos de trabalho. A
denominada descrição técnica.

Importante ressaltar a existência de outro tipo de descrição - a descrição


literária. Conforme (NADÓLSKIS, 2013, P.197) o que distingue a descrição
técnica da literária é a finalidade. Ainda segundo o autor, uma flor pode ser
descrita por um poeta para compará-la artisticamente à sua amada ou ser
descrita por um botânico para um estudo de suas características. Ou seja, um
mesmo termo, no caso a flor, pode dependendo da finalidade, ser descrito de
forma literária no caso da descrição do poeta ou técnica, conforme poderia
descrever o botânico.

Observe o observe exemplo de descrição literária!

O Gigante Adamastor

Não acabava, quando uma figura

Se nos mostrar no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura;

O rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má e a cor terrena e pálida;

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos.

Tão grande era de membros que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Com um tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A min e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.


Fonte: Normas de Comunicação em Língua Portuguesa – Pág 201 – texto de CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São
Paulo Saraiva, 1960.

Enquanto o texto número 3 apresenta uma narração.

No texto apresentado, o ex-jogador de futebol Kleberson, narra um


episódio marcante de sua participação na Copa do Mundo de 2002, contando
detalhes do passe para o gol do atacante Ronaldo. Narrando como, quando,
onde e identificando os marcantes personagens deste acontecimento. E por
fim, narrou a grande consequência de sua brilhante atuação – a conquista da
titularidade da seleção brasileira de futebol.

Agora, façamos o mesmo exercício com textos adicionais destacados!

Texto 1

Deitei-me vestido, às escuras, diligenciei afastar aquela obsessão.


Inutilmente. Ergui-me, procurei pelo tato o comutador, sentei-me à banca, tirei
da gaveta o romance começado. Li a última tira, prosa chata, imensamente
chata, com erros. Fazia semanas que não metia ali uma palavra. Quanta
dificuldade! E eu supus concluir aquilo em seis meses. Que estupidez
capacitar-me de que a construção de um livro era empreitada para mim! Iniciei
a coisa depois que fique órfão, quando a Felícia me levou o dinheiro da
herança, precisei vender a casa, vender o gato, e Adrião me empregou – no
escritório como guarda-livros. Folha hoje, folha amanhã, largos intervalos de
embrutecimento e preguiça – um capítulo desde aquele tempo. Fonte: Normas de
Comunicação em Língua Portuguesa – Pág 205 – texto de Ramos, Graciliano. Caétes. 7. Ed. São Paulo: Martins,
1965. P. 84-85.

Texto 2

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia
no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a
morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas
a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-


lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os
ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos.
Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.

Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce


mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das
penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata,
pousado no galho próximo, o canto agreste.

A graciosa ará, sua companheira e amiga, brincam junto dela. Às vezes


sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o
uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do
crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o
algodão. Fonte: Iracema - Alencar, José. Trecho extraído de exemplar online da Fundação Biblioteca Nacional. 1ª
edição publicada em 1865.

Texto 3

Vamos tentar manter essa conversa a mais franca possível.

Nada de floreios, brados moralistas ou frases de efeito de WhatsApp no


estilo “Por mais ética na política”, “Por um Brasil melhor para os nossos filhos”,
“Vamos acabar com a corrupção”. Tampouco vale sacar velhos chavões para
naturalizar a corrupção no País, do tipo “O brasileiro é corrupto por natureza”,
“A corrupção é um traço do Brasil desde o descobrimento”.

Corrupção faz, sim, parte da nossa história. Como faz parte também da
história dos Estados Unidos, do Japão, da Suécia e de Cingapura – que, nas
últimas cinco décadas, deixou de ser apontada como um dos países mais
corruptos do mundo para se tornar um dos menos.

Da Grécia Antiga, quando o termo surgiu ligado à ideia de putrefação do


corpo político, até hoje, referente ao uso de cargos públicos para ganhos
privados, a corrupção faz parte da história de todos os países. O que muda, em
cada caso, é a maturidade com que cada povo lida com o problema.

Nesse quesito, convenhamos: a reação de boa parte dos brasileiros


parece a de um adolescente bipolar. De um lado, indignação crescente diante
de revelações diárias de bilhões de reais em recursos públicos desviados para
favorecer empresas e partidos políticos. Do outro, certo cinismo, descrença e
até uma convivência pacífica – muitas vezes complacente – com indivíduos e
empresas que se beneficiam desses acordos. Fonte: Extrato do texto original, publicado na
Revista Superinteressante em 8 de Dez de 2015.

O texto número 1 é uma narração.

No texto apresentado, embora tenhamos um pouco mais de dificuldade


de identificar os elementos característicos de uma narração, podemos
identificar personagens como Felícia e Adrião. Bem como entender o drama
vivido pelo narrador e o desfecho da narrativa com suas dificuldades em
finalizar o livro que estava escrevendo.
O texto número 2 é uma descrição

No clássico Iracema, livro de José Alencar, podemos perceber o


cuidadoso nível de detalhes empregado pelo autor ao descreve Iracema. São
inúmeras as metáforas e comparações utilizadas pelo autor para descrever em
tom poético Iracema.

O texto número 3 é uma dissertação

No texto 3 o autor apresenta sua opinião sobre o tema corrupção, em


especial, sobre a corrupção presente na sociedade brasileira. Ao longo dos
pequenos trechos vai apresentando seus argumentos, tentando opinar e
argumentar sobre a tese de que a corrupção é um traço característico de nosso
País.

Agora, em nossa próxima unidade iremos concentrar nosso


entendimento sobre os textos dissertativos, pois são estes os mais comumente
utilizados ao longo de nossa trajetória profissional, onde estamos todo o
momento nos comunicando, negociando e tecendo argumentos.

Para Saber Mais!

Assista ao vídeo disponível em seu ambiente virtual


de aprendizagem.
UNIDADE III – O TEXTO DISSERTATIVO

III.I Introdução

Como vimos anteriormente um dos principais propósitos de uma


dissertação é apresentar um tema ou assunto de forma argumentativa.
Portanto, é fundamental que desenvolvamos nossa capacidade de
argumentação. Para isto, é essencial que façamos investimentos para o
aumento de nossa capacidade de leitura e interpretação de textos dissertativos,
incluindo seus elementos principais.

Logo, por meio dos textos abaixo vamos identificar para cada texto o seu
tema, seu objetivo e os principais argumentos utilizados pelo autor.

Agora, faça a leitura dos textos:

Texto 1

A participação da indústria na economia brasileira é cada vez menor. Em


1985, a indústria de transformação respondia por 25% do PIB brasileiro. Desde
então, foi perdendo substância e hoje em dia responde por menos do que 15%
do PIB do país.

Nos países desenvolvidos, a desindustrialização é um processo natural.


Com o desenvolvimento econômico, a participação dos serviços sofisticados
aumenta, e, em consequência, a participação da indústria de transformação
cai. Mas não é o caso do Brasil. Esse processo foi causado por uma série de
fatores como a competição com a economia chinesa, o câmbio sobrevalorizado
(valorização da moeda), a falta de inovação, os juros elevados e os custos
implícitos do sistema produtivo nacional. Reflita: Quando foi a última vez que
você comprou um produto fabricado no Brasil? (Fonte: extrato do texto elaborado por
Carolina Cunha, da Novelo Comunicação e publicado no site UOL em Setembro de 2016).

Elementos Identificados:

Tema: A Desindustrialização Brasileira

Objetivo: Demonstrar que as causas da Desindustrialização Brasileira são


mais do que um processo natural.

Argumentos Principais: competição com a economia chinesa, o câmbio


sobrevalorizado (valorização da moeda), a falta de inovação, os juros elevados
e os custos implícitos do sistema produtivo nacional.
Agora vamos realizar o mesmo exercício para um texto mais longo e também
mais complexo!
Texto 2

Deram um tiro no peito da internet. Ela vai sobreviver; mas não será a
mesma.

Como você talvez saiba, ontem a Federal Communications Commission,


a Anatel dos EUA, decidiu acabar com a chamada “neutralidade da rede”:
princípio que obrigava os provedores de internet a tratarem igualmente todos
os dados, sem poder discriminar ou privilegiar nada do que passa por suas
redes. Os deputados e senadores americanos, que trabalharam a favor da
medida, receberam mais de US$ 100 milhões em doações das empresas de
telecomunicações, as grandes beneficiadas dessa história (não é só no Brasil,
veja você, que corporações compram as graças dos políticos). O fim da
neutralidade é a maior mudança da história da internet – que, ao longo dos
próximos anos, poderá se transformar em algo radicalmente diferente. E não
para melhor.

Porque, a partir de agora, as telecoms passam a ser donas da internet.


Elas decidem o que cada pessoa poderá acessar como e quantas vezes fará
isso. E, ao exercer esse poder, controlam o destino da rede. Suponha, por
exemplo, que você tenha uma cota de dados para usar durante o mês – como
já acontece nos planos de celular, e as telecoms desejam fazer com a banda
larga fixa. Só que determinados sites e apps não contam, ou seja, você pode
usá-los à vontade sem descontar da sua franquia de dados. De quebra, eles
abrem muito mais rápido. É lógico que você irá acessar esses sites e apps, e
não outros. E isso tem uma consequência econômica óbvia. As empresas de
internet que fizerem acordos com as telecoms, pagando o que elas pedirem (e
obedecendo às condições que elas impuserem), irão prosperar; as outras,
definhar e sumir.

Mas que mal tem isso? Você pode perguntar. Afinal, vivemos no
capitalismo, e as telecoms têm direito de cobrar pelo uso das suas redes, nas
quais investiram dezenas de bilhões de dólares. Gigantes como Google,
Facebook, Amazon e Netflix têm dinheiro de sobra para pagar. Do outro lado,
os usuários que quiserem adquirir novos tipos de acesso à internet (como uma
conexão que priorize a velocidade dos vídeos, por exemplo) terão acesso a
eles. E assim, pela magia da liberdade econômica, a inovação florescerá e
todos sairão ganhando.

Na prática, não será bem assim. Por um motivo simples: o setor de


telecomunicações é naturalmente concentrado. Quantas empresas oferecem
banda larga na sua rua? Uma, duas, provavelmente no máximo três. Com o
celular acontece a mesma coisa, não? É assim porque os investimentos
necessários para construir as redes são muito altos, e porque a própria
infraestrutura limita o número de players (o espectro eletromagnético só
comporta um determinado número de operadoras; os postes das ruas, certa
quantidade de cabos). Com poucas empresas competindo, cada uma se torna
desproporcionalmente poderosa. Foi por isso que, no começo de 2015, os EUA
criaram regras para garantir a neutralidade da rede – um ano depois do Brasil,
que em 2014 fizera o mesmo ao aprovar o Marco Civil da Internet. A legislação
americana acaba de cair; a do Brasil, bem como a de outros países, deve
seguir o mesmo caminho.

E a tendência, como em todos os setores econômicos, é que a


concentração aumente. Sabe quando você vê, no noticiário, que duas grandes
empresas se fundiram ou uma comprou a outra? Só no ano passado, foram
mais de 7.000 fusões e aquisições entre grandes empresas, com valor
combinado de US$ 2,4 trilhões. É provável que, daqui a alguns anos, existam
ainda menos empresas de telecomunicações do que hoje – e as que sobrarem
sejam ainda maiores.

Google, Facebook, Amazon e Netflix vão fazer acordos com as novas


donas da internet. Uns se conformarão em ter menos lucro, outros repassarão
o gasto aos usuários (nós). Mas continuarão funcionando, talvez até melhor. O
problema é que, daí para a frente, qualquer aplicativo, site ou serviço que for
inventado estará imediatamente em desvantagem – porque seus criadores não
conseguirão dar tanto dinheiro às telecoms quanto os quatro gigantes. E as
pessoas não conseguirão acessar, e usar, aquele app ou site da mesma forma.

Para as startups, a única maneira de sobreviver e ter sucesso será se


aliar a um dos quatro. O tráfego (e o faturamento) da rede, que nos últimos
anos já foi ficando altamente concentrado, será mais concentrado ainda. Num
segundo momento, as telecoms começarão a absorver os próprios produtores
de conteúdo, como sites e empresas jornalísticas, num processo de
hiperconsolidação (que já está começando nos EUA). Medidas que hoje soam
absurdas, como vetar acesso a certas coisas ou restringir a navegação a
pacotes de conteúdo, como numa assinatura de tv a cabo, se tornarão
plausíveis. Algum tempo depois, serão a norma.

E a internet, que foi projetada para ser imune a qualquer tentativa de


controle, terminará nas mãos de meia dúzia de empresas. A rede global
descentralizada e indestrutível, criada para resistir até a uma guerra nuclear,
terá sucumbido a algo mais prosaico: o desarranjo nas relações entre a
política, o dinheiro e o poder. (Fonte: Extrato de texto online, publicado por Bruno
Garattoni em 15 dez 2017 – Site Revista Superinteressante).
Elementos Identificados:

Tema: O fim na neutralidade de rede e suas consequências para o futuro da


internet.

Objetivo: Explicar e demonstrar as graves consequências do fim da


neutralidade de rede para funcionamento da internet, tal como foi projetada

Argumentos Principais:

a partir de agora, as telecoms passam a ser donas da internet.


Elas decidem o que cada pessoa poderá acessar, como e
quantas vezes fará isso. E, ao exercer esse poder, controlam o
destino da rede.

Com poucas empresas competindo, cada uma se torna


desproporcionalmente poderosa.

Suponha, por exemplo, que você tenha uma cota de dados para
usar durante o mês e as telecoms desejam fazer com a banda
larga fixa. Só que determinados sites e apps não contam, ou seja,
você pode usá-los à vontade sem descontar da sua franquia de
dados. É lógico que você irá acessar esses sites e apps, e não
outros. E isso tem uma consequência econômica óbvia. As
empresas de internet que fizerem acordos com as telecoms,
pagando o que elas pedirem, irão prosperar; as outras, definhar e
sumir.

Num segundo momento, as telecoms começarão a absorver os


próprios produtores de conteúdo, como sites e empresas
jornalísticas. Medidas que hoje soam absurdas, como vetar
acesso a certas coisas ou restringir a navegação a pacotes de
conteúdo, como numa assinatura de tv a cabo, se tornarão
plausíveis. Algum tempo depois, serão a norma.

Observe, comparando os dois textos, que o segundo ao contrário do


primeiro é bem mais complexo, seja pela sua extensão e até mesmo pela
complexidade do tema. Neste, temos dificuldades em identificar os objetivos do
autor, assim como compreender mais claramente seus argumentos. É claro
que fizemos apenas uma leitura sem a devida reflexão e análise. E com
certeza nossa compreensão iria aumentar com um maior número de leituras e
maior tempo de reflexão.
Em conclusão, ao realizarmos este breve exercício estamos na posição
de leitores, onde já podemos perceber a dificuldade em realizarmos a
interpretação correta de um texto.

Assim já começamos a entender como é estar do outro lado! Isto é, na


posição de autor de um texto dissertativo, tentando estruturar de forma
adequada e compreensível, redigindo argumentos e ao mesmo tempo,
alcançando um texto de leitura agradável.

Agora para aprofundamento de nosso entendimento sobre o texto


dissertativo, continuemos com exercícios semelhantes!

III.II As partes de um texto dissertativo

Um texto dissertativo possui três principais divisões ou partes:


introdução, desenvolvimento e a conclusão. Assim por meio dos textos baixo,
iremos procurar identificar cada uma das partes.

Vejamos!

Texto 1 - Educação Reprovada


Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a
educação! Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e
reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se
acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos. Agora sai na imprensa
um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do
elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para que serve a
pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que
centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais
adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com
números.

Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de


maneira vergonhosa. Cansei de falas grandiloquentes sobre educação,
enquanto não se faz quase nada. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em
que educação e saúde tenham um peso considerável: fora isso, não haverá
solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente
reprovada. Fonte: (extratos do texto escrito por Lya Luft e publicado pela Revista Veja no ano de
2011).

Conforme a estrutura de análise e construção proposta por (MOYSÉS,


2009, P.136) vamos identificar os principais elementos dispostos na introdução
do parágrafo.

Assunto: A Péssima situação da educação brasileira


Objetivo: Alertar para a situação alarmante da educação nacional

Frases-Núcleo: Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil


reorganizar o caos.

Desenvolvimento: Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das


crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever.
Não entende para que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e
minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento.
Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm
dificuldades graves com números. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos
aumentam seus salários de maneira vergonhosa. Cansei de falas
grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada.

Conclusão: Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e


saúde tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A
educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

Por meio análise do texto 1, vamos chamar a atenção para sua primeira
parte – a Introdução. Nesta foi possível identificarmos três elementos chaves
para o momento inicial de um texto dissertativo: assunto, objetivo e frases
núcleo. E estes elementos são de suma importância, pois em conjunto
permitem ao leitor entender do que se trata o texto, sua finalidade e em torno
de quais argumentos o autor irá conduzir sua argumentação.

No exemplo temos claro que o autor está abordando as péssimas


condições da educação brasileira e que irá tecer comentários e argumentos em
torno do caos presente.

Portanto, ao redigirmos a introdução de nossos textos dissertativos é


preciso que o leitor consiga identificar claramente o que estamos abordando,
assim como a importância do que estamos apresentando. Ao contrário, não
teremos a atenção despertada para a leitura das demais partes de nosso texto.

A seguir, vejamos um segundo exemplo, ampliando o número de


parágrafos!

Texto 2 - A publicidade e a indústria do fumo

Ronaldo Laranjeira

O objetivo da indústria do fumo, como o de qualquer empresa, é


maximizar as vendas e os lucros. Isso requer que sua atenção seja focalizada
não somente em manter as vendas existentes, mas em ampliar as vendas para
novos consumidores. Entretanto, esta indústria enfrenta um desafio único que
não ocorre com outras áreas do comércio. O produto, quando usado, encurta a
vida de cerca de 50% de seus consumidores e, por isso, tem sido rejeitado pela
absoluta maioria dos países desenvolvidos, bem como pela OMS (Organização
Mundial de Saúde), que consideram o fumo a principal causa de morte que
pode ser prevenida nesses países.

Uma forma desta indústria compensar essas “dificuldades” tem sido


investir enormes somas de dinheiro em publicidade. Usam-se vários
argumentos para justificar esses dinheiros gastos. Alegam que nos países que
tentaram proibir a propaganda isso não diminuiu o consumo. Alegam também
que os bilhões de dólares gastos em campanhas publicitárias têm o objetivo de
fazer com o que os fumantes mudem a sua marca preferida, e não o de induzir
os jovens a iniciarem a dependência da nicotina. E como último reduto usam o
argumento do liberalismo econômico para defender o seu “direito” de divulgar o
seu produto. Nos últimos anos, esses argumentos caíram por terra, um a um.

Em primeiro lugar, a proibição da propaganda efetivamente diminui o


consumo. Países que tiveram essa proibição e fizeram estudos detalhados,
como a Nova Zelândia, o Canadá e a Finlândia, mostraram que o consumo
decresceu de 4% e 7% no primeiro ano. Nos 22 países da OCDE (Organização
de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com diferentes formas de
proibição, tem sido possível mostrar que quanto maior a proibição da
propaganda menor o consumo de cigarros.

Em segundo lugar, a propaganda praticamente não altera o


comportamento de quem fuma. Existe uma lealdade muito grande ao tipo de
cigarro fumado, e somente 10% mudam de marca de cigarro em um ano. Em
terceiro lugar, a análise da propaganda de cigarros mostra o objetivo claro de
aliciar os jovens a iniciarem o hábito. O Surgeon General, dos Estados Unidos,
num relatório recente mostrou de uma forma muito clara que a propaganda
aumenta o uso de cigarro entre os jovens. Por ano a indústria do fumo
necessita acrescentar milhares de novos fumantes para compensar aqueles
que param de fumar ou morrem, e esses números devem ser enfatizados. No
Brasil, cerca de 200 mil pessoas ao ano têm sua vida reduzida pelo fumo.

Neste final de século, o fumo está agindo com as parcas condições


sanitárias do século passado, produzindo doenças e matando parte substancial
da população. É hora de o Brasil e seus representantes políticos tratarem as
indústrias do fumo como realmente são. Mercadores de doenças e morte, que
destroem a vida de milhões de brasileiros e comprometem o nosso
desenvolvimento.
Fonte: (extratos de parágrafos publicado pelo Jornal Estado de São Paulo em 1995, extraídos do Livro
Oficina de Texto de Faraco e Tezza, 2003 10ª Edição)
Introdução

Assunto: Publicidade e a Indústria do Fumo

Objetivo: Chamar a atenção para os malefícios e práticas danosas realizadas


pela Indústria do Fumo

Frases-Núcleo: esta indústria enfrenta um desafio único que não ocorre com
outras áreas do comércio. O produto, quando usado, encurta a vida de cerca
de 50% de seus consumidores. Uma forma desta indústria compensar essas
“dificuldades” tem sido investir enormes somas de dinheiro em publicidade.

Destaques do Desenvolvimento: Usam-se vários argumentos para justificar


esses dinheiros gastos. Alegam que nos países que tentaram proibir a
propaganda isso não diminuiu o consumo. Alegam também que os bilhões de
dólares gastos em campanhas publicitárias têm o objetivo de fazer com o que
os fumantes mudem a sua marca preferida, e não o de induzir os jovens a
iniciarem a dependência da nicotina. E como último reduto usam o argumento
do liberalismo econômico para defender o seu “direito” de divulgar o seu
produto. Nos últimos anos, esses argumentos caíram por terra, um a um.

Em primeiro lugar, a proibição da propaganda efetivamente diminui o consumo.


Países que tiveram essa proibição e fizeram estudos detalhados, como a Nova
Zelândia, o Canadá e a Finlândia, mostraram que o consumo decresceu de 4%
e 7% no primeiro ano. Nos 22 países da OCDE (Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), com diferentes formas de proibição, tem sido
possível mostrar que quanto maior a proibição da propaganda menor o
consumo de cigarros. Em segundo lugar, a propaganda praticamente não
altera o comportamento de quem fuma. Existe uma lealdade muito grande ao
tipo de cigarro fumado, e somente 10% mudam de marca de cigarro em um
ano. Em terceiro lugar, a análise da propaganda de cigarros mostra o objetivo
claro de aliciar os jovens a iniciarem o hábito. O Surgeon General, dos Estados
Unidos, num relatório recente mostrou de uma forma muito clara que a
propaganda aumenta o uso de cigarro entre os jovens. Por ano a indústria do
fumo necessita acrescentar milhares de novos fumantes para compensar
aqueles que param de fumar ou morrem, e esses números devem ser
enfatizados. No Brasil, cerca de 200 mil pessoas ao ano têm sua vida reduzida
pelo fumo.
Conclusão: Neste final de século, o fumo está agindo com as parcas
condições sanitárias do século passado, produzindo doenças e matando parte
substancial da população. É hora de o Brasil e seus representantes políticos
tratarem as indústrias do fumo como realmente são. Mercadores de doenças e
morte, que destroem a vida de milhões de brasileiros e comprometem o nosso
desenvolvimento.

Por meio análise do texto 2, vamos chamar a atenção para as outras


duas partes de um texto dissertativo – o Desenvolvimento e a Conclusão.

No que tange ao desenvolvimento o que deve chamar nossa atenção é a


variedade e qualidade dos argumentos apresentados pelo autor. Independente
se iremos concordar ou não com o autor, o mesmo apresenta um série de
argumentos bem fundamentados, utilizando exemplos de outros países e
estatísticas que demonstram a relevância de sua argumentação.

Logo, ao redigirmos o desenvolvimento de nossos textos dissertativos é


preciso que o leitor consiga identificar nossos argumentos, nossa linha de
argumentação e ao mesmo tempo perceba robustez. Ou seja, que não
estamos baseando nossos argumentos em “achismos”, em informações soltas
que ouvimos por aí.

Assim, você já deve ter percebido que para desenvolvermos um texto


com qualidade, com bons argumentos, precisamos estudar o assunto em
diferentes fontes, buscando diferentes posições, visões, bem como
informações de qualidade e confiáveis. Ao contrário nossa argumentação será
vista por nossos leitores como sem fundamento, rasa e sem a devida
credibilidade.

Quanto à conclusão, devemos retomar à temática central do texto e


apontar perspectivas futuras. Perceba por meio da conclusão do texto que
acabamos de ler que seu autor consegue alcançar estes dois objetivos.

Observe:

“Neste final de século, o fumo está agindo com as parcas condições sanitárias
do século passado, produzindo doenças e matando parte substancial da
população. É hora de o Brasil e seus representantes políticos tratarem as
indústrias do fumo como realmente são.”
III.III As relações de causa e efeito em um texto dissertativo

Por fim, um dos principais recursos para a construção de textos dissertativos é


o uso das relações lógicas de causa e efeito.

Observe os exemplos:

• No mundo competitivo das organizações o aperfeiçoamento contínuo é


essencial, pois ..................

• Não há vontade dos políticos em resolver os problemas do País e por


isso não conseguimos...............

• Os estudantes da escola de minha cidade não conseguiram ser


aprovados no processo seletivo estadual, visto que..........

• O período de chuvas já começou e o rio já está completamente cheio e


começando a transbordar, portanto........

• Em consequência do extremo verão, as aulas foram interrompidas por


uma semana.

Perceba, portanto, que existem palavras, isto é os também denominados


relatores, como destacado, que podem marcar as relações lógicas. No entanto,
há sentenças lógicas de causa e efeito desenvolvidas sem o uso de relatores.

Observe!

• A economia não cresce. Não há plano econômico que resolva.

• José não passou em matemática. Nunca estudou nada.

Para Saber Mais!


Leia o Texto: Texto e Argumentação disponível em
seu ambiente virtual de aprendizagem.
UNIDADE IV – REDAÇÃO TÉCNICA

Há diferentes instrumentos de redação técnicos utilizados nos mais


variados ambientes profissionais. Em nosso material, iremos destacar as
seguintes modalidades de redação técnica: Ata, Declaração, Aviso ou
Comunicado, Relatório, Curriculum Vitae, Resenha, Resumo e E-mail.

IV.I Ata

A Ata é um documento, cujo objetivo é realizar o registro escrito do


desenvolvimento e dos resultados de uma reunião, incluindo as decisões
tomadas. As Atas são usadas pelo mais variados tipos de organizações como:
associações profissionais, organizações recreativas, igrejas, empresas, entre
outras organizações, constituindo-se como importante elemento de registro.

Vejamos o exemplo abaixo:

Ata da primeira reunião ordinária da Igreja.

Ao vigésimo primeiro dia de março do ano de dois mil e dois, a Igreja


realizou sua reunião mensal em sua sede, localizada na Rua José de Lima,
número 15, Bairro Mangabeiras, em encontro presidido pelo Sr. José Inácio,
tendo como secretário geral o Sr. Luciano Almeida e os demais presentes
assim citados: Maria Auxiliadora, Raimundo Nonato, Aparecida de Lima e João
Carlos. Após a oração inicial proferida pelo Sr. José Inácio foram iniciadas as
tratativas relacionadas aos assuntos administrativos de rotina, referentes ao
mês de março. Foi ainda levantada por todos os presentes a necessidade, já
na próxima reunião, de definição de calendário para a realização das atividades
comunitárias, referentes ao 2º semestre do ano. Nada mais havendo a tratar,
foi encerrada a reunião com a oração final e redigi a presente ata que será
assinada por todos os presentes. São Paulo, primeiro de março de dois mil e
dois.

Assinatura dos presentes:

IV.II Declaração

A Declaração é um termo usado para confirmar ou não determinado fato


ou situação, referente a uma determinada pessoa. É frequentemente utilizada
em organizações educacionais, quando, por exemplo, determinado aluno
deseja comprovar para outra organização ou pessoa que está matriculado ou
que já concluiu o curso e está aguardando a emissão de seu certificado.
Exemplo:

Declaramos para os devidos fins que Fulano de Tal (nome completo) está
regularmente matriculado no 3º período do curso de Graduação em
Administração de Empresas da Faculdade São Miguel e frequentando
regularmente as aulas de seu período letivo.

São Miguel das Dores, 25 de Março de 2015.

(assinatura)

(nome do responsável)

(departamento)

IV.III Aviso ou Comunicado

Usado também frequentemente nas empresas e escolas o aviso ou


comunicado tem como objetivo divulgar e chamar a atenção de todos ou de
grupos específicos para: mudanças futuras, a realização de um evento
específico, alterações de horário ou de local, entre outros temas. É comumente
encontrado nos quadros de avisos, dispostos nos corredores das organizações.

IV- IV Relatório

O Relatório é outro instrumento amplamente utilizado no mundo


profissional. É um documento em que são registrados e reportados fatos,
dados, informações, análises, pareceres, avaliações, resultados, conclusões e
recomendações. De maneira geral, espera-se que um relatório não contenha
só o relato em si de uma situação ou problema, mas a análise da situação, bem
como conclusões e recomendações.

Exemplo de estrutura básica de um relatório:

Na capa:

• Título do relatório
• Nome do(s) elaborador(es)
• Cidade e data de elaboração

Na folha de rosto:

• Título do relatório
• Destinatário ou Cliente
• Nome dos elaborador (es)
• Assunto
Na folha seguinte:

• Índice

Nas folhas seguintes:

• Sumário ou Resumo executivo


• Introdução
• Objetivos
• Métodos (entrevistas, questionários, observações, testes)
• Duração

Desenvolvimento:

• Fatos, constatações
• Análise de dados e informações
• Recomendações
• Conclusões

Anexos

Referências Bibliográficas
Fonte: Adaptado de Normas de Comunicação em Língua Portuguesa – Pág 178.

IV.V Curriculum Vitae

O currículo é o cartão de visitas de um profissional para o mercado de


trabalho. É o documento onde o candidato a uma oportunidade de trabalho tem
a chance de apresentar suas qualificações, experiências e diferenciais para
determinadas posições no mercado de trabalho.

No mínimo um currículo deve conter os seguintes elementos:

Identificação do Candidato

Nome completo;

Endereço de Residência;

Telefone e e-mail para contato.

Objetivo

Função ou cargo almejado

Formação Acadêmica
Descrição da formação em programas de longa duração, como Ensino Médio,
Graduação, Pós-Graduação, incluindo nome do curso, ano de conclusão e
local onde o candidato realizou seus estudos. Em soma, deve-se incluir o grau
de conhecimento em idiomas e o grau de domínio das ferramentas de
informática.

Experiência Profissional (Como estágio e empregos). Em ordem cronológica


(da mais atual para a mais antiga experiência profissional), indicando para cada
Função ou Cargo o nome da organização onde atuou, quando, realizando
quais atividades e alcançado quais resultados.

A primeira condição básica para a elaboração de um currículo é que o


mesmo contenha informações verdadeiras. Pois, informações inverídicas ou
demasiadamente exageradas são o primeiro passo para o insucesso.

A segunda condição básica é procurar relacionar as informações


profissionais às necessidades da vaga divulgada pelo mercado de trabalho.
Não é necessário, por exemplo, para um candidato incluir no currículo que
possui carteira de motorista para uma vaga onde não haja tal exigência. Por
outro lado, será necessário para este mesmo candidato incluir no currículo que
possui carteira de habilitação para uma vaga de motorista ou para uma vaga
que exija a habilitação para o cumprimento de determinadas atividades, como
por exemplo, uma representação comercial em área geográfica específica
como visitas de carro diárias.

Por último, recomenda-se que o currículo não ultrapasse duas páginas,


pois os recrutadores recebem uma infinidade de documentos por dia,
procurando ater-se ao essencial em um currículo. Além disto, informações mais
detalhadas sobre o candidato são normalmente colhidas durante as
entrevistas. Portanto, sejamos objetivos.

Exemplo de currículo:

Fulano de Tal

casado – 1 filho

Governador Valadares – MG Cel.: (33) 1111-2233

[email protected]

Objetivo: Representação Comercial

Sumário Profissional

• Cerca de 15 anos de experiência em vendas, construção de relacionamentos


comerciais e organização de processos administrativos.
• Atuou por 2 anos na comercialização de programas de treinamento para
enfermeiros e médicos, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

• Gerenciou por cerca de 10 anos empreendimentos do setor de alimentação,


liderando equipe com 20 funcionários; sendo responsável, principalmente, pela
negociação com fornecedores, relacionamento com clientes, além da
administração geral.

• Atualmente atua em projetos de engenharia, sendo responsável por todo o


processo de relacionamento em programas de desapropriação de grandes
áreas fundiárias, incluindo a negociação direta com proprietários.

Formação Acadêmica

Bacharel em Administração de Empresas – 2002 – Faculdades São Bonifácio –


Rio de Janeiro.

Histórico Profissional

XPTO– Engenharia Ltda – desde Julho de 2017 – São Paulo – SP

Função: Análise e Comercialização de Imóveis

• Responsável pela negociação de mais de 200 processos de desapropriação


de imóveis rurais;

• Realização de todo o ciclo de desapropriação: pesquisa de mercado,


apresentação de proposta, negociação, pagamento e acompanhamento;

• Resultados expressivos nas negociações de propostas, apresentando


baixíssimos índices de rejeição de propostas de comercialização; (em torno de
5%).

Sócio-Gerente no setor de alimentação (2004-2014) – Governador Valadares –


MG

Função: Administração Geral

• Gestão de 20 funcionários;

• Coordenação geral, incluindo, comercialização, negociação com


fornecedores, compras, armazenamento, logística e processamento de bens de
consumo.

Outros Conhecimentos:

Possui bons conhecimentos de informática, incluindo o pacote office: word,


internet, excel, assim como softwares de cadastro e comercialização.

Idiomas: inglês intermediário


IV.VI Resenha

Utilizada, principalmente no contexto acadêmico, como em cursos de


Graduação ou Pós-Graduação a resenha pode ser utilizada para realizarmos
comentários, por exemplo, sobre um livro ou artigo acadêmico.
Frequentemente, a resenha é realizada de forma crítica e até denominada
como resenha crítica.

O autor de uma resenha tem como objetivo não só realizar comentários


que apresentem determinada obra, mas sobretudo realizar uma análise crítica
de seu conteúdo, emitindo sua opinião sobre a relevância e pontos
controversos da obra.

De forma geral, uma resenha deve conter:

Apresentação Geral: nome do autor ou autores, título da obra e demais


informações sobre a publicação da obra, como lugar, data de publicação e
número de páginas.

Resumo: conteúdo e assuntos principais da obra.

Visão do Autor: apresentação da visão do autor sobre os pontos mais


relevantes da obra.

Análise Crítica: a resenha ainda poderá incluir uma análise crítica realizada
pelo elaborador da resenha, quanto aos pontos de vista do autor.

Conclusões: síntese sobre a obra e seus pontos relevantes.

IV.VII Resumo

Utilizado seja no ambiente profissional ou acadêmico o Resumo está


presente quase que diariamente em nossa vida. A todo momento temos a
necessidade de resumir, de sintetizar determinado conjunto de informações,
sejam estas advindas de um livro, de uma aula, de um artigo ou até mesmo de
um vídeo. Pode parecer simples, redigirmos um resumo. No entanto, a tarefa
pode ser complexa ou até mesmo ineficaz, caso não adotemos certos
cuidados.

Conforme (NADÓLSKIS, 2013, P.190), ao realizarmos um resumo é


necessário decidir o que é fundamental e o que é acessório. Em um resumo
estamos à procura da ideia principal. Segundo o autor ela será a linha guia do
resumo.

IV.VIII E-mail

Com o advento da internet, novas veículos e formas de comunicação


propagaram-se enormemente. Hoje, praticamente não encontramos pessoas
que não possuam seu endereço eletrônico, seu e-mail. Seja para transmitir
uma mensagem ou um documento o e-mail revela-se como extremamente útil,
principalmente, na comunicação profissional.

E assim como nas outras formas de comunicação, sua utilização requer


cuidados. Afinal de contas, quando nos comunicamos estamos transmitindo
também nossa imagem profissional.

Portanto deve ser regido de forma objetiva, concisa e em linguagem


profissional, evitando abreviações e excessos. É também imprescindível que o
e-mail tenha o campo assunto identificado claramente e que saibamos escolher
adequadamente os destinatários. Isto é, quem necessita receber determinada
informação.

Exemplo:

Para: Ciclano de Tal

De: Fulano de Tal

Assunto: emissão do relatório de atividades

Caro Ciclano de Tal, bom dia

Informo que a emissão do relatório de atividades do mês de Junho terá atraso


de um dia. Tal atraso foi ocasionado pelo não envio, até a data de ontem (terça-
feira) das informações financeiras expedidas pelo Departamento Financeiro.

Com o recebimento das informações no dia de hoje (quarta-feira),


procederemos com a finalização e emissão do relatório para a data de amanhã
(quinta-feira).

Atenciosamente,

Fulano de Tal

Para Saber Mais!

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em seu ambiente virtual de aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA DA DISCIPLINA

FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo. Contexto, 2015.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10 ed.


São Paulo. Contexto, 2013.

KOCHE, Vanilda Salton. Leitura e produção textual: gêneros textuais do


argumentar e expor. 6 ed. Petrópolis. Vozes 2012.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS

CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do


sucesso das organizações. 3. ed. Barueri, SP. Manole, 2014.

FARACO, C.A; TEZZA, C. Oficina de Texto. 10 ed – Petrópolis, RJ: Vozes,


2013.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A inter-ação pela linguagem. 10 ed. São


Paulo. Contexto, 2008.

MOYSÉS, C.A; Língua Portuguesa: atividades de leitura e produção de textos.


3 ed. – São Paulo, SP: Saraiva, 2009.

NADÓLSKIS, Hêndricas. Normas de comunicação em língua portuguesa. 27


ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

ROBBINS, Stephen P; JUDGE, Timothy A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento


Organizacional: Teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo:
Pearson, 2010.

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