regulamentoSCIE ETA 2017

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II

AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização deste objetivo.

Á Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto, pelas condições concedidas


para a realização do presente projeto de Mestrado.

Ao professor Paulo Oliveira incansável e preocupado e à professora Luísa Morgado,


orientadores deste projeto, por toda a disponibilidade demonstrada ao longo do seu
desenvolvimento.

A todos os professores que ao longo do mestrado, de uma forma ou de outra, me ajudaram a


ultrapassar obstáculos e dificuldades.

A todos os meus colegas de curso por todas as vivências e amizade.

À Engª Iolanda Silva, minha orientadora das Águas do Norte, por todo o acompanhamento e
ajuda.

Aos meus familiares em especial minhas filhas.

Obrigado!

III
RESUMO

O presente estudo de projeto teve como objetivo principal o estudo da aplicabilidade das
medidas de autoproteção (MAP) previstas na Regulamentação de Segurança Contra Incêndio
em Edifícios (SCIE), em recinto industrial, no contexto da Estação de Tratamento de Águas
Residuais de Fornos, Castelo de Paiva. O mesmo fundamenta-se no facto de se considerar que
as MAP são um instrumento fundamental para a garantia da segurança das pessoas e
equipamentos.

Com vista à concretização do objetivo principal foi tida em consideração, numa primeira fase do
estudo, a especificidade do setor de atividade abordado e o perigo que o mesmo representa,
analisando-se o mesmo no âmbito de um estudo de caso. Com essa finalidade foi desenvolvida e
aplicada uma check-list para verificação do Regulamento Técnico - SCIE, através da qual se
visou aferir as condições existentes “in loco”, tendo por base a legislação aplicável em termos
de segurança contra incêndios.

No decurso da aplicação desta ferramenta de verificação ao edifício em estudo, foram detetadas


duas não conformidades legais, nomeadamente a falta de portas corta-fogo e a inexistência de
vias de acesso horizontais que permitam manobras de inversão de marcha a carros de combate a
incêndio, em caso de socorro e emergência. Também no seguimento do presente, foi
desenvolvido um Plano de Segurança Interno (PSI), com a descrição das MAP aplicáveis ao
tipo de edificação em estudo, para se dotar este de um nível de segurança mais eficaz, tendo em
consideração a necessidade de se conhecer e rotinar procedimentos de autoproteção e a adoção
dos procedimentos de segurança.

Face ao exposto, conclui-se que a ETAR na sua generalidade cumpre com os requisitos legais
aplicáveis à SCIE. No entanto, recomenda-se como melhoria futura a implementação efetiva do
PSI proposto e a regularização das não conformidades detetadas.

IV
Palavras Chave: Segurança contra incêndios; Medidas de autoproteção; regulamentação;
ETAR

ABSTRACT

The present study had as its main objective the study of the applicability of the self-protection
measures foreseen in the Safety and Health Regulations (SCIE) applied in the context of the
Waste Water Treatment Plant at Fornos, Castelo de Paiva. The study is based on the fact that
Self-Protection Measures are considered a fundamental instrument for guaranteeing the safety
of people and equipment.

In order to achieve these objectives, the specificity danger that this sector of activity represents
were taken into account in a first phase of the study, in whereupon we carry on a Case Study. In
the second step of the investigation, and with the same purpose, we created and applied a
checklist for the verification of the Technical Regulation (SCIE). Through this instrument we
verified the existing conditions, based on the applicable legislation in terms of fire safety.

During the application of this verification tool in the building under study, two legal
nonconformities were detected, namely the lack of fire doors and the lack of horizontal access
ways that allows reversing maneuvers to fire-fighting cars, in case of emergency. Also it was
developed an Internal Security Plan (PSI) with the description of the applicable MAPS’s to the
type of building under study, in order to provide it with a more effective level of security and
taking into account the need to know the routine self-protection procedures and the adoption of
safety procedures.

Taking into account the above exposure, it is concluded that the WWTP complies with the legal
requirements applicable to SCIE, in general. However, it is recommended as future
improvement the effective implementation of the proposed PSI and the regularization of
detected nonconformities.

Key Words: Fire safety; Self-protection measures; regulation; Sewage treatment plant

V
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................III

RESUMO ........................................................................................................................... IV

ABSTRACT .......................................................................................................................... V

LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................IX

LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................IX

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................IX

LISTA DE UNIDADES ........................................................................................................... X

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO................................................................................................ 1

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA E ESTADO DE ARTE .............................................. 3

2. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS ........................................................... 3

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................ 3

2.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS EM


PORTUGAL ......................................................................................................................... 8

2.3. CARATERIZAÇÃO DOS INCÊNDIOS QUANTO AO TIPO E FORMA ................................ 10

2.4. PRINCIPAIS CAUSAS, MEIOS DE PROPAGAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS DOS INCÊNDIOS 12

2.5. A REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS ............... 13

2.6. AUTOPROTEÇÃO E EXPLORAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................. 18

2.7. O REGULAMENTO TÉCNICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS..... 20

2.8. MAP – A RELEVÂNCIA DE UM PLANO DE SEGURANÇA INTERNO.............................. 22

3. AS ÁGUAS RESIDUAIS E O APARECIMENTO DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO ............. 23

VI
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................................... 23

3.2. PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ................................................. 26

3.3. A SEGURANÇA NAS ETAR .......................................................................................... 28

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO ...... 31

1. HISTORIAL DAS ÁGUAS DO NORTE, S.A. ....................................................................... 31

1.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PILARES DE ESTRATÉGIA ....................................... 31

1.2. MISSÃO ..................................................................................................................... 32

1.3.VISÃO......................................................................................................................... 32

1.4. ESTRATÉGIA .............................................................................................................. 33

2. CARACTERIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS ...................................................................... 33

2.1. LOCALIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS ......................................................................... 34

2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS CONCELHOS SERVIDOS PELA ETAR....................................... 35

2.3. ASPETOS HUMANOS ................................................................................................. 36

2.4. DESCRIÇÃO DAS INSTALAÇÕES.................................................................................. 36

3. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO ..................................................................................... 37

3.1. UTILIZAÇÃO TIPO ...................................................................................................... 38

3.2. CATEGORIA DE RISCO ............................................................................................... 38

3.3. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO EXIGÍVEIS .................................................................. 40

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA E DADOS DE ESTUDO ...................................................... 42

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO PRÁTICO DE ESTUDO .............................................. 42

VII
2. OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................... 42

3. VERIFICAÇÃO DA PORTARIA N.º 1532/2008 DE 29 DE DEZEMBRO .............................. 43

CAPÍTULO V – RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 51

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES DO TRABALHO DE PROJETO ........................ 54

CONCLUSÕES ................................................................................................................... 54

LIMITAÇÕES E PERSPETIVAS FUTURAS ............................................................................. 56

LEGISLATIVA E NORMATIVA............................................................................................. 58

ANEXOS ........................................................................................................................... 60

ANEXO 1- CHECK-LIST DE VERIFICAÇÃO DA PORTARIA N.º 1532/2008 DE 29 DE


DEZEMBRO ...................................................................................................................... 60

ANEXO 2 – PLANO DE SEGURANÇA INTERNO DA ETAR DE FORNOS ................................ 60

VIII
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Categoria de Risco da UT - III (Administrativo) ....... ERRO! MARCADOR NÃO
DEFINIDO.
TABELA 2: Categoria de risco da Utilização - TIPO XII (Industriais, oficinas e armazéns)
........................................................................... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.
TABELA 3: Medidas de Autoproteção para a 2ª. Categoria de Risco ........................................ 41

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: PROCESSOS QUÍMICOS E PROCESSOS FÍSICOS NUMA ETAR (FONTE:
OLIVEIRA (1995)) ............................................................................................................. 27
FIGURA 2: ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ÁGUAS DO
NORTE (FONTE: ÁGUAS DO NORTE. S.A) .................................................................. 32
FIGURA 3: ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO DA ETAR DE FORNOS (FONTE:
WWW.ADNORTE.PT) ...................................................................................................... 33
FIGURA 4: ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA) ........................................ 34
FIGURA 5: LOCALIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS (FONTE: (WWW.ADNORTE.PT) .. 35
FIGURA 6: ORGANIGRAMA DE COLABORADORES (AFETOS E NÃO AFETOS À
ETAR DE FORNOS) (FONTE:(WWW.ADNORTE.PT) .................................................. 36
FIGURA 7: DIAGRAMA DO PROCESSO DE TRATAMENTO DA ETAR DE FORNOS
(FONTE: ETAR DE FORNOS) .......................................................................................... 37
FIGURA 8: VIA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA
PRÓPRIA)........................................................................................................................... 49
FIGURA 9: VIA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA
PRÓPRIA)........................................................................................................................... 49
FIGURA 10: VIA INTERNA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE:
RECOLHA PRÓPRIA) ....................................................................................................... 50
FIGURA 11: VIA INTERNA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE:
RECOLHA PRÓPRIA) ....................................................................................................... 50

LISTA DE ABREVIATURAS
ASAE - A autoridade para a segurança alimentar e económica

ANPC – Autoridade Nacional de Proteção Civil

CR – Categorias de Risco

CEE – Comunidade Económica Europeia

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

IPQ – Instituto Português da Qualidade

IX
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil

MAP – Medidas de Autoproteção

PEI – Plano de Emergência Interno

RJ-SCIE – Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios

RT-SCIE – Regulamento Técnico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios

SCIE - Segurança Contra Incêndios em Edifícios

LISTA DE UNIDADES
m3 – Metro Cúbico

MJ – Megajoule

kW – Kilowatts

Km – Quilómetro

Km2 – Quilómetro quadrado

L – Litro

X
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

A SCIE é um tema, e uma caraterística das estruturas físicas da mais variada índole, a ter em
conta e a que se deve reportar muita atenção uma vez que remete para acidentes que quase
sempre envolvem enormes prejuízos materiais e colocam em risco vidas humanas.

Partindo deste pressuposto levamos a cabo um projeto de estudo que incide exatamente sobre
esta temática e aborda questões acerca da mesma, nomeadamente, a sua legislação e
cumprimento e a importância das MAP.

Neste enquadramento específico, o nosso estudo aborda a SCIE, sendo esta avaliada no âmbito
do contexto de funcionamento de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR),
local onde as questões de segurança devem merecer uma particular atenção, atendendo
aos riscos elevados que representam para a saúde dos trabalhadores e também para as
comunidades vizinhas. De facto, nesta tipologia de estruturas, onde são tratadas águas
residuais de origem doméstica e/ou industrial, comumente chamadas de esgotos
sanitários ou despejos industriais, são realizadas atividades/trabalhos que comportam
riscos elevados, tal como se afirma no artigo 79.º da Lei 102//2009, de 10 de setembro,
alterada pela Lei n.º 42/2012 de 28 de agosto e pela Lei nº 3/2014 de 28 de janeiro, uma
vez que se manipulam produtos químicos e agentes biológicos do grupo 3 e/ou 4.

Por via das características desta atividade específica podem ocorrer incêndios, facto que
a realidade comprova uma vez que uma singular e breve pesquisa na internet com as
palavras “incêndios em ETAR”, reporta várias notícias deste tipo de ocorrência um
pouco por todo o país e ao longo dos últimos anos.

Assim a prevenção parece ser o melhor meio para evitar e reduzir ao mínimo os riscos e
a possibilidade de perdas materiais e humanas avultadas, pelo que importa que desde o
momento de planeamento da construção destes equipamentos e infraestruturas, sejam
considerados todos os ditamos da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro.

O principal objetivo a que nos propusemos, foi estudar a aplicabilidade das MAP
previstas na Regulamentação de SCIE, em recinto industrial, no contexto de uma
ETAR. Deste modo, com base no presente estudo, tentar-se dotar o edifício da ETAR de

1
Fornos de um nível de segurança mais eficaz; sensibilizar para a necessidade de
conhecer e rotinar procedimentos de autoproteção a adotar por parte de todos os
ocupantes do edifício e bem como corresponsabilizar os mesmos no cumprimento dos
procedimentos de segurança.

Com vista a alcançar os objetivos propostos, dividiu-se o presente trabalho em três


partes distintas, sendo que a primeira se reflete na forma de revisão da literatura e estado
de arte da temática em estudo. Aqui são considerados os incêndios numa perspetiva
histórica uma vez que, através deste percurso de séculos, nos será dado perceber o
caminho percorrido pela humanidade até à instituição legal das medidas de SCIE, e,
pela mesma forma, afirmar a importância destas. Ainda na revisão da literatura faz-se
uma ampla abordagem ao contexto legal existente e considera-se as MAP na sua
caracterização e relevância.

Na segunda parte apresenta-se a metodologia utilizada, abordando-se os procedimentos


práticos que suportam o projeto e conducentes aos resultados obtidos.

Por fim, na última parte, faz-se a apresentação dos resultados obtidos a partir da
observação direta “in loco” na ETAR de Fornos e da comparação das condições
existentes com a Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro, com recurso uma check-list
de verificação para o efeito. Constituindo-se esta informação o ponto de partida para a
análise/discussão de resultados que se desenvolve a seguir e se complementa com a
conclusão do estudo face à legislação especifica vigente aplicável.

2
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA E ESTADO DE
ARTE

2. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O caminho percorrido ao longo da história com vista à afirmação global da necessidade


de se implementarem regras e medidas, de cariz legal, que contribuíssem de forma
efetiva para a prevenção de ocorrência de incêndios e contenção da propagação dos
mesmos foi longo e tem sustentação prática em incêndios históricos que resultaram
numa enorme destruição de bens e em muitas mortes.

Um dos primeiros eventos catastróficos do género de que há memória escrita remonta à


antiguidade romana, tendo ficado conhecido pelo nome de Grande Incêndio de Roma. Este fogo
consumiu dez dos catorze distritos da cidade imperial romana e esteve ativo durante seis dias.
Por causa dele o Imperador Nero assinou regulamentos nos quais se exigia que na reconstrução
das casas consumidas pelas chamas fossem usados, nas paredes externas, materiais à prova de
fogo. Com este ditame legal o Imperador abria o precedente histórico de utilização de
conhecimentos de engenharia e ciência no combate a incêndios (Cote, 2008).

Os conselhos do Imperador Nero foram, no entanto, praticamente esquecidos aquando da


chegada da Idade Média e esta época de evolução da humanidade é, de resto, profícua na
ocorrência de incêndios. Em 1135 registou-se um destes eventos em Londres sendo que uma
grande parte da cidade terá ficado destruída e menos de um século depois, em 1212, ela volta a
ser engolida pelas chamas que terão começado a deflagrar em Southwark e destruído
parcialmente a London Bridge, onde, segundo relatos históricos, terão morrido mais de 3000
pessoas que ali procuraram refúgio (Concil, 2011).

Vários séculos mais tarde, desta feita em Tóquio (Japão), o Grande Incêndio de Meireki (1657)
destruiu 70% da capital japonesa, sendo que os esforços populares com vista à sua extinção
perduraram ao longo de três dias. Mais de metade dos habitantes daquela cidade morreram. De
acordo com os registos que ficaram da história desta tragédia as causas da deflagração das
chamas não foram determinadas, mas as que estiveram na origem da sua devastadora

3
propagação foram consideradas com atenção por parte dos responsáveis pela promoção de um
plano de reconstrução da cidade e foram tidas em linha de conta nas medidas empreendidas para
a prevenção de ocorrência de novas tragédias. Assim nas obras de reconstrução, que se
prolongaram por mais de dois anos, já não foi possível edificar casas em madeira e papel,
conforme era tradição naquele país, e os espaços pequenos, e de difícil acesso entre os edifícios,
deixou de existir. As principais ruas foram alargadas e foi reforçado o número de canais corta-
fogo entre as áreas centrais da cidade (Concil, 2011).

Mais tarde em 1666, um novo e enorme incêndio atinge a capital britânica, consumindo-a ao
longo de três dias em mais de 430 hectares e resultando em mais de 13 mil casas e 89 igrejas
destruídas, ou seja, cerca de 80% da totalidade do território londrino. No combate a este fogo,
que teve origem numa padaria, na noite de 2 de setembro desse mesmo ano, e rapidamente se
propagou pelas casas circundantes, foram mandadas demolir casas para a criação de corta-fogos
mas a dificuldade de remoção do entulho dificultou a eficácia desta medida. No rescaldo da
tragédia o Rei Charles II nomeou seis comissários a quem deu a tarefa de redesenhar a cidade.
A nova Londres foi erguida com edifícios de tijolo e pedra, abandonando-se as construções em
madeira e, pela primeira vez, foram estudados equipamentos de supressão de fogo e, na
sequência deste estudo, a cidade foi equipada com aparelhos de combate ao fogo por
bombeamento de água à mão (Cote, 2008).

De novo em Inglaterra, alguns anos mais tarde, um incêndio de extraordinárias proporções viria
a destruir monumentos e mais de 240 habitações em Marlborough. Por via desta tragédia, que
aconteceu em 1679, o parlamento inglês aprovou uma lei que proibia que as coberturas das
casas fossem em palha, como então era costume e, na cidade afetada, foi também determinada
uma largura legal para a estrada que separava as habitações, de forma a que as chamas não
pudessem passar de um edifício para outro com facilidade (Cote, 2008).

As medidas implementadas pelos responsáveis das áreas vítimas de grandes incêndios, com
vista a evitar novas ocorrências não foram, no entanto, suficientes para debelar o flagelo das
chamas que regularmente, assolavam os grandes contingentes habitacionais. De facto, ao longo
dos séculos XVIII e XIX os incêndios continuaram a ser um dos maiores flagelos humanos e
concentravam as atenções dos governos com vista ao estabelecimento de medidas que se
revelassem capazes de minimizar o seu número e, particularmente, a sua força de propagação
(Lamb, 1986).

Para a história destes séculos, ficou também o grande incêndio de Copenhaga, na Dinamarca
que ocorreu em 1728 e que destruiu mais de 30% do espaço urbano, tendo ardido durante três
dias. Contrariando os registos de mortandade que quase sempre se agregaram a estas tragédias,

4
este incêndio teve poucas vítimas mortais, mas foram dadas como irremediavelmente perdidas
obras culturais de valor incalculável, como a coleção de obras originais que se guardavam na
universidade (Cote, 2008).

Em Portugal, anos depois desta tragédia, registava-se também uma terrível catástrofe natural
(sismo) a que se agregou um incêndio urbano. Desta resultou a destruição de cerca de um terço
da cidade de Lisboa, tendo abalado também outras regiões do centro do nosso país. Esta
catástrofe, esteve na génese da criação do primeiro sistema de Proteção Civil português e
também motivou o surgimento de um processo de reconstrução singular que, pela primeira vez
na história portuguesa, seria devidamente organizado. Depois desta tragédia e das considerações
várias que a sociedade de então foi fazendo acerca da mesma, das vidas que se perderam e de
que forma os números trágicos poderiam ter sido minimizados, surgiu também o conceito de
risco, que viria a ser agregado aos processos de construção dos edifícios que mais tarde se
levantaram na cidade, para substituir aqueles que o abalo de terra e as chamas consumiram
(AAVV, 2008).

De acordo com Mascarenhas (2005) o terramoto de Lisboa de 1755, resultou na destruição de


17 mil edifícios que não tinham as fachadas alinhadas, tinham os cunhais expostos e eram
construídos sem qualquer tipo de alinhamento em altura, donde resultava o desamparo das
empenas e a vulnerabilidade das casas. Num processo inédito à época para cidades assoladas
por grandes catástrofes, o Marquês de Pombal, Ministro do Rei D. José I, mandou que se
reconstruísse uma nova cidade sobre os escombros da antiga, garantindo assim uma drenagem
mais eficiente das zonas de cota mais elevada e precavendo-se também contra eventuais
inundações provocadas pela subida das marés. Da mesma forma e considerando a proposta de
recuperação de Lisboa avançada por Manuel da Maia e desenhada pelo Capitão Eugénio dos
Santos e por Carlos Mardel, ordenou que a altura dos edifícios fosse igual à largura das ruas
garantindo assim corta-fogos e espaço livre apara albergar “escombros” em caso de novo
terramoto. O traçado geométrico da nova cidade facilitava também a fuga dos habitantes em
caso de sismo ou de fogo (Mascarenhas, 2005).

Um outro incêndio que se viria a mostrar determinante para a constatação de que alguns
materiais não podiam fazer parte das construções, foi o que ocorreu em Nova Iorque em 1835.
Nesta época era hábito dotar as lojas de comércio com portas e portadas de ferro e muitos destes
estabelecimentos tinham também telhados com cobre mas, aquando da propagação do fogo,
verificou-se que estes metais derretiam, pelo que viriam a ser banidos da lista de materiais
aceites nas construções urbanas (Lamb, 1986).

5
Poucos anos depois, desta vez em Chicago, no Illinois, ocorreu um novo incêndio que ficaria
registado como aquele que esteve na origem da criação do primeiro curso de Engenharia de
Proteção aos Incêndios. Este sinistro que em dois dias consumiu 17.400 edifícios, foi o foco
mobilizador da sociedade civil, religiosa, militar e estatal para a aquisição de fundos que
pudessem ser usados na promoção de um curso onde os incêndios e a forma de construção de
estruturas pudessem ser analisados. O referido curso viria a funcionar no Armour Institute of
Technology e parece ter surtido efeitos positivos, pois nos anos seguintes à implementação de
algumas das medidas estudadas, verificou-se a diminuição do número de incêndios e, sobretudo,
o decréscimo dos efeitos devastadores que estes acidentes costumavam ter. Os materiais de
construção antigos foram sendo substituídos por alvenaria, betão e aço e também começaram a
aparecer as primeiras corporações de bombeiros. A estas medidas acrescentou-se ainda o
abastecimento e água em redes subterrâneas e as cidades americanas começaram a ser dotadas
de hidrantes e bocas-de-incêndio (Costa, 2009). Foi também a partir desta altura que os
especialistas em estudos de incêndios e construções que os pudessem evitar e minimizar-lhes o
impacto, passaram a preocupar-se, para além da construção em si mesma, com a segurança de
cada edifício em particular, com as suas condicionantes e com os conteúdos de cada um (Costa,
2009).

Apesar destes desenvolvimentos, a evolução da indústria veio trazer novas formas de


propagação de incêndios para as quais as construções não estavam preparadas. Os novos
processos industriais, o armazenamento de matérias-primas, muitas vezes altamente
inflamáveis, proporcionavam combustível para a rápida propagação de fogos o que dificultava a
intervenção manual que os bombeiros faziam até então.

Durante a segunda metade do século XIX os Estados Unidos da América, e vários outros países
industrializados, assistiram a inúmeros incêndios e a análise dos mesmos viria a ditar a
introdução de uma inovação que ainda hoje persiste. A colocação de tubagem perfurada nos
tetos das estruturas fabris, que mais tarde daria origem ao sistema Sprinkler1 (Cote, 2008).

Ao longo dos anos, outros incêndios foram acontecendo e, aos poucos, foram sendo
introduzidas medidas que visavam sempre o mesmo fim, a não ocorrência desta tipologia de
incidentes e a sua rápida extinção, quando efetivamente, aconteciam. No entanto, dada a sua
natureza, os incêndios nunca foram totalmente debelados e no século XX, ainda que com menos
incidência estatística, os incêndios continuaram a acontecer. Um dos que, pela sua dimensão e

1
Sprinkler: Instalações fixas de extinção automática, composta por um sistema de tubagens de água a
pressão que entra em funcionamento após detetação de aumento de calor.

6
danos causados, viria a ficar registado na história recente do nosso país, ocorreu em Lisboa, no
Chiado, em 1988 (Cote, 2008).

O incêndio no Chiado destruiu parcial e totalmente dezoito edificações, entre as quais as


famosas galerias dos armazéns do Chiado, onde, o fogo terá deflagrado. A grande severidade
atingida pelo incêndio teve como principais motivos a quantidade de material combustível que
existia no edifício de origem das chamas, que guardava sobretudo tecidos e papelão que foi
agravada pela acumulação de carga térmica e pela falta de alarmes de incêndio que pudessem
chamar a atenção o mais rapidamente possível para a ocorrência. Para além disso não existia
naquelas edificações compartimentação horizontal ou vertical e as fachadas dos edifícios
atingidos eram muito próximas, mesmo juntas, umas às outras, o que levou a que o fogo
galgasse de prédio para prédio de forma extremamente rápida. Em todas as fachadas por onde as
chamas passaram encontravam-se matérias combustíveis que contribuíram também para que a
situação depressa se tornasse dantesca. Para agravar ainda mais a situação os meios de socorro
foram impossibilitados de intervir de forma rápida, pois existia muito mobiliário urbano na Rua
do Carmo, uma das vias de acesso, pelo que as viaturas dos Bombeiros não podiam passar
(Procoro, 2006).

No rescaldo da tragédia que se abateu sobre Lisboa foram levadas a cabo algumas reflexões por
parte das autoridades competentes e até mesmo da sociedade civil, tendo sido criada uma
comissão municipal a que cabia a responsabilidade de fazer o levantamento das razões que
estiveram na origem e propagação do incêndio e analisar toda a região de Lisboa com vista a
determinar os potenciais focos de incêndio e de perigosidade da cidade, para que assim se
pudessem evitar novas tragédias no futuro. Do trabalho desta comissão municipal ressaltou
também a necessidade de se empreender um maior controlo no que concerne aos revestimentos
usados nas futuras construções para além de ter ficado sublinhada a necessidade de existência de
sinalização de emergência, sobretudo no interior dos edifícios. Ficou ainda estabelecido que,
dali para a frente todos os espaços públicos da cidade, incluindo as zonas históricas, seriam
intervencionados de forma legal com vista à realização de vistorias para a verificação das
condições de segurança contra incêndios (Procoro, 2006).

Também este fogo, de que muitos portugueses guardam ainda memória, viria a constituir um
marco determinante no processo de constituição de legislação e regras que visavam, sobretudo,
evitar que tragédias semelhantes voltassem a acontecer em Lisboa e no resto do território
nacional. De resto, e como sublinha Coelho (2000), o incêndio do Chiado teve um papel
determinante na criação e execução da atual regulamentação da SCIE, sendo que, nos anos
seguintes à tragédia, foram mesmo editados vários diplomas regulamentares que viriam a
fundamentar a atual lei de Segurança Contra Incêndios em Edifícios.

7
Num outro incêndio avassalador, ocorrido no início do século XXI no continente sul-americano,
no Peru morreram 447 pessoas e 253 ficaram feridas, todas elas vítimas das chamas que
atingiram sete quarteirões da cidade de Lima e que viria a ser classificado como a maior
tragédia da história recente daquele país. Na fase de combate a este incêndio os bombeiros
depararam-se com ruas estreitas, que a custo permitiam a passagem dos equipamentos de
combate e que, para piorar a situação, estavam atoladas de barracas de venda ambulante,
tornando a circulação praticamente impossível. Por este motivo, e após a tragédia, passou a ser
realizado o controlo do tráfego e das vias de circulação nos centros históricos e também se
aumentou o rigor de legalização de áreas comerciais naquelas zonas da cidade, sendo que, as
áreas comerciais que lidam com materiais inflamáveis passaram a não poder laborar nessas
zonas da cidade (Procoro, 2006).

2.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM


EDIFÍCIOS EM PORTUGAL

A ocorrência de grandes incêndios ao longo dos séculos, serviram, como podemos constatar,
para que as populações e os governos dos vários países fossem tomando consciência de que a
introdução de algumas medidas de segurança podiam ter consequências positivas, tanto para a
não ocorrência de incêndios, como, principalmente, para o rápido combate dos mesmos. Em
Portugal o aparecimento da legislação sobre segurança contra incêndios, também se ficou a
dever a uma sucessão de tragédias em que o grande incêndio do Chiado, ocorrido em 1988, teve
um papel crucial (Coelho, 2000).

Após esta tragédia, de que muitos de nós guarda memória dado o facto de ter sido testemunhado
por um país inteiro através da televisão, a Câmara Municipal de Lisboa criou uma comissão a
quem cabia a tarefa de registar e compreender as razões que estiveram na origem da deflagração
das chamas e da sua extraordinária propagação pelo histórico bairro lisboeta. A mesma
comissão foi ainda incumbida de coordenar a reabilitação da zona afetada com o objetivo claro
de evitar que novos incêndios acontecessem no futuro (Coelho, 2000).

Antes desta iniciativa, e muitos séculos a montante, o Estado português já tinha dado passos
com vista à criação de um serviço de prevenção de incêndios. O registo desta iniciativa está na
Carta Régia assinada por D. João I em 1395, onde se pode ler:

8
“[...]Acordaste que era bem que os pregoeiros dessa cidade pelas freguesias em cada
noite, [...], andem pela dita cidade apregoando que cada um guarde e ponha guarda ao fogo
em suas casas. E que no caso que se algum fogo levantasse, o que Deus não queira, que todos
os carpinteiros e calafates venham aquele lugar, cada um com o seu machado, para haverem de
atalhar o dito fogo. E que outrossim, todas as mulheres que ao dito fogo acudirem, tragam cada
uma o seu cântaro ou pote para acarretar água para apagarem o dito fogo [...]” (Carta Régia
de D. João I, citada em Abrantes; Castro, 2009, p. 12).

No entanto só em 1951 é que se começou a desenhar a história formal da regulamentação da


Segurança Contra Incêndios, mais precisamente a SCIE, que teve formalização legal através do
Decreto-Lei n.º 38/1951 de 7 de agosto de 1951 (Vicêncio, 2011).

Apesar do Regulamento Geral das Edificações Urbanas publicado em 1951, foi o acidente de
1988, o incêndio no Chiado, que se veio a constituir como um marco importante para a
elaboração de nova legislação e o impulsionador da publicação de vários diplomas
regulamentares (Brás, 2010).

A ocorrência de todas as tragédias a que se fez referência ao longo dos séculos que, quase
sempre, resultaram em grandes prejuízos humanos e arquitetónicos fica, como se depreende a
partir da revisão de literatura elaborada, associada ao levantamento de questões que se viriam a
mostrar determinantes para a promoção de técnicas/estratégias de prevenção e segurança contra
os incêndios em edifícios. À medida que os fogos devastavam as cidades, logo se impunha a
necessidade de reconstrução dos espaços destruídos e ajustamento das novas construções a
materiais e situações arquitetónicas mais seguras.

Regista-se que, muitas vezes, nomeadamente no caso português, e principalmente aquando do


levantamento de Lisboa após o abalo de 1755, sentiu-se de imediato a necessidade de se dotar
os espaços urbanos com vias de circulação largas, que permitissem não só o acesso dos meios
de socorro, mas também a fuga das pessoas em perigo. Para além disso regista-se a constante
preocupação das entidades responsáveis em construir os edifícios com materiais não inflamáveis
e sempre que ocorreu um incêndio em que se percebeu que as chamas se propagaram mais
depressa por força das características combustíveis dos elementos de construção, estes foram
sendo excluídos das boas práticas construtivas.

Tendo em conta a evolução das considerações acerca da SCIE percebe-se que, no século XXI, a
sociedade em geral está mais consciente dos reais perigos que os incêndios comportam e por
isso considere de primordial importância a sua prevenção e mitigação, desde a fase de
conceção/projeto até à fase de pós-construção das edificações.

9
2.3. CARATERIZAÇÃO DOS INCÊNDIOS QUANTO AO TIPO E FORMA

Um incêndio, de acordo com o que expressa o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é um


“fogo que lavra e devora” (Priberan, 2016), sendo que o fogo, e tal como refere Mimani (2008),
é uma reação química exotérmica controlada no tempo e no espaço entre uma substância
combustível e um comburente, representando um tipo de queima, combustão ou oxidação, que
ocorre na medida em que atuam em cadeia um combustível, comburente e uma energia inicial
de ativação.

Falar de fogo impõe também que se sublinhe a distinção que separa este da chama. Segundo
Colaço (2009), esta última é uma manifestação visível da reação química fogo, ou seja é a
combustão flamejante do fogo.

Assim o incêndio poderá ser entendido como um fogo que se prolonga no espaço e no tempo.
Dadas estas caracterizações podemos afirmar que o incêndio não será sempre igual e é por isso
que ele pode ser classificado em função das formas que assume. Ou seja, eles não são sempre
iguais dado que ocorrem em localizações diferentes, são alimentados por matéria combustível
diferente e têm início por causas diferentes (Cruz Núñez et al., 2014).

Assim, pode-se referir que os incêndios não são todos iguais e podem ser tipificados em função:
do local de ocorrência; do tipo de combustível envolvido; das causas que lhe deram origem; e,
das consequências que origina. O local de ocorrência, ou seja, o lugar onde se dá a deflagração
do fogo, enquanto item de tipificação de incêndios, distingue os mesmos se as chamas
ocorrerem em edifícios urbanos, ou seja, habitações ou estabelecimentos que recebem público;
ou se deflagrarem em instalações industriais. Se for um incêndio em algum meio de transporte,
será distinto das duas primeiras tipologias e, dentro deste grupo, são classificados como
diferentes, os incêndios em transportes terrestres, aéreos ou em transportes marítimos (Castro, &
Abrantes, 2009).

Há ainda os incêndios florestais, que ocorrem em matas ou florestas; os incêndios rurais e


também os incêndios que podem acontecer em instalações portuárias. Os incêndios florestais,
propagados por meio da existência de combustíveis vegetais naturais ao longo de áreas de mato
que podem ser arborizadas ou não, são distintos de alguns fogos que ocorrerem na mesma

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tipificação territorial, mas que se fazem de forma controlada e com o propósito de eliminar
combustível vegetal acumulado (Borges et al., 2016).

Cada um destes tipos de incêndios, pode ser distinguido em função do material comburente, e
do combustível com que se alimentou. E este pode ser qualquer material, no estado sólido,
líquido ou gasoso, que tenha capacidade de arder. Num cenário de fogo a quantidade de material
comburente é capaz de determinar a proporção que o incêndio toma. Na verdade, não é fácil
definir o momento em que um fogo passa a ser considerado um incêndio, uma vez que a linha
que distingue estas duas ocorrências é muito ténue. A melhor definição entre uma e outra
situação é a de que o fogo é uma combustão controlada e útil na medida em que provoca calor e
este é gerador de energia ou na medida em que serve para eliminar combustível e evitar
situações de incêndio entre outras razões. Já o incêndio é uma combustão descontrolada (seja no
espaço, seja no tempo) que é capaz de dar origem a prejuízos e danos de várias ordens:
ambientais, materiais e humanos (Contreras, et al., 2011).

Os incêndios podem ser distinguidos também pelas suas condições de propagação. E estas
podem ser apontadas como tendo quatro formas: (Bianchini & Caymes, 2014)

 Condução ou transporte de calor por contacto físico;

 Radiação, devido à transferência de calor por ondas eletromagnéticas em todas as


direções;

 Convecção ou transferência de calor entre massas de fluidos a diferentes temperaturas;

 Os três processos anteriores em interação (efeito combinatório).

A primeira forma de propagação acontece quando há transporte de energia de forma


omnidirecional através do ar, suportada por infravermelhos e ondas eletromagnéticas. Quando a
propagação é por convecção a energia é transportada pela movimentação do ar aquecido pela
combustão. Já por condução a propagação ocorre porque a energia é transportada através de um
bom condutor de calor e por projeção o fogo espalha-se por via das partículas inflamadas, sendo
que, neste caso, podem ocorrer explosões e as fagulhas podem ainda ser espalhadas pelo vento,
aumentando a dimensão do incêndio (Castro, Carlos & Abrantes, 2009).

Em suma podemos dizer que os incêndios não assumem todos a mesma tipologia nem se
limitam a uma única fonte de ignição, podendo também ser diferenciados em função da sua
forma de propagação. No subcapítulo seguinte analisaremos com mais pormenor tanto as causas
como os meios de propagação dos incêndios e as consequências que podem advir de cada tipo
de incêndio.

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2.4. PRINCIPAIS CAUSAS, MEIOS DE PROPAGAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
DOS INCÊNDIOS

Considerando a breve análise bibliográfica efetuada, relativa à temática dos incêndios, em que
os autores já citados (Colaço, 2009; Castro, Carlos & Abrantes, 2009; Mimani, 2008; Brás,
2010; Vicêncio, 2011, Borges et al., 2016; entre outros), evidenciam o facto de que a maior
parte dos incêndios têm origem na atividade humana, apesar de existirem evidências
comprovadas, e também registadas na bibliografia de suporte, de que algumas das ocorrências
são fruto da natureza, nomeadamente os incêndios que deflagram após a queda de um raio ou os
que resultam da combustão vegetal face à exposição elevada de calor (Stern-Gottfried & Rein,
2012).

No que concerne aos incêndios de origem humana, alguns autores afirmam que estes são
consequência da falta de prevenção ou então, de forma menos numerosa, são provocados
propositadamente, de forma criminosa (Colaço, 2009; Majdalani et al., 2016).

Dentro do grupo dos incêndios que resultam da atividade humana, podem ser distinguidos
quatro grupos específicos em função da sua forma de ignição. A forma térmica, que são
considerados os incêndios de chama nua, onde esta deflagra por causa de equipamentos
produtores de calor ou motores de combustão interna. A forma de ignição elétrica, como são
exemplo, as descargas elétricas, o sobreaquecimento de aparelhos, a má utilização ou
manutenção de aparelhos elétricos. A terceira forma de ignição considerada é a mecânica e diz
respeito aos incêndios que resultam de faíscas provocadas por ferramentas ou equipamentos e
ao sobreaquecimento provocado pela fricção mecânica. Por último temos as fontes de origem
química que estão relacionadas com reações químicas exotérmicas ou com a reação de
substâncias auto-oxidantes (Vicêncio, 2011; Xia Zhang et al, 2017).

Quando ocorrem os incêndios, estes propagam-se por um espaço e por um determinado período
de tempo, do fogo, a sua expansão também pode ser avaliada em função de determinadas
características (Castro, Carlos & Abrantes, 2009).

Todas estas tipologias de incêndios dão origem a consequências negativas, podendo estas serem
vítimas humanas, prejuízos ao nível de equipamentos e de materiais, destruição de património
ambiental e de destruição paralela da natureza através da poluição genérica e até da
contaminação de águas. Nos incêndios urbanos, os danos também têm em conta a perda de
património cultural e histórico (Castro, Carlos & Abrantes, 2009).

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O início de um incêndio pode, como vimos, ocorrer de várias maneiras e a forma como estes se
propagam também é heterogénea. Ambas estas características dificultam todas as ações que se
empreendem em torno da sua prevenção dado que implica uma atenção redobrada não só à ação
humana como às condições naturais que, em algum momento podem confluir para que um
incêndio comece. As consequências destes acidentes, sejam provocados pela mão humana,
sejam determinadas por um conjunto de fatores de origem natural ou a mistura tanto da ação
humana como da influência das condições naturais podem ser catastróficas não só para os bens
materiais e naturais como para as próprias vidas das pessoas e por isso é muito importante que,
considerando toda a tipologia de incêndios, se promovam estratégias que possam minimizar
ocorrências, propagações e danos. É neste sentido que se tem vindo a trabalhar ao longo dos
anos com vista à criação de um sistema de regras e legislação que possa, se não erradicar os
incêndios, pelo menos controlar e minimizar as vezes que ocorrem e, principalmente, atuar de
forma rápida e correta sempre que um deflagra. No próximo item analisamos o Regulamento de
Segurança Contra Incêndios em Edifícios que tem a sua génese, precisamente, nesta asserção de
prevenir para não ter que se remediar.

2.5. A REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM


EDIFÍCIOS

A SCIE é uma matéria, atualmente legislada, que diz respeito a toda a comunidade e dada a sua
importância na medida em que esta tem um forte impacto na vida das pessoas e na economia
das regiões e do país. Tal como já vimos acima os incêndios têm consequências que podem ser
devastadoras e podem mesmo afetar vidas humanas. É por isso que diversos autores, em
conformidade com o que está previsto na legislação, consideram que a SCIE deve estar
integrada nos princípios gerais da preservação da vida humana, do ambiente e do património
cultural (Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro).

O diploma legal que estipula as medidas e a necessidade de implementação da SCIE,


designadamente, o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, tem como principal objetivo a
diminuição da probabilidade de ocorrência de incêndios e por isso estipula um conjunto de
medidas de prevenção. Não obstante, é ainda objetivo deste diploma a limitação, ou
circunscrição ao mínimo espaço possível de um incêndio, bem assim como os seus efeitos,
sendo que, neste campo, são editadas medidas de proteção e de intervenção ao combate às
chamas. Bem como, a criação de condições de facilitação da evacuação e do salvamento das
vidas em risco, de modo a permitir uma intervenção eficaz e segura dos meios de socorro,
garantindo também a segurança das pessoas que fazem parte das equipas de combate ao
incêndio.

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É neste contexto que se torna premente a implementação de uma cultura de segurança nos
edifícios e organizações em que a gestão dos espaços possa ser enquadrada com os meios
técnicos e físicos com que os mesmos estão dotados.

Para que estas medidas sejam de facto eficazes elas têm que ser abrangentes e envolver em si
mesmas uma multidisciplinariedade de áreas como a educação para a segurança, a engenharia
de segurança, o planeamento de segurança, a inspeção de segurança e a investigação de
incêndios (Castro & Abrantes, 2009)

De acordo com Castro & Abrantes (2009), as medidas de segurança a implementar previstas no
SCIE são classificadas em dois grupos principais: passivas e ativas.

As medidas passivas devem ter caráter permanente e, dentro delas pode-se atender ao exemplo
das disposições legais para a construção dos próprios edifícios. Já nas medidas ativas, que são
aquelas que se impulsionam só em caso de ocorrência de incêndio, podemos enquadrar os
sistemas e equipamentos de deteção e combate ao fogo. Em ambos os grupos de medidas, elas
assumem-se como sendo físicas ou de natureza humana e organizacional. É fácil de entender
que as medidas físicas correspondem aos materiais e elementos de construção e aos meios de
extinção e as humanas dizem respeito à componente organizacional do plano de segurança que
compreende o plano de emergência, o plano de prevenção, o plano de registos de segurança, a
formação, os simulacros e outras medidas que possam vir a ser delineadas, com os objetivos
correspondentes àqueles que constituem a base de redação do SCIE (Roberto & Castro, 2010).

Considerando todo este conjunto de medidas a ter em conta, Roberto & Castro (2010),
recomendam que, todas elas, devem ser complementadas por outras por forma a que a sua
eficácia seja efetivamente garantida e assim se possa diminuir o risco de incêndio a níveis
aceitáveis. Tendo em conta esta opinião, os utilizadores dos edifícios “devem ter conhecimento
das medidas e saber usar das mesmas em função da sua segurança” (Roberto & Castro, 2010).
Da mesma forma, estes autores entendem ainda que as medidas devem ser mantidas ao longo do
tempo, pois só assim se poderá garantir a sua operacionalidade permanente.

É neste sentido que o recomendar a estruturação de uma organização capaz de gerir as


condições de segurança contra risco de incêndio durante todo o ciclo de vida dos edifícios se
torna fundamental e por isso é necessário executar as chamadas Medidas de Autoproteção. Estas
medidas, são sobretudo de natureza humana e constituem um apelo à alteração dos
comportamentos das pessoas, pois só através de uma mudança de posição face ao risco, vai ser
possível entender e sentir-se compelido a atuar em função das medidas e da minimização do
risco de incêndio (Roberto & Castro, 2010). Dentro deste conjunto humano, sobressai um grupo

14
de entidades com maiores responsabilidades na segurança contra incêndios. Ainda que estas,
relembre-se, façam parte das obrigações de todos.

Segundo Sabença (2010) as responsabilidades começam a ser imputadas à componente humana


a partir do momento em que se dá início à projeção do futuro edifício, uma vez que este deve ser
projetado com vista a oferecer as condições de segurança contra incêndios necessárias. Para
além destes primeiros responsáveis, outros externos, devem ter um papel ativo, como sendo as
entidades coordenadoras. Como por exemplo: os autores dos projetos; os coordenadores dos
projetos de operações urbanísticas; a empresa responsável pela execução da obra; o diretor de
obra; e o diretor de fiscalização de obra, tal como está previsto no Decreto-Lei n.º 220/2008, de
12 de novembro.

Quando se trata de edifícios, estabelecimentos e instalações industriais que já estejam


construídos e em atividade, existe ainda a questão da responsabilidade pela manutenção das
condições de segurança contra risco de incêndio, que estão previstas nas MAP e que remetem o
maior grau de responsabilidade para o proprietário, no caso do edifício ou recinto estar na sua
posse; a quem detiver a exploração do edifício ou do recinto; às entidades gestoras no caso de
edifícios ou recintos que disponham de espaços comuns, espaços partilhados ou serviços
coletivos, sendo a sua responsabilidade limitada aos mesmos (Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12
de novembro).

Também a Administração Pública tem um papel importante em todo este processo. A ela cabe
criar normas e fiscalizar com vista a garantir que as condições de segurança existam e são
respeitadas. Em caso de ocorrência de incêndio esta entidade deve intervir para garantir que este
terá as menores consequências possíveis (Castro & Abrantes, 2009).

Também fazem parte do conjunto de entidades já referidas, os bombeiros. Também esta


entidade tem por missão a proteção da vida e bens da população da sua área de atuação própria,
exercendo a sua atividade nas áreas do combate e prevenção de incêndios, da saúde e
emergência médica pré-hospitalar. Para além destes também a Associação Nacional de Proteção
Civil (ANPC), a quem cabe a responsabilidade de planear, coordenar e executar a política de
proteção civil, designadamente na prevenção e reação a acidentes graves e catástrofes de
natureza tecnológica ou natural, de proteção e socorro de populações e de superintendência da
atividade dos bombeiros.

A ANPC é a entidade a quem compete assegurar a verificação do cumprimento do Regime


Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJ-SCIE), entrando em ação na fase
prévia do licenciamento. Para cumprir a sua função deve realizar inspeções regulares e
extraordinárias aos edifícios e recintos em fase de exploração. Com estas inspeções vão ser

15
verificadas as condições de manutenção do SCIE previamente aprovadas. Nas mesmas
inspeções são ainda aferidas as formas como os responsáveis pelos edifícios implementam e põe
em prática as MAP (ANPC, 2013).

Outra das entidades a quem cabe grande parte da responsabilidade pelo cumprimento da SCIE
são as Câmaras Municipais. A estas compete fiscalizar o cumprimento das condições do SCIE,
sobretudo no que diz respeito à primeira categoria de risco (Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de
novembro).

Também a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) tem por função
fiscalizar o cumprimento das normas, atendendo, principalmente à colocação no mercado dos
equipamentos referidos no regulamento técnico – Portaria nº 1532/2008 de 29 de dezembro
(Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro).

Acrescem, ainda a estas entidades as seguintes:

 Entidades licenciadoras da atividade de construção - (Direção Geral de Energia e


Geologia; o Turismo de Portugal, I.P., a Direção-Geral da Empresa e a Inspeção Geral
das Atividades Culturais);

 Instituto Português da Qualidade (IPQ) - (a quem compete a normalização de


equipamentos, materiais e processos, como é o caso da manutenção dos extintores);

 Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - (que afere acerca da qualificação de


materiais sob o ponto de vista de reação ao fogo);

 Entidades seguradoras - (que fazem a cobertura dos riscos de incêndio);

 Outras entidades - (escolas superiores, escola nacional de bombeiros, empresas e


entidades que exercem a sua atividade na área da segurança contra incêndios –
comercialização, instalação e/ou manutenção – nomeadamente as abrangidas pela
Portaria n.º 773/2009 de 21 de julho).

De acordo com a legislação vigente que estabelece a SCIE todos os edifícios e recintos ao ar
livre estão obrigados a criar e manter medidas de segurança contra incêndios.

Assim, o atual RJ-SCIE, que como já vimos é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12
de novembro, engloba as disposições regulamentares de segurança contra incêndios aplicáveis a
todos os edifícios e recintos, e é constituído por cinco capítulos e seis anexos.

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No segundo capítulo do mesmo diploma, e após as disposições gerais, é feita uma descrição dos
edifícios e recintos e reafirma-se que toda a tipologia de edifícios e recintos são obrigados à
SCIE. Em suma, este diploma abrange os edifícios habitacionais; os hoteleiros e de restauração;
os estacionamentos; os edifícios comerciais e as gares de transporte; os edifícios
administrativos; os desportivos e de lazer; os escolares; os museus e galerias de arte; os
hospitalares e lares de idosos; as bibliotecas e arquivos; as salas de espetáculos e reuniões
públicas; as estruturas industriais, as oficinas e armazéns.

Importa ainda referir que o corpo legal do SCIE está disperso por um conjunto de normativos
legais que vêm complementar o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, conforme se
apresenta abaixo:

• Portaria n.º 1532/2008, 29 de dezembro: Aprova o Regulamento Técnico de Segurança


Contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE);

• Portaria n.º 64/2009, de 22 de janeiro: Estabelece o regime de credenciação de entidades


pela ANPC para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspeções das condições de
SCIE;

• Portaria n.º 610/2009, de 8 de junho: Regulamenta o funcionamento do sistema


informático previsto no n.º 2 do artigo 32.º do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro
(Registo da atividade de comercialização, instalação, manutenção de equipamentos de SCIE);

• Portaria n.º 773/2009, de 21 de julho: Define o procedimento de registo, na Autoridade


Nacional de Proteção Civil (ANPC), das entidades que exerçam a atividade de comercialização,
instalação e ou manutenção de produtos e equipamentos de SCIE.

• Portaria n.º 1054/2009, de 16 de setembro: Define as taxas por serviços de segurança


contra incêndio em edifícios prestados pela ANPC.

• Despacho n.º 2074/2009 do Presidente da ANPC, publicado no Diário da República


n.º10, Série II, de 15 de janeiro, conforme previsto no n.º 4 do artigo 12.º do Decreto-Lei
n.º220/2008 de 12 de novembro: Define critérios técnicos para determinação da densidade de
carga de incêndio modificada.

• Decreto-Lei n.º 224/2015, 9 de outubro: Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º


220/2008, de 12 de novembro, que estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndio
em edifícios.

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Como reflexão final, sublinha-se a importância que o conjunto normativo legal de SCIE tem
para o bom funcionamento social e para a garantia de segurança de bens e cidadãos. Sempre
considerando como premissa principal a segurança dos cidadãos e dos seus bens, bem como dos
bens comuns a toda a sociedade. Deste modo, é importante aprofundar o estudo no âmbito da
autoproteção e da exploração de segurança contra incêndios, pelo que será abordada esta
temática no subcapítulo seguinte.

2.6. AUTOPROTEÇÃO E EXPLORAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA


INCÊNDIOS

Todos os espaços dos edifícios e recintos, com exceção dos espaços interiores dos fogos de
habitação e das vias horizontais e verticais de evacuação, são classificados entre seis possíveis
locais de risco, de A a F, conforme a natureza do risco, e tal como está estabelecido no Decreto-
Lei n.º 220/08, de 12 de novembro. Assim tem-se:

Local de Risco A – é aquele que não apresenta riscos especiais e onde se verifiquem
simultaneamente as seguintes condições: o efetivo não exceda 100 pessoas; o efetivo de público
não exceda 50 pessoas; mais de 90% dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade
ou nas capacidades de perceção e reação a um alarme; as atividades nele exercidas ou os
produtos, materiais e equipamentos que contém não envolvam riscos agravados de incêndio.

Local de Risco B – é o local que tem acesso ao público ou ao pessoal afeto ao estabelecimento,
com um efetivo superior a 100 pessoas ou um efetivo de público superior a 50 pessoas, no qual
se verifiquem simultaneamente as seguintes condições: mais de 90% dos ocupantes não se
encontrem limitados na mobilidade ou nas capacidades de perceção e reação a um alarme; as
atividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que contém não envolvam
riscos agravados de incêndio.

Local de Risco C – este apresenta riscos agravados de ocorrência e de propagação de incêndio


devido às atividades nele desenvolvidas e às características dos produtos, materiais ou
equipamentos que encerra.

Locais de risco C agravado (C+) – nestes locais reúnem-se as seguintes características: volume
superior a 600 m3; densidade de carga de incêndio modificada superior a 20 000 MJ; potência
instalada dos equipamentos elétricos superior a 250 kW; potência instalada dos equipamentos
alimentados a gás superior a 70 kW; locais de pintura ou aplicação de vernizes em oficinas,
incluindo produção, depósito, armazenagem ou manipulação de líquidos inflamáveis em
quantidade superior a 100 l.

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Locais de Risco D – local de um estabelecimento com permanência de pessoas acamadas ou
destinado a receber crianças com idade não superior a seis anos ou pessoas limitadas na
mobilidade ou nas capacidades de perceção e reação a um alarme.

Local de Risco E – local destinado a dormida, em que as pessoas não apresentem as limitações
indicadas nos locais de risco D.

Local de Risco F – local que possua meios e sistemas essenciais à continuidade de atividades
sociais relevantes, nomeadamente os centros nevrálgicos de comunicação, comando e controlo.

Para cada utilização tipo dos edifícios é ainda apontada a classificação do Risco de Incêndio em
conformidade com a categoria de risco correspondente a cada um. As Categorias de Risco (CR),
por seu turno, estão organizadas em quatro níveis: o nível de risco reduzido, o de risco
moderado, o de risco elevado, no quarto nível o de risco muito elevado.

Para que se possa fazer esta classificação é necessário ter em conta vários fatores de risco,
independentes e da forma como eles se conjugam em cada tipologia de edifício. Os fatores a ter
em consideração são: a altura dos edifícios; os espaços cobertos ou ao ar livre que cada um
tenha; o número de pisos abaixo do plano de referência; a carga de incêndio e entre outros.
Assim, para cada CR são apontadas exigências de segurança e agentes de fiscalização
diferentes. Em função da atual regulamentação do SCIE as MAP têm também um papel
determinante e é por isso que na sua planificação devem constar um conjunto de medidas
preventivas, de medidas de intervenção, de registos de segurança, de formação e sensibilização
em segurança contra incêndios e da realização de simulacros.

As medidas preventivas ou plano de prevenção, descrevem os procedimentos a adotar pela


organização, para evitar a ocorrência de incêndios e para garantir a manutenção do nível de
segurança decorrente das MAP adotadas, e apontam também a preparação para fazer face a
situações de emergência. Neste conjunto de medidas preventivas estão definidos procedimentos
de prevenção que ditam regras de exploração e comportamentos, por forma a garantir a
manutenção das condições de segurança, nomeadamente o acesso dos meios de socorro, o
desimpedimento das vias de evacuação, a vigilância dos locais de maior risco e segurança nos
trabalhos de manutenção e entre outras.

As medidas de intervenção, são aquelas que podem aparecer, dependendo das situações, sob a
forma de Procedimentos em Caso de Emergência, onde são definidas previamente um conjunto
de regras a adotar perante uma emergência, de forma a adequar as respostas aos riscos de
catástrofe natural e tecnológica. Estas devem conter as ações de deteção, alarme e alerta e as
ações de combate e evacuação. Elas podem também assumir a forma de Plano de Emergência

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Interno (PEI), onde estão indicadas as MAP a adotar por parte da organização, para fazer face a
uma situação de incêndio nas instalações, nomeadamente a organização, os meios humanos e
materiais e os procedimentos a adotar nessa situação. As medidas de intervenção devem conter
também, o plano de atuação e de evacuação.

Já os registos de segurança, são o conjunto de documentos que contêm os registos de ocorrência


e de relatórios relacionados com a segurança contra incêndios. Estas ocorrências serão
registadas com a data de início e fim, identificação do responsável pelo acompanhamento, dos
trabalhos de conservação ou manutenção das condições de segurança, as modificações,
alterações e trabalhos perigosos efetuados, incidentes, avarias, e também visitas de inspeção das
autoridades competentes para o efeito.

A formação e sensibilização em segurança contra incêndios, também deve fazer parte das
medidas de autoproteção. Esta componente inclui um conjunto de ações que visam melhorar as
competências dos utilizadores dos espaços e compreendem a sensibilização para a segurança
contra incêndios, o cumprimento dos procedimentos de alarme e de evacuação e as instruções
básicas de manuseio de meios de intervenção.

Os simulacros, por sua vez, devem ser realizados com o objetivo de testar e preparar a resposta
o mais próximo possível da realidade. Estes deverão ser levados a cabo com vista à criação de
rotinas e à avaliação da eficácia do PEI. Estes exercícios devem ser realizados de acordo com a
utilização tipo e a respetiva CR.

2.7. O REGULAMENTO TÉCNICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS


EM EDIFÍCIOS

O RT- SCIE foi estipulado através da publicação da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro.
Este diploma legal visa estabelecer a regulamentação técnica das condições de SCIE, é
direcionado aos projetos de arquitetura, projetos de SCIE e aos restantes projetos de
especialidades a concretizar em obra. Trata-se de um documento legal que é composto por oito
capítulos, conforme abaixo se apresenta:

O capítulo I, remete para o objeto e para a definição da regulamentação técnica.

O capítulo II, que se subdivide em três partes, expõe as condições exteriores comuns,
nomeadamente as de segurança e acessibilidades e as limitações à propagação de incêndio pelo
exterior e ao abastecimento e prontidão dos meios de socorro.

20
No capítulo III, enquadra a legislação aplicável analisada e trata das condições gerais de
comportamento ao fogo, isolamento e proteção. Este é o capítulo que define as condições de
resistência ao fogo de elementos estruturais e incorporados; a compartimentação geral de fogo;
o isolamento e proteção de locais de risco; o isolamento e proteção das vias de evacuação; o
isolamento e proteção de canalizações e condutas; a proteção de vãos interiores e a reação ao
fogo.

Já as condições gerais de evacuação são expressas no capítulo IV onde, para além destas, são
ainda expressos os requisitos aplicáveis à evacuação dos locais, às vias horizontais e verticais de
evacuação e às zonas de refúgio.

No capítulo V são apresentados os resultados das observações levadas a cabo no âmbito da


presente investigação e também se leva a cabo a discussão dos mesmos resultados que tem
como principal enfoque a identificação das desconformidades encontradas e a proposta de
soluções para ultrapassar as mesmas.

O capítulo VI é constituído por 12 subcapítulos nos quais se aborda as condições gerais dos
equipamentos e sistemas de segurança, fazendo referência aos requisitos gerais da sinalização;
iluminação de emergência; deteção, alarme e alerta; controlo de fumo; meios de intervenção;
sistemas fixos de extinção automática de incêndios; sistemas de cortina de água; controlo de
poluição de ar; deteção automática de gás combustível; drenagem de águas residuais da extinção
de incêndios; posto de segurança e instalações acessórias.

Os dois últimos capítulos estão reservados às condições gerais de autoproteção e às condições


específicas das utilizações-tipo. Assim, no capítulo VII é apresentada a necessidade de adoção
das medidas de organização e gestão da segurança no decurso da exploração dos
edifícios/recintos, designadas de MAP, e por fim no capítulo VIII são expressas as condições
específicas das utilizações-tipo onde os requisitos e as condições de segurança contra incêndio
específicas para alguns tipos de utilização, nomeadamente: habitacionais, estacionamentos,
hospitalares e lares de idosos, espetáculos e reuniões públicas, comerciais e gares de transportes,
hoteleiros e restauração, desportivos e de lazer, museus e galerias de arte, bibliotecas e arquivos
e, por último, industriais, oficinas e armazéns.

Terminada a abordagem geral efetuada ao Regulamento Técnico da Segurança Contra Incêndios


em Edifícios, no próximo subcapítulo abordaremos a importância da execução de um Plano de
Segurança Interno (PSI), onde as Medidas de Autoproteção (MAP) devem estar definidas e
priorizadas.

21
2.8. MAP – A RELEVÂNCIA DE UM PLANO DE SEGURANÇA INTERNO

O Plano de Segurança Interno (PSI) é um instrumento de prevenção, gestão de recursos e


execução operacional no que se refere à segurança, normalmente com índole prioritária na
segurança contra incêndios (Fidalgo, 2012).

O PSI é um documento de fácil e rápida consulta, que sistematiza todas as normas e regras
enquadradas nas modalidades de segurança ativa e passiva, e que se destinam a diminuir e
minimizar os riscos associados a situações de alarme ou de fogo, a fim de orientar de forma
coordenada e segura todo o pessoal de serviço e o público presente nos edifícios, para o exterior
ou para um local denominado como seguro, até à chegada das autoridades competentes (Silva,
2014).

Este documento, cuja realização é da responsabilidade das entidades proprietárias ou usuárias


dos edifícios, tal como determinado no artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de
novembro, deve ser flexível e deve possibilitar atualizações e adaptações a situações não
previstas, objetivo na atribuição de funções, sendo também responsabilidades e realista face aos
meios existentes (Silva, 2014; Freitas, 2008).

Um dos principais propósitos do PSI é a identificação de perigos e ameaças, e a minimização


dos efeitos. Para tal impõe-se necessário a previsão de cenários e o estabelecimento de regras,
normas e rotinas de procedimentos e também a definição das medidas de intervenção e de
evacuação (Fidalgo, 2012; Pinheiro, 2012).

Para garantir a dinâmica do documento e as frequentes adaptações às realidades dos edifícios e


elementos operacionais dos mesmos é importante que este seja estruturado por um sistema
organizado e dividido em capítulos e secções (Silva, 2014).

Com vista à obtenção destes objetivos este documento interno, deve ter um registo de
segurança; um plano de prevenção; uma lista de procedimentos a ter em conta em caso de
emergência; uma lista de ações de formação em SCIE; e um plano de realização de simulacros
(Silva, 2014; Pinheiro, 2012; Freitas, 2008).

As equipas de apoio especializado, como os Serviços Municipais de Proteção Civil, Bombeiros


e PSP devem emitir opinião acerca do documento elaborado e pronunciar-se tecnicamente em
relação aos PSI, assessorando na programação, planeamento e execução de simulacros (Fidalgo,
2012).

22
Definido como a sistematização de um conjunto de normas e regras de procedimentos o PSI
assume-se como o garante da segurança das pessoas e dos bens e a sua contribuição é tanto
maior quando apela à participação e envolvimento de todos na sua execução e implementação
efetiva, sendo que neste âmbito a formação e o treinamento têm um papel fulcral, ao nível da
sua eficácia (Pinheiro, 2012).

O diploma legal que institui o PSI, tal como já referido, é o Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de
novembro, e que foi alterado e republicado em 2015 sob a designação de Decreto-Lei n.º
224/2015 de 9 de outubro. No artigo 21.º deste diploma legal é feita uma alusão direta às
Medidas de Autoproteção (MAP).

3. AS ÁGUAS RESIDUAIS E O APARECIMENTO DAS ESTAÇÕES DE


TRATAMENTO

3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A condução das águas residuais para uma localização específica com vista ao seu tratamento é
um procedimento recente, com pouco mais de cem anos de história. Na verdade a história
regista que as primeiras tentativas de recolha de águas residuais remontam ao início de século
XIX, mas só no final deste é que houve uma real preocupação das entidades responsáveis pelo
desvio e recolha das águas que até então, mesmo nos maiores centros urbanos, os habitantes
despejavam nas sarjetas e atiravam para a rua em frente às suas portas de entrada (Coelho,
2008).

Este impulso para o desvio das águas foi motivado pelo avanço na ciência, principalmente na
medicina, que viria a estipular uma ligação direta entre as águas residuais e a propagação de
germes e vírus que estavam, na origem de várias doenças (Beltrão, 2005).

Para além disso, e sobretudo nas últimas décadas do século XX, o crescimento dos agregados
populacionais contribuiu para o aumento da necessidade de água nos grandes centros urbanos e
também obrigou a que se pensassem em alternativas para as águas residuais resultantes desse
acrescento exponencial de consumo. Antes, sobretudo até meados desse século, as massas de
água que resultavam da utilização das populações não consideravam a própria capacidade
regenerativa da água pelo que os rios e outros pontos aquíferos eram explorados sem limites,

23
não só na extração de água para o abastecimento, mas também na fase de receção das águas
usadas (Beltrão, 2005).

Tal facto deu origem à rápida e perigosa degradação dos lençóis aquáticos do nosso país e até
dos freáticos a que viria a ser posto um freio com a entrada de Portugal na Comunidade
Económica Europeia (CEE). Com a adesão do nosso país a esta organização foi possível realizar
avultados investimentos no setor da água o que veio alterar a estratégia que então se tinha face à
mesma e, consequentemente, melhorar os níveis de cobertura e a qualidade do serviço (Coelho,
2008).

Este foi, no entanto, um caminho difícil pois as imposições de contrapartida ao financiamento


europeu eram muitas e o país nem sempre se mostrou capaz de cumprir com todas tendo sido
necessário, em 1993, que o Governo interferisse numa clara tentativa de reorganizar o setor.
Assim foram publicados o Decreto-Lei n.º 372/93, de 29 de outubro, e o Decreto-Lei n.º 379/93
de 5 de novembro, que visavam a promoção da sustentabilidade ambiental, e a garantia de
acesso universal e contínuo aos serviços por parte da população. A partir dos mesmos
documentos legais ficava também prevista a equidade dos preços (RASARP, 2009).

Com todas estas alterações passa-se também a entender como complementar a necessidade de
abastecimento e a necessidade de tratamento da água que resultava do abastecimento, por isso é
que o setor das águas se subdivide em dois serviços distintos: o serviço de abastecimento de
água para consumo humano e o serviço de saneamento de águas residuais urbanas. A partir da
criação dos sistemas multimunicipais, ambos os serviços passaram a ser classificados como
sendo de alta e baixa, designação que deriva das atividades levadas a acabo pelas várias
entidades gestoras. Os sistemas em alta correspondem às atividades grossista e retalhista dos
setores de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais urbanas (RASARP, 2009).

Nos serviços de saneamento de águas residuais urbanas, os sistemas em alta são aqueles que
compreendem o tratamento, transporte e descarga das águas residuais de origem urbana no meio
hídrico e os sistemas em baixa englobam a recolha e drenagem de águas residuais urbanas.
Assim, no âmbito deste enquadramento, temos as Estações de Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) que se encaixam nos sistemas em baixa (Coelho, 2008).

O atual setor de águas em Portugal funciona em regime de monopólio natural, o que quer dizer
que só existe uma entidade gestora a prestar os serviços de águas nas áreas geográficas de
atuação. No entanto, e por forma a garantir a autorregulação, os interesses dos consumidores,
nomeadamente, os preços e a qualidade dos serviços, são garantidos pela Entidade Reguladora
dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), que se constituiu em 2009 em substituição do

24
primeiro organismo criado em 1997 e que se designava por Instituto Regulador de Águas e
Resíduos (IRAR).

Da parte da Comunidade Europeia o principal instrumento jurídico acerca da água, da sua


gestão e controle, é a Diretiva 2000/60/CE do Parlamento e do Concelho, de 23 de outubro,
denominada: Diretiva Quadro da Água. Através deste entendimento legal comunitário é
estabelecido um quadro de ação para a proteção das águas de superfície interiores, das águas de
transição, das águas costeiras e das águas subterrâneas. A publicação da Lei da Água, a Lei n.º
58/2005, de 29 de dezembro, e do Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de março, têm por base os
preceitos estipulados na Diretiva Comunitária.

Através deste quadro legal ficam expressas as bases e o conjunto institucional que sustenta a
gestão sustentável das águas no nosso país. É também em conformidade com este conjunto
jurídico que se confere autoridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que assume as
funções da Autoridade Nacional da Água, cuja figura representa o Estado em todo o processo de
gestão de águas e garante que os pareceres legais e que a política nacional da água é cumprida.
Neste contexto legal está integrado o sistema de drenagem e tratamento de águas (Beltrão,
2005).

Atualmente todo o sistema de drenagem e tratamento de águas residuais do nosso país está
descrito no Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Águas e Águas Residuais
(INSAAR) que pode ser descrito como um sistema de informação que reúne todos os dados
acerca do ciclo urbano da água. Compete às entidades gestoras dos sistemas de abastecimento
de água e de águas residuais proceder à atualização deste sistema de informação e é através dele
que tomamos conhecimento dos dados disponíveis no sistema é ainda possível registar uma
evolução na cobertura ao longo dos últimos anos e uma descida bastante saliente no uso de
fossas séticas, prevalecendo agora a percentagem de 97% para a quantidade de águas residuais
tratadas em ETAR (INSAAR, 2014).

Para além do INSAAR a Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, a que corresponde a Lei de Bases do
Ambiente, no seu artigo 10. º enquadra os parâmetros legais acerca da água e dos sistemas de
drenagem da mesma.

O reflexo do atual enquadramento legal é certamente um fator primordial, ao nível da evolução


muito positiva no caminho para a sustentabilidade do meio ambiente e recursos naturais, bem
como para a promoção do conforto e qualidade de vida da sociedade em geral.

25
3.2. PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

O processo “típico” de tratamento das águas residuais passa por quatro fases classificadas,
segundo o grau de tratamento:

Fase preliminar: nesta fase, os resíduos do efluente líquido são sujeitos a uma separação dos
sólidos de maiores dimensões, através do processo da gradagem, (grades finas e grossas e
peneiras rotativas);

Fase primária: o efluente líquido passa agora para o tratamento propriamente dito, que consiste
na separação dos poluentes da água, através da adição de químicos que vão originar a
floculação, permitindo obter flocos de matéria poluente de maiores dimensões, e assim, serem
mais facilmente separáveis ou decantáveis;

Fase secundária: o processo secundário, também designado por processo biológico, consiste na
eliminação da matéria poluente por microrganismos. Este processo desenvolve-se em tanques
com grande quantidade de microrganismos aeróbios, após o qual a água apresenta um nível de
poluição aceitável, que por vezes é devolvida ao exterior sem necessitar de passar pelo processo
terciário;

Fase terciária: este processo acontece antes das águas serem devolvidas ao exterior, onde se
procede à desinfeção das águas para remover os organismos patogénicos, através da adição de
cloro. Terminado este processo, a água é lançada para os recursos hídricos com um nível de
poluição aceitável de acordo com a legislação aplicável, e sem perigo para o meio ambiente
(Coelho, 2008)

Na Figura 1, que a seguir se apresenta pode observar-se, de forma esquematizada o processo


“típico” de tratamento das águas residuais e as fases que o mesmo envolve.

26
FIGURA 1: PROCESSOS QUÍMICOS E PROCESSOS FÍSICOS NUMA ETAR (FONTE: OLIVEIRA (1995))

É no desenvolvimento de todo este processo de tratamento das águas residuais, que os


trabalhadores ficam expostos a vários riscos ocupacionais, designadamente aos agentes
biológicos nocivos para a sua saúde (Pinto, 2005).

Estes riscos dividem-se em dois grupos:

Riscos inerentes ao funcionamento biológico e físico-químico da ETAR, provocados pela


insuficiência de oxigénio atmosférico, normalmente associado a sistemas de tratamento de
lamas, sistemas compactos, fechados ou enterrados, pela existência de gases ou vapores
perigosos, que podem encontrar-se no ambiente de uma ETAR e assim constituir risco de
intoxicação e asfixia; e os riscos inerentes a aspetos físicos relacionados com a
implantação, soluções construtivas ou mesmo os arranjos exteriores das ETAR. O
aumento brusco de caudal e inundações, o risco de soterramento por colapso e
derrocadas de infraestruturas, o risco de queda em altura, na limpeza e operação dos
órgãos de tratamento ou na manutenção dos equipamentos eletromecânicos (Pinto,
2005).

De acordo com que se aferiu fica claro que existem muitos riscos associados ao
funcionamento de uma ETAR. Riscos estes que tanto incorrem contra a integridade
física dos funcionários das ETAR’s quanto os cidadãos que delas se possam aproximas
e mesmo a natureza envolvente. Assim impõem-se que todos os requisitos de segurança
sejam efetivamente colocados em prática tendo em vista a redução e a eliminação da
ocorrência de incidentes.

27
3.3. A SEGURANÇA NAS ETAR

As questões de segurança são de extrema importância numa ETAR uma vez que nestas
estruturas existem riscos elevados para a saúde dos trabalhadores. Esta ideia é expressa em
linguagem legal através do artigo 79.º da Lei 102//2009, de 10 de setembro que entretanto, foi
alterada pela Lei n.º 42/2012, de 28 de agosto e pela Lei nº 3/2014 de 28 de janeiro. Estes
documentos classificam a atividade desenvolvida numa ETAR de risco elevado, devido à
exposição a agentes biológicos do grupo 3 e/ou 4 e também pelo facto de os trabalhadores
lidarem com produtos químicos. Ou seja, trata-se de um ambiente de trabalho que se pode
revelar perigoso (Pinto, 2005).

Tendo em conta o facto de que as atividades exercidas nas ETAR são bastante específicas, foi
publicada em 2002, a Portaria nº 762/2002, de 1 de julho que estipula e regulamenta as
prescrições de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho dos trabalhadores na Exploração dos
Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais que realizam
atividades nestes locais de trabalho (Santos, 2008).

Em conformidade com o estabelecido neste documento legal as ETAR têm locais de trabalho
potencialmente perigosos, sendo: a) Os que apresentem riscos de afogamento, nomeadamente
câmaras de aspiração de estações elevatórias, bacias de retenção e órgãos de estações de
tratamento; b) As câmaras de visita ou de inspeção; c) Os coletores visitáveis; d) As estações
elevatórias e as estações de tratamento, particularmente quando enterradas, se desprovidas de
ventilação eficaz; e) As instalações de digestão de lamas e as de recuperação e armazenagem de
biogás; f) As zonas de armazenagem, preparação e aplicação de substâncias utilizadas nas
instalações de tratamento de águas residuais; g) Os locais de instalação dos equipamentos
mecânicos e elétricos das estações elevatórias e das estações de tratamento (Santos, 2008).

De acordo com este regulamento de segurança, os principais fatores de risco da atividade em


causa podem ser resumidos em quatro grupos:

• Insuficiência de oxigénio atmosférico - que reporta para a exposição de trabalhadores a


atmosferas suscetíveis de apresentar pouco oxigénio pelo que, só é permitida quando seja
garantido um teor volumétrico de oxigénio superior ou igual a 17%, salvo se for utilizado
equipamento de proteção adequado (aparelho de proteção respiratória autónomo) (Portaria n.º
762/2002 de 1 de julho).

28
• Existência de gases ou vapores perigosos – Alguns locais das ETAR podem apresentar
atmosferas contaminadas com gases suscetíveis de constituir risco de intoxicação, asfixia,
incêndio ou explosão. Os gases mais frequentes nesses locais e enquadrados neste contexto são:
o ozono, o cloro, o gás sulfídrico, o dióxido de carbono e o metano. Para além destes podem
ainda ser detetados vapores perigosos, como vapores de combustíveis líquidos, vapores de
solventes orgânicos, gases combustíveis e monóxido de carbono. Como procedimento regular as
entidades empregadoras devem ter sempre em conta as concentrações limite a partir das quais a
segurança e a saúde dos trabalhadores sejam postas em risco. Para além disto, nestes locais,
deve ser expressamente proibido foguear ou acionar dispositivos elétricos e eletrónicos não
específicos das instalações. Estes locais deverão estar devidamente sinalizados (Portaria n.º
762/2002 de 1 de julho).

• Contacto com reagentes - Devem ser tomadas medidas especiais na manipulação de


reagentes suscetíveis de provocar riscos de queimaduras, dermatoses, ulcerações ou outras
lesões cutâneas. Alguns exemplos de reagentes são: o óxido de cálcio, o hidróxido de cálcio, os
sais de alumínio, os sais férricos ou ferrosos e o cloro. O óxido de cálcio, o hidróxido de cálcio,
o sulfato de alumínio, o hipoclorito de sódio, e o cloreto de cálcio só devem ser manipulados em
atmosferas calmas e os trabalhadores devem utilizar equipamento de proteção dos olhos, vias
respiratórias, mãos e corpo. Sempre que ocorra uma queimadura, devem ser observadas as
indicações constantes da ficha de dados de segurança do reagente que a originou e, logo que
possível, o trabalhador deve ser submetido aos cuidados de saúde necessários. Na manipulação
de águas residuais ou lamas têm que ser tomados os seguintes cuidados: as cinzas resultantes da
incineração de lamas devem ser manipuladas tendo sempre em conta a sua composição, em
especial no respeitante a substâncias perigosas; o contacto com águas ou lamas que contêm
microrganismos patogénicos envolve em especial riscos de infeção, por isso os trabalhadores
devem estar especialmente protegidos; na amostragem e controlo analítico deve evitar-se a
utilização de material de vidro, pois sendo mais favorável aos cortes nas mãos, vai propiciar o
desencadear de uma infeção, o que é inseguro uma vez que na atmosfera existem
microrganismos patogénicos (Portaria n.º 762/2002 de 1 de julho).

• Aumento brusco de caudal e inundações súbitas - nas instalações de captação ou elevação


de água e nas de elevação e tratamento de águas residuais que exijam a permanência de
trabalhadores, situadas nos leitos maiores de pequenos e médios cursos de água e por isso
suscetíveis de estarem sujeitas a inundações súbitas, devem ser estabelecidos acessos
compatíveis com os níveis de cheias previsíveis. Deve ainda ser vigiada, durante a exploração, a
evolução das situações pluviosas. Quando se presuma que possam registar-se cheias superiores
às previstas, devem ser acionadas medidas de evacuação. Deve ainda tomar-se em consideração

29
os eventuais efeitos negativos das descargas de emergência. As manobras de válvulas que
isolem troços visitáveis de tubagens ou estações elevatórias com grupos em reparação devem
ser feitas em condições de segurança, de modo a não originar situações de perigo e os
programas de exploração dos sistemas devem prever medidas específicas a adotar nas situações
de inundações súbitas que resultem de rebentamentos ou de outras avarias de tubagens em
pressão (Art.º 4º, da Portaria n.º 762/2002 de 1 de julho).

Tal como se depreende do anteriormente exposto, é importante que se tenha em consideração


todos os preceitos de funcionamento de uma ETAR por forma a evitar acidentes que concorram
contra a vida dos seus funcionários e até mesmo das comunidades circundantes e também contra
o meio ambiente. É neste sentido que se torna fundamental a observação meticulosa da
legislação descrita e o ajustamento do funcionamento e gestão das ETAR’s à mesma.

30
CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA
ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO

1. HISTORIAL DAS ÁGUAS DO NORTE, S.A.

A Águas do Norte, S.A. foi constituída pelo Decreto-Lei n.º 93/2015, de 29 de maio, mediante a
agregação das empresas Águas do Douro e Paiva, S.A., Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro,
S.A., Simdouro – Saneamento do Grande Porto, S.A. e Águas do Noroeste, S.A., integradas no
Grupo Águas de Portugal. Em sequência, foi-lhe atribuída, pelo Estado Português, em regime de
exclusivo, a concessão da exploração e da gestão do sistema multimunicipal de abastecimento
de água e de saneamento do Norte de Portugal, pelo prazo de trinta anos.

A Águas do Norte S.A., com sede em Vila Real é a entidade gestora do sistema multimunicipal
em “alta” responsável pela captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público,
pela recolha, tratamento e rejeição de efluentes domésticos, urbanos e industriais e de efluentes
provenientes de fossas séticas.

A Águas do Norte assume também a exploração e gestão do sistema de águas da região do


Noroeste, em resultado da celebração de uma Parceria entre o Estado (Administração Central) e
8 Municípios (Administração Local), que concretiza um processo de verticalização que reuniu,
numa única entidade gestora, os serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas
residuais em “alta” (prestados aos Municípios) e em “baixa” (prestados aos utilizadores finais,
os munícipes), de forma regular, contínua e eficiente.

A exploração e gestão dos referidos sistemas incluem o projeto, a construção, a extensão, a


conservação, a reparação, a renovação, a manutenção e a melhoria das obras e das
infraestruturas e a aquisição dos equipamentos e das instalações necessários ao desenvolvimento
das atividades (http://www.adp.pt).

1.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PILARES DE ESTRATÉGIA

A estrutura organizacional atual da empresa é gerida pelo Conselho de Administração e a este


ligam-se os restantes departamentos da empresa que gerem e controlam o seu funcionamento,
nomeadamente o contacto com os clientes, os processos de engenharia e gestão de ativos, a
manutenção e os processos operacionais.

31
A Figura 2 é representativa da forma como a empresa Águas do Norte S.A, organiza o
seu funcionamento.

FIGURA 2: ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ÁGUAS DO NORTE (FONTE: ÁGUAS DO NORTE. S.A)

A estratégia da empresa Águas do Norte S.A, assenta nos três seguintes pilares, Missão,
Visão e Estratégia.

1.2. MISSÃO

Conceber, construir, explorar e gerir o sistema multimunicipal de abastecimento de água e de


saneamento do Norte de Portugal e o sistema de águas da região do Noroeste, num quadro de
eficiência e sustentabilidade económica, social e ambiental, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento socioeconómico da região.

1.3.VISÃO

Ser uma empresa de referência nacional no setor da água em termos de qualidade do serviço
público prestado e um parceiro ativo para o desenvolvimento da região onde se insere.

32
1.4. ESTRATÉGIA

A estratégia empresarial da Águas do Norte assenta em quatro pilares fundamentais, sendo eles
a proximidade, a eficiência, a satisfação dos acionistas e parceiros e a orientação para o cliente.
Com base nestes pressupostos orientadores a ETAR pretende assumir-se como uma empresa de
proximidade ao cliente e aos seus parceiros e uma empresa que cumpre as necessidades e as
expetativas dos municípios com que desenvolve parcerias e cujas águas recebe.
Da mesma forma a ETAR de Fornos visa a adoção de uma estratégia de eficiência que considera
não só os aspetos económicos por que se permeiam as empresas, mas que leva também em
consideração a eficiência ambiental e social.
A Figura 3, retirada do sítio de internet da Águas do Norte S. A, ilustra o fluxograma da
estratégia empresarial a seguir pela entidade em estudo.

FIGURA 3: ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO DA ETAR DE FORNOS (FONTE: WWW.ADNORTE.PT)

2. CARACTERIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS

A ETAR de Fornos, foi o local de estágio e objeto do presente estudo, cuja construção se
concluiu em julho de 2015, está dimensionada para o tratamento das águas residuais de uma
população de 8.400 habitantes, dos municípios de Castelo de Paiva e de Cinfães. Com um valor

33
de adjudicação de 2,35 milhões de euros, permitirá, através de soluções tecnologicamente
avançadas e sustentadas, garantir a preservação do meio ambiente e proporcionar às populações
destes dois concelhos, uma melhoria significativa da sua qualidade de vida.

Através da Figura 4, pode-se observar o espaço físico da estrutura da ETAR de Fornos,


correspondente à zona de entrada.

FIGURA 4: ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA)

2.1. LOCALIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS

A ETAR localiza-se no lugar do Castelinho, freguesia de Fornos, concelho de Castelo de Paiva,


distrito de Aveiro e faz fronteira com a freguesia de Souselo do concelho de Cinfães do distrito
de Viseu.

As suas instalações encontram-se circunscritas num perímetro industrial, situadas junto ao rio
Douro, distando cerca de 5.3 Km do centro da vila de Castelo de Paiva, conforme se pode
verificar através da Figura 5.

34
FIGURA 5: LOCALIZAÇÃO DA ETAR DE FORNOS (FONTE: (WWW.ADNORTE.PT)

2.2. CARACTERIZAÇÃO DOS CONCELHOS SERVIDOS PELA ETAR

Castelo de Paiva é uma vila portuguesa no Distrito de Aveiro, região do Norte e sub-região do
Tâmega, com cerca de 16 733 habitantes.

É um município constituído por 6 freguesias, Fornos, Raiva, Pedorido e Paraíso, Real, Santa
Maria de Sardoura, São Martinho de Sardoura, Sobrado e Bairros. Abrange uma área de
aproximadamente 115 km². Faz fronteira a norte com os municípios de Penafiel e Marco de
Canaveses, a leste com Cinfães, a leste e a sul com Arouca e a oeste com Gondomar.

Cinfães é um município do distrito de Viseu, com 239,29 km² de área] e 20 427 habitantes,
delimitado pelos rios Douro (a norte), Paiva (a poente) e Cabrum (a nascente), e a cordilheira da
Serra de Montemuro delimita toda a sua extensão a sul. Encontra-se subdividido em 14
freguesias, sendo limitado a norte pelos municípios de Marco de Canaveses e Baião, a leste por
Resende, a sul por Castro Daire e Arouca e a oeste por Castelo de Paiva. A população do
município de Cinfães tem vindo a decrescer continuamente devido aos movimentos migratórios.

35
2.3. ASPETOS HUMANOS

A ETAR está em funcionamento, desde meados de 2015. E tem um colaborador afeto a quem
compete a função de assegurar a vigilância e reportar informações sobre a ETAR. As restantes
responsabilidades estão atribuídas a outros responsáveis, do quadro de funcionários da empresa
Águas do Norte S.A., tal como demonstra o organigrama representado na Figura 6.

FIGURA 6: ORGANIGRAMA DE COLABORADORES (AFETOS E NÃO AFETOS À ETAR DE FORNOS) (FONTE: (WWW.ADNORTE.PT)

2.4. DESCRIÇÃO DAS INSTALAÇÕES

As instalações da ETAR são constituídas por dois edifícios distintos:


 Edifício de Exploração (Administrativo), constituído por 2 pisos, com área total de cerca
de 161,1 m2.
 Edifício Industrial (Processo), com uma área bruta de 427,40 m2, formado por 2 blocos e
4 tanques SBR - o Bloco 1 (Edifício de Pré-Tratamento) é constituído por 3 pisos,
sendo 1 desses pisos totalmente enterrado, não estando previsto o acesso de
trabalhadores; o Bloco 2 (Edifício de Tratamento Terciário) é constituído por 3 pisos,
sendo 1 desses pisos totalmente enterrado, não estando previsto o acesso de
trabalhadores. De salientar que os 2 blocos estão separados por 4 tanques SBR que
servem para efetuar o tratamento biológico da ETAR.

O processo consiste, de uma forma sucinta, num tratamento biológico de lamas ativadas em
reatores biológicos de funcionamento descontínuo, que irá atuar em três fases:

36
1. Tratamento Primário (físico): consiste no desengorduramento e separação das
partículas maiores, tais como areias, papéis, gorduras, lixo, e entre outros.
2. Tratamento Secundário (biológico): também designado por processo biológico,
consiste na eliminação da matéria poluente através de microrganismos. Este processo é
realizado em tanques com grande quantidade de microrganismos aeróbios, após o qual a água
apresenta um nível de poluição aceitável, que por vezes é devolvida ao exterior sem necessitar
de passar pelo processo terciário.
3. Tratamento Terciário: é realizado antes de as águas serem devolvidas ao exterior,
procedendo-se à desinfeção das águas para remover os organismos patogénicos, através da
utilização de raios ultravioletas. Através da Figura 7 pode-se observar o diagrama representativo
das operações que são levadas a cabo na ETAR em estudo.

FIGURA 7: DIAGRAMA DO PROCESSO DE TRATAMENTO DA ETAR DE FORNOS (FONTE: ETAR DE FORNOS)

Terminado este processo, a água é escoada para o rio Douro com um nível de poluição
aceitável, tendo em consideração os parâmetros legais exigíveis, e sem perigo para o
ecossistema ambiental.

3. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO

As medidas de autoproteção (MAP) estão devidamente desenvolvidas no Anexo II.

37
3.1. UTILIZAÇÃO TIPO

Conforme estipulado no Artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, alterado


pelo Decreto-Lei nº 224/2015, de 09 de outubro de 2015, o edifício possui as seguintes
utilizações tipo:

TIPO III – “ADMINISTRATIVOS”


Corresponde a edifícios ou partes de edifícios onde se desenvolvem atividades
administrativas, de atendimento ao público ou de serviços, nomeadamente escritórios,
repartições públicas, tribunais, conservatórias, balcões de atendimento, notários, gabinetes de
profissionais liberais, espaços de investigação não destinados ao ensino, postos de forças de
segurança e de socorro, excluindo as oficinas de reparação e de manutenção.

TIPO XII - “INDUSTRIAIS, OFICINAS E ARMAZÉNS”


Corresponde a edifícios, partes de edifícios ou recintos ao ar livre, não recebendo
habitualmente público, destinados ao exercício de atividades industriais ou ao armazenamento
de materiais, substancias, produtos ou equipamentos, oficinas de reparação e todos os serviços
auxiliares ou complementares destas atividades.

3.2. CATEGORIA DE RISCO

Para a Utilização-tipo III:

- Tem uma altura inferior a 9 metros;


- O efetivo é inferior a 100 pessoas;

Será classificado na 1.ª Categoria de risco.

Com base na Tabela 1, pode-se verificar os critérios para atribuição da categoria de


risco para a UT III.

38
TABELA 1: TABELA DA CATEGORIA DE RISCO DO TIPO III (ADMINISTRATIVO) (FONTE: ANPS, 2013)

Para a Utilização-tipo XII:


- Carga de Incêndio Modificada ≤ 5000 MJ/m2;
- Número de pisos ocupados pela UT XII abaixo do plano de referência ≤ 1.

Será classificado na 2ª Categoria de Risco.

Nota): A atribuição desta categoria de risco deveu-se ao facto de a empresa, com o


objetivo de manter concordância com o projeto de Segurança contra Incêndios que está para
aprovação pela ANPC, assim o ter solicitado.

A implantação do edifício industrial apresenta dois planos de referência para o acesso


dos meios exteriores em situação de emergência.

No Bloco 1 (Edifício de Processo), a entrada dos meios de socorro faz-se pelo caminho
público (da parte de baixo), que vai dar acesso à entrada do bloco, que se situa na mesma cota.
Este bloco tem 2 pisos acima do plano de referência.

O Bloco II (Edifício Terciário), o acesso para os meios de socorro faz-se pela entrada
principal da ETAR, ficando à mesma cota do edifício administrativo. Possui dois pisos abaixo
do plano de referência.

De salientar que estes blocos estão separados pelos tanques reatores biológicos
sequenciais que, assumem a designação SBR por derivar da designação em língua inglesa, onde
se dá o tratamento biológico, logo não existe qualquer ligação de um bloco para o outro.

De acordo com o Quadro X do Anexo III do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de


novembro, alterado pelo Decreto-Lei nº 224/2015 de 09 de outubro de 2015 e como o Bloco 2

39
do Edifício Industrial tem 2 pisos abaixo do plano de referência, estamos perante um edifício da
4ª categoria de risco.

Perante esta situação, foi considerada pertinente a elaboração do PEI, na possibilidade


da não aprovação pela ANPC e consequente agravamento da categoria de risco.

Na Tabela 2 (Quadro X) apresenta-se os critérios para atribuição da categoria de risco para a UT


XII.

TABELA 2: CATEGORIA DE RISCO DA UTILIZAÇÃO - TIPO XII (INDUSTRIAIS, OFICINAS E ARMAZÉNS) (FONTE: ANPS, 2013)

Perante estas categorias de risco, será adotada a categoria de risco mais elevada, ou seja,
2ª categoria de risco, de acordo com o artigo 13º, ponto 5, do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de
novembro, alterado pelo Decreto-Lei nº 224/2015 de 09 de outubro de 2015.

3.3. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO EXIGÍVEIS

Perante estas categorias de risco, e segundo o artigo 198º da Portaria n.º 1532/2008, de
29 de dezembro, as MAP a desenvolver são as que constam na Tabela 3 abaixo apresentada.

Será adotada a categoria de risco mais elevada, ou seja, a 2ª categoria de risco. Para esta
a Portaria prevê os procedimentos/ações/medidas descritas na Tabela 3, no entanto, na

40
eventualidade de uma não aprovação da ANPC e agravamento da categoria de risco, entendeu-
se desenvolver também o PSI, caso seja necessário.

TABELA 3: MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO PARA A 2ª. CATEGORIA DE RISCO (FONTE: ANPS, 2013)

MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO

(SEGUNDO A PORTARIA N.º 1532/2008 DE 29 DE DEZEMBRO)

Registos de segurança (art.º 201)

Plano de prevenção (art.º 203)

MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO Procedimentos em caso de emergência (art.º 204)

Ações de sensibilização e formação em SCIE (art.º 206)

Simulacros (artigo 207)

Mínimo 3 elementos e um delegado de segurança/ chefe


EQUIPAS DE SEGURANÇA
de equipa (art.º 200- Quadro XL)

COMPOSIÇÃO DAS EQUIPAS DE


Funcionários
SEGURANÇA

AÇÕES DE EVACUAÇÃO Funcionários / Delegado de segurança

Dois em dois anos (art.º 19 - Dec. Lei 200/2008 de 12 de


INSPEÇÕES REGULARES
novembro)

41
CAPÍTULO IV – METODOLOGIA E DADOS DE ESTUDO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO PRÁTICO DE ESTUDO

Considerando o paradigma qualitativo, que para Lima (2001), tem por preocupação primordial
compreender o fenómeno, descrever o objeto de estudo, interpretar valores e relações, não
dissociando o pensamento da realidade, desenvolveu-se o presente estudo de caso de cariz
qualitativo que se centrou na observação direta e na recolha de informações “in loco”, mais
concretamente, na ETAR de Fornos, que abrange um contexto populacional de 8.400 habitantes
dos concelhos de Castelo de Paiva e de Cinfães.

A metodologia levada a cabo compreendeu fases de realização distintas, sendo que


primeiramente foram consideradas todas as especificidades do setor de atividade em análise
fazendo-se recair atenção especial nos perigos que lhe estão inerentes, seja para os utentes seja
para os profissionais que ali desenvolvem a sua atividade laboral.

Ao longo deste primeiro processo de análise foram avaliadas e descritas todas as instalações da
ETAR e da sua envolvente, num processo de levantamento das condições internas e externas
existentes na ETAR, bem assim como a capacidade de resposta das mesmas em situações de
emergência. Foram também calculados/analisados os tipos de utilização e a respetiva categoria
de risco.

De seguida, e numa fase posterior do estudo, foi aplicada uma check-list para verificação da
conformidade das exigências do RT - SCIE, e para se aferir as não conformidades legais
existentes, tendo por base a legislação específica aplicável em termos de segurança contra
incêndios.

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

O principal objetivo do presente estudo, tem um caráter geral e abrangente na medida em que é
definido como sendo uma abordagem, ou estudo à aplicabilidade das MAP previstas na
Regulamentação de SCIE, em recinto industrial, no contexto de uma ETAR.

A partir deste objetivo geral, definiram-se alguns objetivos secundários que abaixo se apresenta:

42
• Dotar o edifício da ETAR de Fornos, de um nível de segurança eficaz, dando
cumprimento à legislação aplicável;

• Desenvolver um Plano de MAP aplicado ao caso de estudo, por forma a sensibilizar para
a necessidade de se conhecer e rotinar procedimentos de autoproteção a adotar, por parte de
todos os ocupantes do edifício e cumprimento dos requisitos legais;

• Corresponsabilizar todos os ocupantes no cumprimento dos procedimentos de segurança,


inerentes ao Plano de MAP.

3. VERIFICAÇÃO DA PORTARIA N.º 1532/2008 DE 29 DE DEZEMBRO

Aquando a verificação da conformidade legal da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro (Ver


Anexo 1), como referido na primeira parte do presente projeto, e que aprova o RT-SCIE, deu-se
conta da existência de condições de segurança e acessibilidade à estrutura em análise e também
se verificou a existência de segurança nas acessibilidades às fachadas. Os critérios de segurança
são plenamente compatíveis.

No entanto, no que concerne às vias de acesso ao edifício com altura não superior a 9 metros e a
recintos ao ar livre, ainda que aplicável às diretivas previstas na Portaria, não estão em
cumprimento, pelo que, com vista a colmatar esta lacuna foi empreendida a medida corretiva de
instalação de uma boca de alimentação junto à entrada da ETAR, ligada a bocas de incêndio de
segunda intervenção ao longo do recinto.

Da mesma forma a recomendação legal que prevê vias de acesso a edifícios com altura superior
a 9 metros também não é aplicável.

Nos pontos correspondentes às limitações à propagação do incêndio pelo exterior, verifica-se


que não é aplicável o ponto que corresponde às paredes exteriores não tradicionais e às paredes
de empena. Sendo que os três restantes pontos deste item: paredes exteriores tradicionais;
coberturas e zonas de segurança, estão em cumprimento. Depreende-se, dado o facto de não
existirem medidas corretivas para as não correspondências apontadas no quadro de verificação
que toda a estrutura é composta por paredes tradicionais.

Quanto ao abastecimento e prontidão dos meios de socorro os dois pontos previstos pelo
diploma, disponibilidade de água e grau de prontidão de socorro, são aplicáveis.

43
Também nas condições gerais de comportamento ao fogo, isolamento e proteção os critérios de
segurança são aplicáveis e estão em cumprimento.

O artigo que remete para a resistência ao fogo de elementos estruturais e incorporados também é
aplicável e está em cumprimento nas suas duas componentes: resistência ao fogo de elementos
estruturais e resistência ao fogo de elementos incorporados em instalações.

Ao contrário, no artigo compartimentação do fogo, já se encontra um significativo número de


itens não aplicáveis, mas que não representam uma inconformidade legal, na medida em que
não têm cabimento na infraestrutura em estudo. À ETAR de Fornos não é aplicável a
coexistência entre utilizações-tipo distintas e também não é aplicável o isolamento e proteção de
pátios interiores.

Mais itens não aplicáveis são encontrados ao nível do artigo isolamento e proteção de locais de
risco. São eles os pontos referentes ao isolamento e proteções de locais de risco B e de locais de
risco D e ainda locais de risco E. Sendo que na estrutura em análise existem locais de risco C e
locais de risco F.

As recomendações da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro para o isolamento e proteção


das vias de evacuação, no que concerne aos parâmetros proteção das vias horizontais de
evacuação e proteção das vias verticais de evacuação, são aplicáveis e estão em cumprimento.
No entanto, no mesmo artigo não há aplicabilidade, porque tal não se mostra necessário, para os
itens isolamento de outras vias verticais e isolamento e proteção das caixas de elevadores.

Quanto ao artigo relativo ao isolamento e proteção de canalizações e condutas, todos os


parâmetros são aplicáveis, e todos estão em cumprimento. Assim verifica-se que existe um
campo de aplicação; meios de isolamento; condições de isolamento; dispositivos de obturação
automática e estão aferidas as características dos ductos.

No artigo relativo à proteção de vãos interiores, destaca-se o facto de ser aplicável, mas não
estar em cumprimento a necessidade de existência de dispositivos de fecho das portinholas de
acesso a ductos de isolamento, pelo que foi implementada a medida de proteção de aplicação de
portas corta-fogo no edifício Processo e Terciário nos locais de risco C. Também a resistência
ao fogo das portas, que é aplicável, não está em cumprimento, mas, para esta questão não foi
promovida qualquer medida de autoproteção. Já quanto ao isolamento e proteção através de
câmaras corta-fogo e os dispositivos de fecho das portinholas de acesso a ductos de isolamento,
não são aplicáveis nas instalações em análise.

Passamos agora a aferir os pontos relativos ao título reação ao fogo e verifica-se que as
componentes previstas pela legislação aplicável, a saber: Campo de aplicação; Vias de

44
evacuação horizontais; Vias de evacuação verticais e câmaras corta-fogo; Outras comunicações
verticais dos edifícios e Materiais de tetos falsos; são aplicáveis na ETAR de Fornos e estão em
cumprimento. Os restantes elementos que este artigo comporta não têm aplicabilidade na
estrutura estudada uma vez que ali não existe mobiliário fixo em locais de risco B ou D, nem
elementos em relevo ou suspensos, nem tendas e estruturas insufláveis ou bancadas, palanques e
estrados em estruturas insufláveis, tendas e recintos itinerantes; e também não há elementos de
decoração temporária.

Quanto ao articulado relativo às condições gerais de evacuação: Critérios de segurança; cálculo


de efetivo e critérios de dimensionamento, são aplicáveis e estão em cumprimento.

No artigo relativo à evacuação dos locais, que aponta para a existência de locais destinados ao
público; número de saídas; Distribuição e localização de saídas; Largura das saídas e dos
caminhos de evacuação; Distâncias a percorrer nos locais; Evacuação dos locais de risco A, B e
F; os itens referidos são aplicáveis e estão em cumprimento. Neste artigo apenas não se verifica
a aplicabilidade da evacuação dos locais de risco D.

Na componente vias horizontais de evacuação não é aplicável o dimensionamento das câmaras


corta-fogo e as características das vias, bem como as características das portas são aplicáveis e
estão a ser cumpridas.

Já no que concerne às vias verticais de evacuação, não existem rampas, escadas mecânicas e
tapetes rolantes pelo que não se regista aplicabilidade. Todos os outros itens são aplicáveis,
sendo eles: o número e características da via; as características das escadas e as características
de guardas de via de evacuação elevadas.

Não existem zonas de refúgio, pelo que, na ETAR de Fornos este articulado não encontra
aplicabilidade. As condições gerais de instalações técnicas cumprem os critérios de segurança
recomendados, tal e qual como as instalações de energia elétrica que, ainda que afeta a uma
vasta lista de itens a que corresponde aplicabilidade, estão todos em cumprimento. Assim, nesta
infraestrutura é acautelado o isolamento de locais afetos a serviços elétricos; existe ventilação
de locais afetos a serviços elétricos, existem fontes centrais de energia de emergência, assim
como fontes locais, e também estão presentes grupos geradores de sistemas de gestão técnica
centralizados por motores de combustão e sistemas de gestão técnica centralizada. Também se
considera a proteção dos circuitos das instalações de segurança e a iluminação normal dos locais
de risco B, D e F.

As exigências regulamentares da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro, relativas ao artigo


instalações de aquecimento não têm aplicabilidade e no que diz respeito às instalações de
confeção e de conservação de alimentos são todos aplicáveis e todos estão em cumprimento.

45
Assim verifica-se que nas instalações deste equipamento existem aparelhos de confeção de
alimentos e também que há ventilação e extração de fumo e vapores; dispositivos de corte e
comando de emergência e instalações de frio para conservação de alimentos.

Uma vez que não existem naquelas instalações sistemas de ventilação e condicionamento de ar,
esta questão não é aplicável em toda a sua extensão, assim como, e pelo mesmo motivo, aquele
que diz respeito aos ascensores e aos líquidos e gases combustíveis.

Por sua vez as condições gerais de equipamentos e sistemas de segurança são todas aplicáveis e
todas estão em cumprimento, nomeadamente no que diz respeito aos critérios gerais, dimensões,
formatos e materiais, distribuição e visibilidade das placas e localização das placas.

Aplicável e em cumprimento estão também os itens critérios gerais de iluminação de


emergência; Iluminação de ambiente e de balizagem ou circulação e utilização de blocos
autónomos que correspondem aos critérios gerais de iluminação.

No importante capítulo, sem desmerecer qualquer dos restantes, que diz respeito à deteção,
alarme e alerta, existem duas configurações na utilização, a de tipo I e de tipo II, que não são
aplicáveis, sendo que todas as restantes aplicabilidades estão em cumprimento. Assim, e para
além dos critérios gerais de segurança, são aplicáveis a composição das instalações; os
princípios de funcionamento das instalações; os dispositivos de acionamento manual do alarme;
os detetores automáticos e os difusores de alarme geral, as centrais de sinalização e comando; as
fontes de energia de emergência, a conceção das instalações de alerta; as configurações das
instalações de alerta; as configurações nas utilizações - tipo IV, V, VI, VII, XI e XII III, VIII, IX
e X; os locais de risco C e F e os pavimentos e tetos falsos.

Passamos agora a verificar os aspetos da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro que dizem
respeito direto ao assunto em estudo: O fogo e os incêndios.

Assim para o artigo relativo ao Controlo de Fogo, nos seus aspetos gerais, deparamo-nos com
uma situação em que, de todos os itens aplicáveis, a saber: Segurança; Métodos de controlo de
fumo; Exigências de estabelecimento de instalações de controlo de fumo; Localização das
tomadas exteriores de ar e das aberturas para a descarga de fumo; Características das bocas de
ventilação interiores; Determinação da área útil de exutores e comando das instalações, estão
todos em cumprimento. De resto, e para a segunda categoria de risco a legislação não impõe o
seu cumprimento, quando a potência dos equipamentos elétricos instalada não é superior a 250
kW, tal como refere o ponto 3 do Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de novembro.

Neste contexto foram preparadas MAP que preveem a instalação de um sistema de


desenfumagem no edifício exploração e no terciário, para o item métodos de controlo de fumo e

46
para o item exigências de estabelecimento de instalações de controlo de fumo, é referido o
comentário em título de lembrete de que a alínea f, artigo 135 desta Portaria a UT-XII devem
possuir meios de libertação de fumos para a exterior.

Já para a questão das instalações de desenfumagem passiva a admissão de ar e evacuação de


fumo é aplicável e está em cumprimento. O mesmo acontece para as instalações de
desenfumagem ativa. O controlo de fumo nos pátios interiores e pisos ou vias circundantes não
é aplicável.

O controlo de fumo nos locais sinistrados é aplicável em todos os itens, que são: os Métodos
aplicáveis; os Cantões de desenfumagem e as Instalações de desenfumagem passiva e ativa, e
estão em cumprimento.

O mesmo ocorre para o controlo de fumo nas vias horizontais de evacuação: todos são
aplicáveis, todos estão em cumprimento. Assim nas instalações da ETAR de Fornos é
acautelado o controlo da desenfumagem passiva e ativa e também o controlo por sobrepressão.

Exatamente o mesmo se passa no controlo de fumo nas vias verticais de evacuação e com os
meios de intervenção que obedecem aos critérios de segurança. Assim, ao nível dos meios de
primeira intervenção são aplicáveis e estão em cumprimento a utilização de meios portáteis e
móveis de extinção; a utilização de rede de incêndios armada do tipo carretel; a numeração e
localização das bocas-de-incêndio; as características das bocas-de-incêndio do tipo carretel e a
alimentação das redes de incêndio armadas do tipo carretel. Para os meios de segunda
intervenção também todos os critérios são aplicáveis e estão em cumprimento.

No que diz respeito aos sistemas fixos de extinção automática de incêndios os seus critérios
gerais não são aplicáveis, mas, quando se trata dos sistemas fixos de extinção automática de
incêndios por águas e aos critérios utilização de sistemas fixos de extinção automática por água
e características dos sistemas fixos de extinção automática por água, verifica-se que são
aplicáveis e estão em cumprimento.

Já os sistemas fixos de extinção automática de incêndios por agente exterior diferente da água,
os sistemas de cortina de água e o controlo de poluição de ar, não são aplicáveis nestas
instalações.

A análise comparativa entre as condições das instalações da ETAR de Fornos e a Portaria n.º
1532/2008 de 29 de dezembro, deixa ainda aferir que no artigo relativo à deteção automática de
gás combustível, os itens utilização de sistemas automáticos de deteção de gás combustível e
características dos sistemas automáticos de deteção de gás combustível são aplicáveis e estão
em cumprimento.

47
O mesmo já não se passa na drenagem de águas residuais de extinção de incêndios que embora
tenha todos os itens aplicáveis não tem nenhum em cumprimento. Deste modo, verifica-se que
não existem ralos e caleiras de recolha, nem ressaltos nos acessos, nem fossas de retenção e,
uma vez que estas não existem, não é possível obedecer ao preceito de limpeza das fossas.

Quanto ao posto de segurança as suas características são aplicáveis e estão em cumprimento, e


no que respeita às instalações acessórias as instalações de para-raios é aplicável e está em
cumprimento, mas, dada a natureza da infraestrutura, não se verifica a necessidade de
sinalização ótica para a aviação, pelo que este item, não é aplicável.

Passamos agora a analisar as condições gerais de autoproteção, onde se destacam vários


incumprimentos, começando pela observação do item critérios gerais que é aplicável mas não
está em cumprimento. Neste momento não existe um plano de MAP, o projeto de SCIE foi
submetido para aprovação pela ANPC. Este documento virá colmatar o não cumprimento das
condições gerais, sendo que após a aprovação por parte da ANPC, as MAP serão posteriormente
implementadas no recinto.

Neste contexto das condições gerais de segurança, temos então uma situação em que ainda não
existe um Responsável pela Segurança (RS) tal como é prevista na Portaria em análise, nem
estão no ativo planos para alterações de uso, de lotação ou de configuração dos espaços. Em
situação de incumprimento estão ainda os itens: pareceres da ANPC (que ainda não chegaram);
execução de trabalhos; concretização das MAP; instruções de segurança; organização da
segurança; registos de segurança; plano de prevenção; procedimentos em caso de emergência;
formação em segurança contra incêndio e simulacros.

Não são aplicáveis neste contexto os procedimentos de prevenção e o PEI.

Para o artigo utilização-tipo XII (Industriais, oficinas e armazéns), em que se insere a tipologia
de estrutura em análise, sobressai o item sistemas fixos de extinção, pelo facto de não estar em
cumprimento e, pelo mesmo motivo, também se sublinha o item drenagem, que, sendo também
aplicável, mas não está em cumprimento.

Todos os restantes itens deste artigo são aplicáveis e estão em cumprimento, sendo eles:
limitações à propagação do incêndio pelo exterior; isolamento entre utilizações-tipo distintas;
compartimentação corta-fogo; isolamento e proteção; caminhos horizontais de evacuação;
instalações técnicas; controlo de fumo e meios de intervenção.

48
Registo fotográfico - Algumas das não conformidades legais detetadas na ETAR de
Fornos

Através da Figura 8 e 9, é possível verificar que a via horizontal de evacuação não corresponde
ao equipamento E30 C (porta corta-fogo) que os artigos 35 e 36 da Portaria n.º 1532/2008 de 29
de dezembro preveem.

FIGURA 8: VIA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA)

FIGURA 9: VIA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA)

Nas Figuras 10 e 11, pode-se observar que as vias de acesso a edifício com altura não superior a
9 metros e a recintos ao ar livre não correspondem ao que está previsto pontos 3 e 4 do artigo 4º.
da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro.

49
FIGURA 10: VIA INTERNA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA)

FIGURA 11: VIA INTERNA DE EVACUAÇÃO NA ETAR DE FORNOS (FONTE: RECOLHA PRÓPRIA)

50
CAPÍTULO V – RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente projeto teve como objetivo principal o estudo da aplicabilidade das MAP previstas
na Regulamentação de SCIE, em recinto industrial, no contexto de uma ETAR, dado que, tal
como ficou afirmado estas são medidas de natureza humana e constituem um apelo à alteração
dos comportamentos das pessoas uma vez que só através de uma mudança de posição face ao
risco as pessoas vão sentir necessidade de atuar em função da minimização do risco de incêndio
(Roberto & Castro, 2010).

Para se aferir a relevância do objetivo principal, realizou-se uma sucinta revisão da literatura
onde, para além da aferição de conceitos acerca de incêndios e da importância da legislação que
resguarda e precavê os cidadãos, trabalhadores e ambiente das suas devastadoras consequências,
verificou-se que para que estas sejam de facto eficazes, elas têm que ser abrangentes e envolver
em si mesmas uma multidisciplinariedade de áreas como a educação para a segurança, a
engenharia de segurança, o planeamento de segurança, a inspeção de segurança e a investigação
de incêndios (Castro & Abrantes, 2009).

Partindo destes conceitos explorou-se o contexto particular de funcionamento das ETAR e o seu
papel na construção de sociedades sustentáveis e saudáveis na sua intervenção e proteção da
natureza aferindo que as mesmas visam a promoção da sustentabilidade ambiental ao mesmo
tempo que garantem o acesso universal e contínuo aos serviços que prestam por parte da
população (RASARP, 2009).

De uma forma mais ativa, no sentido de observação direta, no local a estudar, fez-se o
levantamento de todas as particularidades da ETAR em estudo e teve-se especial atenção
àquelas que dizem respeito direto à proteção contra incêndios, por forma a verificar a
conformidade ou não, das instalações com as exigências estabelecidas pela Portaria n.º
1532/2008 de 29 de dezembro. Com base neste cruzamento, foram extraídos resultados/
informações relevantes a considerar no estudo.

A primeira diz respeito ao facto de se tratarem de instalações construídas muito recentemente


pelo que, e por este motivo, algumas das observações ainda em incumprimento se justificam e
esperam-se que venham a ser suprimidas com o tempo, nomeadamente a aprovação do projeto
de SCIE que espera parecer da ANPC, que, tal como vimos na primeira parte do presente
estudo, é apontada pela Portaria n.º 773/2009, de 21 de julho, como a entidade que define o

51
procedimento de registo, das entidades que exerçam a atividade de comercialização, instalação e
ou manutenção de produtos e equipamentos de segurança contra incêndio em edifícios.

Foi também possível verificar através do cruzamento das observações diretas levantadas e dos
itens estipulados pela Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro, que nos serviu de documento
referencial, que as instalações de desenfumagem não estão em funcionamento o que pode
constituir perigo de intoxicação. Cumpre no entanto, registar que as mesmas não são
obrigatórias e que esta lacuna é colmatada pelo controlo de fumo nos locais sinistrados, tanto
nas vias horizontais como nas vias verticais de evacuação, tal como determina o Decreto-Lei n.º
220/2008 de 12 de novembro.

Outra observação/resultado obtido considerado importante, foi o facto dos meios de primeira
intervenção corresponderem ao conjunto previsto na lei o que denota uma preocupação primária
dos responsáveis pela construção e gestão do espaço com a possibilidade de ocorrência de
incêndios e a melhor forma de os evitar e, também, de evitar a sua propagação. É de resto, por
se considerar a importância da delimitação das chamas ao menos espaço e tempo possível, que
também se acautelaram os meios de segunda intervenção.

Os sistemas fixos de extinção automática por água não estão em cumprimento, mas não são
obrigatórios. Já o item correspondente à drenagem de águas residuais de extinção de incêndios
não estava em cumprimento, apesar de aplicável, o que pode levar à ocorrência de danos na
natureza e de prejuízos para as comunidades envolventes caso ocorra um incêndio nas
instalações pois as águas serão remetidas para o meio envolvente sem qualquer tipo de
tratamento prévio e, como se sabe, elas podem conter químicos perigosos, uma vez que existem
diversos neste contexto de intervenção profissional.

Apesar deste incumprimento não ser revelador de uma desconformidade, na plena assunção da
palavra, é importante lembrar que ela é incompatível com a própria natureza da atividade da
ETAR e não ajuda ao controlo da poluição que, como Meireles (2011) refere “não é mais que
reduzir os impactos no ambiente das várias atividades antropogénicas, limitando as
quantidades rejeitadas de poluentes de modo a manterem-se níveis de qualidade das águas
compatíveis com os usos pretendidos.”

Para além destas observações/resultados que se entende referenciar, destacam-se duas não
conformidades que podem colocar em risco vidas humanas ou impedir a rápida intervenção em
caso de incêndio.

A primeira reporta-se à questão das vias de acesso aos edifícios de Exploração e do Tratamento
Terciário que, claramente, estão afastadas das disposições previstas nos pontos 3 e 4 do artigo
4º. da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro. De facto ficou explicito que estas vias não têm

52
7 metros de largura, o que não permite que um veículo pesado de combate ao fogo possa fazer
uma manobra de inversão de marcha. Em contrapartida seria aconselhada a construção de uma
rotunda ou de um entroncamento, para que a referida manobra de condução fosse possível.
Assim, a única solução é a realização do percurso em marcha-atrás, ou seja, 30 metros em
sentido de inversão de marcha. Este facto pode incorrer em graves perigos aquando de uma
situação real de incêndio. Levando em conta o que foi exposto na primeira parte do presente
estudo e a importância que foi sendo dada ao longo da história às vias de acesso e à questão da
acessibilidade dos meios de socorro aos locais de incêndio esta falha, ou incongruência, é ainda
mais explícita. De facto, e tal como Procoro (2006) refere que as grandes tragédias, como a do
incêndio que decorreu do terramoto de Lisboa de 1755 e do incêndio no Chiado na década de
oitenta do século passado, foram servindo de padrão para que se aferisse da importância dos
acessos que permitissem, por um lado, a fuga das pessoas, e, por outro, o acesso o mais rápido
possível das equipas de combate às chamas aos locais de sinistro.

Outra importante desconformidade encontrada, está patente no edifício da UT XII já que as


portas que ali se encontram não são corta-fogo (E 30C) e, portanto, não cumprem com o artigo
35 e 36 da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro.

Estes serão então dois aspetos a ter em consideração no contexto das MAP que a empresa
aplicou ao seu próprio funcionamento e que servem, de resto, para complementar as falhas
identificadas.

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CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES DO
TRABALHO DE PROJETO

CONCLUSÕES
Ao longo do estudo de projeto e com base nos resultados/observações obtidas, foi possível
concluir que as MAP previstas na Regulamentação de Segurança Contra Incêndio em Edifícios
numa Estação de Tratamento de Águas Residuais são de extrema importância para garantir a
segurança das pessoas que trabalham nestas estruturas e também daquelas que se encontram nas
proximidades e mesmo de toda a comunidade envolvente.

Com vista a aferir as razões que sustentam a afirmação de importância dos sistemas de SCIE
traçamos, na parte teórica do nosso projeto, uma breve resenha à história dos incêndios ao longo
dos séculos e, através desta foi possível aferir que as preocupações com as questões de
segurança são muito remotas e estão intimamente ligadas às consequências devastadoras que
estas tragédias da história tiveram. Para o caso português foi importante notar o impacto que o
Terramoto de Lisboa de 1755 teve no que toca à sensibilização dos responsáveis políticos da
época para a segurança e para as precauções a ter com relação à forma como se procedia á
construção dos edifícios e às dimensões que as ruas deveriam ter. Logo nessa altura o Marquês
de Pombal e a equipa que esteve com ele ao longo do projeto de reconstrução da cidade
delinearam uma medida que visava garantir que as principais artérias de circulação da urbe eram
amplas, não só para garantir o acesso aos meios de combate às chamas, mas também para ajudar
no processo de fuga das pessoas. Da mesma forma, séculos mais tarde, após a ocorrência do
grande incêndio do Chiado, verificou-se a necessidade de existirem ruas amplas e desimpedidas
de obstáculos à circulação para que os bombeiros pudessem ocorrer de forma rápida.

Consideramos estas constatações interessantes tanto mais que elas vão de encontro a uma das
não conformidades detetadas no âmbito da execução prática do nosso projeto, e que remete para
o facto das vias da ETAR de Fornos não terem sete metros de largura, impedindo assim
manobras de inversão de marcha a veículos pesados de combate às chamas. É certo que este
facto do tamanho da via se prender com a natureza do terreno onde a ETAR foi construída e não
permitir uma maior disponibilidade de espaço para alargamento da via, mas a verdade é que os
metros contados não correspondem ao que a legislação prevê.

54
Cientes desta problemática e tendo em conta que ao projeto previsto se agregava o objetivo de
dotar o edifício de um nível de segurança eficaz, sugeriu-se, em alternativa ao aumento em
largura da estrada ou construção de uma rotunda, que se mostram impraticáveis dada a escassez
de espaço, a colocação de uma coluna seca para uso exclusivo dos Bombeiros junto à entrada da
ETAR, bocas de incêndio ao longo do recinto e nos locais a que o acesso é mais difícil para que
o combate a eventuais ocorrências de incêndio se possa proceder de forma rápida e sem a
necessidade de entrada de viaturas dos bombeiros no local.

A segunda desconformidade encontrada também se mostra incongruente com o que a história


dos incêndios mundiais foi ensinando ao Homem ao longo dos tempos. De facto, em várias das
tragédias ocorridas, mesmo nas que tiveram palco no nosso país, constatou-se que as chamas
passavam instantaneamente de um edifício para o outro, porque não existiam meios para
circunscrever o incêndio a um só espaço. Assim se determinou que as construções deviam ser
feitas com matérias pouco inflamáveis e, que se deviam usar corta-fogos, por forma a prevenir a
rápida propagação das chamas. É por isso que, considerando o objetivo de sensibilizar para a
necessidade de conhecer e rotinar procedimentos e adotar medidas de prevenção por parte dos
ocupantes e responsáveis pelo edifício em análise, sugeriu-se a substituição das portas das
cabines de eletricidade por equipamentos E30C, ou seja, portas corta-fogo.

A partir do projeto desenvolvido, retira-se um outro ponto conclusivo, de que é importante


precaver contra a ocorrência de incêndios, tanto mais que em edifícios com as características de
uma ETAR, eles podem ocorrer com frequência, e por isso, neste contexto, importa que seja
delineado um plano de Medidas de Autoproteção (MAP) que garantam a organização e a gestão
da segurança das estruturas e das pessoas. É através das MAP que se estabelece o conhecimento
efetivo da estrutura dos edifícios por parte das pessoas que nele trabalham, mas também se
registam e divulgam os perigos potenciais inerentes às instalações e decorrentes da sua
utilização. Assim garante-se a organização dos recursos para prevenção ou resposta às situações
de emergência e socorro, devendo esta organização ser reforçada com ações de formação, onde
se incluam simulacros que visem preparar as pessoas para agir em caso de incêndio.

Tal como ficou evidenciado ao longo do projeto, existe um amplo leque legislativo que
salvaguarda o RJ-SCIE e distribui a responsabilidade da segurança por um conjunto alargado de
entidades, donde se destacam os proprietários dos mesmos ou dos seus usuários. Ou seja, as
entidades competentes pela gestão e usufruto dos edifícios devem também ter em conta a
garantia de condições de segurança dos mesmos, desde o momento da sua execução e ao longo
do tempo de exploração. Para as ETAR`s, e tendo em conta a perigosidade associada à atividade
ali desenvolvida, as regras dispostas no Decreto-Lei nº 224/2015, de 9 de outubro, que procedeu

55
à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, também são aplicáveis e,
portanto, também estas valências devem ser dotadas de um plano de MAP.

Neste enquadramento devem ser asseguradas as medidas preventivas quer garantam a


manutenção das condições de segurança e dentro destas privilegiem aspetos tão importantes
como o acesso dos meios de socorro, o desimpedimento das vias de evacuação, a vigilância dos
locais de maior risco, a segurança nos trabalhos de manutenção e entre outras. É aqui que, no
que diz respeito à ETAR de Fornos urge intervir. Na verdade, e tal como ficou demonstrado,
esta entidade já tem elaborado um plano de medidas de prevenção, mas não tem vias de acesso
com largura suficiente e regista falhas ao nível das portas corta-fogo, o que urge regularizar.

A resolução destas não conformidades legais permitirá dotar o edifício de um nível de segurança
eficaz e que evidencie o cumprimento da nova legislação, de modo que ela própria, seja garantia
da capacidade de resposta dos edifícios e seus agentes, gestores e trabalhadores, a emergências
e, sobretudo, prevenção da ocorrência das mesmas.

Face ao exposto, conclui-se que a ETAR na sua generalidade cumpre com os requisitos legais
aplicáveis à SCIE. No entanto, recomenda-se como melhoria futura a implementação efetiva do
PSI proposto e a regularização das não conformidades detetadas.

LIMITAÇÕES E PERSPETIVAS FUTURAS


Ao longo do presente projeto foram identificadas algumas limitações que concorrem,
diretamente, para a sua qualidade final. A primeira e mais difícil de contornar teve a ver com o
reduzido aporte bibliográfico existente acerca dos temas que intentamos aprofundar. Ao nível da
história da evolução da temática da SCIE, sendo que as referências pesquisadas evidenciam
algum desfasamento temporal, mas, na falta de artigos e outros conteúdos mais recentes optou-
se por utilizar as mesmas uma vez que, com exceção da questão das datas de publicação, as
mesmas continham informações que se considera relevantes e que contribuíram para o
aprofundamento dos conhecimentos da temática em estudo.

Outra das limitações encontradas prendeu-se com o facto de se ter realizado o caso prático de
estudo em simultâneo com o desenvolvimento da nossa atividade profissional, o que limitou em
termos de tempo e compatibilidade de agendamento das visitas ao local.

É sempre importante, após a realização de qualquer trabalho, considerar as propostas de


melhoria apresentadas e, posteriormente, averiguar se a sua implementação produziu os efeitos
desejados.

56
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Diário da República, Decreto-Lei n.º 372/93, de 29 de outubro – Lei de delimitação de setores.

58
Diário da República, Decreto-Lei n.º 379/93 de 5 de novembro - Regime legal da gestão e
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recolha, tratamento e rejeição de efluentes e de recolha e tratamento de resíduos sólidos.

Diário da República, Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de março - Decreto-lei complementar à Lei


n. 58/2005, de 29 de Dezembro, realizou o enquadramento para a gestão sustentável tanto das
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Diário da República, Lei n.º 93/2015, de 29 de maio – Constituição da Águas do Norte, S.A.

Diário da República, Portaria n.º 773/2009, de 21 de julho - O regime jurídico da segurança


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Diário da República, Portaria n.º 1532/2008 de 29 de dezembro – Regulamento Técnico de


Segurança contra Incêndio em Edifícios (SCIE) - (Disposições técnicas gerais e específicas de
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OHSAS 18001:2007 – Sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho.

59
ANEXOS

ANEXO 1- CHECK-LIST DE VERIFICAÇÃO DA PORTARIA N.º 1532/2008 DE 29 DE


DEZEMBRO

ANEXO 2 – PLANO DE SEGURANÇA INTERNO DA ETAR DE FORNOS

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