Questões Discursivas - Tributário

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QUESTÕES DISCURSIVAS

1. A empresa Gama Ltda. auferiu receitas ao longo do exercício de 1999, tendo,


conforme determina a legislação tributária aplicável, declarado às autoridades
fiscais os valores
devidos a título de PIS e de COFINS. Ocorre que, embora declarados, os
respectivos
valores não foram recolhidos em favor da União Federal, porquanto a referida
empresa
passava por sérias dificuldades financeiras. A Procuradoria da Fazenda Nacional,
no
regular exercício de suas prerrogativas, inscreveu os citados débitos de PIS e
COFINS em Dívida Ativa da União Federal em 01/01/2004. Em 05/07/2005 foi
ajuizada execução fiscal para cobrança da dívida, tendo a empresa sido citada
em 06/07/05. Neste contexto,
indagasse se foi respeitado o prazo prescricional para a cobrança (ajuizamento
da ação de
execução fiscal) em tela. Justifique a sua resposta indicando a base legal
aplicável.

Resposta:

O período de prescrição não foi observado. A inclusão na dívida ativa


interrompe o período de prescrição por 180 dias (conforme o artigo 2º,
parágrafo 3º, da Lei 6.830/80). A ação de execução foi iniciada quase
dezoito meses após a inclusão na dívida ativa (05/07/2005), o que significa
que a contagem do período de prescrição recomeçou 180 dias após a data
de inclusão na dívida ativa, ou seja, 07/2004. Portanto, considerando as
datas dos eventos até o ajuizamento da ação de execução fiscal, com a
dedução dos 180 dias de interrupção, a prescrição terá ocorrido. Além
disso, verificamos também o artigo 174 do Código Tributário Nacional:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5


(cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo
único.

2. Contribuinte recebeu, via correio, com aviso de recebimento, em 15/01/2007,


citação de execução fiscal ajuizada pelo Município de Joana do Norte, cobrando
IPTU devido sobre o imóvel de propriedade do contribuinte, relativo ao ano de
1993. No extrato da certidão de dívida ativa consta a menção à notificação
administrativa efetivamente recebida pelo próprio, que apôs o seu ciente, em
15/06/1998. O juiz de primeira instância ordenou por despacho datado de
05/11/2006 a citação de devedor. Como advogado contratado para defender o
contribuinte que matéria de direito alegaria?

Resposta:

Quando o juiz recebeu o processo, ele deveria automaticamente declarar o


fim do crédito tributário devido à prescrição, já que isso aconteceu depois
de cinco anos desde a confirmação final do crédito tributário. Isso porque
é um assunto que o juiz pode reconhecer a qualquer momento, de acordo
com o artigo 40, parágrafo 4º, da Lei 6.830/80.

3. Em 20.5.1993, a fiscalização do ICMS do RJ lavrou auto de infração e notificou


a Cia. Açucareira Ltda. para recolhimento de tributo devido e não pago. O
notificado impugnou, sem sucesso, o auto de infração e, depois, recorreu
administrativamente para o Conselho de Contribuintes. Em 20.7.1999, adveio a
decisão definitiva, confirmando o ato da autoridade tributária. O Estado ajuizou
execução fiscal relativa ao crédito, na qual o devedor foi citado, em 20.7.2000.
Há possibilidade de alegar prescrição? Fundamente.

Resposta:

Conforme o artigo 174 do CTN, a prescrição não se aplica, uma vez que a
ação para cobrança segue um prazo de 05 anos, contados a partir da data
de seu lançamento. Neste caso, considerando que o lançamento foi
definitivamente constituído em 20/07/1999 e a execução fiscal foi ajuizada
em 20/07/2000 pelo Estado, não transcorreu o período de 05 anos
estipulado, o que implica na inexistência de prescrição.

4. Uma empresa foi autuada em 10.1.1995 por insuficiência no recolhimento do


ICMS relativo a operação realizada em 12.7.1990, decorrente da utilização de
alíquota inferior à devida. Foram interpostos a impugnação e os recursos
administrativos cabíveis. Depois da decisão final do Conselho de Contribuintes,
contrária à empresa e a ela notificada em 18.11.1997, o processo administrativo
ficou paralisado até dezembro de 2003, não tendo sido o crédito inscrito em
dívida ativa nem ajuizado. Esclareça quais os termos inicial e final dos prazos de
decadência e prescrição aplicáveis à hipótese, indicando os dispositivos legais
respectivos.

Resposta:
O ICMS é um tributo cujo lançamento é feito por homologação, conforme
o artigo 150 do CTN. O contribuinte calcula o valor devido, paga
antecipadamente e aguarda a homologação expressa ou tácita do fisco. O
prazo para o fisco homologar o pagamento é de 05 anos, conforme o Art.
150, parágrafo 4º do CTN.

Entre 12/07/1990 e 10/01/1995, não transcorreram os 05 anos, portanto,


não houve decadência de acordo com o artigo 173 do CTN.

Porém, após a notificação da decisão administrativa final em 18/11/1997,


os autos ficaram paralisados por mais de 05 anos, até dezembro de 2003,
sem que a dívida fosse inscrita em Dívida Ativa ou executada. De acordo
com o artigo 174 do CTN, a prescrição ocorre se a ação de cobrança do
crédito tributário não for proposta dentro de 05 anos a partir da data de
lançamento. Portanto, se o crédito foi constituído em 18/11/1996, ocorre a
prescrição da ação executiva.

5. Em processo de execução fiscal para a cobrança de R$ 1.000,00, não foi


localizado o executado, nem encontrados bens sobre os quais pudesse recair a
penhora, razão pela qual o juiz competente suspendeu o curso da execução e,
posteriormente, determinou o arquivamento dos autos. Da decisão que
ordenou o arquivamento decorreu prazo prescricional. Nessa situação
hipotética, poderá o juiz reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de
imediato? Justifique sua resposta.

Resposta:

Conforme o Artigo 40, parágrafo 4º da Lei 6.830/1980, se o prazo


prescricional for excedido a partir da decisão que ordenou o arquivamento,
o juiz pode reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la
imediatamente.

6. O contribuinte Pedro, morador em São Paulo, sofreu autuação em 15 de julho


de 1995, de parte da Fazenda do Estado, pelo não pagamento do IPVA, por fato
gerador ocorrido em 1o de janeiro de 1989. Pela falta do pagamento do IPVA,
foi cobrado o valor originário de R$ 3.700,00 (três mil e setecentos reais) mais a
multa de 20% (vinte por cento) com lastro na Lei n. o 4.589, de 12/08/93,
vigente à época da apuração da infração. Na data do fato gerador, estava
vigendo a Lei n.o 6.538, que fixava o valor originário do IPVA em R$ 1.750,00
(um mil, setecentos e cinquenta reais) e multa de 30% (trinta por cento) sobre o
valor do imposto não quitado. No tocante à ocorrência ou não da decadência,
qual seria o seu parecer e sua justificativa?

Resposta:

Em 15 de julho de 1995, foi realizado o lançamento tributário referente a


um fato gerador ocorrido em 1º de janeiro de 1989. Considerando o Art.
173 do CTN, que estabelece o prazo de 05 anos para a constituição do
crédito tributário, o lançamento ocorreu após o término desse prazo,
resultando na decadência do direito da Fazenda Pública de constituir o
crédito tributário.

Assim, a medida judicial mais apropriada seria a propositura de uma ação


anulatória de débito fiscal, também conhecida como ação anulatória de
lançamento tributário, conforme previsto no artigo 38 da Lei 6.830/80,
devido ao lançamento ter sido realizado de ofício. Se o lançamento fosse
feito por homologação, então seria cabível uma ação declaratória.

Além disso, há a possibilidade de impetrar um mandado de segurança com


base na Lei 1.533/51, visando proteger direitos líquidos e certos e
contestar atos abusivos ou ilegais do Poder Público. A competência para
essas ações seria do Juízo da Vara da Fazenda Pública, onde aplicável.

7. Em 1993, Tício construiu uma edícula em terreno de sua propriedade e


deliberadamente deixou de efetuar a averbação da construção à margem da
respectiva matrícula. Tampouco requereu à Prefeitura Municipal licença para
construção, nem a informou a respeito depois que a obra estava pronta. Em
fevereiro de 2000, o Município, descobrindo a existência da construção, realizou
o lançamento suplementar do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU dos
exercícios de 1994 a 1999, equivalente ao diferencial correspondente à
construção clandestina. Tício indaga-lhe se esse lançamento suplementar é
lícito, no tocante à ocorrência ou não da decadência. Qual seria o seu parecer e
sua justificativa?

Resposta:

Segundo o artigo 173, inciso I, do CTN, o prazo para a Fazenda Pública


lançar o IPTU de 1994 expirou em 31 de dezembro de 1999. Assim, em
fevereiro de 2000, quando ocorreu o lançamento suplementar, o direito de
lançar o IPTU de 1994 já havia decaído, tornando esse lançamento
específico ilegal devido à decadência.
Conforme o artigo 149, VIII, do CTN, o lançamento suplementar é
permitido durante a revisão de lançamento, mas deve ser limitado aos
exercícios em que a decadência não tenha ocorrido, ou seja, a partir do ano
de 1995.

8. A empresa X ingressou com mandado de segurança para questionar a


exigência de um determinado tributo e obteve medida liminar, desobrigando a
do recolhimento do tributo em questão. Posteriormente, a empresa X foi
fiscalizada, e o agente fiscal lavrou auto de infração referente ao não
recolhimento do referido tributo, embora a empresa X estivesse desobrigada de
seu pagamento por força da mencionada liminar. O diretor jurídico da empresa
indaga-lhe se esse procedimento do agente fiscal é lícito, no tocante à
ocorrência ou não da decadência. Qual seria o seu parecer e sua justificativa?

Resposta:

Conforme o artigo 151, IV, CTN, a concessão de liminar em Mandado de


Segurança suspende o crédito tributário, impedindo o Fisco de lavrar o
auto de infração para exigir o pagamento do tributo. Porém,
jurisprudência estabelece que essa suspensão não impede o Fisco de
constituir o crédito tributário para evitar a decadência do direito de
lançamento. Assim, a simples suspensão do crédito tributário não afeta sua
constituição e não influencia no prazo decadencial. Em caso de lançamento
para evitar a decadência, o Fisco deve indicar no próprio lançamento que
foi "suspenso por medida judicial", ou equivalente, em vez de encerrar o
auto de infração e conceder prazo para o contribuinte pagar ou contestar a
autuação.

9. (Fundação Carlos Chagas Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo,


em
agosto de 2009): “Em abril de 2008, foi realizada fiscalização em empresa
atacadista, na qual constatou-se, em sua escrita fiscal, em relação ao ICMS
devido no período de
setembro de 2002 a novembro de 2003, que não teria havido o correspondente
pagamento antecipado por parte do contribuinte e, em relação ao ICMS devido
no período de dezembro de 2003 a março de 2005, teria havido pagamento
antecipado a menor. Em virtude de tais fatos, foi lavrado Auto de Infração e
Imposição de Multa com cobrança das diferenças de ICMS devido, mais multa e
juros de mora. A regular notificação do Auto de Infração deu-se em abril de
2008. Nesse caso, houve decadência em relação aos débitos do período de
setembro de 2002 a novembro de 2002, mas não houve decadência em relação
aos débitos do período de janeiro de 2003 a novembro de 2003.” Certo ou
errado? Justifique.
Resposta:

Certo. No caso de tributos com lançamento por homologação em que não


ocorreu o pagamento, o prazo decadencial começa a partir do primeiro dia
do exercício seguinte ao qual o lançamento poderia ter sido realizado,
conforme estabelece o CTN.

Para os créditos compreendidos entre setembro de 2002 e dezembro de


2002, o prazo decadencial começou em janeiro de 2003 e se estendeu até
dezembro de 2007, resultando na decadência desses débitos.

Já para os créditos compreendidos entre janeiro de 2003 e novembro de


2003, o prazo decadencial começou em janeiro de 2004 e terminou em
dezembro de 2008, o que significa que não houve decadência em relação a
esses débitos.

Portanto, os créditos relativos ao ano de 2002 já estão decaídos devido ao


lançamento tardio em abril de 2008, enquanto não ocorreu decadência em
relação aos débitos referentes ao período de janeiro de 2003 a novembro
de 2003.

10. (FGV Projetos Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro, em 082009):


“Um determinado contribuinte praticou o fato gerador de um tributo de
competência da União, sujeito a lançamento por homologação, tendo pagado e
declarado ao fisco, no mês de março de 1984, valor inferior ao efetivamente
devido. Em procedimento de fiscalização, o auditor fiscal de tributos constatou
o recolhimento efetuado a menor e lavrou auto de infração constituindo o
crédito tributário cabível, tendo notificado o contribuinte em junho de 1989.
Inconformado com o lançamento, o contribuinte promoveu impugnação
administrativa em julho de 1989, tendo seu pleito sido definitivamente julgado,
em grau de recurso, em agosto de 1996, assinalado ao contribuinte o prazo de
30 dias para pagamento espontâneo do crédito tributário. Inscrito o crédito em
dívida ativa em maio de 1999, o ajuizamento da ação ocorreu em novembro de
2002, tendo sido o contribuinte citado no mês subsequente. A respeito dessa
situação: Ocorreu decadência? Ocorreu prescrição? Nenhuma delas? Justifique.”

Resposta:

Conforme o artigo 150, § 4º, do CTN, ocorreu a decadência do crédito


tributário. Nesse caso, o tributo, sujeito a homologação, foi pago a menor
pelo contribuinte. O fisco dispõe de um prazo de 5 anos a partir do fato
gerador para homologar o pagamento. Se esse prazo é ultrapassado, o
tributo é considerado homologado e o crédito é extinto. Portanto, devido
à decadência, não há prescrição neste caso.

11. A Fiscalização Estadual do Rio de Janeiro, em data de 23.09.2002, notificou


regularmente a empresa Cabral Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda., da
lavratura de Auto de Infração e Imposição de Multa (AIIM) contra a contribuinte,
por ter apurado a venda de mercadorias em 14.04.1997, sem emissão de nota
fiscal, o que implicou a falta de recolhimento do tributo devido. Em face da falta
de pagamento do referido débito, o mesmo foi devidamente inscrito na Dívida
Ativa em 12.11.2007, e a Execução Fiscal foi protocolizada em 18.12.2007, sendo
desta mesma data o despacho do Juiz que deferiu a inicial. Citada da execução
e penhorados os bens da contribuinte, há 10 (dez) dias, a empresa Cabral
Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda. Contratou o(a) para defender seus
interesses. No tocante à ocorrência ou não da decadência, qual seria o seu
parecer e sua justificativa?

Resposta:

Não houve decadência no caso da empresa Cabral Distribuidora de


Produtos Alimentícios Ltda. A notificação da lavratura do Auto de Infração
e Imposição de Multa (AIIM) ocorreu em 23.09.2002, dentro do prazo de
cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao qual
o lançamento poderia ter sido efetuado. Portanto, a Fiscalização Estadual
do Rio de Janeiro agiu dentro do prazo legal para constituir o crédito
tributário.

12. Em 10 de maio de 1989, a RCT Brasil Ltda. vendeu material esportivo,


acobertando a operação mediante nota fiscal falsa, e não recolheu o ICMS
devido. À época, a alíquota do imposto era de 18%. Em 15 de dezembro de
1994, a empresa foi autuada em função daquela irregularidade. Inconformada
com o fato de que os fiscais não intimaram o representante legal da contagem
dos estoques da empresa e não concederam o prazo legal de 72 horas para a
apresentação dos documentos fiscais e contábeis, a RCT Brasil Ltda. ajuizou uma
ação anulatória de débito fiscal, cuja decisão transitou em julgado no dia 15 de
maio de 1999, tendo o Juízo decidido pelo cancelamento da autuação em razão
dos mencionados vícios formais. Em 10 de janeiro de 2000, a alíquota do ICMS
foi alterada por Lei Estadual, passando a ser de 15%. Em 20 de janeiro de 2002,
a empresa recebeu nova autuação pela mesma irregularidade cometida em
1989. No tocante à ocorrência ou não da decadência, qual seria o seu parecer e
sua justificativa?

Resposta:

A autuação inicial ocorreu dentro do prazo legal, portanto, não houve


decadência. Entretanto, após a anulação da autuação original em razão de
vícios formais, o prazo para uma nova autuação começou a contar a partir
de 1º de janeiro de 2000. A autuação de 20 de janeiro de 2002 ocorreu
mais de cinco anos após a entrada em vigor da nova alíquota do ICMS e da
decisão final, caracterizando a decadência. Assim, em relação à autuação
de 2002, ocorreu a decadência conforme o artigo 150, § 4 do CTN.

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