02 - Os Ministérios Da Palavra e Da Misericórdia
02 - Os Ministérios Da Palavra e Da Misericórdia
02 - Os Ministérios Da Palavra e Da Misericórdia
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Projeto exclusivo de resgate de revistas antigas de
Escola Bíblica Dominical.
Introdução
Como esses ministérios surgiram, quais são as pessoas que devem estar relacionados
a cada um deles, como eles foram e devem ser exercidos hoje na igreja, e como cada
cristão pode se envolver direta ou indiretamente com tais atividades, são as questões
que veremos neste estudo.
I. DISTINGUINDO OS MINISTÉRIOS
O texto de Atos 6.1-7 nos mostra como os ministérios da Palavra e da misericórdia se
estruturaram na igreja cristã, e nos ajuda a compreender melhor a vocação essencial
de cada um deles.
Tal queixa levou os doze apóstolos convocarem a comunidade cristã e explicar que
não seria razoável que eles deixassem de cumprir com o seu ministério da pregação
da Palavra de Deus para se dedicar ao cuidado social da igreja (v.2).
Sendo assim, eles propuseram que a igreja escolhesse dentre os seus membros
pessoas que dessem um bom testemunho cristão, revelando uma destacada piedade
espiritual, para se encarregarem desse serviço de misericórdia (v.3), ao passo que os
apóstolos deveriam se concentrar na oração e no anúncio da Palavra de Deus (v.4).
Esse conselho agradou à igreja, que elegeu os seus primeiros diáconos (v.5). Eles
foram apresentados aos apóstolos que, orando e impondo as mãos sobre eles,
ordenaram-nos ao ministério da misericórdia (v.6).
A própria Escritura diz: "Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que
anunciam coisas boas!
Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na
nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo" (Rm 10.15-17).
Pelo ministério da Palavra, a igreja do Senhor é edificada, conforme Paulo nos ensina
em Efésios 2.20: "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular".
Essa atuação do nosso Senhor Jesus Cristo nos faz lembrar que toda igreja que
queira desenvolver um ministério da Palavra com relevância, seja onde for,
especialmente nos centros urbanos, precisa estar atenta às oportunidades de
proclamação e diversificar a sua forma de anunciar as verdades bíblicas.
Tais pessoas devem receber condições para exercerem esse ministério com real
dedicação (lTm 5.17,18), de tal maneira que a Palavra de Deus seja semeada com
profundidade e qualidade (lTm 4.13-16). O objetivo desse ministério não é o de
apenas alimentar os crentes (1 Tm 4.6), mas também de formar neles o caráter de
Cristo.
Paulo, orientando seu discípulo Timóteo, diz: 'Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a
infância, sabes as sagradas letras, que podem tomar-te sábio para a salvação pela fé
em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2Tm 3.14-17).
Além disso, o ministério da Palavra tem como função capacitar a igreja ao serviço a
Deus (Ef 4.11,12), chamar os perdidos à fé (At 20.21; 2Tm 4.5) e instruir novos líderes
que deem continuidade à tarefa da pregação, não retendo para si o conhecimento
(2Tm 2.2).
Isso tudo nos mostra que o ministério da Palavra deve ser variado quanto ao modo, o
que inclui pregação, ensino, debate, estudo, palestra, etc. Ele também deve ser
variado quanto ao seu meio de divulgação, que pode ser a palavra falada, escrita,
cantada, ao vivo, gravada, etc.
Esse ministério deve também ser variado quanto ao seu destino, pois muitos são os
grupos aos quais se deve anunciar a Palavra de Deus, a saber: os incrédulos, os
novos convertidos, os crentes amadurecidos e os líderes da igreja.
Deve ainda ser variado quanto aos lugares e circunstâncias do anúncio das Escrituras:
no prédio onde a igreja se reúne, nos lares dos crentes e incrédulos que aceitem, nas
classes de Escola Dominical, em lugares públicos devidamente acertados para isso ou
ainda em ocasiões oportunas e informais que apareçam, como uma conversa no trem,
ônibus ou metrô, ao passageiro ao lado em uma viagem, etc.
Para alcançarmos a nossa cidade para Cristo, precisamos restaurar essa variedade de
atuação no ministério da Palavra.
Primeiro, temos que resgatar a verdade bíblica de que cada cristão deve ser uma
testemunha de Cristo, visto que essa tarefa não é de exclusiva responsabilidade dos
ministros ordenados da Palavra, mas um privilégio de todos aqueles que conheceram
pessoalmente o Filho de Deus.
"Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo,
desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda
a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me
sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e
de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando
tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em
nosso Senhor Jesus [Cristo]" (At 20.18-21).
Ele deu o exemplo de como se deve diversificar a transmissão das verdades da Bíblia.
Não devemos nos restringir (ainda que não se pretenda diminuir a importância) às
tradicionais e institucionais maneiras pelas quais vimos fazendo ao longo de séculos
(At 2.42,46).
É claro que não podemos nem de longe ser comparados a Cristo no que diz respeito
ao poder de amenizar ou mesmo de fazer cessar o sofrimento das pessoas.
Ele próprio disse de si mesmo: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me
ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano
aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19).
Mas ele também ordenou o que os apóstolos deveriam fazer ao entrarem em alguma
cidade: "curai os enfermos que nela houver e anunciai- lhes: A vós outros está próximo
o reino de Deus" (Lc 10.9). Isso demonstra que paira sobre a igreja a responsabilidade
de se preocupar com as necessidades dos outros. A isso chamamos de ministério da
misericórdia.
Ainda que essa prática deva inicialmente contemplar os da igreja, também deve
atender aos de fora. Paulo orienta a igreja dos gálatas: "Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé"
(G16.10).
Também Pedro orientou seus leitores: "Porque assim é a vontade de Deus, que, pela
prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos" (IPe 2.15). Há uma
dimensão dessa ação de misericórdia que serve de testemunho do amor gracioso de
Deus para com os pecadores.
A igreja deve refletir esse amor de forma geral a todas as pessoas (Mt 5.44-46; Rm
13.8) como legítima expressão da graça de Deus que rompe barreiras e vai atrás do
perdido, do desgarrado, do pecador, do indiferente e do ausente (Jo 15.3,5,8,9).
Além disso, as boas obras evidenciam que somos eleitos de Deus (Cl 3.12) e que,
consequentemente, seremos salvos da condenação final: "Porque o juízo é sem
misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa
sobre o juízo" (Tg 2.13). O nosso cuidado para com o próximo, procurando aliviar as
suas dores e minimizar as suas carências é, portanto, evidência do amor de Deus por
nós ao nos transformar de pecadores egocêntricos em instrumentos da misericórdia e
do amor de Deus pelos outros.
Conclusão
Aplicação