Educação Física Escolar Como Espaço Inclusivo
Educação Física Escolar Como Espaço Inclusivo
Educação Física Escolar Como Espaço Inclusivo
__________________________________________________ARTIGO
Resumo
Abstract
This paper hás the intend to discuss the culture of the body
during tha physical education classes and the consequent
influence in the quality of participation of students with
special needs during these classes. There fore, we did a
brief review about this component inside the school,
different of the other ones because it ministers contents
those make possible to be with people with different
rhuthms of constructing the body language as an expression
and way to comprehend the world.
Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, SP, v.4, n.4/5, jan./dez. 2004 – ISSN 1679-8678
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Com o incentivo voltado para a vitória o que se pôde concluir é que muitos
alunos deixaram de participar das aulas por não se enquadrarem nos
parâmetros estipulados para as aulas de educação física, excluindo mulheres
por serem consideradas frágeis e aqueles que fisicamente não se adequaram.
Nas décadas de 70 e 80 movimentos interessados a mudar a concepção da
educação física se firmaram, pensando no desenvolvimento psicomotor
voltados para a construção do esquema corporal e das aptidões motoras dos
alunos da educação física escolar.
Atualmente, estudiosos começaram a pensar a educação física escolar como
sendo uma disciplina encarregada de mostrar aos alunos aspectos da cultura
corporal, não apenas do povo brasileiro, mas também da região na qual a
escola está inserida e culturas de outros países. Para além da mostra, prega-se
a reflexão crítica sobre as culturas para que as pessoas entendam que a
atividade fora de um contexto cultural pode ser marcada pela estranheza de
um grupo diferente, porém, quando colocada dentro dos costumes de um povo
há o retorno do significado da atividade.
Para o Coletivo de Autores (1992, p. 102), a Educação Física é entendida como
“(...) uma disciplina do currículo, cujo objetivo de estudo é a expressão
corporal como linguagem”.
Indo além, adotaremos o conceito de Educação Física proposto no texto
coordenado por Micheli Ortega Escobar: Contribuições ao Debate do Currículo
em Educação Física: Uma proposta para a Escola Pública (1990), apresentada
pelo Departamento de Educação Física e Desporto do Governo de Pernambuco.
O texto propõe o entendimento de Educação Física como sendo:
(...) meio para superação da compreensão unilateral para a de
omnilateralidade do homem. Jogar, dançar, vivenciar os diferentes esportes,
vivenciar as práticas corporais de diferentes culturas, se entendidas em sua
profundidade, ou seja, como fenômenos culturais, estarão contribuindo, em
conjunto com os demais componentes curriculares, para a formação de um
homem capaz de se apropriar do mundo... Jogar, dançar e praticar esportes
são também maneiras de se apropriar do mundo, e não apenas de fugir dele,
se alienar dele. (SOARES, 1989, apud ESCOBAR, 1990, p. 09).
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Os conteúdos da cultura corporal são aqueles que permeiam as danças, as
ginásticas, as lutas, os esportes e os jogos, envolvendo o entendimento do
mundo, sua reflexão, sua exploração, criação e recriação através da linguagem
corporal.
É, portanto, através da expressão corporal enquanto linguagem que será
mediado o processo de sociabilização das crianças e jovens na busca da
apreensão e atuação autônoma e crítica na realidade, através do conhecimento
sistematizado, ampliado, aprofundado, especificamente no âmbito da cultura
corporal. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.103).
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Após a discussão dos conteúdos da educação física escolar e sua
possibilidade de vivência para qualquer aluno colocaremos um dado
encontrado no texto de David Rodrigues (s/d, p.77):
(...) em EF os conteúdos ministrados apresentam um grau de determinação e
rigidez menor do que as outras disciplinas. O professor de EF dispõe de uma
maior liberdade para organizar os conteúdos que pretende que os alunos
vivenciem ou aprendam nas suas aulas. Este menor determinismo
conteudístico é comumente julgado como positivo face a alunos que têm
dificuldade em corresponder a solicitações muito estritas e das quais os
professores têm dificuldade de abdicar devido a eles próprios se sentirem
constrangidos pelos ditames dos programas. Assim, aparentemente a EF seria
uma área curricular mais facilmente inclusiva devido à flexibilidade inerente
aos seus conteúdos o que conduziria a uma maior facilidade de diferenciação
curricular.
E1 / A1 E1 / A2 E2 / A3 E3 / A4 E4 / A5 E4 / A6 E4 / A7 E4 / A8
1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o.
Local Utilizado
Q Q Q Q Q Q --- Q Q S S P Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q Q
Conteúdo 1 1 1 1 1 1 --- 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1e2 1 1 1e2 1 1 1e2
Tempo
Observado 50' 50' 50' 100' 100' 100' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50' 50'
Tempo de 10 a até até mais mais mais até 30 a 30 a 30 a 30 a 30 a 5 a 10 a até 5a 10 a até 5a até até 10 a 30 a 30 a
Envolvimento 20' 5' 5' 60' 60' 60' 5' 50' 50' 50' 50' 50' 10' 20' 5' 10' 20' 5' 10' 5' 5' 20' 50' 50'
A: Livre X X
A: Dirigida X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Ambas X
A: Coletiva X X X X X X X X X X X X X X
A: Individual X X X X X X X
Ambas X X X
A: Cooperativa X X X X X X X
A: Competitiva X X X X X X X X X X X
Ambas X X X X X X
Não
Participação X X X X X
Participação
Fora do X X X X X X X X X X X
Participação
no Grupo X X X X X X X X X X X X X X X X
P:
Espontânea X X X X X X X X X X X X X
P: Orientada X X X X X X
P: Parcial X X X X X X X X X X X X X X X
P: Ativa X X X X
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1 – Jogo (Escobar, 1990); 2 – Ginástica (Escobar, 1990); 3 – Esporte
(Escobar, 1990); Q – Quadra poli – esportiva; S – Salão Fechado; P – Pátio
Coberto.
Espaços sem preenchimentos demonstram atividades ou locais sem
especificação.
A1 / E1 A2 / E1 A3 / E2 A4 / E3 A5 / E4 A6 / E4 A7 / E4 A8 / E4
INTERAÇÃO 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o. 1o. 2o. 3o.
DO ALUNO
COM GRUPO
Proximidade
Física X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Verbalização
X X X X X X X X X X X X X X X
Não -
Verbalização X X X X X X X X X
Interação com
Objetos X X X X X X X X X X X X X X
Interação Física
X X X X X X X X X X X X X X X X
DO GRUPO
COM ALUNO
Proximidade
Física X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Verbalização
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Não -
Verbalização X X X X
Interação com
Objetos X X X X X X X X X X X X
Interação Física
X X X X X X X X X X X X X X
Auxílio nas
Atividades X X X X X X X X X X
Incentivo à
ação X X X X X X X X X X X
Agem pelo
aluno X
Tabela 2 - Interação
Considerações finais
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como observado na Tabela 1 que nos mostra que das cinco vezes que alunos
deixaram de participar das aulas, quatro delas apresentavam atividades
competitivas. Isso nos mostra a dificuldade em fazer com que alunos com
necessidades educativas especiais participem ativamente das aulas pois essas
objetivam o acerto e não a tentativa e experiência de um momento de troca
com o meio e um momento de comunicação.
A maioria dos alunos participou das aulas de forma espontânea, ou seja,
não houve necessidade de intervenção do professor para que o aluno entrasse
na atividade. Porém, o aluno poderia iniciar a aula dentro do grupo e após isso
partir para uma atividade paralela à realizada.
A participação dos alunos com necessidades educativas especiais ainda é
de forma parcial, ou seja, o educando não expõe suas idéias para ajudar o
grupo a solucionar problemas propostos em aula.
Na Tabela 2, observamos que a proximidade física é unânime nas aulas
de educação física, porém, isso não garante interação entre os alunos. O
cuidado a ser tomado se refere à interação que pode ser negativa quando,
objetivando o acerto, professores e alunos buscam selecionar aqueles que
mais acertam, item presente em atividades competitivas nas quais alunos
escolhem para seu time os melhores para ganharem.
Intermediário dessa relação é o professor que, se admitir a educação
física dentro da escola não como extensão do esporte, pode possibilitar um
momento para experiências corporais que objetivam a compreensão do mundo
e expressão no mesmo, refletindo criticamente sobre as atividades realizadas e
compreendendo as diferentes formar de manifestação cultural.
Compreendemos, então, ser a educação física um componente curricular
com o ambiente propício à inclusão, pois busca proporcionar aos alunos a
vivência dos conteúdos da cultura corporal possibilitando o trabalho com
grupos de pessoas que apresentem ritmos diferenciados, para que os mesmos
possam compreender o seu corpo como meio de comunicação com o mundo e
apreensão do mesmo.
Assumindo a facilidade de incluir, faz-se necessário focar o compromisso
com a educação, não abandonando os alunos com necessidades educativas
especiais que desejam construir seu conhecimento aos profissionais da saúde
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que oferecem atividades ocupacionais de extrema importância mas que não
estão ligadas à educação.
Por fim, a educação física escolar deve compreender-se disciplina que
proporciona aos alunos a possibilidade de vivência crítica dos conteúdos
componentes de acordo com os ritmos de cada educando do grupo, assim
sendo, a inclusão é facilitada não apenas àqueles com necessidades educativas
especiais mas se estende aos alunos que já possuem seus lugares na escola e
ainda buscam o reconhecimento de suas potencialidades, sem sofrer
discriminações com etnias, classes social, gênero, entre outras características
ligadas ao desconhecimento do ser humano.
Referências bibliográficas
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