2024 - Resumo - A Pluviometria em Viçosa-MG

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Universidade Federal de Viçosa

A Pluviometria em Viçosa-MG:
uma análise da temporada de chuvas de 2023

Matheus Alves Silveira1

Resumo

O presente trabalho visa elucidar e justificar a pesquisa do autor, partindo de dados


pluviométricos obtidos por meio de um pluviômetro analógico para a coleta de pluviosidade.
A análise comparativa entre tais dados e os dados meteorológicos oficiais obtidos pelo
INMET, se faz referente à temporada de chuvas de 2023 (outubro de 2023 a março de 2024).
Os resultados apresentaram um maior volume pluviométrico registrado pelo autor, em relação
aos dados oficiais obtidos pelo órgão federal. O que gerou questões referentes à atuação e
densidade das redes pluviométricas brasileiras, visto a necessidade de dados atmosféricos
cada vez mais precisos em tempos de mudanças climáticas.

Palavras-chave: Meteorologia. Climatologia. Geografia.

Introdução

A pesquisa em andamento é uma atividade proposta pelo laboratório de biogeografia e


climatologia (BIOCLIMA) do Departamento de Geografia da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). Consiste na coleta do volume de precipitação diária – por meio de um
pluviômetro analógico, instalado na “horta das moradias” do Alojamento Pós da UFV – e na
comparação entre tais dados obtidos com os fornecidos pelo Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET). Podendo, futuramente, expandir a comparação com materiais de
coleta de outras fontes, situados no mesmo município.

O experimento iniciou-se em 01/10/2023, finalizando a primeira etapa em 31/03/2024


(totalizando assim, seis meses), ao qual, a partir da coleta pluviométrica, foi realizada a
análise, comparação e justificação dos resultados. Os sistemas atmosféricos atuantes durante
o período da pesquisa também serão elencados, mediante análise das cartas sinóticas
disponíveis no site da Marinha Brasileira. Estas são cartas de pressão ao nível do mar que
informam, mediante a interpretação de imagens de satélites, as massas de ar, os sistemas
atmosféricos e demais fenômenos presentes na baixa troposfera que atuam no Atlântico Sul e
no continente sul-americano.

O ano de 2023 foi marcado pela atuação do El Niño Oscilação Sul (ENOS), fenômeno este
que gerou ondas de calor no último trimestre do ano e a diminuição da quantidade de chuvas
no território brasileiro. Tal evento, assim como a Tempestade Tropical Akará de 16 a
22/02/2024, serão analisados a fim de conceber uma relação com o volume pluviométrico
anual considerado padrão para Viçosa.

1
Graduando do Curso de Geografia - Integrante do Laboratório de Biogeografia e Climatologia (BIOCLIMA)
do Departamento de Geografia da UFV - [email protected]
A atuação da estação meteorológica do INMET (VICOSA A510) será o ponto de debate
principal do trabalho, visto que esta é responsável por fornecer os dados meteorológicos
oficiais do governo brasileiro. A assertividade entre as informações divulgadas e os volumes
reais de pluviosidade se torna um fator crucial para entendermos as mudanças climáticas
pelas quais estamos passando. Desta forma, o trabalho pretende também questionar sobre a
baixa densidade das estações meteorológicas no território brasileiro e o impacto gerado na
difusão de dados.

Metodologia

Para iniciar a construção da análise comparativa da temporada de chuvas de 2023 em


Viçosa-MG, o autor irá partir do reconhecimento do recorte espacial, elencando
características do município. Informações referentes ao espaço físico (área total, relevo,
vegetação, clima, etc.) e a aspectos sociais — como o tamanho da população levantada pelo
último censo, por exemplo — serão apresentadas para o auxílio da compreensão do sítio
estudado. A utilização da cartografia digital poderá ser utilizada para a representação deste
espaço, por meio da confecção de mapas de localização em softwares de geoprocessamento,
como o Qgis, por exemplo.

Outro importante levantamento que será realizado consiste no mapeamento dos pontos de
coleta de dados pluviométricos. O autor prevê duas formas de se obter as coordenadas
geográficas dos pontos de amostragem: 1ª - coleta de dados georreferenciados in loco; 2ª -
obtenção de dados por meio do mapeamento já presente no site do INMET.

Após a realização da coleta das coordenadas geográficas das estações pluviométricas e dos
pluviômetros analisados, será necessária a mensuração das distâncias entre pontos, suas
altimetrias e demais informações relevantes para a confecção de mapas digitais, via Sistemas
de Informações Geográficas (SIG). De acordo com Alves e Silva (2022), o raio de
abrangência e a densidade pluviométrica destes pontos podem ser calculados por meio de
equações matemáticas.

O pluviômetro do autor, de marca Incoterm, possui volume máximo de 150 mm e escala de


intervalos de 2 mm. Este foi conferido diariamente às oito da manhã (08:00) durante o
período do estudo. O volume de chuva coletado em 24 horas foi anotado em uma planilha
digital do aplicativo Google Planilhas. A cada mês foi realizado o somatório de dias em que
houve precipitação e a quantidade mensal de volume em milímetros, sendo desenvolvido um
calendário digital (Figura 1) no mesmo aplicativo para melhor ilustrar a relação de dias com
chuvas durante os meses.

Figura 1

Fonte: Autor
A estação meteorológica VICOSA A510 será o ponto principal de comparação entre
resultados, visto que esta é a responsável por fornecer os dados meteorológicos oficiais do
governo brasileiro. As estações automáticas utilizam-se de pluviógrafos para o registro de
pluviosidades, estes, diferentes dos pluviômetros, são automáticos em seu modo de operação.
O que gera uma autonomia, uma vez que, segundo Perea Martins (2003), estes podem ser
instalados em locais de difícil acesso e em regiões longínquas.

A análise quantitativa dos dados de precipitação durante o período proposto pelo estudo foi
realizada considerando o mesmo horário definido pelo autor como a hora zero para a coleta
de chuva (08:00). Desta forma, a mensuração dos dados diários da estação A510 partiu de
11:00 UTC (universal time coordinated), horário referente a 08:00 no GMT −3 (horário de
Brasília).

Os demais pontos pluviométricos cotados também terão seus dados analisados


quantitativamente mediante um somatório dos volumes mensais. A comparação de volume de
chuva entre pontos durante o mesmo período poderá ser utilizada para um entendimento
espacial da pluviosidade do sítio estudado. A obtenção dos dados deverá ser feita por meio do
contato entre o autor e as entidades responsáveis pelos instrumentos de medição.

Uma análise qualitativa dos sistemas produtores de pluviosidade atuantes no período de


coleta será realizada via consulta às cartas sinóticas do Centro de Hidrografia da Marinha.
Disponíveis no site da Marinha do Brasil, estas são lançadas diariamente em pares de cartas,
nos horários de 00 e 12Z (zulu time), correspondendo às 21H e 09H do horário de Brasília.

Da mesma forma, será necessário um estudo qualitativo que vise elucidar alguns dos
fenômenos meteorológicos atípicos que o autor observou atuar entre outubro de 2023 e março
de 2024. Dentre estes eventos temos o El Niño, e as ondas de calor provenientes deste
fenômeno; a tempestade tropical Akará de fevereiro de 2024, dentre outros; para este estudo,
espera-se encontrar em artigos e dissertações meteorológicas e climatológicas um referencial
teórico que embase o trabalho do autor, dotando-o de credibilidade para a argumentação
sobre as questões propostas.

Resultados e Discussão

O somatório das precipitações diárias durante o período proposto pelo estudo, mostra que
entre os meses de outubro de 2023 e março de 2024, a estação A510 registrou 1203,4 mm de
pluviosidade em 98 dias, enquanto o autor coletou 1420,5 mm em 79 dias. Uma diferença de
217,1 milímetros e 19 dias (Tabela 1).

Tabela 1

Viçosa-MG - Pluviometria de 2023/2024


Dados INMET Dados Autor
Mês Dias Volume Mês Dias Volume

10/2023 17 154,6 10/2023 13 198,5

11/2023 8 80 11/2023 7 97,5

12/2023 12 67 12/2023 12 98

01/2024 21 408,4 01/2024 15 405


02/2024 22 244 02/2024 14 253

03/2024 18 249,4 03/2024 18 368,5

Total: 98 dias 1203,4 mm Total: 79 dias 1420,5 mm

Fonte: Autor/INMET

Os valores nos informam que, em cinco dos seis meses, o volume coletado pelo autor foi
superior em relação aos da estação meteorológica. Ainda assim, os dias em que houve
precipitações registradas pela estação superam os dias registrados pelo autor. Somente nos
meses de dezembro de 2023 e março de 2024, ambos registraram o mesmo número de dias
com chuva: 12 (doze) e 18 (dezoito) dias. A maior diferença de volume de precipitação
ocorreu em março de 2024: 119,1 mm.

Conclusões

Uma vez que a diferença de atuação dos instrumentos de medição (pluviômetro/pluviógrafo),


segundo Collischonn (2014), dispostos num mesmo local se faz menor que 2 mm —
diferença essa mínima — a distância entre os pontos de coleta se torna um fator de maior
relevância para análises de dados mais próximos à realidade. Logo, questionar sobre a
atuação e a densidade da rede pluviométrica do INMET se faz necessário, em função do
fornecimento dos dados para se obter as normais climatológicas, referentes a 30 anos de
registro de dados climatológicos (WMO, 2017), ser elaborado através desta entidade federal.

A análise preliminar dos dados obtidos in loco pelo autor em relação aos dados fornecidos
pelo INMET através da estação A510 mostrou uma diferença significativa entre os dois
pontos de coleta. Diante dessa diferença, é necessário um debate amplo por meio do
questionamento, em razão da presente necessidade de um entendimento climatológico mais
assertivo, perante os dilemas das mudanças climáticas e dos desastres socioambientais que
são presenciados todos os anos, a cada temporada de chuva.

Espera-se obter um montante maior de dados pluviométricos por meio de outras fontes de
coleta presentes no município para expandir este debate. Analisando assim diversos pontos de
amostragem de um mesmo evento, e enriquecendo o entendimento espacial da pluviosidade
de Viçosa na temporada de chuvas de 2023.

Referências bibliográficas

ALVES, L. B; SILVA, C. A. Modelos Matemáticos e Preenchimentos de Falhas: a


Avaliação da Densidade da Rede Pluvial da Região Centro Sul de Mato Grosso do Sul in
Climatologia geográfica [livro eletrônico] : conceitos, métodos, experimentos / organização
Charlei Aparecido da Silva. -- Porto Alegre, RS : TotalBooks, 2022. -- (Coleção
PPGG-UFGD) Disponível em:
https://totalbooks.com.br/wp-content/uploads/2022/12/CLIMATOLOGIA.pdf Data de acesso:
24/03/2024
COLLISCHONN, Erika. Metodologia experimental em projetos de ensino em
climatologia in
Experimentos em climatologia geográfica. / Charlei Aparecido da Silva, Edson Soares Fialho,
Ercília
Torres Steinke (organizadores). – Dourados, MS : UFGD, 2014. 392p.

PEREA MARTINS, João E. M. Gotas em detalhes: Coletor desenvolvido na Unesp


registra volume de chuvas, data e horário em que ocorreram. Pesquisa Online FAPESP,
SP, ed. 92, 2003.
Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/gotas-em-detalhes/. Acesso em: 16/04/2024.

WMO. WMO Guidelines on the Calculation of Climate Normals. World Meteorological


Organization, 2017. Disponível em:
https://library.wmo.int/records/item/55797-wmo-guidelines-on-the-calculation-of-climate-nor
mals Data de acesso: 24/03/2024

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