Artigo Final Publicado
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Vol. 13, No.2, 456–469
6 de agosto de 2020
REVISTA AIDIS
de Ingeniería y Ciencias Ambientales:
Investigación, desarrollo y práctica.
Abstract
Water resource planning should be more coherent and concise so that the tool used in its management could be
efficient following waterbody company instructions and guidelines. The temporal distribution of irregular
precipitation in the Brazilian northeast (specifically in Ceará), requires a special attention for adoption of several
equipment for water security, water supply, water management and other appropriate purposes. The objective of
this paper is to improve the technique (correction factor) of bias removal in the design floods (reference and
simulated) in different return periods for the Sítios Novos reservoir. After the simulation of the design storm (synthetic
hyetographs) in different return period and flood generation, an underestimation of the respective flow rates was
observed in detriment of the referential design floods and based on the mathematical calculation of bias correction
factors in 6 different forms of rainfall distribution. These factors obey a temporal and spatial invariability and have
presented an overestimation of the simulated flood in the course of their use. In this sense, we opted for the method
of trial and error with the objective of finding an equality of the design flood (simulated and reference) in the same
return period of study in a given watershed such as the Sítios Novos Basin – Ceará.
1Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará, Brasil.
2Escola Superior de Desenvolvimento Rural, Universidade Eduardo Mondlane, Vilankulo ‐ Inhambane, Moçambique.
* Autor correspondente: Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará, Bloco 713, Avenida
Humberto Monte S/N, Campus do Pici, Fortaleza–CE. CEP 60451–970, Brasil. Email: [email protected];
[email protected]
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Resumo
O planejamento dos recursos hídricos deve ser mais coerente e conciso de modo que a ferramenta usada na sua
gestão seja eficiente por certos períodos de tempo em algum empreendimento hídrico. A distribuição temporal das
precipitações irregular no nordeste brasileiro (concretamente no Ceará) faz com que se adoptem outros meios
fundamentais tanto para a segurança hídrica, abastecimento de água, gestão de água e outros fins adequados. O
objetivo da pesquisa consiste em aprimorar a técnica (fator de correção) da remoção dos vieses nas vazões de projeto
(referência e simulada) em períodos de retorno diferentes para o açude de Sítios Novos. Após a simulação da chuva
de projeto (hietogramas sintéticos) em diferentes tempos de retorno e geração das vazões verificou‐se uma
subestimação das respectivas vazões em detrimento das vazões de projeto referencial, tendo como base o cálculo
por meio matemático de fatores de correção de vieses em 6 diferentes formas de distribuição da chuva. Esses fatores
obedecem a uma invariabilidade temporal e espacial, tendo apresentado uma superestimação das vazões simuladas
no decurso do seu uso. Nesse sentido, optou‐se pelo método de tentativas e erros com o objetivo de encontrar‐se
uma semelhança igualitária das vazões de projeto (simuladas e referência) em períodos de retorno em estudo em
uma determinada bacia hidrográfica como o caso de estudo de Sítios Novos – Ceará.
Palavras chave: vazão de projeto, hietograma sintético, período de retorno, fator de correção.
Introdução
A segurança de obras hidráulicas como barragens, diques de proteção, pontes, bueiros e outras,
depende diretamente do hidrograma de projeto. As vazões de pico, para fins de
dimensionamento, podem ser obtidas a partir de análises de frequência de eventos observados
ou, alternativamente, a partir de uma chuva de projeto associada a um uma forma de chuva ad
hoc (hietograma sintético). Uma das práticas mais aplicadas consiste em fazer um estudo da
frequência de chuvas observadas, adotar uma altura de chuva, com uma dada duração e
determinado período de retorno, escolher uma forma sintética de chuva, aplicar chuva de projeto
a um modelo chuva‐deflúvio e obter a vazão de dimensionamento. Já foi detectado, para as
condições hidrológicas da região litorânea do estado do Ceará, que essa metodologia leva a
subdimensionamento da vazão de projeto (Chimene & Campos, 2017). Persiste a questão: o que
fazer para corrigir esse subdimensionamento?
Os eventos extremos têm um impacto significativo quanto às consequências a serem obtidas para
o desenvolvimento urbano e rural, segurança das infraestruturas hídricas, agricultura e a vida no
geral. O conhecimento aleatório dos eventos extremos (precipitações ou vazões máximas) e as
incertezas associadas à sua obtenção se tem afirmado como um dos obstáculos para a
determinação das reais disponibilidades dos recursos hídricos em uma dada bacia hidrográfica ou
reservatório, como o caso das regiões semiáridas. Os modelos computacionais bem como
matemáticos usados na predição das vazões máximas para o uso futurista dos planejadores dos
recursos hídricos apresentam certas incertezas incapazes da sua redução precisamente e
recorrendo aos métodos empíricos de análises.
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Segundo Studart (2000), as incertezas podem ser presentes em certas dimensões em modelos
hidrológicos por causa das simplificações ou aproximações contidas em cada aplicabilidade na
sua quantificação e/ou qualificação nas simulações dos eventos extremos para uma determinada
bacia hidrográfica ou reservatório. Adam (2016) enfatiza que as incertezas podem ser reduzidas
através do monitoramento e melhoria das pesquisas ou modelagem em análise permitindo uma
melhor abordagem da quantificação e possível fonte de incertezas com a finalidade da melhor
investigação e tomada da decisão. As abordagens do estudo das incertezas na determinação das
vazões têm tido uma fraca aderência sendo que a metodologia que contempla análise das
diversas formas da redução quantitativa se torna um grande desafio na modelagem hidrológica.
Dados e métodos
Caracterização da área de estudo e coleta dos dados
A bacia hidrográfica do Açude do Sítios Novos (Figura 1) é localizada nas regiões litorâneas oeste
do Estado do Ceará, concretamente no municipio de Caucaia, a 50 km de Fortaleza (capital do
estado de Ceará). O açude de Sítios Novos situa‐se nas coordenadas geográficas UTM 504.706 E
e 9.583.427 N, barrando o rio São Gonçalo (localizado no norte de Palmácia, percorrendo 61 km
até o local do seu barramento), com uma área de drenagem na ordem dos 442 km2 de extensão
(Figueiredo & Campos, 2007). A capacidade do reservatório é de 126 milhões de metros cúbicos
(m3) e tem a área de espelho d’água de 2.010 hectares. A bacia hidrográfica engloba os municípios
de Caucaia, Maranguape, Palmácia e Pentecoste (COGERH, 2008).
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seguinte. Os dados foram organizados, analisados, testados e tabulados (288 classes) com a
finalidade de serem usados na modelagem pelo modelo SCS‐CN na geração das vazões e
posteriormente usados modelos probabilísticos na geração de vazões de projeto.
A chuva de projeto foi determinada com base na escolha do melhor ajuste de probabilidades em
diferentes períodos de retorno após a seleção e organização dos eventos extremos anuais onde
a distribuição Gumbel foi a mais aceitável com teste de aderência de Anderson‐Darling.
A vazão de projeto foi, porém, calculada pelo método probabilístico em diferentes tempos de
retorno a partir das vazões máximas estimadas pelo método de SCS‐CN conforme os eventos
extremos anuais selecionados na série histórica com o teste de aderência de Anderson‐Darling.
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Para blocos avançados assim como os blocos retardados ou recuados seguem o mesmo
procedimento dos blocos alternados, mas diferenciados na disposição dos blocos quanto ao
rearranjo. Os Blocos Avançados, os incrementos obtidos são rearranjados da esquerda para
direita sendo que o maior se localiza na esquerda e os demais seguem numa ordem decrescente
segundo uma determinada sequência. Os Blocos Retardados ou Recuados, os incrementos
obtidos são rearranjados no sentido inverso dos blocos avançados. Estes se dispõem da ordem
crescente sendo sempre o menor se encontrar na esquerda e o maior na direita (no final).
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K .T m
i Equação (1)
t b
n
Método Empírico
Pode‐se considerar o método empírico como mera racional dado que os hietogramas de projeto
são constituídos pela chuva máxima anual diária da série histórica usada no estudo de caso. Os
procedimentos para a obtenção do hietograma de projeto a partir do método Empírico são feitos
da seguinte forma:
Método Uniforme
A distribuição da chuva uniforme é composta por dois tipos (tipo 1 e 2) na qual racionalmente
presume‐se que a chuva seja duma forma distribuída em torno do período planejado para o
projeto. Para se obter os hietogramas de projeto utilizou‐se a equação da chuva de Fortaleza (tipo
2) e a discretização temporal da chuva. Para o método uniforme do tipo 1 (24h) vai se fazer
algumas suposições empíricas contando como parte as chuvas de projetos determinados em cada
período de retorno.
Os hietogramas de projeto para o método uniforme (tipo 1), são construídos da seguinte forma:
Deve‐se indicar o total de hietogramas a serem construídos num período de 24h com a
discretização temporal da chuva;
Cada chuva de projeto já definido com um período de retorno deve‐se dividir com o
número total de hietograma de projeto;
A distribuição da chuva deve ser igual para todos os hietogramas do projeto calculado em
torno do valor total definido.
Os hietogramas de projeto para o método uniforme (tipo 2) que é construído a partir das
suposições de que a chuva esteja distribuída em prol do tempo de concentração definido na bacia
hidrográfica tal que:
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Bias ou Viés
Usa‐se o erro médio ou viés (BIAS em Inglês) para quantificar erros de equilíbrio de um modelo
por apresentar alguma tendência (erro sistemático) em superestimar ou subestimar os valores
observados (nesse caso a precipitação ou vazão) expressando o desvio médio dos valores
simulados/estimados em relação aos valores da referência ou observados. Quanto mais próximo
de zero, a magnitude da estimativa do erro sistemático se torna menor e perfeita. Seu valor é
calculado com base nas diferenças dos valores estimados/simulados e observados/referência
admitindo valores positivos e negativos, tendo o zero como valor ideal, indicando uma simulação
exata do modelo. Os valores positivos indicam que o modelo superestimou os valores
observados/referência e valores negativos quer dizer que o modelo subestimou os valores da
observação (Santos, 2016). O viés corresponde a precisão do cálculo da média amostral e
estimando a variabilidade média com a seguinte fórmula:
1
BIAS Viés
Qref
Qsim Qref Equação (2)
Onde: Qsim – é o valor da vazão simulada, Qref – é o valor da vazão de referência/observado em um determinado
tempo de retorno em análise.
A equação 2 é definido como sendo a média dos erros individuais ou viés sendo o primeiro
momento da distribuição das diferenças e tornando ineficiente na definição da acurácia da
simulação e inibindo um fraco uso estatisticamente nas análises. Embora forneça uma ideia da
tendência ou erro sistemático é bastante afetado aquando do somatório dos erros sistemáticos
que se cancelam levando a subestimação do erro das simulações (Hallak & Pereira Filho, 2011).
O Viés foi estabelecido como sendo o erro observado nas estimativas da cheia de projeto (Qsim)
adquirida por uma chuva de projeto com hietogramas sintéticos e uma outra cheia de projeto
(Qref) obtida de hietogramas observadas numa escala horária (Chimene, 2019).
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Qref
F ( ) Equação (3)
Qsim
Onde: Qref – é a vazão do pico (m3.s‐1) tomada como referência obtida a partir de métodos probabilísticos com base
nos hietogramas observados; Qsim – é a vazão do pico (m3.s‐1) simulada a partir dos hietogramas sintéticos
O fator de correção de vieses (F) adimensional é multiplicado nos hietogramas sintéticos com
tempos de retorno diferentes (concretamente de 1000, 500, 200, 100 e 50 anos) que
posteriormente geraram as vazões de projeto pela simulação por modelo SCS‐CN. Em cada tipo
de distribuição da chuva usado foi feito o mesmo procedimento.
A equação 4 demonstra a vazão do pico que se obtém na multiplicação do fator de viés com a
chuva de projeto em cada forma de distribuição da chuva analisada no presente estudo (Chimene,
2019).
Esse fator foi usado em vazões de projetos de diferentes tempos de retorno, mas num método
matemático empírico. Em caso de não se observar um ajuste perfeito das vazões de projeto em
causa analisadas, recorrer‐se‐á ao método das tentativas na aquisição do fator de correção de
vieses (ϕ) conforme a equação 5.
O ponto fundamental desse trabalho é identificar um fator de correção de vieses para chuvas de
projeto de um determinado tempo de retorno consoante a análise da frequência com o mesmo
período de retorno.
Os resultados da chuva de projeto de diferentes períodos de retorno (50, 100, 200, 500 e 1000
anos) foram usados na obtenção dos hietogramas sintéticos das diferentes formas de distribuição
da chuva no decurso da bacia hidrográfica concretamente: Blocos Alternados, Blocos Retardados,
Blocos Avançados, Uniforme 24h, Uniforme com tempo de concentração e Empírica. Os
hietogramas sintéticos calculados com base em chuva de projeto (obtido a partir dos hietogramas
observados) foram tabulados em 288 classes (correspondente a um dia, ou seja, ao total da
precipitação observada no período de 24h) e modelados pelo SCS‐CN para se obter vazões de
projeto em diferentes períodos de retorno (Chimene, 2019).
Resultados e discussão
A simulação pelo método SCS‐CN (para a perda por infiltração ou cálculo do balanço hídrico no
solo) tomou em conta as características fisiográficas e pedológica da bacia hidrográfica de Sítios
Novos: CN = 78, tempo de retardo = 285 e o tempo de concentração (tc) = 475 minutos calculado
com base na fórmula de Kirpich. Adicionando a esse fato, o método Hidrograma Unitário SCS para
a transformação da precipitação excedente em vazão foi adotada na simulação dos eventos
extremos e sendo ainda a taxa de impermeabilidade quase nula (0%).
Para todas vazões do pico simuladas foram diferentes sendo que o método uniforme 24h mostrou
os valores bem baixos das demais enquanto o método empírico teve valores maiores. A tabela 1
demonstra os valores das vazões de projeto em estudo.
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Tabela 1. Vazões de projeto simuladas pelo método SCS‐CN vs vazões de projeto de referência (Qref é a vazão do pico
tomada como referência obtida a partir de métodos probabilístico com base nos hietogramas observados)
Período de Retorno (anos)
1000 500 200 100 50
Formas de Chuva e Empírico 2797.1 2557.2 2242.3 2006.1 1771.6
Vazões de projeto Uniforme 1043.5 963.5 858.7 778.5 698.2
Sintéticos (m3.s‐1) 24h
Uniforme 2075.6 2031.2 1785.1 1608.7 1421.6
com tc
Blocos 2606.6 2379.9 2080.1 1855.7 1633.3
Alternados
Blocos 2012.1 1827.2 1586.2 1406.5 1229.6
Avançados
Blocos 2746.9 2521.2 2223.4 1998.6 1774.1
Retardados
Vazões de Projeto ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 3336.60 2963.27 2502.1 2176.1 1868.26
referencial (m3.s‐1) ‐‐‐‐
O modelo de correção de tendência (viés) ao longo do período histórico é assumido como sendo
o mesmo em simulações futuras e, portanto, pode ser usado para obter as projeções futuras. A
correção de viés mostrou ser um método simples e eficaz que pode ser aplicado rapidamente em
grandes áreas, em vários modelos ou como etapa pré ou pós‐processamento para métodos de
baixa escala mais sofisticados (Johnson e Sharma, 2015).
Para o nosso estudo trabalhamos com o modelo matemático estatístico empírico onde se precisa
encontrar os valores susceptíveis concisos e mais coerentes na forma mais fácil e que vá de acordo
com o conteúdo que se pretende tratar. Entretanto, o planejamento hidrológico é geralmente
ditado, por vezes, pela frequência e magnitude de anomalias nos valores da vazão simulada
afetando assim os sistemas de recursos hídricos no seu todo em períodos de retorno desejados.
Essas anomalias se têm verificado em pequenos ou grandes sistemas dos recursos hídricos que
tem sofrido o estresse hidrológico e a falta de água durante um certo período dando, porém, a
importância das suas abordagens e acertos no estudo de caso.
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Para se efetivar uma correção perfeita do viés para as vazões de projeto obtidos pela simulação
através do método SCS‐CN, há que se corrigir os hietogramas de projeto bastando apenas
multiplicar por um certo fator de correção e por fim modelar com as mesmas características
noutrora estabelecidas. O fator de correção dos vieses foi estabelecido como a razão entre as
vazões de projeto referência (assume‐se como sendo a observada no caso em estudo) com as
vazões de projeto simulados pelo método SCS‐CN (equação 3). Os hietogramas de projeto criados
seguiram os mesmos procedimentos colocados nos dados e métodos. Ademais, esses fatores de
correção irão implicar alguma mudança da chuva de projeto com a finalidade de se atingir as
vazões de projeto de referência requeridas para um empreendimento hídrico como o caso da
bacia hidrográfica do Açude de Sítios Novos. A tabela 2 demonstra os fatores de correção e as
vazões de projeto gerados nos períodos de retorno em análise para cada forma de distribuição
da chuva na bacia hidrográfica.
Os valores dos fatores de correção dos vieses constatados na tabela 2 para os períodos de retorno
de 1000, 500, 200, 100 e 50 anos respectivamente obtidos pela divisão dos valores de vazões de
projeto de referência com os valores de vazões de projeto simulados pelo método SCS‐CN
gerados foram multiplicados usando a equação 4 com os valores que constituíam a cada
hietograma de projeto para as diferentes formas de distribuição da chuva estudada. Essa
construção dos hietogramas de projeto foi simulada pelo método SCS‐CN com as mesmas
condições previamente colocadas na geração das vazões de projeto onde se resultou em valores
bem superiores que os valores estimados anteriormente.
Após a aplicação dos fatores de correção dos vieses para cada forma de distribuição da chuva
verificou‐se que todas vazões de projeto obtidos por esses hietogramas de projeto se
superestimaram em relação às vazões de projeto de referência comparativamente devido a
forma de distribuição da chuva e por questões climáticas que compõe a bacia hidrográfica. O
método de Blocos Avançados apresentou maiores erros e consequentemente maior vazão de
projeto devido à sua distribuição em torno da bacia hidrográfica. Para se atingir os objetivos
traçados nessa perspectiva teve‐se que se fazer o uso de métodos de tentativas com a finalidade
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Tabela 3. Fator de correção dos vieses corrigidos em diferentes formas da distribuição da chuva em períodos de
retorno estipulados
Forma da distribuição da chuva Fator de Correção de Viés Corrigidos (ϕ)
1000 500 200 100 50
Empírica 1.14544 1.12143 1.09385 1.06038 1.03798
Blocos Retardados 1.17048 1.1370 1.09538 1.06610 1.03860
Blocos Alternados 1.20669 1.17812 1.14325 1.11911 1.09650
Uniforme com tc 1.46450 1.36920 1.31410 1.27480 1.23670
Blocos Avançados 1.45356 1.42053 1.37976 1.35118 1.32426
Uniforme 24h 2.920961 2.787045 2.613525 2.481622 2.349528
Analogamente, todos fatores de correção colocados na tabela 3 foram usados para reconstruírem
os hietogramas de projeto das formas de distribuição da chuva diferentes e com os períodos de
retorno previamente estipulados. O mesmo procedimento foi feito quando da correção do viés
pelo método matemático empírico na qual os valores obtidos foram multiplicados (conforme a
equação 5) aos 288 blocos que compunham os hietogramas sintéticos e posteriormente
modelados pelo método SCS‐CN para que se gerasse as outras vazões de projeto e comparados
com vazões de projeto de referência na área em estudo. A partir da tabela 3 verificou‐se que os
maiores valores foram obtidos no método Uniforme 24h porque detinha os valores baixos de
vazões de projeto simulados ao longo do período de retorno. Os valores menores verificados foi
o método Empírico no decurso dos tempos de retorno estudados seguidas pelo método de Blocos
Retardados.
A correção dos vieses pelo método das tentativas com a finalidade de se obter vazões de projetos
simulados equivalentes com as vazões de projeto de referência, notou‐se que apenas a
distribuição da chuva uniforme (24h e com tempo de concentração) apresentaram erros por
causa da distribuição espacial e temporal da chuva no decurso dessas formas da chuva.
Conclusão
Perante os períodos de retorno diferentes delineados ao presente estudo na remoção dos vieses
e o seu aprimoramento, há que se tirar as seguintes conclusões:
O fator de correção de viés aplicado a cada hietograma de projeto em cada diferente forma de
distribuição da chuva após a devida simulação pelo método de SCS‐CN gerou vazões de projeto
com tendência superestimada em relação a vazão de projeto de referência.
A remoção de vieses foi efetivada conforme ao método de tentativas e erros usado no fator da
correção para os hietogramas de projeto das diferentes formas da distribuição da chuva onde
depois de simuladas as vazões de projeto foram equivalentes com as vazões de projeto.
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