Análise Das Chuvas Intensas No Município de Guajarámirim
Análise Das Chuvas Intensas No Município de Guajarámirim
Análise Das Chuvas Intensas No Município de Guajarámirim
MIRIM, RONDÔNIA
Vinicius Alexandre Sikora de Souza,1; Ana Lúcia Denardin da Rosa2; Rhayanna Kalline do
Nascimento3; Rafael Henrique Serafim dos Dias4; Anderson Paulo Rudke5; Harrison Cesar de
Souza Coltre6
1
Graduando em Engenharia Ambiental pela UNIR, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
2
Professora Adjunto da UNIR, DEA, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
3
Graduando em Engenharia Ambiental pela UNIR, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
4
Graduando em Engenharia Ambiental pela UNIR, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
5
Graduando em Engenharia Ambiental pela UNIR, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
6
Graduando em Engenharia Ambiental pela UNIR, Rua Rio Amazonas nº 351, 76900-000 Ji-Paraná. E-mail: [email protected]
Chuvas intensas, segundo Righetto (1998), são os fenômenos metrológicos que provocam
cheias nos sistemas de drenagem tais que as vazões de pico atingem valores próximos da
capacidade do sistema. Como confirma Silva et al. (2003), chuvas intensas, também denominadas
chuvas extremas ou máximas, são aquelas que apresentam grande lâmina precipitada, durante
pequeno intervalo de tempo.
Segundo Cardoso et al. (1998), o conhecimento das características das precipitações intensas
é fundamental para o planejamento de práticas de conservação do solo e da água, de manejo de
bacias hidrográficas e para o dimensionamento de estruturas hidráulicas em geral. Por geralmente
tais precipitações serem capazes de gerar grande quantidade de escoamento superficial, Cecilio et
al. (2009) afirma que as precipitações intensas podem causar grandes prejuízos em áreas agrícolas,
como a inundação de terras cultivadas, a erosão do solo, a perda de nutrientes, o assoreamento e a
poluição de corpos d’água.
Atualmente a melhor solução para a caracterização e estimativa desta variável é a utilização
de curvas Intensidade-Duração-Frequência (IDF), as quais consistem em modelos matemáticos
semi-empíricos que prevêem a intensidade precipitada por meio da duração e distribuição temporal,
que segundo Tucci et al. (2004), constituem as principais características da chuva. Portanto as
mesmas são estimativas que visam atender as características especificas da precipitação na
localidade para qual o modelo é confeccionado, por meio de análises estatísticas, devido as chuvas
intensas ajusta-se à distribuição de Gumbel.
No entanto, segundo Cardoso et al. (1998) o conhecimento das características das chuvas é
bastante escasso na maior parte do Brasil e, mesmo em regiões que apresentam satisfatória
densidade de postos pluviométricos, os dados disponíveis são inadequados para uma utilização
imediata, devido a tais dados apresentarem apenas intensidades em espaçamento de tempo maiores
ou iguais a um dia.
Algumas metodologias foram desenvolvidas no Brasil para a obtenção de chuvas de menor
duração a partir de dados pluviométricos, tais metodologias empregam coeficientes para
transformar chuvas de um dia em chuvas de menor duração. Dentre essas metodologias destaca-se a
da desagregação da chuva, sendo o uso desta bastante eficiente, pois tem sido aplicado em diversos
estudos dentre os quais destacam-se Matos Neto e Fraga (1983); Cardoso et al. (1998); Oliveira et
al. (2000) e Pereira et al. (2007).
Devido à grande carência de informações relativas às equações de chuvas intensas, para todas
as localidades do Estado de Rondônia, a alternativa para a realização de projetos de obras
hidráulicas tem sido utilizar informações de localidades que sejam mais próximas e apresentam
2. MATERIAL E MÉTODOS
No trabalho foi utilizada a maior série histórica de chuva máxima de “um dia” do município
de Guajará-Mirim, Figura 2, disponibilizada pela Agência Nacional de Águas (ANA). Essa série
possui o período de dados compreendido entre os anos de 1972 e 2010. Foram excluídos destes
dados os intervalos que apresentaram falhas de medição, ficando portando com 428 meses efetivos
que foram utilizados nas análises estatísticas.
100
0
ago-72 ago-80 ago-88 ago-96 ago-04
Figura 2. Série histórica da precipitação máxima de “um dia” por mês, para o município de Guajará-Mirim.
Posteriormente obteve-se desta série histórica a altura máxima de chuva de “um dia” para
cada ano, constituindo, dessa forma, a série de chuvas máximas anuais. Após isto, os dados foram
organizados em ordem decrescente, sendo calculados a média aritmética e o desvio-padrão da
amostra. Para que dessa maneira fosse possível analisar estatisticamente a probabilidade e o período
de retorno das chuvas intensas, foi utilizada a distribuição de Gumbel, a qual se mostra mais
eficiente em descrever o fenômeno das chuvas intensas, como Hershfield e Kohler (1960)
comprovaram, ao analisar os dados de milhares de estações pluviométricas nos Estados Unidos.
A variável reduzida de Gumbel (y) foi obtida pela Equação 1, como preconizado por Gumbel
(2004).
(1)
Onde:
sx – desvio-padrão da série;
xi – valor de um elemento da amostra;
xm – média da amostra da série anual finita de n valores;
sy – desvio-padrão, valor tabelado;
(2)
250
Preciptação máxima (mm)
200
150
100
50
0
0 0,5 1 1,5 2
log [Tr (anos)]
Figura 3. Reta de ajuste dos dados de precipitação máxima em relação ao período de retorno, para o município de
Guajará-Mirim.
Após esta ação ajustou-se uma reta, Equação 3, que compreendeu a amplitude dos dados
analisados, pois a mesma apresentou um coeficiente de ajuste de 98%. Assim tornou-se possível
estimar para diversos períodos de retorno as precipitações máximas com duração de “um dia”,
podendo até mesmo extrapolar informações para períodos de retorno maiores do que os contidos no
intervalo desses dados.
(3)
(4)
Onde:
im – intensidade máxima média de precipitação, mm/h;
K, a, b, c – parâmetros relativos à localidade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constatou-se ao analisar os dados de precipitação máxima de “um dia” entre os anos de 1972
a 2010 do município de Guajará-Mirim (Figura 4), que os períodos que apresentaram maior
magnitude de chuvas intensas foram 1987 e 2003, ambos com uma altura precipitada de 222 mm, e
1975, com 216,2 mm, sendo a frequência de retorno deste fenômeno estimada em aproximadamente
53 e 45 anos respectivamente, pela distribuição de Gumbel. A alta taxa de chuvas na região sul do
200
100
0
1972 1982 1992 2002
Figura 4. Série histórica da precipitação máxima de “um dia” por ano, para o município de Guajará-Mirim.
No entanto o ano de 1990 apresentou a menor precipitação da série histórica, sendo a mesma
de 41,2 mm, o que pode denotar a presença de algum fenômeno climático que interferiu de forma
expressiva na chuva deste ano, como o La Niña, que, segundo Cunha et al. (2001) provocou um
período de estiagens prolongado na região sul do Brasil.
A altura precipitada no ano de 1990 não representou metade da média para o período
estudado, que foi de 98,61 mm, justificando dessa maneira o alto valor encontrado para o desvio
padrão da série, 41,08. Esta alta dispersão dos dados de precipitação, indicada pelo desvio padrão,
também foi mostrada por Mehl et al. (2001), que ao caracterizar os padrões de chuvas ocorrentes
em Santa Maria – RS, observou desvios padrões acima de 30 em precipitações com duração de 10
min.
Destaca-se ainda que o alto índice de precipitação observado nessa série histórica, exibida na
Figura 4, é característico dos aspectos climáticas da região, pois segundo SEDAM (2009), a média
anual da precipitação pluvial no Estado de Rondônia varia entre 1.400 a 2.600 mm/ano.
A equação confeccionada por este estudo, Equação 5, para estimar a intensidade das
precipitações máximas utilizou-se como base durações de 5, 10, 15, 20, 30, 60, 120, 480, 600, 720 e
(5)
400
350 2 anos
5 anos
10 anos
Intensidade média (mm/h)
300
20 anos
100 anos
250
200
150
100
50
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Duração (min)
Figura 4. Curvas IDF do o município de Guajará-Mirim.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado confirma que a equação proposta para se estimar a intensidade das
precipitações máximas é de grande aplicabilidade para o município, apresentando alto grau de
correlação com as variáveis relacionadas, ou seja, com a duração e o período de retorno do
fenômeno.
Essa constatação foi realizada a partir de análises estatísticas e de comparações com dados da
literatura, sendo possível verificar também o alto grau de confiabilidade da curva IDF proposta para
Guajará-Mirim, o que demonstra sua grande utilidade como subsídio no dimensionamento de obras
hidráulicas.
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