Medicina Legal - Aula 20

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Tanatologia Médico-Legal����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Cronotanatognose�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Sinais Abióticos Imediatos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Sinais Abióticos Consecutivos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

Lei do Direito Autoral nº �9 610, de 19 de Fevereiro de 1989 : Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos�
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Tanatologia Médico-Legal
Cronotanatognose
O diagnóstico de determinação se uma ferida foi feita em vida ou após a morte é de suma im-
portância para a determinação da causa jurídica da morte. Se a lesão é produzida certo tempo antes
ou depois da morte, geralmente não há dificuldade no diagnóstico diferencial, porém quanto mais
próximo da morte, maior deve ser a cautela do perito em razão da dificuldade em se pronunciar
corretamente. A essa dificuldade foi dado o nome de PERÍODO DE INCERTEZA DE TOURDES,
marcada pela presença de sinais abióticos imediatos.
A morte, diferente de algumas citações, é um processo feito em etapas que não pode ser citado
como um fenômeno simples. A morte é caracterizada em nosso meio pela presença dos sinais abióti-
cos (sinais que indicam ausência de vida) seguido de sinais transformativos.

Sinais Abióticos Imediatos


Logo após a parada cardíaca e o colapso e morte dos órgãos e estruturas, como o pulmão e o encéfalo,
surgem os sinais abióticos imediatos ou precoces: perda da consciência, midríase paralítica bilateral (dila-
tação das pupilas), parada cardiocirculatória, parada respiratória, imobilidade e insensibilidade.
Os sinais abióticos imediatos são considerados sinais de PROBABILIDADE, ou seja, indicam a
possibilidade de morte e são denominados por alguns autores como período de morte aparente, por
outros são chamados de morte intermediária.
Existem testes que marcam a ausência de circulação. São eles:
→→ Teste de Magnus – amarra-se um torniquete ao redor de um dedo com pressão suficiente para
barrar o sangue venoso sem bloquear o arterial. Se houver circulação, em poucos minutos a parte
distal fica arroxeada e congesta.
→→ Teste de Halluin – aplica-se uma gota de éter no fundo de saco conjuntival de um dos olhos. Se
estiver vivo, haverá congestão.
→→ Teste de Rebouillat – a injeção de éter no tecido subcutâneo reflui pela ferida punctória da pele,
caso não haja circulação; caso contrário, é absorvido e desperta reação inflamatória.
→→ Teste de Icard – produz uma coloração verde-esmeralda na esclerótica (parte branca do olho)
pela injeção endovenosa ou intramuscular de uma solução de fluoresceína esterilizada.
Embora se considere a coagulação do sangue um fenômeno vital, os patologistas sabem que pode
ocorrer na mesa de necropsia. Basta que a abertura do corpo se faça com pequeno intervalo após a morte.
Por outro lado, sabe-se que o coágulo post mortem é dissolvido depois de formado quando a
morte se processa rapidamente, principalmente nas asfixias. Isso se deve à liberação de um sistema
fibrolítico que não é ativado nos casos de morte agônica. Mas o maior valor da coagulação como sinal
de reação vital é a aderência dos coágulos às bordas das lesões. Sabe-se, hoje, que isso se deve à ação
de uma glicoproteína chamada fibronectina. Nas lesões vitais, a lavagem com água não consegue
retirar o sangue aderido aos tecidos.
Sinais Abióticos Consecutivos
ESPASMO CADAVÉRICO: caracteriza-se pela rigidez abrupta, generalizada e violenta. Os cadáve-
res guardam a posição em que foram surpreendidos pela morte numa atitude especial produzida em
vida (Sinal de Kossu). É comum na morte súbita.
DESIDRATAÇÃO: perda da água, que nos vivos é compensada pela ingestão, continua no cadáver
de modo contínuo, mas sem reposição. A desidratação causa perda de peso, apergaminhamento da
pele, dessecamento das mucosas e fenômenos oculares no cadáver.
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fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos�
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→→ Sinal de Sommer e Larcher - Escurecimento do globo ocular na porção em que há abertura.


Esse sinal decorre da oxidação promovida pelo oxigênio atmosférico na esclerótica. Ocorre
após cerca de 6h do óbito;

Sinal de Sommer e Larcher


→→ Sinal de Ripalt - Depressão do globo ocular e deformação da íris e da pupila após realizar um
ponto de pressão (8h após o óbito);
→→ Sinal de Bouchut - Enrugamento do globo ocular.
O apergaminhamento da pele ocorre nas áreas de arrancamento post mortem da epiderme, na
pele fina da bolsa escrotal e dos grandes e pequenos lábios da genitália feminina, quando desnudas.
A pele fica endurecida ao toque, semelhante a couro dessecado, e com coloração amarelada.
LIVOR, ALGOR e RIGOR: algum tempo depois, além da desidratação, aparecem os sinais abió-
ticos mediatos, tardios ou consecutivos típicos, indicativos de certeza da morte, tais como: livores,
rigidez, hipotermia (ou equilíbrio térmico) e opacificação da córnea. Tais sinais constituem uma
tríade – livor, rigor e algor (LAR) –, ou seja, alterações de coloração, rigidez e de temperatura, indi-
cativos de certeza da morte (morte real).
Os livores (alterações de coloração) variam da palidez a manchas vinhosas. São observados nas
regiões de declive, devido ao acúmulo (deposição) sanguíneo por atração gravitacional. Aparecem
de 2-3 horas após a parada cardíaca, podendo mudar de posição quando ocorrer mudança na posição
do corpo. Após 12 horas, não mudam mais de posição, fenômeno denominado de fixação.

Fotografia de livores hipostáticos


ATENÇÃO! A doutrina médico-legal aponta que os livores podem aparecer um pouco antes da
morte, no caso de mortes agônicas ou de coma prolongado.
A rigidez, contratura muscular, tem início na cabeça, uma hora após a parada cardíaca, progre-
dindo para o pescoço, tronco e extremidades, ou seja, de cima para baixo (sentido céfalo-caudal).
O relaxamento se faz no mesmo sentido. Tal observação é denominada Lei de Nysten Sommer. O
tempo de evolução é variável, mas sugere-se que se inicia entre 1-2 horas e seu ponto máximo é cerca
de 8h a 12h, desfazendo-se após 24h, momento em que se inicia da putrefação.
A hipótese mais aceita hoje pelas bancas e pela doutrina médico-legal é que a rigidez cadavérica
é um fenômeno químico (Hygino) ou físico-químico (França). Com a parada cardiorrespiratória,
os tecidos deixam de ser oxigenados e nutridos pelo sangue. Isso leva as células à respiração anaeró-
bia, com alta produção de ácido lático. O rendimento energético (baixa quantidade de ATP) desse
fenômeno também não é igual ao rendimento aeróbio, o que prejudica as bombas de membrana.
Com isso, as células musculares deixam de armazenar cálcio corretamente, o que faz com que a
concentração desses íons aumente no citoplasma, predispondo a contração muscular. Após algum
tempo, a actina e a miosina se desligam, favorecendo a flacidez muscular.

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O ATP tem uma função crucial nesse processo, de modo que quanto mais ATP a célula possuir,
mais intensa será a rigidez cadavérica. Essa molécula química está relacionada com as proteínas de
contração muscular (actina e miosina), tal qual é atacada pela cabeça de miosina (ATPase), sendo
transformada em ADP após a contração da fibra na presença de cálcio.

Esquema mostrando a ligação entre a actina e miosina, com gasto de ATP


ATENÇÃO! A intoxicação por CO (monóxido de carbono) torna a rigidez cadavérica mais
tardia, pouco intensa e de menor duração. Já a estricnina (inibidor de canais de glicina), um
agente convulsivante (raticida), antecipa e intensifica a rigidez cadavérica.

Fotografia de rigidez cadavérica


Quanto ao algor, não se tem muito certo um padrão de esfriamento do corpo. Na prática, crianças
e idosos esfriam mais rapidamente, enquanto indivíduos obesos demoram mais. A aferição da tem-
peratura deve-se dar pela inserção de um termômetro na região do reto. Rentoul e Smith relatam que
a perda de temperatura de uma pessoa que pesa 70kg com 1,70m é cerca de 1,5°C por hora.
Exercícios
01. Na Tanatologia, a cronotanatognose é o estudo, por meio de sinais físicos e químicos, da esti-
mativa da hora da morte. Quanto aos fenômenos cadavéricos ligados e esse estudo, assinale a
alternativa correta.
a) A desidratação é um fenômeno cadavérico de ordem física que causa perda de peso, aperga-
minhamento da pele, dessecamento das mucosas e fenômenos oculares nos cadáveres.
b) Resfriamento do corpo (algidez cadavérica), livores hipostáticos, rigidez muscular e desi-
dratação são fenômenos cadavéricos de ordem física.
c) A rigidez cadavérica nada mais é do que uma variante da contração muscular provocada
pela escassez de oxigênio nos tecidos. Assim, nos casos de morte rápida, natural ou violenta,
tende a aparecer mais cedo e a durar menos.
d) A regra de Nysten é aplicável ao fenômeno cadavérico de ordem química denominado putrefação.
e) A mancha negra da esclerótica, também conhecida como sinal de Sommer, tem sua gênese
no processo de autólise, um fenômeno cadavérico de ordem química.

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02. A rigidez cadavérica instala-se devido ao aumento do teor de ácido lático nos músculos e con-
sequente coagulação da miosina.
Certo ( ) Errado ( )
03. Os livores cadavéricos se formam devido à ação da gravidade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - A
02 - Certo
03 - Certo

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