Simulado Sobre Realismo
Simulado Sobre Realismo
Simulado Sobre Realismo
Questão 1
A escola realista, que contou com nomes como Machado de Assis, Raul Pompéia e Aluísio
Azevedo, teve como principais características:
a) retorno aos ideais românticos defendidos pela literatura indianista de José de Alencar;
b) preocupação com a métrica e com a metalinguagem na arte literária;
c) retratar a sociedade e suas mazelas, em uma linguagem irônica e impiedosa sobre o homem e
suas máscaras sociais.
d) confronto direto com o ideário religioso, estabelecendo um paradoxo com a literatura barroca.
e) defesa da cultura popular brasileira, resgatando símbolos e arquétipos do folclore nacional.
Questão 2
O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi Machado de Assis, tem
como característica principal a retratação da realidade tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da
visão romanceada que vigorava até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o
Realismo está situado, são corretas as proposições:
I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de conformidade,
configurando o contentamento da colônia com sua metrópole, Portugal.
II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil é retratado com
fidedignidade, reagindo às propostas românticas de idealização do homem e da sociedade.
III- O país vivia o declínio da produção açucareira e o deslocamento do eixo econômico para o
Rio de Janeiro em razão do crescimento do comércio cafeeiro.
IV- Tem grande influência das teorias positivistas originárias na França, onde também havia um
movimento de intensa observação da realidade e descontentamento com os rumos políticos e
sociais do país.
V- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam as teorias de expansões
territoriais que culminaram nas duas grandes guerras. O Realismo teve como propósito denunciar
esse panorama de instabilidade mundial.
Estão corretas:
a) todas estão corretas.
b) apenas I e II estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) II, III e IV estão corretas.
e) I e V estão corretas.
Questão 3
“(...) Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. (...)”.
De acordo com a leitura da célebre frase que integra o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,
podemos afirmar que Machado de Assis filiou-se à tendência:
a) Modernista.
b) Naturalista.
c) Árcade.
d) Positivista.
e) Realista.
Questão 4
Sobre o Realismo, é incorreto afirmar que:
a) Surge em um contexto econômico, social e político conturbado e de grandes transformações.
b) Faz uma dura crítica ao Romantismo e à maneira idealizada com a qual o homem era retratado
pelos olhos dos escritores que se dedicaram a essa escola literária.
c) Utiliza uma linguagem repleta de maneirismos, com predominância da subjetividade, cuja
estética contemplava a metalinguagem e o ideal da arte pela arte.
d) Foi inaugurado por Machado de Assis, tendo no escritor seu maior expoente, perpetuando a
estética realista até os dias de hoje.
e) Influenciado pelos ideais positivistas, o Realismo negava a teoria metafísica, buscando
explicação nas coisas práticas e presentes na vida do homem.
Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a
ilustração do pintor:
a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.
b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
c) distorce a cena descrita no romance.
d) expressa um sentimento inadequado à situação.
e) contraria o que descreve Machado de Assis.
Questão 6. (UFPR) Eça de Queirós afirmava:
“O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para
condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no discurso realista? Selecione-
os na relação abaixo e depois assinale a alternativa que os contém:
Questões Discursivas
Do título
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central
um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentoume, sentou-se ao pé
de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado,
fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse
os versos no bolso. ─ Continue, disse eu acordando. ─ Já acabei, murmurou ele. ─ São muito
bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava
amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom
Casmurro. Os vizinhos, que não gostam de meus hábitos reclusos e calados, deram curso à
alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e
eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes. “Dom Casmurro, domingo vou jantar com
você”. Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e
dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-
lhe cama; só não lhe dou moça.” Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido
que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por
ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor
titulo para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu
poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título
seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores: alguns nem
tanto.
(Machado de Assis. Dom Casmurro. Cap. I.)
01- a) Que recurso de linguagem o autor usa no texto acima? Em que consiste esse recurso?
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02- Cite três características machadianas presentes no texto acima.
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O CORTIÇO
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de
gozo carnal num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga
empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num
prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nuca se encontra fundo. Depois, como
se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as
pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo
e cerrado freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nunca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra titilando. Em torno o
entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplauso explodia de vez em quando rubro e quente
como deve ser um grito saído do sangue. E as palmas insistiam cadentes, certas, num ritmo
nervoso, numa persistência de loucura. E, arrastado por ela, pulou à arena o Firmo, ágil, de
borracha, a fazer coisas fantásticas com as pernas, a derreter-se todo, a sumir-se no chio, a
ressurgir inteiro com um pulo, os pés no espaço batendo os calcanhares, os braços a querer
fugir-lhe dos ombros, a cabeça a querer saltar-se. E depois, surgiu também a Florinda, e logo
o Albino e até, quem diria! O grave e circunspecto Alexandre. O chorado arrastava-se a todos,
despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só
ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada;
aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela
voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante. E Jerônimo via e escutava,
sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande
mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do
meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era palmeira virginal e esquiva que se não
torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce
que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra
verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela
saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva
daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca.
(Azevedo, Aluísio. O Cortiço. 2ª ed. São Paulo, Ática, 1975, p.56-7)
Vocabulário:
Ilharga: (s.f.): cada uma das partes laterais e inferiores do baixo-ventre. Sofreguidão (s.f.):
impaciência, pressa, desejo, avidez. Luxurioso: (adj.): sensual. Já...já:ora.... ora... Titilar:
(v.i.): palpitar, arder. Despótico: (adj.): tirânico, opressivo Esquivo: (adj.): arisco.
Embambecido: (adj.): bambo Cantárida: (s.f.): inseto de coloração verde-dourada com
reflexos avermelhados, muito usados na medicina antiga, em beberagens para fins
afrodisíacos ou diuréticos. Afrodisíaco: (adj.): excitante dos apetites sexuais.
Na descrição de Rita, enfatizam-se os aspectos sensuais da personagem. Transcreva três
expressões do primeiro parágrafo que comprovam essa afirmativa.