TCC SaneamentoeSaúde
TCC SaneamentoeSaúde
TCC SaneamentoeSaúde
Juiz de
Fora 2010
SANEAMENTO BÁSICO E SUA RELAÇÃO COM O
MEIO AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA
Saneamento
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2010
SANEAMENTO BÁSICO E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE
E A SAÚDE PÚBLICA
Aprovado em
Por:
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Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF
RESUMO
Concluiu-se que o saneamento básico é um fator fundamental, mas não único, para a melhoria
das condições de vida da população, devendo ser incorporado a um modelo de
desenvolvimento que contemple também as questões sociais.
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ABSTRACT
The concern with sanitation throughout history was often related to diseases transmission.
However, the faster rates of world population and industrial growth, the excessive
consumption, the resulting increase in waste production and its careless disposal in the
environment, led to a broader concern: the scarcity of natural resources.
This work attempted to show, through bibliographic review, the close relationship between
sanitation, environment and public health.
Initially the services of water supply, sewerage, solid waste disposal and urban drainage were
studied.
Then, the importance of sanitation for human health, the impacts caused by improper disposal
of waste and the need for assistance in terms of sanitation, both in the public and domestic
domains, were examined.
Finally, there were presented the diseases related to lack of sanitation, the practices usually
used in vector control and a historical overview of the evolution in the sanitation sector in
Brazil in respect to environment and public health.
It was concluded that sanitation is a key factor, but not the only, in improving the living
conditions of the population and should be incorporated into a development model that also
consider all social issues.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................................................iv
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................1
2 OBJETIVOS..................................................................................................................................................4
2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................4
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................................................4
3 REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................................................................5
3.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE SANEAMENTO.......................................................................................5
3.2 O SANEAMENTO BÁSICO.....................................................................................................................8
3.2.1 Abastecimento de água..................................................................................................... 8
3.2.2 Sistema de esgotos......................................................................................................... 10
3.2.3 Disposição do lixo............................................................................................................ 11
3.2.4 Drenagem urbana............................................................................................................ 12
3.3 O SANEAMENTO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE DA HUMANIDADE.........................13
3.3.1 Consumo, geração de resíduos sólidos e o dano ambiental...........................................14
3.4 DOMÍNIOS PÚBLICO E DOMÉSTICO.................................................................................................15
3.5 DOENÇAS RELACIONADAS COM A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO.................................16
3.5.1 Doenças relacionadas com a água.................................................................................17
3.5.2 Doenças relacionadas com as fezes...............................................................................18
3.5.3 Doenças relacionadas com o lixo....................................................................................19
3.5.4 Doenças relacionadas com a habitação..........................................................................20
3.6 CONTROLE DE VETORES....................................................................................................................21
3.7 SANEAMENTO NO BRASIL.................................................................................................................22
4 CONCLUSÃO..............................................................................................................................................26
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................27
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LISTA DE TABELAS
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1 INTRODUÇÃO
Entende-se ainda, como salubridade ambiental o estado de higidez (estado de saúde normal)
em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir,
prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente,
como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas
(que diz respeito ao clima e/ou ambiente) favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar
(GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007).
Ainda segundo estes autores, a oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma
infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os
seguintes serviços:
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hospitais;
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controle da poluição ambiental – água, ar, solo, acústica e visual.
A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial estão intrinsecamente
relacionados com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarreia que, com mais de quatro
bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade, já que causa 30%
das mortes de crianças com menos de um ano de idade. Entre as causas dessa doença
destacam-se as condições inadequadas de saneamento (GUIMARÃES, CARVALHO e
SILVA, 2007).
Mais de um bilhão de habitantes na Terra não têm acesso à habitação segura e a serviços
básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia
com a natureza. No Brasil, as doenças resultantes da falta ou de um inadequado sistema de
saneamento, especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico
(BRASIL, 2006).
3
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Guimarães, Carvalho e Silva (2007) explicam que investir em saneamento é uma das formas
de se reverter o quadro existente. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde afirmam que
para cada R$1,00 investido no setor de saneamento, economiza-se R$4,00 na área de
medicina curativa.
Entretanto, é preciso ressaltar que o homem não pode ver a natureza como uma fonte
inesgotável de recursos, que pode ser depredada em ritmo crescente para bancar necessidades
de consumo que poderiam ser atendidas de maneira racional, evitando a devastação da fauna,
da flora, da água e de fontes preciosas de matérias-primas.
Pode-se construir um mundo em que o homem aprenda a conviver com seu hábitat numa
relação harmônica e equilibrada, que permita garantir alimentos a todos sem transformar as
áreas agricultáveis em futuros desertos.
Nesse contexto, este trabalho pretendeu analisar as intrínsecas relações entre os serviços de
saneamento e as condições de vida da população, tornando-se ponto de partida para estudos
mais aprofundados sobre o tema, como forma de garantir melhores condições de vida e saúde
para as populações.
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2 OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo estudar a relação dos serviços de saneamento com o meio
ambiente e com a saúde pública, constituindo-se em ponto de partida para estudos mais
aprofundados sobre o tema.
Constituir base para educação ambiental e do impacto dos serviços de saneamento sobre a
saúde pública;
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3 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Cavinatto (1992), alguns povos antigos desenvolveram técnicas sofisticadas
para a época, de captação, condução, armazenamento e utilização da água. Os egípcios
dominavam técnicas de irrigação do solo na agricultura e métodos de armazenamento de
água, pois dependia das cheias do Rio Nilo. No Egito, costumava-se armazenar água por um
ano para que a sujeira se depositasse no fundo do recipiente. Embora ainda não se imaginasse
que muitas doenças eram transmitidas por microrganismos patogênicos, os processos de
filtragem e armazenamento removiam a maior parte desses patógenos. Assim a pessoa que
tomasse a água ―suja‖ ou não processada ficaria mais vulnerável a doenças. O autor
afirma ainda que tais processos de purificação da água foram descobertos por expedições
arqueológicas através de inscrições e gravuras nos túmulos. Com base no processo da
capilaridade, utilizado por egípcios, japoneses e também chineses, a água passava de uma
vasilha para a outra por meio de tiras de tecido, que removiam as impurezas.
Eigenheer (2003) explica que até o final do século XIV inúmeros decretos relativos à limpeza
pública disseminaram-se pela Europa. Em tais decretos, segundo Holsen (apud EIGENHEER,
2003), percebe-se o seguinte:
Durante a Idade Média, a falta de hábitos higiênicos se agravou com o crescimento industrial
em fins do séc. XVIII. Os camponeses foram levados em massa para as cidades sem infra-
estrutura o que desencadeou vários problemas de saúde pública e meio ambiente.
Cavinatto (1992) afirma também que na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha as condições
de vida nas cidades eram assustadoras. As moradias ficavam superlotadas e sem as mínimas
condições de higiene. Os detritos, como lixo e fezes, eram acumulados em recipientes, de
onde eram transferidos para reservatórios públicos mensalmente e, às vezes, atirados nas ruas.
Como as áreas industriais cresciam rapidamente, os serviços de saneamento básico, como
suprimento de água e limpeza de ruas, não acompanhavam esta expansão, e como
consequência o período foi marcado por graves epidemias, como a Cólera e a Febre Tifóide,
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transmitidos por água contaminada e que fizeram milhares de vítimas assim como a Peste
Negra, transmitida pela pulga do rato, animal atraído pela sujeira.
Ainda de acordo com Cavinatto (1992), no Brasil do séc. XVI, os jesuítas admiravam-se com
o ótimo estado de saúde dos indígenas. Contudo, com a chegada do colonizador e dos negros,
rapidamente houve a disseminação de várias moléstias contra as quais os nativos não
possuíam defesas naturais no organismo. Doenças como varíola, tuberculose e sarampo
resultaram em epidemias que frequentemente matavam os índios. Com os colonizadores, suas
doenças e forma de cultura, vieram as preocupações sanitárias com a limpeza de ruas e
quintais, e com a construção de chafarizes em praças públicas para a distribuição de água à
população, transportada em recipientes pelos escravos.
Com a vinda da família Real em 1808, houve um importante avanço nos serviços de
saneamento como explica Cavinatto (1992):
De acordo com os costumes europeus existentes no Brasil do séc. XIX, mesmo as casas mais
sofisticadas eram construídas sem sanitários. Escravos, chamados tigres, carregavam potes e
barricas cheios de fezes até os rios, onde eram lavados para serem novamente utilizados. As
condições de saúde nos centros urbanos eram piores do que no campo e continuaram a piorar.
Segundo Cavinatto (1992), entre 1830 e 1840 ressurgiram epidemias de Cólera e Tifo. Porém,
após o término da escravidão em 1888, não havia mais pessoas para o transporte dos dejetos e
foi necessário encontrar outras soluções para o saneamento no Brasil.
A partir das descobertas de Pasteur foi possível entender alguns processos de transmissão de
doenças e, diante da necessidade, os governos passaram a investir em ações e pesquisas
médicas e científicas. Segundo Cavinatto (1992), inicialmente a Inglaterra e depois outros
países europeus realizaram uma grande reforma sanitária. Para remover as fezes e os detritos
acumulados nos edifícios foram utilizadas descargas líquidas, semelhantes às de hoje,
transportando os detritos para as canalizações de águas pluviais. Porém, os esgotos eram
lançados em tamanha quantidade, juntamente com os resíduos e efluentes das fábricas que
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cresciam em quantidade, que os rios ficavam cada vez mais poluídos e espalhavam mau
cheiro e doenças por toda a cidade.
Segundo Cavinatto (1992), no início do séc. XX, o higienista Oswaldo Cruz 1, diretor geral de
saúde pública do governo federal, iniciou no Rio de Janeiro uma luta tentando erradicar
epidemias. Para acabar com os criadouros de insetos e também focos de roedores, sua equipe
utilizou todos os meios disponíveis para limpar casarões, ruas e terrenos. A campanha teve
ótimos resultados, porém, enfrentou polêmicas, pois a maioria da população não acreditava
que os animais pudessem veicular doenças.
1
Oswaldo Gonçalves Cruz[1] (São Luiz do Paraitinga, 5 de agosto de 1872 — Petrópolis, 11 de fevereiro de
1917) foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro.
Foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o
Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo
Cruz e, hoje, respeitado internacionalmente.
2
Francisco Rodrigues Saturnino de Brito (Campos, 1864 — Pelotas, 1929) foi o engenheiro sanitarista
brasileiro, que realizou alguns dos mais importantes estudos de saneamento básico e urbanismo em várias
cidades do país, sendo considerado o "pioneiro da Engenharia Sanitária e Ambiental no Brasil". Escreveu
diversas obras técnicas de saneamento que foram adotadas na França, Inglaterra e Estados Unidos.
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3.2 O SANEAMENTO BÁSICO
A água potável é a água própria para o consumo humano. Para ser assim considerada, ela
deve atender aos padrões de potabilidade. Se ela contém substâncias que desrespeitam estes
padrões, ela é considerada imprópria para o consumo humano. As substâncias que indicam
esta poluição por matéria orgânica são compostos nitrogenados, oxigênio consumido e
cloretos.
Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução coletiva, exceto no caso das
comunidades rurais que se encontram muito afastadas. As partes do Sistema Público de Água
são: captação; adução (transporte); tratamento; reservação (armazenamento) e distribuição
(LEAL, 2008).
Tratamento: melhoria das características qualitativas da água, dos pontos de vista físico,
químico, bacteriológico e organoléptico, a fim de que se torne própria para o consumo. É
feito nas Estações de Tratamento de Água (ETA).
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Reservação: armazenamento da água para atender a diversos propósitos, como a variação
de consumo e a manutenção da pressão mínima na rede de distribuição.
Rede de distribuição: condução da água para os edifícios e pontos de consumo, por meio
de tubulações instaladas nas vias públicas.
população;
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3.2.2 Sistema de esgotos
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Tabela 2 – Consequências de poluentes encontrados nos esgotos (continuação)
Poluentes Parâmetros de
Caracterização Tipo de Consequências
efluente
Metais pesados Elementos específicos (ex: arsênio, Industriais Toxicidade
cádmio, cromo, mercúrio, zinco, etc) Inibição do tratamento
biológico dos esgotos
Problemas de disposição do
lodo na agricultura
Contaminação da água
subterrânea
Quando o lixo é disposto de forma inadequada, em lixões a céu aberto, por exemplo, os
problemas sanitários e ambientais são inevitáveis. Isso porque estes locais tornam-se
propícios para a atração de animais que acabam por se constituírem em vetores de diversas
doenças, especialmente para as populações que vivem da catação, uma prática comum nestes
locais. Além do mais, são responsáveis pela poluição do ar, quando ocorre a queima dos
resíduos, do solo e das águas superficiais e subterrâneas.
À medida que soluções técnicas são adotadas, e quanto mais adequada for a operação dos
sistemas de disposição final do lixo, que incorporem modernas tecnologias de tratamento,
menores são os impactos para a saúde pública e para o meio ambiente.
No que diz respeito aos aterros controlados, embora os problemas sanitários sejam bastante
minimizados em relação aos lixões, pois adotam a técnica do recobrimento dos resíduos com
terra diariamente, os problemas ambientais ainda persistem, uma vez que são responsáveis
pelo comprometimento das águas subterrâneas e superficiais, pois não adotam medidas como
a impermeabilização da base do aterro, além de não haver tratamento dos líquidos percolados
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pela decomposição do lixo. A coleta e o tratamento do biogás também não são feitos,
havendo, portanto, a poluição atmosférica.
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3.3 O SANEAMENTO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE DA
HUMANIDADE
Segundo Cavinatto (1992), desde a antiguidade o homem aprendeu intuitivamente que a água
poluída por dejetos e resíduos podia transmitir doenças. Há exemplo de civilizações, como a
grega e a romana, que desenvolveram técnicas avançadas para a época, de tratamento e
distribuição da água.
A descoberta de que seres microscópios eram responsáveis pelas moléstias só ocorreu séculos
mais tarde por volta de 1850, com as pesquisas realizadas por Pasteur 3 e outros cientistas. A
partir de então descobriu-se que mesmo solos e águas aparentemente limpos podiam conter
organismos patogênicos introduzidos por material contaminado ou fezes de pessoas doentes.
Cavinatto (1992) explica ainda que, quando alguém anda descalço no solo pode estar exposto
a milhares de microrganismos que ali foram lançados. Alguns exemplos são as verminoses
cujos agentes ambientais podem infectar o organismo através do contato com a pele. Ainda
hoje, populações no mundo inteiro sofrem com as moléstias causadas pela falta de
saneamento básico.
3
Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 — Villeneuve-L'Etang, 28 de setembro de 1895) foi um cientista
francês cujas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina. A ele se deve a
técnica conhecida como pasteurização. Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os
conhecimentos de Pasteur para eliminar os microrganismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Em 1871, o
próprio Pasteur obrigou os médicos dos hospitais militares a ferver o instrumental e as bandagens que seriam
utilizados nos procedimentos médicos. Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual
toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num agente com capacidade de propagar-se entre as
pessoas. Deve-se buscar o microrganismo responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de
combatê-lo. Pasteur passou a investigar os microscópicos agentes patogênicos, terminando por descobrir vacinas,
em especial a anti-rábica. Fundou em 1888 o Instituto Pasteur, um dos mais famosos centros de pesquisa da
atualidade (http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur).
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Contudo, a maioria dos microrganismos existentes na natureza são de vida livre e apenas uma
pequena porcentagem é capaz de causar doenças ao ser humano, pois dependem de outro ser
vivo para sobreviver, parasitando um hospedeiro e assim originando as doenças. Segundo
Cavinatto (1992), os parasitas se proliferam em determinados órgãos do corpo, perturbando o
funcionamento normal do organismo. A forma mais adequada de evitar grande parte de tais
doenças é cuidando da higiene, da limpeza do ambiente e da alimentação e uma das formas de
fazê-lo é através do saneamento.
O impacto da falta do saneamento básico sobre a saúde no meio urbano vem se tornando cada
vez mais frequente, principalmente nas comunidades mais carentes.
Sendo assim, pessoas expostas a esses riscos estão mais propensas a introduzir nas suas
moradias – domínio doméstico – agentes infecciosos adquiridos no domínio público. A falta
de hábitos higiênicos, provocada pela pobreza e as más condições em suas instalações
hidrosaitárias, facilita em muitos casos a transmissão de doenças infecciosas entre os
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membros de uma mesma família. Lavagem das mãos antes das refeições e depois de ir ao
banheiro, a disposição higiênica das fezes, a preparação e conservação adequada de alimentos
são hábitos de higiene que visam minimizar a transmissão doméstica das doenças.
Portanto, uma intervenção dirigida unicamente ao domínio doméstico, será pouco eficaz
contra a transmissão no domínio público. Por outro lado, a desinfecção do sistema público de
abastecimento de água, por exemplo, não evitará a transmissão doméstica de agentes
infecciosos caso haja condições inadequadas no domício doméstico como uma caixa de água
sem tampa (CAIRNCROSS, 1984).
Os parasitas em geral possuem duas fases de vida: uma dentro do hospedeiro e outra no meio
ambiente.
Enquanto estão no corpo do hospedeiro, eles possuem condições ideais para seu
desenvolvimento, como temperatura e umidade adequadas, além de dispor de alimento em
abundância.
Quando estão no meio ambiente, ao contrário, estão ameaçados e morrem com facilidade,
devido à luminosidade excessiva, à presença de oxigênio, de calor, e à falta de alimentos. O
tempo que esses microrganismos passam fora do hospedeiro deve ser suficiente apenas para
que alcancem novos organismos, continuando seu ciclo de vida.
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Normalmente os parasitas são eliminados pelo portador junto com suas excretas, isto é, fezes,
urina e catarros, e então se misturam com os microrganismos que vivem livremente no solo,
na água e no ar.
Assim, uma pessoa ainda sadia poderá ficar doente se ingerir água ou alimentos contaminados
e também se andar descalça ou mexer diretamente na terra que contenha excretas de pessoas
enfermas.
É comum os parasitas serem disseminados por insetos (moscas, mosquitos, pulgas e baratas),
ratos e outros animais que, por essa razão, são chamados de vetores. Muitas vezes, a
transmissão de doenças ocorre quando estes animais picam uma pessoa enferma e em seguida
uma pessoa sadia.
A maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por microrganismos,
organismos de pequenas dimensões que não podem ser observados a olho nu.
os helmintos, que provocam as verminoses, podem ser microscópicos (ex.: filaria, que é o
agente da elefantíase), ou apresentarem maiores dimensões (ex.: a lombriga).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte de todas as doenças que se
alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. A água
contaminada pode prejudicar a saúde das pessoas, nas seguintes situações:
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na ingestão de alimentos;
lazer; na agricultura;
na indústria.
As doenças relacionadas com a água podem ser agrupadas conforme a Tabela 2, a seguir.
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As doenças relacionadas com as fezes podem ser agrupadas conforme a Tabela 3 a seguir.
Várias doenças podem ser transmitidas quando não há coleta e disposição adequada do
lixo. Os mecanismos de transmissão são complexos e ainda não totalmente compreendidos.
Como fator indireto, o lixo tem grande importância na transmissão de doenças através, por
exemplo, de vetores que nele encontram alimento, abrigo e condições adequadas para
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proliferação. São muitas as doenças relacionadas ao acúmulo de lixo e a sua falta de
tratamento, conforme Tabela 4.
Moscas por via mecânica (através das asas, patas e febre tifóide;
corpo); salmonelose;
através das fezes e saliva. cólera;
amebíase;
disentería;
giardíase.
Baratas por via mecânica (através das asas, patas e febre tifóide;
corpo);
cólera;
através das fezes.
giardíase.
Nas habitações também deve ser promovida a higiene doméstica, pois esta é uma das
estratégias preventivas na transmissão de doenças feco-orais e das controladas pela limpeza
com a água.
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causando impactos ambientais como o controle químico. Por esses motivos, sempre deve ser a
estratégia preferida.
O controle biológico consiste em se lançar no meio outros organismos, que são predadores
dos vetores ou que estabelecem uma competição com eles. É uma técnica cujo
desenvolvimento ainda não está totalmente concluído, encontrando-se em fase de pesquisas.
A Tabela 5 apresenta um panorama histórico dos aspectos de saúde pública e meio ambiente
que nortearam o setor de saneamento, desde do século XIX até o início do século XXI. Pode-
se observar que a própria evolução do conceito de saúde pública e sua interface com o
saneamento, o fortalecimento da questão ambiental e os aspectos referentes à legislação de
controle de qualidade da água, seja ela para o abastecimento público ou para o controle da
poluição, são condutores das ações de saneamento. Como observado por Branco (1991 apud
SOARES, BERNARDES e CORDEIRO NETTO, 2002), a história brasileira é toda pontuada
por aspectos institucionais e de regulação sobre a qualidade das águas, que se modificaram na
medida em que os conceitos de saúde e meio ambiente foram sendo incorporados.
Intensa agitação política em torno da questão sanitária, com a saúde ocupando lugar
Início do século XX central na agenda pública: saúde pública em bases científicas modernas a partir das
até a década de 30 pesquisas de Oswaldo Cruz.
Incremento no número de cidades com abastecimento de água e da mudança na
orientação do uso da tecnologia em sistemas de esgotos, com a opção pelo sistema
separador absoluto, em um processo marcado pelo trabalho de Saturnino de Brito, que
defendia planos estreitamente relacionados com as exigências sanitárias (visão
higienista).
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Tabela 7 - Evolução histórica do setor de saneamento no Brasil (conclusão)
Período Principais características
Décadas de 30 e 40 Elaboração do Código das Águas (1934), que representou o primeiro
instrumento de controle do uso de recursos hídricos no Brasil, estabelecendo o
abastecimento público como prioritário.
Coordenação das ações de saneamento (sem prioridade) e assistência médica
(predominante) essencialmente pelo setor de saúde.
Década de 90 até
Ênfase no conceito de desenvolvimento sustentável e de preservação e conservação do
o início do século XXI
meio ambiente e particularmente dos recursos hídricos, refletindo diretamente no
planejamento das ações de saneamento.
Instituição da Política e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(Lei 9.433/97).
Incremento da avaliação dos efeitos e consequências de atividades de saneamento que
importem impacto ao meio ambiente.
Instituição de diretrizes nacionais para o saneamento básico (Lei 11.445/07).
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Com efeito, embora saúde e higiene tenham sido motivos de preocupações de políticas
públicas na América Latina desde meados do século XIX, somente nos últimos anos, a partir
dos anos 90, o acesso aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
passou a ser considerado como tema também relacionado ao meio ambiente, inclusive no
Brasil.
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Figura 1 – Esquema conceitual dos efeitos diretos e indiretos do abastecimento de água e do
esgotamento sanitário sobre a saúde
Fonte: Cvjetanovic (1986 apud SOARES, BERNARDES e CORDEIRO NETTO, 2002)
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4 CONCLUSÃO
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 11.445, 5 jan. 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;
altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de
21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio
de 1978; e dá outras providências. Publicado no DOU de 8.1.2007 e retificado no DOU de
11.1.2007.
CVJETANOVIC, B. Health effects and impact of water supply and sanitation. World
Health Statistics Quaterly, v.39, p.105-117, 1986.
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SOARES, S. R. A.; BERNARDES, R. S.; CORDEIRO NETTO, O. M. Relações entre
saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um modelo de
planejamento em saneamento. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18 (6):1713-1724, nov-
dez, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v18n6/13268.pdf.. Acesso: dez 2009.
ZACARIAS, R. Consumo, lixo e educação ambiental. Juiz de Fora: Ed. FEME, 2000.
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