07 - Recuperação de Ativos No Processo Penal
07 - Recuperação de Ativos No Processo Penal
07 - Recuperação de Ativos No Processo Penal
MERCADOS ILÍCITOS
E CRIME ORGANIZADO
NAS AMÉRICAS
Aula sobre
Recuperação de ativos e
medidas patrimoniais no
processo penal
Marta Saad
Introdução
Vou tratar aqui do tema de recuperação de ativos e medidas
patrimoniais no processo penal brasileiro.
Recuperação de ativos: é entendida como a perda, em favor do Estado, dos produtos e proveitos das
atividades ilícitas.
Organizações
DRCI: O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional é uma unidade
especializada da Polícia Federal do Brasil responsável por investigar e combater crimes financeiros,
especialmente aqueles relacionados à lavagem de dinheiro, além de coordenar a cooperação
jurídica internacional em questões criminais.
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC): é uma agência da ONU dedicada a
combater o tráfico de drogas, crimes transnacionais, corrupção e o terrorismo por meio de
programas de prevenção, assistência técnica e desenvolvimento de políticas.
PCC: O Primeiro Comando da Capital é uma organização criminosa brasileira, com origem em São
Paulo.
Conteúdo da Aula
O crime não compensa, nem pode compensar. A prisão não é
suficiente como estratégia de política criminal: os indivíduos
presos são rapidamente substituídos por outros, na estrutura da
própria organização, perpetuando a prática delitiva.
As medidas patrimoniais de perda de ativos seguiram nosso modelo já consagrado no Código Penal,
de referibilidade, de ligação do bem com a prática delitiva, tanto do chamado crime antecedente,
quanto da própria atividade de lavagem.
Ao longo do processo, porém, devem ser possíveis medidas patrimoniais, que assegurem que ao fim
do processo os bens estarão lá, para serem perdidos e confiscados. São as chamadas medidas
cautelares patrimoniais, cuja disciplina, ainda é a da década de 1940, sem grandes alterações.
Conteúdo da Aula
No âmbito do Poder Executivo, compete ao DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e
Cooperação Jurídica Internacional), criado em 2004, articular, integrar e propor ações entre os órgãos
dos Poderes Executivo e Judiciário e o Ministério Público para o enfrentamento da corrupção, da
lavagem de dinheiro e do crime organizado transnacional.
Além disso, o DRCI exerce a função de Autoridade Central para a cooperação jurídica internacional
em matéria penal e civil.
Conteúdo da Aula
Os desafios da recuperação de ativos não são exclusivos do modelo brasileiro.
Hoje, vive-se então em um modelo de atuação imprópria: o juiz “tortura” os preceitos normativos em
busca de efetividade e o acusado, diante da atuação judicial muitas vezes pautada pelo poder geral de
cautela, mas sem tipicidade, acaba não tendo meios suficientes de defesa, em razão da pouca clareza
quanto a pressupostos e requisitos para decretação e meios adequados de impugnação.
Síntese da Aula
● Recuperação de ativos e combate ao crime organizado
● Lavagem de dinheiro
BUCHO, José Manuel Saporiti Machado da Cruz. A transposição da Diretiva 2014/42/EU. Notas à Lei nº
30/2017, de 30 de maio (aspectos processuais penais), In. Maria Raquel Desterro Ferreira, Eliana Lopes
Cardoso e João Conde Correa (Coords.), O novo regime de recuperação de ativos à luz da Diretiva
2014/42/EU e da Lei que a transpôs. Lisboa: Imprensa Nacional, 2018.
CARDOSO, Luis Eduardo Dias. A inversão do ônus da prova na decretação da perda alargada: entre o
Código Penal e a Lei n. 11.343/06. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p.
799-832, maio/ago 2020.
CORREA, João Conde. Da proibição do confisco à perda alargada. Lisboa: Imprensa Nacional, 2012.
Referências
CUNHA, Vítor Souza. O confisco alargado no processo penal brasileiro: uma análise de suas regras
probatórias, Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP, Rio de janeiro, v. 22, n. 2, p. 782-814,
maio/ago-2021.
LINHARES, Solon Cícero. Confisco alargado de bens. Uma medida penal, com efeitos civis contra a
corrupção. 2 ed., São Paulo: RT, 2019, p. 139-146.
LUCCHESI, Guilherme Brenner. Confisco alargado: análise das medidas para a recuperação de bens de
origem ilícita na experiência comparada americana. In: LEITE, Alaor; TEIXEIRA, Adriano (Org.). Crime e
política: corrupção, financiamento irregular de partidos políticos, caixa dois eleitoral e enriquecimento
ilícito. São Paulo: FGV Editora, 2017.
MANES, Vittorio. The Last Imperative of Criminal Policy: Nullum Crimen Sine Confiscation, European
Criminal Law Review, 2016, n. 6, p. 143-160
Referências
NUNES, Duarte Alberto Rodrigues. Reflexões acerca da transposição da Diretiva 2014/42/EU em matéria
de confisco alargado de vantagens provenientes da prática de crimes, In. Maria Raquel Desterro
Ferreira, Eliana Lopes Cardoso e João Conde Correa (Coords.), O novo regime de recuperação de
ativos à luz da Diretiva 2014/42/EU e da Lei que a transpôs. Lisboa: Imprensa Nacional, 2018.
PEZZOTTI, Olavo Evangelista. Apontamentos sobre o confisco nos crimes de tráfico de entorpecentes e
de lavagem de dinheiro, Revista Fórum de Ciências Criminais, Belo Horizonte, v. 6, n. 11, p. 61–101,
jan./jun., 2019.
RODRIGUES, Hélio Rigor. O confisco das vantagens do crime: entre os direitos dos homens e os deveres
do Estado. A jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em matéria de confisco, In.
Maria Raquel Desterro Ferreira, Eliana Lopes Cardoso e João Conde Correa (Coords.), O novo regime de
recuperação de ativos à luz da Diretiva 2014/42/EU e da Lei que a transpôs. Lisboa: Imprensa Nacional,
2018.
Referências
RODRIGUES, Sofia dos Reis. Dos meios de impugnação das garantias processuais penais do confisco, In.
Maria Raquel Desterro Ferreira, Eliana Lopes Cardoso e João Conde Correa (Coords.), O novo regime de
recuperação de ativos à luz da Diretiva 2014/42/EU e da Lei que a transpôs. Lisboa: Imprensa Nacional,
2018.
SAAD, Marta. Prisão processual para recuperação de ativos: uma prática desfuncionalizada. In. Diogo
Malan et al. Processo Penal Humanista: Escritos em Homenagem a Antonio Magalhães Gomes Filho.
São Paulo: D’Plácido, 2020.
VIEIRA, Roberto D’Oliveira. Confisco alargado de bens. Análise de Direito Comparado. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2019.