Criminal Compliance
Criminal Compliance
Criminal Compliance
Organizador:
Fernando A. N. Galvão da Rocha
Diagramação: Marcelo A. S. Alves
Capa: Lucas Margoni
Estudos de Compliance Criminal [recurso eletrônico] / Fernando A. N. Galvão da Rocha (org.) -- Porto Alegre, RS: Editora
Fi, 2020.
244 p.
ISBN - 978-65-87340-07-4
CDD: 340
Índices para catálogo sistemático:
1. Direito 340
Sumario
Apresentação ............................................................................................................. 9
Fernando A. N. Galvão da Rocha
1 ................................................................................................................................ 10
Riscos criminais da atividade empresarial: considerações sobre a postura
colaborativa de empresas no processo penal
Débora Santos Tavares
2 ............................................................................................................................... 26
Delitos de organização e criminalidade empresarial
Mathias Oliveira Campos Santos
3 ............................................................................................................................... 49
Acordos de não persecução penal por infrações econômicas: análise do modelo
consensual dos Estados Unidos
Marlos Corrêa da Costa Gomes
4................................................................................................................................ 76
Reflexões sobre a eficácia punitiva na responsabilização penal das pessoas jurídicas
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques
5 .............................................................................................................................. 107
Programa de integridade e responsabilidade penal da pessoa jurídica
Fernando A. N. Galvão da Rocha
6.............................................................................................................................. 146
Responsabilidade penal da pessoa jurídica e defeito de organização: da
(ir)relevância da adesão a um programa de compliance para a aferição da
responsabilização penal da pessoa jurídica no Brasil
Rafael Barros Bernardes da Silveira
7 .............................................................................................................................. 168
Canais institucionais de denúncia
Paola Alcântara Lima Dumont
8 ............................................................................................................................. 180
Considerações sobre o anonimato e sigilo de whistleblowers no Brasil
Felipe Machado Prates
9............................................................................................................................. 202
Investigações internas e a privatização do processo penal sob a ótica da
autoregulação regulada
Ciro Costa Chagas
10 ............................................................................................................................ 218
Redução de riscos da investigação interna autorregulada
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira
Apresentação
1. Introdução
1
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
2
ESTELLITA, Heloisa. Responsabilidade penal de dirigentes de empresas por omissão: estudo sobre a responsabili-
dade omissiva imprópria de dirigentes de sociedades anônimas, limitadas e encarregados de cumprimento por
crimes praticados por membros da empresa. 1 ed. São Paulo: Marcial Pons, 2017, p. 38-40.
Débora Santos Tavares | 11
3
SALVADOR NETO, Alamiro Velludo. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. São Paulo: Thomson Reuters
Brasil, 2018, p. 221.
4
No Brasil, a Convenção foi promulgada pelo Decreto Presidencial nº 3.678/2000. Posteriormente, a Lei nº
10.467/2002, tipificou o crime de corrupção ativa em transação comercial internacional (art. 337-B do CPB).
5
SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal jurídica: construção de um novo modelo de imputação
baseado na culpabilidade corporativa. São Paulo: LiberArs, 2016, p. 31.
6
ANTONIETTO, Caio Marcelo Cordeiro; SILVA, Douglas Rodrigues da. Aproveitamento de investigações internas como
prova no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 27, n. 156, p. 61-90., jun. 2019.
7
Ley 20.393, de 02 de decembro de 2009.
12 | Estudos de Compliance Criminal
8
Segundo dados disponíveis no site do Ministério Público Federal, só no STF já foram homologados 138 acordos de
colaboração até 09.12.2019. Fonte: http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/lava-jato/resultados.
Débora Santos Tavares | 13
9
Conforme os dados disponibilizados pelo Ministério da Economia, por exemplo, 27.510 empresas brasileiras
foram cadastradas como “exportadoras” em 2019. Fonte: http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-
exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/empresas-brasileiras-exportadoras-e-importadoras.
10
MARTÍN, Adan Nieto. A prevenção da corrupção. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual de cumprimento
normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 388.
11
Disponível em: https://www.justice.gov/opa/pr/petr-leo-brasileiro-sa-petrobras-agrees-pay-more-850-million-
fcpa-violations.
14 | Estudos de Compliance Criminal
12
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=11541.
13
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge; SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São
Paulo: Saraiva, 2015, p. 200.
14
ESTELLITA, Heloisa. Responsabilidade penal de dirigentes de empresas por omissão: estudo sobre a responsabi-
lidade omissiva imprópria de dirigentes de sociedades anônimas, limitadas e encarregados de cumprimento por
crimes praticados por membros da empresa. 1 ed. São Paulo: Marcial Pons, 2017, p. 117-118.
Débora Santos Tavares | 15
para prevenir a ocorrência desses danos. A criação lícita de uma fonte de pe-
rigo implica o correlato dever de cuidar para que esses perigos não se
realizem em resultados típicos. O reverso da liberdade de criar um foco de
perigo é o dever – e, pois, a responsabilidade – de cuidar para que desse foco
não advenham danos a terceiros ou à coletividade.
15
LUZ, Ilana Martins. Compliance omissão imprópria. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2019, p. 240.
16 | Estudos de Compliance Criminal
16
Conforme pesquisa da Association of Certified Fraud Examinors, nas organizações que possuem canal de denún-
cias, 46% das fraudes foram detectadas por meio do canal. Fonte: SPINELLI, Mário Vinicius Classen.
Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.). Manual de Cumprimento
Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 285.
17
MORENO, Beatriz García. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.).
Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo
Blanch, 2019, p. 259.
18
VERÍSSIMO, Carla. Incentivo à adoção de medidas anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 298.
Débora Santos Tavares | 17
19
TAFARELLO, Rogério Fernando. Acordos de leniência e de colaboração premiada no direito brasileiro: admissibi-
lidade, polêmicas e problemas a serem solucionados. Revista Brasileira da Advocacia. Vol. 4. Ano 2. p. 211-131. São
Paulo: Ed. RT, jan-mar. 2017, p. 215.
20
Ibidem, p. 220.
21
MORENO, Beatriz García. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.).
Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo
Blanch, 2019, p. 260.
18 | Estudos de Compliance Criminal
22
Súmula nº 227 do Superior Tribunal de Justiça.
23
Nesse sentido, REsp 1504833/SP; REsp 1407907/SC.
24
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador: JusPODIVM, 2017, p. 348.
25
O Código de Processo Penal estabelece normas destinadas exclusivamente a pessoas naturais e a Lei 9.605/1998
não prevê regras procedimentais sobre a ação penal movida contra empresas para a apuração de crimes ambien-
tais.
26
MACHADO, Jónatas E. M. e RAPOSO, Vera L. C. O Direito à não Auto-Incriminação e as pessoas colectivas
empresariais. In: Revista Direitos Fundamentais & Justiça nº 8 - jul./set. 2009. Disponível em:
http://www.dfj.inf.br/Arquivos/PDF_Livre/08_Artigo_1.pdf555.
27
Disponível em: https://www.oab.org.br/util/print?numero=188%2F2018&print=Legislacao&origem=
Provimentos.
Débora Santos Tavares | 19
28
VERÍSSIMO, Carla. Incentivo à adoção de medidas anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 299.
29
Ibidem, p. 299.
30
Disponível em: www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-
para-empresas-pdf.
31
Disponível em: http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/docs/acordo-leniencia.
32
Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/acordo-leniencia-odebrecht-mpf.pdf.
33
Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2019/04/
Termo-de-Acordo-Braskem.pdf.
34
Disponível em: https://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabilizacao-de-empresas/lei-anticorrupcao/acordo-
leniencia/acordos-firmados/mullenlowe.pdf.
20 | Estudos de Compliance Criminal
35
MARTÍN, Adan Nieto. Investigações internas. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual de cumprimento normativo e
responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 296-297.
36
LUZ, Ilana Martins. Compliance omissão imprópria. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2019, p. 135.
37
MARTÍN, Adan Nieto. Investigações internas. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual de cumprimento normativo e
responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 295.
Débora Santos Tavares | 21
38
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. A Cadeia de Custódia e sua Relevância para a Prova Penal. In: SIDI,
Ricardo; LOPES, Anderson Bezerra (Org). Temas Atuais da Investigação Preliminar no Processo Penal. Belo
Horizonte: Editora D’Plácido, 2017, p. 522.
39
TST, RR-566-91.2014.5.23.0001, 6ª Turma, Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 14/06/2019.
22 | Estudos de Compliance Criminal
6. Conclusão
40
TRT 3ª Região RO-01064201405203004, 11ª Turma, Rel. Juíza Convocada Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim,
DJE:19/03/2015.
41
VERÍSSIMO, Carla. Incentivo à adoção de medidas anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 298.
42
MARTÍN, Adan Nieto. Investigações internas. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual de cumprimento normativo
e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 316.
Débora Santos Tavares | 23
7. Referências
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. A Cadeia de Custódia e sua Relevância para a
Prova Penal. In: SIDI, Ricardo; LOPES, Anderson Bezerra (Org). Temas Atuais da
Investigação Preliminar no Processo Penal. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2017.
BELTRAME, Priscila Akemi. Investigações internas. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manu-
al de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º
ed., São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019.
LUZ, Ilana Martins. Compliance omissão imprópria. Belo Horizonte: Editora D’Plácido,
2019.
MARTÍN, Adan Nieto. A prevenção da corrupção. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual
de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed.,
São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019.
MARTÍN, Adan Nieto. Investigações internas. In MARTÍN, Adan Nieto (org). Manual de
cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2º ed., São
Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019.
Débora Santos Tavares | 25
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge; SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei
anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2015.
1. Introdução
1
Advogado Criminalista. Mestrando em Direito Penal Contemporâneo pela UFMG. Pesquisador do tema: Autoria
mediata pelo domínio por organização na criminalidade de empresa. Especialista em Prevenção e repressão à
corrupção pela Universidade Estácio de Sá (2018). Bacharel em Direito pela Faculdade Mineira de Direito (PUC-
MG) (2016).
Mathias Oliveira Campos Santos | 27
2
GRECO, Luís. Dogmática e ciência do Direito Penal. In: As razões do direito penal. Quatro estudos. Tradução e
organização: Eduardo Viana; Lucas Montenegro; Orlandino Gleizer. – 1. Ed. – São Paulo: Marcial Pons, 2019. p. 28.
3
GRECO, Luís. Dogmática e ciência do Direito Penal. [...]. P. 25
4
SCHUNEMANN, Bernd. Dez teses sobre a relação da dogmática penal com a política criminal e com a prática do
sistema penal. In: Direito Penal, Racionalidade e Dogmática. Sobre os limites invioláveis do direito penal e o
papel da ciência jurídica na construção de um sistema penal racional. – 1. Ed. – São Paulo: Marcial Pons, 2018.
P. 89.
28 | Estudos de Compliance Criminal
5
ROXIN, Claus. A proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal. 2.ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2009.
6
JAKOBS, Günther. Tratado de direito penal: Teoria do Injusto Penal e culpabilidade. Belo Horizonte: Del Rey,
2008. P.61.
7
Neste tópico, oportuno se mencionar os casos de esquemas de organização criminosa branca, estruturados pela
corrupção endêmica (Mensalão e a Lava Jato), organizações criminosas violentas (PCC), os grupos terroristas e os
escritórios especializados em Lavagem de Dinheiro, que funcionam como verdadeira engrenagem do crime organi-
zado.
8
STRECK, Lenio. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do direito.
Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2011. P.45.
9
GRECO, Luís. Problemas de causalidade e imputação objetiva. São Paulo: Marcial Pons, 2018. P. 44.
Mathias Oliveira Campos Santos | 29
10
Art. 3º da Lei n. 9605/98. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. BRASIL. LEI Nº 9.605, DE 12 DE
FEVEREIRO DE 1998. República Federativa do Brasil. Brasília. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm. Acesso em 02 de dezembro de 2019.
11
Pode se citar a Espanha, Holanda, Portugal, Irlanda, Noruega, Finlândia, Islândia, Dinamarca, Suécia, Estados
Unidos, Japão, etc. BRODT, Luís Augusto Sanzo. MENEGHIN, Guilherme de Sá. Responsabilidade penal da pessoa
jurídica: um estudo comparado. Revista dos Tribunais. RT. Vol. 961. Novembro, 2015.
12
PRADO, Luis Regis et al. Responsabilidade penal da pessoa jurídica: em defesa do princípio da imputação
penal subjetiva. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.; SILVA, Guilherme José Ferreira da. A incapacidade
criminal da pessoa jurídica. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2003.
13
Vide o voto no Recurso extraordinário (RE) 548181/PR. Rel. Min Rosa Weber.
14
GALVÃO, Fernando. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica, 2º ed, Del Rey, 2009. GUARAGNI, Fábio
André; LOUREIRO, Maria Fernanda. Responsabilidade penal da pessoa jurídica: rumo à autorresponsabilida-
de penal. In: CHOUKR, Fauzi Hassan; LOUREIRO, Maria Fernanda; VERVAELE, John (Org.). Aspectos
contemporâneos da responsabilidade penal da pessoa jurídica. v. 2. São Paulo: Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, 2014. Em língua estrangeira me parece ser interessante a leitura de:
SOLA, Javier Cigüela. El injusto estructural de la organización: aproximación al fundamento de la sanción a la
persona jurídica. Revista para el análisis del derecho. InDret 1/2016. Barcelona, Enero de 2016.
15
Neste sentido, Lucas Montenegro “[...] Em ordem cronológica: há o velho art. 288 CP, que desde 2013 ganhou
nova roupagem, não se referindo mais a quadrilha ou bando, mas a associação criminosa; a Lei de Segurança
Nacional (Lei 7.170/83) pune grupamentos que ameacem o regime vigente e o Estado de Direito (art. 16) e a
participação em organização militar ilegal (art. 24); a Lei dos Crimes de Lavagem (Lei 9.613/98) prevê pena para
quem participa de grupos dirigidos à prática daqueles crimes (art. 1o, § 2o, II); há uma primeira definição legal de
grupo criminoso organizado no Decreto 5.015/04 (artigo 2, Convenção de Palermo); organizações voltadas para o
tráfico de drogas também recebem tratamento diferenciado na Lei 11.343/06, arts. 35, 36 e 37; há uma nova
definição legal, agora de organização criminosa, no art. 2o da Lei 12.694/12; a Lei 12.720/12 adicionou um novo
tipo ao Código Penal, em que se pune envolvimento em organização paramilitar (art. 288-A CP); a coroação desse
30 | Estudos de Compliance Criminal
desenvolvimento, a Lei 12.850/13, traz mais uma definição legal e pune a participação nas organizações definidas
como criminosas; por fim, a Lei 13.260/16, que, além de criar um tipo penal de participação em organização
terrorista (art. 3 o), resolve incluir na Lei 12.850/13, art. 1o, § 2o, um inciso com o fim de nos esclarecer (pasmem!)
que uma organização terrorista é uma organização criminosa. [...]”. Os delitos de organização no direito brasileiro.
Portal Jota. Coluna Penal em foco. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/penal-em-
foco/os-delitos-de-organizacao-no-direito-brasileiro-06112019. Acesso em 28 de novembro de 2019.
16
Há doutrina que se dedicando ao crime de organização criminosa (Lei n. 12.850/13), afirma que a referida
legislação não se desincumbiu do dever de revelar o conteúdo da proibição. GOMES, Carla Silene Cardoso Lisboa
Bernardo. A inobservância da taxatividade da Lei Penal nas denúncias por crime organizado. Jornal de Ciências
Criminais. São Paulo, vol. 2. N.2, n.2, p. 7-60, jul – dez. 2019. Discorda-se frontalmente deste entendimento,
justamente pelo fato de que trata-se de um delito de organização, que não deve ser analisado sob as premissas
tradicionais (como se fosse um delito unissubjetivo) – maiores aspectos dogmáticos serão apresentados na sequên-
cia do texto. De qualquer forma, ainda que a autora esteja parcialmente correta, o dever da doutrina não se limita a
indicar defeitos na legislação, mas, também apontar soluções e critérios complementares de forma a comunicar
perfeitamente o conteúdo do injusto.
17
As exceções são ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização crimino-
sa: uma análise sob a luz do bem jurídico tutelado. Revista Brasileira de Ciências Criminais. RBCCrim 91, 2011; e
CERVINI, Raul; ADRIASOLA, Gabriel. El derecho penal de la empresa: desde uma visión garantista. Buenos
Aires/Montevideo: B de F, 2005; que se propõem a examinar os delitos dentro da empresa por uma metodologia
distinta da tradicional e MONTENEGRO, Lucas. Os delitos de organização no direito brasileiro. Portal Jota. Coluna
Penal em foco. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/penal-em-foco/os-delitos-de-
organizacao-no-direito-brasileiro-06112019. Acesso em 28 de novembro de 2019.
18
Aqui entendido de forma ampla, não se limitando ao instituto jurídico civil das associações, previsto no Código
Civil.
19
Artigo 5º, inciso XVII, CRFB/88 - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramili-
tar; BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. República Federativa do Brasil. Brasília.
Mathias Oliveira Campos Santos | 31
voluntariamente, deram causa ao resultado típico 23, bem como deve ser
reprimido o ato de se organizar para tal finalidade.
Destaque-se que a Constituição da República não veda a punição pa-
ra associações com finalidade ilícitas genéricas, inclusive, ainda apresenta
mandado de criminalização implícito 24 a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
MONTENEGRO ainda apresenta um argumento a mais para a criminali-
zação dos delitos de organização:
23
Daí é de se destacar a importância do desenvolvimento da temática da autoria e participação em direito penal.
Para se visualizar o quadro de desordem e caos da aplicação da teoria do domínio do fato no direito brasileiro,
recomenda-se o artigo: LEITE, Alaor. Domínio do fato, domínio da organização e responsabilidade penal por fatos
de terceiros. Os conceitos de autor e partícipe na AP 470 do Supremo Tribunal Federal. In: Autoria como domínio
do fato: Estudos introdutórios sobre o concurso de pessoas no direito penal brasileiro. Luís Greco et ali. 1. Ed. –
São Paulo: Marcial Pons, 2014. P. 123-168.
24
“[...] MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO: A Constituição da República determina que o legislador penal se
debruce sobre matérias específicas. Exs.: Racismo, tortura, tráfico, corrupção eleitoral (este é implícito). [...]”
PACELLI, Eugênio; CALLEGARI, André. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 3ª Ed. rev. Atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2017. p. X/XI.
Mathias Oliveira Campos Santos | 33
25
MONTENEGRO, Lucas. Os delitos de organização no direito brasileiro. Portal Jota.
26
Na mesma linha, Lucas MONTENEGRO: “[...] 4) Um elemento pessoal. Não há organização sem homens e
mulheres que as integrem. A legislação, em alguns casos, estabelece limites, como o mínimo de quatro pessoas na
Lei 12.850/13. É impossível traçar um limite conceitual, mas casos de uma organização com duas pessoas, como
sugere, por exemplo, o art. 35 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), são seguramente muito raros.[...] MONTENEGRO,
Lucas. Os delitos de organização no direito brasileiro. Portal Jota.
27
PACELLI, Eugênio; CALLEGARI, André. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 3ª Ed. rev. Atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2017. P. 201.
28
Acrescentamos os delitos de corrupção passiva e ativa.
29
BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, 1 – 19º Ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo:
Saraiva, 2013. P. 283.
34 | Estudos de Compliance Criminal
30
GRECO, Luís. Problemas de causalidade e imputação objetiva. P. 67.
31
MONTENEGRO, Lucas. Os delitos de organização no direito brasileiro. Portal Jota.
32
O Código Penal do PCC. O antagonista. 2018. Disponível em: https://www.oantagonista.com/sociedade/o-
codigo-penal-pcc/. Acesso em 03 de dezembro de 2019; MACEDO, Fausto; SERAPIÃO, Fábio. AFFONSO, Julia. O
código de ética da facção que arranca o coração. Estadão. 2017. Disponível em:
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-codigo-de-etica-da-faccao-que-arranca-coracao/. Acesso
em 03 de dezembro de 2019
33
“Importante não é a formalização das regras, mas a persistência da estrutura e a existência de padrões de
atuação. A definição na Lei 12.850/13 aponta, num feliz acerto do legislador, para elemento organizacional ao exigir
que a associação seja “estruturalmente ordenada”. Não é suficiente que um grupo se reúna para cometer delitos de
forma coordenada. Essa coordenação tem de ser estruturada, ou seja, a estrutura tem de ser reconhecível nas
diferentes decisões e atuações do grupo.” MONTENEGRO, Lucas. Os delitos de organização no direito brasileiro.
Portal Jota.
Mathias Oliveira Campos Santos | 35
[...] Se levarmos em conta o dado por todos conhecido de que a maioria dos
crimes econômicos é praticada no contexto empresarial e confrontarmos as
características da empresa com as da associações (e organizações criminosas,
ou para usar um termo genérico que abranja os dois fenômenos, as associa-
ções criminosas), chegaremos a um quadro preocupante: há uma parcial
identidade entre seus elementos essenciais.
Partindo, por exemplo, dos três traços essenciais selecionados por Zuñiga
Rodríguez, quais sejam (a) organização, (b) fim de lucro e (c) cometimento de
crimes graves, veremos que tais elementos encontra-se frequentemente pre-
sentes no que Schünemann designou de criminalidade de empresa: “A soma
dos delitos econômicos que se cometem a partir de uma empresa”, “por meio
da atuação para uma empresa”. A empresa, tanto quanto a organização cri-
minosa, é composta por um grupo de pessoas (normalmente mais de
quatro), associados em uma organização, com objetivos comuns, divisão de
trabalho, códigos de conduta, sistema de tomada de decisões, tendência a au-
toconservação (associação permanente). Está orientada ao fim de lucro. E as
pessoas que dela formam parte podem vir a cometer delitos, [...]
E aqui se observa mais uma aproximação entre os fenômenos: muito rara-
mente, no contexto da criminalidade de empresa, haverá a pratica de um só
crime. [...] O que conduz ao preenchimento também de um requisito clássico
dos crimes de associações criminosas, como nosso art. 288 do CP: o fim de
“perpetração de uma série indeterminada de delitos.” [...] 36.
34
BRASIL. LEI N o 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Código Civil. República Federativa do Brasil. Brasília.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406compilada.htm. Acesso em 02 de dezem-
bro de 2019.
35
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosa: RBCCrim 91,
2011.
36
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosa: RBCCrim 91,
2011.
36 | Estudos de Compliance Criminal
37
ESTELLITA, Heloísa. Responsabilidade penal de dirigentes de empresas por omissão: Estudo sobre a
responsabilidade de sociedades anônimas, limitadas e encarregados de cumprimento por crimes praticados por
membros da empresa. São Paulo. Marcial Pons. 2017. P. 128.
38
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosa:. RBCCrim 91,
2011.
Mathias Oliveira Campos Santos | 37
39
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosas. RBCCrim 91,
2011.
40
Manipulação do Mercado
Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas destinadas a elevar, manter ou
baixar a cotação, o preço ou o volume negociado de um valor mobiliário, com o fim de obter vantagem indevida ou
lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em
decorrência do crime.
41
É certo que há intensa divergência doutrinaria sobre o bem jurídico deste delito. De qualquer forma, adota-se a
classificação de Juliano Breda, exclusivamente para conferir maior racionalidade ao exemplo dado. BITENCOURT,
Cesar Roberto. BREDA, Juliano. Crimes contra o sistema financeiro nacional e contra o mercado de capitais. – 3.
Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.
38 | Estudos de Compliance Criminal
42
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosa: RBCCrim 91,
2011.
43
SOLA, Javier Cigüela. El injusto estructural de la organización: aproximación al fundamento de la sanción a la
persona jurídica. Revista para el análisis del derecho. InDret 1/2016. Barcelona, Enero de 2016.
Mathias Oliveira Campos Santos | 39
44
ESTELLITA, Heloísa. GRECO, Luís. Empresa, quadrilha (art. 288 do CP) e organização criminosa: RBCCrim 91,
2011.
40 | Estudos de Compliance Criminal
45
SOLA, Javier Cigüela. El injusto estructural de la organización: aproximación al fundamento de la sanción a la
persona jurídica. Revista para el análisis del derecho. InDret 1/2016. Barcelona, Enero de 2016.
46
SPINILLO, Alina Galvão; ROAZZI, Antônio. Psicologia: Ciência e Profissão vol. 9 n.3. Brasília, 1989. ISSN 1414-
9893. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931989000300008>.
Acesso em 04 de dezembro de 2019.
Mathias Oliveira Campos Santos | 41
47
SILVA SÁNCHEZ, Jesús Maria. Fundamentos del Derecho penal de la Empresa. Montevideo-Buenos Aires: B
de F, 2014. P. 248.
48
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. Terceira Edição. Trad. Lenke Peres, São Paulo: Perarson Makron
Book, 2001. p. 640-641.
49
GUARAGNI, Fábio André. STEIDEL, Evelin. Desvios de personalidade em grupos empresariais e neutralização
por compliance: uma tentativa para minimizar o impacto da corrupção no horizonte da criminalidade? IN:. Direito
penal econômico. Administrativização do direito penal, criminal compliance e outros temas contemporâ-
neos. SOBRINHO, Fernando Martins Maria (org)1 Ed. Londrina: Thoth Editora. 2017. P. 53.
50
DREWS, Cláudio. Vieses Cognitivo, 2010. Psicologia RG. Disponível em:
<http://psicologiarg.blogspot.com.br/2010/04/vieses-cognitivos.html>. Acesso em 05 de dezembro de 2019.
51
HEAVYRICK, Ricardo. Vieses Cognitivos. História e Caos. 2013. Disponível em:
<http://historikaos.blogspot.com.br/2013/05/vieses-cognitivos.html>. Acesso em 04 de dezembro de 2019.
42 | Estudos de Compliance Criminal
52
Tratando das seitas destrutivas ante ao Direito, María Luisa MAQUEDA ABREU descreve que: [...] “la pertenencia
a una secta que ... amén de tener un carácter falsamente religioso, tenía como finalidad llevar a cabo unas activida-
des clandestinas consistentes, entre otras, en influir mediante coacciones en los individuos que captaba “el cambio
de su personalidad”, “haciéndoles perder todo lazo afectivo con sus familiares y amigos” [...] (grifos não
originais). MAQUEDA ABREU. María Luisa. Las sectas destructivas ante el derecho. Eguzkilore: Cuaderno del
Instituto Vasco de Criminología, ISSN 0210-9700, Nº. 18, 2004.
53
SUTHERLAND, Edwin H. Crime de Colarinho Branco – versão sem cortes. Rio de Janeiro. Editora Revan. 2014.
P. 351.
54
ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer: como pessoas boas tornam-se más. Trad. Tiago Novaes Lima. -7ª ed. – Rio
de Janeiro: Record, 2019. P. 26.
Mathias Oliveira Campos Santos | 43
uma prisão simulada. Muito embora o prazo inicial fosse de duas sema-
nas, o fim do experimento teve que ser antecipado em 7 dias, porque os
estudantes transformaram-se em violentos e sádicos guardas ou em
prisioneiros extremamente abalados emocionalmente 55.
A partir deste experimento, ZIMBARDO concluiu que existem fato-
res que aumentam a probabilidade de que pessoas sem nenhum histórico
criminoso cometam delitos, como o anonimato, a desumanização, o dis-
tanciamento da vítima, conformidade social etc. O elemento de maior
destaque é a obediência à autoridade 56. Em síntese, é o fato de o indiví-
duo receber uma ordem criminosa e não se recusar a cumprir, mesmo
sabendo de sua ilicitude, porque se trata de uma tarefa que lhe foi atribu-
ída por seu superior, que, em tese, assumiu a responsabilidade do ato 57.
Sem contar que usualmente a negativa de se obedecer à ordem, é uma
rejeição ao sistema da própria organização/ uma afronta ao status quo, o
que pode vir a causar retaliações e violência mediata contra o agente –
sem entretanto que se constitua uma coação moral irresistível. Não se
questiona que:
55
ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer. Record, 2019.
56
Temática que foi objeto de estudo de outro psicólogo social, o professor Stanley Milgram In:. MILGRAM, Stanley.
Obediência à autoridade: uma visão experimental. tradução de Luiz Orlando Coutinho Lemos.-Rio de Janeiro:
F. Alves, 1983.
57
ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer. Record, 2019. P. 390.
58
ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer. Record, 2019. P. 320.
44 | Estudos de Compliance Criminal
4. Conclusão
59
[...] Sesgo egoísta (sel-service bias): entre otras manifestaciones, se refiere a la tendencia de um agente a sentirse
autor de sus aciertos y éxitos, pero a evitar responsabilizarse de sus errores. [...] SILVA SÁNCHEZ, Jesús Maria.
Fundamentos del Derecho penal de la Empresa. P. 255.
60
SAAD-DINIZ. Eduardo. Vitimologia Corporativa. 1ª ed. - São Paulo: Tirant lo Blanch, 2019. P.169.
Mathias Oliveira Campos Santos | 45
5. Referências
BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral, 1 – 19º Ed. rev.,
ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.
CHOUKR, Fauzi Hassan; LOUREIRO, Maria Fernanda; VERVAELE, John (Org.). Aspectos
contemporâneos da responsabilidade penal da pessoa jurídica. v. 2. São Paulo:
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Horizonte: Editora Del Rey, 2003.
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dezembro de 2019.
SUTHERLAND, Edwin H. Crime de Colarinho Branco – versão sem cortes. Rio de Janei-
ro. Editora Revan. 2014.
ZIMBARDO, Philip. O efeito Lúcifer: como pessoas boas tornam-se más. Trad. Tiago
Novaes Lima. -7ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2019.
3
1. Introdução
1
Associado Sênior de Compliance e Investigação do escritório Trench Rossi Watanabe Advogados. Pós-graduado
em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes/RJ. LLM em Direito Societário e Mercado de Capitais pelo
IBMEC/RJ. Certificado internacional pela Professional Evaluation and Certification Board (PECB) na ISO 37001
(Anti-bribery Management Systems). Bolsista do Summer Academy Latin America da IACA (International Anticor-
ruption Academy). Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.
2
Koehler, Mike. "Measuring the Impact of Non-Prosecution and Deferred Prosecution Agreements on Foreign
Corrupt Practices Act Enforcement." UCDL Rev. 49 (2015): 497.
3
"[…]Under a non-prosecution agreement, or an NPA as it is commonly known, DOJ maintains the right to file
charges but refrains from doing so to allow the company to demonstrate its good conduct during the term of the
NPA. Unlike a DPA, an NPA is not filed with a court but is instead maintained by the parties. […]Under a deferred
prosecution agreement, or a DPA as it is commonly known, DOJ files a charging document with the court,379 but it
simultaneously requests that the prosecution be deferred, that is, postponed for the purpose of allowing the
company to demonstrate its good conduct. DPAs generally require a defendant to agree to pay a monetary penalty,
waive the statute of limitations, cooperate with the government, admit the relevant facts, and enter into certain
compliance and remediation commitments, potentially including a corporate compliance monitor.[…]" Disponível
50 | Estudos de Compliance Criminal
6
Diamantis, Mihailis E. "Clockwork corporations: A character theory of corporate punishment." Iowa L. Rev. 103
(2017): 507.
7
Brandon L. Garrett, Collaborative Organizational Prosecution, in PROSECUTORS IN THE BOARDROOM: USING
CRIMINAL LAW TO REGULATE CORPORATE CONDUCT 154, 157 (Anthony S. Barkow & Rachel E. Barkow eds.,
2011)
8
Benjamin M. Greenblum, Note, What Happens to a Prosecution Deferred? Judicial Oversight of Corporate
Deferred Prosecution Agreements, 105 COLUM. L. REV. 1863, 1885 (2005)
52 | Estudos de Compliance Criminal
9
Laufer, William S. "A very special regulatory milestone." U. Pa. J. Bus. L. 20 (2018): 392.
10
Jennifer Arlen, Prosecuting beyond the Rule of Law: Corporate Mandates Imposed through Deferred Prosecution
Agreements, 8 J Legal Analysis 191, 221 (2016).
11
Arlen, Jennifer, and Marcel Kahan. "Corporate governance regulation through nonprosecution." U. Chi. L. Rev. 84
(2017): 323.
12
Brandon, Garrett. Too big to Jail. Harvard University Press, 2014.
13
Darryl K. Brown, Street Crime, Corporate Crime, and the Contingency of Criminal Liability, 149 U. PA. L. REV.
1295, 1334–35 (2001)
14
Thaler, Richard H., and Cass R. Sunstein. Nudge: Improving decisions about health, wealth, and happiness.
Penguin, 2009.
Marlos Corrêa da Costa Gomes | 53
15
Disponível em:<https://www.cgu.gov.br/assuntos/responsabilizacao-de-empresas/lei-anticorrupcao/acordo-
leniencia> Acesso em: 20 de Novembro de 2019
54 | Estudos de Compliance Criminal
16 Mary Jo White, Corporate Criminal Liability: What Has Gone Wrong?, in 2 37TH ANNUAL INSTITUTE ON
SECURITIES REGULATION 815, 818 (PLI Corp. Law & Practice, Course Handbook Ser. No. B-1517, 2005). Koehler,
M. (2015). Measuring the Impact of Non-Prosecution and Deferred Prosecution Agreements on Foreign Corrupt
Practices Act Enforcement. UCDL Rev., 49, 497. E Arlen, Jennifer, and Marcel Kahan. "Corporate governance
regulation through nonprosecution." U. Chi. L. Rev. 84 (2017): 323.
17 ALEXANDER, Cindy R.; MARK A. Cohen. The Evolution of Corporate Criminal Settlements: An Empirical
Perspective on Non-Prosection, Deferred Prosecution, and Plea Agreements. In: Rev. 52, Am. Crim. L., p. 537, 2015.
18 Disponível em: http://lib.law.virginia.edu/Garrett/corporate-prosecution-registry/agreements/prudential.pdf.
Acesso em: 4 dez. 2019.
56 | Estudos de Compliance Criminal
19 N.Y. Cent. & Hudson River R.R. Co. v. United States, 212 U.S. 481, 494–96; see also JAMES P. COX & THOMAS
LEE HAZEN, TREATISE ON THE LAW OF CORPORATIONS § 8:21 (3d ed. 2010)
Marlos Corrêa da Costa Gomes | 57
tações, outros oito fatores 20. Tais fatores ampliaram, em certa medida, os
poderes conferidos aos promotores, especialmente com relação à atribui-
ção de responsabilidade às empresas. Percebe-se uma forte justificativa
para a responsabilização das pessoas jurídicas como fator de garantia
contra a impunidade e de promoção de punições severas, marca da ex-
pressão dos teóricos retributivistas.
O documento, apesar de não prever expressamente no seu corpo as
expressões NPA e DPA, sinalizou aos promotores a necessária avaliação
das condutas corporativas pré-acusatórias, reconhecidas por intermédio
da cooperação das empresas com as investigações, das denúncias volun-
tárias, das ações imediatas de remediação, na linha do compromisso
implícito (good corporate citizenship) sinalizado pelo governo à iniciativa
privada no início da década de 1990. Tal compromisso se refletiu de vari-
adas formas, por meio da publicação de documentos (manuais ou guias
orientativos), os quais ofereceriam incentivos para uma parceria das
empresas com a administração pública na prevenção da corrupção.
A despeito dessa parceria tácita, merece destaque a crítica de Willian
Laufer21, da Universidade da Pensilvânia, em relação ao desequilíbrio na
distribuição de responsabilidade pelo enforcement da lei e da transferên-
cia quase que integral para a iniciativa privada do ônus investigativo. O
resultado dessa suposta parceria teria estimulado o desenvolvimento da
indústria de compliance, ampliando demasiadamente o custo para estar
20 "1. The nature and seriousness of the offense, including the risk of harm to the public, and applicable policies and
priorities, if any, governing the prosecution of corporations for particular categories of crime (see section III, infra);
2. The pervasiveness of wrongdoing within the corporation, including the complicity in, or condonation of, the
wrongdoing by corporate management (see section IV, infra); 3. The corporation's history of similar conduct,
including prior criminal, civil, and regulatory enforcement actions against it (see section V, infra); 4. The corpora-
tion's timely and voluntary disclosure of wrongdoing and its willingness to cooperate in the investigation of its
agents, including, if necessary, the waiver of the corporate attorney-client and work product privileges (see section
VI, infra); 5. The existence and adequacy of the corporation's compliance program (see section VII, infra); 6. The
corporation's remedial actions, including any efforts to implement an effective corporate compliance program or to
improve an existing one, to replace responsible management, to discipline or terminate wrongdoers, to pay restitu-
tion, and to cooperate with the relevant government agencies (see section VIII, infra); 7. Collateral consequences,
including disproportionate harm to shareholders and employees not proven personally culpable (see section IX,
infra); and 8. The adequacy of non-criminal remedies, such as civil or regulatory enforcement actions (see section X,
infra)” Disponível em:< https://www.friedfrank.com/files/QTam/holdermemo.pdf> Acesso em: 19 de Março de
2020
21 LAUFER, William S. A very special regulatory milestone. In: U. Pa. J. Bus. L. 20 , p. 392, 2018.
58 | Estudos de Compliance Criminal
25 Carrie Johnson, Ruling Won’t Deter Prosecution of Fraud, WASH. POST, June 1, 2005.
26 WEISSMAN, Andrew; WEISSMAN, Andrew. Rethinking criminal corporate liability. In: Ind. LJ 82 p. 441, 2007
27 SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance na perspectiva da criminologia econômica. In: Compliance. Belo Horizonte:
Fórum (2018). p.1
28 COFFEE Jr.; John C. Gatekeeper failure and reform: The challenge of fashioning relevant reforms. In: BUL Rev.
84, p. 301, 2004.
60 | Estudos de Compliance Criminal
31
Disponível em:< https://www.sec.gov/news/press/2003-16.htm> Acesso em: 16 de Marcço de 2020.
32
Disponível em: < https://casetext.com/case/us-v-stein-38#0af7b48e-d850-4dc3-839a-d35fd463f7d9-fn9>
Acesso em: 16 de Março de 2020.
62 | Estudos de Compliance Criminal
36
Marks, Colin P. "Thompson/McNulty Memo Internal Investigations: Ethical Concerns of the Deputized Counsel."
. Mary's LJ 38 (2006): 1065; Bishop, Keith Paul. "The McNulty Memo-Continuing the Disappointment." Chap. L.
Rev. 10 (2006): Stein, Noah D. "Prosecutorial Ethics and the McNulty Memo: Should the Government Scrutinize an
Organization's Payment of Its Employees' Attorneys' Fees." Fordham L. Rev. 75 (2006): 3245.
37 Na última década, o DOJ publicou outros documentos-guia relacionados à seleção de monitores externos em
processos de negociação, pré-acordos de resolução (“Morford Memo”), assim como o “Yates memo” que retomou o
equívoco de modelagem sancionatória para os indivíduos, chamados gate keepers (responsabilidade individual) e,
mais recentemente (2019), o documento "Benczkowski Memo” que tentou propor parâmetros de avaliação da
efetividade dos programas de compliance – sem, contudo, ser possível afirmar o seu resultado, considerado-se que
nem o conceito de efetividade foi desenvolvido pelo DOJ, muito menos a proposta foi calcada em parâmetros
cientificamente comprovados quanto à concreta capacidade dos programas de compliance promoverem mudanças
comportamentais e a redução das infrações econômicas.
64 | Estudos de Compliance Criminal
50 ARLEN, Jenifer. Prosecuting Beyond the Rule of Law: Corporate Mandates Imposed Through Deferred Prosecu-
tion Agreements. p. 209.
51 GARRETT, Brandon. Structural reform prosecution. p. 933.
70 | Estudos de Compliance Criminal
4. Conclusões
5. Referências
ROSE ACKERMAN, Susan, and BONNIE, J. Palifka. Corruption and government: Causes,
consequences, and reform. Cambridge university press, 2016.
ARLEN, Jennifer. "Prosecuting beyond the rule of law: corporate mandates imposed
through deferred prosecution agreements." Journal of Legal Analysis 8, no. 1 ,
2016.
ALEXANDER, Cindy R.; MARK A. Cohen. The Evolution of Corporate Criminal Settle-
ments: An Empirical Perspective on Non-Prosection, Deferred Prosecution, and
Plea Agreements. In: Rev. 52, Am. Crim. L., p. 537, 2015.
Barkow, Anthony S., and Rachel E. Barkow, eds. Prosecutors in the boardroom: Using
criminal law to regulate corporate conduct. NYU Press, 2011.
BRATTON, William W. Jr. The New Economic Theory of the Firm: Critical Perspectives
from History, 41 STAN. L. REV. 1471,1989.
BROWN, Darryl. Street Crime, Corporate Crime, and the Contingency of Criminal Liabil-
ity, 149 U. PA. L. REV. 1295, 1334–35 , 2001.
COFFEE Jr.; John C. Gatekeeper failure and reform: The challenge of fashioning relevant
reforms. In: BUL Rev. 84, p. 301, 2004.
Marlos Corrêa da Costa Gomes | 73
JOHNSON, Carrien. Ruling Won’t Deter Prosecution of Fraud, WASH. POST, June 1,
2005.
LAUFER, William S. "A very special regulatory milestone." U. Pa. J. Bus. L. 20, 2018.
N.Y. Cent. & Hudson River R.R. Co. v. United States, 212 U.S. 481, 494–96; see also
JAMES P. COX & THOMAS LEE HAZEN, TREATISE ON THE LAW OF
CORPORATIONS § 8:21 (3d ed. 2010)
SPIVACK, Peter. RAMAN, Sujit. Regulating the „New Regulators‟: Current Trends in
Deferred Prosecution Agreements, 45 AM. CRIM. L. REV. 159, 160, 2008.
STANFORD LAW SCHOOL and SULLIVAN CROMWELL LLP. Foreign Corrupt Practices
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STEIN, Noah D. "Prosecutorial Ethics and the McNulty Memo: Should the Government
Scrutinize an Organization's Payment of Its Employees' Attorneys' Fees." Fordham
L. Rev. 75, 2006.
THALER, Richard. SUNSTEIN, Cass. Nudge: Improving decisions about health, wealth,
and happiness. Penguin, 2009.
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https://supreme.justia.com/cases/federal/us/338/632/. Acesso em: 27 nov. 2019
WHITE, Mary Jo. Corporate Criminal Liability: What Has Gone Wrong?, in 2 37TH
ANNUAL INSTITUTE ON SECURITIES REGULATION 815, 818 (PLI Corp. Law &
Practice, Course Handbook Ser. No. B-1517), 2005.
WEISSMAN, Andrew. Rethinking criminal corporate liability. In: Ind. LJ 82 p. 441, 2007
Marlos Corrêa da Costa Gomes | 75
WRAY, Christopher A., and Robert K. Hur. "Corporate criminal prosecution in a post-
Enron world: The Thompson memo in theory and practice." Am. Crim. L. Rev. 43,
2006.
4
1. Introdução
1
Bacharel, Mestre e Doutorando pela Universidade Federal de Minas Gerais. Advogado atuante na área criminal.
Delegado de Prerrogativas da Comissão de Prerrogativas da OAB/MG. Membro do Instituto dos Advogados de
Minas Gerais. Professor universitário do ensino superior e pós graduação, com foco nas disciplinas criminais.
Palestrante em diversos eventos e autor de artigos técnicos em publicações especializadas.
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 77
2. Pressupostos assumidos
2
(ROCHA, 2003, p. 33).
3
(Ibidem, p. 32).
4
(PUIG, 2014, p. 4).
5
(DETZEL e DETZEL, 2016, p. 11)
80 | Estudos de Compliance Criminal
Porém, a análise das sanções penais dos entes coletivos não pode
esperar a pacificação de todos esses assuntos interregnos. Por vezes a
doutrina penal abstém de se aproximar do tema, sob argumento de ha-
ver imbróglios que antecedem a análise da pena.
Os pressupostos e abstenções assumidos parecem permitir a sereni-
dade necessária para a abordagem que se pretende.
6
Compatível com a compreensão de que o instituto foi abertamente recebido pelo Ordenamento Brasileiro,
interpreta-se o art. 173, §5º da Constituição Feral, como uma referência à responsabilidade penal da pessoa
jurídica, quando dispõe que: “A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”.
7
Um posicionamento curioso é de que a menção a pessoas “físicas ou jurídicas”, seguida das sanções “penais e
administrativas”, levaria à correspondência, por posicionamento textual, das sanções penais exclusivamente às
pessoas físicas e das sanções administrativas às jurídicas. Todavia, a sintaxe do trecho não corrobora com esse
entendimento.
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 81
8
(ROCHA, 2003, p. 6).
82 | Estudos de Compliance Criminal
9
(TIEDEMANN, 1996, p. 101).
84 | Estudos de Compliance Criminal
10
(SARCEDO, 2014, p. 175).
11
(PLANAS, 2007, p. 468).
12
(HEINE, 1996, p. 21).
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 85
13
(MATEU, 2017).
14
(SARCEDO, 2014, p. 188).
15
(HEINE, 1996, p. 26).
86 | Estudos de Compliance Criminal
16
Para essa divisão categórica, leva-se em consideração o espectro de punições do direito pátrio e do panorama
internacional analisado no item anterior. Esta opção foi feita para que as críticas trazidas pelas análises dos disposi-
tivos alienígenas pudessem ser utilizadas. Também convém, para que o as proposições do item 5, adiante, possam
utilizar o respaldo de outros ordenamentos.
17
(SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS, 2009, p. 39).
18
(TIEDEMANN, 1996, p. 107)
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 87
19
(GUIDA, 2018, p. 70)
88 | Estudos de Compliance Criminal
20
Constituição Federal, Art. 5º, XLV: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 89
21
Risco de Reputação é um dos riscos de maior relevância, em especial para instituições financeiras que se baseiam
na confiança do mercado, sendo que, uma vez que sua imagem tenha sido afetada, impactos de grandes proporções
podem ser refletidos, atingindo sua credibilidade, momento em que há quebra de confiança no âmbito cliente e
forte impacto no âmbito mercado (GUIDA, 2018, p. 48).
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 91
22
E considerando que impõe a limitação a um direito fundamental, convém defender que esta punição seja restrita
ao âmbito penal, onde o procedimento goza de maiores garantias, conforme será explicado adiante.
23
(SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS, 2009, p. 43)
92 | Estudos de Compliance Criminal
24
Questiona-se se o dispositivo prevê verdadeiramente uma pena. Independente da resposta, existem paralelos em
ordenamentos estrangeiros, o que legitima as considerações feitas aqui e as projeções estipuladas para um modelo
punitivo eficaz contra as pessoas jurídicas.
25
E por vezes tão severa, que sua aplicação se torna inviável. Este tema será melhor desenvolvido adiante.
94 | Estudos de Compliance Criminal
26
(SECRETARIA DE ASSUNTOS LEGISLATIVOS, 2009, p. 41)
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 95
27
(MATEU, 2017, p. 7)
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 97
28
Especificamente no Brasil, esta questão é passível de reflexões. O art. 24 fala na liquidação da pessoa jurídica
“preponderantemente” voltada à atividade ilícita. Daí a interpretação de que se aplica mesmo quando existem
atividade lícitas sendo exercidas.
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 99
29
No caso brasileiro, se houver dolo ou culpa por parte do agente.
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 101
duto ou serviço prestado é, em maior parte, explorado pelo Estado (p. ex.
uma empresa de asfaltamento).
Há ainda o inegável proveito daqueles que foram prejudicados pelo
crime perpetrado no âmbito empresarial. Como o Estado se vincula à atua-
ção reta e ilibada, os riscos de manobras que beneficiem particulares, em
detrimento dos ofendidos, é menor. E se há uma diretriz em manter o em-
preendimento operante, a possibilidade de insolvência também é reduzida.
Para os particulares que se relacionam direta ou um indiretamente
com o ente moral delituoso, a manutenção das operações, ainda que a
cabo do Estado, pode evitar prejuízos pessoais irremediáveis. Da mesma
maneira, os reflexos econômicos, sejam locais ou macro evidentes, po-
dem ser mitigados pela perpetração das atividades da pessoa jurídica sob
a batuta estatal.
Certamente que, em ambos os casos, é possível alguma mudança no
status quo, em relação ao período em que se perpetrava delitos através
do ente coletivo. Mas a mera possibilidade de redução dos prejuízos, já
representa uma situação significativamente mais benéfica.
Avaliando a espécie punitiva proposta através das finalidades da
pena, essa “estatização temporária” parece cumprir da melhor forma as
diretrizes do sistema punido 30.
Conforme demonstrado, a restauração dos prejuízos tem maior
probabilidade de ocorrer e de ser mais precisa. A finalidade restaurativa
da pena tem maior possibilidade de ser satisfeita aqui, do que em relação
às demais modalidades analisadas.
30
Relacionando as funções da pena com a eficácia, Tiedmann conta que “En lo que concierne la finalidad preventi-
va de la pena, hay a priori menos problemas que respecto a la retribución (de manera que las teorías relativas que
basan la pena sólo en lasideas de prevención no son hostiles a la responsabilidad penal de las agrupaciones)24.
Todo esto es cierto, sobre todo, en cuanto al efecto preventivo dirigido a los miembros de la sociedad. Estos serán
intimidados por la condena criminal y/o se reforzará así en ellos su mentalidad de obediencia a las normas jurídi-
cas (prevención llamada general). En este sentido, la condena penal de la empresa pone en evidencia que la norma
jurídica violada se dirige a la empresa y que la violación merece una reprobación social. Pero la prevención también
es de índole especial, en cuanto la empresa condenada sería intimidada para no reincidir en el delito. La experien-
cia de los países de tradición anglosajona demuestra que el efecto preventivo especial se nota cuando las penas son
pronunciadas contra las agrupaciones. Em casi todos los Estados, las reglas de derecho comercial y de otra índole,
concernientes a la vigilancia interior de la administración de la agrupación, garantizan más o menos que los
dirigentes no continúen o no reiteren su actividad delictuosa” (TIEDEMANN, 1996, p. 120).
102 | Estudos de Compliance Criminal
6. Conclusões
31
“Resulta también difícil de establecer un juicio definitivo sobre las consecuencias de escoger una sanción deter-
minada en razón a que, en la Criminología moderna, se admite casi unánimemente que las sanciones serían
intercambiables sin que el efecto práctico varíe” (TIEDEMANN, 1996, p. 104).
Carlos Henrique Alvarenga Urquisa Marques | 105
7. Referências
FERNANDES, A. S. Processo Penal Constitucional. 3ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2002.
106 | Estudos de Compliance Criminal
FERRAJOLI, L. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4ª. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
PUIG, S. M. Las nuevas ‹‹penas›› para personas jurídicas: una clase de ‹‹penas›› sin
culpabilidad. In: MIR PUIG, S.; BIDASOLO, M. C.; MARTÍN, V. G. Responsabilidad
de la Empresa y Compliance. Montevidéu: Edisofer/IBdF, 2014. p. 3-14.
Programa de integridade e
responsabilidade penal da pessoa jurídica
1. Introdução
1
Professor Titular de Direito Penal da Faculdade de Direito da UFMG. Desembargador civil do Tribunal de Justiça
Militar de Estado de Minas Gerais.
2
SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial: um novo conceito para o controle da
criminalidade econômica. Tradução de Eduardo Saad-Diniz. In: OLIVEIRA, Willian Terra; LEITE NETO, Pedro
Ferreira; ESSADO, Tiago Cintra e SAAD-DINIZ, Eduardo (orgs.). Direito penal econômico: estudos em homenagem
aos 75 anos do Professor Klaus Tiedemann. São Paulo: LiberArs, 2013, p. 292 e NASCIMENTO, Mellilo Dinis do. O
108 | Estudos de Compliance Criminal
controle da corrupção no Brasil e a Lei 12.846/13 – Lei Anticorrupção. In NASCIMENTO, Mellilo Dinis do (org.). Lei
anticorrupção empresarial: aspectos críticos à Lei 12.846/13. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 114-115.
3
CAMBRIGE DICTIONARY. Verbete COMPLY. Define comply como: to act according to an order, set of rule, or
request. Disponível em https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/compliance. Acesso em
15.05.2019.
4
CAMBRIGE DICTIONARY. Verbete COMPLIANCE. Define compliance como: the act of obeying an order, rule, or
request. Disponível em https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/compliance. Acesso em
15.05.2019.
5
MARTÍN, Adán Nieto. O cumprimento normativo. In MARTÍN, Adán Nieto; SAAD-DINIZ, Eduardo e GOMES,
Rafael Medeiros (orgs). Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2 ed.
São Paulo: Tirant lo Blanch, 2019, p. 29-30, notas 01 e 02. No mesmo sentido: RESENDE, Mariana Barbosa Araújo.
Compliance como essência da governança corporativa a partir da experiência do Foreing Corrupt Pratices act. In
FÉRES, Marcelo Andrade e CHAVES, Natália Cristina (orgs.) Sistema anticorrupção e empresa. Belo Horizonte:
D’Plácido, 2018, p. 280.
6
SALVADOR NETO, Alamiro Velludo. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. São Paulo: Thomson Reuters
Brasil, 2018, p. 216-217 e SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal da pessoa jurídica: construção
de um novo modelo de imputação baseado na culpabilidade corporativa. São Paulo: LiberArs, 2016, p. 39.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 109
2. Programa de integridade
7
LANÇA, Daniel e PEREIRA, Rodolfo Viana. Manual prático de compliance antissuborno: guia de implementação da
norma iso 37001:2017. Belo Horizonte: IDDE, 2019, p. 70-71.
8
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Tradução Desidério Murcho et al. Rio de Janeiro: Zahar
editor, 1997, p. 205. O verbete “integridade” registra: “Em sua versão mais simples, é um sinônimo de honestidade.
Mas a integridade frequentemente é relacionada com a noção mais complexa de uma totalidade ou harmonia do
eu, associada a uma concepção adequada de si mesmo como alguém cuja vida perderia a unidade, ou seria violada,
se fizesse certas coisas”.
110 | Estudos de Compliance Criminal
9
BERTOCCELLI, Rodrigo de Pinho. Compliance. In CARVALHO, André Castro; BERTOCCELLI, Rodrigo de Pinho;
ALVIM, Tiago Cripa e VENTURINI, Otavio (orgs). Manual de compliance. Rio de Janeiro Forense, 2019, p. 38-39;
GIOVANINI, Wagner. Compliance: a excelência na prática. São Paulo. Ed. do Autor, 2014, p. 20-21; BALCARCE,
Fabián I. e BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y personas jurídicas. Montevidéo/Buenos Aires: BdeF, 2016,
p. 139-140; SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal da pessoa jurídica, p.139; BENEDETTI, Carla
Rahal. Criminal compliance: instrumento de prevenção criminal corporativa e transferência de responsabilidade
penal. São Paulo: Quartier Latin, 2014, p. 81 e 143; e CARDOSO, Débora Motta. Criminal compliance, p. 37.
10
BALCARCE, Fabián I. e BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y personas jurídicas, p. 157-158; CARDOSO,
Débora Motta. Criminal compliance, p. 12; SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial,
p. 295, 298-299; SILVEIRA, Renato de Mello Jorge e SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei anticor-
rupção. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 113-114; BENEDETTI, Carla Rahal. Criminal compliance: instrumento de
prevenção criminal corporativa e transferência de responsabilidade penal, p. 86 e CABETTE, Eduardo Luiz Santos
e NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial: novos desafios do Direito Penal
Econômico. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2013, p. 15.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 111
Art. 41. Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade consis-
te, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de
irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políti-
cas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes,
irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, na-
cional ou estrangeira.
11
BRASIL. Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1o de agosto de 2013, que
dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração
pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8420.htm . Acesso em 21 de novembro de 2018.
12
BENEDETTI, Carla Rahal. Criminal compliance: instrumento de prevenção criminal corporativa e transferência
de responsabilidade penal, p. 82; MARTÍN, Adán Nieto. Compliance, criminologia e responsabilidade penal de
pessoas jurídicas. In: MARTIN, Adán Nieto; SAAD-DINIZ, Eduardo; GOMES, Rafael Medeiros (orgs). Manual de
cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2. ed. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2019, p.
62 e GIOVANINI, Wagner. Compliance, p. 20-21.
112 | Estudos de Compliance Criminal
13
ZIADE, Danielle Farah. O compliance no sistema brasileiro anticorrupção. In FÉRES, Marcelo Andrade e
CHAVES, Nathalia Cristina (orgs.) Sistema anticorrupção e empresa. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018, p. 303.
14
VARELA, Osvaldo Artaza. Programas de cumplimento. Breves descripción de las regras técnicas de gestión del
risco empresarial y su utilidade jurídico-penal. In IBARRA, Juan Carlos Hotal e IVANEZ, Vicente Valiente (orgs).
Responsabilidad de la empresa y compliance: programas de prevención, detección y reacción penal. Buenos Aires.
Coedição Edisofer S. L. e Euros editores, 2018, p. 237; e LANÇA, Daniel e PEREIRA, Rodolfo Viana. Manual prático
de compliance antissuborno: guia de implementação da norma iso 37001:2017, p. 76-77.
15
SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial, p. 292.
16
SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial, p. 293; BONACCORSI, Daniela Villani.
Compliance e prevenção penal, p. 45; ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo, p.
110-111 e GIOVANINI, Wagner. Compliance, p. 20.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 113
17
BONACCORSI, Daniela Villani. Compliance e prevenção penal. In: OLIVEIRA, Luís Gustavo Miranda de. Compli-
ance e integridade: aspectos práticos e teóricos. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017, p. 38.
18
CABETTE, Eduardo Luiz Santos e NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial, p.
43-48.
19
BENEDETTI, Carla Rahal. Criminal compliance, p. 81.
114 | Estudos de Compliance Criminal
20
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018, p.
109-110 e VERÍSSIMO, Carla. Compliance: incentivo à adoção de medida anticorrupção, p. 274.
21
BRASIL. Portaria Conjunta nº 2.279, de 09 de setembro de 2015. Controladoria Geral da União e Secretaria da
Micro e Pequena Empresa. Dispõe sobre a avaliação de programas de integridade de microempresa e de empresa
de pequeno porte. Disponível em http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=10/
09/2015&jornal=1&pagina=2&totalArquivos=80. Acesso em 21 de novembro de 2018.
22
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo, p. 109-110; VARELA, Osvaldo Artaza.
Programas de cumplimento, p. 240; SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal da pessoa jurídica, p.
47-48 e ZIADE, Danielle Farah. O compliance no sistema brasileiro anticorrupção, p. 302.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 115
23
MINISTRY OF JUSTICE. The Bribery Act 2010: Guidance about procedures which relevant commercial organisa-
tions can put into place to prevent persons associated with them from bribing (section 9 of the Bribery Act 2010),
p. 20-31.
116 | Estudos de Compliance Criminal
24
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo, p. 113-137; MARTÍN, Adán Nieto.
Fundamentos e estrutura dos programas de compliance. In MARTÍN, Adán Nieto; SAAD-DINIZ, Eduardo e GOMES,
Rafael Medeiros (orgs). Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2 ed.
São Paulo: Tirante lo Blanch, 2019, p. 149-152; LAMOUNIER, Najla Ribeiro Nazar. Compliance na prática: seus
elementos e desafios. In OLIVEIRA, Luis Gustavo Miranda de. Compliance e integridade: aspectos práticos e
teóricos. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017, p. 275-283; VARELA, Osvaldo Artaza. Programas de cumplimento, p. 239-
265 e VERÍSSIMO, Carla. Compliance: incentivo à adoção de medida anticorrupção, p. 275-343.
25
BRASIL. Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União. Programa de integridade: diretrizes para
empresas privadas. Disponível em https://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-
de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf. Acesso em 21 de novembro de 2018.
26
BRASIL. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia programas de compliance: orientações sobre
estruturação e benefícios da adoção dos programas de compliance concorrencial. Disponível em
http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/guias_do_Cade/guia-compliance-versao-
oficial.pdf/view. Acesso em 21 de novembro de 2018.
27
PLATT, Stephen. Capitalismo criminoso: como as instituições financeiras facilitam o crime. Tradução de Celso
Roberto Paschoa. São Paulo: Cultrix, 2017, p. 274.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 117
28
PLATT, Stephen. Capitalismo criminoso, p. 276.
29
MARTÍN, Adán Nieto. Compliance, criminologia e responsabilidade penal de pessoas jurídicas, p. 73.
30
MARTÍN, Adán Nieto. Compliance, criminologia e responsabilidade penal de pessoas jurídicas, p. 85.
31
BRASIL. Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União. Manual prático de avaliação de programa
de integridade em PAR, p. 22. Disponível em http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-
integridade/arquivos/manual-pratico-integridade-par.pdf. Acesso em 21 de novembro de 2018.
32
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo, p. 137-146 e MARTÍN, Adán Nieto.
Introducción. In ZAPATERO, Luís Arroyo e MARTÍN, Adán Nieto. El derecho penal económico en la era compliance.
Valencia: Tirant lo Blanc, 2013, p. 22-25.
118 | Estudos de Compliance Criminal
33
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 22-26.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 119
34
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 22-26.
35
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 27.
120 | Estudos de Compliance Criminal
3. Prevenção empresarial
36
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas. Valencia: Tirant lo Blanch,
2019, p. 122.
37
SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial, p. 300-302; BALCARCE, Fabián I. e
BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y personas jurídicas, p. 144 e ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de.
Compliance e crime corporativo, p. 51-96.
38
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas, p. 114; CABETTE, Eduardo Luiz
Santos e NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial, p. 79-81.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 121
39
TIEDEMANN, Klaus. El derecho comparado en el desarrollo del derecho penal económico. In: ZAPATERO, Luis
Arroyo; MARTÍN, Adán Nieto. El derecho penal económico en la era compliance. Valencia: Tirant lo Blanc, 2013, p. 37.
40
PLATT, Stephen. Capitalismo criminoso, p. 274-275.
41
MARTÍN, Adán Nieto. Introducción, p. 22.
42
MARTÍN, Adán Nieto. O cumprimento normativo, p. 37-38.
122 | Estudos de Compliance Criminal
43
SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal da pessoa jurídica, p. 41.
44
VON FEUERBACH, Paul Johann Anselm Ritter. Tratado de derecho penal. Tradução de Eugênio Raul Zaffaroni e Irma
Hagemeier. Buenos Aires: Hamurabi, 1989, p. 61; VON LISZT, Franz. Tratado de direito penal alemão. Tradução de José
Hygino Duarte Pereira. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1899, v. 1, p. 101 e JESCHECK, Hans-Heinrich. Tratado de derecho
penal. Tradução de Santiago Mir Puig e Francisco Muñoz Conde. Barcelona: Bosch, 1981, v. 1, p. 98.
45
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral, p. 71-82.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 123
46
CERQUEIRA, Daniel Ricardo de Castro e BUENO, Samira (coords.). Atlas da violência 2019. Brasília: Rio de
Janeiro: São Paulo: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA; Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
2019, p. 24. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/downloads/6537-atlas2019.pdf.
Acesso em: 09 de setembro de 2019.
47
SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial, p. 317.
48
BENEDETTI, Carla Rahal. Criminal compliance: instrumento de prevenção criminal corporativa e transferência
de responsabilidade penal, p. 87. A expressão “prevenção criminal corporativa”, que é utilizada no subtítulo do
livro, não é novamente utilizada no contexto argumentativo em que a autora afirma que “o criminal compliance é
mais do que uma simples ferramenta de administração de ‘boas práticas’ dentro da empresa. É, sobretudo, um
instituto de prevenção criminal, que tem como escopo evitar a responsabilização criminal das pessoas jurídicas e de
seus gestores”.
124 | Estudos de Compliance Criminal
49
MARTÍN, Adán Nieto. Compliance, criminologia e responsabilidade penal de pessoas jurídicas, p. 68-69 e
CABETTE, Eduardo Luiz Santos e NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial, p. 32.
50
CABETTE, Eduardo Luiz Santos e NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial, p. 30.
51
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em 01 de outubro de 2018.
52
SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de direito ambiental. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 80-82 e FIORILLO,
Celso Antonio Pacheco. Direito ambiental brasileiro. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 56-57.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 125
53
MARTÍN, Adán Nieto. O cumprimento normativo, p. 40-41.
54
BLUMENBERG, Axel-Dirk e GARCIA-MORENO, Beatriz. Retos prácticos de la implementación de programas de
cumprimento normativo. In MIR PUIG, Santiago; BIDASOLO, Mirentxu Corcoy e MATÍN, Víctor Gómez. (dir.)
Responsabilidad de la empresa y compliance: programas de prevención, detección y reacción penal. Buenos Aires:
BdeF, 2014, p. 273.
55
SANTANA, Ciro Dias. Compliance e a “privatização” da investigação criminal. In DireitoNet, p. 13-14. Sustenta o
autor que a privatização da investigação serviu para identificar os responsáveis pelo setor de criminal compliance
como garantidores que deverão ser responsáveis em caso de omissão dos procedimentos que se mostram necessá-
rios para evitar a prática des crimes no ambiente corporativo. Disponível em
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9814/Compliance-e-a-privatizacao-da-investigacao-criminal. Acesso
em: 21 de novembro de 2018.
56
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas, p. 111-112. O autor sustenta que
a privatização da persecução penal acabou por deixar “el lobo a cuidar del ganado”, convertendo a empresa em juiz
de si mesma.
57
BALCARCE, Fabián I. e BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y personas jurídicas, p. 162-163.
58
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge e SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei anticorrupção. São
Paulo: Saraiva, 2015, p. 119-120.
126 | Estudos de Compliance Criminal
59
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas, p. 114. O autor sustenta que a
introdução do tema do compliance em matéria criminal teve dois objetivos claros: o primeiro e principal é o de
constituir um escudo para evitar a responsabilidade penal das pessoas jurídicas; o segundo e subsidiário é o de
atrair para pessoas determinadas a responsabilidade penal remanescente dos gestores e/ou sócios da empresa. No
mesmo sentido crítico: BENEDETTI, Carla Rahal. Criminal compliance, p. 92 e CABETTE, Eduardo Luiz Santos e
NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “criminal compliance” e ética empresarial, p. 18-19.
60
SARCEDO, Leandro. Compliance e responsabilidade penal da pessoa jurídica, p. 205.
61
COMPLIANCE. Direção de Craig Zobel. EUA: Magnolia pictures (distribuidor), 2012. (1h30min).
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 127
62
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas, p. 112-114.
128 | Estudos de Compliance Criminal
63
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 10.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 129
64
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral, p. 923. Consta no registro que “causa de aumento é uma circuns-
tância prevista pelo legislador, tanto na parte geral como na parte especial do Código Penal, que autoriza um
aumento de pena de acordo com limites, fixos ou variáveis, previamente estabelecidos.”
130 | Estudos de Compliance Criminal
65
CHAVES, Natália Cristina e FÉRES, Marcelo Andrade. Responsabilidade administrativa de pessoas jurídicas na lei
anticorrupção: sanções e critérios de fixação. In CHAVES, Natália Cristina e FÉRES, Marcelo Andrade (orgs).
Sistema anticorrupção e empresa, p. 245-246. No mesmo sentido: BRASIL. Manual prático de avaliação de pro-
grama de integridade em PAR, p. 10.
66
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral, p. 887. Conforme o registro: “a causa de diminuição apresenta a
mesma natureza jurídica que a causa de aumento, sendo uma circunstância que autoriza uma diminuição de pena
de acordo com parâmetros fixos ou variáveis previamente estabelecidos.”
67
CHAVES, Natália Cristina e FÉRES, Marcelo Andrade. Responsabilidade administrativa de pessoas jurídicas na lei
anticorrupção, p. 247. Os autores esclarecem que a Lei Anticorrupção não menciona que o programa deva ser
efetivo. A consideração pela efetividade do programa é delineada no Decreto regulamentar.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 131
68
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 27.
69
BALCARCE, Fabián I. e BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y personas jurídicas, p.173.
132 | Estudos de Compliance Criminal
70
SOUTO, Miguel Abel. Antinomias de la reforma penal de 2015 sobre programas de prevención que eximen o
atenúan la responsabilidade criminal de las personas jurídicas. In EVANGELIO, Ángela Matallín (dir.) Compliance y
prevención de delitos de corrupción. Valencia: Tirant lo Blanch, 2018, p. 13-27; TIEDEMANN, Klaus. El derecho
comparado en el desarrollo del derecho penal económico, p. 38 e VERÍSSIMO, Carla. Compliance: incentivo à adoção
de medida anticorrupção, p. 159 e SIEBER, Ulrich. Programas de compliance no direito penal empresarial, p. 292.
71
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – OCDE. The Liability of Legal
Persons for Foreign Bribery, p. 66. Segundo o relatório, permitem a exclusão da responsabilidade em razão da
existência de um programa de compliance: Austrália, Chile, República Checa, Grécia, Itália, Coréia, Países Baixos,
Portugal, Espanha, Suíça e Reino Unido.
72
UNITED STATES OF AMERICA. Sentencing Commission. Guidelines Manual. (Nov. 2018).
§8C2.5.(f)(g). Disponível em https://www.ussc.gov/sites/default/files/pdf/guidelines-manual/2018/GLMFull.pdf.
Acesso em 22 de julho de 2019.
73
UNITED KINGDOM. Bribery Act 2010. Seção 7, subseção 2. Disponível em
https://www.legislation.gov.uk/ukpga/2010/23/contents. Acesso em 14 de junho de 2019, e CUNHA, Rogério
Sanches e SOUZA, Renee do Ó. Lei anticorrupção empresarial: Lei 12.846/2013, p. 302.
74
CHILE. Lei nº 20.393, de 02 de dezembro de 2009. Establece la responsabilidad penal de las personas jurídicas
en los delitos que indica. Disponível em https://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1008668. Acesso em 22 de
julho de 2019. O art. 3 da referida lei condiciona expressamente a responsabilidade penal da pessoa jurídica aos
casos em que a realização do crime é consequência do descumprimento das pessoas físicas mencionadas com os
seus deveres de direção e supervisão.
75
ESPANHA. Lei Orgânica 10, de 23 de novembro de 1995 – Código Penal. Disponível em
https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BOE-A-1995-25444. O art. 31 bis foi adicionado pelo art. 4º da Lei Orgâni-
ca 5, de 22 de junho de 2010, tendo sido posteriormente alterado pelo art. 1º da Lei Orgânica 7, de 27 de dezembro
de 2012 e pelo art. 20 da Lei Orgânica 1 de 30 de março de 2015. Acesso em 18 de abril de 2019.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 133
76
UNITED KINGDOM. Bribery Act 2010. Seção 7, subseção 1. Na tradução constante de CUNHA, Rogério Sanches e
SOUZA, Renee do Ó. Lei anticorrupção empresarial: Lei 12.846/2013, p. 301-302.
77
SALVADOR NETTO, Alamiro Velludo. Responsabilidade penal da pessoa jurídica, p. 199-200.
78
GÓMEZ-JARA DÍEZ, Carlos. A responsabilidade penal da pessoa jurídica: teoria do crime para pessoas jurídicas.
Tradução de Carolina de Freitas Paladino, Cristina Reindolff da Motta e Natália de Campos Grey. Seção Paulo:
Atlas, 2015, p. 61-63.
79
VERÍSSIMO, Carla. Compliance: incentivo à adoção de medida anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 57. A
autora esclarece que, nos Estados Unidos da América, o manual que orienta a atuação dos Procuradores Federais
expressamente afirma que a existência de programas de compliance não justifica a irresponsabilidade da pessoa
jurídica pela conduta criminosa de seus agentes.
134 | Estudos de Compliance Criminal
80
SILVA, Jafte Carneiro Fagundes da. Estabelecendo e aplicando um programa de integridade corporativa: prepare
sua empresa para atender requisitos normativos e disseminar negócios éticos. In OLIVEIRA, Luis Gustavo Miranda
de. Compliance e integridade: aspectos práticos e teóricos. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017, p. 288-290;
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo, p. 110-111; VARELA, Osvaldo Artaza.
Programas de cumplimento, p. 253-256; BALCARCE, Fabián I. e BERRUERZO, Rafael. Criminal compliance y
personas jurídicas, p. 146 e GIOVANINI, Wagner. Compliance, p. 50 e 53.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 135
81
CARDOSO, Débora Motta. Criminal compliance: na perspectiva da lei de lavagem de dinheiro. São Paulo: Libe-
rArs, 2015, p.191-192. A autora sustenta que as disposições que impõe responsabilidade administrativa em razão da
omissão dos deveres de compliance já são suficientes e que não se apresenta necessário instituir um tipo penal
incriminador para as meras violações aos deveres de compliance.
82
SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de direito ambiental, p. 593-594 e ADEDE Y CASTRO, João Marcos.
Crimes ambientais: comentários à Lei nº 9.605/98. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2004, p. 28-30.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 137
83
SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de direito ambiental, p. 593-594 e ADEDE Y CASTRO, João Marcos.
Crimes ambientais: comentários à Lei nº 9.605/98, p. 28-30.
138 | Estudos de Compliance Criminal
nal. Cabe observar que o Projeto não conservou a previsão de uma ate-
nuante inominada, que hoje existe no art. 66 do Código Penal 84.
O artigo 66 do Código Penal brasileiro prevê a possibilidade de ate-
nuar a pena “em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior
ao crime, embora não prevista expressamente em lei.” Tal regra de cará-
ter geral é aplicável aos crimes ambientais, apesar da Lei de Crimes
Ambientais conter dispositivos relativos à aplicação de pena à pessoa
jurídica. 85 Neste sentido, o art. 79 da Lei nº 9.605/98 estabelece que, em
relação aos crimes ambientais, as disposições do Código Penal são aplicá-
veis subsidiariamente.
Resta saber, então, se a existência de um programa de integridade é
uma circunstância, anterior ou posterior ao crime, que se apresente rele-
vante o suficiente para justificar a atenuação da pena a ser aplicada em
desfavor da pessoa jurídica.
A ausência de parâmetros para relacionar a existência de programas
de integridade e a dosimetria da pena a ser aplicada à pessoa jurídica
geralmente constitui um problema importante na doutrina do Direito
Penal Econômico. 86 No caso brasileiro, no entanto, é possível tomar
como referência a regulamentação estabelecida para o inciso VIII do art.
7º da Lei nº 12.846/13. Tais critérios também podem ser utilizados para
a consideração dos programas de integridade que visem evitar a prática
de crimes ambientais e, consequentemente, graduar a responsabilização
da pessoa jurídica prevista na Lei nº 9.605/98.
A aplicação de uma sanção administrativa com base na Lei Anticor-
rupção também pressupõe que o programa de integridade não conseguiu
evitar as deliberações empresariais que deram causa aos atos ofensivos à
administração pública.
84
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.828, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Último acesso em 29 de novembro de
2018.
85
ADEDE Y CASTRO, João Marcos. Crimes ambientais: comentários à Lei nº 9.605/98, p. 27; SIRVINSKAS, Luís
Paulo. Tutela penal de meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 89 e GALVÃO, Fernando. Responsabilidade
penal da pessoa jurídica, p. 151.
86
MARTÍN, Adán Nieto. Introducción, p. 23.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 139
87
CANARIS, Claus-Wilhelm. Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do direito. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1989, p. 14 e p. 20-22
88
BRASIL. Manual prático de avaliação de programa de integridade em PAR, p. 22-26.
140 | Estudos de Compliance Criminal
6. Referências
ALBUQUERQUE, Eduardo Lemos Lins de. Compliance e crime corporativo. Belo Horizon-
te: D’Plácido, 2018. 265 p.
BUSATO, Paulo César. Tres tesis sobre la responsabilidade de personas jurídicas. Valen-
cia: Tirant lo Blanch, 2019. 149 p.
CABETTE, Eduardo Luiz Santos; NAHUR, Marcius Tadeu Maciel. “Criminal compliance” e
ética empresarial: novos desafios do Direito Penal Econômico. Porto Alegre: Nuria
Fabris, 2013. 87 p.
CAMBRIGE DICTIONARY. Comply. Define comply como: to act according to an order, set
of rule, or request. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/
pt/dicionario/ingles-portugues/compliance. Acesso em: 15 maio 2019.
__. Compliance. Define compliance como: the act of obeying an order, rule, or request.
Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-
portugues/compliance. Acesso em: 15 maio 2019
ESPANHA. Lei Orgânica 10, de 23 de novembro de 1995 – Código Penal. O art. 31 bis foi
adicionado pelo art. 4º da Lei Orgânica 5, de 22 de junho de 2010, tendo sido pos-
teriormente alterado pelo art. 1º da Lei Orgânica 7, de 27 de dezembro de 2012 e
pelo art. 20 da Lei Orgânica 1 de 30 de março de 2015. Disponível em:
https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BOE-A-1995-25444. Acesso em: 18 de abril
de 2019.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Direito ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2009. 642 p.
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral. 12. ed. Belo Horizonte: D’Plácido, 2019.
1201 p.
___. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017. 216
p.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 143
GIOVANINI, Wagner. Compliance: a excelência na prática. São Paulo: Ed. do Autor, 2014.
505 p.
LAMOUNIER, Najla Ribeiro Nazar. Compliance na prática: seus elementos e desafios. In:
OLIVEIRA, Luís Gustavo Miranda de. Compliance e integridade: aspectos práticos e
teóricos. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017, p. 275-284.
MARTÍN, Adán Nieto. O cumprimento normativo. In: MARTIN, Adán Nieto; SAAD-
DINIZ, Eduardo e GOMES, Rafael Medeiros (orgs). Manual de cumprimento norma-
tivo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2. ed. São Paulo: Tirant lo
Blanch, 2019, p. 29-53.
___. Fundamentos e estrutura dos programas de compliance. In: MARTIN, Adán Nieto;
SAAD-DINIZ, Eduardo e GOMES, Rafael Medeiros (orgs). Manual de cumprimento
normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2. ed. São Paulo: Tirant
lo Blanch, 2019, p. 131-162.
___. Introducción. In: ZAPATERO, Luís Arroyo; MARTÍN, Adán Nieto. El derecho penal
económico en la era compliance. Valencia: Tirant lo Blanc, 2013, p. 11-29.
MINISTRY OF JUSTICE. The Bribery Act 2010: Guidance about procedures which rele-
vant commercial organisations can put into place to prevent persons associated
with them from bribing (section 9 of the Bribery Act 2010). Disponível em:
https://www.justice.gov.uk/downloads/legislation/bribery-act-2010-guidance.pdf.
Acesso em: 14 jun. 2019.
144 | Estudos de Compliance Criminal
NASCIMENTO, Mellilo Dinis do. O controle da corrupção no Brasil e a Lei 12.846/13 – Lei
Anticorrupção. In: NASCIMENTO, Mellilo Dinis do (org.). Lei anticorrupção empre-
sarial: aspectos críticos à Lei 12.846/13. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 59-116.
SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de direito ambiental. Salvador: Juspodivm, 2011.
797 p.
Fernando A. N. Galvão da Rocha | 145
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge; SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei
anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2015. 358 p.
SOUTO, Miguel Abel. Antinomias de la reforma penal de 2015 sobre programas de pre-
vención que eximen o atenúan la responsabilidade criminal de las personas
jurídicas. In: EVANGELIO, Ángela Matallín (dir.) Compliance y prevención de deli-
tos de corrupción. Valencia: Tirant lo Blanch, 2018, p. 13-27.
___. El derecho comparado en el desarrollo del derecho penal económico. In: ZAPATERO,
Luis Arroyo; MARTÍN, Adán Nieto. El derecho penal económico en la era complian-
ce. Valencia: Tirant lo Blanc, 2013, p. 31-42.
VON FEUERBACH, Paul Johann Anselm Ritter. Tratado de derecho penal. Tradução de
Eugênio Raul Zaffaroni e Irma Hagemeier. Buenos Aires: Hamurabi, 1989. 415 p.
VON LISZT, Franz. Tratado de direito penal alemão. Tradução de José Hygino Duarte
Pereira. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1899, v. 1, 485 p.
1. Introdução
1
Doutorando em Direito Penal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Direito Penal pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de Direito Penal na Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG).E-mail: [email protected]
Rafael Barros Bernardes da Silveira | 147
indicar claramente qual teoria teria servido de inspiração para o modelo adota-
do (2012, p. 99);
b) Tal postura teria dado ensejo a uma série de disposições contraditórias (2012,
p.99);
c) Sobre a escolha entre auto e heterorresponsabilidade – entendida por Busato
como a primeira questão a ser definida em qualquer discussão técnica sobre o
tema da responsabilidade penal da pessoa jurídica (2012, p.101) – concluiu o
autor que a opção do legislador teria ficado obscura. Isto porque a leitura dos
dispositivos projetados, diante do seu conteúdo discrepante, parece conduzir a
conclusões antagônicas – ora pela adoção de um modelo, ora por outro;
d) A grande contradição que se evidencia diz respeito ao conteúdo do caput e do §
1º, do artigo 39. Em síntese, o que faz o texto da lei é: I) apontar, por um lado,
a absoluta independência entre a responsabilidade das pessoas físicas e jurídi-
cas – indicando se filiar a um modelo de autorresponsabilidade, “tendência que
cada vez mais se afirma na doutrina e na própria legislação de outros países
como o adequado” (BUSATO, 2012, p. 113); e II) formatar um modelo no qual a
responsabilização da pessoa jurídica, repetindo os critérios da legislação em vi-
gor, depende da conduta e da decisão do seu representante legal.
5. Conclusões
6. Referências
BUSATO, Paulo Cesar; REINALDET, Tracy Joseph. Crítica ao uso dogmático do complian-
ce como eixo de discussão de uma culpabilidade de pessoas jurídicas. In:
COMPLIANCE e direito penal. Coordenação de Fábio André GUARAGNI, Paulo
Cesar BUSATO. Organização de Décio Franco DAVID. São Paulo: Atlas, 2015.
166 | Estudos de Compliance Criminal
LUZ, Ilana Martins. Teoria geral dos elementos de um programa de compliance eficaz. In:
COMPLIANCE e temas relevantes de direito e processo penal: estudos em ho-
menagem ao advogado e professor Felipe Caldeira. Organização de Bruno
Espiñeira LEMOS et al. Belo Horizonte: D'Plácido, 2018.
SARNEY, José. Projeto de Lei do Senado n° 236, de 2012. Institui novo Código Penal.
Brasíla: Senado, 09 jul.2012. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/
atividade/materias/-/materia/106404. Acesso em 15 nov. 2019.
SILVA SÁNCHEZ, Jesús María. A expansão do direito penal: aspectos da política crimi-
nal nas sociedades pós-industriais. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
TANGERINO, Davi de Paiva Costa. A responsabilidade penal da pessoa jurídica para além
da velha questão de sua constitucionalidade. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 18, n.
214, p. 17-18., set. 2010.
Rafael Barros Bernardes da Silveira | 167
TIEDEMANN, Klaus. Responsabilidad penal de las personas jurídicas. In: POZO, José
Hurtado (Coord.), Responsabilidad penal de las personas jurídicas, Anuario Dere-
cho Penal ’96, Grijley, 1997.
1. Introdução
1
Advogada Criminalista. Pós-graduanda em Direito Penal Econômico pela PUC Minas (2019). Especialista em
Ciências Criminais pela ESA- Escola Superior de Advocacia OAB/MG em parceria com Dom Helder Câmara (2017)
Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2016) Vice-Presidente da Comissão de
Advocacia Criminal da OAB/MG. Coordenadora da coluna Vozes-Mulheres no site da Editora Empório do Direito.
Paola Alcântara Lima Dumont | 169
2. O que é compliance?
Art. 23. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa aplicável será re-
duzida conforme a fração nele pactuada, observado o limite previsto no § 2º
do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013 .
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá ce-
lebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática
dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as investiga-
ções e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
empresas com capital aberto e para empresas com capital aberto que
atuam no EUA ou RU, também é obrigatório vejamos:
2
a exemplo da intimidade, do contraditório e da ampla defesa e da presunção de inocência
176 | Estudos de Compliance Criminal
Logo, o que parece ser mais razoável é que nenhuma denúncia co-
messe ser tratada como verdade absoluta, mas que a empresa divulgue
os canais, os conteúdos principais para comunicações, mas que também
tenha previsões de responsabilização administrativas e até criminais para
o mau uso do meio através de denúncias de má-fé, devidamente compro-
vadas.
Por fim, vale dizer sobre o tratamento das informações, pois não se
limita apenas tratar comunicação em específico, para garantir a eficiência
e transparência do canal, outros reportes complementares são importan-
tes. Estes, não precisam necessariamente conter os detalhes dos casos,
mas, sim, disponibilizar aos denunciantes a possibilidade de tomar co-
nhecimento de um encaminhamento da denúncia feita, isto transmite
segurança e credibilidade.
Ademais a comprovação e registro, todo o material e experiência ti-
rados de cada caso devem constituir fonte para retroalimentar toda a
estrutura do canal de denúncias. Um caso específico pode, por exemplo,
demonstrar que o código de conduta é vago ou ausente em determinado
tema, ou ainda que não havia política para outro caso. Muitas vezes pode
ficar claro que treinamentos complementares serão necessários.
5. Conclusão
6. Referências.
LUZ, Ilana Martins. Compliance e omissão imprópria. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018.
LUZ, Ilana Martins. Esboço de uma teoria geral dos elementos de um programa de com-
pliance eficaz. Disponível em:< https://www.conjur.com.br/2018-mar-16/ilana-
martins-esboco-elementos-compliance-eficaz>. Acesso em 02 dez 2019.
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge e SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, direito penal e lei
anticorrupção. São Paulo: Saraiva, 2015.
8
1. introdução
1
Advogado criminalista. Doutorando e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UFMG.
2
ESTELLITA, Heloisa. Responsabilidade penal de dirigentes de empresas por omissão: estudo sobre a responsabili-
dade omissiva imprópria de dirigentes de sociedades anônimas, limitadas e encarregados de cumprimento por
crimes praticados por membros da empresa. São Paulo: Marcial Pons, 2017, p. 71-72.
Felipe Machado Prates | 181
3
LUZ, Ilana Martins. Teoria geral dos elementos de um programa de compliance eficaz. In: COMPLIANCE e temas
relevantes de direito e processo penal: estudos em homenagem ao advogado e professor Felipe Caldeira. Organiza-
ção de Bruno Espiñeira LEMOS et al. Belo Horizonte: D'Plácido, 2018, p. 477-478.
4
Cf. MORENO, Beatriz García. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.).
Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo
Blanch, 2019, p. 259; RAGUÉS I VALLÈS, Ramon. Whistleblowing: una aproximación desde del derecho penal.
Madrid: Marcial Pons, 2013, p. 19.
5
Nesse sentido, ARAS, Vladimir. Whistleblowers, informantes e delatores anônimos. In A Jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal: Temas Relevantes. Vilvana D. Zanellato (org.). Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013, p.
362.
6
TAMBORLIN, Fábio Augusto. Pacote anticrime e Whistleblower: um ponto dentro da curva. In Boletim IBCCRIM,
Ano 27, nº 323. Out/19, p. 21.
7
Cf. SPINELLI, Mário Vinícius Classen. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto
(org.). Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo:
182 | Estudos de Compliance Criminal
Tirant Lo Blanch, 2019, p. 291; LUZ, Ilana Martins. Teoria geral dos elementos de um programa de compliance
eficaz. In: COMPLIANCE e temas relevantes de direito e processo penal: estudos em homenagem ao advogado e
professor Felipe Caldeira. Organização de Bruno Espiñeira LEMOS et al. Belo Horizonte: D'Plácido, 2018.
Felipe Machado Prates | 183
8
Disponível na internet em <http://www.legislation.gov.uk/ukpga/1998/23/contents>. Acesso em 01.12.2019.
9
Disponível na internet em <https://www.govinfo.gov/content/pkg/PLAW-107publ204/pdf/PLAW-
107publ204.pdf>. Acesso em 01.12.2019.
10
Disponível na internet em <https://www.oecd.org/g20/topics/anti-corruption/48972967.pdf>. Acesso em
30.11.2019.
11
Disponível na internet em <https://www.transparency.org/files/content/activity/2009_PrinciplesForWhistleblo
wingLegislation_EN.pdf>. Acesso em 30.11.2019.
184 | Estudos de Compliance Criminal
12
MORENO, Beatriz García. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.).
Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo
Blanch, 2019, p. 278.
Felipe Machado Prates | 185
13
Por meio desta lei, passaram a viger no ordenamento algumas disposições mais específicas sobre a proteção de
informantes, v.g. “será assegurada ao informante proteção contra ações ou omissões praticadas em retaliação ao
exercício do direito de relatar, tais como demissão arbitrária, alteração injustificada de funções ou atribuições,
imposição de sanções, de prejuízos remuneratórios ou materiais de qualquer espécie, retirada de benefícios, diretos
ou indiretos, ou negativa de fornecimento de referências profissionais positivas”.
186 | Estudos de Compliance Criminal
14
HC 124614 AgR. Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJ 10/03/2015.
Felipe Machado Prates | 187
15
MORENO, Beatriz García. Whistleblowing e canais institucionais de denúncia. In MARTÍN, Adan Nieto (org.).
Manual de Cumprimento Normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2ª ed., São Paulo: Tirant Lo
Blanch, 2019, p. 279.
188 | Estudos de Compliance Criminal
16
“Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (...) § 2o
Na segunda parte será perguntado sobre: V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e
desde quando, e se tem o que alegar contra elas;”.
190 | Estudos de Compliance Criminal
zado para apoiar uma sentença condenatória. Por essa razão, mostra-se
de todo inadequada a possibilidade de o juiz considerar que a identifica-
ção do informante perante o acusado é prescindível para efeito de
utilização do depoimento por ele prestado.
Apesar de inserir os requisitos apontados por diversas entidades
como caracterizadores de uma legislação ideal sobre whistleblowers, o
texto da Lei nº 13.964/19 carece de aprimoramento em diversos pontos 17,
principalmente no que se refere a vedação de utilização, no processo
criminal, de depoimentos de informantes cobertos por anonimato ou
sigilo. Considera-se inarredável, nesse ponto, a máxima de que “deve ser
assegurado ao réu conhecer o nome das pessoas da vítima e das teste-
munhas que sustentam a acusação contra si, erigindo-se tal assertiva em
status de condição sine qua non à garantia do due process of law num
verdadeiro Estado Democrático de Direito” 18.
Como afirma Ferrajoli 19,
17
Rodolfo Prado pontua, por exemplo, que “como está escrito o projeto hoje, quem recebe a informação por meio
de seu ofício [v.g. chief compliance officer], por exemplo, poderia ir às autoridades competentes e pleitear recom-
pensa por aquela informação, criando uma espécie de “mercado paralelo de informação”, semelhante ao insider
trading” (PRADO, Rodolfo Macedo do. O whistleblowing no âmbito do Pacote Anticrime: entre erros e acertos.
Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 27, n. 324, p. 13-15., nov. 2019).
18
ROTH, Ronaldo João. O sigilo do nome de vítimas e testemunhas ameaçadas no processo penal militar e seus
limites. In Revista de Direito Militar, n. 69, jan/fev 2008, p. 27.
19
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2ª ed., São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais,
2006, p. 567.
Felipe Machado Prates | 191
20
HC 95244, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJ 23/03/2010.
192 | Estudos de Compliance Criminal
21
MORAES, Rodrigo Iennaco de. Da validade do procedimento de persecução criminal deflagrado por denúncia
anônima no Estado Democrático de Direito. In Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 62, v. 14, 2006, p. 260.
22
Existem algumas exceções, como, por exemplo, no caso de servidores públicos, constituindo contravenção penal
a omissão em comunicar à autoridade competente crime de ação pública incondicionada que tenha chegado a seu
conhecimento no exercício da função pública, conforme prevê o art. 66, I, da Lei de Contravenções Penais.
Felipe Machado Prates | 193
23
ARAS, Vladimir. Whistleblowers, informantes e delatores anônimos. In A Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal: Temas Relevantes. Vilvana D. Zanellato (org.). Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013, p. 368.
24
ARAS, Vladimir. Whistleblowers, informantes e delatores anônimos. In A Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal: Temas Relevantes. Vilvana D.Zanellato (org.). Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013, p. 370.
25
“12. Protection of identity – the law shall ensure that the identity of the whistleblower may not be disclosed
without the individual’s consent, and shall provide for anonymous disclosure.”
194 | Estudos de Compliance Criminal
26
“Art. 4º-B O informante terá o direito de preservação de sua identidade, a qual apenas será revelada em caso de
relevante interesse público ou interesse concreto para a apuração dos fatos.
§ 1º Se a revelação da identidade do informante for imprescindível no curso de processo cível, de improbidade ou
penal, a autoridade processante poderá determinar ao autor que opte entre a revelação da identidade ou a perda do
valor probatório do depoimento prestado, ressalvada a validade das demais provas produzidas no processo.
§ 2º Ninguém poderá ser condenado apenas com base no depoimento prestado pelo informante, quando mantida
em sigilo a sua identidade.
§ 3º A revelação da identidade somente será efetivada mediante comunicação prévia ao informante, com prazo de
trinta dias, e com sua concordância”.
Felipe Machado Prates | 195
não há entre as duas opções uma relação de alternatividade, mas sim de con-
sequencialidade. A opção da norma se explica diante da impossibilidade de o
Reportante ser contraditado pelas pessoas delatadas e em razão da inerente
falibilidade da prova testemunhal, o que leva a criação de um filtro (safe-
guards), como uma espécie de compensação valorativa dessa prova: o
depoimento sigiloso, dada a impossibilidade de ser contraditado, somado à
fragilidade abstrata, terá valor probatório reduzido, mas não inteiramente
desprezado. 27
27
SOUZA, Renee do Ó. Projeto de Lei “Anticrime” e a Figura do Informante do Bem ou Whistleblower. In Projeto de
Lei Anticrime. Antonio Henrique Graciano Suxberger, Renee do Ó Souza, Rogério Sanchez (orgs.). Salvador: Ed.
JusPodivum, 2019, p. 470-471.
196 | Estudos de Compliance Criminal
6. Conclusão
28
No magistério de Aury Lopes Jr., “o grande erro da reforma pontual (Lei n. 11690/2008) foi ter inserido a
palavra “exclusivamente”. Perdeu-se uma grande oportunidade de acabar com as condenações disfarçadas, ou seja,
as sentenças baseadas no inquérito policial, instrumento inquisitório e que não pode ser utilizado na sentença.
Quando o art. 155 afirma que o juiz não pode fundamentar sua decisão “exclusivamente” com base no inquérito
policial, está mantendo aberta a possibilidade (absurda) de os juízes seguirem utilizando o inquérito policial, desde
que também invoquem algum elemento probatório do processo” (LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 16ª
ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 167).
29
VERGHESE, Abraham. O décimo primeiro mandamento. Tradução Donaldson M. Garschagen. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011.
30
NAZARIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Associação Editorial Humanitas-Fapesp,
2005, p. 187.
Felipe Machado Prates | 197
31
ARAS, Vladimir. Whistleblowers, informantes e delatores anônimos. In A Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal: Temas Relevantes. Vilvana D. Zanellato (org.). Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2013.
32
PINTO, Felipe Martins. A verdade no processo penal: uma proposta de superação do mito da verdade real. Tese
de doutorado. Belo Horizonte, 2009, p. 88.
198 | Estudos de Compliance Criminal
33
NAZARIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Associação Editorial Humanitas-Fapesp,
2005, p. 97 e 127.
34
BECCARIA, Cesare. “Dos delitos e das penas”. Martin Claret, 2ªed. São Paulo, 2000, p. 30.
Felipe Machado Prates | 199
7. Referências
BECCARIA, Cesare. “Dos delitos e das penas”. Martin Claret, 2ªed. São Paulo, 2000.
CURY, Bruno da Silva Mussa. Combatendo ratos, mosquitos e pessoas: Oswaldo Cruz e a
saúde pública na reforma da capital do Brasil (1902-1904. Dissertação de mestrado.
Rio de Janeiro: Unirio, 2012.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2ª ed., São Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 2006.
35
BELTRAME, Priscila Akemi; SAHIONE, Yuri. “Informante do bem” ou whistleblower: críticas e necessários
ajustes ao projeto. In Boletim IBCCRIM, Ano 27, nº 317, abr/2019, p. 25.
36
Vide, ilustrativamente, a célebre política sanitária implementada por Oswaldo Cruz no início do século XX, que
ao recompensar a eliminação de ratos pela população a fim de evitar a transmissão da peste bubônica, fez surgirem
diversos criadouros do animal mantidos por aproveitadores (Cf. CURY, Bruno da Silva Mussa. Combatendo ratos,
mosquitos e pessoas: Oswaldo Cruz e a saúde pública na reforma da capital do Brasil (1902-1904. Dissertação de
mestrado. Rio de Janeiro: Unirio, 2012).
200 | Estudos de Compliance Criminal
LEITE FILHO, José Raimundo. Testemunhas sem rosto: anotações ao regime estabelecido
na Lei 9.807/99. In A prova no enfrentamento à macrocriminalidade. Daniel de Re-
sende Salgado e Ronaldo Pinheiro de Queiroz (orgs.). 3ª ed., Salvador: Juspodivum,
2019.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 16ª ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
LUZ, Ilana Martins. Teoria geral dos elementos de um programa de compliance eficaz. In:
COMPLIANCE e temas relevantes de direito e processo penal: estudos em homena-
gem ao advogado e professor Felipe Caldeira. Organização de Bruno Espiñeira
LEMOS et al. Belo Horizonte: D'Plácido, 2018.
NAZARIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Associação Editorial
Humanitas-Fapesp, 2005.
PINTO, Felipe Martins. A verdade no processo penal: uma proposta de superação do mito
da verdade real. Tese de doutorado. Belo Horizonte, 2009.
RAGUÉS I VALLÈS, Ramon. Whistleblowing: una aproximación desde del derecho penal.
Madrid: Marcial Pons, 2013.
1. Introdução
1
Doutorando em Direito Penal e Sistema Financeiro Nacional pela UFMG, Mestre em Direito das Relações Econô-
micas e Sociais pela Faculdade Milton Campos. Professor de Direito Penal e Processo Penal na Universidade Estácio
de Sá. Professor na Pós Graduação Estácio em Governança Corporativa, Especialista em Derecho Penal Económico
y Teoría del Delito (Universidad Castilla La-Mancha- Espanha). Especialista em Direito Tributário pela Universida-
de Gama Filho
Ciro Costa Chagas | 203
2
NIETO MARTÍN, Adán. Regulatory capitalism y cumplimiento normativo, en El derecho penal económico en la era
del compliance, p.11 Tirantlo Blanch, 2013
3
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção, São Paulo: Saraiva, 2015, p.66
204 | Estudos de Compliance Criminal
4
SILVA SÁNCHEZ, Jesús-Maria. La sistemática alemana de la teoria del delito: 2005,p.35 e s.
5
SCHÜNEMANN, Bernd. Dez teses sobre a relação da dogmática penal com a política criminal e com a prática do
sistema penal, In SCHÜNEMANN, Bernd; TEIXEIRA, Adriano. (coord.). Direito Penal, Racionalidade e Dogmática.1.
ed. São Paulo: Marcial Pons, 2018, p.92
6
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção, São Paulo: Saraiva, 2015, p.68
7
NIETO MARTÍN, Adán. Problemas fundamentales del cumplimiento normativo em el derecho penal 2013, p. 26.
8
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção, São Paulo: Saraiva, 2015, p.67
9
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
p.40 e s.
Ciro Costa Chagas | 205
Art. 41. Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade con-
siste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denún-
cia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de
conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios,
fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pú-
blica, nacional ou estrangeira.
Art. 18. Do resultado da soma dos fatores do art. 17 serão subtraídos os valo-
res correspondentes aos seguintes percentuais do faturamento bruto da
pessoa jurídica do último exercício anterior ao da instauração do PAR, exclu-
ídos os tributos:
V - um por cento a quatro por cento para comprovação de a pessoa jurí-
dica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os
parâmetros estabelecidos no Capítulo IV.
10
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia
de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica; (Lei
12.846/13)
206 | Estudos de Compliance Criminal
11
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
p.297 e s.
Ciro Costa Chagas | 207
12
“Não raro, é preciso voltar atrás, refazer tudo, para que a investigação se oriente no rumo certo, até então
despercebido. Por que, então, abolir‐se o inquérito preliminar ou instrução provisória, expondo‐se a justiça
criminal aos azares do detetivismo, às marchas e contramarchas de uma instrução imediata e única? Pode ser mais
expedito o sistema de unidade de instrução, mas o nosso sistema tradicional, com o inquérito preparatório,
assegura uma justiça menos aleatória, mais prudente e serena”. CAMPOS, Francisco. Exposição de Motivos do
Código de Processo Penal, 1940.
13
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Autoritarismo e Processo Penal:uma genealogia das idéias autoritárias no
processo penal brasileiro, Vol. 1, Florianópolis, 2018, p.395
14
Alberto Binder (2003), se expressa que a “verdade real” como meta de indagação não necessita de regime
probatório. Para o autor, para descobrirmos tal verdade não necessitaríamos de regras processuais, muito pelo
contrário, estas obstaculizariam, molestariam e entorpeceriam nossa descoberta”. (BINDER, 2003, p. 61 ).
208 | Estudos de Compliance Criminal
15
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
p.296 e s.
Ciro Costa Chagas | 209
16
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
p.297 e s.
17
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
.p.298 e s.
210 | Estudos de Compliance Criminal
18
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
.p.298 e s.
19
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019
.p.303 e s.
Ciro Costa Chagas | 211
art. 195, inciso XI na Lei 9.279/96 que trata dentro outros pontos sobre
os crimes de concorrência desleal. 20
Após definida a equipe que integrará junto ao mandatário respon-
sável pela investigação, iniciam-se os procedimentos investigativos.
Sugerem-se que estes procedimentos sejam pautados também em con-
sonância com as normas de processo, como direito a ser informado sobre
a investigação, contraditório, colacionar provas em sua defesa e, em ca-
sos específicos, conceder o direito de serem acompanhados de advogado.
As entrevistas também embebidas de garantias evitariam, como destaca
Nieto Martín, a máxima de talk or walk, o que poderia configurar inclu-
sive o delito de ameaça. 21
Todos estes pontos destacados nas fases da investigação aqui narra-
dos poderiam estar previamente descritos em um Código de
Investigações Internas, reafirmando garantias básicas, reforçando a efi-
cácia da autorregulação regulada, sistematizada em um completo
programa de compliance.
Por fim, ao concluir a investigação, sugere-se redigir um relatório
final, avaliando, quando necessário, a comunicação às autoridades ou a
imposição de sanções disciplinares, garantindo assim a função cumprido-
ra da ética empresarial buscada em um real programa de integridade.
20
Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:
XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizá-
veis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que
sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia,
mesmo após o término do contrato;
21
NIETO MARTÍN, Adán. Manual de cumprimento normativo e responsabilidade penal das pessoas jurídicas. 2019.
p.303 e s.
212 | Estudos de Compliance Criminal
22
ESPANHA. Tribunal Supremo. Sala de Lo Penal. Recurso Casación nº 528/2014, Sts 2844/2014
ECLI:es:ts:2014:2844. Relator: Jose Manuel Maza Martin. Madrid, 16 de junho de 2014. Cendoj: Centro de Docu-
mentacion Judicial. Madrid,. Disponível em: http://www.poderjudicial.es/search/contenidos.action?action=
contentpdf&databasematch=TS&reference=7128135&links=&optimize=20140718&publicinterface=true>. Acesso
em: 23 abr. 2020
23
PORTUGAL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso de Revista nº 07S043, Sj20070707050000434. Relator:
MARIO PEREIRA. Lisboa, 05 de julho de 2007. Igfej: Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça I.P..
Lisboa, . Disponível em: <http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/ 54d3c9f0041a
33d58025735900331cc3?OpenDocument&Highlight=0,07S043>. Acesso em: 18 abr. 2020.
Ciro Costa Chagas | 213
4. Conclusão
24
GOENA VIVES, Beatriz. La atenuante de colaboración. In MONTANIER FERNÁNDEZ, Raquel (coord.). Criminali-
dad de empresa y compliance. Prevenciones corporativas. Barcelona: Atelier, 2013, p.299 e s.
Ciro Costa Chagas | 215
5. Referências.
BRASIL. Decreto Lei nº 8.420, de 18º de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de
1º de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pes-
soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2015. Dispo-
nível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/
d8420.htm>. Acesso em: 05 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.279, de 15º de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 05 abr.
2020.
SCHÜNEMANN, Bernd. Dez teses sobre a relação da dogmática penal com a política
criminal e com a prática do sistema penal, In SCHÜNEMANN, Bernd; TEIXEIRA,
Adriano. (coord.). Direito Penal, Racionalidade e Dogmática.1. ed. São Paulo: Mar-
cial Pons, 2018
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Compliance, direito penal e lei anticorrupção, São
Paulo: Saraiva, 2015
____. La sistemática alemana de la teoria del delito: ¿Es o no adecuada a estos tempos?
In: SILVA SÁNCHEZ, Jesús-Maria. CARO CORIA, Carlos; GARCÍA CAVERO, Percy;
MEINI, Iván; PASTOR, Nuria; PARMA, Carlos; REÑO, José. Estudios de derecho pe-
nal. Lima: Ara, 2005
10
1. Introdução
1
Mestrando em Direito Penal, pela Universidade Federal de Minas Gerais, Pós-graduando em Compliance, pelo
CEDIN, e Bacharel em Direito pela PUC Minas. E-mail: [email protected]
2
PABLO MONTIEL, Juan. Autolimpieza empresarial: compliance programs, investigaciones internas y neutrali-
zación de riesgos penales. In: KUHLEN, Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.).
Compliance y Teoría del Derecho penal. Madrid: Marcial Pons, p 221-243, p. 221.
3
GARCÍA CAVERO, Percy. Criminal Compliance. Lima: Palestra Editores, 2014, p. 14.
4
GÓMEZ-JARA DÍEZ, Carlos. A responsabilidade penal da pessoa jurídica: teoria do crime para pessoas jurídi-
cas, São Paulo: Editora Atlas, 2015.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 219
5
SIEBER, Ulrich. Programas de ‘Compliance’ em el Derecho Penal de la Empresa. In: NIETO MARTÍN, Adán
(coord.). El Derecho penal econômico em la Era Compliance. Valencia: Editorial Tirant lo Blanch, 2013, p. 71.
6
BRAITHWAITE, John. El Nuevo Estado Regulador y la Transformación de la Criminología. In: SOZZO, Maximo
(Coord.). Reconstruyendo las Criminologías Críticas. Buenos Aires: Ad Hoc, 2006, p. 43-73.
7
ROTSCH, Thomas. Criminal Compliance. Indret: Revista para el Análisis del Derecho, n. 1, 2012. Disponível
em: https://indret.com/criminal-compliance/. Acesso em: 4 maio 2020.
8
PABLO MONTIEL, Juan. Autolimpieza empresarial: compliance programs, investigaciones internas y neutrali-
zación de riesgos penales. In: KUHLEN, Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.).
Compliance y Teoría del Derecho penal. Madrid: Marcial Pons, p. 224.
220 | Estudos de Compliance Criminal
2.1 Origem
9
LEITE FILHO, José Raimundo. Corrupção internacional, criminal compliance e investigações internas. 2017.
241f. Dissertação (mestrado) – Universidade de Lisboa, 2017, p. 141.
10
WOLFF, Jacqueline C.. Vonluntary disclosure programs. Fordham Law Review, v. 47, p. 1057-1082, p. 1979. No
mesmo sentido, DUGGIN, Sarah H.. Internal corporate investigations: legal ethics, professionalism and the emplo-
yee interview. Colum. Bus. L. Rev., 2003, p. 870.
11
ESTRADA I CUADRAS, Albert; LLOBET ANGLI, Mariona. Derechos de los trabajadores y deberes del empresario:
conflito en las investigaciones empresariales internas. In: SILVA SÁNCHEZ, Jesús Maria (dir.);
MONTANER FERNÁNDEZ, Raquel (coord.). Criminalidad de empresa y Compliance. Prevención y reaciones
corporativas. Barcelona: Atelier Libros Jurídicos, 2013, p. 198
12
WOLFF, Jacqueline C. op cit., p. 1059.
222 | Estudos de Compliance Criminal
ram acordos parecem não ter sido beneficiadas pelos seus esforços; e (iii)
os acordos de voluntary disclosure celebrados à época acabaram estimu-
lando uma criminalização secundária obscura e excessiva contra
empresas.
Não obstante as críticas, as investigações internas se tornaram insti-
tuto muito empregado nos Estados Unidos a partir da década de 1980, e
com isso, puderam alcançar seu apogeu mais tarde, em 2001, na solução
de escândalos financeiros 13.
O que já é tendência nos Estados Unidos, passou a ser abordado por
países de tradição jurídica continental, na medida em que houve o pro-
gresso do compliance e grupos econômicos importantes de seus países
passaram a ser responsabilizados atos cometidos pelos seus sócios, ad-
ministradores, diretores, colaboradores e parceiros.
2.2 Conceito
13
LEITE FILHO, José Raimundo. op. cit., p. 141.
14
GUARAGNI, F. A.; NETO, L. M. F.; SILVA, D. R.. As investigações internas e a análise econômica do direito.
Revista Unicuritiba, Curitiba, v. 1, n. 26, 2020. No mesmo sentido, DUGGIN, Sarah H.. Internal corporate investiga-
tions: legal ethics, professionalism and the employee interview. Colum. Bus. L. Rev., 2003, p. 864.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 223
2.3 Fundamento
15
PABLO MONTIEL, Juan. “Sentido y alcance de las investigaciones internas en la empresa”, in Revista de Dere-
cho de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso XL, Chile, p. 251-277, p. 257.
16
Ibid., p. 257.
224 | Estudos de Compliance Criminal
17
LEITE FILHO, José Raimundo. op. cit., p. 143.
18
PABLO MONTIEL, Juan. Autolimpieza empresarial: compliance programs, investigaciones internas y neutrali-
zación de riesgos penales. In: KUHLEN, Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.).
Compliance y Teoría del Derecho penal. Madrid: Marcial Pons.
19
LEITE FILHO, José Raimundo. op cit., p. 143.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 225
2.4 Classificação
20
GÓMEZ MARTÍN, Víctor. (2013). “Compliance y derechos de los trabajadores”, in KUHLEN, Lothar; PABLO
MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.), Compliance y Teoría del Derecho penal, Madrid:
Marcial Pons, p. 125-146.
21
PABLO MONTIEL, Juan. “Sentido y alcance de las investigaciones internas en la empresa”, in Revista de Dere-
cho de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso XL, Chile, pp. 251-277, p. 260.
226 | Estudos de Compliance Criminal
2.5 Objetivos
22
SAHAN, Oliver. Investigaciones empresariales internas desde la perspectiva del abogado. In: KUHLEN, Lothar;
PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.). Compliance y Teoría del Derecho penal.
Madrid: Marcial Pons, 2013, p. 251.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 227
23
LEITE FILHO. op cit., p. 149.
24
NIETO MARTÍN, Adán. Problemas fundamentales del cumplimiento normativo en el derecho penal. In KUHLEN,
Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.). Compliance y Teoría del Derecho
penal. Madrid: Marcial Pons, p. 47.
228 | Estudos de Compliance Criminal
25
ENGELHART, Marc. Corporate Criminal Liability from a Comparative Perspective. In BRODOWSKI, Dominik et
al (eds). Regulating Corporate Criminal Liability. New York: Springer, p. 69.
26
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998: Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos
e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 4 mar. 1998.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm. Acesso em: 03 maio 2018.
27
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução 2.554: Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de
controles internos. Diário Oficial da União, 29 set. 1998. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
pre/normativos/res/1998/pdf/res_2554_v3_P.pdf. Acesso em: 03 maio 2018.
28
BRASIL. Lei nº 12.846, de 1ª de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras provi-
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 229
31
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 03 maio 2020.
32
PABLO MONTIEL, Juan. Sentido y alcance de las investigaciones internas en la empresa. In Revista de Derecho
de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso XL, Chile, pp. 251-277, p. 267.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 231
33
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 05 out. 1988. Disponí-
vel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 03 maio 2020.
34
PABLO MONTIEL, Juan. op. cit., p. 272.
35
NIETO MARTÍN, Adán. Problemas fundamentales del cumplimiento normativo en el derecho penal. In KUHLEN,
Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.). Compliance y Teoría del Derecho
penal. Madrid: Marcial Pons, p. 48.
232 | Estudos de Compliance Criminal
36
PABLO MONTIEL, Juan. “Sentido y alcance de las investigaciones internas en la empresa”, in Revista de Dere-
cho de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso XL, Chile, pp. 251-277. p 267 e ss
37
Id.. Autolimpieza empresarial: compliance programs, investigaciones internas y neutralización de riesgos penales.
In: KUHLEN, Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.). Compliance y Teoría del
Derecho penal. Madrid: Marcial Pons.
234 | Estudos de Compliance Criminal
38
Nesse sentido, Montiel cita decisões do Tribunal Constitucional Federal Alemão: BVerfGE 27, 344 (351); 34, 238
(245); 35, 35 (39); 35, 202 (220); 38, 312 (320); 44, 353 (372); 80, 367 (373). Cita também decisões do Tribunal
Sumpremo Espanhol e do Tribunal Contitucional da Espanha, a saber: STS 1826/2010 (Sala 4.ª); STS 4053/2010
(Sala 4.ª); STC 98/2000; STC 196/2004. PABLO MONTIEL, Juan. Autolimpieza empresarial: compliance programs,
investigaciones internas y neutralización de riesgos penales. In: KUHLEN, Lothar; PABLO MONTIEL, Juan; ORTIZ
DE URBINA GIMENO, Iñigo (eds.). Compliance y Teoría del Derecho penal. Madrid: Marcial Pons.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 235
39
GIORI, Conceição Aparecida. Supressão de sigilo de comunicações nas investigações internas e limites ao
seu emprego no processo penal: os programas de integridade e a colisão com direitos fundamentais.
Instituto Brasileiro do Direito de Defesa, 2019. Disponível em: https://ibradd.org.br/2019/12/09/supressao-de-
sigilo-de-comunicacoes-nas-investigacoes-internas-e-limites-ao-seu-emprego-no-processo-penal-os-programas-
de-integridade-e-a-colisao-com-direitos-fundamentais/. Acesso em: 03 maio. 2020.
https://ibradd.org.br/2019/12/09/supressao-de-sigilo-de-comunicacoes-nas-investigacoes-internas-e-limites-ao-
seu-emprego-no-processo-penal-os-programas-de-integridade-e-a-colisao-com-direitos-fundamentais/
236 | Estudos de Compliance Criminal
40
GONZALES, Nariman Ferdinian. Compliance: Investigações internas e eseus limites à luz da privacidade e da
proteção de dados. 2018. 60f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São
Paulo, 2018.
41
NÓBREGA MALDONADO, V.; OPICE BLUM, R.. LGPD (coord) – Lei Geral de Proteção de Dados comentada.
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 22.
42
UNIÃO EUROPEIA. Regulamento (UE) 2016/679. Relativo à proteção das pessoas singulares no que diz
respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados e que revoga a Diretiva 95/46/CE
(Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados). Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/ALL/?uri=celex%3A32016R0679. Acesso em: 03 maio 2020..
43
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15 ago. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso
em: 03 maio 2018.
Danilo Emanuel Barreto de Oliveira | 237
4. Considerações finais
5. Referências
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