Artigo - o Dever de Informação Ao COAF e o Erro de Proibição

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O dever de informação ao Controle de Atividades Financeiras (COAF) e o erro de


proibição: uma análise a partir das políticas de combate e prevenção ao crime de
lavagem de dinheiro

“The duty of information before the Council for Financial Activities Control (COAF)
and the error of law: an analysis from the combat and prevention policies of money
laundering”

Daniela Villani Bonaccorsi


Doutora e Mestre em Direito Processual pelo programa de pós-
graduação da PUC-Minas. Professora de Direito Penal nos curso de graduação e pós-
graduação lato-sensu da PUC-Minas. Professora no curso de Compliance do CEDIN.
Advogada e consultora.
[email protected]

Lucas Ahmad Magalhães


Mestrando em Ciencia Criminais pela faculdade de direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, graduado pela PUC-RS. Advogado e consultor
[email protected]

RESUMO
O presente estudo trata da análise de formas de prevenção e
combate ao crime de lavagem de dinheiro. A Lei nº 9613/98, além de prever as
condutas incriminadas como lavagem de dinheiro, criou medidas preventivas e órgãos
de controle, dentre esses, o COAF, o controle de atividades financeiras. Com essa
finalidade de prevenção, passou a descrever todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que
praticam atividades consideradas suspeitas, seja pelos valores envolvidos, seja pela sua
natureza. O controle e prevenção parte da obrigatoriedade dessas pessoas informarem,
no prazo de vinte e quatro horas, à autoridade competente, as condutas suspeitas e
políticas internas de transparência e conformidade, práticas de compliance. A previsão
expressa no caso inobservância dessas obrigações é a suspeita pelo crime de lavagem de
dinheiro. Porém, indubitavelmente, dentre as práticas suspeitas, há tanto pessoas físicas
quanto jurídicas que não possuem a consciência das consequências de sua omissão,
conhecimento ou mecanismos internos. A partir daí que se inicia uma revisão do
conceito e noção do erro de proibição e a sua incidência no caso da não informação ao
COAF. O desconhecimento do dever de informação às autoridade competentes ou a
2

utilização mecanismos de controle podem caracterizar ausência de potencial consciência


da ilicitude, e não presunção de crime.

Palavras-Chave: Lavagem de Dinheiro- Prevenção Penal- Compliance Criminal


3

ABSTRACT

This study deals with the analysis of ways to prevent and


combat money laundering. Law No. 9613/98, besides providing behaviors that typify
money laundering, set up preventive measures and control agencies, among these,
COAF, which stands for Council for Financial Activities Control. For the purpose of
prevention, it went on to describe all natural persons and legal entities that practice
activities deemed suspicious, either by the values involved, either by their nature. The
control and prevention come from their obligation to inform, within twenty-four hours,
to the competent authority, suspicious behavior and internal policies of transparency
and compliance (compliance practices). The express provision in case of non-
compliance with these obligations is the suspicion of money laundering. However,
undoubtedly, among the suspicious practices, there are both natural persons and legal
entities that are not aware of the consequences of their defaults, knowledge or internal
mechanisms. From there it begins a review of the concept and notion of error of law and
its incidence in case of non-information to COAF. The lack of awareness of the duty to
inform the competent authority or the use of control mechanisms can characterize
absence of potential consciousness of wrongfulness and no presumption of crime.

Key-words: Money Laundering- Presumption of crime- Criminal Compliance


4

1. INTRODUÇÃO: O crime de Lavagem de Dinheiro e a previsão de órgãos e


medidas de controle

A incriminação da lavagem de dinheiro possui ligação direta


com a prevenção penal que o Estado vem buscando1. Novas realidades passaram a fazer
parte da sociedade como as instituições econômicas de crédito, a mundialização
econômica e o avanço tecnológico nas relações financeiras.
A defesa da ordem econômica ganha status jurídico, e o Direito
Penal Econômico2 passa justamente a abranger condutas que lesam a ordem econômica,
que colocam em risco direitos que vão além de interesses individuais.
Junto com as mudanças econômicas, a internacionalização do
setor financeiro traz aspectos positivos, como a celeridade e modernidade nas
operações, mas também possibilita novos meios de ocultação e dissimulação de valores.
(GODINHO, 2004, p. 252). Ou seja, ao mesmo tempo em que permitiu o crescimento
econômico, facilitou a internacionalização do crime, exigindo novos mecanismos de
controle e novas incriminações.
A mundialização da economia 3 , necessidade de direção e
mobilização da economia levaram o Estado a assumir o “papel de responsável maior
pelo curso da vida econômica, dirigindo-o, conformando-o e defendendo-o”, isso
“obrigou ao esquecimento do modelo liberal de separação entre o direito e a
economia, o Estado e a sociedade” (PODVAL, 2000, p. 69,70).

1
Com o argumento de amparar a sociedade de novos riscos ganha espaço um movimento de política
criminal que passou a defender a incriminação de condutas de perigo, em nome de uma prevenção, com o
aumento de penas e medidas que relativizam uma série de direitos e garantia. (BONETTI, 2006, p. 62).
Esse movimento visa justificar medidas de urgência, com a propaganda de soluções imediatas e de
segurança plena (JAKOBS, 2008).
2
Entende-se por Direito Penal Econômico o conjunto de normas jurídicas que protegem a ordem
econômica, entendida como sendo a regulação jurídica da produção, distribuição e consumo de bens e
serviços. No sentido estrito, trata-se do conjunto de normas jurídico-penais que protegem a ordem
econômica, tida como regulação jurídica do intervencionismo estatal na economia. Pode-se afirmar que a
primeira grande guerra mundial determinou o embrião do que posteriormente viria a ser o Direito Penal
Econômico. O Estado se viu obrigado a intervir no mercado, passando a ser instrumento controlador da
vida econômica. Tratou-se, em resumo, da passagem do Estado liberal para o Estado social. Com isto, um
novo tipo de criminalidade foi diagnosticado, envolvendo a ordem econômica. (LOPES, 2011).
3
Ao invés de um Estado nacional, passa-se a se falar de organizações internacionais, como Banco
Mundial, Fundo Monetário Nacional e grandes grupos econômicos. Também, os modelos sociais pós-
industriais foram acompanhados de fenômenos econômicos, como eliminação de restrições às transações
comerciais e ampliação dos mercados que deram lugar à aparição de novas formas de delito.
5

Diante das limitações estruturais e operacionais, o Estado


transfere parcela de sua função de fiscalização para o próprio particular. Disso resulta
uma reconfiguração da atribuição dos deveres de fiscalizar e prevenir ilícitos penais,
assentados na colaboração recíproca entre as esferas público e privadas.
O Estado passa a se relacionar com o particular, delegando-lhe
atribuições que servem como prevenção dos ilícitos penais.

(...) programas intraempresariais preveem exercícios permanentes de


diligências para detectar condutas delitivas; promoção de instrumentos
de cultura organizativa para incentivo de condutas éticas tendentes a
cumprir compromissos com o direito; o controle na contratação de
pessoal sem antecedentes éticos duvidosos (“fichas sujas”); a adoção
de procedimentos padronizados propagados aos funcionários da
empresa; a adoção de controles e auditorias permanentes; a punição de
envolvidos com práticas aéticas; e a adoção de medidas preventivas de
cometimento de novos delitos, quando um tenha sido eventualmente
identificado. (SHECAIRA; ANDRADE, 2011, p.2).

Dessa forma, inúmeras medidas de controle nas atividades


financeiras passaram a ser utilizadas, o que, indiretamente também poderia controlar
formas de ocultar ou dissimular a origem desses bem, de impedir a limpeza ou lavagem
desses valores.
O caminho que as medidas preventivas tiveram em vários países
que influenciaram a legislação brasileira. Começando pelos Estados Unidos, porque foi
um dos primeiros países a agir contra a lavagem de dinheiro internacional e a impor
internamente diversas normas legislativas e regulamentadoras para controlar o
problema. A partir de institutos como a Lei de Sigilo Bancário (Bank Secrecy At) de
1970, em 1980 pode-se falar de uma recomendação do Conselho da Europa, referente às
medidas a serem informadas quanto à transferência e ocultação de capitais de origem
criminosa (GALVÃO, 1999, p. 53); a Lei de Controle de Lavagem de Dinheiro (Money
Laudering Control At) de 1986; a Lei Contra o Abuso de Drogas (Anti Drug Abuse At)
de 1988; a Seção 2532 da Lei de Controle do Crime (Crime Control At) de 1990; a
Seção 206 da Lei Federal de Aperfeiçoamento Corporativo dos Seguros em Depósito
(Federal Deposit Insurance Corporation Improvement At) de 1990; o Parágrafo XV da
Lei de Desenvolvimento Habitacional e Comunitário (Housing and Community
Development At) de 1992, chamada de Lei Annunzio-Wylie Contra a Lavagem de
6

Dinheiro. Os Estados Unidos também definem o crime de lavagem de dinheiro como


um processo para que o lucro proveniente de crime anterior passasse a ter aparência de
limpo, podendo ser utilizado e livremente inserido na economia, porém houve grande
mudança na legislação de 2001.
Após os eventos de ataque às Torres Gêmeas e ao Pentágono,
em 11 de setembro de 2001, os EUA passaram a dar tratamento à lavagem de dinheiro
com outro foco. A nova lei americana (USA Patriot At) foi aprovada, em 4 de outubro
de 2001, para detectar e punir a lavagem de dinheiro e a utilização do crime para
financiamento ao terrorismo: “Public Law 107–56 - 107th Congress- An Act- To deter
and punish terrorist acts in the United States and around the world, to enhance law
enforcement investigatory tools, and for other purposes”. As crises econômicas
ocorridas na sociedade americana fomentaram, inclusive, a aprovação do Sarbanes-
Oxley Act, assinada em 30 de julho de 2002, que exigia a inclusão em declarações,
anuais e semestrais de informações fiscais e operacionais autênticas, sob pena de
sofrerem graves sanções.
Em 1988, surge a Declaração de Basiléia, chamada de "Grupo
dos Dez", na qual se consagrou uma regra básica: "know your customer", que é utilizada
hoje para definir a origem de valores recebidos em negócios jurídicos vinculados a
profissionais liberais e visa uma forma de due diligence. Essa diretriz determina a
necessidade de o profissional conhecer a origem dos valores recebidos, de forma a
evitar a movimentação de valores clandestinos. (MENDRONI, 2006, p.16).
A Declaração apresenta uma série de princípios e regras com o
objetivo de impedir e prevenir o uso das transações bancárias nos processos de lavagem,
como “uma visão gerencial e formação de uma cultura de controle; avaliação e risco;
efetivação das atividades de controle; avaliação dos sistemas de controles internos”.
(MENDRONI, 2006, p.16).
O GAFI (Grupo de Ação Financeira) em 1989 foi criado para
tentar organizar, articular e definir formas de aplicação da Convenção de Viena para a
luta contra a lavagem de dinheiro. Formado inicialmente pelos sete países mais
industrializados, e, em seguida, por mais oito países da Comissão da Comunidade
Europeia. Em 1990 26 países já passavam a membros. (TIGRE MAIA, 1999, p. 69). A
estratégia do GAFI foi incluir países estratégicos como membros, dentre esses Brasil,
Argentina e México e estimular a criação de organismos internacionais. (GALVÃO,
1999, p. 53/57).
7

Em 1990, surge a Convenção do Conselho da Europa,


abrangendo as questões de apreensão de bens provenientes de lavagem de dinheiro.
Ainda, em relação às medidas contra a lavagem de dinheiro, a Organização dos Estados
Americanos (OEA) estabeleceu a estipulação do regulamento modelo sobre lavagem de
dinheiro. (MENDRONI, 2006, p. 17).
Atendendo, também, as recomendações do GAFI, a Itália criou
organismo próprio para controle de informações financeiras suspeitas, inserido pelo
decreto de 21 nov. 2007 n. 231, que define a unidade de informação financeira na Itália,
a UIF “l’unità di informazione finanziaria cioè la struttura nazionale incaricata di
ricevere dai soggetti obbligati, di richiedere, ai medesimi, di analizzare e di comunicare
alle autorità competenti le informazioni che riguardano ipotesi di riciclaggio o di
finanziamento del terrorismo”. (ITÁLIA, 2011).
O Brasil seguiu essas diretrizes internacionais, no sentido de
adotar medidas necessárias para caracterizar como delito penal a conversão ou a
transferência de bens, com conhecimento de que tais bens são procedentes de delitos;
encobrir a origem ilícita dos bens ou de ajudar a qualquer pessoa que participe na
prática do delito ou delitos em questão, para fugir das consequências jurídicas de seus
atos; a ocultação da natureza, origem, localização, destino, movimentação ou
propriedade dos bens, que procedem de delitos. (BONACCORSI, 2013).
Dessa forma, o conceito de lavagem de dinheiro no Brasil
seguiu proposta de harmonização da legislação penal e processual penal dos
mencionados países, como a modificação, dissimulação ou ocultação dos produtos ou
dos ganhos provenientes de infrações penais. A lavagem de dinheiro é a conversão ou a
transferência de bens procedentes de delito, a participação em uma dessas atividades
com a finalidade de dissimular ou de ocultar a sua origem ilícita ou de auxiliar qualquer
pessoa implicada na citada atividade a elidir as consequências jurídicas de seus atos.
(BONACCORSI, 2013).
No Brasil, as medidas de prevenção e controle de atividades
financeiras visando à prevenção ao crime vieram com a criação do COAF - Controle de
Atividades Financeiras. O COAF é órgão integrante do Ministério da Fazenda, com a
finalidade, conforme originariamente o art. 14 da Lei nº 9613/98, de coordenar
mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e
eficientes no combate à lavagem de dinheiro, disciplinar e aplicar penas administrativas
e receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas.
8

2. As práticas de “compliance”, Combate e Prevenção ao crime de lavagem de


dinheiro.

Visando a adoção de medidas preventivas, a legislação


brasileira, designa autoridades competentes apropriadas para supervisionar as
instituições financeiras, atividades suspeitas cumprem os requisitos para uma maior
vigilância de atividades financeiras suspeitas ou incomuns, ou ainda transações
envolvendo jurisdições com regimes deficientes de combate à lavagem de dinheiro e ao
financiamento ao terrorismo.
O foco foram instituições financeiras e pessoas que pela
natureza de suas atividades tenham acesso a valores numerosos, quer sejam pagos em
valor pecuniário ou não tenham valor fixo na prestação de serviços, uma espécie de
compliance, ou seja, regras de cumprimento de obrigações e transparência nas
atividades empreendidas.
O art. 9º, com sua alteração a partir da Lei nº 12684/12, tem
estreita ligação com compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o das
mencionadas recomendações do grupo de ação financeira internacional (GAFI) porque
na prática e utilização do sistema financeiro e a utilização de valores dela originados, há
necessidade de uma série de operações financeiras, para dar aparência de conformidade.
A alteração atendeu as mencionadas recomendações do GAFI, uma vez que, na
comunidade europeia, as diretivas 91/308/CEE, 2001/97/CE, 2005/60/CE e
2008/20/CE, emitidas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da Europa, referem-se
à prevenção da utilização do sistema financeiro para lavagem e financiamento ao
terrorismo.
Dessa forma, há um rol de pessoas obrigadas a informar ao
COAF ou ao órgão competente, toda atividade que gere grande movimentação de
valores, ou que, principalmente, não possuam valores pré-fixados, podendo gerar
superfaturamentos. O COAF – Controle de Atividades Financeiras é o mecanismo de
controle e prevenção, exige a transparência e a manutenção de dados atualizados dos
titulares de contas, e, inclusive, informações no caso de movimentação suspeita de seus
clientes.
As pessoas físicas e jurídicas obrigadas estão sujeitas à
identificação de seus clientes, manutenção de cadastros atualizados, obrigação de
9

comunicar às autoridades responsáveis todas as operações de ativos que ultrapassem


valores fixados4 com previsão de responsabilidade administrativa pelo descumprimento
dos respectivos deveres, e indícios de crime de lavagem de dinheiro5.

4
Circular BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN nº 3.331 de 16.11.2006 (...) SEÇÃO: 2 -
Movimentações 1. Para fins e efeitos deste capítulo, caracterizam: a) ingressos de recursos no País os
débitos efetuados pelo banco depositário em contas tituladas por pessoas físicas ou jurídicas, residentes,
domiciliadas ou com sede no exterior, exceto quando se tratar de movimentação direta entre duas contas
da espécie; b) saídas de recursos do País os créditos efetuados pelo banco depositário em contas tituladas
por pessoas físicas ou jurídicas, residentes, domiciliadas ou com sede no exterior, exceto quando os
recursos provierem de venda de moeda estrangeira ou diretamente de outra conta da espécie. 2. O banco
depositário dos recursos deve registrar no Sisbacen, transação PCAM260, opção 2, no mesmo dia em que
forem realizadas, todas transferências internacionais em reais de valor igual ou superior a R$ 10.000,00
(dez mil reais). 3. Os registros de que trata o item anterior abrangem também: a) os débitos e créditos
realizados em contrapartida à liquidação de operações de câmbio, de valor igual ou superior a R$
10.000,00 (dez mil reais), classificadas sob a natureza-fato "63009"; b) as movimentações diretas de
recursos entre contas de residentes, domiciliados ou com sede no exterior (natureza-fato 63102), de valor
igual ou superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ainda que estas não caracterizem transferências
internacionais em moeda nacional; c) as movimentações realizadas em contrapartidas a operações de
câmbio não classificadas como disponibilidades no País. (...) 6. Pode ser realizada com utilização de
qualquer instrumento de pagamento em uso no mercado financeiro, inclusive em espécie, a
movimentação de valor inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (...) (fonte:
http://www.bcb.gov.br/rex/layouts/port/leiaute5818.asp, acesso em 14 de março de 2016).
5
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham,
em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou
não:(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012): I - a captação, intermediação e aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;II – a compra e venda de moeda estrangeira ou
ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação,
negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários. Parágrafo único. Sujeitam-
se às mesmas obrigações:I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de
negociação do mercado de balcão organizado; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012); II - as
seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; III
- as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de
consórcios para aquisição de bens ou serviços; IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de
cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de
fundos; V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring); VI -
as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias,
serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado; VII -
as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas
neste artigo, ainda que de forma eventual; VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de
autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; IX - as
pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes,
procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça
qualquer das atividades referidas neste artigo; X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades
de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) XI -
as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e
antiguidades. XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor,
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em
espécie; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) XIII - as juntas comerciais e os registros
públicos; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem,
mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou
assistência, de qualquer natureza, em operações: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)a) de compra e
venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer
natureza; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros
ativos; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança,
investimento ou de valores mobiliários; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)d) de criação, exploração
ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas
10

Através das informações recebidas, o COAF pode identificar


supostas irregularidades visando ocultar, ou dissimular a origem criminosa de recursos
financeiros. Com base nessas informações, seria possível aprofundar as investigações
pelo órgão federal, comunicar outros órgãos da administração para que sejam
instaurados procedimentos administrativos de fiscalização e controle, bem como
aperfeiçoar os mecanismos de cooperação e troca de informações para um combate à
lavagem de capitais mais eficiente.
Entende-se essa obrigatoriedade como prática de um criminal
compliance6 no Brasil, pois especificou esses deveres às pessoas físicas e jurídicas cuja
inobservância dessas prescrições pode acarretar fixação de sanções de ordem
administrativa e até “presunção” de origem ilícita dos valores ou bens.
Através das informações recebidas, o COAF pode identificar
supostas irregularidades visando ocultar, ou dissimular a origem criminosa de recursos
financeiros. Com base nessas informações, é possível aprofundar as investigações pelo
órgão federal, comunicar outros órgãos da administração para que sejam instaurados
procedimentos administrativos de fiscalização, controle e procedimentos criminais.
Assim, a obrigatoriedade, transparência e delimitação das operações, partiram,
criminalmente, da lei de Lavagem de Dinheiro, determinando o dever de informar e,
inclusive, inserindo de forma expressa os sérios indícios de crime7 se, no prazo de 24

análogas; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela
Lei nº 12.683, de 2012)f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades
desportivas ou artísticas profissionais; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012)XV - pessoas físicas ou
jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de
direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; (Incluído pela Lei
nº 12.683, de 2012)XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; (Incluído pela Lei nº 12.683, de
2012)XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou
animal ou intermedeiem a sua comercialização; e (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012)XVIII - as
dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil,
relativamente a residentes no País. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012).
6
Compliance, palavra originada da língua inglesa, tem o significado, no âmbito jurídico, de
“conformidade com o Direito” (gesetzmäβig, em alemão). Basicamente é a prática de uma empresa ou
pessoa de se manter dentro do que a lei estabelece. (BONACCORSI, 2013). É um conceito amplamente
utilizado no exterior, principalmente naqueles países em que a lei é rigorosa quanto a seu
descumprimento, tendo em vista que é mais barato investir na prevenção do que em uma possível
condenação. E é através desta idéia de prevenção que se pode entender o criminal compliance. O
principal ponto do criminal compliance é a responsabilidade penal. Trata-se de evitar que os atos da
empresa gerem essa responsabilidade. Não basta “manipular” os fatos criminosos para que não atinjam a
empresa e seus diretores, pois diferentemente do âmbito empresarial, o crime gera uma responsabilidade
que pode se estender até os subordinados, ou seja, os empregados, o que pode gerar problemas tão
desastrosos quanto se a responsabilidade fosse dos diretores.
7
Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º: I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos
de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes
11

horas quaisquer das pessoas delimitadas deixem de informar a origem dessas


transações.
A autorregulação é um modelo intermediário entre a intervenção
estatal pura e o modelo liberal absoluto, recorrendo o Estado a uma estratégia
regulatória diferenciada8, valendo-se das próprias empresas para lograr seus objetivos.
Em contrapartida, a empresa que se autorregula, caracteriza a ausência de intenção em
pratica criminosa e, com a transparência de suas atividades verdadeira prevenção a
crimes e de suspeitas.
A finalidade dessas obrigações são demonstrar a conformidade e
ética empresarial, o controle da licitude nas atividades, a ausência de dolo na pratica de
crimes a essas relacionadas e, a intensão de um due diligence com parceiros e
colaboradores. O dever de integridade diz respeito a uma conduta empresarial com
padrões internos de acordo e em cumprimento de dados normativos, observância de
parâmetros não só legais, mas também de caráter ético e de política empresarial
(SILVEIRA; SAAD-DINIZ, 2015, p. 65), de forma a externar a prevenção de crimes a
ela relacionados.
A desconformidade e ausência de um programa de integridade,
combate e prevenção, ou compliance, passa a trazer a presunção de inobservância às leis
ou até de responsabilidade penal, coloca-se em dúvida as fórmulas tradicionais de
direito penal, fazendo-se necessário um conjunto de mecanismos internos de gestão,

previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar
ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte
e quatro) horas, a proposta ou realização: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012): a) de todas as
transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da identificação de que trata o inciso I do
mencionado artigo; e (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012); b) das operações referidas no inciso
I; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012); III - deverão comunicar ao órgão regulador ou
fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na periodicidade, forma e condições por eles
estabelecidas, a não ocorrência de propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas
nos termos do inciso II. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012). § 1º As autoridades competentes, nas
instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que, por suas características,
no que se refere às partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta
de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista.
8
Interessante perceber que, desde as valorações de Beck quanto à implementação dos variados tons das
crises futuras – crise ecológica, crise financeira global e a crise advinda do terrorismo transnacional –,
parece ser evidente que o Estado não mais se basta. Os custos locais, para não se falar nos custos globais,
são tremendos, a ponto de bradar, por outro lado, também por necessidades de controles éticos. Tais
valores éticos podem, e devem, também ser postos como balizas para a autorregulação. Considerados
assim, e tendo-se em vista que a estipulação de determinados códigos de conduta empresariais poderá
sorrir como novo firmamento da cultura empresarial, começa-se a verificar a possibilidade de edificação
de um novo Direito Penal em um novo marco preventivo, ou, verdadeiramente, um Direito Penal com
foco no criminal compliance. (SILVEIRA, SAAD-DINIZ, 2015, p. 73 e 74).
12

implementados pelas empresas para detectar e prevenir condutas criminosas que


venham a ocorrer dentro da corporação. “Tal espécie de programa desempenha um
importante papel no que diz respeito à lei criminal, sobretudo em âmbito federal.”
(WELLNER, 2005, p. 497).
Portanto, o combate e prevenção ao crime de lavagem de
dinheiro se dá com a criação de políticas de controle e órgãos internos de fiscalização
(monitoramento das operações e dos colaboradores), treinamento continuado e efetivo
para, periodicamente, se reiterarem os padrões de conduta antes estabelecidos pela
pessoa jurídica em seu manual e código de ética demonstrariam a preocupação em
prevenir condutas suspeitas.
Compliance criminal é a implementação dessa série de
medidas preventivas, resultante da evolução dessas medidas corporativas 9 , com
premissas de implementação de prevenção á lavagem de dinheiro e publicização de
medidas financeiras e contábeis. Ele externaria, portanto, uma boa fé em garantir que
está fora do âmbito delinquencial.
Portanto, uma estrutura de supervisão, a análise do estado atual
de riscos e o estado desejado de riscos ligados à lei criminal, em interface com a
atividade empresarial desenvolvida se tornou uma garantia, um dever e uma verdadeira
precaução.
Essa tarefa deve ser desenvolvida por meio de um diagnóstico
de riscos, uma identificação sistemática e contínua. Analisam-se aspectos particulares,
específicos, como tamanho, número de empregados, procedimentos fiscais e criminais
já previamente ocorridas e, modalidade da atividade ampliada como balizadores nessa
avaliação. A quantificação dos riscos determina a medida preventiva a ser tomada
(BECK, 2011, p. 75). A OCDE, por exemplo, em dezembro de 2009, recomendou em

9
“Historicamente é de se observar que os Estados Unidos da América do Norte conheceram várias
tentativas de regulação dos mercados. Fundamentalmente é de se ter que, após a crise de 1929, deram-se
momentos nos quais se consagrou uma certa imposição de obediência e um certo padrão de
comportamento, muito longe de uma autorregulação. Crises mais recentes, como das empresas Enron,
Arthur Andersen, WorldCom, entre outras, propiciaram novas formas preventivas de controle,
culminando, em 2002, com a aprovação da Sarbones-Oxley Act (SOX). Essa normativa, como se sabe,
inaugurou, entre tantos pontos, a obrigatoriedade dos administradores delegados e dos diretores
financeiros de incluir nas declarações, semestrais e anuais, ao controle acionário, o compromisso de
retidão de todas aquelas informações, sob pena de crimes punidos com até 20 anos de reclusão.”
(SILVEIRA, Renato de Mello Jorge Silveira; SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance, Direito Penal e Lei
Anticorrupção. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 115 e 116).
13

seu Good Practice Guidance on Internal Controles, Ethics and Compliance10, uma
série de elementos que devem ser observados pelas empresas na implementação de seu
programa de compliance. Este manual estava inserido na Recomendação para combate
ao Suborno de Funcionários Públicos Estrangeiros. Direcionado, sobretudo para as
empresas, estabelecia uma serie de práticas que visavam aperfeiçoar o controle interno
das empresas, evitando-se que a corrupção afetasse as atividades empresariais, com
risco de atribuição de crime.

10
Podemos citar dentre as recomendações do manual da OCDE as seguintes : forte, explícito e visível
apoio e comprometimento da gerencia sênior aos controles internos da empresa, programa de Compliance
e ética ou de medidas de prevenção e detecção de suborno estrangeiro; 2. política corporativa integrada e
clara que proíbe o suborno estrangeiro. 3. cumprimento dos controles internos relacionados, a
observância dos programas de Compliance é dever dos indivíduos em todos os grãs da organização; 4.
Fiscalização dos programas de Compliance e ética relativas a suborno estrangeiro, incluindo o poder de
comunicar as irregularidades para organismos de controle independentes, tais como comitês de auditoria
interna dos conselhos de administração ou dos órgãos de fiscalização, atribuição conferida a um ou mais
funcionários sênior das empresas , com um nível adequado de autonomia de gestão, recursos e autoridade;
5. programas de Compliance e ética destinados a prevenir e detectar o suborno estrangeiro, aplicável a
todos os membros da diretoria e da adminitração, e aplicável a todas as entidades sobre as quais a
empresa tem controle efetivo, incluindo as subsidiárias, relativo às seguintes áreas: i) presentes; ii)
hospitalidade, entretenimento e despesas; iii) viagens de cliente; iv) contribuições políticas; v) doações e
patrocínios; vi) pagamentos de facilitação; e vii) solicitação e extorsão; 6. programas de Compliance e
ética destinados a prevenir e detectar o suborno estrangeiro aplicável, onde for necessário e sujeito às
disposições contratuais, a terceiros, como agentes e outros intermediários, consultores, representantes,
distribuidores, prestadores de serviços e fornecedores, consórcios e sócios de Joint Venture, incluindo, os
seguintes elementos essenciais: i) Due Diligence devidamente documentada com base no risco referente à
contratação, bem como a supervisão adequada e regular dos parceiros de negócios; ii) comunicação aos
parceiros de negócios do atendimento por parte da empresa em cumprir com as leis sobre as proibições
contra o suborno estrangeiro, e do programa de Compliance e ética da empresa para prevenir e detectar o
suborno; e iii) buscar compromisso recíproco de parceiros de negócios. 7. sistema de procedimentos
contábeis e financeiros, incluindo um sistema de controles internos, razoavelmente desenvolvido para
garantir a manutenção 57 justa e precisa dos livros contábeis, registros e contas, para garantir que eles não
possam ser utilizados para fins de suborno estrangeiro ou para que se esconda tal prática; 8. medidas
destinadas a garantir uma comunicação periódica, e documentada de formação e capacitação para todos
os níveis da organização, sobre o programa de Compliance e ética da mesma relativas a suborno
estrangeiro, aplicando-se, no que couber, para as subsidiárias; 9. medidas adequadas para promover um
incentivo que estimula a observância dos programas de Compliance e ética contra o suborno em âmbito
internacional, em toda a estrutura da organização; 10. procedimentos disciplinares adequados para
abordar, entre outras coisas, violações, em todos os níveis da organização, das leis contra o suborno
estrangeiro e do programa de Compliance e ética da mesma relativas ao suborno estrangeiro; 11. medidas
eficazes para: i) orientar e aconselhar aos conselheiros, diretores, funcionários, bem como parceiros de
negócios, em conformidade com o programa de Compliance e ética da organização. ii) a denúncia interna
e, se possível confidencial, e proteção dos, conselheiros, diretores, funcionários, e, se for caso, dos
parceiros comerciais, não estão dispostos a violar as normas profissionais ou éticas sob instrução ou
pressão de superiores hierárquicos, bem como para os diretores, funcionários, e, se for caso, aos parceiros
de negócios, disposto a relatar violações da lei ou normas ou ética profissional que ocorram dentro da
empresa, de boa fé e de forma devidamente fundamentada; e iii) empreender medidas apropriadas em
resposta essas comunicações internas de improbidade; 58 12. revisão periódica dos programas de
Compliance e ética, destinadas a aperfeiçoar a sua eficácia na prevenção e detecção de suborno
estrangeiro, levando em conta a mudança no tratamento do tema, e a alteração na legislação.
14

3. A ausência da potencial consciência da ilicitude no direito penal: breve análise


do erro de proibição

A consciência da ilicitude é a capacidade do agente apreender a


ilicitude de seu comportamento diante de uma situação concreta que, quando presente,
autoriza a reprovação do agente e, quando ausente, permite-se alegar que o mesmo
atuou em erro sobre a ilicitude. Dessa forma, pode-se falar em um duplo aspecto de sua
abordagem: um positivo, que suscita a investigação de seu conteúdo e um negativo, que
diz respeito à sua ausência11. (BRODT, 1995, p. 17): “a consciência da ilicitude não é
algo que ao agente seja reprovado, mas a razão pela qual ao agente se reprova a
conduta antijurídica” (FRAGOSO, 1985 p. 211).

A noção de culpabilidade parte da relação existente entre o


agente e a contrariedade à ordem jurídica dentro do contexto em que o mesmo se
encontra inserida, na noção de reprovabilidade . Essa ideia se baseia na premissa de que
a regra da inescusabilidade do desconhecimento da lei (art. 21, CP, primeira parte) é
limitada pelas exceções representadas por uma visão equivocada, ou limitada da
potencial consciência da ilicitude, ou seja, o erro de proibição inevitável.
Para fins de se evitar, alegações genéricas de desconhecimento
da lei, reformularam-se as bases do conceito de consciência da ilicitude, mediante a
introdução do dever de informar-se. A obtenção dessa consciência poderia ser alcançada
com algum esforço de inteligência e com os conhecimentos de seu próprio meio, seja
instruindo-se sobre uma possível conduta proibida ou o exercício de atividades
regulamentares.

11
Nas palavras de Francisco Munhoz Conde, o conhecimento da ilicitude não precisa referir-se ao
conteúdo exato do preceito penal infringido ou sanção concreta do fato. Basta que o autor tenha base
suficiente para saber que o fato está juridicamente proibido e que é contrário às normas mais elementares
que regem a convivência” (CONDE, 1988, p. 157-158). Conforme a concepção finalista da teoria do
delito, para que determinada conduta seja reprovada no âmbito do Direito Penal, não há necessidade da
consciência atual da ilicitude, mas apenas a possibilidade de obtê-la. Daí que se fala que a consciência da
ilicitude é a capacidade do agente de uma conduta proibida, apreender a ilicitude de seu comportamento.
De acordo com a mesma concepção, a consciência da ilicitude é elemento da culpabilidade. Assim, só se
pode reprovar a prática de um fato típico e ilícito, quando o agente a realizou com conhecimento atual ou
potencial da ilicitude (BRODT, 1995, p. 41). A culpabilidade, por sua vez, é a reprovação. Ou seja, a
censura que se faz ao agente que, com consciência atual ou potencial da ilicitude, praticou uma conduta
típica e ilícita quando as circunstâncias em que atuou permitissem que seu comportamento estivesse de
acordo com a ordem jurídica.
15

A interpretação da regra da inescusabilidade do


desconhecimento da lei não prevalece sobre possíveis visões equivocadas da norma. Se
o Direito Penal do moderno Estado Democrático de Direito assenta no princípio da
legalidade, expresso na fórmula nullum crimen sine lege, que fundamenta a
incriminação de condutas, e no princípio da culpabilidade, expresso na fórmula nullum
crimen sine culpa, que fundamenta a responsabilidade e a criminalização individual, a
lei ordinária não pode, em nenhuma hipótese, contrariar esses princípios. “Não é o
princípio da culpabilidade que deve se adequar à lei, mas a lei que deve se adequar ao
princípio da culpabilidade, sob quaisquer critérios de interpreta (SANTOS, 2000, p.242-
243)
Os contornos do erro de proibição originaram-se do conceito de
culpabilidade 12 , haja vista que este possuía como um de seus elementos a potencial
consciência da contrariedade da conduta perante o direito. A partir deste elemento
analítico do crime, seria possível definir também o grau de reprovação de uma conduta,
tendo como parâmetro o contexto em que o sujeito se encontrava na prática do ato.
No erro de proibição o agente desconhece a norma de proibição
ou a obrigação imposta, ou, em consequência de uma interpretação incorreta, representa
equivocadamente o seu âmbito de validade, considerando, em consequência disso, o seu
comportamento como juridicamente admissível (SERRA, 1991, p.67). Há
impossibilidade concreta de compreensão do conteúdo, obrigações e limites da de sua
conduta em face do ordenamento jurídico em que se encontra inserido. Seu
comportamento foi em conformidade ao direito, pois, nas circunstâncias em que o
mesmo se encontrava não sabia de antemão acerca do caráter ilícito do ato praticado.
A falta, pois, dessa consciência de ilicitude, consiste no erro
sobre a ilicitude. Assim, pode-se dizer que o erro de proibição cuida é da concreta
ausência no agente, no momento da ação, da consciência da ilicitude de uma
determinada conduta.

Essa consciência corresponde aos valores morais, éticos, sociais


existentes dentro de uma comunidade. É a possibilidade de ter acesso à informação, mas

12
Desde el Derecho romano se distingue entre el error de derecho y el error de hecho, y siguiendo a
Savigny se ha dicho que el primero recae sobre una regla de derecho, es decir, sobre el derecho objetivo,
en tanto que el segundo versa sobre hechos jurídicos; es decir, sobre las condiciones exigidas en el hecho
para la aplicación de una regla jurídica. (ASÚA, 1963, p. 392).
16

também a de internalização das mesmas. Isso pode ser justificado nas condutas onde se
verificam limitação cultural ou até em condutas laborais habituais e cotidianas
(ZAFFARONI,2004).

4. A ausência de informação de práticas suspeitas ao COAF por desconhecimento:


impossibilidade de presunção de indícios de crimes de lavagem de dinheiro

As pessoas expressas na lei de lavagem de dinheiro como


sujeitas Às obrigações de informar pela natureza de suas práticas, vistas como suspeitas,
de forma expressa acarretam os “sérios indícios” de prática de lavagem de dinheiro.
A problemática é, se a empresa não informa atividades de alto
valor ou diversas das comuns por não saberem, ou não possuírem praticas internas de
Compliance, por si só, já é alvo de investigação? Pode-se atribuir a responsabilidade
pelo delito da lavagem de capitais a pessoas físicas ou jurídicas, pela omissão no
exercício dos deveres de Compliance?
Há potencial consciência da ilicitude pela mera qualidade de
empresário ou de função de direção exercida em pessoa jurídica?
O erro de proibição na perspectiva da lavagem de dinheiro
envolve a os limites do potencial conhecimento da ilicitude, se o alcance de sua
compreensão abrange os regulamentos expedidos pelo Estado ou se limita apenas à lei
em sentido estrito. Exigências de políticas de combate e prevenção acerca da lavagem
de dinheiro são novidade na legislação, são rotineiramente elaborados e alterados por
órgãos da Administração Pública inspirados em tratados internacionais e
recomendações de órgãos como o GAFI, que busca internacionalmente desenvolver
estratégias globais de prevenção e de combate ao branqueamento de capitais.
A reprovabilidade da conduta não pode se basear em
recomendações internacionais e infinitas resoluções normativas expedidas por órgãos
como o Banco Central e o COAF13.
A potencial consciência da ilicitude requer do autor a ciência de
que sua ação ou omissão contrariam uma norma geral. Embora grandes corporações já

13
Essas inúmeras resoluções, recomendações administrativas e novas leis penais dá margem ao termo
“hipertrofia” legislativa que foi utilizado em artigo publicado, em 1898, por Reinhart Franck,
salientando que o uso de regras, penas e das tipificações das condutas tem sido abusivo, e por isso
perdeu parte do seu crédito e, portanto, de sua forma intimidadora, já que o corpo social deixa de reagir
do mesmo modo que o organismo humano não reage a um remédio administrado abusivamente.
(FRANCK, Reinhart citado por LUISI, 2003. p. 40).
17

contem hoje com programas de Compliance, não são as únicas abrangidas pela
obrigação
Cabe ao Estado desenvolver estratégias para garantir a
imprescindibilidade do dever de informação. Age amparado por erro de proibição a
omissão aos deveres de compliance. Para a aplicação do art. 11 da Lei de lavagem de
capitais e os indícios de configuração do crime o agente deve, no momento da omissão,
reunir condições objetivas de internalizar subjetivamente a relação lógica entre a
omissão da observância do dever de programas de combate e prevenção à lavagem de
dinheiro.
Não apenas a inobservância do dever deve ser suscetível de
representação pelo agente, mas também os limites jurídicos da sua atitude concreta. Ou
seja, é fundamental que no estágio em que ocorreu a inobservância, seja de
conhecimento inequívoco da sociedade empresária que o desatendimento das
comunicações podem produzir consequências jurídicas de natureza penal, e não apenas
administrativa.
Além disso, a equiparação da operação supostamente irregular
ao delito de lavagem de capitais, mesmo respeitando a sua especialidade típica, somente
se justificaria se fosse possível ao corpo diretivo da instituição financeira ter condições
objetivas de identificar o risco concreto de imputação na modalidade acessória. A
deficiência legislativa, somada à falta de previsão expressa do dever de garantidor na
referida legislação impedem a tomada de uma consciência material do injusto penal.
Vale ressaltar que a regulamentação dos programas de
compliance, para fins de imputação penal, somente se justificaria em um suposto
modelo de tipo aberto, ante a previsão expressa do efeito de sua inobservância dentro da
estrutura do próprio tipo penal. Todavia, isso não se encontra presente no presente
julgado. Isso se justifica por uma série de razões.
A primeira delas corresponde ao fato de que a Lei nº 9.613/98
dispõe de normas de natureza híbrida, conjugando em seus dispositivos matérias de
natureza penal, administrativa e processual. Capturar uma norma de caráter nitidamente
administrativo e ampliá-la conferindo caráter penal viola de maneira frontal o principio
da legalidade, constructo principiológico que sintetiza o saber pretoriano presente nos
brocardos “odiosa restrigenda, favorabilia amplianda” (restrinja-se o odioso, amplie-se
o favorável), “ubi lex voluit dixit, ubi noluit tacuit” (quando a lei quis, determinou;
sobre o que não quis, guardou silêncio):
18

A interpretação extensiva é perfeitamente admissível em relação á lei


penal, ao contrário do que afirmavam autores antigos. Nestes casos
não falta a disciplina normativa do fato, mas, apenas, uma correta
expressão verbal. Há interpretação extensiva quando se aplicado o
chamado argumento a fortiori, que são casos nos quais a vontade da
lei se aplica com maior razão. É a hipótese do argumento a maiori ad
minus (o que é válido para o mais, deve necessariamente prevalecer
para o menos) e do argumento a minori ad maius (o que é vedado ao
menos é necessariamente no mais). (...) (FRAGOSO, 1985, p. 86).

Logo a falta de previsão clara, que não contenha mínimos


elementos descritivos impede o agente de interiorizar o desvalor jurídico de seu
comportamento, incorrendo em patente erro de proibição. Além disso, é assente o
conhecimento na doutrina que a interpretação extensiva somente poderia ocorrer quando
houvesse previsão no tipo de uma expressão que sintetizasse ou agrupasse em seu teor o
comportamento antijurídico promovido pelo agente. A previsão do compliance não se
verifica no delito de lavagem de dinheiro em nenhuma de suas modalidades, não sendo
possível extrair um sentido jurídico viável do inexistente:

5. CONCLUSÃO

A legislação que define os crimes de lavagem de dinheiro e as


atuais práticas de Compliance abrangem políticas de controle de riscos derivados das
atividades financeiras e econômicas, medidas de combate e prevenção ao crime com a
consequência de indícios de responsabilidades.
A adoção de medidas internas em conformidade com as novas
exigências legais, o “o criminal Compliance” traduz a ausência de dolo dos envolvidos
na atividade, a transparência dessas, denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de
códigos de ética e conduta no âmbito a pessoa jurídica. Ou seja, hoje há a obrigação de
adotar políticas, procedimentos e controles internos compatíveis com o porte e volume
de operações na forma disciplinada pelos órgãos competentes, além de realizar e manter
cadastro e fornecer informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o
COAF, atendendo às requisições formuladas na periodicidade, forma e condições por
ele estabelecidas.
19

Essas pessoas físicas e jurídicas subordinadas aos deveres de compliance


devem dispender especial atenção às operações que possam constituir em indícios dos
crimes previstos na lei e, ainda, comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato
a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação.
A inobservância dos deveres de Compliance e de informações ao COAF
podem acarretar advertência; multa pecuniária variável; inabilitação para o exercício do
cargo de administrador das pessoas jurídicas; cassação ou suspensão da autorização para
o exercício da atividade, operação ou funcionamento até indiciamento.
Mas, hoje uma série de resoluções, recomendações, alterações legais
possuem uma velocidade tal, que é inquestionável a possibilidade de desconhecimento
ou até conhecimento equivocado dos prováveis efeitos penais decorrentes do
descumprimento nessas normas de regulação.
Essa hipertrofia de regras de prevenção e autorregulação estatal, além de
gerar insegurança, dificultam a compreensão acerca dos limites da atuação dos
responsáveis pelos controles internos.
A obrigações de prevenção e combate acerca da lavagem de dinheiro
frequentemente atendem recomendações de órgãos de controles financeiros
internacionais e, em virtude disso, são reelaborados e alterados por órgãos da
Administração Pública na estratégia da prevenção e combate à lavagem de capitais. As
inúmeras recomendações e resoluções de órgãos como Banco Central e Coaf acabam
por dificultar a ciência da potencial ilicitude da conduta de seus controladores internos,
porque requer do autor a ciência de que sua atitude contraria uma norma de exigência.
Desse modo, não se pode atribuir a suspeita ou responsabilidade pelo
delito de lavagem de dinheiro a pessoas físicas e jurídicas na omissão do exercício de
deveres de informação aos órgãos competentes. A antijuricidade dos atos praticados por
empresários deve ser fruto de análise de acordo com seu contexto fático, para fins de se
verificar se eventual desvio de comportamento possa ser justificado pela ordem jurídica
como erro de proibição, inclusive, com prazo devido para informações junto ao órgão
administrativo.
Não pode ser relativizada a potencial consciência da ilicitude sob pena de
responsabilidade penal calcada apenas na suposta irregularidade de um determinado ato
administrativo.
Pode-se afirmar, portanto, que a omissão no tocante aos deveres de
Compliance, in caso, a informação ao COAF, para justificar indícios de conduta como
20

crime de lavagem de dinheiro só poderia acontecer caso houvesse ciência da ilicitude


penal de seu comportamento. Isto é, para que exista a configuração do tipo, o agente
deve, no momento da omissão, reunir condições de apreender a relação entre a omissão
da observância do dever de controle e a conduta ilícita. Além disso, é fundamental que a
inobservância seja inequívoca que o desatendimento dos deveres configure
consequências jurídicas de natureza penal, e não só administrativas.
Age amparado pelo erro de proibição, já que a verificação da potencial
consciência da ilicitude é elemento necessário à configuração da culpabilidade de
determinado agente, as pessoas elencadas no art.. 9º da Lei nº 9613/98, sob a
responsabilidade e dever de informar determinadas ações e irregularidades praticadas
quando não possuam condições suficiente de apreender a ilicitude de suas omissões.
21

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