Dosimetria Das Penas Privativas de Liberdade
Dosimetria Das Penas Privativas de Liberdade
Dosimetria Das Penas Privativas de Liberdade
São Paulo
2004
Faculdade de Direito
Monografia apresentada ao
Curso de Direito da UniFMU
como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel
em Direito, sob a orientação do
Prof. Edson Luz Knippel
São Paulo
2004
Faculdade de Direito
Banca Examinadora
Prof. orientador:_______________________________
Edson Luz Knippel
Prof. argüidor:________________________________
Prof. argüidor:________________________________
Nota:_________(_________)
São Paulo
2004
Os nossos mais sinceros
agradecimentos ao Prof. Edson
Luz Knippel, cuja orientação foi
imprescindível para a realização
desta pesquisa.
SINOPSE
substantivo.
pena.
Pelo princípio jurídico non bis in idem, nenhuma circunstância poderá ser
considerada mais de uma vez na dosimetria da pena, sendo que, em caso de múltipla
1. INTRODUÇÃO, 7
2. DAS PENAS, 9
3.1. Conceito, 24
3.3. Classificação, 29
3.4.1. Culpabilidade, 30
3.4.2. Antecedentes, 32
3.5.2. Qualificadoras, 45
4. DA FIXAÇÃO DA PENA, 46
da fixação da pena, 65
5. CONCLUSÃO, 69
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 73
1. INTRODUÇÃO
extensa grade curricular. Por outro lado, trata-se de um assunto de suma importância
para aqueles que pretendem militar na área do direto penal, seja na Advocacia, no
público ou privado a ser tutelado. De um lado estará presente o jus puniendi do Estado,
justiça. Imprescindível, pois, nos aprofundarmos na questão, motivo o qual nos inspirou
da fixação da pena?
características e espécies, segundo o código penal, dando ênfase ao estudo das penas
privativas de liberdade.
e espécies, assim como dos critérios para diferenciá-las das elementares dos tipos
penais.
Por derradeiro, após nos aprofundarmos no conhecimento dos universos das penas
ambos, ou seja, a sua correlação. É nesse momento, portanto, que pretendemos dirimir
nas diversas fases da fixação das penas privativas de liberdade, objeto desta pesquisa.
2. DAS PENAS
Pena do grego “poiné” e do latim “poena” quer dizer castigo, punição. Do ponto
de vista jurídico, pena é uma punição legal imposta pelo Estado àquele que infringe
norma de direito, nos limites da lei.
a) Punição legal: deve estar prevista em lei existente antes da prática do ato
delituoso – princípio da anterioridade, consubstanciado no princípio da
legalidade ou da reserva legal, que constitui efetiva limitação do poder
punitivo estatal. Subtende-se, ainda, deste princípio que a lei deve emanar
do Poder Legislativo, através de procedimento estabelecido em nível
constitucional, para a definição dos crimes e cominação das sanções
penais, o que afasta não só outras fontes do direito como as regras
jurídicas que não são leis em sentido estrito, embora tenham o mesmo
efeito, como ocorre, por exemplo, com as medidas provisórias.1
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal” (Art. 5o, XXXIX, CF).
“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal” (art. 1o, CP).
1
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.1, p.55.
b) Imposta pelo Estado: o “ius puniendi”, ou o direito de punir, é exclusivo do
Estado, que deve em contrapartida respeitar os princípios do devido
processo legal , do contraditório e da ampla defesa.
c) Àquele que infringe norma de direito: a pena é pessoal, não podendo ser
imputada a outro senão ao próprio agente delituoso, segundo o princípio
da pessoalidade.
d) Nos limites da lei: não é qualquer pena a ser imposta, e sim aquela
cominada em lei, e dentro dos limites estabelecidos. Tais limites, são
norteados explicitamente pelo princípio da legalidade e implicitamente
pelos princípios:
• Da Intervenção Mínima - ao direito penal cabe somente intervir nos
casos de ofensa grave aos bens jurídicos mais importantes, assim
considerados pela sociedade, sendo que aos demais casos
cominar-se-ão sanções extrapenais.
b) perda de bens;
c) multa;
• Da Culpabilidade
2
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.14.
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.14.
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.15.
“não haverá penas:
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
Uma outra questão que está implícita no conceito de pena é a sua finalidade.
Várias são as teorias a respeito deste assunto, dentre as quais destacamos:
Para esta corrente, a pena não visa retribuir o fato delitivo cometido, e sim
prevenir a sua prática. Impõe-se a pena para que o delinqüente não volte a
delinqüir, diferentemente das teorias absolutas que impõe a pena ao agente
somente porque este delinqüiu. Esta teoria se subdivide ainda em dois
grupos distintos: o da Prevenção Geral e o da Prevenção Especial.
5
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.83.
6
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.1, p.245.
7
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.519.
2.2. Classificação segundo o Código Penal
A pena de multa, prevista no art. 5o, XLVI, c, CF, pode ser comum, ou seja,
abstratamente prevista em cada tipo penal, ou substitutiva da pena privativa de
liberdade, nos termos dos artigos 58, parágrafo único e 44, § 2o , do CP. Conforme
o art. 49 do CP, consiste no pagamento ao fundo penitenciário de quantia fixada na
sentença e calculada em dias multa, de no mínimo dez e no máximo, de trezentos e
sessenta, sendo que o valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser
inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
nem superior a cinco vezes esse salário.
Com fundamento no art. 5o, XLVI, a, da CF, o Código Penal, em seu art. 33,
menciona duas espécies de penas privativas de liberdade: reclusão e detenção.
Ademais, além dessas duas espécies, a Lei das Contravenções Penais introduziu,
ainda, a prisão simples, a qual apenas citamos, pois o nosso foco volta-se,
exclusivamente, para o conteúdo do Código Penal.
Quanto aos regimes penais, são três as espécies adotadas pelo nosso
Código Penal, nos termos do art. 33, § 1o, alíneas “a”, “b” e “c”:
a) Regime fechado:
b) Regime semi-aberto:
c) regime aberto:
8
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p. 250;
Cf. PINHO, Rodrigo César Rebello. Apreciação crítica do anteprojeto de lei modificativa da parte geral do
código penal de 1940 no tocante às penas privativas de liberdade. Justitia 117/126.
7.210/84 – Lei de execução Penal (LEP), poderá no regime aberto ser a
pena cumprida em residência particular, forma conhecida como Prisão
Domiciliar.
Não se pode, no entanto, alegar que não existam diferenças entre detenção e
reclusão. São várias as diferenças, e, a título exemplificativo, citamos9 :
9
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p. 421.
c) É permitido à autoridade policial conceder fiança somente nos casos de
delitos punidos com detenção, enquanto que naqueles em que são
cominadas penas de reclusão a fiança deverá ser requerida ao juiz;
d) Nos crimes punidos com reclusão, a medida de segurança será sempre
detentiva, ao passo que, naqueles punidos com detenção a medida de
segurança poderá ser convertida em tratamento ambulatorial (art. 97 do
CP) ;
3.1. Conceito
10
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.1, p. 256.
11
FEREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3.
ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 478.
12
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.551.
13
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Direito Penal: curso completo. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p.
164.
Somando-se os conceitos acima, poderíamos afirmar que circunstância do
crime é tudo aquilo que o circunda, manifestando-se por uma situação, estado ou
condição de coisa ou pessoa, por uma particularidade, um acidente que o
acompanha, por um caso, uma condição, causa ou motivo.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito”.
Homicídio simples
Infanticídio
14
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.552;
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.552.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após:
15
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.555; MIRABETE, Julio
Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.1, p.292.
penais, não deixando, porém, por este motivo, de serem crimes distintos e
autônomos. O infanticídio, por exemplo, não deixa de ser uma espécie de homicídio,
diferenciando-se deste apenas pela presença de circunstâncias específicas. Tais
circunstâncias, no entanto, poderiam ter ensejado uma forma qualificada de
homicídio. Assim como no infanticídio, o homicídio qualificado comina pena distinta
do homicídio simples. Outrossim, se excluirmos as circunstâncias específicas do
homicídio qualificado, este desaparecerá, surgindo um outro crime em seu lugar: o
homicídio simples. Que diferença há, então, entre uma forma e outra, além da
distinção dada ao infanticídio que foi erigido em artigo apartado do homicídio?
16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.552.
do crime, estendendo-se, também, ao instante anterior em que a conduta se dirigia à
completa realização do modelo legal.17
17
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.270.
3.3. Classificação
Outra classificação, para nós a mais importante, pois, como veremos mais
adiante, determina o momento em que as circunstâncias são consideradas no
cálculo da pena, é aquela em que a doutrina subdivide-as em judiciais e legais.
18
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.876.
3.4. Circunstâncias judiciais
3.4.1. Culpabilidade
19
BITENCOURT,Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.553.
teoria finalista, excluindo-se da culpabilidade o dolo e a culpa, que passaram a
fazer parte do tipo penal, restando, ainda, como seus elementos a
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta
diversa. Grande parte da doutrina, porém, entende que, apesar da modificação
inserida pela Lei 7.209/84, o dolo deve ser considerado para avaliar o grau de
censurabilidade.20
20
BITENCOURT,Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.554;
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1997. v.1, p.883; CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. p.34.
e a maior ou menor intensidade do dolo? Se as respostas são afirmativas,
na visão finalista do tipo penal, nele se incluem, desenganadamente, o
dolo e a negligência. É a melhor doutrina (...)” (STJ – RE – Rel. José
Cândido – RSTJ 17/472).21
3.4.2. Antecedentes
21
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.883.
22
CARVALHO, Amilton Bueno de; CARVALHO, Salo de. Aplicação da Pena e Garantismo. Rio de
Janeiro: Lumen Júris, 2001. p.39.
23
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.35.
24
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.556.
O conceito acima, expressa o nosso posicionamento a respeito das
controvérsias existentes na doutrina em relação à sua amplitude, e a ele
chegamos formulando questões a partir do conceito clássico, sejam quais:
25
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.884.
26
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.556.
27
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.44.
28
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.44; Cf.
FERREIRA, Gilberto. Op. Cit., pp. 84-85.
conta de maus antecedentes’ (HC 74.967, Rel. Min. Moreira Alves,
DJU 30/05/97)” (STF – HC 77.049/4-RS – Rel. Min. Ilmar Galvão –
j. em 09.06.98 – LBJ 194/476 (ago./1998), verb. 15.418).29
Por outro lado, a doutrina e a jurisprudência adversárias
preconizam que a admissão de tais antecedentes viola o princípio da
presunção do estado de inocência,
29
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.45.
30
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.555.
descaracteriza-se a presunção juris tantum de não-culpabilidade do
réu, que passa, então – e a partir desse momento – a ostentar o
status jurídico-penal de condenado, com todas as conseqüências
daí decorrentes. Não podem repercutir contra o réu situações
jurídico=processuais ainda não definidas por decisão irrecorrível do
Poder Judiciário especialmente naquelas hipóteses de inexistência
de titulo penal condenatório definitivamente constituído” (STF – HC
68.465-3 – Rel. Celso de Mello – DJU, de 21.2.92, p. 1.694).31
31
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.888.
32
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.45.
existência de mais de uma causa de reincidência, uma delas poderá ser
considerada como antecedente.
Do pensamento acima é que concluímos que os antecedentes são
precedentes judiciais, excluindo-se, então, os precedentes policiais e
aqueles que não são relevantes, ou sejam, as situações jurídico-
processuais ainda não definidas por decisão irrecorrível ou, em regra,
se irrecorríveis, constituam reincidência.
33
CARVALHO, Amilton Bueno de; CARVALHO, Salo de. Aplicação da Pena e Garantismo. Rio de
Janeiro: Lumen Júris, 2001. p.43.
vinculando o fato pregresso ao crime. Se, no entanto, utilizássemos a
expressão “precedentes judiciais”, cuja amplitude é maior, indicando
todos os fatos realizados perante ou sob a responsabilidade do Poder
Judiciário, poderíamos imaginar bons antecedentes com menor
dificuldade, como, por exemplo, o agente ter funcionado como jurado
durante vários anos. Outrossim, o fato de não ter maus antecedentes já
é um bom precedente.
Tal conduta pode ser tanto boa quanto má, avaliada segundo
padrões éticos e morais da sociedade contemporânea, e , muitas vezes,
não se vincula a existência ou não de precedentes judiciais. Por exemplo,
pode um sujeito portador de maus antecedentes, antes de preso, ter sido
um bom pai de família e inclinado ao trabalho.
34
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.555.
3.4.5. Motivos do crime
35
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.900.
para se avaliar o grau de censurabilidade do ato criminoso em face da
influência exercida pelo comportamento da vítima. Nesse sentido, explica
a Exposição de Motivos do Código Penal – Lei 7.209/84 em seu item 50:
36
CARVALHO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.69; Cf.
MENDELSON. “La victimologie, science actuelle” . In: Revue de drit pénal et de criminologie. Bruxelles,
1959. Apud Paulo José da COSTA JÚNIOR. Op. cit., p. 202.
São circunstâncias legais específicas, ou também conhecidas como
especiais, as causas de aumento e diminuição de pena constantes da parte especial
do CP e as qualificadoras.
3.5.1. Agravantes e atenuantes
I - a reincidência:
II - o desconhecimento da lei;
3.5.2. Qualificadoras
São exemplos de qualificadoras: arts. 121, § 2o; 129, §1o; 129, § 2o;
129, § 3o; 130, § 1o; 150, § 1o; 223, parágrafo único; 230, § 1o; 230, § 2o;
etc.
4. DA FIXAÇÃO DA PENA
m) a sentença”.
37
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.909.
processo mental do juiz. Alcança-se pelo critério, a plenitude de garantia
constitucional da ampla defesa”.
38
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.908.
39
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.561.
de fundamentação gera nulidade, mesmo que a pena seja fixada no
mínimo, desde que haja recurso da acusação, é claro”.
Outra peculiaridade é o imperativo imposto pelo princípio jurídico “non bis
in idem” que significa “não duas vezes a mesma coisa”, ou seja, ninguém pode
responder pela segunda vez sobre o mesmo fato já julgado, ou duplamente
punido pelo mesmo direito. Consequentemente, no caso de haver múltipla
incidência de uma única circunstância nas diversas fases da fixação da pena,
esta só poderá ser considerada uma única vez. Em qual fase é a questão, cuja
resposta veremos mais adiante.
40
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.587.
o regime inicial de cumprimento da pena restritiva de liberdade (art. 59, III, CP) e
substituí-la, por outra espécie, caso seja cabível (art. 59, IV, CP).
a) Qualificadoras
b) Circunstâncias judiciais
41
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.85.
As penas cominadas são as sanções abstratas expressas para
cada tipo penal, básico ou qualificado. Podem ser simples, cumulativas
ou alternativas. Simples são aquelas em que se comina apenas uma
espécie de pena: reclusão, detenção ou multa. Cumulativas são
aquelas em que se cominam, concomitantemente, pena restritiva de
liberdade com pena pecuniária: reclusão e multa ou detenção e multa.
Já nas penas alternativas cominam, alternativamente, pena restritiva
de liberdade ou pecuniária: reclusão ou multa; detenção ou multa.
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal”
42
CARVALHO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.81.
aumento da pena, dentro dos limites mínimo e máximo da pena
cominada, em detrimento da tese do patamar mínimo que só permite a
variação para cima.
Os defensores do termo mínimo refutam a tese adversária,
argumentando que, no caso de haver absoluto equilíbrio entre
circunstâncias positivas e negativas, a pena não sairia do patamar
inicial, e, nestas condições, se o termo médio fosse adotado como
ponto de partida o réu seria prejudicado.
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal” (Art. 5o, XXXIX, CF).
pro réu? Mas onde se encontra a dúvida? Não há. A lei é clara, deve a
pena-base estar entre os limites mínimo e máximo da pena cominada.
Pois o termo médio não se encontra dentro destes limites? Não se
justifica, portanto, o argumento de que o réu seria prejudicado, em
caso de absoluto equilíbrio entre boas e más circunstâncias.
43
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.124.
mínimo legal, em presença de atenuantes, nos coloca frente a
um verdadeiro absurdo jurídico: a redução da pena na presença
de atenuantes só se aplica aos réus que, pelas circunstâncias
judiciais, tenham a sua pena-base fixada acima do mínimo legal,
isto é, em face de sua culpabilidade, antecedentes, conduta
social, personalidade, motivos etc., apresentem maior
reprovabilidade’ (RT 676/391). Afinal, o que autoriza concluir
que só as causas de diminuição e aumento podem vulnerar os
limites mínimo e máximo? Por certo, não a peculiaridade de que
a quantidade de diminuição e aumento está balizada em lei. Isso
seria absurdo e ontologicamente inaceitável. Ninguém pode
duvidar que o juiz, diante do caso concreto, tem condições, ao
seu arbítrio prudente, de melhor estabelecer a quantidade da
diminuição ou aumento determinados por atenuantes e
agravantes” (TJSP – AC – Rel. Luiz Pantaleão – RT 702/329).44
44
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.1075.
concluir, então, que o princípio da individualização está adstrito ao
princípio da legalidade.
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal”
“As penas não podem ser aplicadas fora dos limites previstos
pela lei penal, em razão de circunstâncias atenuantes ou
agravantes. Tão-só por força de causas de aumento ou
diminuição, esses limites podem ser ultrapassados, porque, em
casos que tais, ocorre o surgimento de uma subespécie
delituosa, com um novo mínimo e novo máximo” (TACRIM – SP
– AC – Rel. Reynaldo Ayrosa – BMJ 26/20).45
45
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.1073.
embriagues voluntária (art. 28, § 2o); participação menor (art. 29,
nos dois casos dos §§ 1o e 2o). São todas, questões de maior
relevância fático-jurídica; com imenso reflexo na subjetividade;
ou na objetividade concreta (tentativa). Deu-lhe o legislador essa
premência especial, casuística, ainda aqui, com fixação de
limites. Mais uma vez os limites; para afastar o puro arbítrio. O
que se faz, pela tese do Magistrado, não é apenas equiparar
coisas distintas; de pesos diferenciados; de naturezas dispares;
de importâncias escalonadas pelo legislador penal. É mais.
Muito mais. É conferir às circunstâncias, majorantes ou
minorantes, peso maior, infinitamente maior do que aquele dado
pelo codificador, às causas de aumento ou modificação. Tais
circunstâncias, por não contarem com limites ou prefixações,
acabam ganhando indevida importância maior, muito maior do
que a dada àquelas preditas causas. Mais do que equiparação,
supremacia. Sem barreiras quantitativas. Ao arbítrio pleno do
julgador” (TJSP – AC – Rel. Ary Bellfort – RT 671/299).46
46
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.1074.
magistrado. Além disso, atribui-se às agravantes e às
atenuantes, que são circunstâncias acidentais, relevância
punitiva maior do que a dos elementos da própria estrutura
típica, porque, em relação a estes, o juiz está preso às balizas
quantitativas determinadas em cada figura típica. Ademais,
estabelece-se linha divisória inaceitável entre as circunstâncias
legais, sem limites punitivos, e as causas de aumento e
diminuição, com limites determinados, emprestando-se àquelas
uma importância maior do que a esta, o que não parece ser
correto, nem ter sido a intenção do legislador. Por fim, a margem
de deliberação demasiadamente ampla, deixada ao juiz,
perturbaria o processo de individualização da pena que se
pretende tornar, através do art. 68 do CP, o mais transparente
possível e o mais livre de intercorrências subjetivas”.47
47
FRANCO, Alberto Silva. et al. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997. v.1, p.1072.
48
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v.1, p.557.
limites da pena impostos pelo tipo penal. É o que preconiza Inácio
Carvalho Neto:
49
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.120.
diminuição podem levar a fixação de pena além ou aquém dos limites
cominados ao tipo penal.
50
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.132.
vale dizer, agrava-se e em seguida atenua-se, com o mesmo valor.
No entanto, quando não haja equivalência, decorrente de uma
delas ser preponderante (CP, art. 67 – de índole subjetiva), esta
deve prevalecer para maior aumento ou menor diminuição, em
relação àquelas de cunho objetivo. A circunstância agravante de
surpresa (CP, art. 61, II, ‘c’), por dizer com modo de realização da
infração penal, é de caráter objetivo, não se classificando como
preponderante” (Apel. Crime 33.397, de São João Batista, Rel. Dês.
Nilton Macedo Machado, J.em 05.09.1995 – TJ/SC).51
51
KUEHNE, Maurício. Teoria e prática da aplicação da pena. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2003. p.197.
c) Tal discricionariedade é conferida ao juiz somente no caso de
concurso entre majorantes ou entre minorantes contidas na
parte especial do Código Penal, não valendo, pois, para aquelas
previstas na parte geral, quando não lhe cabe tal faculdade.
5. CONCLUSÃO
Das Penas
1. A pena é uma punição legal imposta pelo Estado, àquele que infringe norma
de direito, nos limites da lei. A sua finalidade é dar justa punição ao agente
delituoso, assim como prevenir nova ocorrência da infração, seja por este ou
por outros. Conclui-se, então, que o nosso Código Penal adotou a Teoria
Mista, preconizando que a pena tem natureza retributiva, preventiva e,
também, um misto de educação e correção.
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal: parte geral. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2003. v.1.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. v.1.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal; parte geral. São Paulo: Saraiva, 2000.
v1.
CARVALHO NETO, Inácio de. Aplicação da pena. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2003.
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Direito penal: curso completo. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2000.
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NORONHA, E. Magalhães. Direito penal. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. v.1.