Avaliao Penal II
Avaliao Penal II
Avaliao Penal II
Instruções:
a) a prova contém 3 (três) questões discursivas, conforme pontuação indicada em cada uma delas;
b) o(a) aluno(a) deverá respondê-las apoiando-se nos fundamentos legais, assim como na
interpretação doutrinária e jurisprudencial existente acerca de cada um dos pontos indagados;
c) as respostas deverão ser enviadas pelo SIGAA, até as 22h e 15min de hoje.
1) Discorra sobre os pressupostos de aplicação das medidas de segurança, seus fins, suas espécies,
prazo de duração, princípios a elas relacionados e hipóteses de substituição de pena de prisão por
medida de segurança. (1,5)
A priori, é necessário compreender que a finalidade das medidas de segurança é
a adequada reintegração social de um indivíduo considerado perigoso para a própria
sociedade, elas são uma especie de sanção penal imposta pelo Estado fundamentando-
se na periculosidade e com natureza eminentemente preventiva. Incialmente, consoante
ao doutrinador Cezar Roberto Bittencourt observa-se três pressupostos ou requisitos
para a aplicação da medida de segurança. O primeiro deles é a prática de fato típico
punível: é indispensável que o sujeito tenha realizado um ilícito típico. Logo, não existirá
esse primeiro requisito se houver, por exemplo, excludentes de criminalidade, de
culpabilidade (como erro de proibição invencível, coação irresistível e obediência
hierárquica, embriaguez completa fortuita ou por força maior) - com exceção da
inimputabilidade -, ou ainda se não houver prova do crime ou da auditoria etc. Em suma,
a presença de excludentes de criminalidade ou de culpabilidade e a ausência de prova
impedem a aplicação de medida de segurança.
O segundo pressuposto a ser analisado é periculosidade do agente, considera-se
indispensável que o sujeito que praticou o ilícito penal típico seja dotado de
periculosidade. A periculosidade será definida como um estado subjetivo mais ou menos
duradouro e antissociabilidade. É um juízo de probabilidade - tendi por base a conduta
antissocial e a anomalia psíquica do agente - de que voltará a delinquir. o Código penal
prevê dois tipos de periculosidade: 1. periculosidade presumida curativo (quando o
sujeito for inimputável, art 26 caput; 2); 2. periculosidade real (agente semi-imputável e o
juiz constar que necessidade de “especial tratamento”. O último pressuposto é a
ausência de imputabilidade plena. O agente imputável não pode sofrer medida de
segurança, somente pena. E o semi-imputável só excepcionalmente estará sujeito à
medida de segurança, isto é, se necessitar de especial tratamento curativo, caso
contrário, também ficará sujeito somente à pena: ou pena ou medida de segurança,
nunca as duas. Assim, a partir da proibição de aplicação de medida de segurança ao
agente imputável, a ausência de imputabilidade plena passou a ser pressuposto ou
requisito para a aplicação de dita medida.
Outro ponto a ser analisado, é a substituição da pena por medida de segurança,
existem duas hipóteses em que a pena pode ser substituída por medida de segurança
(semi-imputabilidade ou superveniência de doença mental).
Essa operação será possível quando se tratar de condenado semi-imputável, que
necessitar de especial tratamento curativo, jamais quando se tratar de um imputável.
Tratando-se do semi-imputável, comprovando-se a culpabilidade, sempre sofre uma
condenação. Com base nos elementos do art. 59, o juiz fixa a pena, com redução
obrigatória, justa para o caso, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime. Essa é a regra. A substituição é a exceção, que poderá ocorrer se o
condenado necessidade de especial tratamento curativo (art. 98).
E através da força da Lei de Execução Penal (LEP) – art. 183: Quando, no curso
da execução da pena privativa de liberdade, sobreviver doença mental ou perturbação
da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria
Pública ou da autoridade administrativa poderá determinar a substituição da pena por
medida de segurança. Além disso, obtém-se a superveniência de doença mental do
condenado, que ocorre quando o condenado deve ser recolhido a hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, em não havendo a outro estabelecimento adequado.
Com relação ao princípios, os informadores das penas também se aplicam às
medicações de segurança, mas dois necessitam de destaque de acordo com Sanches:
1. princípio da legalidade; 2. princípio da proporcionalidade.
Ainda seguindo a visão do doutrinador Sanches, as espécies de medida de
segurança pode ser de duas espécies: detentiva ou restritiva. A medida de segurança
detentiva (art. 96, I, CP) representa a internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico. Por força do dispositivo no art. 97, caput, do Código Penal, aplica-se a
medida detentiva aos crimes punidos com pena de reclusão. Já com relação à medida
de segurança restritiva (art. 96, II, CP) corresponde ao tratamento ambulatorial. Entrará,
em regra, na hipótese do crime punido com detenção, salvo se o grau de periculosidade
do agente indicar necessidade da internação.
Além disso, consoante a Sanches, a internação ou tratamento ambulatorial será
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos,
diretamente proporcional à gravidade da anomalia mental do sentenciado (art. 97, CP).
No entanto, o STF entende que o prazo máximo deve coincidir com o prazo máximo de
cumprimento de pena privativa de liberdade no Brasil (40 anos). E o STJ entende que o
prazo máximo configura-se com a pena máxima prevista no preceito secundário (pena
prevista) - súmula 527 STJ.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 27. ed. São Paulo: Saraiva,
2021.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral (arts. 1º ao 120) /
Rogério Sanches Cunha – 6ª ed. rev, ampl.
2) Disserte sobre a atual configuração do instituto da progressão de regime no ordenamento
jurídico brasileiro, explicando seus requisitos objetivos e subjetivos, comparando com a
sistemática anteriormente vigente, inclusive no que diz respeito aos condenados pelo cometimento
de crimes hediondos e equiparados. (2,0)
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 27. ed. São Paulo: Saraiva,
2021.
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de
modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral (arts. 1º ao 120) /
Rogério Sanches Cunha – 6ª ed. rev, ampl.
Boa sorte!