A Opção Francisco e A Reforma Da Igreja

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Teologia

Cadernos
Pública ISSN 1807-0590 (impresso)
ISSN 2446-7650 (on-line)
Ano XIX | Número 172 | Volume 20 | 2023

A Opção Francisco e a reforma da Igreja.


Desafios e perspectivas
Massimo Faggioli
Teologia
Cadernos
Pública
ISSN 1807-0590 (impresso)
ISSN 2446-7650 (on-line)
Ano XIX | Número 172 | Volume 20 | 2023

A Opção Francisco e a reforma da


Igreja. Desafios e perspectivas

Massimo Faggioli

Doutor em História da Religião e professor de Teologia e

Estudos Religiosos da Villanova University - EUA

Tradução de Isaque Gomes Correa


Cadernos Teologia Pública é uma publicação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, que busca ser uma contri-
buição para a relevância pública da teologia na universidade e na sociedade. A teologia pública pretende articular a
reflexão teológica e a participação ativa nos debates que se desdobram na esfera pública da sociedade nas ciên-
cias, culturas e religiões, de modo interdisciplinar e transdisciplinar. Os desafios da vida social, política, econômica
e cultural da sociedade, hoje, constituem o horizonte da teologia pública.

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS


Reitor: Sérgio Mariucci, SJ
Vice-reitor: Artur Eugênio Jacobus

INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS - IHU


Diretor: Inácio Neutzling, SJ
Diretor-adjunto: Lucas Henrique da Luz
Gerente administrativo: Nestor Pilz
ihu.unisinos.br
Cadernos Teologia Pública
Ano XIX – Vol. 20 – Nº 172 – 2023
ISSN 1807-0590 (impresso) | ISSN 2446-7650 (on-line)

Editor: Prof. Dr. Inácio Neutzling, SJ – Unisinos


Conselho editorial: MS. Ana Maria Casarotti; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Bel. Guilherme Tenher
Rodrigues; Profa. Dra. Susana Rocca.
Conselho científico: Ana Maria Formoso (Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, doutora em Educação);
Christoph Theobald (Faculdade Jesuíta de Paris - Centre Sèvres, doutor em Teologia); Faustino Teixeira (UFJF-
MG, doutor em Teologia); Felix Wilfred (Universidade de Madras, Índia, doutor em Teologia); Jose Maria Vigil
(Associação Ecumênica de Teológos do Terceiro Mundo, Panamá, doutor em Educação); José Roque Junges,
SJ (Unisinos, doutor em Teologia); Luiz Carlos Susin (PUCRS, doutor em Teologia); Maria Inês de Castro Millen
(CES/ITASA-MG, doutora em Teologia); Peter Phan (Universidade Georgetown, Estados Unidos da América,
doutor em Teologia); Rudolf Eduard von Sinner (PUCPR, doutor em Teologia).
Responsáveis técnicos: Cleusa Maria Andreatta e Guilherme Tenher Rodrigues.
Revisão: Isaque Gomes Correa
Imagem da capa: PxHere
Projeto Gráfico: Ricardo Machado
Editoração: Guilherme Tenher Rodrigues
Tradução: Isaque Gomes Correa

Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos.
– Ano 20. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .v. 20.
Publicado também on-line: <http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu-ideias>.
Descrição baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); última edição consultada: Ano 19, n. 326 (2021).
ISSN 2448-0304
1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto
Humanitas Unisinos.

Bibliotecária responsável: Carla Maria Goulart de Moraes – CRB 10/1252

As posições expressas nos textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores.

Instituto Humanitas Unisinos – IHU


Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos
Av. Unisinos, 950, 93022-750, São Leopoldo/RS, Brasil
INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


A Opção Francisco e a reforma da
Igreja. Desafios e perspectivas

Massimo Faggioli

Doutor em História da Religião e professor de Teologia


e Estudos Religiosos da Villanova University - EUA

M assimo Faggioli proferiu a videoconferência


intitulada “A Opção Francisco e a reforma da
Igreja. Desafios e perspectivas”, em 10-08-2023, den-
tro da programação do Ciclo de Estudos “A Opção
Francisco. A Igreja e a mudança epocal”, promovido
pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU com o apoio
dos PPGs em Filosofia e em História da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e com o financia-
mento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Rio Grande do Sul – FAPERGS.

Doutor em História da Religião e professor de Te-


ologia e Estudos Religiosos da Villanova University,
Massimo Faggioli

na Filadélfia, Faggioli é editor colaborador da revista


Commonweal. De sua autoria, destacam-se os seguintes
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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

livros: Vaticano II: a luta pelo sentido (Paulinas, 2013),

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True Reform: Liturgy and Ecclesiology in Sacrosanctum
Concilium (Liturgical Press, 2012) e Historia y evolución
de los movimientos católicos: de León XIII a Benedicto XVI
(PPC Editorial, 2011).

Na sequência de sua palestra, houve um debate


com a participação dos ouvintes. As perguntas e res-
postas constam no fim desta publicação.

A transcrição e a tradução são de Isaque Gomes


Correa.

***

H á alguns anos eu estive no Instituto Humanitas


Unisinos – IHU em pessoa, por duas vezes. Me
considero um amigo do IHU, da Susana e de todos vo-
cês. Não lembro quantas vezes participei virtualmente,
mas é sempre uma oportunidade muito boa para mim
continuar pensando sobre estes temas, especialmente o
pontificado do Papa Francisco. A minha relação com a
Unisinos começou e coincidiu basicamente com esses
dez anos de pontificado do Papa Francisco.

Falarei da contribuição do Papa Francisco para a


reforma da Igreja, seus desafios e perspectivas, e creio
que o ponto de partida deve ser que há pouco comple-
tou-se o décimo aniversário de sua eleição. Já se pas-
saram quase dez anos e meio do pontificado de Fran-
cisco. Esse fato não é algo que devemos ignorar, pois
Massimo Faggioli

lembramos que, no início do pontificado, este papa


disse que achava que seu pontificado seria curto, de
quatro ou cinco anos. Em vez disso, já estamos além
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da marca dos dez anos. Também porque houve ponti-

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ficados muito importantes na história recente que não
alcançaram esse marco temporal, nem João XXIII, nem
o Papa Bento XVI. Portanto, temos um pontificado di-
ferente dos anteriores, também por causa disso.

Eu acredito, e esta é a tese principal que tenho so-


bre este pontificado, que a mudança incontestável que
o Papa Francisco trouxe à Igreja é que ele é, em certo
sentido, o primeiro papa global, o primeiro papa que
não vem da Europa ou do Mediterrâneo, embora tenha
raízes italianas muito fortes. Ele realmente reorientou
todo o discurso católico, o ensinamento papal, o estilo
de governo, as principais escolhas em direção à dimen-
são mundial da Igreja, que é um passo em direção a
um caminho mais universal da Igreja Católica. Global e
católico significam coisas ligeiramente diferentes, mas
penso que a virada em direção à Igreja global faz parte,
realmente, de um processo em direção a uma maior ca-
tolicidade da Igreja Católica.

Portanto, quando olhamos para os últimos dez


anos, devemos começar pela observação de alguns
fatos que expressam algo de sua visão de reforma da
Igreja. Não listarei as encíclicas e exortações, mas acho
que há fatos importantes que devem ser mencionados.
Primeiro, as assembleias gerais do Sínodo dos Bispos,
começando com as duas sessões, em 2014-2015 sobre
família; em 2018 sobre a juventude; em 2019 sobre a
região amazônica, e com a convocação deste sínodo
muito especial que faz parte do processo social come-
çado em 2021, com duas assembleias planejadas para
outubro de 2023 e outubro de 2024. Acredito que este
Massimo Faggioli

é o primeiro fato, porque a reforma do Papa Francisco,


começando com o ensino da Igreja ou com sua abor-

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dagem de algumas questões – família e casamento, p.

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ex. – passa por esses novos tipos de sínodos. É formal-
mente a mesma instituição que foi criada por Paulo VI
em 1965 e que foi celebrada por todos os papas desde
então. Porém, com Francisco, temos um tipo diverso
de Sínodo, ligeiramente diferente até 2019. Em termos
de membresia, é ligeiramente diferente, mas em rela-
ção ao estilo e ao espírito de celebração a diferença é
acentuada.

Em segundo lugar, acredito que o Papa Francisco


frequentes vezes é subestimado como legislador. No
entanto, ele legislou bastante. Ele emitiu um grande
número de motu proprio, estas normativas eclesiásti-
cas que o papa, como legislador-chefe, tem o poder de
promulgar. Nesse sentido, ele publicou um número
muito elevado na comparação com seus antecessores.
Houve mudanças importantes nos livros que contêm
os ensinamentos da Igreja e naquele que dispões suas
leis. Uma delas é a mudança no Catecismo [da Igreja
Católica] sobre a pena de morte em 2018; a alteração no
Livro VI do Código de Direito Canônico em reação à
crise de abuso sexual; a criação da Pontifícia Comissão
para a Tutela dos Menores em 2014, que não existia an-
tes; e a cúpula no Vaticano sobre a crise de abusos em
2019. O mais importante nestes últimos 18 meses foi a
constituição apostólica para a reforma da Cúria Roma-
na, Praedicate Evangelium, que é, em qualquer pontifica-
do, um marco importante nos planos de reforma. Isso
é algo sobre o qual o Papa Francisco e o Conselho de
Cardeais, criado por ele em abril de 2013, falaram por
cerca de nove anos, entre 2013 e março de 2022, quando
a constituição apostólica foi publicada.
Massimo Faggioli

Do ponto de vista internacional, houve uma aten-

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ção muito maior ao Sul global, especialmente à Ásia.

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Houve o acordo diplomático histórico de setembro de
2018 com a República Popular da China, renovado em
setembro de 2020 e, depois, em outubro de 2022. É um
acordo muito polêmico, mas certamente algo que o
Papa Francisco assinou, sabendo que é uma iniciativa
que os antecessores, começando com João Paulo II, tra-
balharam para conseguir: um acordo diplomático com
a China sobre as nomeações episcopais, que reconhece
de uma nova maneira a presença dos católicos no país
como membros de uma única Igreja Católica, não mais
dividida entre a chamada Igreja clandestina e a Igreja
patriótica. Houve importantes iniciativas de diálogo
em termos de viagens, gestos e encontros com o Islã,
tanto com o Islã sunita (especialmente com a Mesquita
de Al-Azhar no Cairo, Egito) quanto com muçulmanos
xiitas (especialmente quando viajou para o Iraque em
2021).

Com bastante ousadia, Francisco implementou


uma nova política em relação aos novos movimentos
leigos ou movimentos neoeclesiais, o que gerou ansie-
dade nesses grupos; tivemos um exemplo recente com
a nova lei que rege o Opus Dei. Estamos diante de uma
mudança importante em comparação especialmente
com João Paulo II, que deu ao Opus Dei o status de pre-
lazia, agora redefinida drasticamente pelo Papa Fran-
cisco. A visão de reforma deste papa fica clara em sua
insistência no tema do clericalismo e da sinodalidade.
Não vimos apenas palavras ou retóricas vazias, mas
ações muito importantes. Uma delas foi interromper
as duas investigações contra as religiosas dos Estados
Unidos lançadas durante o pontificado de Bento XVI.
Massimo Faggioli

Essas investigações, hostis ao principal grupo de frei-


ras americanas, foram interrompidas no início do atual
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pontificado, em dezembro de 2014. Ele convocou duas

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comissões de estudo sobre o diaconato das mulheres,
cujo resultado ainda não está claro, mas obviamente é
algo que não ocorrera antes.

Algo relevante é que Francisco decidiu desacelerar


e, depois, interromper as negociações entre o Vatica-
no e o principal grupo de católicos tradicionalistas, a
Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, que tomou me-
didas cismáticas para se separar da comunhão com
a Santa Sé, por rejeitarem o Concílio Vaticano II. O
que tinha acontecido, especialmente no pontificado
de Bento XVI, foi uma negociação entre o Vaticano e
uma comissão especial dentro da Congregação para a
Doutrina da Fé, a Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”.
Foi uma negociação sobre o que era possível para fa-
zê-los retornar à Igreja Católica, em comunhão com o
papa, de alguma forma marginalizando ou reduzindo
o significado do Concílio Vaticano II no magistério. O
Papa Francisco interrompeu tudo isso ao ponto de des-
mantelar a Comissão “Ecclesia Dei”, que estava alojada
dentro da Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo
Santo Ofício. Essa comissão foi desmontada. Francisco
disse muito claramente que há um debate fraterno em
andamento com os tradicionalistas, mas não há mais
negociação sobre a importância do Concílio Vaticano
II no ensino católico. Isso foi muito importante, deixou
bem claro o que este pontificado representa.

O Papa Francisco abordou a questão da reforma da


Igreja de maneiras que não são apenas internas, não
apenas intraecclesiais, mas começaram imediatamente
como algo que se tornou notícia e popular. Devemos
Massimo Faggioli

lembrar que, em 2013, o Papa Francisco foi nomeado


Pessoa do Ano pela revista Time; ele apareceu na capa

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de muitas revistas populares, incluindo a Rolling Sto-

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ne; concedeu inúmeras entrevistas; pelo menos dois
filmes biográficos sobre ele foram feitos, e muitos do-
cumentários. Francisco virou um ícone do que o cato-
licismo tenta ser, com as declarações mais importantes
na imprensa proferidas por ele, começando muito cedo
em seu pontificado, já em julho de 2013 na coletiva de
imprensa a bordo do avião que o trazia de volta do Bra-
sil, onde havia ido participar da Jornada Mundial da
Juventude (JMJ). A frase mais famosa feita pelo papa
foi: “Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá-la?” Esta foi a mais
importante.

Mas logo depois, ele deu outras declarações. Por


exemplo, a entrevista mais relevante que ele concedeu
ao editor da revista jesuíta La Civiltà Cattolica, Antonio
Spadaro, em setembro de 2013, quando falou: “Não
podemos insistir somente em questões relacionadas a
aborto, casamento gay e uso de métodos contracepti-
vos. Isso não é possível. Não tenho falado muito sobre
essas coisas, e eu fui repreendido por isso. Mas, quando
nós falamos sobre essas coisas, temos de falar delas em
um contexto. O ensinamento da Igreja, nessa questão, é
claro e eu sou um filho da Igreja, mas não é necessário
falar todo o tempo desses assuntos. A proclamação em
estilo missionário se concentra no essencial, no neces-
sário: é isso também que fascina e atrai mais, o que faz
o coração queimar, como aconteceu com os discípulos
em Emaús”. Isto foi notícia e chocante para muitos ca-
tólicos, porque o Papa Francisco disse que a Igreja não
pode falar a todo instante sobre moral sexual e assim
por diante. Não é desse jeito que a missão funciona.
Massimo Faggioli

Por fim, uma terceira declaração dada pelo pontífi-

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ce em fevereiro de 2016 na coletiva de imprensa a bor-

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do de seu avião de volta do México, quando lhe per-
guntaram sobre o então candidato à presidência dos
Estados Unidos, Donald Trump, e seus planos de cons-
trução de um muro na fronteira com o México. Francis-
co respondeu: “Uma pessoa que só pensa em construir
muros, onde quer que estejam, e não constrói pontes
não é cristã. Isso não está no Evangelho”. Lembremos
das consequências desta fala para a relação complicada
entre o Papa Francisco, não apenas com Donald Trump
pessoalmente, mas também com certos setores do cato-
licismo e do protestantismo americanos e dos Estados
Unidos em geral.

Aqui, listei uma série de fatos e acredito que, ao


falarmos do Papa Francisco, da Igreja, da reforma, de-
vemos pensar em termos históricos. Como historiador,
busco ver diferentes fases, então aqui acredito que te-
mos os primeiros cinco anos que foram um momento
de aceleração do pontificado do Papa Francisco. Entre
o início com “quem sou eu para julgar?”, as primeiras
entrevistas, até 2019, até cinco ou seis anos de pontifi-
cado (até o fim de 2019), o Sínodo para a região ama-
zônica; é quando ocorrem alguns passos em direção a
mudanças profundas no magistério da Igreja. Nestes
primeiros cinco ou seis anos, vimos uma variedade de
reações e consequências, inclusive reações muito visce-
rais e violentas contra o Papa Francisco.

Acredito que depois há um segundo período de


cinco anos, que começa e se sobrepõe ao fim da pri-
meira fase. A meu ver, são cinco anos que representam
um momento de decantação ou estabilização da situa-
Massimo Faggioli

ção eclesial, também em termos de política eclesiástica.


Em 2018, há a terceira fase da crise de abuso sexual na

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Igreja, que realmente atinge duramente o pontificado

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de Francisco. Quero dizer, desde a visita ao Chile, ao
então cardeal Theodore McCarrick, à Alemanha. Há,
claro, a pandemia de covid-19 e um agravamento da
situação internacional. A ordem mundial fica cada
vez mais caótica. E acredito que este segundo período
de cinco anos de reflexão e consideração termina no
fim de 2022, início de 2023, também devido à morte
do Papa Bento XVI, que não libera pessoalmente o
Papa Francisco, mas libera outras energias na Igreja,
o que foi um momento extraordinário na história do
papado: um papa eleito que coabita, vive basicamen-
te junto no Vaticano. Um papa emérito, que renun-
ciou, é extraordinário. Isso chega ao fim.

Acredito também que existe a chance de vermos,


neste pontificado, uma terceira fase, que começa com
o Sínodo de outubro de 2023 e que poderá abrir um
segundo momento de aceleração. É algo que talvez
tenhamos visto nas últimas semanas ou nos últimos
meses, nas escolhas do Papa Francisco de novos car-
deais a serem criados no consistório no fim de se-
tembro em Roma. Claro, a inauguração do Sínodo, a
nomeação do novo prefeito do Dicastério para a Dou-
trina da Fé, com Dom Víctor Manuel Fernández, um
dos cardeais que receberão o barrete vermelho em
Roma no fim de setembro. Estamos diante de uma
mudança significativa, porque mais de 40 anos de
Ratzinger e da linhagem de Ratzinger chegam ao fim
com o primeiro prefeito da citada congregação vindo
da América Latina, do sul do mundo, e não da Euro-
pa. Além disso, com o Sínodo em Roma, aberto em
04-10-2023, poderemos ver mudanças significativas
Massimo Faggioli

ou, pelo menos, um debate sobre possíveis mudan-


ças.
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Quando falo das principais realizações do Papa

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Francisco, eu as divido em quatro categorias. A pri-
meira é a ideia de reforma espiritual. Naturalmente, o
Papa Francisco é jesuíta. Portanto, não nos deve sur-
preender a sua ênfase dada no discernimento no pro-
cesso espiritual. Mas, para ele, essa ideia de urgência
espiritual é muito forte, não exatamente cultural nem
política ou institucional-estrutural, mas espiritual. No
Papa Francisco, existe uma certa ideia de primazia da
dimensão espiritual, mesmo quando falamos de refor-
ma da Igreja. Se não começarmos a partir de uma con-
versão espiritual, de um exame espiritual do problema,
não chegaremos a lugar algum. Esta é a primeira coisa
que, creio, devemos considerar quando falamos da vi-
são que Francisco tem de reforma, também porque ele
é o primeiro jesuíta, mas acho que podemos nos per-
guntar – e teremos tempo para fazer isso – sobre que
tipo de jesuíta é Francisco. Ele não é realmente apenas
um jesuíta latino-americano, mas um jesuíta latino-a-
mericano com raízes italianas, é da Argentina e não do
Brasil, por exemplo, nem da América Central. Informa-
ção deste gênero é algo que deve fazer parte do quadro
quando falamos sobre Francisco e sobre o elemento
espiritual em sua reforma.

Uma segunda categoria é a institucional. Nesse


sentido, o Papa Francisco não se mostrou tímido em
relação à necessidade de uma reforma institucional
profunda na Igreja. Ele adotou uma abordagem muito
diferente da de Bento XVI, que foi um pouco mais dis-
tante no que diz respeito ao governo eclesiástico. Por
exemplo, o Papa Francisco fez mudanças importantes
nas finanças vaticanas, no papel do Banco do Vaticano,
Massimo Faggioli

no papel do que tipo de coisa a Cúria Romana e os di-


castérios têm uma palavra a dizer, a participação des-
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tas instituições na gestão do dinheiro. Como eu falei, a

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grande reforma da Cúria Romana, com a constituição
de março de 2022, Praedicate evangelium, que trata de
uma Cúria Romana mais responsiva, mais receptiva ao
que vem das periferias da Igreja. Houve o novo Livro
VI do Código de Direito Canônico, projeto que come-
çou antes de Francisco ser eleito, mas que este decidiu
concluir. E, é claro, esse processo de sinodalidade, que
não é apenas teológico, mas tem um impacto nas ins-
tituições, na cultura institucional, no funcionamento
das instituições eclesiásticas. Ainda não sabemos exa-
tamente quais serão as consequências, mas tenho certe-
za de que a sinodalidade faz parte de uma nova visão
institucional.

E chegamos à terceira categoria. A visão que o


Papa Francisco tem de reforma tem raízes profundas
no Concílio Vaticano II. Em certo sentido, Francisco
enfrentou uma nova etapa na história da batalha pelo
significado do Concílio. Desconheço como é no Brasil,
mas nos EUA e nos países anglo-americanos ficou cla-
ro que a sua decisão, em 2021, de reverter a lei que fora
aprovada por Bento XVI, em 2007, e que permitia, de
um modo bastante progressista, a celebração da missa
pré-Vaticano II, foi uma decisão polêmica. Portanto,
Francisco contribuiu enormemente para o debate sobre
o significado teológico e fisiológico da reforma litúr-
gica. Ele ficou muito claro. Ele sugeriu sua opinião a
respeito do papel do Concílio Vaticano II na Igreja não
apenas para o que acontece dentro dos muros da Igreja
ou nas sacristias, em nossas paróquias, mas para o que
a Igreja quer ser no mundo.
Massimo Faggioli

E esta é minha quarta categoria. Temos realmente


um pontificado global para uma Igreja que agora en-

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frenta um momento de interrupção da ordem global.

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Pensemos em como os católicos do mundo inteiro es-
tão divididos em relação ao que é necessário, ao que
pode ser feito, por exemplo, na questão da guerra na
Ucrânia. Existem divisões mais profundas entre o leste
e o oeste da Europa, o norte do mundo e o sul do mun-
do. Isto importa porque o Papa Francisco tem sido acu-
sado, de forma muito estúpida, por alguns americanos
de ser um progressista, mas Francisco não o é; ele tem
plena ciência dos limites e das contradições presentes
em uma certa cultura progressista. Sua mensagem gira
em torno de algo diverso. Ele tampouco é reacionário,
não é um nostálgico do mundo antigo, quando tudo
teria sido perfeito. Ele não é nada disso. De um modo
direto e corajoso, Francisco vem enfrentando o que sig-
nifica ser católico no Oriente Médio, na Ásia, na Eu-
ropa. Isso faz parte de sua visão sobre o que precisa
mudar na Igreja Católica, que não pode ser governada
apenas a partir de uma cultura italiana, de uma cultura
romana, de uma cultura europeia, mas de fato precisa
fazer parte de um diálogo que envolva todos os cantos
da comunhão católica, o que é bem complicado. Claro,
porque não é fácil levar pessoas de outros continentes
para Roma e tudo será perfeito. As coisas não são as-
sim.

Penso, pois, que, ao avaliarmos o balanço do que


o papa fez em termos de reforma, eu dividiria em pelo
menos três categorias diferentes.

Primeira categoria: o que já foi realizado, o que


está, a meu ver, consolidado, o que foi feito com su-
cesso, o que se encontra assentado e o que é pouco
Massimo Faggioli

provável de ser revertido, por fazer parte de trajetórias


maiores. Segunda categoria: o que ainda está com o fim

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em aberto, o que ainda está acontecendo e o que ainda

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veremos nos próximos meses e anos. Terceira catego-
ria: o que eu acho que são as incertezas ou ambivalên-
cias e ambiguidades do pontificado do Papa Francisco.

A primeira é aquilo que foi realizado, aquilo, pen-


so eu, que foi bem-sucedido. A primeira tem a ver com
esta ideia de Igreja como algo baseado na misericórdia,
em um Deus misericordioso, em uma doutrina miseri-
cordiosa. Isso não é exclusivo do Papa Francisco, pois
já sabíamos, por exemplo, que no Concílio Vaticano II
havia a prioridade de uma dimensão pastoral, de que
uma doutrina não pode ser usada como uma arma
contra as pessoas. Mas com o Papa Francisco houve
um destaque especial para a teologia da misericórdia,
sobre o que significa ser misericordioso, não algo que
seja opcional, algo que alguém, como pastor, bispo ou
leigo, pode fazer apenas se tiver vontade. Não. É algo
central, esta ideia faz realmente parte de como este
pontificado começou.

Estas coisas ultrapassam a simples descoberta


de um Jesus Cristo que é defensor da justiça social. É
maior que isso. Esta noção é algo que eu acho que não
pode ser revertido. Creio que essa linguagem da mise-
ricórdia penetrou profundamente no corpo da Igreja.
Não acredito que um retorno a costumes de uma Igre-
ja ao estilo policial seria aceito. Esta visão é realmen-
te parte da visão que Francisco tem de Igreja, que é,
como dizemos nos Estados Unidos, como uma grande
tenda. Uma grande tenda de trabalho, espaçosa e que
pode acolher e servir de lar para diferentes tipos de
católicos, não apenas em termos raciais, mas também
Massimo Faggioli

étnicos, sociais, econômicos, culturais. É uma grande


Igreja-tenda.

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Isso tem sido bem importante, porque o Papa Fran-

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cisco respondeu muito claramente às tentações de uma
Igreja sectária, onde há lugar apenas para algumas
pessoas e, é óbvio, os que são sectários acham que são
eles que merecem estar na Igreja e não outros. Esta di-
mensão faz parte de um contexto mais amplo estabele-
cido pelo Papa Francisco. Ouvimos isso recentemente,
quando ele esteve na Jornada Mundial da Juventude
em Lisboa, onde a declaração mais marcante foi quan-
do o Papa Francisco disse à multidão de jovens: a Igreja
é para todos, todos, todos!

Aqui temos algo que é óbvio para alguém como eu,


mas que não é tão óbvio para todos. Há poucos dias
estive lendo algo e uma das frases citadas na meditação
era um ditado que ouvi que era típico no Reino Unido:
“A boa notícia é que Deus te ama. A má notícia é que
ele ama todos os outros também”. Isso é importante
não só porque o inclusivismo é uma das palavras de
ordem de nosso tempo. Inclusão e diversidade são
grandes valores que ouvimos falar também em nossas
escolas e universidades. Mas é uma das maneiras tí-
picas de Francisco de falar sobre como a Igreja deve
mudar, que é uma ideia não moralista, não burguesa
de ser cristão. Este pensamento vem de um papa do
sul do mundo porque a tentação de ver a Igreja como
uma empreitada moralista, burguesa, onde o valor da
respeitabilidade, por exemplo, é mais relevante do que
a sinceridade ou a caridade.

Portanto, isto faz parte do que penso ter se tornado


inseparável de uma certa ideia de catolicismo, na qual
o Papa Francisco tem sido muito forte e eficaz. É a sua
Massimo Faggioli

abertura do catolicismo para uma ideia mais universal


e, hoje, universal é inseparável do global. Global não

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significa que aceitamos a globalização em todos os seus

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aspectos: comercial, financeiro e assim por diante. Mas
global é algo que deve fazer parte de uma certa consci-
ência de que nós, como católicos, somos parte da única
Igreja Católica que não é mais ocidental, não é mais
europeia, que não mais é identificada com a cultura da
classe média branca-burguesa. Nisso, o Papa Francisco
tem sido muito claro e eficaz. Essa é a primeira cate-
goria.

Segunda categoria. Penso no que ainda está acon-


tecendo e ainda não conhecemos, porque é muito cedo.
Uma delas é o que acontecerá com a reforma da Cúria
Romana. A lei foi aprovada em março de 2022; entrou
em vigor alguns meses depois, em junho ou julho de
2022, mas uma reforma desse porte leva tempo para
ser implementada e para ver os resultados, pois a nova
constituição possibilita, por exemplo, a nomeação de
leigos como prefeitos dos dicastérios. Já existe um que
é jornalista italiano, nomeado antes da publicação da
constituição apostólica. Portanto, ainda não vimos os
efeitos das reformas à Cúria Romana. Assim, devemos
lembrar que a reforma da Cúria é sempre um esforço
complicado e frustrante para todos os papas. Estou es-
crevendo um livro sobre a história da Cúria Romana,
e isso é algo muito problemático a todos os papas. Há
um famoso ditado que o Papa Francisco citou alguns
anos atrás: “reformar a Cúria Romana é como limpar
a Esfinge do Egito com uma escova de dentes”. É uma
tarefa gigantesca que sempre é imperfeita.

Uma segunda coisa que não sabemos aonde irá


chegar é como Francisco lidará com a renúncia de seu
Massimo Faggioli

antecessor, o Papa Bento. Dito claramente, se o Papa


Francisco aceitará a ideia de que agora os papas podem

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

renunciar – ou de que deveriam renunciar – em certa

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


idade. A este respeito, ele falou algumas poucas frases
e, recentemente, levantou dúvidas sobre a ideia de que
o papa deve renunciar como sendo uma escolha nor-
mal. Ele se manifestou, em particular na visita feita ao
Congo e ao Sudão, enquadrando a ideia como algo que
deveria ser excepcional, que foi justificado para o seu
antecessor, mas que não necessariamente deva ser con-
siderado por todos os papas. Então, iremos ver um im-
portante fator nas tensões que vêm atravessando o seu
pontificado nestes dez anos, até a morte de Bento XVI.

Certamente, a reforma mais aberta e em curso é


a da sinodalidade. Qual é o significado de uma Igreja
sinodal? Qual o seu significado para a forma como o
Vaticano funciona, como os bispos funcionam e como
as igrejas locais funcionam? E qual o sentido para o
funcionamento das paróquias? Eis um campo de gran-
des possibilidades, mas que ainda não sabemos o seu
significado.

Por fim, o que eu considero serem as incertezas,


ambivalências ou ambiguidades do Papa Francisco.
A primeira é uma certa incapacidade do Papa Fran-
cisco de ver a importância da questão do papel das
mulheres na Igreja. Ele muitas vezes emprega uma
linguagem inadequada aqui; ele pouco conhece sobre
teologia feminina. É algo que ficou visível nestes dez
anos. Portanto, aguardemos para ser se ocorrerá algu-
ma mudança a esse respeito. Em seus documentos e
entrevistas, este não é um tema sobre o qual Francisco
nos deu muito o que pensar. Houve a ideia de que já
fizemos isso, que a questão já foi aceita. Ou que ain-
Massimo Faggioli

da não somos capazes de incorporar, no ensinamento


católico, a teologia feminista, a teologia das mulheres.

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

Trata-se de um ponto em que a maioria dos teólogos de

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


hoje discordaria. Aguardemos para ver se algo vai pro-
gredir nesse sentido, o que faz parte de um panorama
maior sobre o qual escrevi na revista Commonweal há
alguns dias: qual é o papel da teologia no pensamento
do Papa Francisco e da teologia contemporânea?

O Papa Francisco tem uma implementação, e uma


interpretação, muito radical e ousada da melhor teolo-
gia de seu tempo. Ele não é um saudosista, não é con-
servador, então quando lê De Lubac, Congar ou Bal-
thazar, ele não carrega aquele sentimento nostálgico.
Ao mesmo tempo, o Papa Francisco gosta de mostrar
o quão distante ele está da teologia contemporânea ou
dos teólogos contemporâneos, dos teólogos acadêmi-
cos. Isso é algo que pode não ajudar naquilo que ele
está tentando fazer na Igreja porque, gostemos ou não,
por trás ou por dentro de toda visão de reforma cató-
lica há uma teologia, quer estamos cientes ou não. Eis
um aspecto que emergiu e que, creio eu, terá consequ-
ências se uma certa implementação do processo sino-
dal ocorrer sem o apoio dos teólogos. É algo que penso
ter estado presente desde o início do atual pontificado,
a ausência de um certo diálogo e colaboração entre o
Papa Francisco e a teologia católica atual.

Finalmente, nos últimos meses, houve um estilo


de governo mais pessoal e vertical de parte do Papa
Francisco. Algumas escolhas de bispos e cardeais que
ocorreram de uma forma totalmente pessoal, e tal pode
nem sempre ser o melhor critério para fazer escolhas
em termos de recursos humanos. Com o Papa Francis-
co, nem sempre se consideram as consequências insti-
Massimo Faggioli

tucionais de algumas escolhas que parecem peculiares


ou que podem não ajudar no plano de reforma da Igre-

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

ja, ou que podem enviar uma mensagem mista de um

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


papa que governa muito por si mesmo. Por exemplo, o
Papa Francisco convocou o Colégio Cardinalício para
se reunir apenas duas vezes em dez anos. Este é só um
exemplo de um estilo de governo pessoal, muitas vezes
sem a Cúria Romana em alguns tópicos, e tal é uma das
incertezas, ambiguidades ou ambivalências no cami-
nho do Papa Francisco em direção à reforma da Igreja
– e é o principal desafio, acredito, neste momento.

Concluo aqui a minha apresentação e estou ansio-


so para ouvir os seus comentários e perguntas. Muito
obrigado.

***

A seguir, publicamos as perguntas dos participan-


tes da conferência.

Quais perspectivas do papado de Francisco pode-


mos considerar como “assumidas” no nosso contexto
eclesiológico? Esta pergunta se situa no que foi dito
sobre a próxima mudança dos cardeais. Mudam os
cardeais, morre Bento XVI, mas a mentalidade ecle-
sial parece que retarda nas mudanças mais urgentes.

Eu acredito que a essa altura o Papa Francisco já


nomeou a grande maioria dos membros do Colégio
Cardinalício. Não há dúvida de que ele os escolheu
com base em um certa alinhamento ou convergência de
Massimo Faggioli

sensibilidades, especialmente em uma Igreja que preci-


sa ser mais global, mais missionária, uma “grande ten-

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

da” e assim por diante. O significado disso, entretanto,

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


é ainda muito incerto, porque é inevitável, nesse sen-
tido, que quando o Colégio Cardinalício é aberto para
membros de um maior número de países – da África,
Ásia e até da América Latina – há uma maior imprevi-
sibilidade. Um cardeal da Europa ou da América do
Norte é mais previsível, porque há algumas correntes
culturais e teológicas. E sabemos de onde estes prela-
dos vêm de maneira mais clara do que sabemos o his-
tórico, as ideias ou intenções de um cardeal vindo do
Sudeste Asiático, do sul da Ásia, do Oriente Médio ou
da África Central, por exemplo. Claramente, o Colé-
gio Cardinalício está lá, na tradição da Igreja, princi-
palmente para uma coisa: eleger o novo papa. Mas ele
também tem outras funções nas quais o Papa Francisco
não os envolveu muito.

Há uma possível contradição, porque o Papa


Francisco pode nomear esses cargos de importância,
todavia parece que não vai além da nomeação para o
Colégio Cardinalício, que funciona de um modo bas-
tante particular, pelo menos nos conclaves. Portanto,
veremos, no próximo conclave, qual será o resultado
dessas nomeações. Acredito que será mais imprevisí-
vel do que o normal, porque poderemos ter uma ideia
de como este ou aquele cardeal da Europa ou América
do Norte votariam. Mais difícil será prever como um
cardeal de Tonga ou de Myanmar votará.

Penso que um catolicismo global significa um cato-


licismo menos europeu, menos ocidental. Mas, ao mes-
mo tempo, isso não significa automaticamente uma
teologia católica mais progressista. Em alguns casos,
Massimo Faggioli

significa uma teologia mais tradicional. Por quê? Por-


que alguns deles vêm de igrejas pequenas, minoritá-

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

rias em um contexto esmagadoramente muçulmano ou

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


budista, e assim por diante. Dessa forma, um conclave
será, realmente, uma das coisas mais fascinantes de
observar, e ainda é cedo para saber o que haveremos
de ver.

Nós sabemos a importância das igrejas locais


para o Vaticano II e agora para o processo sinodal.
Em seu pontificado, o Papa Francisco entende as rea-
lidades locais e as realidades experienciais como pon-
tos importantes para a renovação, reforma e mudança
de estruturas. Diferentes comunidades e lugares po-
dem encontrar diferentes respostas para diferentes
perguntas. No entanto, o processo sinodal tem sido
vivido de diferentes formas em cada comunidade e
igreja. Algumas vezes, mais perto de Francisco, al-
gumas vezes mais distante. É possível que alguns
lugares tenham progresso nestas questões enquanto
outros, não. Como construir uma recepção positiva e
criativa do processo sinodal em nossas igrejas locais?
Como enxerga a importância do laicato neste proces-
so, como uma estrutura organizada que pode cons-
truir coisas novas a partir de sua realidade, a partir
de baixo?

São perguntas importantes. Com certeza, tem ha-


vido experiências muito diferentes de sinodalidade. Eu
vivo na região da Filadélfia, e as experiências sinodais
aqui têm sido muito limitadas. Portanto, acredito que
aqui precisará haver um impulso, uma energia pro-
veniente de Roma ou do Sínodo, para as igrejas locais
Massimo Faggioli

reviverem muitas das nossas paróquias na região da


Filadélfia. Elas se parecem com as paróquias europeias
dos anos 1950, onde leigos vão apenas para receber os
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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

sacramentos. A prática sacramental, no entanto, ainda é

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


muito forte, mas não há o interesse ou necessidade real
de uma Igreja sinodal. Deve haver, como também acon-
teceu após o Concílio Vaticano II, um impulso vindo de
Roma, do Sínodo. Isso significa que o atual processo si-
nodal ou esta reforma sinodal da Igreja serão vividos de
maneiras muito diversas em diferentes partes do mun-
do.

Se a sinodalidade na região da Filadélfia, por exem-


plo, precisasse se sustentar inteiramente com suas pró-
prias energias, não iria a lugar algum. Ela não existiria.
Portanto, necessitamos de Roma nesse sentido. Isso faz
parte do gênio católico.

Quanto à pergunta sobre o laicato organizado. Exis-


tem diferentes maneiras de os leigos se organizarem ao
redor do mundo. Em um extremo, há a experiência ale-
mã, com o congresso nacional do laicato organizado que
funciona, essencialmente, como um parlamento. Esse é
um exemplo, também devido a condições históricas e
econômicas que permitiram aos leigos trabalhar para a
Igreja. E existem outros exemplos.

No extremo oposto, que poderia ser encontrado nos


Estados Unidos, onde não existe uma organização na-
cional de leigos. Para mim, o grande problema também
nesse contexto normal, é o seguinte: que agora o signi-
ficado de leigos na Igreja mudou radicalmente, porque
na época do Concílio Vaticano II, leigos significavam
aqueles que não são padres – e o fato de eles não serem
ordenados gera uma certa unidade, uma certa coesão.
Portanto, eles se encontram juntos nessa luta de alguma
Massimo Faggioli

forma, contra uma Igreja clerical e assim por diante.

Em algumas Igrejas de outros estados, por exemplo,

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não há coesão alguma entre os leigos. Porque neste

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


país, o fato de eu não ser ordenado não cria essa coe-
são. Tenho isso em comum com uma das católicas mais
influentes deste país, a ex-mulher de Bill Gates, da Mi-
crosoft, Melinda Gates, uma doadora extremamente
influente, que pode gastar muito dinheiro, e ambos
somos leigos. Mas ela e eu vivemos em mundos com-
pletamente diferentes.

Por isso, há uma necessidade de desenvolvimento


da teologia dos leigos advinda do Concílio Vaticano
II, e o Papa Francisco tem pressionado nesse sentido,
mas, ao mesmo tempo, realmente existem condições
socioeconômicas muito diversas dentro das igrejas lo-
cais que dificultam muito dizer que os leigos ativos em
uma paróquia no Brasil são iguais aos leigos que atuam
em uma paróquia nos Estados Unidos, em Cingapura
ou na Indonésia, por exemplo. Este é um dos grandes
desafios da Igreja Católica global, que terá que depen-
der dos leigos cada vez mais. Não há dúvida aqui. Mas
como? Isto ainda resta saber e ser explorado de manei-
ras diferentes nas igrejas locais.

Na perspectiva das reformas, será que o Papa


Francisco promoveria uma reforma no clero no atual
formato, cujos moldes ainda são tridentinos?

O Papa Francisco usou palavras fortes para falar


de um certo tipo de clero ou seminaristas, aos quais ele
empregou o adjetivo “rígido”, como alguém que está
enraizado em uma certa identidade e cultura e não está
de fato aberto à realidade. Ele tem sido bastante claro
Massimo Faggioli

sobre isso. Por outro lado, o Papa Francisco não tem


demonstrado muito interesse, talvez porque seja muito

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complicado para uma reforma do ministério sacerdo-

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


tal. Às vezes, ele deu isso por certo ao dizer que não de-
veríamos ser rígidos por um lado, mas, por outro lado,
os leigos não deveriam ser clericalizados. No entanto,
há uma certa incapacidade de trabalhar por uma nova
ideia do sacerdócio que não foi amplamente reformada
no Concílio Vaticano II e que não mudou muito – um
pouco nos currículos dos seminários, mas o seminário
para a formação dos padres é uma instituição concebi-
da entre o fim do século XVI e no século XVII, há 450
anos, e não mudou muito.

Ainda lidamos com os moldes tridentinos, uma


parte muito importante da hierarquia, estrutura e
cultura católica que veio não do Concílio Vaticano II,
mas do Concílio de Trento, no século XVI. O problema
aqui é como reformar rapidamente, enquanto ao mes-
mo tempo é preciso continuar tendo uma hierarquia e
formar padres. Estamos diante de um quadro extrema-
mente complicado.

Existem experiências feitas localmente, existem al-


guns movimentos neoeclesiais que têm seus próprios
seminários para a formação de padres, como o Cami-
nho Neocatecumenal, a Comunidade de Sant’Egídio. É
muito recente para saber já aonde estas iniciativas irão
chegar, mas o fato é que não há um plano abrangente
de mudanças. Isso é um grande problema porque estes
seminários, nos Estados Unidos, viraram lugares para
a formação de mentalidades ultraconservadoras, com
uma visão bem problemática do Concílio Vaticano II
e das mulheres na Igreja. Isso é um grande problema.
É um tema que, creio, surgirá no Sínodo dos Bispos;
Massimo Faggioli

aguardemos para ver o que aí será dito. Mas claro está


para todos que são honestos, que este é um grande pro-

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

blema na Igreja atualmente.

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


É possível identificar com nitidez grupos interes-
sados em acelerar a renúncia do Papa Francisco? Ou
é apenas uma hipótese ligada à livre decisão do pró-
prio pontífice?

Se houve quem esteve acelerando a renúncia do


Papa Francisco, claro está que não funcionou. Nos últi-
mos meses, Francisco disse que não pretende renunciar
apenas por motivos de idade. Pode acontecer se ele não
for mais capaz. Desde o início o Papa Francisco inspi-
rou uma oposição muito forte contra ele. Um de meus
ex-alunos, infelizmente, publicou, em uma revista on-
-line muito popular nos Estados Unidos, um artigo em
maio de 2013 dizendo que o Papa Francisco poderia ser
um herege. Ele escreveu isso antes mesmo de o papa
começar a fazer qualquer coisa. Portanto, desde o iní-
cio houve certos grupos católicos reacionários e con-
servadores que enxergaram o Papa Francisco como um
herege, como alguém que não pertence, que não sabe o
que está fazendo, e assim por diante.

Acredito que houve uma tentativa em agosto de


2018, cinco anos atrás, quando o ex-núncio papal nos
Estados Unidos, dom Carlo Maria Viganò, fez acusa-
ções muito sérias contra o Papa Francisco, enquanto
muitos bispos disseram que Carlo Viganò é um ho-
mem de grande honra. Foi uma tentativa de destituir
o Papa Francisco e forçá-lo a renunciar. Não creio que
veremos sua renúncia por causa da pressão. Certamen-
te existem grupos políticos, quero dizer, política reli-
Massimo Faggioli

giosa, mas também alguns membros da hierarquia que


estão ligados a grandes doadores, alguns nos Estados

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

Unidos e em outros países, que ficariam felizes em ver

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


o Papa Francisco renunciar.

Eu acho que o Papa Francisco sobreviveu a todas


essas tentativas e isso o fortaleceu. Por isso, hoje ele
se encontra livre para falar da questão da renúncia,
que não é mais vista como sensível, em parte porque
o Papa Bento faleceu. Se lermos o que às vezes dom
Carlo Maria Viganò publica na internet, estaremos re-
almente diante de um caso psiquiátrico. Por sua vez, o
Papa Francisco emergiu como a versão do mesmo ca-
tolicismo comparado a tudo isso.

Portanto, penso que essa questão continuará sendo


debatida, porque o que Bento XVI fez em 2013 chocou
a muitos e ainda é um choque. E o Papa Francisco sabe
disso. Ele está abordando essas questões com muito
cuidado. Mas não o vejo ameaçado ou pressionado da
mesma maneira como alguns tentam. Acredito que ele
está resistindo bastante bem a esses desejos de que ele
renuncie.

Como analisa a presença e o estilo do Papa Fran-


cisco como liderança mundial em relação ao pontifi-
cado de João Paulo II?

É uma pergunta complexa. Acredito que há uma


diferença no estilo em relação ao Papa Bento, porque
este último tentou evitar que a Igreja se envolvesse em
questões sociais e políticas que não faziam parte de sua
escolha, exceto quando se tratava do que era chama-
do de valores não negociáveis, como o aborto e a se-
Massimo Faggioli

xualidade, por exemplo. O Papa Francisco tem feito o


contrário. Ele escolheu falar à Igreja enquanto fala ao
mundo. Sua primeira visita foi a Lampedusa em julho
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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

de 2013, o que representou uma inversão da aborda-

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


gem anterior.

O Papa Francisco e o Papa João Paulo II foram am-


bos líderes globais, mas principalmente porque eram
papas e o papado é um papel e uma função únicos. A
eleição ao papado automaticamente confere uma certa
visibilidade e uma posição de autoridade específicas.
Com certeza, o Papa Francisco concedeu um grande
número de entrevistas – em minha opinião, até demais.
Sim, dessa forma, ele se pôs em uma relação mais dire-
ta com o mundo e com a opinião pública do que seus
antecessores. No entanto, acredito que há mais seme-
lhanças do que diferenças.

Eu gostaria que você aprofundasse a problemáti-


ca daquilo que chamou de milícias digitais católicas.
No Brasil, este problema está cada vez mais grave,
com grupos formados principalmente por leigos e
que os torna ainda mais livres para agir agressiva-
mente defendendo, paradoxalmente, uma suposta
“sinodalidade” em suas ações. Que saídas são possí-
veis para este fenômeno para evitar uma subversão
da ideia de sinodalidade? Como a Igreja institucio-
nal, particularmente os bispos, pode ou deve lidar
com essa problemática?

Esta é uma situação complicada e problemática


porque, como já descrevi e outros também descreve-
ram, não há uma norma que possa deter as milícias
digitais atuantes dentro de grupos católicos. Ninguém
possui jurisdição alguma na internet, na Igreja Católi-
Massimo Faggioli

ca. Em alguns casos, as vozes mais ofensivas vêm dos


bispos e, portanto, eles não estão em posição de auto-

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

ridade para dizer aos fiéis e a estes grupos: “Ora, isso

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


eles podem dizer” ou “ora, isso eles não podem dizer”.

Penso que vivemos no mundo das redes sociais


globais, em um momento de crise. Porque se obser-
varmos o que aconteceu com o Twitter, por exemplo,
nos últimos meses, veremos uma desorganização ou
desmontagem do que era. Estes grupos estão mais dis-
persos do que costumavam estar porque alguns ainda
estão no Twitter, outros em suas próprias plataformas
mais restritas, e assim por diante. Acredito que o que
vimos nas redes sociais, nas mídias digitais nos últimos
quinze anos, mais ou menos, está mudando. Não acho
que esses grupos vão desaparecer. Também acho, no
entanto, que o pior pode já ter passado, porque agora a
desorganização das redes sociais, em plataformas mais
restritas ou plataformas para quem tem uma opinião
específica, está tirando parte do oxigênio que lhes dava
vida. Essa é a minha experiência. Vejo menos conteúdo
deles nas minhas redes sociais, e eu não os bloqueei.
Mas é como a paisagem algorítmica inteira está mu-
dando.

Claro, estes grupos têm um ressentimento contra a


sinodalidade, eles não gostam do Papa Francisco. Mas
acredito que o que vimos nos últimos dez anos foi úni-
co porque foi a Era de Ouro das redes sociais, foi a era
da convivência entre Francisco e Bento. Essas condi-
ções agora mudaram. Uma dúvida que tenho, e estou
realmente curioso para saber, é como eles participarão
deste processo sinodal e o que acontecerá em Roma, os
debates, contribuições e assim por diante.
Massimo Faggioli

Há uma zona cinzenta entre as milícias digitais


desses grupos violentos e as revistas ou canais católi-
cos mais respeitáveis; há uma sobreposição. Teremos
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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

que ver isso, mas acredito que é uma mudança no ce-

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


nário midiático também em termos tecnológicos. Isto
irá gerar um impacto no comportamento dessas pes-
soas. Acredito que eles percebem que não têm mais a
mesma audiência que costumavam ter. Isso tudo pode
mudar, novamente, para pior porque, por exemplo,
Donald Trump poder se reeleger presidente e veremos
muito disso, mas igualmente podemos estar virando
uma esquina em direção a uma nova situação.
Massimo Faggioli

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


Massimo Faggioli

M assimo Faggioli é doutor em His-


tória da Religião e professor de te-
ologia e estudos religiosos da Universida-
de de Villanova, na Filadélfia. Também é
editor colaborador da revista Commonweal.

De sua autoria, destacamos os seguintes livros: Joe


Biden and the Catholicism in the United States (Bayard,
2021); The Liminal Papacy of Pope Francis: Moving
Toward Global Catholicity (Orbis, 2020); Catholicism and
Citizenship: Political Cultures of the Church in the Twen-
ty-First Century (Liturgical Press, 2017); Vaticano II: a
luta pelo sentido (Paulinas, 2013); True Reform: Liturgy
and Ecclesiology in Sacrosanctum Concilium (Liturgical
Press, 2012); e, em espanhol, Historia y evolución de los
movimientos católicos: de León XIII a Benedicto XVI (PPC
Editorial, 2011).

Entrevistas realizadas pelo IHU


com Massimo Faggioli

• Francisco, Biden e os radicais de direita. Relações


entre a polarização na Igreja e na Política. Entre-
vista especial com Massimo Faggioli
• Francisco, a autoridade que tenta frear a rever-
são de conquistas do século XX. Entrevista espe-
cial com Massimo Faggioli
• Bergoglio e Trump: duas formas particulares de
populismo. Entrevista especial com Massimo
Faggioli
Massimo Faggioli

• “Seguidores radicalizados de Reagan venceram


e precisam administrar um governo federal que
eles odeiam”. Entrevista especial com Massimo
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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

Faggioli

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


• “O tesouro da Igreja reside no Evangelho, e não
em uma determinada cultura católica ou em uma
determinada ideia católica do passado”. Entre-
vista especial com Massimo Faggioli
• Papa Francisco nos EUA - Uma avaliação. “Sem
filtros e sem intérpretes”. Entrevista especial com
Massimo Faggioli
• Francisco: o primeiro Papa totalmente pós-Concí-
lio. Entrevista especial com Massimo Faggioli
• “Este é um momento muito delicado para a Igre-
ja”. Entrevista especial com Massimo Faggioli

Artigos de Massimo Faggioli reproduzidos


pelo IHU

• Francisco convida os teólogos católicos a uma


“revolução cultural”. Artigo de Massimo Fag-
gioli
• A jornada sinodal continua. Artigo de Massimo
Faggioli
• Tempos sinodais sombrios: um Sínodo no meio
de uma Terceira Guerra Mundial em pedaços.
Artigo de Massimo Faggioli
• Opção Francisco e a reforma da Igreja. Desafios e
perspectivas. Conferência de Massimo Faggioli
• O Sínodo das “selfies” e a imprensa. Artigo de
Massimo Faggioli
• A sinodalidade e o “tempo de sela” na história
da Igreja. Artigo de Massimo Faggioli
• O Sínodo e a mídia. Artigo de Massimo Faggioli
• Papa Francisco e os “reacionários” católicos dos
EUA. Artigo de Massimo Faggioli
• O gambito da Santa Sé: catolicismo, BRICS e a
ordem liberal. Artigo de Massimo Faggioli
Massimo Faggioli

• O papa, a Cúria e os teólogos. Artigo de Massi-


mo Faggioli
• Entendendo o sentimento e as táticas antissino-
| 33 |
INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

dais. Artigo de Massimo Faggioli

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


• O que a lista dos membros do Sínodo nos diz
sobre o estado atual da Igreja. Artigo de Massi-
mo Faggioli
• O Sínodo como resposta espiritual às fantasias.
Artigo de Massimo Faggioli
• Vaticano II e sinodalidade: uma resposta amigá-
vel a Joan Chittister. Artigo de Massimo Faggioli
• Um Sínodo menos episcopal, mas talvez mais
papal? Artigo de Massimo Faggioli
• Agora, na crise dos abusos da Igreja, quem está
em julgamento é o papado. Artigo de Massimo
Faggioli
• Iniciativas de Francisco para enfrentar a crise dos
abusos sexuais clericais precisam de correções.
Artigo de Massimo Faggioli
• O desaparecimento da teologia acadêmica: onde
está o futuro da “fé em busca de entendimento”?
Artigo de Massimo Faggioli
• Os horizontes cada vez menores do catolicismo
e as expectativas não atendidas do Vaticano II.
Artigo de Massimo Faggioli
• Todos os caminhos levam... ao Sínodo de Roma:
um pouco de sabedoria sinodal. Artigo de Mas-
simo Faggioli
• Papa Francisco e a Ucrânia, 12 meses depois.
Entrevista com Massimo Faggioli
• Sínodo: a virada de uma Igreja eurocêntrica para
uma Igreja global. Artigo de Massimo Faggioli
• Francisco e o Sínodo “elitista” da Alemanha: por
que a crítica do papa é tão surpreendente. Artigo
de Massimo Faggioli
• Os problemas de memória da Igreja: a importân-
cia do passado… e também do presente. Artigo
de Massimo Faggioli
• O catolicismo depois de Ratzinger e o Sínodo so-
bre a sinodalidade. Artigo de Massimo Faggioli
Massimo Faggioli

• Bento XVI “santo súbito”? Artigo de Massimo


Faggioli

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

• Ratzinger e a remodelação do catolicismo pós-

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


-Vaticano II. Artigo de Massimo Faggioli
• A gestão do Vaticano no caso do jesuíta Rupnik
expõe novas dimensões da interminável crise de
abusos. Artigo de Massimo Faggioli
• Agenda Anti-Francisco: os laços da Conferência
dos Bispos dos EUA e o Instituto Napa. Artigo
de Massimo Faggioli
• Exculturação: como o catolicismo passou a ser
visto como o inimigo. Artigo de Massimo Fag-
gioli
• Rumo ao Ano Santo de 2025: do triunfalismo à
“triste époque”. Artigo de Massimo Faggioli
• Sínodo: a virada de uma Igreja eurocêntrica para
uma Igreja global. Artigo de Massimo Faggioli
• Francisco e o Sínodo “elitista” da Alemanha: por
que a crítica do papa é tão surpreendente. Artigo
de Massimo Faggioli
• Os problemas de memória da Igreja: a importân-
cia do passado… e também do presente. Artigo
de Massimo Faggioli
• O catolicismo depois de Ratzinger e o Sínodo so-
bre a sinodalidade. Artigo de Massimo Faggioli
• Sinodalidade e o desafio de governar uma Igreja
Católica globalizada. Artigo de Massimo Faggioli
• Uma nova fase estadunidense para Francisco.
Artigo de Massimo Faggioli
• Como acabar com as hostilidades entre católicos
polarizados. Artigo de Massimo Faggioli
• Exortação ‘’Gaudete et exsultate’’: o diabo versus
a classe média da santidade. Artigo de Massimo
Faggioli
• Os departamentos de teologia católica têm futu-
ro? Uma resposta a Massimo Faggioli
• Sinodalidade e seus perigos: pequenos passos
rumo a uma Igreja mais representativa. Artigo de
Massimo Faggioli
Massimo Faggioli

• Perdidos na transição: Francisco, Bento XVI e o


conclave que não acabou. Artigo de Massimo

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

Faggioli

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


• Cinco anos de Francisco, o Papa do Querigma.
Entrevista com Massimo Faggioli
• Por que a liturgia é tão importante para a comu-
nhão. Artigo de Massimo Faggioli
• A crise dos abusos sexuais à luz da eclesiologia e
da reforma da Igreja. Artigo de Massimo Faggioli
• O problema é a democracia? O retorno do antili-
beralismo católico. Artigo de Massimo Faggioli
• Uma ‘’reforma da reforma’’ diferente: Papa
Francisco e a Cúria Romana. Artigo de Massimo
Faggioli
• Francisco e EUA. Fora de equilíbrio. Artigo de
Massimo Faggioli
• Da Utopia à Retrotopia: lições de 1968, cinquenta
anos depois. Artigo de Massimo Faggioli
• Antes era melhor? Artigo de Massimo Faggioli
• Papa Francisco, católicos neotradicionalistas e
o legado de Bento XVI. Artigo de Massimo Fa-
ggioli
• A nova arte do ‘Pope-Watching’. Artigo de Mas-
simo Faggioli
• A ‘’correção filial’’ e as questões litúrgicas. Arti-
go de Massimo Faggioli
• Cibermilícias católicas e as novas censuras. Arti-
go de Massimo Faggioli
• Novo documento papal sobre liturgia: quem
esteve envolvido e o que isso nos diz. Artigo de
Massimo Faggioli
• O fim da era Pell, a pedofilia e o futuro Conselho
Plenário da Igreja australiana. Artigo de Massi-
mo Faggioli
• Qual o futuro das relações EUA-Vaticano em um
mundo pós-estadunidense? Artigo de Massimo
Faggioli
• Desde janeiro, a presidência dos EUA é teológica
e moralmente “sede vacante”. Artigo de Massi-
Massimo Faggioli

mo Faggioli
• Bergoglio e Trump: duas formas particulares de

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

populismo. Entrevista especial com Massimo

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


Faggioli
• Francisco e o G20: um catolicismo universal
cada vez mais “sem lugar”. Artigo de Massimo
Faggioli
• Francisco e Trump: distensão, e não armistício.
Artigo de Massimo Faggioli
• Papa Francisco no Egito: por que o ecumenismo
é necessário. Artigo de Massimo Faggioli
• Francisco no Egito: diálogo e cidadania das reli-
giões. Artigo de Massimo Faggioli
• Tradicionalismo católico, antigo e novo: por que
Francisco está indo ao encontro dos lefebvrianos.
Artigo de Massimo Faggioli
• A manobra imprudente de Trump para evitar o
papa. Artigo de Massimo Faggioli
• “Pós-verdade” e história da Igreja. O que aconte-
ceu X O que não aconteceu. Artigo de Massimo
Faggioli
• Um mês depois, uma capa de chumbo envolve os
Estados Unidos. Artigo de Massimo Faggioli

Eventos com Massimo Faggioli no IHU


• A Opção Francisco e a reforma da Igreja. Desa-
fios e perspectivas
• Francisco, Biden e os radicais de direita. Relações
entre a polarização na Igreja e na Política
• XVIII Simpósio Internacional IHU. A virada pro-
fética de Francisco. Possibilidades e limites para
o futuro da Igreja no mundo contemporâneo
• II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vati-
cano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das
transformações tecnocientíficas e socioculturais
da contemporaneidade

Publicação de Massimo Faggioli no IHU


Massimo Faggioli

• “Gaudium et Spes” 50 anos depois: seu


sentido para uma Igreja aprendente. Artigo

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de Massimo Faggioli. Cadernos Teologia

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


Pública Nº. 95

• A universalidade e o (não) lugar político da


Igreja no mundo de hoje. A eclesiologia da
globalização de Francisco. Artigo de Mas-
simo Faggioli. Cadernos Teologia Pública
Nº. 134
Massimo Faggioli

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CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


N. 1 Hermenêutica da tradição cristã no limiar do século XXI – Johan Konings, SJ
N. 2 Teologia e Espiritualidade. Uma leitura Teológico-Espiritual a partir da Realidade do
Movimento Ecológico e Feminista – Maria Clara Bingemer
N. 3 A Teologia e a Origem da Universidade – Martin N. Dreher
N. 4 No Quarentenário da Lumen Gentium – Frei Boaventura Kloppenburg, OFM
N. 5 Conceito e Missão da Teologia em Karl Rahner – Érico João Hammes
N. 6 Teologia e Diálogo Inter-Religioso – Cleusa Maria Andreatta
N. 7 Transformações recentes e prospectivas de futuro para a ética teológica – José Roque
Junges, SJ
N. 8 Teologia e literatura: profetismo secular em “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos – Car-
los Ribeiro Caldas Filho
N. 9 Diálogo inter-religioso: Dos “cristãos anônimos” às teologias das religiões - Rudolf
Eduard von Sinner
N. 10 O Deus de todos os nomes e o diálogo inter-religioso – Michael Amaladoss, SJ
N. 11 A teologia em situação de pós-modernidade – Geraldo Luiz De Mori, SJ
N. 12 Teologia e Comunicação: reflexões sobre o tema – Pedro Gilberto Gomes, SJ
N. 13 Teologia e Ciências Sociais – Orivaldo Pimentel Lopes Júnior
N. 14 Teologia e Bioética – Santiago Roldán García
N. 15 Fundamentação Teológica dos Direitos Humanos – David Eduardo Lara Corredor
N. 16 Contextualização do Concílio Vaticano II e seu desenvolvimento – João Batista Li-
bânio, SJ
N. 17 Por uma Nova Razão Teológica. A Teologia na Pós-Modernidade – Paulo Sérgio Lo-
pes Gonçalves
N. 18 Do ter missões ao ser missionário – Contexto e texto do Decreto Ad Gentes revisitado
40 anos depois do Vaticano II – Paulo Suess
N. 19 A teologia na universidade do século XXI segundo Wolfhart Pannenberg – 1ª parte
– Manfred Zeuch
N. 20 A teologia na universidade do século XXI segundo Wolfhart Pannenberg – 2ª parte
– Manfred Zeuch
N. 21 Bento XVI e Hans Küng. Contexto e perspectivas do encontro em Castel Gandolfo
– Karl-Josef Kuschel
N. 22 Terra habitável: um desafio para a teologia e a espiritualidade cristãs – Jacques Ar-
nould
N. 23 Da possibilidade de morte da Terra à afirmação da vida. A teologia ecológica de Jür-
gen Moltmann – Paulo Sérgio Lopes Gonçalves
N. 24 O estudo teológico da religião: Uma aproximação hermenêutica – Walter Ferreira
Salles
N. 25 A historicidade da revelação e a sacramentalidade do mundo – o legado do Vaticano
II – Frei Sinivaldo S. Tavares, OFM
N. 26 Um olhar Teopoético: Teologia e cinema em O Sacrifício, de Andrei Tarkovski – Joe
Marçal Gonçalves dos Santos
N. 27 Música e Teologia em Johann Sebastian Bach – Christoph Theobald
N. 28 Fundamentação atual dos direitos humanos entre judeus, cristãos e muçulmanos: aná-
lises comparativas entre as religiões e problemas – Karl-Josef Kuschel
Massimo Faggioli

N. 29 Na fragilidade de Deus a esperança das vítimas. Um estudo da cristologia de Jon


Sobrino – Ana María Formoso
N. 30 Espiritualidade e respeito à diversidade – Juan José Tamayo-Acosta

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N. 31 A moral após o individualismo: a anarquia dos valores – Paul Valadier

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N. 32 Ética, alteridade e transcendência – Nilo Ribeiro Junior
N. 33 Religiões mundiais e Ethos Mundial – Hans Küng
N. 34 O Deus vivo nas vozes das mulheres – Elisabeth A. Johnson
N. 35 Posição pós-metafísica & inteligência da fé: apontamentos para uma outra estética
teológica – Vitor Hugo Mendes
N. 36 Conferência Episcopal de Medellín: 40 anos depois – Joseph Comblin
N. 37 Nas pegadas de Medellín: as opções de Puebla – João Batista Libânio
N. 38 O cristianismo mundial e a missão cristã são compatíveis?: insights ou percepções das
Igrejas asiáticas – Peter C. Phan
N. 39 Caminhar descalço sobre pedras: uma releitura da Conferência de Santo Domingo
– Paulo Suess
N. 40 Conferência de Aparecida: caminhos e perspectivas da Igreja Latino-Americana e
Caribenha – Benedito Ferraro
N. 41 Espiritualidade cristã na pós-modernidade – Ildo Perondi
N. 42 Contribuições da Espiritualidade Franciscana no cuidado com a vida humana e o
planeta – Ildo Perondi
N. 43 A Cristologia das Conferências do Celam – Vanildo Luiz Zugno
N. 44 A origem da vida – Hans Küng
N. 45 Narrar a Ressurreição na pós-modernidade. Um estudo do pensamento de Andrés
Torres Queiruga – Maria Cristina Giani
N. 46 Ciência e Espiritualidade – Jean-Michel Maldamé
N. 47 Marcos e perspectivas de uma Catequese Latino-americana – Antônio Cechin
N. 48 Ética global para o século XXI: o olhar de Hans Küng e Leonardo Boff – Águeda
Bichels
N. 49 Os relatos do Natal no Alcorão (Sura 19,1-38; 3,35-49): Possibilidades e limites de um
diálogo entre cristãos e muçulmanos – Karl-Josef Kuschel
N. 50 “Ite, missa est!”: A Eucaristia como compromisso para a missão – Cesare Giraudo, SJ
N. 51 O Deus vivo em perspectiva cósmica – Elizabeth A. Johnson
N. 52 Eucaristia e Ecologia – Denis Edwards
N. 53 Escatologia, militância e universalidade: Leituras políticas de São Paulo hoje – José
A. Zamora
N. 54 Mater et Magistra – 50 Anos – Entrevista com o Prof. Dr. José Oscar Beozzo
N. 55 São Paulo contra as mulheres? Afirmação e declínio da mulher cristã no século I –
Daniel Marguerat
N. 56 Igreja Introvertida: Dossiê sobre o Motu Proprio “Summorum Pontificum” – Andrea
Grillo
N. 57 Perdendo e encontrando a Criação na tradição cristã – Elizabeth A. Johnson
N. 58 As narrativas de Deus numa sociedadepós-metafísica: O cristianismo como estilo –
Christoph Theobald
N. 59 Deus e a criação em uma era científica – William R. Stoeger
N. 60 Razão e fé em tempos de pós-modernidade – Franklin Leopoldo e Silva
N. 61 Narrar Deus: Meu caminho como teólogo com a literatura – Karl-Josef Kuschel
Massimo Faggioli

N. 62 Wittgenstein e a religião: A crença religiosa e o milagre entre fé e superstição – Luigi


Perissinotto
N. 63 A crise na narração cristã de Deus e o encontro de religiões em um mundo pós-me-
tafísico – Felix Wilfred

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N. 64 Narrar Deus a partir da cosmologia contemporânea – François Euvé

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


N. 65 O Livro de Deus na obra de Dante: Uma releitura na Baixa Modernidade – Marco
Lucchesi
N. 66 Discurso feminista sobre o divino em um mundo pós-moderno – Mary E. Hunt
N. 67 Silêncio do deserto, silêncio de Deus – Alexander Nava
N. 68 Narrar Deus nos dias de hoje: possibilidades e limites – Jean-Louis Schlegel
N. 69 (Im)possibilidades de narrar Deus hoje: uma reflexão a partir da teologia atual – De-
gislando Nóbrega de Lima
N. 70 Deus digital, religiosidade online, fiel conectado: Estudos sobre religião e internet –
Moisés Sbardelotto
N. 71 Rumo a uma nova configuração eclesial – Mario de França Miranda
N. 72 Crise da racionalidade, crise da religião – Paul Valadier
N. 73 O Mistério da Igreja na era das mídias digitais – Antonio Spadaro
N. 74 O seguimento de Cristo numa era científica – Roger Haight
N. 75 O pluralismo religioso e a igreja como mistério: A eclesiologia na perspectiva inter-
-religiosa – Peter C. Phan
N. 76 50 anos depois do Concílio Vaticano II: indicações para a semântica religiosa do fu-
turo – José Maria Vigil
N. 77 As grandes intuições de futuro do Concílio Vaticano II: a favor de uma “gramática
gerativa” das relações entre Evangelho, sociedade e Igreja – Christoph Theobald
N. 78 As implicações da evolução científica para a semântica da fé cristã – George V. Coyne
N. 79 Papa Francisco no Brasil – alguns olhares
N. 80 A fraternidade nas narrativas do Gênesis: Dificuldades e possibilidades – André Wé-
nin
N. 81 Há 50 anos houve um concílio...: significado do Vaticano II – Victor Codina
N. 82 O lugar da mulher nos escritos de Paulo – Eduardo de la Serna
N. 83 A Providência dos Profetas: uma Leitura da Doutrina da Ação Divina na Bíblia He-
braica a partir de Abraham Joshua Heschel – Élcio Verçosa Filho
N. 84 O desencantamento da experiência religiosa contemporânea em House: “creia no que
quiser, mas não seja idiota” – Renato Ferreira Machado
N. 85 Interpretações polissêmicas: um balanço sobre a Teologia da Libertação na produção
acadêmica – Alexandra Lima da Silva & Rhaissa Marques Botelho Lobo
N. 86 Diálogo inter-religioso: 50 anos após o Vaticano II – Peter C. Phan
N. 87 O feminino no Gênesis: A partir de Gn 2,18-25 – André Wénin
N. 88 Política e perversão: Paulo segundo Žižek – Adam Kotsko
N. 89 O grito de Jesus na cruz e o silêncio de Deus. Reflexões teológicas a partir de Marcos
15,33-39 – Francine Bigaouette, Alexander Nava e Carlos Arthur Dreher
N. 90 A espiritualidade humanística do Vaticano II: Uma redefinição do que um concílio
deveria fazer – John W. O’Malley
N. 91 Religiões brasileiras no exterior e missão reversa – Vol. 1 – Alberto Groisman, Ale-
jandro Frigerio, Brenda Carranza, Carmen Sílvia Rial, Cristina Rocha, Manuel A. Vásquez
e Ushi Arakaki
N. 92 A revelação da “morte de Deus” e a teologia materialista de Slavoj Žižek – Adam
Kotsko
N. 93 O êxito das teologias da libertação e as teologias americanas contemporâneas – José
Massimo Faggioli

Oscar Beozzo
N. 94 Vaticano II: a crise, a resolução, o fator Francisco – John O’Malley
N. 95 “Gaudium et Spes” 50 anos depois: seu sentido para uma Igreja aprendente – Mas-
simo Faggioli

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N. 96 As potencialidades de futuro da Constituição Pastoral

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


N. 97 500 Anos da Reforma: Luteranismo e Cultura nas Américas – Vítor Westhelle
N. 98 O Concílio Vaticano II e o aggiornamento da Igreja – No centro da experiência:a litur-
gia, uma leitura contextual da Escritura e o diálogo – Gilles Routhier
N. 99 Pensar o humano em diálogo crítico com a Constituição Gaudium et Spes – Geraldo
Luiz De Mori
N. 100 O Vaticano II e a Escatologia Cristã: Ensaio a partir de leitura teológico-pastoral da
Gaudium et Spes – Afonso Murad
N. 101 Concílio Vaticano II: o diálogo na Igreja e a Igreja do Diálogo – Elias Wolff
N. 102 A Constituição Dogmática Dei Verbum e o Concílio Vaticano II – Flávio Martinez
de Oliveira
N. 103 O pacto das catacumbas e a Igreja dos pobres hoje! – Emerson Sbardelotti Tavares
N. 104 A exortação apostólica Evangelii Gaudium: Esboço de uma interpretação original do
Concílio Vaticano II – Christoph Theobald
N. 105 Misericórdia, Amor, Bondade: A Misericórdia que Deus quer – Ney Brasil Pereira
N. 106 Eclesialidade, Novas Comunidades e Concílio Vaticano II: As Novas Comunidades
como uma forma de autorrealização da Igreja – Rejane Maria Dias de Castro Bins
N. 107 O Vaticano II e a inserção de categorias históricas na teologia – Antonio Manzatto
N. 108 Morte como descanso eterno – Luís Inacio João Stadelmann
N. 109 Cuidado da Criação e Justiça Ecológica-Climática. Uma perspectiva teológica e ecu-
mênica – Guillermo Kerber
N. 110 A Encíclica Laudato Si’ e os animais - Gilmar Zampieri
N. 111 O vínculo conjugal na sociedade aberta. Repensamentos à luz de Dignitatis Humanae
e Amoris Laetitia – Andrea Grillo
N. 112 O ensino social da Igreja segundo o Papa Francisco – Christoph Theobald
N. 113 Lutero, Justiça Social e Poder Político: Aproximações teológicas a partir de alguns de
seus escritos – Roberto E. Zwetsch
N. 114 Laudato Si’, o pensamento de Morin e a complexidade da realidade – Giuseppe
Fumarco
N. 115 A condição paradoxal do perdão e da misericórdia. Desdobramentos éticos e impli-
cações políticas – Castor Bartolomé Ruiz
N. 116 A Igreja em um contexto de “Reforma digital”: rumo a um sensus fidelium digitalis?
Moisés Sbardelotto
N. 117 Laudato Si’ e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: uma convergência? –
Gaël Giraud e Philippe Orliange
N. 118 Misericórdia, Compaixão e Amor: O rosto de Deus no Evangelho de Lucas – Ildo
Perondi e Fabrizio Zandonadi Catenassi
N. 119 A constituição da Dignidade Humana: aportes para uma discussão pós-metafísica –
Thyeles Moratti Precilio Borcarte Strelhow
N. 120 Renovação do espaço público: pentecostalismo e missão em perspectiva política –
Amos Yong
N. 121 Viver as Bem-aventuranças numa Igreja em saída – Tea Frigerio
N. 122 Ser e Agir, o Reino e a Glória: a Oikonomia Trinitária e a bipolaridade da máquina
governamental – Colby Dickinson
N. 123 A sensibilidade religiosa de Thoreau – Edward F. Mooney
N. 124 Diáconas na Igreja Maronita – Phyllis Zagano
Massimo Faggioli

N. 125 Comportamentos normatizados e a noção de profanação: uma reflexão em Giorgio


Agamben – Claudio de Oliveira Ribeiro
N. 126 Teologalidade das resistências e lutas populares – Francisco de Aquino Júnior

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

N. 127 A glória como arcano central do poder e os vínculos entre oikonomia, governo e

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


gestão – Colby Dickinson
N. 128 O Princípio Pluralista – Claudio de Oliveira Ribeiro
N. 129 Deus e o Diabo na política: compaixão e vocação profética – Ivone Gebara
N. 130 Deslocamentos genealógicos da economia teológica segundo Agamben – Joel De-
cothé Junior
N. 131 A Heterodoxia do Pseudo-Dionísio: hierarquia e burocracia na Teologia Medieval –
Gerson Leite de Moraes e Daniel Nagao Menezes
N. 132 O pensamento de Jorge Mario Bergoglio. Os desafios da Igreja no mundo contem-
porâneos – Massimo Borghesi
N. 133 Os documentos eclesiais pós-sinodais “Familiaris Consortio” de Wojtyla e “Amoris
Laetitia” de Bergoglio como respostas aos desafios da pastoral matrimonial – José Roque
Junges
N. 134 A universalidade e o (não) lugar político da Igreja no mundo de hoje. A eclesiologia
da globalização de Francisco – Massimo Faggioli
N. 135 A ética social do Papa Francisco: O Evangelho da misericórdia segundo o espírito de
discernimento – Juan Carlos Scannone S.I.
N. 136 Amoris Laetitia: aspectos antropológicos e metodológicos e suas implicações para a
teologia moral – Todd A. Salzman e Michael G. Lawler
N. 137 A Teologia da Missão à luz da Exortação Apostólica Evangelii gaudium – Paulo
Suess
N. 138 O pontificado de Francisco e o laicato na missão da Igreja hoje. Avanços e impasses
da “parrésia eclesial” – Andrea Grillo
N. 139 A Opção de Francisco: como evangelizar um mundo em mudança? – Austen Ivereigh
N. 140 A liturgia, 50 anos depois do Concílio Vaticano II: marcos, desafios, perspectivas
– Andrea Grillo
N. 141 Franciscus non cantat: Um discurso, alguns percursos e ressonâncias acerca da músi-
ca litúrgica pós-conciliar – Márcio Antônio de Almeida
N. 142 Para além do limiar do Templo: apontamentos éticos para uma pastoral em modo
on-line – Thiago Isaias Nóbrega de Lucena e José Joanees Souza Oliveira
N. 143 A Conversão de Agostinho de Hipona, interpretada em reflexões sobre a expressão
Intellige Ut Credas – Orlando Polidoro Junior
N. 144 Teologia Pública e Práxis Pastoral: considerações em vista de uma Pastoral Pública
- Luis Carlos Dalla Rosa
N. 145 O debate sobre o princípio pluralista: um balanço das reflexões sobre o princípio
pluralista e suas aplicações - Claudio de Oliveira Ribeiro
N. 146 Juventudes e vivência ecumênica - Rosemary Fernandes da Costa
N. 147 Igreja e evangelização: provocações da pandemia. Parte I - O fim de um mundo? -
Geraldo De Mori, Lucimara Trevizan e Edward Guimarães
N. 148 Igreja e evangelização: provocações da pandemia. Parte II - As dores do parto - Geral-
do De Mori, Lucimara Trevizan e Edward Guimarães
N. 149 Igreja e evangelização: provocações da pandemia. Parte III - Vinho novo, odres novos
- Geraldo De Mori, Lucimara Trevizan e Edward Guimarães
N. 150 O Papa Francisco, a Igreja e a ética teológica. Alguma coisa mudou? - Michael G.
Lawler e Todd A. Salzman
N. 151 Igreja em saída para as periferias sociais e existenciais. O problema espiritual da
missão - Rogério L. Zanini
N. 152 Fratelli Tutti: um guia de leitura - Gilmar Zampieri
Massimo Faggioli

N. 153 A Igreja e as uniões do mesmo sexo: O Responsum e suas implicações pastorais -


Michael G. Lawler e Todd A. Salzman
N. 154 A Igreja e a união de pessoas do mesmo sexo: O Responsum e a possibilidade de
novas abordagens - Andrea Grillo

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INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU

N. 155 Gustavo Gutierrez: servidor dos pequenos e teólogo da libertação - José Oscar Beozzo

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA Nº 172


N. 156 O ensino moral da Igreja no pontificado do Papa Francisco: avanços, desafios e pers-
pectivas - Todd A. Salzman e Michael G. Lawler
N. 157 Razão pública e sociedade pós-secular: o diálogo entre cidadãos religiosos e seculari-
zados no pensamento de Jürgen Habermas - Emerson Silva
N. 158 Valores cristãos, valores seculares e por que eles precisarão um do outro na década
de 2020 - Alec Ryrie
N. 159 O grito de abandono de Jesus na cruz e o silêncio de Deus: reflexões à luz do Evange-
lho de Marcos - Junior Vasconcelos do Amaral
N. 160 O pós-teísmo como superação dialética do teísmo - Santiago Villamayor
N. 161 A fé cristã na ressurreição e a crise da linguagem religiosa na pós-modernidade -
Ferdinando Sudati
N. 162 O rio e a cisterna. Superar permanentemente toda forma de teísmo - Paolo Scquizzato
N. 163 Diante de um cristianismo moribundo, a proposta de um cristianismo adulto: um
olhar sobre o pós-teísmo - Beatrice Iacopini
N. 164 “Gloria Victis – ainda que tarde!” Pelo reconhecimento de santidade de São Sepé Tia-
raju - Luiz Carlos Susin
N. 165 O Sínodo da Amazônia, Querida Amazonia e as mulheres - Phyllis Zagano
N. 166 O cristianismo e a revelação de Deus em tempos de irrelevância cristã - Francesco
Cosentino
N. 167 O magistério do Papa Francisco em tempos de guerra - Andreas Gonçalves Lind
N. 168 Thomas Merton, leitor de Sigmund Freud e Carl Jung - Nilson Perissé
N. 169 Meu Cristo Mutilado. Fundamento de minhas esperanças - Pedro Gilberto Gomes
N. 170 A “Opção Francisco” e o caminho da sinodalidade - Phyllis Zagano
N. 171 Uma realidade para além da vontade: Agostinho, IA e a vindicação da teofania -
Jordan Joseph Wales
Massimo Faggioli

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