Relatorio Economiacircular Path
Relatorio Economiacircular Path
Relatorio Economiacircular Path
ECONOMIA
LA
CIRCULAR
NO
FESTIVAL
TO
PATH
2018
FESTIVAL
PATH
por Léa Gejer
Este ano eu tive a honra de ser uma das curadoras do Festival Path
com o tema de Economia Circular! Nós conseguimos – de forma
inédita no Brasil - criar um percurso sobre esse assunto com os
principais atores da área no decorrer dos dois dias do festival. Foram
convidados empreendedores, designers, arquitetos, engenheiros,
acadêmicos e ambientalistas, que vêm trabalhando na transição
para um futuro mais positivo e circular.
10 24
Luciene Antunes
CIRCULANDO SERVIÇOS
REVOLUÇÃO DIGITAL E RECURSOS EM
E DESENVOLVIMENTO COMUNIDADES REMOTAS
SUSTENTÁVEL André Dias
Fabiana Dias
Ricardo Abramovay Felipe Pinheiros
12 27
Unai Arrieta Salgado
15 29
Alexandre Gobbo Fernandes Guilherme Castagna
18 31
O QUE VEM DA TERRA
UM FUTURO INSPIRADO É DA TERRA: PROJETOS
NA NATUREZA REGENERADORES
Giane Brocco Felipe Pacheco
Léa Gejer Adriano Campos
Fernando Pecoraro
Onofre de Araujo Neto
Dia 1
Dia 1
A revolução
começa pelo
com: Christian Ullmann
prato: o que
comemos muda o
mundo
O circuito começou logo pela manhã, às 11h15, com duas palestras da nossa
curadoria acontecendo simultaneamente. No Instituto Tomie Ohtake, o designer
porteño Christian Ullmann, do IED - Instituto Europeu de Design falou sobre food
design na apresentação “A revolução começa pelo prato: o que comemos muda
o mundo”.
“Fudiquê?”, brincou, ao dizer que o food design é muito mais do que apenas
apresentação de pratos. Ele fez uma relação dos objetivos de desenvolvimento
sustentável na agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030
e apontou que praticamente todos estão diretamente relacionados com
alimentação, em suas mais diferentes esferas, mostrando que o papel da comida
está muito além de nos alimentar biologicamente. Ela tem o poder de conectar
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pessoas e culturas e é um fortíssimo
indicador social.
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cinco delas: trigo, milho, feijão, cana de açúcar e soja. O designer apontou que
repensar esse modelo também é fundamental, e levantou ainda questões como
o papel do design de embalagens, a impressão 3D e como até os insetos podem
se tornar protagonistas nos nossos pratos. “Fudiquê?”
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Revolução
digital e
com: Ricardo Abramovay
desenvolvimento
sustentável
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Partindo desse ponto, o desenvolvimento
sustentável deve ser encarado como valor,
o mais importante do século XXI, partindo
do pressuposto que seu objetivo maior é a
expansão da liberdade dos seres humanos
e do bem-estar social. O propósito deve
guiar os negócios e a tecnologia, sendo
a economia e os bens materiais apenas
os meios para alcançar esse objetivo. As
empresas precisam dar atenção aos cinco
fatores que mais sofrem modificações por
meio das suas ações: biodiversidade, uso
do solo, emissão de gases de efeito estufa,
água e poluição do ar. E o caminho para a
mudança está na modificação da lógica de
produção principalmente dos alimentos,
dos combustíveis e das roupas, bens
fundamentais para a sociedade hoje.
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O que vem da
indústria volta
com: Linda de Oliveira
Érika Raísa Duarte
Alexandre Gobbo
para a indústria:
fechando ciclos
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pensamento Cradle to Cradle, em especial o
primeiro, que trata resíduos como nutrientes,
e que era o contexto daquela mesa sobre a
circulação de materiais industriais do ciclo
técnico.
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os parceiros corretos, formando assim uma rede circular. Para ela, o downcycle
ainda continua sendo o maior desafio para a economia circular, e foram citados
os 3 Cs que dificultam a reciclagem:
Cola: a cola não sai manualmente, só consegue ser removida por métodos
químicos, que dificultam e encarecem o processo.
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Internet das
coisas para a
com: Regina Magalhães
sustentabilidade
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Eficiência energética: uso mais inteligente e
racional do consumo de energia de maneira
que as empresas possam fazer uma gestão.
Como exemplo, citou o Bradesco, um dos
clientes da empresa, na qual o gestor pode
controlar o consumo de energia de todas a
agências do Brasil por meio de um celular.
Como um segundo exemplo, a palestrante
comentou sobre a própria sala onde
estávamos. Segundo ela, se houvesse um
sistema de automação no local, a iluminação
do ambiente poderia ser controlada conforme
a quantidade de pessoas, reduzindo o
consumo de energia.
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estão sendo emitidos pelas indústrias. Sistemas que geram essas informações
poderiam ser controlados por empresas ou poder público e consultados pela
sociedade.
Controle de riscos ambientais: a IoT pode ser aplicada para prevenir e remediar
os riscos. O acidente de Mariana, por exemplo, poderia ter sido evitado se a
barragem tivesse sensores medidores de vibração que mandassem sinais para
a empresa e a comunidade. Isso possibilitaria a intervenção e diminuição dos
riscos, que ainda existem na maioria das áreas de mineração do país.
Essas tecnologias já são uma realidade e estão cada vez mais presentes em
grandes e pequenas empresas que desenvolvem soluções de acordo com suas
necessidades. Estima-se que mais de 80% dos projetos e empresas que utilizam
IoT tenham potencial de impactar positivamente o ecossistema ambiental e
social. Os exemplos mostram os avanços alcançados e os impactos positivos que
eles podem trazer. Porém, ainda há um caminho de processo de regulamentação
dessas tecnologias a ser enfrentado, e como garantir a privacidade dos dados e
das pessoas em um mundo cada vez mais conectado.
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Um futuro
inspirado na
com: Giane Brocco
Léa Gejer
natureza
Às 15h foi a vez da mesa “Um futuro inspirado na natureza”. Aqui, a Léa Gejer,
co-fundadora da Ideia Circular e da Flock falou sobre por que o modo linear
de produção e consumo que temos hoje não é mais viável e sobre como as
novas tecnologias devem ser inspiradas e potencializadas pelo conhecimento
da natureza. A economia circular torna-se possível se entendermos que os
materiais têm um valor intrínseco. Eles podem ser renovados indefinidamente
se projetados com qualidade e com intenção de retornar aos seus ciclos, sejam
eles biológicos ou técnicos.
Para isso, apresentou o design Cradle to Cradle, ou “do berço ao berço”, uma
abordagem que vem como oposição ao modelo linear, que direciona os recursos
“do berço ao túmulo”. Uma vez que o modelo de pensamento não é mais o de
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produzir e depois gerir, mitigar e reduzir, o
próprio conceito de lixo é eliminado, tornando
o processo efetivamente circular.
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Como
habitaremos
com: Katia Sartorelli
Yorik van Havre
Mariana Duarte
no futuro? Luciene Antunes
A última atividade do dia foi a mesa “Como habitaremos no futuro?”, mediada pela
jornalista Luciene Antunes. Começou com a arquiteta Katia Sartorelli contando
sobre o processo de construção, em parceria com a Léa Gejer, da Casa Circular,
que, como o nome diz, é uma alternativa de construção inspirada no Cradle to
Cradle e desenhada para economia circular. A casa foi planejada como um banco
de materiais, priorizando a otimização contínua dos recursos envolvidos. São
muitas as diferenças entre esse tipo de construção e o tradicional, mas o que
separa esses modelos definitivamente é o questionamento: “e depois?”. Nessa
casa, houve cuidado desde o projeto até a construção, para que os recursos
utilizados possam continuar circulando de maneira segura e saudável tanto para
a natureza quanto para os seres humanos.
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Diretamente de Brasília, a engenheira
Mariana Duarte apresentou a sua startup,
a InovaHouse3d, que desenvolve e aplica
impressão 3D para a construção civil. Ela
mostrou a trajetória da empresa e como a
tecnologia, que ainda está em evolução, tem
se mostrado cada vez mais uma realidade no
mundo da construção. Segundo Mariana, a
construção 3D pode ser uma solução muito
viável para conter o déficit habitacional. As
vantagens da tecnologia são a rapidez de
montagem das construções, além da não
geração de resíduos e desperdícios, uma vez
que o material é usado sob demanda para
cada projeto.
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na qual foi debatido como essas novas tecnologias podem contribuir para o
acesso universal à habitação. Foram tocados os pontos do papel da profissão de
arquiteto dentro da quebra de paradigma proposta por essas novas tecnologias;
o domínio das grandes construtoras; a percepção cultural que as pessoas têm
da “casa ideal”, que precisa ser repensada; e a regulamentação desses novos
processos construtivos pelo poder público.
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Dia 2
Dia 2
Circulando
serviços e
com: André Dias
Fabiana Dias
Felipe Pinheiro
recursos em Unai Arrieta Salgado
comunidades
remotas
O primeiro a apresentar seu case foi Unai Arrieta Salgado, que contou um pouco
sobre algumas experiências internacionais em países da África e América Latina.
A empresa em que trabalha, a Trama TecnoAmbiental, tem o foco em projetos
urbanos e rurais de distribuição de energia de fontes renováveis em comunidades
remotas. Pautando os principais eixos de atuação da empresa - acesso à energia,
serviços, distribuição e benefícios, o engenheiro citou um caso de atuação em
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Cabo Verde, onde desenvolveu e executou
um projeto de geração de energia por meio
de painéis solares, instalados na quadra de
uma escola. Enquanto a área de recreação
dos alunos passou a ser protegida do sol, o
telhado produzia energia capaz de manter
o comércio funcionando durante a noite,
trazendo serviços que beneficiassem de
diferentes formas a comunidade local.
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inovação que já acontece, de forma independente e natural em várias comunidades
do interior de Pernambuco. Para isso, André orienta pessoas e empresas para
um viés mais comercial, criando uma rede de parceiros, e buscando soluções
para o desenvolvimento do mercado cultural da região.
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Como São Paulo
pode mudar
com: Caio Silva
Guilherme Castagna
de humor
trabalhando com
suas águas
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e tiveram sua fluidez natural modificada em
prol do interesse de construtoras privadas,
que buscavam novas áreas para construção.
Ao redor deles, surgiram as marginais e os
grandes edifícios. O histórico de trabalhar
a gestão das águas de forma artificial e
impositiva, que muitas vezes vai contra o
movimento da natureza, juntamente com a
pouca atenção dada à gestão dos recursos
naturais pelo poder público, gera resultados
como a crise hídrica de abastecimento que
tivemos na cidade em 2014.
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O lixo é um erro
de design
com: Carla Tennenbaum
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Após uma breve explicação teórica sobre os
conceitos de produção e economia linear e
circular, os participantes foram convidados a
redesenhar seus produtos, com o objetivo de
pensar novas formas de tornar sua produção
mais circular de fato. Os resultados foram
compartilhados, e ao final tínhamos uma série
de novos pensamentos e questionamentos
sobre o atual modelo linear que vivemos.
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O que vem
da terra é da
com: Felipe Pacheco
Adriano Campos
Fernando Pecoraro
terra: projetos Onofre de Araujo Neto
regeneradores
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rios e oceanos. A ideia da Oka é produzir
embalagens que não geram lixo. É daí que
surgiram as embalagens produzidas a partir
de fécula de mandioca, um produto renovável
e muito brasileiro. Por ser 100% natural, as
embalagens se degradam rapidamente,
podendo ir diretamente para a compostagem
ou ainda serem usadas como ração animal.
Desta forma, o produto descartado retorna
para a natureza, ou para o ciclo biológico.
No final da palestra, teve até degustação das
embalagens!
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Por fim, o engenheiro químico Fernando Pecoraro mostrou seu trabalho com
a Ambievo Recoy, uma tecnologia para recuperação de solos contaminados,
desenvolvida a partir do óleo da casca de laranja descartada pela indústria no
processo de produção de suco. Ele explicou as propriedades químicas de reação
com outros contaminantes, que fazem deste óleo um material fundamental
para a criação da tecnologia, que funciona dentro de um caminhão. Essa
“portabilidade” permite que o serviço ocorra em qualquer lugar sem o descarte
de resíduo contaminante, que é segregado. Ao final do processo, o solo está
limpo e pode ser devolvido ao seu lugar original.
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