Esqueça Sua Melhor Versão - Juliana Goes - 240426 - 113047
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Sobre a obra:
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Rosely Boschini
Gerente Editorial
Rosângela Araujo Pinheiro Barbosa
Editora Júnior
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Assistente Editorial
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Imagem de capa
Diogo Peres
Projeto gráfico
Gisele Baptista de Oliveira
Diagramação
Copyright © 2024 by Juliana Goes
Márcia Matos
Todos os direitos desta edição
Revisão são reservados à Editora Gente.
Luciana Figueiredo Rua Natingui, 379 – Vila Madalena
Andréa Bruno São Paulo, SP – CEP 05435-000
Telefone: (11) 3670-2500
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Goes, Juliana
Esqueça sua melhor versão: redescubra seu valor, abrace sua singularidade e
tenha orgulho de quem você é / Juliana Goes. - São Paulo: Editora Gente,
2024.
ISBN: 978-65-5544-421-6
A VOCÊ, QUE PERMITIU QUE ESTA MENSAGEM CHEGASSE ATÉ SUA VIDA.
Prefácio
Introdução
Com carinho,
Kalina Juzwiak
Criadora da marca kaju.ink,
artista multimídia e palestrante sobre
empreendedorismo no mundo da arte
Introdução
1 Parte da base dos patins que faz a distribuição do peso para cada roda,
dependendo das manobras e do direcionamento do patinador.
capítulo 2
AFINAL, A TAL DA “MELHOR
VERSÃO” EXISTE?
Antes de avançarmos, pode ser que você sinta que olhar a sua
versão atual é sinônimo de estar diante de alguém por quem
não tem muito apreço ou simpatia. Talvez exista realmente um
conflito com sua pessoa atual, sustentado por suas crenças de
identidade, merecimento, capacidade. Se me permite, não
precisa se antecipar, pois estou ao seu lado e vamos de mãos
dadas. Respire fundo e prepare-se para uma transformação
importantíssima, para que você possa viver uma relação muito
mais saudável e amorosa consigo mesmo. É aí que mora a
chance de mudar a vida: tudo se transforma quando você
muda de dentro para fora.
E essa ideia de se tornar a “melhor versão” pode, muitas
vezes, parecer um salto ousado e difícil de alcançar. Mas e se
eu disser que a verdadeira transformação se encontra nos
pequenos passos consistentes? Abra espaço para o
autocuidado, para o autoconhecimento que ilumina os cantos
mais sombrios do seu ser. Assim como uma planta que cresce
em direção à luz, cada pequeno esforço que você faz para
aprender sobre si mesmo é uma vitória.
Este é o meu convite para uma jornada de autodescoberta,
de libertação de padrões e de descoberta da magia que reside
em sermos nós, na imperfeição que sustenta a maravilhosa
autenticidade. Prepare-se para refletir e se transformar
enquanto desvendamos as camadas da positividade tóxica e
abraçamos a poderosa verdade de que a nossa autenticidade é
o caminho mais brilhante para a nossa evolução.
O ESFORÇO INTELIGENTE
Além da vulnerabilidade, o esforço inteligente é outro conceito
muito relevante para nosso início de jornada, cuja definição gira
em torno da ideia de agir de forma estratégica, eficiente e
direcionada para alcançar resultados desejados.2
Ainda que eu não seja contra mergulhar de cabeça e apostar
todas as fichas em algo, considero a harmonia uma habilidade
importantenesse contexto evolutivo. Harmonia é um termo
que descreve a qualidade de equilíbrio, concordância e acordo
entre diferentes elementos ou partes de um todo. É um
estado de coexistência pacífica e integração que resulta em
uma sensação de beleza, tranquilidade e fluidez. Acredito ser
totalmente possível mergulharmos de cabeça ainda que em
estado de harmonia, com presença e consciência. Você
observa, faz um mapa mental do trajeto, dos seus movimentos
e da distância. Prepara-se primeiro mentalmente, entra em um
estado interno favorável para amenizar o medo e a insegurança
e, enfim, dá seu salto. Talvez o primeiro não seja, de cara, o
mais satisfatório, mas tudo é treinável: dos pensamentos à
gestão emocional, dos movimentos à neuroplasticidade do
cérebro – que nos permite a adaptabilidade.
Se for para ir com tudo, o que muitas vezes na vida é
necessário, que você vá pleno e íntegro, ou seja, praticando
um esforço inteligente.
Ã
AS QUEDAS VÃO CONTINUAR
ACONTECENDO
Minha grande escola, em que aprendi tanto sobre
consistência, resiliência e melhoria constante, foi a patinação
artística. Não bastava ter um ótimo equipamento se não
houvesse prática recorrente e afinco; não era da noite para o
dia que se aprendia um novo salto ou corrupio. E para mim
este é o maior aprendizado:
"A frustração me quebra. Ela vem silenciosa, como aquele amigo sacana que
se esconde e não dá um pio antes de nos pegar de surpresa. Eu sou uma
pessoa que detesta levar susto. Tanto que não gosto de assustar ninguém.
Geralmente, quando acontece, não há uma mudança na frequência cardíaca,
não percebo mãos ou pés suando, nem mesmo as axilas. Não sinto
ansiedade. Na verdade, acho que não sinto nada. Mas sei que algo dentro de
mim está se movendo.
Enquanto escrevia isto, lembrei de um acontecido da época da escola.
Estudei em colégio de freiras, em uma sala só de meninas, dos meus 4 aos
meus 17 anos. Minha turma foi a última da história da escola a ter uma classe
feminina e nos anos seguintes começaram as turmas mistas, com meninos
também.
Um belo dia, durante a hora do intervalo no pátio principal, crianças correndo
para lá e para cá, eu estava andando quieta, sozinha, quando, de repente,
veio um menino da turma dos mais novos e me deu um soco no estômago.
De graça. E eu fui pega tão de surpresa que não soube reagir, não soube o
que fazer, não fui nem capaz de gritar ou xingar.
Pelas memórias que tenho, coloquei as minhas mãos na barriga,
inconformada, tentando entender o que havia acontecido, sentindo muita dor
e, no lugar da raiva, que talvez teria sido a reação mais óbvia e imediata, senti
frustração. Por não ter feito nada.
Quando relembro esse fato, é muito mais fácil lembrar da frustração do que
da dor. Talvez eu sinta a frustração tão ou mais intensamente do que a dor
física daquele momento. Não tive recursos emocionais para lidar com o que
aconteceu naquele momento e não me lembro de ter me permitido
conversar sobre isso com ninguém. Nem mesmo na escola, com a
professora. Eu apenas me senti paralisada. Completamente incapaz de sair
daquele lugar.”
COMPARAÇÃO OU INSPIRAÇÃO?
Até quem salva vidas começou olhando atentamente alguém
as salvar. Já parou para observar como, em tantas profissões,
além da área da saúde em si, é necessário a um estudante
dedicar parte de seus estudos ao lado de outros profissionais
mais capacitados? Isso não acontece só no ambiente
profissional ou acadêmico. Observar e aprender com quem
sabe mais, com quem tem mais experiência, é de extrema
importância para a nossa evolução, mas também pode abrigar
um perigo sutil, silencioso e capaz de invalidar a nossa versão
atual, que é a comparação.
Quero que você mentalize agora situações em que esteve
com pessoas que tinham mais habilidade, conhecimento,
talento, técnica ou bagagem do que você. Como se sentiu?
b. Inferior ou incapaz.
c. Inspirado(a), mas com dificuldade de perceber como eu
poderia usar aquilo a meu favor.
d. Desestruturado(a) por estar ao lado de quem sabia mais.
O ano era 2017 e era a minha segunda ida à Índia, esse país
que tanto me atraiu, cheio de contrastes, de riqueza ancestral
e de sabedoria. Dessa vez, porém, o motivo da viagem foi
completamente voltado para o meu autodesenvolvimento e
minha espiritualidade. Sozinha, uma menina no mundão, cheia
de sonhos, conflitos, medos e muita vontade de melhorar. Lá
fui eu para Rishikesh, uma cidade pertinho dos Himalaias e da
nascente do rio Ganges – as águas sagradas (e geladas!).
Passei cerca de um mês estudando meditação, ioga, ayurveda
e tudo o que estivesse ao meu alcance. Sempre senti algo
muito forte pela Índia e realizei o meu sonho de conhecer esse
destino, ao lado da minha mãe e de um grupo de amigos, em
2012. Sabia que voltaria e, quando surgiu a oportunidade de ir
palestrar em Londres, em um evento para mulheres
empreendedoras, não hesitei em articular com as
organizadoras do evento para que comprassem a minha
passagem de ida um mês antes, de modo que eu pudesse
participar da reunião de alinhamento do evento, ir para a Índia,
com os meus próprios recursos, e voltar para a Inglaterra
alguns dias antes da data da minha apresentação. Como diria a
minha mãe: “Se vira, o mundo é de quem mete as caras!”. E
assim foi: expliquei às organizadoras minha intenção com essa
ida à Índia, meu desejo por aprender, mergulhar no
autoconhecimento, trazer ainda mais repertório para as
mulheres que estariam presentes na conferência, e elas
vestiram a minha camisa, me apoiaram e, dessa forma,
começou um capítulo muito especial da minha jornada como
buscadora.
Í É
trânsito na Índia? É realmente a energia caótica que costuma
aparecer por aí, ocasionando a fama de um lugar insano para
transitar pelas ruas. São animais, motos, pessoas, bicicletas,
ônibus, automóveis e, muitos, mas muitos tuk-tuks acelerados,
buzinando, por todos os lados. Embora nada pareça fazer
sentido, vejo que é justamente desse caos que nasce uma
ordem quase que incompreensível para nós brasileiros.
As coisas funcionam deste jeito: parece uma bagunça, mas
dá certo, pois quase não se veem acidentes nem incidentes. E
de táxi escolhemos nos aventurar, para pelo menos chegar
com nossas malas na porta do albergue. Na fila para aguardar
o próximo veículo, tinha um rapaz, meio tatuado, com jeito de
quem também vinha de longe, cabelos castanho-claros, olhos
verdes, carregando um mochilão. Olhos que se cruzam,
palavras que não são ditas, aquele clima típico de quem quer
puxar assunto, mas não sabe bem como. E, de fato, não
lembro como foi, mas começamos a conversar, nós três.
Descobrimos que ele era estadunidense e estava indo para
Rishikesh, apesar de não saber ainda onde se hospedaria:
típico viajante de mente e coração abertos, decidiria na hora.
Admiro um tanto a capacidade das pessoas de não fazer
planos!
É preciso uma baita confiança no processo, na vida e na fé
para se entregar mesmo e deixar fluir. Adoro deixar fluir, mas,
com o passar dos anos, me senti mais segura em ter pelo
menos o teto garantido na maior parte das minhas viagens. No
fim das contas, combinamos de ir junto com ele no táxi até lá
para dividir os custos, o que ajudaria bastante, apesar de ser
bastante atrativo na Índia o custo dos serviços quando
comparados com os outros destinos do mundo e da Ásia.
Fomos conversando o caminho todo e percebi como é legal
encontrar alguém que compartilha uma visão de vida e de
espiritualidade semelhante à nossa. Papo bom, trajeto
tranquilo, nada de macacos ou elefantes invadindo a via de
passagem. Até onde me lembro, ele acabou se hospedando no
mesmo hostel que eu havia encontrado pela internet e lido
praticamente todas as avaliações para não dar bola fora. São
pessoas como ele, de quem não me recordo o nome nem
muito bem as feições, que cruzam o nosso caminho e
provavelmente nunca mais cruzarão novamente, que, por
algum motivo, por alguma conexão inexplicável, estavam lá na
mesma hora e no mesmo lugar compartilhando dores e
sonhos. Essas conexões são únicas e não podemos perdê-las
de vista.
Chegando à nossa hospedagem, realmente foi uma boa
surpresa, ainda que esperada por conta das minhas pesquisas
dedicadas. Dava para ir andando ao Ashram,4 onde passaria um
mês estudando, assistindo aos satsangs – palestras de
mestres espirituais –, fazendo as práticas de ioga e cursos
complementares. Todos no albergue garantiram que era
seguro ir caminhando, mesmo à noite. Indicaram as vias e
fomos, dia após dia, descobrindo aquele universo. Descobrindo
os cafezinhos, lojinhas, restaurantes, templos e grutas. O que
eu sinto dessa cidade tão especial, à beira de Ganga Ma,
Ganga Mãe, como carinhosamente é chamado o rio Ganges, é
que parecia uma universidade gigante de assuntos do
autoconhecimento e da espiritualidade. Pessoas de todo o
mundo, todas as idades, famílias, crianças, com um mesmo
objetivo e intenção: aprofundar-se no que acreditam, expandir
e evoluir. Sentia pertencimento, me sentia viva, me sentia
segura e abençoada. Passei dias a fio meditando, me
conhecendo, me entendendo, me ouvindo. Ria, chorava, às
vezes dormia enquanto meditava, tinha sonhos, muitos
sonhos. Alguns lindos e mágicos, outros bem assustadores.
Tomava todo santo dia meu chai latte, uma bebida típica
indiana à base de leite e especiarias, comia tofu mexido,
dumplings5 e naan.6 Passei muito bem, era uma vivência em
que tinha o básico garantido, teto, comida, estudo, natureza,
confiança nas pessoas e no lugar, me sentia muito livre para ir
e vir, sentir e desabrochar. Engraçado que sentia prazer, alegria
e satisfação em ser quem eu era, apesar de ter ido em um
momento de bastante confusão mental e crise existencial que
ficaram evidentes durante a minha volta para o Brasil.
Última chamada
Voltando da Índia, a palestra em Londres foi ótima, fui muito
acolhida e me senti querida. Senti um vislumbre de como era
contribuir com o coração, levar um conteúdo que qualquer
mulher naquele recinto pudesse colocar em prática
prontamente, sem a necessidade de recursos externos,
investimento ou acessórios. Falar sobre autoconhecimento, ali,
se tornou a luz que se acendeu na neblina que me engolia e
me revelou um novo caminho. Senti alívio e gratidão, me senti
eu mesma, com um vestido indiano azul-marinho bordado à
mão, de sapatilhas sem salto, pouca maquiagem e cabelo
curto. Era uma nova versão de mim que já estava lá, só
esperando para ser vista, validada. Já estava em lapidação
havia meses e meses, porém eu ainda não tinha enxergado.
A verdade é que levei tempo para enxergar valor em mim
mesma. O que acontece é que, mesmo sem a intenção, nos
invalidamos, invalidamos a nossa vida e capacidades,
principalmente diante dos desafios, quando estremecemos e
acuamos. Acredito que, pelo fato de emoções indesejadas
serem desconfortáveis e mais complexas de digerir e lidar,
esse sentimento de incapacidade afete a nossa identidade.
Misturamos as coisas e confundimos os significados. Já parou
para pensar como ser é diferente de estar? Em muitas
ocasiões, quando senti insegurança, confusão, frustração e
incertezas, levei as emoções e sensações para a minha
identidade ao afirmar “eu sou”. Eu sou fracassada, eu sou
insegura e eu sou ansiosa são exemplos de afirmações sobre a
nossa própria identidade, mas existe uma grande distorção aí.
Nesses casos, o mais adequado seria discernir o que é ser do
que é estar. Passei a entender que, ao afirmar estou ansiosa,
estou frustrada, estou confusa, permitia a mim mesma mudar,
inclusive o caráter do meu estado atual. Ser implica
permanência, profundidade. Estar abre espaço para uma nova
compreensão desse estado, como sendo passageiro e não
mais uma verdade condicionada ou rígida. Nomear as
definições de estado interno e estado atual indesejados de
maneira passageira, efêmera e impermanente, a partir do eu
estou, abre portas para que essas mesmas emoções tenham
começo, meio e fim. Você condiciona a sua mente a entender
que é um estado temporário, em vez de reforçar uma
característica indesejada à sua própria identidade, o que, nesse
segundo caso, acabaria gerando mais bloqueios, travas e
comportamentos repetitivos, capazes de reforçar essa crença
limitante.
Até aquele momento de retorno da Índia, eu já estava a par
dos meus principais pontos de melhoria. Havia identificado
todos eles por meio da terapia, do estudo, da meditação e da
auto-observação. Entendia o que poderia aprimorar, o que
precisava de cuidado, carinho, atenção e, até mesmo,
disciplina e consistência. Eu me sentia plena, até que ouvi, já
no aeroporto de Londres, prestes a embarcar para São Paulo, a
última chamada.
Estava passeando e fazendo hora para pegar o voo para São
Paulo. Adoro ver vitrines, observar calmamente as pessoas
passando para lá e para cá, imaginar de onde elas vêm, para
onde estão indo, ver a maneira como se comportam. Adoro
me colocar como observadora, inclusive das cenas mais triviais
do dia a dia, e nesse contexto costumo ter insights, pois é algo
que favorece a minha sensibilidade, percepção e até a
criatividade. O que também acontece, apesar de não ser tão
frequente, mas não deixa de ser uma tendência minha, é que
vou para um mundo paralelo e me esqueço do tempo e do
espaço. Enquanto olhava uma vitrine extremamente bem
montada que apresentava lenços coloridos, com estampas
belíssimas e outros adornos, ouvi uma voz bem distante, como
quando estamos sonhando e algo se passa fora do nosso
espaço, despertando os nossos sentidos. “São Paulo, essa é
sua última chamada.” Foi tudo o que ouvi e parecia que havia
caído da cama. Só que eu estava em um dos maiores
aeroportos do mundo. Meu Deus, qual será o meu portão?
Preciso correr. Para qual lado devo ir? A sensação que tive foi
de desespero. Todas as minhas economias para fazer aquela
viagem estavam contadas, já investidas e não havia uma
reserva para pagar uma nova passagem internacional, caso eu
perdesse aquele voo. Me ferrei, pensei na hora. Coração
pulando pela boca, mãos frias e suadas, pernas bambas.
Juliana, você precisa correr. Vai!, pensei comigo. Olhei o
bilhete do avião para identificar o portão de embarque, passei
os olhos freneticamente por todas as placas que havia naquele
saguão. Achei o caminho e corri loucamente. Só que, enquanto
corria, de dentro de mim veio uma voz imperativa, autoritária,
dura e sem dó, que me disse mais ou menos assim: “Você
não leva jeito para nada mesmo, né? Você tá aí, de novo,
fazendo tudo errado. Distraída, desatenta, no mundo da lua,
não sabe prestar atenção nas coisas e precisa mesmo se
ferrar. Para ver se aprende. Mas aposto que não vai aprender,
porque você sempre estraga tudo e não consegue fazer nada
direito. Você é uma idiota, Juliana”. Respira. Respira. Quem é
que está gritando? Quem é que está brigando comigo? O que
tá acontecendo aqui? Fui sentindo um estranhamento, me
questionando e tentando entender de onde vinha esse fluxo de
negatividade, depreciação e julgamentos. Mas continue
correndo, corre, porque isso sim é o que precisa ser feito.
Como faz para correr quando existe uma voz interior
acabando com você? Era um mix de razão, emoção e completa
confusão. Por alguns instantes pensei que estava ouvindo
vozes, me senti atordoada, com a respiração ofegante e as
pernas queimando por conta das passadas aflitas que dava
correndo. Quase não conseguia ver o que se passava à minha
volta. Meu foco era somente chegar, desviar das centenas de
pessoas andando calmamente e tão distraídas quanto eu
mesma estava havia poucos minutos. Parecia que aquele
portão não chegava nunca. Em alguns aeroportos maiores, é
comum haver não só portões como asas ou setores,
geralmente denominados por A, B, C, D e por aí vai, como
também portões denominados por números. Acontece de
você precisar ir até o portão D32 e estar no B10 ainda.
Justamente, naquele dia, parecia que eu me encontrava no
ponto mais distante possível, mas tudo o que poderia fazer era
seguir correndo, ofegante e lidando com aquela bendita voz
interior que mais atrapalhava do que ajudava.
Enfim, visualizei o portão, estava me aproximando dele, não
via mais filas, não via quase ninguém. Meu Deus, será que
ainda dá tempo? E, provavelmente por uma bondade divina, no
display do portão estava escrito LAST CALL, ou seja, ainda era
a última chamada, ainda dava tempo, mesmo que no limite do
limite. Tenho um amigo que brinca sobre as coisas sempre
darem certo para mim, mesmo quando tudo parece estar
dando errado. Já minha terapeuta sugere que eu aceite, de
uma vez por todas, que adoro viver com emoção. Querendo ou
não, estamos criando a nossa realidade o tempo todo a partir
de nossas crenças, sentimentos, pensamentos e
comportamentos. Entrei naquele avião com o sentimento de
quem estava voltando de uma luta ou uma prova física de alto
impacto. Suada, descabelada, desorientada, mas, em algum
aspecto, sobrevivente, para não dizer vitoriosa. A tal da voz
interior não me permitiria sentir nenhum vislumbre de vitória,
quanto menos me sentir bem naquele contexto todo. A maior
intenção dessa voz era me derrubar e me fazer sentir como
lixo. Mas de onde surgiu isso?
Sã e salva, sentada no meu assento na classe econômica,
respirando para retomar o fôlego, fechei os olhos, silenciei o
mundo exterior e mergulhei, ainda que com receio e um pouco
de resistência, no meu mundo interior. Passei um mês
meditando durante horas por dia; havia assistido a pelo menos
vinte palestras de mestres espirituais. Se tem algo que está
fora da harmonia e dos conformes, o melhor que posso fazer é
olhar de frente, olhar no olho e não mais virar as costas,
esperando que vá desaparecer. Isso se chama maturidade
emocional. Naquela época, percebi que tinha, sim. Tinha bem
pouca, para falar a verdade. Precisava treinar esse confronto
com nossos monstros interiores, com as vozes malignas que
surgem de repente, com os gatilhos que despertam nosso
pior.
Olhe de frente e encare. Você é adulta e se tem algo a
temer é passar uma vida fugindo daquilo que precisa ser
confrontado. É uma escolha tanto se acovardar quanto
enfrentar e crescer com isso. Era o que repetia internamente,
respirando de modo pausado, pelas narinas, equalizando as
sensações, acalmando a frequência cardíaca e, com isso,
acalmando as ideias também. Em busca daquela voz, a qual eu
ainda não conhecia. O que será que ela ecoava? O que será
que representava? Não se parecia com uma voz interior,
tampouco com a minha própria voz. Parecia mais um
megafone invasivo, dizendo tudo aquilo que você não deseja
ouvir. Parecia com uma general. General no ápice de uma
repreensão disciplinar, aplicando ação corretiva verbal
destinada a repreender erros, falhas ou comportamentos
inadequados. De onde surgiu esse turbilhão dentro de mim?
Seria semelhante aos meus técnicos do passado, no esporte?
Em partes, sim. Seria semelhante às duras broncas da minha
mãe? Possivelmente.
Essa “general”, na verdade, representa a minha parte crítica
e controladora. É a versão da Juliana excessivamente crítica,
impositiva e negativa. Para o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung,
nada mais é do que o “lado sombrio interior” ou “aspecto
interior punitivo”, e todos temos isso. Essa voz interior tende a
revelar aquilo que tentamos esconder:7 no meu caso, a
autocrítica intensa, as exigências rígidas e uma tendência a me
desvalorizar. E lá estava eu, diante de uma parte de mim que
eu não conhecia. Diante de um ponto cego.
NEGAÇÃO
Essa é a fase inicial, em que existe uma dificuldade de
aceitação sobre a realidade, seja da perda, do choque vivido ou
da frustração sentida. Pode haver uma sensação de choque e
entorpecimento emocional, com pensamentos como “isso não
pode estar acontecendo” ou “deve haver algum engano”. É
aquela sensação de perder o chão, de estar desnorteado, de
estar em queda livre.
ROTA DE CURA
Respire, respire, respire. Respirar nos ajuda, imensa e
gradualmente, a retomar um estado de consciência e
presença. Pesquisas científicas recentes mostram que,
enquanto a respiração rápida, superficial e sem foco pode
contribuir para uma série de problemas, incluindo ansiedade,
depressão e pressão alta, desenvolver um controle maior
sobre os nossos pulmões pode trazer muitos benefícios para a
nossa saúde física e mental.11
BENEFÍCIOS DA RESPIRAÇÃO CONSCIENTE
RAIVA
Após a negação, a pessoa pode sentir uma onda de raiva e
ressentimento em relação ao acontecido. Essa raiva pode ser
direcionada para a perda em si, para outras pessoas envolvidas
ou até mesmo para si mesma. Diante de todos os relatos de
alunas, seguidoras e, inclusive, os meus próprios relatos em
sessão de terapia, é possível perceber o quanto a raiva figura
entre as emoções indesejadas mais desconfortáveis. Ninguém
gosta de sentir raiva, pois ela faz com que a gente pulse ondas
de fúria que parecem mais fortes do que a nossa capacidade
de autorregulação e autocontrole. A raiva nos leva a ultrapassar
limites e revelar novos vieses sobre nós, capazes de
desconcertar e estremecer.
Confundir o que se sente é mais comum do que você
imagina. Nos meus principais momentos de confusão, de crise
existencial, eu mal sabia descrever o que se passava dentro de
mim mesma. Não se culpe, não se cobre, mas entenda a
importância de aprimorar a sua capacidade de observar as
tempestades e os vendavais do sentir. Ao passar por
descargas emocionais intensas, dê uma chance para ampliar a
sua percepção sobre as sensações que surgem: o que você
sente, onde você sente, de que maneira, tem peso,
temperatura, a sua emoção tem uma forma ou cor? Ir se
familiarizando com os seus processos emocionais é favorável
para que você se familiarize também com o que vai ajudar a
estabilizar o seu estado interno.
ROTA DE CURA
A raiva é uma emoção carregada de energia, então aprender a
direcionar essa energia por meio do esporte, com explosão
física (luta, atividades de impacto), ou gritar, socar o
travesseiro, é essencial. Canalizar a raiva é um dos processos
de maturidade emocional que eu considero mais importante.
Caso contrário, acabamos nos ferindo e ferindo quem
amamos. Lembrando que deixar de digerir emoções pode levar
à somatização e ao adoecimento, inclusive físico.
Saber nomear as emoções é um processo valiosíssimo que
nos permite, ao compreender o que estamos sentindo,
direcionar melhor as nossas ações para a gestão emocional
acontecer. Geralmente o nosso repertório para falar de
emoções é muito limitado e não é algo que somos ensinados,
além de já se encontrar inserido em nossa bagagem. Confesso
que foi depois de ter meus filhos que passei a compreender a
importância de ampliar o nosso vocabulário emocional. Para
ajudar nessa missão, gostaria de apresentar a você a roda das
emoções.
Ela é um modelo psicológico que busca representar as
diversas nuances das emoções humanas em forma de círculo.
Ela foi inicialmente criada por Robert Plutchik, renomado
psicólogo e pesquisador emocional, em 1980. A concepção
original de Plutchik dividiu as emoções em oito emoções
básicas: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, antecipação,
aversão e confiança. Ele acreditava que as emoções podiam
ser combinadas e misturadas, assim como as cores primárias,
gerando emoções secundárias.
BARGANHA
É nesse momento em que divagamos para um lugar de
conflito em que a raiva já passou, mas ainda existe a
inconformidade pelo ocorrido. Sabe quando algo dá errado para
nós e nossa mente vai criando cenários paralelos, como se
escolhas diferentes pudessem ter impedido que aquele fato
acontecesse? Entram em cena os acordos imaginários para
reverter a perda, pensamentos que trazem hipóteses como
“se ao menos eu tivesse feito isso…” ou “se pudesse voltar
no tempo…” ou “eu daria qualquer coisa para tê-lo(a) de
volta…”. É como seguir lutando contra a realidade, como
buscar anestesiar a dor com um plano B sobre o passado. Para
cada indivíduo, as etapas de regeneração emocional se darão
de maneira particular, pode ser que uma das fases dure mais
para alguém, pode ser que todas elas sejam mais longas do
que se gostaria, pode ser que nem se experiencie
profundamente alguma delas.
ROTA DE CURA
Negociar com o passado não nos trará a possibilidade de
mudar a nossa realidade. Negociar com o futuro talvez
aumente consideravelmente a ansiedade. Tudo o que temos ao
nosso alcance é o presente. O momento presente e nossa
capacidade de recomeçar de onde estivermos. Nossa rota de
fuga aqui é uma reflexão diante de algo que me aconteceu e
me serviu de lição para direcionar a minha energia do
questionamento e da resistência, que alimentam o estado de
barganha e só nos aprisionam ao que já não volta mais.
Para nos libertarmos e darmos os passos para outras etapas
desse processo emocional, viver a barganha como uma etapa,
e não como um fim, pode fazer toda a diferença. Os
pensamentos virão, as indagações virão, e a tendência é criar
um cenário em que tudo seria diferente. É ilusão. Sabendo
disso você não precisa lutar contra. Deixe os pensamentos
virem, deixe os pensamentos livres para ir também, sem se
apegar a eles. Esse é um dos preceitos da meditação. A
compreensão de que não vamos nos livrar dos pensamentos,
mas podemos deixá-los livres, sem pegar carona, sem criar
apego ou identificação.
Enquanto escrevo estas palavras, venta muito forte lá fora.
Estou no escuro da sala de casa, com uma vela acesa de
lavanda e alecrim. Uma playlist de música clássica toca bem
baixinho e, subitamente, ao refletir sobre a fase da barganha
quase me teletransportei de volta para o centro cirúrgico, em
dezembro de 2017, na minha primeira gestação, primeiro parto,
emergencial. Quero contar a você esse episódio da minha vida
para ilustrar como pode ser essa fase da barganha.
DEPRESSÃO
A fase de depressão é caracterizada por uma profunda tristeza
e desesperança. Ainda que para cada indivíduo as sensações
decorrentes do quadro depressivo sejam bem particulares,
podemos considerar desânimo, apatia, falta de interesse e
abatimento como indícios desse processo. Um bom ponto de
observação sobre a depressão é que lugares, assuntos e
atividades que geralmente traziam bem-estar, interesse e
benefícios já não são mais atrativos ou convidativos; às vezes
sentimos até indiferença por eles.
ACEITAÇÃO
Conforme ainda há a sensação de perda, de ruptura, e o
processo de luto continua, vem chegando o momento da
virada em que ocorre, ainda que sutilmente, o fagulhar da
aceitação. Aceitar a realidade da perda, do término, de um fim,
seja ele profissional ou afetivo, é necessário. E não significa
que a pessoa “superou” a dor. Ela apenas aprendeu a conviver
com a perda e a se adaptar à nova realidade.
ROTA DE CURA
Vamos mergulhar em um dos pilares mais poderosos da
jornada de autodescoberta e regeneração emocional: a
aceitação. Imagine, por um momento, um lugar dentro de você
em que o passado encontra o presente, em que as lágrimas se
encontram com os sorrisos, em que a dor se encontra com a
cura. Esse lugar é a aceitação, uma luz suave que ilumina cada
canto da sua experiência humana.
A aceitação é a arte de abraçar a vida com amor
incondicional, de acolher cada fragmento do seu ser,
independentemente das sombras ou das cores que ele
carrega. É um ato de compaixão, de permitir que todas as
emoções fluam, como rios que encontram o oceano da sua
essência.
Nos momentos de luto, perda, términos ou transições, é na
aceitação que encontramos o abrigo emocional necessário
para navegar pelas águas da mudança, em que a turbulência
vai se acalmando. Não é negar a dor ou a tristeza, mas, sim,
abraçá-las como partes legítimas do mosaico complexo que é
você.
Das cinco etapas que vimos até agora – a negação, a raiva, a
barganha, a depressão e a aceitação –, esta última etapa é a
chave que desbloqueia a porta para a cura e para a renovação.
É o momento em que você não apenas olha para trás com
saudade, ainda que existam resquícios de dor, mas também é
capaz de olhar para a frente com esperança. Não é um ato de
esquecer, ou renegar, mas, sim, de lembrar com amor e
aceitar a mudança inevitável.
Ao olhar para a sua jornada, vale lembrar que cada passo em
direção à aceitação é um presente que você se dá. Como uma
flor que desabrocha após a tempestade, a aceitação é o seu
caminho para uma nova versão de si mesmo, que não está
distante, muito menos é impossível de ser alcançada. Uma
versão de si que se fez pronta, que respeitou o próprio tempo
e se recompôs. Uma versão que não é definida pelas
circunstâncias externas, mas, sim, pela força interior que se
desenvolve ao abraçar cada aspecto do seu ser, da sua
complexidade e profundidade, com luz e sombra.
Neste momento, convido você a se permitir respirar fundo e
abraçar o momento presente. Sinta o alívio que a aceitação
traz, a sensação de que a calmaria sempre vem,
independentemente do que tenha acontecido ou do que está
por vir. Confie na sua capacidade de transcender desafios,
abraçando o que é, celebrando o que foi e acolhendo tudo isso,
juntamente com o acolhimento do que será.
Se você fizer uma retrospectiva agora, já que fomos nos
aprofundando em cada etapa do processo regenerativo do
nosso eu, procure identificar o quanto a aceitação é parte de
cada uma dessas fases, ainda que a sua manifestação se dê ao
fim dos cinco estágios. Para que a negação passe, é preciso
aceitar que ela é uma realidade temporária. A raiva não se
diluirá se contra ela insistirmos em lutar. Aceitar que ela virá,
será incômoda e também vai passar é libertador. A barganha
pode gerar reflexões importantes quando aceitamos que olhar
para o passado precisa de cuidado, caso contrário nos
aprisionaria e não geraria o movimento necessário para o
recomeço. Depressão pede acolhimento, pede atenção e
cuidado, pede a aceitação da condição para então
enxergarmos que algo precisa ser feito, abrindo espaço para
ajuda.
Para que haja aceitação, ela precisa estar inserida e bem
abastecida dentro de você. É olhando e validando a sua versão
atual que a aceitação genuína é gerada e, agora, você é capaz
de compreender quão importante ela é para todo e qualquer
recomeço. Sentir qualquer vislumbre de aceitação é um forte
indicativo de que você está se regenerando em etapas
avançadas. É a confirmação de que o recomeço chegou e você
merece cada nova chance que virá a partir daí, fora todas as
chances que você está criando ao se colocar protagonista de
sua jornada.
Vulnerabilidade é o auge da
força e da coragem de ser
quem você é. É exercer a
liberdade de recusar caber
nas caixas que as pessoas
gostariam que você
ocupasse.
9 Os outros quatro são sinceridade, honestidade, mover-se e ausência de luxúria.
10 KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm
para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.
11 ROBSON, D. Os surpreendentes benefícios de se aprender a respirar mais
devagar (e como fazer isso). BBC, 25 out. 2020. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-54538822">. Acesso em: 31 ago. 2023.
12 BROWN, R. P.; GERBAG, P. L. Respire: o poder curativo da respiração. São Paulo:
Lua de Papel, 2017.
13 Ibidem.
14 SCOTT, T. M. et al. Psychological Function, Iyengar Yoga, and Coherent Breathing:
A Randomized Controlled Dosing Study. Journal of Psychiatric Practice, v. 25, n. 6,
p. 437-450, nov. 2019. Disponível em:
https://journals.lww.com/practicalpsychiatry/Abstract/2019/11000/Psychological_Func
tion,_Iyengar_Yoga,_and_Coherent.4.aspx. Acesso em: 13 set. 2023.
15 Do sânscrito, pranayama significa prana = energia vital + yama = controle.
16 JAFARI, H. et al. Can Slow Deep Breathing Reduce Pain? An Experimental Study
Exploring Mechanisms. The Journal of Pain, v. 21, n. 9-10, p. 1018-1030, set-out.
2020. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S152659002030002X. Acesso em:
13 set. 2023.
capítulo 10
MAPA DE SUSTENTAÇÃO:
ALICERCES
DO SELF
É
com nós mesmos. É como regar a flor preciosa que somos,
permitindo que cresça forte e radiante. Encontrar tempo para
se cuidar é um ato de amor-próprio que não deve ser
negligenciado.
Os hobbies são o tempero da nossa vida. São como
pequenas ilhas de alegria e realização no meio da nossa rotina.
Um hobby é algo que fazemos por puro prazer, sem pressão de
performance. Pode ser cozinhar, pintar, dançar, escrever ou
qualquer coisa que nos faça sentir vivos. Os hobbies nos
lembram de celebrar quem somos além das nossas
responsabilidades.
E por falar em responsabilidades, a rotina é como a melodia
que guia o nosso dia a dia. Ela nos proporciona estrutura e
conforto, permitindo que façamos as coisas com mais
eficiência. Mas não confunda rotina com monotonia. Ter uma
rotina não significa ser entediante. Pelo contrário, ao criar uma
rotina que inclui autocuidado e tempo para hobbies, você está
construindo um alicerce para uma vida equilibrada e inspirada.
O QUE QUERO
QUAL É A MINHA
INCLUIR NA QUANDO O QUE PRECISO
DISPONIBILIDADE
MINHA ACONTECERÁ PREPARAR NA ROTINA
PARA ISSO
ROTINA
Separar roupas e
De segunda a acessórios, carregar
6x na semana, 1h
Ir à academia sábado, das 7h smartwatch e fones e
por dia
às 8h organizar a
suplementação
Eu acredito na melhoria
constante quando,
diariamente, fazemos
pequenos esforços que,
somados, se tornam grandes
alicerces do self, ou seja, da
nossa essência.
Você tem total liberdade de mudar de ideia, de “apertar” ou
“afrouxar” os acordos. Recomendo fortemente que você se
desafie, dentro de suas possibilidades, e, da mesma maneira,
se acolha, sem se acomodar. É sobre equalizar os seus
esforços e ir sentindo se está dosando da maneira adequada, e
não há quem possa mensurar isso por você. Dessa maneira,
você acaba criando uma atualização de expectativas para a sua
vida, com mais clareza do que pode melhorar, do que precisa
reduzir, cuidar ou zelar. Traga para perto do seu possível hoje,
mirando o seu amanhã e uma atualização de jornada. Eu
acredito na melhoria constante quando, diariamente, fazemos
pequenos esforços que, somados, se tornam grandes
alicerces do self, ou seja, da nossa essência.
Um ponto valioso aqui é compartilhar seus objetivos com as
pessoas que são importantes para você. Sabemos que nem
sempre somos compreendidos ou apoiados, porém o intuito
de você comunicar quem convive no seu entorno, quem faz
parte dos seus dias, é deixar que eles saibam os seus porquês.
A razão e a importância de suas escolhas, rituais e mudanças.
A maior e mais importante validação de que você precisa é a
sua. Quem estiver ao seu lado e apoiar você, consideramos
como lucro; foque nessas pessoas. Diante da falta de
compreensão e incentivo, pratique estabelecer limites
saudáveis, inclusive porque você precisará confiar em si
mesmo. A desmotivação pode influenciar a sua automotivação,
então busque se abrir mais com quem realmente vale a pena e
vá criando um entorno que ressoe com os seus valores e
ideais.
Alicerçar o seu self ajudará você a criar uma nova realidade,
o que pode ser muito mais interessante do que criar uma nova
versão de si, e é sobre isso que falaremos no capítulo
seguinte.
17 Para você ter uma ideia do que isso representa, a Torre de Pisa, famosa torre
inclinada na Itália, tem aproximadamente 4 graus de inclinação.
capítulo 11
MAPA DE EXPANSÃO:
A PLENITUDE
DE SER VOCÊ
FAÇA UM PEDIDO!
Valendo sonhar alto e pensar grande, valendo
anotar para olhar para ele até que se realize.
VISUALIZAÇÃO CRIATIVA
Em vez de apenas pensar em nossos objetivos, precisamos
sentir profundamente as emoções que estarão presentes
quando esses objetivos forem alcançados. O caminho aqui é
se imaginar já vivendo a realidade que você deseja e, mais,
sentindo a alegria, a gratidão, o sucesso, a autoconfiança e paz
interior. Essa prática se chama visualização criativa e é um
exercício poderoso para a cocriação da realidade. Quando
visualizamos os nossos desejos e os nossos sonhos,
simulamos para o cérebro o caminho para esse lugar ainda
desconhecido, fazendo com que ele crie as conexões
necessárias para chegar lá. Ou seja, você está treinando a sua
mente, e o seu sentir faz a sua energia reverberar e atrair.
Basicamente você ensina um caminho novo para essa
realidade em seu cérebro, como fazemos ao tentar chegar a
um novo destino. Ao refazer esse caminho, você já não
precisará mais de GPS. A rota já foi toda preparada e o sentir
será a bússola capaz de levar você a esse destino, ou melhor,
realização.
A visualização criativa é uma prática que atua em diferentes
níveis de consciência, envolvendo tanto aspectos conscientes
quanto aspectos subconscientes. Ela influencia principalmente
os níveis consciente, subconsciente e pré-consciente da
consciência. A seguir, listei de qual maneira isso acontece para
que você possa se aprofundar nessa prática maravilhosa que
me possibilitou realizações incríveis!
Nível consciente: neste nível, você está ciente e
ativamente envolvido na prática da visualização. Você está
tomando decisões conscientes sobre o que visualizar,
como se sentir e como moldar a cena que está criando
em sua mente. Ao fazer isso, você está direcionando a sua
atenção e intenção para criar a experiência desejada.
Nível subconsciente: enquanto você pratica a
visualização de modo consistente, as imagens e emoções
que você gera são armazenadas no seu subconsciente,
que, dessa forma, vai acreditando em tudo como se já
fosse uma realidade presente. Essas representações
mentais podem influenciar os seus padrões de
pensamento, de crenças e de comportamentos de
maneira sutil, mesmo quando você não está
conscientemente se concentrando nelas. É como se o
efeito da prática reverberasse sincronamente para alinhar
pensamentos e comportamentos a essa nova realidade.
Nível pré-consciente (entre o nível consciente e o
subconsciente, é a parte da mente em que
informações estão disponíveis para serem trazidas ao
consciente quando necessário): neste nível, a
visualização criativa torna as imagens e emoções que você
cria mais acessíveis e prontas para serem trazidas à
mente quando você se deparar com situações
relacionadas aos seus objetivos. Por isso, é comum
começar a ter sonhos, déjà-vu e sinais do dia a dia
reforçando essa nova realidade que você está
manifestando.
Ao praticar a visualização criativa, você treina a sua
capacidade de interagir com esses diferentes níveis de
consciência. Enquanto ao envolver o consciente na prática da
visualização você está definindo a intenção e a direção, ao
acessar o subconsciente você está implantando essas
imagens e emoções como sementes que podem influenciar os
seus padrões mentais e emocionais. Ao trabalhar com o pré-
consciente, portanto, você torna essas representações
mentais prontamente disponíveis para ajudar em suas ações
diárias.
“Entendi, Ju, mas como eu pratico a visualização criativa?”
Em primeiro lugar, reserve um tempo tranquilo. Então feche os
olhos e mergulhe na cena que deseja criar. Veja, ouça, sinta e,
acima de tudo, experimente as emoções associadas a essa
conquista. Quanto mais vívida e envolvente for essa
visualização, mais profundamente ela impactará o seu cérebro.
Gosto de escolher uma trilha sonora que embale os meus
sonhos e realizações, faço o passo a passo da visualização
criativa ouvindo essa música e crio uma rotina de prática que
me leva de volta para esse estado interno, repetidas vezes.