Emissário
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Emissário
espaço urbano
Rafael Peres Mateus
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo - SP, Brasil
Email: [email protected]
Resumo: O artigo se propõe a analisar a relação entre as estruturas físicas e as pessoas no
contexto urbano. Foi escolhido como estudo de caso o Emissário Submarino de Santos, a fim
de compreender alguns dos processos de uso e apropriação da cidade, que são realizados por
diferentes agentes da sociedade. Resultados obtidos indicam que é indispensável que os
projetos que se propõem a intervir no espaço público sejam realizados colaborativamente, ou
seja, permitam que diferentes grupos sociais atuem na formulação. A contribuição deste
estudo está em revelar a importância da atuação colaborativa que incorpora as táticas nas
estratégias, reconhecendo o papel de toda sociedade.
Palavras-chave: colaboração; emissário submarino; estratégias; táticas; território
Submarine Emissary of Santos city: Strategies, tactics and collaboration in the
conception of urban space
Abstract: The article proposes to analyze the relationship between physical structures and
people in the urban context. It was chosen as a case study the Marine Outfall of Santos, in
order to understand some of the processes of use and appropriation of the city, which are
carried out by different agents of society. Results obtained indicate that it is indispensable that
the projects that are proposed to intervene in the public space be carried out collaboratively,
that is, they allow different social groups to act in the formulation. The contribution of this
research is to reveal the importance of the collaborative action that incorporates the tactics in
the strategies, recognizing the role of all society.
Palavras-chave: collaboration; marine outfall; strategies; tactics; territory
Introdução
É importante salientar que a interação entre as pessoas não se dava somente nas áreas do
parque destinadas para isso, pois as pedras que ficam na borda do emissário também eram
frequentemente utilizadas pelas pessoas. Há de se destacar a presença de diferentes grupos
sociais no local: ambulantes, surfistas, skatistas, ciclistas, turistas, entre outros. Todos
compartilham do espaço, interagem e sobrepõem atividades no mesmo contexto urbano: o
vendedor de churros atende a senhora idosa, o surfista pega onda com seu cachorro, crianças
brincam na escultura de Tomie Ohtake, um grupo de pessoas observa o mar, skatistas utilizam
a pista etc. Assim, diferentes grupos sociais tomam posse do existente, vivenciando e
apreendendo o que o local tem a oferecer.
Da mesma forma, é possível observar que os diferentes grupos sociais que frequentam o
parque intervêm constantemente no local. Grafites são alguns dos exemplos de ações
colaborativas que transformam o local e são feitas, ou requisitadas, pelos próprios
frequentadores do parque. Isso faz com que o projeto pertença de fato à coletividade, pois os
grupos sociais registram seus próprios valores ao intervir nas estruturas construídas. Na
colaboração urbana, a produção de referenciais qualifica e contribui na identificação das
pessoas com o lugar. Criando significados, táticas dos usuários se inserem na memória
coletiva e enaltecem aspectos da própria cultura urbana.
Discussão
A colaboração dos diferentes grupos sociais vitaliza o contexto urbano, pois não há
referenciais culturais que sejam totalizadores da sociedade. A verdadeira colaboração urbana
envolve diferentes segmentos da sociedade. Dessa forma, as táticas dos grupos sociais devem
contaminar de maneira positiva as estratégias do poder público, e não ser simplesmente
cooptadas por ele. Com base nesse entendimento, este artigo contribui para o debate sobre a
convivência possível entre estratégias e táticas no projeto urbano, reconhecendo a importância
de diferentes atores da sociedade na concepção do espaço urbano.
Referências