Reading - Introdução Ao Desenho Urbano by Del Rio PDF
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Evidencia-se também a busca, dentro desse contexto, por novas modos de vida comunitária.
A questão participativa encontra uma barreira também na natureza complexa do problema, que engloba diversos aspectos da vida em
sociedade e que só funciona à partir da integração de todas elas. Neste caso, apenas a consciência das necessidades habitacionais não
garante melhorias já que as reinvindicações perdem força pela representatividade política, que nesse momento se apresentam em um "[...]
crescente distanciamento dos políticos das necessidades reais da população e pelos sistemas políticos" (p.31 se tornaram incapazes de
se atentarem e de atenderem as necessidades coletivas.
A inclusão do processo participativo foi, a partir da urgente necessidade de integração entre as partes políticas e os cidadãos, integrada
como parte indissociável do planejamento urbano e aplicada com êxito em diversos casos.
O autor dá exemplos:
Na Grã-Bretanha. por exemplo. foi aprovada legislação. em 1965. que tornaria obrigatória a participação popular na elaboração de planos
diretores locais. Nos EUA. em 1969. nova legislação federal instituiu a obrigatoriedade de relatórios de impacto ambiental e participação
das comunidades onde seriam aplicados os recursos federais. Logo. em 1974. também passaria a exigir-se a participação das
comunidades de áreas atingidas por programas federais de urbanização para definição de prioridades de investimentos (fig. 20. (p.32
Entretanto, a qualidade e sucesso das intervenções conjuntas se provou diretamente ligado com a capacidade de organização dos grupos
em questão. As mudanças, nesse sentido, possuem uma compartilhada responsabilidade entre a população e os tomadores de decisão.
A participação popular entretanto veio mais da tentativa de lidar com o descontentamento do que pela busca da internalização desses
ideais holísticos no processo de Desenho Urbano. Tanto que os descontentamentos surgiram no contexto dos programas de revitalização
urbana.
Arquitetos em prática nos dias de hoje, no século XXI, estão ainda rompendo barreiras quando se esforçam verdadeiramente para de fato
incluir a comunidade no processo de decisão (Alejando Aravena, projetos de Habitação; Paulo Cássio Acuri, reformulação de área em
comunidade ribeirinha). O entendimento das questões sociais e a reformulação dos métodos em que se analisa e propõem mudanças para
o urbano, não necessariamente enquadra as necessidades populares, o entendimento das necessidades sociais é apenas uma porção
pequena da questão, que serve como guia para o processo, mas que se prova incompleta quando alheia a população do processo
decisório].
Viu se nos anos 60 o início de reinvindicações, por parte da sociedade, por melhorias na maneira como o espaço público era executado e
mudanças na maneira que o estudo do espaço urbano acontecia. Dentro do contexto de revoluções técnicas e tecnológicas, viu-se surgir
uma nova postura crítica, novos valores e, por consequência, uma nova exigência visando o aprofundamento e a proposição de
percepções inovadoras sobre o espaço público.
Essas mudanças foram (aceleradas) por transformações sociais, políticas, econômicas e culturais. Vê-se aí a ligação destas questões com
as necessidades das pessoas e, consequentemente, da configuração do espaço físico, nesse caso em uma escala urbana].
Com a mudança na postura crítica geral, houve um ressurgimento do humanismo, como aponta o autor. Questões importantes e relevantes
re emergiram como consequência - a consciência [, de certa forma geral] do excesso de consumismo, a reintegração do patrimônio como
componente integrante da concepção de cidade, a manutenção dos valores tradicionais, da reaproximação à arquitetura vernacular etc.
(p.24
Planos de renovação -
Segunda guerra mundial, destruição das cidades e necessidade de revitalização destas na escala urbana.
" Importantes aspectos seriam ignorados nestes processos, tais como os valores da população e os intensos e longos
investimentos sociais e econômicos das comunidades e do indivíduo no seu ambiente habitacional. As características simplistas e,
não raro, desumanas dos ambientes então gerados desconsideravam a complexidade da vida urbana, de patrimônio histórico, da
integração e inter-relação entre as funções e atividades humanas, a importância das redes sociais estabelecidas, dos valores
afetivos e de tantos outros fatores vitais para o cidadão." P.20 e 21.)
A dimensão cultural e antropológica do espaço urbano [Estudada principalmente por Amos Rapoport], - " as relações entre o ambiente
construído e a cultura, chamando a atenção para valores como a complexidade de significados, as mensagens visuais experimentadas
pelo cidadão e a importância das ricas conotações dos elementos arquitetônicos vernaculares e indígenas." (p.24
Critérios de estudo que definem o conceito de "Morfologia Urbana", que analisa o espaço urbano, suas configurações físicas, de uso e
ocupação, como consequência lógica das forças sociais. Prefácio, p.2
A semiologia também teve seu desenvolvimento fomentado pela necessidade, que principiava a surgir nesse momento, de entender a
ligação entre os fenômenos visuais (signos) na dupla relação definidora entre pessoa-espaço. O espaço, comunicando a todo momento
mensagens carregadas de significados, necessitava ser entendido à partir de seus impactos visuais, já que estes contribuem para o
entendimento da morfologia urbana como uma entidade sujeita as forças sociais.
"segundo VENTU RI 1977. a arquitetura depende da experiência passada e da associação emotiva para a sua percepção e criação."
(p.25.
Community Planning
Cidade Colagem
As criticas tecidas ao modernismo pelo autor apontam a desconexão do movimento (ou estilo), com as necessidades básicas humanas de
conforto e uso e com a necessária integração do projeto arquitetônico com o urbano. No modernismo, exemplifica-se a corrente de
pensamento totalmente oposta às reinvindicações para a maior participação das pessoas na construção e proposição das casas,
habitações sociais e cidades:
"Os conflitos verificáveis entre os usuários e seus ambientes modernistas vão desde insatisfação com a rigidez de
edifícios de "desenho total", onde o arquiteto controlava até os cinzeiros a serem utilizados, como no caso do edifício da
CBS em Nova lorque, estudado por RAPOPORT (1967). até falhas técnicas e estruturais". (p.38)
O que se gerou, a partir de uma série de críticas a esse distanciamento, foram importantes ideias norteadoras para o planejamento das
cidades. Os estudos pós-ocupação ganharam relevância e a qualidade do que era produzido passou a ser medida menos pelas qualidades
conceituais desenvolvidas pela arquitetura e mais pela satisfação e atendimento das necessidades de quem usa os espaços.
A introdução da psicologia na analise urbana foi feita por LYNCH, estimulando a participação do usuário a partir do entendimento dos
fenômenos perceptivos.