01 Conceito de Direito Administrativo

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito de Direito Administrativo

Direito administrativo é um ramo autônomo do direito público interno que se concentra no estudo
da Administração Pública e da atividade de seus integrantes. Tal disciplina tem por objeto
os órgãos, entidades, agentes e atividades públicos, e a sua meta é a sistematização dos fins
desejados pelo Estado, ou seja, o interesse público, regrado pelo princípio da legalidade. Tudo que
se refere ao instituto da Administração Pública e à relação jurídica entre ela e os administrados e
seus servidores é regrado e estudado pelo direito administrativo.

O direito administrativo integra o ramo do direito público, cuja principal característica é a desigualdade
jurídica entre as partes envolvidas. De um lado, a Administração Pública defende os interesses
coletivos; de outro, o particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de prevalecer o
da coletividade, representado pela Administração Pública. No direito público, a Administração Pública
se encontrará sempre em um patamar superior ao do particular, diferentemente do que é visto
no direito privado, onde as partes estão em igualdade de condições.

Origem do Direito Administrativo

O Direito Administrativo nasceu no final do século XVIII, com forte influência do direito francês, que foi
o grande inovador no regramento das matérias correlatas à Administração Pública. Como disciplina
autônoma, assim como a maioria das matérias do direito público, surgiu em período posterior à
implantação do Estado de Direito, que se deu logo após a Revolução Francesa. A França é
considerada o berço de inúmeros institutos de Direito Administrativo, os quais tiveram origem nas
construções jurisprudenciais do Conselho de Estado.

A França adotou o sistema da dualidade de jurisdição, tendo em vista o sentimento de desconfiança


em relação ao Poder Judiciário, pois os revolucionários não desejavam que as decisões do Executivo
pudessem ser por ele revistas e modificadas. Daí desenvolveu-se a jurisdição administrativa
separada da jurisdição comum. Originariamente, o contencioso francês subordinava-se ao governo,
na chamada fase da justiça retida, por isso se costuma dizer que houve um suposto “pecado original”
do Direito Administrativo, que, não obstante a Revolução, manteve algumas relações distorcidas do
regime anterior; no entanto, a partir de 1872, houve o reconhecimento legal da autonomia do
Conselho de Estado, a partir da adoção da justiça delegada.

O Direito Administrativo brasileiro, por sua vez, adotou o sistema norte-americano da unidade de
jurisdição desde a Constituição de 1891, sem se filiar, todavia, à sistemática do Common Law, entre
outros fatores, justamente porque submete as questões envolvendo a Administração Pública a uma
disciplina diferenciada daquela encontrada no direito comum/privado. Mesmo que a Justiça Comum
julgue a Administração Pública no Brasil, ainda assim o fará segundo regras e princípios de direito
público, provenientes do regime jurídico administrativo, daí o motivo da influência francesa. Por
conseguinte, a teoria dos atos administrativos desenvolvida pelas decisões do contencioso francês
influenciou na concepção brasileira dos atos, bem como a teoria do contrato, com cláusulas
exorbitantes, ou mesmo o regime diferenciado dos bens públicos. Nesta perspectiva, sintetiza Di
Pietro que: “o direito administrativo francês nasceu como direito não legislado, porque formulado pelo
juiz para suprir as lacunas da legislação, então inexistente. Daí a contribuição do Conselho de Estado
para a elaboração de princípios informativos do direito administrativo”.

No Brasil

A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal.

No Direito brasileiro, sente-se a falta de um Código que reúna todas as leis esparsas que tratam do
Direito Administrativo. Então, o estudo é feito através da Doutrina e da análise de cada lei esparsa,
bem assim da Constituição Federal.

Não deve ser confundido com Direito Administrativo o crime de advocacia administrativa,
fundamentado no artigo 321 do Código Penal, que ocorre quando um funcionário público se aproveita
de sua profissão para beneficiar a outrem. Não há crime quando o funcionário patrocina a si próprio
ou a outro funcionário público.

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O regime jurídico administrativo

1. O Conceito de Regime Jurídico Administrativo

Na Constituição da República Federativa do Brasil, encontramos um conjunto de princípios e normas,


os quais norteiam a atividade desempenhada pelos agentes encarregados de zelar pela coisa
pública. Desse modo, conjugando as regras e os princípios que estruturam a Administração Pública
Brasileira, tem-se o regime jurídico administrativo.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que “a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-
somente para abranger o conjunto de traços, de conotações que tipificam o Direito Administrativo,
colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-
administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras
apenas: prerrogativas e sujeições”[1].

Marçal Justen Filho tem a seguinte definição: “o regime jurídico de direito público consiste no conjunto
de normas jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse
coletivo, vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela
ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins”[2].

Decorre do ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello que o regime de direito público resulta
da caracterização normativa de determinados interesses como pertinentes à sociedade e não aos
particulares considerados em sua individuada singularidade. Juridicamente esta caracterização
consiste, no Direito Administrativo, segundo nosso modo de ver, na atribuição de uma disciplina
normativa peculiar que, fundamentalmente se delineia em função da consagração de dois princípios:
a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade, pela Administração, dos
interesses públicos[3].

Cumpre ressaltar que os dois princípios retro mencionados são considerados princípios implícitos,
entretanto, tem a mesma força jurídica que os princípios expressos. Ademais são princípios basilares
da Administração Pública constituindo a base de todo o sistema normativo sendo, portanto, de alta
relevância no ordenamento jurídico em geral. Dessa forma, o princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público, informam
todo o Direito Administrativo e constituem, por sua vez, o chamado regime jurídico administrativo.

Neste sentido Di Pietro expõe que “ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a
Administração em posição de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o
benefício da coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a determinados fins
e princípios que, se não observados, implicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da
Administração. O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que
não se encontram nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo. Muitas
dessas prerrogativas e restrições são expressas sob a forma de princípios que informam o direito
público e, em especial, o Direito Administrativo”[4].

Imperioso concluir esse tema com as palavras de Raquel de Carvalho que elucida o seguinte:

“um Estado, para ser Democrático de Direito, deve encarar a tarefa de tutelar a primazia do bem
comum, tanto na mediação das relações privadas, quanto no exercício das competências públicas.
Os efeitos danosos do individualismo característico do mundo contemporâneo alastram-se nas
relações privadas e até mesmo no cumprimento dos deveres estatais. É grave o resultado da falta de
consciência de que existe um interesse social que, em determinadas realidades, pode transcender o
particular e que deve sobre o último prevalecer. Se o século XXI nasceu sob o signo do
individualismo egoísta, cumpre ao jurista estruturar o sistema normativo de modo a combater as
consequências desastrosas de tal vício quando atinge as instituições públicas. O regime jurídico
administrativo deve necessariamente reconhecer que:

a) a supremacia do interesse público primário (pertinente a toda sociedade) é princípio integrante do


regime jurídico administrativo;

b) é possível que haja, em dadas situações, convergência entre interesses privados e interesse
público ou atividade particular protetora do bem comum, sem qualquer tensão que torne necessário
falar-se na primazia do interesse público;

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c) na hipótese de conflito entre interesse publico e interesses privados, a proteção constitucional à


dignidade da pessoa humana e aos direitos fundamentais não embasa a negativa de predomínio do
bem comum, sendo este o interesse geral a ser tutelado pela Administração, o que não significa
arbítrio ou autoritarismo, mas efetividade do Estado Democrático de Direito;

d) não conduz à negação da primazia do interesse público primário o fato deste não ser sempre
único, claramente identificável e incidente, de modo exclusivo, em uma dada realidade; o caráter
dinâmico e a multiplicidade de interesses públicos inerentes ao mundo contemporâneo apenas torna
cabível a técnica da ponderação entre os diversos interesses, em face de cada situação específica, à
luz da proporcionalidade”.

Concluímos que, o regime jurídico administrativo trava no sentido de estabelecer, entre o


administrador público e seus administrativos, um tratamento próprio e peculiar diferente daquele
travado entre os particulares. Surge da relação entre administrador público e particulares um conjunto
de direitos (prerrogativas) e deveres (limitação) que a lei confere à Administração Pública, tendo em
vista que ela atua em busca do bem-estar coletivo. Ressalta-se que esses direitos e deveres não se
estendem aos particulares, salvo quando lhe for delegado a execução de algum serviço público,
através de concessão ou permissão, por exemplo.

Quando mencionamos que a Administração Pública promove o bem-estar coletivo, queremos


enfatizar que ela tem o dever de buscar o interesse público. Vale ressaltar que este interesse é
pertencente ao povo, sendo, desse modo, indisponível. Assim cabe a Administração Pública buscar a
primazia do bem comum, sem, no entanto, transferir a terceiros a administração desse interesse
público, pois faz parte da função administrativa protegê-lo.

Pois bem. Dado o conceito de regime jurídico administrativo, cabe salientar que, em regra, os
doutrinadores enumeram, os princípios da legalidade, igualdade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência, supremacia do interesse público, razoabilidade, proporcionalidade, motivação
e controle da Administração como integrantes do regime jurídico administrativo. Vale destacar que a
doutrina clássica adota a posição que a legalidade, a supremacia e a indisponibilidade do interesse
público são princípios fundantes do regime mencionado.

Diante do que foi exposto, para fins deste trabalho monográfico, é fundamental discorrer sobre os
princípios previstos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e sobre os princípios da supremacia
e indisponibilidade do interesse público. Portanto, mãos à obra.

2. Princípios Constitucionais Expressos

Estão previstos no artigo 37, caput, da Constituição da República de 1988. A seguir passamos a
descrever os princípios constitucionais expressos fundamentais, os quais são aplicáveis a todos os
institutos do Direito Administrativo.

1 – Legalidade: também chamado de princípio da juridicidade, exige adequação de toda e qualquer


conduta administrativa a todo o ordenamento jurídico, nele estando incluídos todas as normas e todos
os princípios. Enquanto o particular é livre para fazer tudo o que não seja proibido, a Administração
só pode agir se a lei ordenar, nos termos que a lei traz, no condicionamento da lei e no tempo que a
lei determina. Se a lei não traz qualquer comando, a Administração não pode agir.

Para Di Pietro, “este princípio, juntamente com o de controle da Administração pelo Poder Judiciário,
nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais garantias de respeito aos direitos
individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites da
atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais direitos em benefício da
coletividade. É aqui que melhor se enquadra aquela idéia de que, na relação administrativa, a
vontade da Administração Pública é a que decorre da lei”.

Segundo José dos Santos “o princípio da legalidade é certamente a diretriz básica da conduta dos
agentes da Administração. Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei. Não o sendo, a atividade é lícita. Tal postulado, consagrado após séculos de evolução
política, tem por origem mais próxima a criação do Estado de Direito, ou seja, do Estado que deve
respeitar as próprias leis que edita”.

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O princípio da legalidade é considerado pelo Direito Constitucional como uma das maiores conquistas
do povo, porque a legalidade é, na verdade, uma barreira protetora que os particulares têm em
relação à Administração. É de se notar que a Administração atua em nossas vidas com poderes
muito grandes, e se não houvesse o princípio da legalidade, a máquina administrativa poderia ser
utilizada sem qualquer controle e sem a devida atenção que o interesse público merece. Assim esse
princípio representa um escudo para que a Administração não abuse dos seus poderes.

Como aplicação ao princípio da legalidade, foram editadas as seguintes súmulas, ambas do Supremo
Tribunal Federal:

Súmula 346: “A administração pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”.

Súmula 473: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial”.

2 – Impessoalidade: princípio da isonomia no Direito Administrativo. Não significa dar o mesmo


tratamento a todos, mas sim, um tratamento igual para os iguais e para os desiguais, um tratamento
desigual, na medida em que se desigualam, como ensinava Pontes de Miranda. Desse modo, é
possível um tratamento privilegiado desde que ele venha expressamente previsto em lei e esteja em
conformidade com o interesse da sociedade.

A título de exemplo, o Estatuto do Idoso prevê privilégios para quem é considerado idoso. Isso,
contudo, não fere o princípio da impessoalidade, tendo em vista que a sociedade brasileira prevê tal
tratamento como decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana. É o que também ocorre
com o tratamento especial dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte, uma vez
que, como atende aos interesses da sociedade porque gera empregos e promove a circulação de
renda, o tratamento é isonômico.

Na feliz síntese de José dos Santos Carvalho Filho “o princípio objetivo a igualdade de tratamento
que a Administração deve dispensar aos administrados que se encontrem em idêntica situação
jurídica. Nesse ponto, representa uma faceta do princípio da isonomia. Por outro lado, para que haja
verdadeira impessoalidade, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o interesse
público, e não para o privado, vedando-se, em consequência, sejam favorecidos alguns indivíduos
em detrimento de outros e prejudicados alguns para favorecimento de outros”.

Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que “no texto constitucional há, ainda, algumas referências a
aplicações concretas deste princípio, como ocorre no art. 37, II, ao exigir que o ingresso em cargo,
função ou emprego público depende de concurso público, exatamente para que todos possam
disputar-lhes o acesso em plena igualdade. Idem, no art. 37, XXI, ao estabelecer que os contratos
com a Administração direta e indireta dependerão de licitação pública que assegure igualdade de
todos os concorrentes. O mesmo bem jurídico também está especificamente resguardado na
exigência de licitação para permissões e concessões de serviço público (art. 175)[9]”.

Isto quer dizer que, o particular tem autonomia para contratar quem quiser para a sua empresa. Já a
Administração tem que observar o princípio da impessoalidade devendo contratar, destarte, através
de concurso público. O empresário pode contratar qualquer serviço e pelo valor que estiver de
acordo. Por outro lado a Administração não tem autonomia de vontade para isso, sendo necessário,
portanto, a realização de licitação para realizar contrato com aquele licitante que ofereceu a melhor
proposta.

3 – Moralidade: obrigação de honestidade e de probidade. Ser honesto quer dizer ser fiel ao
interesse público definido na lei. É exigido da Administração como um todo, de cada agente público e
também dos particulares que se relacionam com a Administração. Em Direito Administrativo a
violação grave do dever de moralidade é chamada de improbidade administrativa e está prevista no
artigo 37, parágrafo 4º, da CF/88 e na lei nº 8.429/92.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, de acordo com o princípio da moralidade “a Administração
e seus agentes tem de atuar na conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará violação ao
próprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal
princípio assumiu foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37 da Constituição”.

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José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, adverte que “a falta de moralidade administrativa pode
afetar vários aspectos da atividade da Administração. Quando a imoralidade consiste em atos de
improbidade, que, como regra, causam prejuízos ao erário público, o diploma regulador é a Lei nº
8.429, de 2/6/1992, que prevê as hipóteses configuradoras da falta de probidade na Administração,
bem como estabelece as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando responsáveis
por esse tipo ilegítimo de conduta. Ao mesmo tempo, contempla os instrumentos processuais
adequados à proteção dos cofres públicos, admitindo, entre outras, ações de natureza cautelar de
sequestro e arresto de bens e o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras, sem contar,
logicamente, a ação principal de perdimento de bens, ajuizada pelo Ministério Público ou pela pessoa
de direito público interessada na reconstituição de seu patrimônio lesado. Outro instrumento relevante
de tutela jurisdicional é a ação popular, contemplada no art. 5º, LXXIII, da vigente Constituição. Pela
ação popular, regulamentada pela Lei nº 4.717, de 29/6/65, qualquer cidadão pode deduzir a
pretensão de anular atos do Poder Público contaminados de imoralidade administrativa. Por fim, não
se pode esquecer de também citar a ação civil pública, prevista no art. 129, III, da CF, como uma das
funções institucionais do Ministério Público, e regulamentada pela Lei nº 7.347, de 24/7/85, como
outro dos instrumentos de proteção à moralidade administrativa”[11].

4 – Publicidade: como a Administração não é titular do interesse público, o qual pertence ao povo,
tudo aquilo que acontece na esfera administrativa deve ser publicitado. É o dever de clareza e de
transparência que a Administração deve ter em relação aos titulares do interesse público. A
publicidade é também condição de validade dos atos administrativos, ou seja, apenas quando se
tornam claros, eles estão em conformidade com a ordem jurídica.

Cumpre salientar que esse princípio traz duas únicas exceções previstas no art. 5º, LX, quais sejam,
restrição à publicidade determinada em lei para a proteção da intimidade (do particular ou do agente
público) e o interesse social.

O dever de motivação que a Administração Brasileira tem, ou seja, dever de expor por escrito as
razões de fato e de direito que justificam a prática de qualquer uma de suas condutas decorre do
princípio da publicidade.

Expõe José dos Santos Carvalho Filho que o princípio da publicidade pode ser reclamado através de
dois instrumentos básicos: a) o direito de petição, pelo qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos
administrativos para formular qualquer tipo de postulação (art. 5º, XXXIV, ‘a’, CF); b) as certidões que,
expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos, cuja publicidade permite aos
administrados a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas situações (art. 5º, XXXIV, ‘b’,
CF). Negado o exercício de tais direitos, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada
incorretamente, terá o prejudicado os instrumentos constitucionais para garantir a restauração da
legalidade – o mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF) e o habeas data (art. 5º, LXXII, CF). Na
verdade, não se deve perder de vista que todas as pessoas têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo, com exceção das situações
resguardadas por sigilo (art. 5º, XXXIII, CF), e o exercício de tal direito, de estatura constitucional, há
de pressupor necessariamente a obediência da Administração ao princípio da publicidade.

5 – Eficiência: foi tornado expresso no caput do art. 37 da CR/88, por meio da Emenda
Constitucional nº 19/98. Antes da emenda esse princípio não estava escrito na Constituição, pois era
implícito, no entanto, a Administração já tinha o dever de ser eficiente, independente da ordem estar
escrita ou não.

Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro “o princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois
aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se
espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em
relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo
objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. Vale dizer que a
eficiência é princípio que se soma aos demais princípios impostos à Administração, não podendo
sobrepor-se a nenhum deles, especialmente ao da legalidade, sob pena de sérios riscos à segurança
jurídica e ao próprio Estado de Direito”.

Acrescenta-se que a construção desse princípio teve inspiração na iniciativa privada, uma vez que o
sucesso de um negócio é medido pelo grau de satisfação de seu cliente. Cumpre ressaltar que o
princípio da eficiência é tão importante quanto todos os outros princípios estruturantes do regime

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jurídico administrativo, de modo que não é possível que, em nome de uma maior eficiência, seja
preterido, por exemplo, o princípio da legalidade.

3. Princípios Implícitos

Tem a mesma força jurídica dos princípios explícitos. A doutrina e a jurisprudência usualmente se
referem a estes princípios, tendo, desse modo, uma mesma relevância jurídica que os princípios
escritos na Constituição.

Os princípios implícitos que mais nos interessam são: a supremacia do interesse público sobre o
interesse particular e a indisponibilidade do interesse público.

Recordando as palavras de Celso Antônio no que tange a estes dois princípios: “atribuísse-lhes a
importância de pontos fundamentais do Direito Administrativo não porque possuam em si mesmos a
virtude de se imporem como fontes necessárias do regime, mas porque, investigando o ordenamento
jurídico-administrativo, acredita-se que eles hajam sido encampados por ele e nesta condição
validados como fonte-matriz do sistema. Todo o sistema de Direito Administrativo, a nosso ver, se
constrói sobre os mencionados princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e
indisponibilidade do interesse público pela Administração”[13].

4. O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

A Administração deve realizar suas condutas sempre velando pelos interesses da sociedade, mas
nunca dispondo deles, uma vez que o administrador não goza de livre disposição dos bens que
administra, pois o titular desses bens é o povo. Isto significa que a Administração Pública não tem
competência para desfazer-se da coisa pública, bem como, não pode desvencilhar-se da sua
atribuição de guarda e conservação do bem. A Administração também não pode transferir a terceiros
a sua tarefa de zelar, proteger e vigiar o bem. Ademais a disponibilidade dos interesses públicos
somente pode ser feita pelo legislador.

Vale mencionar dois importantes institutos que concretizam o dever de indisponibilidade do interesse
público pela Administração: a licitação e o concurso público. No primeiro caso, a Administração não
pode escolher, sem nenhum critério objetivo definido em lei, com quem vai celebrar contrato. A lei
estabelece um processo administrativo que deve ser rigorosamente seguido a fim de que se possa
escolher o interessado que apresente a proposta mais vantajosa. No que tange ao concurso público,
se há uma vaga na estrutura administrativa, a escolha de quem será nomeado não pode ser
aleatória. Então, por meio do concurso, pretende-se dar a mesma oportunidade a todos que
preenchem os requisitos estabelecidos em lei de apresentarem sua capacidade física e intelectual de
ser escolhido.

Leciona Diógenes Gasparini que, segundo o princípio da indisponibilidade do interesse público, não
se acham os bens, direitos, interesses e serviços públicos à livre disposição dos órgãos públicos, a
quem apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor da coisa pública. Aqueles e este não
são senhores ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever de guardá-los e aprimorá-los para
a finalidade a que estão vinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há
necessidade de lei para alienar bens, para outorgar concessão de serviço público, para transigir, para
renunciar, para confessar, para revelar a prescrição e para tantas outras atividades a cargos dos
órgãos e agentes da Administração Pública[14].

Hely Lopes Meirelles assevera que a Administração Pública não pode dispor desse interesse geral
num renunciar a poderes que a lei lhe deu para tal tutela, mesmo porque ela não é titular do interesse
público, cujo titular é o Estado, que, por isso, mediante lei poderá autorizar a disponibilidade ou a
renúncia[15].

Segundo Raquel de Carvalho “com base na premissa de que a Administração não titulariza os
interesses públicos primários, é lugar comum afirmar a indisponibilidade de tais interesses pelo
agente encarregado de, na sua gestão, protegê-los. Quem detém apenas poderes instrumentais à
consecução de um dado fim não possui, em princípio, a prerrogativa de deles abrir mão, donde
resulta a idéia de indisponibilidade do interesse público”[16].

Na concepção de José dos Santos Carvalho Filho os bens e interesses públicos não pertencem à
Administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol

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da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos. A Administração não
tem a livre disposição dos bens e interesses públicos, porque atua em nome de terceiros. Por essa
razão é que os bens públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma
forma, os contratos administrativos reclamam, como regra, que se realize licitação para encontrar
quem possa executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a Administração. O princípio
parte, afinal, da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesses públicos
trazem benefícios para a própria coletividade[17]. A Lei Geral do Processo Administrativo nº 9.784/99
prevê no seu art. 2º, parágrafo único, inciso II, a indisponibilidade do interesse público pela
Administração Pública:

“Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei.” (grifo nosso)

Raquel de Carvalho acentua que o interesse público é indisponível e este é um princípio integrante do
regime jurídico administrativo. No entanto, embora não seja a alternativa primeira, nem mesmo a
regra, pode ser que, em dada realidade, abrir mão de uma vantagem seja a única saída para a real
proteção do interesse público primário[18].

Mais além, diz a autora que, o que se admite discutir, portanto, é o que de fato representa proteger o
interesse público primário em cada situação. Se o bem-estar geral for atendido com a perseguição
integral de todas vantagens decorrentes do ordenamento em favor da Administração, é isto que cabe
ao Estado buscar, de modo irrenunciável. Se, contudo, em determinados contextos, o empenho na
satisfação de todos os benefícios públicos não conduzir à satisfação do bem comum, é cabível usar
medida flexibilizadora inserida no novo arsenal normativo para o desenvolvimento da atividade
negocial administrativa, inclusive diante de conflitos. Cumpre atentar para as especificidades do caso
concreto e para o dever de motivar jurídica e concretamente a escolha levada a efeito[19].

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello a indisponibilidade dos interesses públicos significa que,
sendo interesses qualificados como próprios da coletividade – internos ao setor público -, não se
encontram à livre disposição de quem quer que seja, por impropriáveis. O próprio órgão
administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhe incumbe
apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita conformidade do que predispuser
a intentio legis. Relembre-se que a Administração não titulariza interesses públicos. O titular deles é o
Estado, que, em certa esfera, os protege e exercita através da função administrativa, mediante o
conjunto de órgãos (chamados administração, em sentido subjetivo ou orgânico), veículos da vontade
estatal consagrada em lei[20].

É oportuno aqui recordar as lições do professor Manoel Messias Peixinho, no sentido de que o
administrador público não pode gerir o Estado desvinculado do interesse público. A indisponibilidade
deste interesse quer dizer obediência obsequiosa aos direitos fundamentais e aos valores
constitucionais eleitos pelo constituinte embrionário.

Indisponibilidade, no contexto do Direito Administrativo, deixa de ser só ato de não poder dispor com
liberdade dos deveres entregues à tutela do administrador. Torna-se, também é dever de prover a
coisa pública com equidade, isonomia, publicidade, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
enfim, com todos os demais princípios explícitos e implícitos, enraizados no direito administrativo, que
são afluentes do princípio da indisponibilidade do interesse público[21].

Diante do que foi exposto, vale ressaltar que os bens, direitos e interesses públicos são confiados ao
administrador apenas para a sua gestão, nunca para a sua disposição. Para dispor, alienar, renunciar
ou transacionar, o administrador dependerá sempre de lei. Assim sendo, não há para a Administração
e seus agentes, qualquer liberdade de disposição ou renúncia, mas sim de indisponibilidade no que
tange ao interesse do povo.

Qual A Diferença Entre Cargo, Emprego E Função Pública?

As expressões cargo, emprego e função pública, embora possam confundir não possuem o mesmo
significado e são empregadas para retratar realidades diferentes dentro da estrutura da
administração pública.

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É certo que todos aqueles que ocupam um cargo, um emprego ou atuam em uma determinada
função pública são chamados de agentes públicos.

Os agentes públicos podem ser, conforme leciona o professor Guilherme Pena de Moraes, agentes
políticos, servidores estatais ou particulares em colaboração com o estado.

A primeira e ultima espécie de agentes públicos – agentes políticos e particulares em colaboração


com o Estado – serão explanados em outro artigo, publicado futuramente. Quanto aos servidores
estatais, estes serão tratados como mais rigor.

Os servidores estatais podem ser: servidores públicos; empregados públicos; e contratados.

Os servidores públicos são aqueles que ocupam cargo público perante a Administração Pública
direta (União, Estados, DF e Municípios) e à Administração Pública indireta autárquica e
fundacional (Autarquias e Fundações Públicas). Eles estão sujeitos ao regime estatutário e são
escolhidos através de concurso público. Além disso, possuem estabilidade, que é uma garantia
constitucional de permanência no serviço público após 3 (três) anos de estágio probatório e
aprovação em avaliação especial de desempenho.

Por sua vez, os empregados públicos são os que ocupam emprego público e também são
selecionados mediante concurso público. Entretanto, são regidos pela CLT – Consolidação das
Leis Trabalhista – e estão localizados na administração pública indireta, especialmente nas
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. Os empregados públicos não gozam da
garantia constitucional da estabilidade.

Por fim, os contratados ocupam função pública, podem ser vistos na Administração Pública
direta ou indireta, desde que atenda aos dois requisitos exigidos pela Carta Magna de 1988, em
seu artigo 37, inciso IX, quais sejam: necessidade de contratação temporária; e excepcional
interesse público. Ademais, estão sujeitos ao regime especial e são selecionados através de
processo seletivo simplificado.

Vale ressaltar que não são apenas os contratados que ocupam função pública. Sobre o tema,
cumpre colacionar as palavras do professor Dirley da Cunha Junior:

“Todo cargo ou emprego público tem função, mas pode haver função sem cargo e sem emprego. A
função sem cargo e sem emprego é denominada função autônoma, que na forma
da Constituição atual, abrange: A função temporária – exercida por servidores temporários na
forma do art. 37, IXda CF – e a função de confiança – prevista no art. 37, V, da CF, e exercida
exclusivamente por servidores públicos titulares de cargos efetivos e que se destinam a apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento”.

Diante do explanado, verifica-se que:

1. - Cargo público é aquele ocupado por servidor público;

2. Emprego público é aquele ocupado por empregado público que pode atuar em entidade
privada ou pública da Administração indireta;

3. Função é um conjunto de atribuições destinadas aos agentes públicos, abrangendo à função


temporária e a função de confiança.

Função Administrativa

No Direito administrativo, a Função administrativa é uma as três funções básicas do Estado, ou de


seus delegatários, por oposição com a função legislativa e a função jurisdicional.[1] A função
administrativa é ativa, pois em regra independe de provocação do cidadão para ser exercitada,
diferentemente do que ocorre com a função jurisdicional. É, por outro lado, subordinada à lei,
atividade infra-legal, que não inova a ordem jurídica, diversamente da função legislativa, naturalmente
criativa e inovadora. A função administrativa é atividade infra-legal, ativa, hierarquizada, de realização
do interesse público.

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É peculiar também quanto ao mecanismo de controle. Os atos administrativos podem ser controlados
por razões de mérito e por razões de legalidade, o que alguns autores denominam como "dupla
sindicabilidade jurídica". No dizer de Paulo Modesto, por exemplo, função administrativa é "a
atividade subalterna e instrumental exercitada pelo Estado (ou por quem lhe faça as vezes),
expressiva do poder público, realizada sob a lei ou para dar aplicação estritamente vinculada a norma
constitucional, como atividade emanadora de atos complementares dos atos de produção jurídica
primários ou originários, sujeita a dupla sindicabilidade jurídica e dirigida à concretização das
finalidades estabelecidas no sistema do direito positivo" [2]

A função administrativa é estudada como um conceito de fronteira entre o direito administrativo e


o Direito Constitucional. Segundo este conceito, é o dever de um Estado atender ao interesse público,
satisfazendo o comando decorrente dos atos normativos. O cumprimento do comando legal, deverá
decorrer da função exercida por pessoa jurídica de direito público. A função administrativa é o modo
ordinário de realização do fins públicos do Estado, em termos concretos, mais próximo ao cidadão.

Função Política ou de Governo

O administrador só pode agir quando e como a lei determinar, agir de acordo com os mínimos
detalhes legais.

Posteriormente, com o princípio da legalidade não se observa somente a lei, mas sim o direito como
um todo, normas e princípios. Além disso, o administrado também deve participar da administração,
logo deve-lhe sempre ser permitido o contraditório e a ampla defesa.

O ilegal passa a ter sentido amplo, isto é, atenta contra todo o direito, justiça, costumes e princípios.

Estado Moderno

No passado, no Estado Moderno em que havia o poder soberano do rei, o ato administrativo não
permitia a defesa por parte do administrado como atualmente ocorre, pois o que fora realizado pelo
administrador deve ser acatado e realizado, pois suas decisões eram absolutas e não poderia ser
questionada, vez que eles cumpriam estritamente o que a lei mandava.

Estado Democrático de Direito

Estado de direito é o Estado baseado nas leis, sendo que todos, inclusive o detentor do poder a ela
se submete, só agem com base no que as leis determinam, é mínimo de direito.

Marcos da Democracia

Após as revoluções liberais dois marcos da democracia são a separação dos poderes e o
federalismo.

Princípio da Separação dos Poderes

O princípio tem sido nomeado como especialização das funções, pelo fato de todos poderes terem
funções típicas e atípicas, isto quer dizer que algumas vezes um dos poderes fazem além de suas
funções, funções típicas de outros poderes, sem que isso viole a lei.

Função executiva é administrar, suas decisões não têm caráter definitivo.

O legislativo além de tipicamente legislar, também tem a função também de fiscalizar pelo tribunal de
contas.

Adm.Pública X P.Executivo; Função administrativa e de governo

A administração pública não é o mesmo que o poder executivo, ambos têm poderes de
administração, entretanto o poder de executar é típico do executivo.

Diferenças entre função administrativa e Função de governo:

A função administrativa é neutra o administrador só age se a lei permitir, não se admite

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

discricionariedade, por outro lado na função de governo prima-se pela discricionariedade podendo se
criar a política que mais se achar conveniente e oportuna.

Na administrativa há conduta hierarquizada, já na de governo aos ministros não se vinculam, são


independentes.

A responsabilidade da administrativa é técnica legal, deve se agir de acordo com conhecimentos


específicos e determinados pelo que a lei preestabelece, por outro lado na de governo é apenas
responsabilidade política.

Na administrativa a vinculação das atribuições é de acordo com todo o ordenamento jurídico, na de


governo a vinculação é apenas quanto a CF.

Exercem função de governo apenas o legislativo e executivo a função administrativa é exercida por
todos os poderes.

Aspecto Formal Subjetivo x Material Objetivo

A administração pública pode ser conceituada pelo aspecto formal ou subjetivo e material ou
objetivo.

Quanto ao sentido formal entende-se por administração pública os sujeitos que exercem a função de
administração (União, Estados, DF, Municípios, Autarquias, Fundações, Empresa Pública e
Sociedade de Economia Mista).

Pelo sentido objetivo (material ou funcional) compreende-se a administração pública como o ente que
exerce as funções de administração, é a administração quanto as funções e atividades que exerce ou
o exercício das atividades típicas da administração pública (Fomento, Gestão, Intervenção, Poder de
Polícia, Serviços Públicos).

AP Sentido Amplo e Estrito

Em sentido amplo a administração pública é entendida como função de governo, em sentido estrito é
entendida como função administrativa.

Em sentido estrito a adm. Publica tem natureza de Múnus Público, obrigação daquele que esta
governando a coisa pública, isto é, não se pode dispor das coisas e do interesse público, danificar e
dispor dos bens;

Tem como finalidade o bem comum, o interesse comum, o bem-estar coletivo, a função política cria a
idéia, mostra como fazer e quem faz são os órgãos da administração.

Sistemas Administrativos

Sistemas administrativos são os regimes pelo os quais vão escolher quem vai dirimir os conflitos dos
atos administrativos.

No sistema inglês há unicidade de jurisdição, lá tem tribunais só para questões administrativas.

No sistema francês há o dualismo, é um sistema dualista, isso porque existem dois tipos de tribunais,
um tribunal de justiça e um administrativo, este serve para resolver as questões administrativas, todo
ato administrativo causando problema para o particular é levado para o tribunal administrativo que
fará coisa julgada.

O Brasil adotou o sistema inglês.

Controle da AP

A administração pode controlar seus próprios atos, contudo não é necessário passar por ela, pode-se
ir direto ao judiciário em virtude de lesão ou ameaça de lesão a direitos, entretanto há algumas
exceções como o caso de hábeas data, direito desportivo e reclamação ao STF de súmula vinculante.

Conceito e ramo do Direito Público e Regime Jurídico Administrativo

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Direito Administrativo Conjunto de normas e princípios que visando sempre o interesse público,
regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e a coletividade a que
devem servir (caralho filho)

Conjunto harmônico de princípios e regras jurídicas que regem os órgãos, agentes e atividade
públicas, tementes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

O direito administrativo é direito público porque a administração pública é uma das partes
características marcantes de submissão à Constituição. O Estado é objeto do Direito Administrativo, o
Estado como funcionamento e suas atividades regras de direito público são regras cogentes,
obrigatórias não admitem negociação.

Regras de Direito Público são também regras de ordem pública, mas o contrário não se aplica, pois
estas podem aparecer no direito privado, são mais amplas que de direito publico.

Quando o Estado esta em face de pessoas privadas há uma relação de Supremacia do Estado, uma
desigualdade, não é como o privado x privado, por isso, o Direito Administrativo esta no ramo do
direito público.

Regime jurídico será um conjunto de regras e princípios que nortearão aqueles que trabalham com
certo ramo do direito.

Diferença Regime Jurídico da Administração Pública e Administrativo: A administração pública não se


submete totalmente ao direito privado, mesmo quando ela estiver em igualdade com o particular.

Quando se fala somente em direito público com a Administração Pública, ela está submetida ao
Regime Jurídico administrativo (RJA), pois neste não há D. Privado.

Quando em regime jurídico da administração pública poderá haver direito privado, no RJAP é
administração pública x particular, já regime jurídico administrativo pode haver particular ou servidor
ou outro ente, mas sempre observando o Direito Público.

RJAP a opção pelo regime se do Direito Público ou Direito Privado será determinado pela lei.

RJA: Possui prerrogativas e restrições. A AP tem mais prerrogativas, mas também possui mais
restrições, tudo em relação ao particular. As prerrogativas são os poderes, as sujeições são as regras
e princípios. O RJA é aplicável a todos institutos do Direito Administrativo.

Codificação do DA

Há doutrinadores que são a favor da codificação do direito administrativo, pois trazem facilidades
para aplicação do direito administrativo. Os argumentos contra estabelecem que por ser um ramo
novo, a codificação engessaria a evolução do direito administrativo.

A dificuldade se percebe quando se nota que as regras de direito administrativo podem ser diferentes
em cada estado pois cada ente pode legislar sobre DA (em competência concorrente).

O administrador somente pode fazer o que a lei manda, a lei é a grande fonte do DA.

Fontes do DA

Além das leis doutrinas jurisprudência costumes, princípios gerais do direito podem-se destacar os
Tratados de direitos internacionais tem valor de lei ordinária, já os de direitos humanos se aprovados
por dois terços em dois turnos em cada casa do congresso terá força de emenda constitucional.

Autonomia e Marco Inicial do DA

O direito administrativo é autônomo porque possui regras e princípios próprios.

Caso Blanco: uma criança foi atropelada por um carro do governo, como nessa época esse fato era
regido pelo direito privado (civil), e este coloca as partes em condição de igualdade, os franceses
perceberam que isso não era bom, pois a garota era hipossuficiente em relação ao Estado.

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Teorias Sobre o Objeto do DA

Tem como objeto todos os serviços públicos praticados pela Administração Pública. O direito
administrativo não cuida só dos serviços públicos nem de todos os serviços públicos.

O objeto do DA são as atividades exercidas pelo poder executivo, (não somente o executivo.)

O DA é um conjunto de regras e princípios (muito insuficiente)

Todas as relações jurídicas estabelecidas pelo o Estado é objeto do Direito Administrativo (não se
trata de todas as relações, há outras como tributária, penal que não estão sujeitas ao DA)

Aquilo que não for função de legislar e julgar é objeto do DA (teoria incompleta)

Interessa para o DA a atividade social do estado (isso é interesse do direito constitucional.

Conjunto harmônico de princípios e regras jurídicas que regem os órgãos, agentes e atividade
públicas, tementes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

O direito administrativo é concreto porque suas ações se destinam a pessoas ou empresas; direta
porque não necessita ser provocado como o judiciário; Imediato porque ela tem que fazer a ação não
como na função de governo que faz um projeto para ser cumprido depois; Bem comum do nosso
Estado, os fins do estado estão no artigo 3º da CF.

Regras e Princípios

Regras são as letras das leis, os princípios são os valores maiores que norteiam as leis e todo o
ordenamento jurídico. No caso de conflito de regras e pode-se fazer uma interpretação hierárquica,
temporal ou especializada para resolver qual aplicar. Quando se tem conflito de normas diferentes
deve-se analisar o caso.

Megaprincípios do Direito Administrativo são princípios grandes dos quais decorrem todos os outros.

O interesse público deve se sobrepor ao privado (no caso de desapropriação não se pode negar o
interesse publico por parte daquele que esta gerindo a AP- indisponibilidade).

Interesse público é o interesse da coletividade. Interesse privado é o interesse particular.

Interesse público primário- é o interesse da coletividade é a vontade geral, vontade da maioria que
estará consubstanciada na lei, buscando sempre o bem comum da sociedade.

Interesse público secundário- Interesse do Estado quanto pessoa jurídica arrecadador, que busca o
lucro, isto é, o interesse do estado em arrecadar fundos para aplicar em suas necessidades (Tributos,
venda de bens...)

Princípio da Legalidade, a atual denominação é princípio da juridicidade, pois o administrador deve


cumprir não só a lei, mas também os princípios, regras, jurisprudência e todo o ordenamento jurídico.
Tal princípio é diferente para particular, vez que o Estado, administrador, somente poderá atuar
quando e da forma que a lei determinar, logo o estado só pode fazer o que a lei determina, por outro
lado o particular poderá realizar tudo o que a lei não vedar (lei é feita pelo legislador, não pelo
legislativo).

Esse princípio serve como proteção ao particular e limitação ao administrador, pois restringirá as
ações da AP. Há súmulas que permitem a AP rever e anular seus próprios atos. Anula atos ilegais e
revoga atos inconvenientes e inoportunos.

Princípio da Impessoalidade: ser neutro, ausência de subjetividade. O administrador não pode


vincular sua imagem a uma atividade realizada (p.ex. Lula falar que fez uma escola para carentes,
essa atitude não pode ocorrer pois é o Estado quem fez e com o dinheiro estatal)

Outro aspecto é a relação que AP tem que ter perante todos as outras pessoas e empresas, deve-se
oferecer as mesmas chances para todo os particulares e tratar todo mundo igualmente é uma
isonomia (vedação do nepotismo; não fazer procedimento licitatório para colocar uma empresa

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

amiga). Celso Antonio Bandeira de Melo entende que o princípio da impessoalidade esta vinculado
ao princípio da isonomia, porque realiza um equilíbrio das desigualdades tentando tratar todos da
mesma proporção.

Princípio da Moralidade: É um conceito abstrato; tem que ter como parâmetro a finalidade da lei Esse
princípio é aplicado para o agente público e ainda para o particular. A violação grave da moralidade é
a improbidade. Causa Improbidade: Enriquecimento ilícito, dano ao erário, lesão a princípios.

Princípio da Publicidade: Serve para fiscalizar os atos e o administrador, isso deve ser feito pois este
esta em um cargo publico. serve ainda para dar transparência, validade e prazos para os atos
público.

- para dar validade a alguns atos a lei exige publicidade; alguns prazos somente podem correr após a
validade do ato; pode-se dar publicidade a um ato apenas notificando o administrado.

- no dia da notificação, que é a publicidade do ato, é que se inicia o prazo.

- o regime político que mais se amolda a esse principio é o democrático.

Há exceções decorrentes do interesse do estado e da intimidade que restringem a publicidade dos


atos.

A motivação diz respeito à forma como o ato se apresentará no mundo jurídico e de fato, além disso,
está atrelado às razoes para as quais um ato foi realizado, entretanto, a motivação esta ligada muito
mais a forma de externação do ato administrativo, vez que há pequena diferença entre motivo e
motivação.

A publicidade de obras, programas e serviços não podem levar a imagem, símbolos nem nomes de
agentes, a menos que seja meramente educativo ou informativo (37 §3º CF).

Princípio da Eficiência: Surgiu porque a administração pública era muito burocrática e não agia de
acordo com padrões normais.

Quem determina o padrão de eficiência é a lei.

Quando se percebe que o servidor não é eficiente ele é apenado com a demissão. Deve-se ter bons
resultados atuando bem nos meios e nos fins.

O Direito Administrativo E O Interesse Público

Conceito Jurídico de Interesse Público – O Que é Direito Público Subjetivo.

O direito público no geral, e consequentemente também o direito administrativo, é ramo do direito


que atende primordialmente ao interesse público. É de suma importância que todo ato
administrativo atenda ao interesse da coletividade, caso contrário ser á necessariamente inválido.

A definição de interesse público não é algo simples de ser traçado, vez que se trata de um conceito
abstrato. Há o entendimento errôneo de que o interesse público se contrapõe ao interesse privado,
gerando uma falsa relação de antagonismo entre o interesse das partes e do todo, supondo então
que o interesse público seja autônomo, uma vontade que exista por si só, desvinculada dos
interesses individuais, ou ainda de que o interesse público seja mera somatória de interesses
privados peculiares de cada um.

O certo seria definir o interesse público como o conjunto de interesses que os indivíduos
pessoalmente têm, enquanto membros do corpo social. Pois, o interesse do todo é uma função
qualificada dos interesses das partes, ou seja, o interesse público é um veículo para realização dos
interesses individuais dos sujeitos que integram a sociedade. Este interesse nunca discordará do
interesse de cada um dos membros da coletividade.

Como exemplo, veja-se o instituto da desapropriação. O indivíduo não tem interesse em ser
desapropriado quando o ato é realizado em seu desfavor, porém, tem interesse no instituto da
desapropriação, pois da liberação destas áreas poderão ser construídos hotéis, escolas,
hidroelétricas, entre outras melhorias públicas. Assim como também ocorre com as multas, posto

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que não é do interesse do indivíduo sofrer a sanção, porém é do interesse público que exista
sanções que ofereçam condições de vida organizada e bem-estar comum.

1.1. Direito Subjetivo Público

Partindo do conceito de interesse público, podemos alegar que o indivíduo tem o direito subjetivo à
defesa nos casos em que forem descumpridas as normas que instauram o interesse público.
Quando descumpridas pelo Estado acarretam ônus e agravames que são s uportados
individualmente por cada um, que na realidade também atinge uma categoria de indivíduos.

Vejamos o art. 7º, IV, da Constituição Federal, que determina a instauração de um salário mínimo
que atenda as necessidades vitais e básicas do indivíduo e de sua família, caso o ato que
determine a fixação do salário mínimo se desatentar a este requisito, o prejuízo será
individualmente sofrido por todos. Não há como um indivíduo seja afetado sem que um grupo de
indivíduos também não seja.

O ato que se desencontra com o interesse público, por desvios de conduta do Estado, é ilegal, e
agride o direito subjetivo de cada indivíduo, e afronta o princípio da legalidade, que é uma proteção
a todos os membros do corpo social.

Conforme disserta Eduardo García de Enterría, a legalidade da administração é uma técnica de


garantir a liberdade, toda ação administrativa que force um cidadão a suportar o que a lei não
permite, não só é uma ação ilegal como também uma agressão à liberdade, e quando um cidadão
se vê prejudicado por um ato administrativo ilegal, é permitido a ele através do direito subjetivo,
eliminar este ato ilegal, para restabelecer a integridade de seus interesses.

1.2. Interesses Primários e Secundários do Estado

Seguindo a noção do interesse público, há uma suposição grave de que o interesse público é
interesse exclusivo do estado, evidenciando um engano, vez que o Estado tal como demais
particulares também é pessoa jurídica. Independentemente de ser encarregado pelo interesse
público, possui interesses particulares. Porém, o Estado só poderá defender estes interesses
quando eles não afrontarem o interesse público propriamente ditos, isto é, o seu interesse primário.

Observamos então que o Estado é dotado de interesses primários, aquele que trata do interesse
público propriamente dito. E secundários, interesses particulares do Estado, instrumentais ao
interesse público, que só podem ser buscados quando coincidirem com o interesse primário.

Renato Alessi, explica a desconexão entre os interesses, cita a hipótese de o Estado tributar
desmesuradamente os administrados, de forma a enriquecer o Erário e empobrecer a Sociedade,
que por sua vez tem interesse em pagar o mínimo de tributos. Este ato já não seria considerado de
interesse público, pelo simples fato de gerar prejuízo ao bem-estar comum, vez que o Estado
deveria favorecer aquele que assiste prover.

Desenvolvemos no texto, a noção e o conceito de supremacia do interesse público, fica ainda


evidente, que a proteção do interesse privado disposto na Constituição é de interesse de toda
coletividade que seja defendido. A supremacia do interesse público traz consigo a defesa de bens e
interesses individuais. Como mencionado no exemplo, o ato administrativo não pode ser
desmedido e ou uma agressão a liberdade do indivíduo, membro da sociedade, mas sim autor de
medidas que visem o interesse do todo e de cada indivíduo da sociedade.

Interesse Público é fundamento do Direito Público e possui presença inquestionável no universo do


Direito Administrativo. Apesar disso, sua delimitação conceitual ainda é dotada de notável
abstração. Após destacarmos as considerações de Celso Antônio de Mello, convém expor casos
para exemplificar mais concretamente a aplicação do nosso objeto de estudo. Pretendemos, com
isso, evitar uma apresentação superficial quanto à relevância e aplicabilidade do Interesse Público.

Capítulo I – Item VIII – O Direito Administrativo e o Interesse Público: Conceito Jurídico

1. Conceito de Interesse Público

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Ainda que o conceito de Interesse Público possibilite discussões quanto à sua aplicação, Celso
Antônio esclarece que sua abrangência não é determinada de modo arbitrário: nosso ordenamento
jurídico delineia exatamente quais matérias e situações são de interesse público. Nesse sentido, é
válido destacar que “não é de interesse público a norma, medida ou providência que tal ou qual
pessoa ou grupo de pessoas estimem que deva sê-lo (...), mas aquele interesse que como tal haja
sido qualificado em dado sistema normativo”[1].

De acordo com uma extensa pesquisa jurisprudência, chegamos a conclusão, que nos interessa no
momento é demonstrar que estando diante de diversos interesses públicos, o parâmetro de decisão
do STF é ponderar de acordo com a disposição normativa de cada um deles. Assim, na discussão
foram abordados tópicos como direitos originários dos índios sobre terras; direito à indenização a
particulares; a ordem, segurança e economia públicas; e territórios que são domínio da União. Para
analisar todos esses direitos - de particulares e do Poder Público – não houve uma análise
discricionária, supondo-se infundadamente que a Administração Pública considera como relevantes
determinados itens em detrimento de outros: analisou-se o que a legislação dispõe sobre cada um
deles.

2. Interesse Primário E Secundário

No que tange a segmentação entre Interesse Primário – que consiste no interesse público
propriamente dito, no sentido de que comporta os direitos individuais, visando a representação de
toda a coletividade – e Interesse Secundário – que representa os interesses do Estado, aqui
referido como pessoa jurídica -,

Considerando-se que o Estado é uma pessoa jurídica, é compreensível que eventualmente seus
interesses estejam relativamente contrapostos a um interesse de particulares. Porém, adverte
Celso Antônio Bandeira de Mello que os Interesses Secundários só se justificam quando visarem
indiretamente a realização de um interesse público. Em diversas decisões do Supremo Tribunal
Federal foi decidido em favor do Interesse Primário, priorizando, com razão, interesse da
coletividade, ainda que isso implicasse em lesionar interesses secundários do Estado.

3. Direito Subjetivo

Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza que há dois graves equívocos quanto à delimitação do
conceito de interesse público:

1) Antagonismo entre interesse das partes e interesse do todo

Ora, o interesse público visa reunir em si os interesses dos cidadãos e, assim, “ só se justifica na
medida em que constitui em veículo de realização dos interesses das partes que o integram no
presente e das que o integrarão no futuro”. Desse modo, não seria razoável que houvesse um
interesse público que não represente efetivamente os interesses coletivos.

2) Todos os interesses do Estado são interesses públicos e, portanto, indiscutíveis.

Os cidadãos possuem legitimidade para questionar atos públicos. Se entenderem que houve lesão
aos seus interesses, lhes cabe o direito subjetivo de reivindicar judicialmente os direitos e
interesses públicos consagrados em lei.

Conteúdo do Regime Jurídico-Administrativo

Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado

O princípio da supremacia leva em consideração que a relação entre interesse público e privado
ocorre de maneira vertical, contrariando as demais relações jurídicas onde existe a horizontalidade,
ou seja, igualdade entre as partes, portanto, resta clara a autonomia de vontades do Estado, onde
prevalece à superioridade do interesse da coletividade sobre o particular buscando uma ordem
social estável.

Segundo a doutrina italiana, a superioridade na relação jurídica está diretamente ligada a uma
classificação de interesses, onde o primário rege as relações em que o Estado representa a
coletividade, e o secundário rege as relações em que o poder estatal age como sujeito público de

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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

direitos. Cabe ressaltar que os interesses secundários serão atendíveis somente quando
coincidirem com o interesse primário, caso contrário denotaria uma satisfação dos agentes
governamentais através do aparelho estatal.

Não apenas um mero representante, o Poder Público tem o dever de exercer funções
administrativas em prol da sociedade, atividades estas que são de responsabilidade do Estado,
porém não de exclusividade, podendo ser desempenhadas por outros entes, como o particular
investido de função pública através de concessionárias, ou por meio de entidade de administração
indireta: autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.

A supremacia garante alguns privilégios na relação jurídica, pode a Administração Pública, por
exemplo, através de atos unilaterais criar ou modificar obrigações outrora avençadas, revogar e até
anular atos dispostos, através da autotutela, como também iniciar uma execução de ofício.

Na prática a superioridade pode ser observada através da presunção de veracidade e legitimidade


dos atos administrativos, dos prazos maiores para intervenção em processo judicial, dos prazos
especiais para prescrição quando a Administração Pública figura como parte no processo, e do
ônus da prova sempre recair para o particular, sendo ele autor ou réu.

Para a garantia da ordem pública, o Estado deve seguir regras próprias para o desempenho de
suas funções, toda e qualquer contratação deve ser precedida de licitação, ou seja, não há
liberdade de contratar, não cabe abstenção na prestação de serviços públicos indispensáveis (o
direito de greve em algumas categorias não pode atingir 100% dos seus membros, como por
exemplo, os policiais), todos os atos públicos devem ter publicidade e motivação, sob pena de
serem considerados nulos.

- Indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos

Significa dizer que o interesse da coletividade não está à disposição do administrador público, a ele
cabe apenas o dever de cumprir a finalidade do interesse público. Do princípio da indisponibilidade
decorrem outros como: inalienabilidade, razoabilidade, proporcionalidade, isonomia,
obrigatoriedade de desempenho de atividade pública, entre outros.

Vejamos mais claramente a influência de alguns princípios relacionados a indisponibilidade:

1. Legalidade: para a administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza, em


contrapartida da particular na qual é lícito tudo o que a lei não proíbe.

2. Finalidade: é o objetivo do ato praticado, uma atividade administrativa em desacordo com o fim
legal é inválida, demonstra um desvio de poder.

3. Razoabilidade: pauta-se no comportamento cabível ao caso concreto, ou seja, a congruência


entre o motivo e a atuação da Administração.

4. Proporcionalidade: limita a atuação estatal no desenrolar de suas atividades, onde os excessos


são vistos como vícios, sujeito a anulação do ato que o provocou.

5. Motivação: deve ser declinado o fundamento, as razões de fato e direito, que levou a atuação
estatal através de determinado ato jurídico.

6. Ampla responsabilidade do Estado: preceitua-se a atuação igualitária do Poder Público perante


seus membros, qualquer providência gravosa, que acarrete danos ao particular está sujeita à
sanções previstas em lei.

7. Obrigatoriedade do desempenho da atividade pública: traduz o dever da Administração diret a ou


indireta de agir em prol do coletivo, não cabe disposição da vontade do administrador.

8. Continuidade do serviço público: não há a possibilidade de cessar os serviços, uma vez que o
serviço público para Administração é um dever contínuo.

9. Controle administrativo ou tutela: este princípio trata da gestão das atividades estatais, um
conjunto de órgãos que tem por finalidade fiscalizar a execução do serviço público.

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10. Isonomia ou igualdade dos administrados em face da Administração: veda todo e qualq uer
favoritismo ou desvalia em proveito ou detrimento de alguém, ou seja, o interesse público é
impessoal e coletivo. Como exemplos têm os institutos de licitação e o provimento de cargo público
através de concurso.

11. Publicidade: é a transparência das atividades administrativas, levar a conhecimento todos os


atos aos administrados.

12. Inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos: os direitos públicos não são
disponíveis e, portanto, não podem ser transferidos aos particulares, podemo s observar a aplicação
deste princípio na impenhorabilidade dos bens públicos.

13. Controle jurisdicional dos atos administrativos: cabe ao Poder Judiciário o controle jurisdicional
da Administração Pública caso pratique ato gravoso, independentemente da r eparação de prejuízo
cabível.

14. Hierarquia: técnica de organização da atividade administrativa, inexistente nas funções


legislativas e jurisdicionais.

15. Segurança jurídica: visa evitar alterações surpreendentes que desestabilizem a situação dos
administrados, para melhor explicar este princípio podemos citar o instituto do direito adquirido,
uma vez conquistado não pode ser suprimido.

Conteúdo Do Regime Jurídico-Administrativo

Analisados os contornos do conceito de Interesse Público, e já comprovada sua relevância, não é


de se estranhar que nosso ordenamento jurídico o conceba como supremo em relação ao interesse
privado. Ao contrário do que possa parecer, isto não causa nenhuma lesão às liberdades e
garantias individuais, uma vez que – como já foi explicado anteriormente – o interesse público visa
sempre somar os interesses dos indivíduos como um todo, de modo que deve estar sempre em
consonância com a coletividade.

Celso Antônio Bandeira de Mello vai além do significado de interesse público e afirma que sua
supremacia é fundamental para que tenhamos uma ordem social estável, na qual toda a
coletividade se sinta mais protegida e garantida. Para o autor, da supremacia decorrem duas
consequências:

1) Posição privilegiada e de supremacia nas relações entre Administração Pública e particulares; e

2) Restrições ou sujeições especiais no desempenho da atividade de natureza pública.

Tais privilégios e superioridade são expressamente previsto em lei, como, por exemplo, no caso de
contratos administrativos e procedimentos de licitação. O edital de licitação prevê todas as
condições do contrato, já antecipadamente determinadas pela Administração Pública. As cláusulas
não estão sujeitas à autonomia da vontade, que é prevalente no direito privado, de modo que não
pode a empresa vencedora da licitação negociar as disposições do contrato. Por outro lado, de
antemão já é possível notar um privilégio: a Lei 8.666/93 prevê hipóteses nas quais o poder público
pode alterar o contrato, ainda que este já esteja vigorando entre as partes.

Para participar da licitação as empresas devem apresentar os documentos exigidos no edital e sua
proposta. No presente caso, uma empresa foi considerada inidônea, ou seja, inepta para a
licitação. Para burlar essa decisão do poder público, houve a constituição de uma nova sociedade
empresarial, com mesmos sócios, endereço e objeto – notemos que se trata de
uma constituição puramente formal: há novo CNPJ, nova razão social, porém, ainda é exatamente
a mesma empresa que antes havia sido desconsiderada para efeitos de licitação.

A supremacia do interesse público não admite tal postura: ora, o valor da contratação advém dos
cofres públicos que, por sua vez, é mantido pelos impostos pagos pelos cidadãos. Seria
inadmissível utilizar dinheiro da população para remunerar uma empresa que desde o início da
licitação já apresentou uma postura imoral.

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Soma-se a isso a superioridade intrínseca da Administração Pública quando se trata de relações


com particulares e então temos a medida citada no acórdão: o poder público procedeu com a
desconsideração da personalidade jurídica. Assim, a empresa fica impedida não só de participar de
outras licitações, mas também de realizar qualquer outro ato relacionado à atividade empresarial.

Realizadas as considerações acerca dos reflexos da supremacia, cumpre agora comentar sobre a
indisponibilidade do interesse público. A perseguição do interesse da coletividade é um poder -dever
da Administração Pública. E em se tratando de interesse de outrem, não há a menor possibilidade
de que o agente público disponha daquilo que não lhe pertence.

Na esfera da indisponibilidade do interesse público está presente a obrigação de evitar que haja
violação ao interesse de toda a sociedade. Nesse sentido, o acórdão acima citado discorre sobre
os procedimentos de investigação e apuração de conduta de um agente público e explica que estes
atos não implicam em lesão a direitos individuais, pois é um dever do poder público garantir que
todas as previsões legais sejam cumpridas na prática administrativa. Neste poder-dever de
fiscalizar, nota-se, novamente, a posição de superioridade da Administração Pública.

O rigor da investigação é uma das formas de concretização da indisponibilidade do poder público:


não pode a Administração Pública se privar de exigir que seus integrantes observem os princípios e
leis que regem sua existência, pois isso prejudicaria diretamente todos os cidadãos. A remuneração
dos agentes públicos advém, assim como no exemplo anterior, de cofres públicos. O trabalho de
tais funcionários públicos afeta diretamente toda a população. Diante desses dois motivos está
nítido o interesse público tutelado neste caso.

Regime Jurídico Administrativo, Princípios E Poderes Da Administração Pública

O Regime Jurídico Administrativo consiste no conjunto de regras, normas e princípios que


estruturam a Administração Pública, sempre evidenciando a supremacia do interesse público sobre
o interesse particular. Basicamente, visando a "integridade" da coisa pública, referido regime tem a
finalidade de nortear as atividades desempenhadas pelos seus agentes.

Segundo Marçal Justen Filho, "o regime jurídico de direito público consiste no conjunto de normas
jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse coletivo,
vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela
ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins."

Cumpre ressaltar que a Administração Pública deve sempre buscar o bem-estar coletivo e, para
tanto, deve obedecer estritamente tanto os princípios expressos quanto os princípios implícitos que
regem sua atuação.

Não há que se falar em hierarquia em se tratando da aplicação dos princípios implícitos e


expressos, posto que ambos possuem a mesma força jurídica. Vale destacar que os princípios
considerados basilares da atividade Pública são princípios implícitos, sendo eles: (i) supremacia do
interesse público sobre o privado e (ii) indisponibilidade dos interesses públicos por parte da
Administração Pública.

Os princípios expressos encontram-se consagrados no Art. 37 caput da Constituição Federal de


1988, veja-se:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também (..)" (g. N.)

O Princípio da Legalidade possui interpretações distintas em se tratando de sua aplicação para os


cidadãos e para a Administração Pública.

Para os primeiros, sua aplicação consiste na seguinte afirmativa "tudo aquilo que não for proibido
por lei, é permitido". Já para a segunda, possui uma interpretação mais "fechada", posto que
somente poderá agir de acordo com o que a legislação permite, ou seja, o Administrador Público
somente poderá praticar os atos que a lei expressamente prevê e, ainda, permite. É importante
ressaltar que, em se tratando especificamente da Administração Pública, aquilo que a lei não

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dispõe, ela não permite; portanto, se a legislação é omissa sobre determinada conduta, ela a
proíbe.

Podemos citar as Súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal como oriundas da aplicação
expressa do princípio da legalidade.

Já o Princípio da Impessoalidade, que pode ser considerado um desdobramento do


Artigo 5º, caput, da Constituição Federal; conforme os ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, deve
ser interpretado à luz do princípio da finalidade, haja vista que a impessoalidade é a maneira pela
qual deve agir o agente sempre visando o interesse público.

Segundo a corrente majoritária, a impessoalidade tem seu grande foco para o Administrador
(exemplo disto é o disposto no Artigo 100 da Constituição Federal). Já a corrente minoritária
entende que seu foco é direcionado ao Administrado (fixando sua responsabilidade, como no
disposto no Artigo 37, parágrafo 2º da CF).

Portanto, o agente público não deve agir em nome próprio e sim em nome do Poder Público. Além
disso, sempre deve agir em consonância ao princípio da Legalidade e da Supremacia do Interesse
Público sobre o Particular.

O terceiro princípio consagrado no Artigo 37, caput é o Princípio da Moralidade. A princípio,


devemos fazer a distinção entre a moralidade comum e a moralidade jurídica. A primeira diz
respeito aos conceitos de moralidades trazidos pela Filosofia e Sociologia, ou seja, são aquelas
condutas esperadas da sociedade. Podemos citar a moralidade jurídica como sinônimo da
probidade administrativa esperada de seus agentes.

Desta maneira, o Princípio da Moralidade prega que o administrador possui a obrigação de


honestidade e probidade, sob pena de enquadramento no parágrafo 4º do Artigo 37 da Constituição
Federal e da Lei nº 8.429/92.

O próximo Princípio é o da Publicidade que se baseia na afirmativa de que todos os atos devem
ser acessíveis à todos, possuindo ampla publitização, visando uma atuação transparente do Poder
Público, ressalvando-se os casos excepcionais de sigilo (quando imprescindível para a segurança
da sociedade e do próprio Estado).

É de grande importância, posto que referido princípio é o que sustenta o Sistema Republicano.

O Princípio da Eficiência foi inserido junto aos princípios expressos citados acima apenas no ano
de 1998, através da Emenda Constitucional nº 19e aduz que o administrador deve sempre atuar em
busca do interesse público, entretanto deve fazê-lo observando a rapidez, perfeição e rendimento,
culminando na obtenção do melhor resultado.

Apesar de nossa Magna Carta apenas dispor expressamente sobre os princípios citados acima, há,
segundo entendimento pacífico e uníssono de nossa doutrina, a existência de outros princípios: os
implícitos, quais sejam:

(1) Princípio da Razoabilidade:

A Razoabilidade requer a presença da coerência nas decisões públicas e nas medidas


administrativas, ou seja, a Administração Pública deve sempre atuar de maneira lógica e
congruente.

Referido princípio encontra-se implícito no Artigo 5º, inciso LIV da Constituição, segundo
entendimento do Supremo Tribunal Federal.

(2) Princípio da Proporcionalidade:

Consagra que a atividade administrativa deve ser realizada na extensão e na intensidade


apropriada visando cumprir a finalidade pública.

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(3) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:

Consagra a ininterrupção da atividade pública. Exemplo disto é a cota de pessoas que devem
permanecer trabalhando em casos de greves legais.

(4) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público:

Os órgãos da Administração não podem dispor dos bens, direitos, interesses e serviços públicos,
devendo apenas atuar de modo a conservá-los e desenvolvê-los.

(5) Princípio da Motivação:

Este princípio é inerente à qualquer ação do Poder Judiciário. Já para a Administração Pública,
segundo Celso Bandeira Antônio de Melo, é um princípio implícito, tanto para os atos vinculados
quanto para os atos discricionários (exceto quando apenas se irá repetir o que já constar no ato
vinculado).

O descumprimento deste princípio acarretará nulidade e está implicitamente disposto no


Artigo 93, IV e Artigo 5º, XXXIII e LV da CF.

(6) Princípio da Autotutela:

A Administração pública não necessita requisitar autorização judicial para agir, podendo, portanto,
rever seus próprios atos. Os atos inconvenientes, devem ser retirados do ordenamento por meio da
revogação e os atos ilegítimos por meio da anulação, tudo visando retirar do nosso ordenamento
jurídico os atos ilegais (através de seu poder de fiscalização).

(7) Princípio da Segurança Jurídica:

Consiste na necessidade de previsibilidade dos atos administrativos e estabilização das relações


jurídicas.

Para que a Administração Pública possa desempenhar suas funções em busca do interesse
público, a mesma é dotada de poderes administrativos, ou seja, poderes instrumentais inerentes à
si, e que, por sua vez, possuem as seguintes características: obrigatoriedade, irrenunci abilidade,
instransferibilidade, imodificáveis e imprescritíveis.

(1) Poder Hierárquico: Estabelece uma situação de subordinação entre os servidores públicos. É
o poder pelo qual a Administração Pública dispõe para distribuir e escalonar todas as funções d e
seus órgãos. As principais faculdades deste poder são ordenar, fiscalizar, rever, delegar e avocar.

(2) Poder Disciplinar: É o poder que permite que a Administração Pública possa punir seus
funcionários (sejam os servidores, sejam quaisquer outros que também estejam subordinados à
ela) sem necessitar socorrer-se do Poder Judiciário. Portanto, trata-se de um poder-dever que, se
não obedecido, incorrerá no Art. 320 do Código Penal Brasileiro (crime contra a Administração
Pública).

(3) Poder Regulamentar: Trata-se do poder concedido aos Chefes do Poder Executivo para que,
visando a correta execução da legislação, expeçam decretos e regulamentos para complementar
ou explicitar as leis existentes. Um exemplo da aplicação deste poder é o Artigo 84, IV,
da Constituição Federal.

(4) Poder de Polícia: É a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e
restringir o uso de bens, atividades e direitos em benefício da coletividade. Trata -se de um dever-
poder que limitam os direitos fundamentais/liberdades (e também sua efetividade) e prevenção das
ações que causam desordem no bem social (enquanto a limitação das liberdades é focada no
indivíduo, a prevenção pé focada no coletivo).

No sentido amplo, Poder de Polícia pode ser qualquer atividade estatal (inclusive legislativa) e
qualquer limitação/condicionamento. Já no sentido estrito, segundo Celso Bandeira Antônio de
Melo, é a atuação do Administrador Público no caso concreto, isto é, sempre nos limites

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estabelecidos em lei que tem por finalidade impedir ações e práticas contrárias ao interesse
público.

Podemos encontrar referido dispositivo no Art. 78 do Código Tributário Nacional.

Os limites de referido poder são: necessidade, eficácia, proporcionalidade e razoabilidade.

Princípios Constitucionais do Direito Administrativo

1. Direito Administrativo

É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades


públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

Portanto, é o ramo do direito público que tem por objeto o estudo das normas jurídicas relativas ao
exercício da função administrativa do Estado. Ou seja, é o conjunto de regras que se impõem às
pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado que exercem função
administrativa, estas últimas como delegadas do Estado, realizando os fins desejados pela ordem
jurídica e, idealmente, o bem comum.

2. Definição dos Princípios

Os princípios são linhas gerais aplicadas a determinada área do direito, constituindo as bases e
determinando as estruturas em que se assentam institutos e normas jurídicas. São de grande
importância e aplicação no Direito Administrativo.

Princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas
as estruturas subsequentes. Os Princípios são os alicerces da disciplina estudada.

A Constituição Federal, no caput do art. 37, estabelece cinco princípios da Administração Pública
(direta e indireta): legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Exatamente
por estarem textualmente previstos no texto constitucional, esses princípios são chamados
de princípios expressos, em oposição a outros princípios que, por não estarem elencados de forma
expressa na Constituição (embora por ela acolhidos), são chamados de princípios
reconhecidos ou princípios implícitos.

Portanto, os princípios jurídicos são as ideias centrais do sistema, que norteiam toda a interpretação
jurídica, conferindo a ele um sentido lógico e harmonioso. Os princípios estabelecem o alcance e
sentido amplo das regras existentes no ordenamento jurídico.

3. Princípios Constitucionais – Art. 37, CF/88

3.1 Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade encontra fundamento constitucional no artigo 5º, II, prescrevendo que
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Esclarece o mestre Helly Lopes Meirelles que “a legalidade, como princípio de administração significa
que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e
as exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato
inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”.

Em decorrência do princípio da legalidade, é costumeira a afirmação de que a Administração Pública


não pode agir contra a lei ou além da lei, só podendo agir nos estritos limites da lei.

3.2 Princípio da Impessoalidade

Podemos analisar o princípio da impessoalidade, como desdobramento do princípio da igualdade


(CF, artigo 5º, I), no qual se estabelece que o administrador público deve objetivar o interesse público,
sendo, em consequência, inadmitido tratamento privilegiado aos amigos e/ou inimigos, não devendo
imperar na Administração Pública a vigência do dito popular de que aos inimigos ofertaremos a lei e
aos amigos as benesses da lei.

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Segundo Antonio Bandeira de Mello, a impessoalidade funda-se no postulado da isonomia e tem


desdobramentos explícitos em variados dispositivos constitucionais como o artigo 37, II, que exige
concurso público para ingresso em cargo ou emprego público, ou no artigo 37, XXI, que exige que as
licitações públicas assegurem igualdade de condições a todos os concorrentes.

Portanto, a impessoalidade estabelece que a Administração Pública não deve conter a marca pessoal
do administrador, ou seja, os atos públicos não são praticados pelo servidor, e sim pela
Administração a que ele pertence.

3.3 Princípio da Moralidade

A moralidade administrativa como princípio segundo Helly Lopes Meirelles, “constitui hoje
pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública”. Conforme doutrina não se trata da
moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta
tiradas da disciplina interior da Administração”.

Assim, o administrador, ao agir, deverá decidir não só entre o legal e o ilegal, o conveniente e o
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.

A doutrina enfatiza que a noção de moral administrativa não está vinculada as convicções íntimas do
agente público, mas sim a noção de atuação adequada e ética existente no grupo social.

3.4 Princípio da Publicidade

Tal princípio prega que a publicação em órgão oficial é requisito de eficácia dos atos administrativos
que devam produzir efeitos externos ou que impliquem oneração do patrimônio público. Ou seja,
enquanto não for publicado, levado a conhecimento de todos, o ato administrativo não produzirá
efeitos.

3.5 Princípio da Eficiência

Entende-se como as normas da boa administração no sentido de que a Administração Pública, em


todos os seus setores, deve concretizar suas atividades com vistas a extrair o maior número possível
de efeitos positivos ao administrado, sopesando a relação custo benefício, buscando a excelência de
recursos, enfim, dotando de maior eficácia possível as ações do Estado.

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