Ana Leticia Avila

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA

ANA LETÍCIA FERREIRA SANTOS DE ÁVILA

EFEITOS DO TREINAMENTO MUSICAL NA VOZ E NAS HABILIDADES


AUDITIVAS DE ADOLESCENTES COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 -
SÉRIE DE CASOS

Belo Horizonte
2023
ANA LETÍCIA FERREIRA SANTOS DE ÁVILA

EFEITOS DO TREINAMENTO MUSICAL NA VOZ E NAS HABILIDADES


AUDITIVAS DE ADOLESCENTES COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 -
SÉRIE DE CASOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial para a
obtenção do título de bacharel em
Fonoaudiologia.

Orientador: Bruno Cezar Lage Cota

Co-orientadoras: Luciana Macedo de


Resende e Bárbara Pereira Lopes

Belo Horizonte
2023
RESUMO EXPANDIDO

INTRODUÇÃO: Há uma variedade de manifestações não neoplásicas que


acometem os indivíduos com Neurofibromatose tipo 1 (NF1), incluindo alguns
problemas fonoaudiológicos, com importante impacto na qualidade de vida.
Destacam-se os déficits nas habilidades de processamento auditivo temporal, que
podem resultar em dificuldade de linguagem, leitura e escrita; e o distúrbio de voz,
caracterizado por flutuações na emissão sustentada, rouquidão, redução do tempo
máximo de fonação (TMF) e hipernasalidade. É importante que o fonoaudiólogo
esteja atento às demandas de comunicação que esta população apresenta, que
podem resultar em consequências psicossociais, e que também considere diferentes
estratégias no tratamento desses indivíduos. Já foi demonstrado que o treinamento
musical aprimora as habilidades auditivas, e que o canto tem efeitos positivos na
voz, contribuindo para a saúde e plasticidade vocal. O objetivo deste estudo foi
verificar os possíveis efeitos do treinamento musical nas habilidades auditivas e na
voz de três adolescentes com NF1 a partir da comparação intra-sujeito das
avaliações pré e pós intervenção. METODOLOGIA: Três adolescentes com NF1
acompanhados no Centro de Referência em Neurofibromatose do HC-UFMG, foram
submetidos à avaliação fonoaudiológica do processamento auditivo temporal pelos
testes GIN (Gaps in Noise) e PPS (Pitch Pattern Sequence), e da voz pela avaliação
perceptivo-auditiva (escala GRBASI), análise do parâmetro aerodinâmico de tempo,
e medidas acústicas de curto prazo. Foram planejadas 20 sessões de treinamento
musical com aulas de musicalização e canto, com enfoque nas habilidades rítmicas,
melódicas, treinamento vocal e respiratório. RESULTADOS: Nas avaliações
pré-intervenção foi observada alteração do processamento auditivo temporal com
base nos critérios de Musiek, principalmente na habilidade de resolução temporal, e
disfonia de grau leve e moderado entre os sujeitos, além de redução do TMF e
alteração nas medidas acústicas em todos os sujeitos. A resposta à intervenção foi
distinta dentre os participantes, sendo observada uma melhora na resolução
temporal em dois sujeitos, e diferentes evoluções nos aspectos vocais entre os
indivíduos. Observou-se aumento do TMF em todos os sujeitos, e redução das
medidas acústicas em dois sujeitos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Os resultados
deste estudo de série de casos mostram a grande variabilidade clínica entre os
indivíduos no que se refere às manifestações da NF1, ao comprometimento da voz e
do processamento auditivo temporal, assim como das características interindividuais
e cognitivas. Acredita-se que uma intervenção com mais tempo e/ou frequência de
exposição à prática musical seja necessária para melhora mais evidente das
habilidades auditivas nesses indivíduos, principalmente, devido à condição de
amusia já relatada em 67% dessa população. Apesar da NF1 ser uma doença
genética, ela se apresenta com fenótipos variáveis e complexidades distintas, sendo
difícil comparar sinais e evoluções entre pessoas com NF1. Acredita-se que a
intervenção por meio do treinamento musical possa ser benéfica para alguns
indivíduos com NF1, porém vale refletir quais são aqueles que alcançarão reais
benefícios e, paralelamente, quais os outros que necessitam de uma intervenção
fonoaudiológica mais direcionada e individualizada.

Descritores: Neurofibromatose 1; Percepção Auditiva; Voz; Música; Fonoaudiologia.


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