Imunofarmacologia Sanar
Imunofarmacologia Sanar
Imunofarmacologia Sanar
Imunofarmacologia
SUMÁRIO
1. Definição de Imunofarmacologia................................................................................3
Referências.....................................................................................................................13
1. DEFINIÇÃO DE IMUNOFARMACOLOGIA
Introdução à Imunofarmacologia 3
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO
Sistema Sistema
imunológico inato imunológico adaptativo
Monócito
Neutrófilo Eosinófilo Progenitor de células T
Célula plasmática
Célula B de
memória
Progenitor mielóide Progenitor linfóide
CÉLULA-TRONCO
HEMATOPOÉTICA
Introdução à Imunofarmacologia 4
microrganismos. Os receptores da imunidade inata são especializados em reco-
nhecer estruturas comuns a grupos de microrganismos relacionados e não são
capazes de diferenciar pequenas diferenças entre eles. Os principais elementos que
constituem o sistema imunológico inato são: (1) barreiras físicas e químicas, como
epitélios e agentes antimicrobianos produzidos nas superfícies epiteliais; (2) células
fagocíticas (neutrófilos, macrófagos), células dendríticas (DCs), mastócitos, células
natural killer (células NK) e células linfóides inatas; e (3) proteínas sanguíneas, co-
mo as que fazem parte do sistema complemento e outros mediadores da resposta
inflamatória. Muitas células do sistema imunológico inato, como macrófagos, DCs
e mastócitos, estão presentes em grande parte dos tecidos, agindo como na detec-
ção de microrganismos invasores. A resposta imunológica inata realiza o combate
contra microrganismos por meio de dois mecanismos principais: recrutamento de
fagócitos e outros leucócitos para destruir os microrganismos, desencadeando a
inflamação; e impedimento da replicação viral ou eliminação de células infectadas
por vírus, sem a necessidade de uma resposta inflamatória.
Introdução à Imunofarmacologia 5
A autotolerância é outra importante característica do sistema imune inato que está
relacionado ao ataque de antígenos estranhos, enquanto evita reações prejudiciais
aos antígenos do próprio indivíduo. Esse mecanismo ocorre mediante a eliminação
de linfócitos que expressam receptores para autoantígenos, a inativação de linfóci-
tos autorreativos e a supressão dessas células por meio da ação de outras células
reguladoras. Distúrbios na indução ou manutenção da autotolerância podem levar a
respostas imunes contra autoantígenos, resultando em doenças autoimunes.
Existem dois tipos principais de respostas imunes adaptativas, denominadas imu-
nidade humoral e imunidade mediada por células, as quais são estimuladas por dife-
rentes tipos de linfócitos e atuam para eliminar diferentes tipos de microrganismos.
A maioria dos microrganismos e outros antígenos entram no organismo através das
barreiras físicas, como o epitélio. O desenvolvimento das respostas imunes adaptativas
requer que os antígenos sejam capturados e expostos aos linfócitos específicos. As
células que são responsáveis por realizar essa função são chamadas células apresen-
tadoras de antígeno (APCs). As APCs mais especializadas são as células dendríticas,
as quais capturam antígenos que entram no organismo a partir do ambiente externo,
transportam esses antígenos aos órgãos linfoides e os apresentam aos linfócitos T
não específicos para iniciar as respostas imunes.
Introdução à Imunofarmacologia 6
A resposta imune humoral enfrenta microrganismos de diversas maneiras. Os anticor-
pos se unem aos microrganismos, impedindo sua infecção celular, efetivamente neutra-
lizando-os. A neutralização mediada por anticorpos é o único mecanismo da imunidade
adaptativa capaz de interromper uma infecção antes de se estabelecer, razão pela qual
a indução da produção de anticorpos potentes é um objetivo primordial da vacinação.
A cobertura de microrganismos por anticorpos IgG os marca para fagocitose, pois os
fagócitos (neutrófilos e macrófagos) possuem receptores para porções das moléculas
de IgG. O sistema complemento é ativado por IgM e IgG, e os produtos do complemento
facilitam a fagocitose e a destruição dos microrganismos. A IgA é secretada pelo epité-
lio da mucosa, neutralizando microrganismos no lúmen de tecidos mucosos, como os
tratos respiratório e gastrointestinal, prevenindo, assim, a infecção por microrganismos
inalados e ingeridos. A IgG materna é transportada ativamente pela placenta, protegendo
o recém-nascido até que seu sistema imune amadureça. A maioria dos anticorpos IgG
permanece circulante por cerca de 3 semanas, enquanto outras classes de anticorpos
têm meias-vidas de apenas alguns dias. Alguns plasmócitos secretores de anticorpos
migram para a medula óssea ou tecidos mucosos e mantêm-se ativos por anos, pro-
duzindo continuamente níveis baixos de anticorpos. Esses anticorpos de longa duração
fornecem proteção imediata contra a reinfeção pelo microrganismo. Uma proteção mais
eficaz é oferecida pelas células de memória, ativadas pelo microrganismo e que rapida-
mente se diferenciam para gerar grandes quantidades de plasmócitos.
B-cell Ativação de
Vírus Antígeno (native) células B Linfoblasto
Célula B de memória
Figura 2. Células B
Fonte: VectorMine/Shutterstock.com
Introdução à Imunofarmacologia 7
2.2.2. Resposta imune adaptativa celular
A imunidade celular, também conhecida como imunidade mediada por células,
é conduzida pelos linfócitos T. Muitos microrganismos são ingeridos, mas conse-
guem sobreviver dentro dos fagócitos, e alguns, especialmente os vírus, infectam e
se reproduzem em várias células do organismo hospedeiro. Nessas localizações, os
microrganismos não podem ser alcançados pelos anticorpos presentes na circulação.
A proteção contra tais infecções é atribuída à imunidade mediada por células, que
promove a eliminação de microrganismos dentro dos fagócitos e induz a morte das
células infectadas para erradicar os focos de infecção.
Ao contrário dos linfócitos B, os linfócitos T não produzem moléculas de anticorpo.
Seus receptores antigênicos são moléculas de membrana distintas, mas estruturalmente
relacionadas aos anticorpos. Os linfócitos T possuem uma especificidade restrita para
antígenos, reconhecendo peptídeos derivados de proteínas vinculadas às proteínas
do hospedeiro, conhecidas como complexo principal de histocompatibilidade (MHC),
expressas nas superfícies de outras células e apresentados pelas APCs. O MHC classe
I apresenta para os linfócitos T citotóxicos (CD8+), enquanto o MHC classe II apresenta
para os linfócitos T helper (CD4+). Como resultado, essas células T respondem aos
antígenos associados à superfície celular, mas não aos demais antígenos.
Receptor de célula T
VHOLJDDR0+&FODVVH,
Figura 3. Célula T citotóxica
Fonte: Ph-HY/Shutterstock.com
Introdução à Imunofarmacologia 8
Receptor de célula T
se liga ao MHC classe II
Figura 4. Célula T Helper
Fonte: Ph-HY/Shutterstock.com
Introdução à Imunofarmacologia 9
bacterianas extracelulares. Produzem citocinas como IL-4, interleucina-5 (IL-
5), interleucina-10 (IL-10) e interleucina-13 (IL-13) e estimulam linfócitos B a
produzirem anticorpos, especialmente a classe IgE, a qual promove a ativação de
eosinófilos e mastócitos e é essencial para respostas imunológicas específicas
para helmintos (parasitas intestinais).
As células Th17 estão envolvidas na defesa contra patógenos extracelulares, como
certas bactérias e fungos. Produzem interleucina-17 (IL-17) e interleucina-22 (IL-
22), promovendo a ativação de células de defesa, o recrutamento de neutrófilos para
o local da infecção e a manutenção da integridade das barreiras epiteliais. As células
Th17 também contribuem para a patogênese de doenças autoimunes, como psoríase,
doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide e esclerose múltipla.
Diferentes categorias de linfócitos podem ser identificadas pela expressão de prote-
ínas de superfície celular, muitas das quais são designadas por um número único “CD”
(cluster de diferenciação), como CD4 ou CD8. Após a ativação nos órgãos linfoides
secundários, os linfócitos T não ativados se transformam em células efetoras, muitas
das quais migram para os locais de infecção. Quando essas células T efetoras reen-
contram os microrganismos associados às células, são ativadas e executam funções
responsáveis pela eliminação dos microrganismos.
As células T auxiliares CD4+ secretam citocinas que recrutam leucócitos e estimulam
a produção de substâncias microbicidas nos fagócitos, auxiliando, assim, na destruição
de patógenos infecciosos. A células T auxiliares CD4+ também desempenham outras
funções, como a liberação de citocinas que apoiam as células B na produção de anti-
corpos IgE e ativam leucócitos chamados eosinófilos, que são eficazes na eliminação
de parasitas grandes demais para serem fagocitados.
Os CTLs CD8+ desempenham um papel na eliminação de células que abrigam mi-
crorganismos no citoplasma, como vírus que infectam vários tipos celulares ou bac-
térias ingeridas por macrófagos e que escapam das vesículas fagocíticas. Ao destruir
as células infectadas, os CTLs eliminam os reservatórios de infecção.
Introdução à Imunofarmacologia 10
pode ocorrer nas reações alérgicas, como asma, dermatites, rinite alérgica, urticária e
anafilaxia. Inicialmente, ocorre a fase de sensibilização, durante a qual um antígeno é
processado por uma célula B, resultando na produção de IgE, que se ligará aos mas-
tócitos. Quando o IgE se une ao antígeno, desencadeia a degranulação do mastócito.
A reação de Hipersensibilidade Tipo II (Citotóxica) age pelos anticorpos IgG ou IgM,
que se ligam a antígenos em células próprias, levando à destruição dessas células
por fagocitose ou ativação do sistema complemento, que pode ocorrer na anemia
hemolítica autoimune, doença hemolítica do recém-nascido e pênfigo vulgar.
Na Hipersensibilidade Tipo III (Imunocomplexos) ocorre a formação de imunocom-
plexos (antígeno-anticorpo) principalmente compostos por IgM, que podem ocluir vasos
e se depositam nos tecidos, desencadeando uma resposta inflamatória mediada por
células e pelo sistema do complemento. Pode ocorrer nas vasculites, glomerulonefrite
e artrite reumatoide.
Por sua vez, a Hipersensibilidade Tipo IV (Tardia ou Celular) é uma resposta celular
mediada por células T, resultando na ativação de macrófagos e liberação de citocinas
inflamatórias. Esse tipo de hipersensibilidade pode ocorrer na dermatite de contato,
rejeição de enxertos, reações a alguns medicamentos.
Introdução à Imunofarmacologia 11
4. CLASSES DE FÁRMACOS
IMUNOMODULADORES
Introdução à Imunofarmacologia 12
REFERÊNCIAS
1. Abbas AK, Lichtman AH. Immunology: Basic and Clinical. 8th ed. Philadelphia:
Elsevier; 2020.
2. Kuby J, et al. Immunology. 7th ed. New York: W. H. Freeman; 2013.
3. Whalen K, Finkel R, Panavelil TA. Lippincott Illustrated Reviews: Pharmacology.
6th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer; 2015.
Escrito por Allison Diêgo da Silva Bezerra em parceria com inteligência artificial
via chat GPT 4.0.
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Imunizações
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Imunização ativa.................................................................................................3
4. Imunização passiva...........................................................................................17
8. Raiva.................................................................................................................21
Referências ...................................................................................................... 25
1. INTRODUÇÃO
A imunidade de um indivíduo pode ser de forma ativa, ou seja, o próprio indiví-
duo produz seus próprios anticorpos, podendo ser natural, adquirida após alguma
infecção ou artificial, adquirida após a vacinação. Existe ainda a imunidade passiva,
quando o indivíduo recebe os anticorpos já prontos, podendo ser natural através da
passagem transplacentária ou aleitamento materno, ou artificial através das imuno-
globulinas. Vamos iniciar nossa abordagem através da imunidade ativa e posterior-
mente abordaremos a imunidade passiva.
2. IMUNIZAÇÃO ATIVA
As práticas de imunizações são geralmente baseadas em evidências científicas
atualizadas, nas características das vacinas, na epidemiologia das doenças e nas
características do hospedeiro. Existem alguns calendários nacionais, dentre eles o
fornecido pela SBP e o programa Nacional de Imunizações pelo Ministério da Saúde.
O calendário SBP é elaborado para crianças e adolescentes hígidos (do nascimento
até 19 anos de idade). Para aqueles com imunodeficiências ou em situações epide-
miológicas específicas, as recomendações podem sofrer alterações.
Quando a vacinação ocorre fora da faixa etária preconizada, pode haver reajuste
dos esquemas podem ser adaptados de acordo com a idade de início, respeitando-
se os intervalos mínimos entre as doses.
Todas as vacinas podem ocasionar eventos adversos, em geral leves e transitó-
rios, e que devem ser informados à família. É importante que o médico pediatra in-
forme aos responsáveis das crianças e adolescentes a importância das vacinações
na prevenção de doenças e a proteção que é conferida para a população.
Imunizações 3
É importante conhecer as principais contraindicações da vacinação por vírus vi-
vos atenuados ou bactérias vivas atenuadas. São elas:
• Imunodeficiência congênita ou adquirida
• Gestantes (exceto se situação de alto risco para algumas doenças, como febre
amarela, poliomielite, sarampo)
• Neoplasias malignas
• Terapia imunossupressora (radioterapia, quimioterapia, uso de
imunossupressores).
• Uso de corticosteroides em altas doses (equivalente a 2 mg/ kg/dia ou ≥ 20
mg/dia de prednisona em crianças), por mais de 15 dias.
Além disso, é importante reconhecer quando a vacinação deve ser adiada
temporariamente:
• Episódios de doenças agudas febris (principalmente para evitar confusão entre
os eventos adversos de algumas vacinas e a evolução clínica da doença)
• Até 30 dias após o término de corticoterapia em dose imunossupressora
• Até 90 dias após o uso de outros medicamentos ou tratamentos que provo-
quem imunossupressão
Até no mínimo 3 meses (variação de acordo com a vacina de 3 a 12 meses) após
transplante de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea) para vacinas com mi-
crorganismos não vivos e 2 anos para vacinas com microrganismos vivos;
• De 3 a 11 meses após transfusão de plasma fresco ou imunoglobulinas, para
vacinas com vírus vivos, em razão da possibilidade de neutralização do antíge-
no vacinal por anticorpos presentes nesses produtos.
As vacinas podem possuir diversos componentes, dentre eles podemos citar:
agentes atenuados, agentes inativados, partes de agentes etiológicos e produtos
modificados do metabolismo (toxoides purificados).
PRODUTOS
AGENTES AGENTES PARTES DE AGENTES
MODIFICADOS
ATENUADOS INATIVADOS ETIOLÓGICOS
DO METABOLISMO
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3. TIPOS DE VACINAS
DISPONIBILIZADOS NO CALENDÁRIO
DE VACINAÇÃO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA E
PROGRAMA NACIONAL DE
IMUNIZAÇÕES
Contraindicações da BCG
• Relativas: RN com peso < 2.000g e lesões dermatológicas extensas afetando o
local de aplicação da vacina.
• Absolutas: imunodeficiências congênitas e adquiridas. Crianças com expo-
sição perinatal ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) devem receber
a vacina ao nascimento, porém, aquelas que chegam ao serviço ainda não
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vacinadas, devem receber a BCG somente se sintomáticas e sem sinais de
imunodepressão.
3.2. Hepatite B
A vacina da hepatite B é composta pelo antígeno de superfície do vírus da hepa-
tite B (HbsAg), obtido por engenharia genética, purificado e associado ao adjuvante
hidróxido de alumínio.
Durante as 12h de vida do recém-nascido, recomenda-se aplicar a primeira dose
da vacina Hepatite B. Aos dois meses aplica-se a segunda dose e no sexto mês a ter-
ceira dose.
Desde 2012, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina combinada
DTP/Hib/HB (Penta) foi incorporada no calendário aos 2, 4 e 6 meses de vida. Dessa
forma, os lactentes que fazem uso desta vacina recebem quatro doses da vacina
Hepatite B. Aqueles que forem vacinados em clínicas privadas podem manter o
esquema de três doses, primeira ao nascimento e segunda e terceira dose aos 2 e
6 meses de idade. Nestas duas doses, podem ser utilizadas vacinas combinadas
acelulares – DTPa/IPV/Hib/HB. Crianças com peso de nascimento igual ou inferior
a 2 Kg ou idade gestacional < 33 semanas devem receber, obrigatoriamente, além da
dose de vacina ao nascer, mais três doses da vacina (total de 4 doses: 0, 2, 4 e 6 me-
ses). Crianças maiores de 6 meses e adolescentes não vacinados devem receber 3
doses da vacina no esquema 0, 1 e 6 meses.
A vacina combinada Hepatite A+B pode ser utilizada na primo vacinação de crian-
ças de 1 a 15 anos de idade, em 2 doses com intervalo de seis meses. Acima de 16
anos o esquema deve ser com três doses (0, 1 e 6 meses). Em circunstâncias excep-
cionais, em que não exista tempo suficiente para completar o esquema de vacinação
padrão de 0, 1 e 6 meses, pode ser utilizado um esquema de três doses aos 0, 7 e 21
dias (esquema acelerado). Nestes casos uma quarta dose deverá ser feita, 12 meses
após a primeira, para garantir a indução de imunidade em longo prazo.
Recém-nascidos filhos de mães portadoras do vírus da hepatite B (HbsAg posi-
tivas) devem receber, além da vacina, a imunoglobulina específica para hepatite B
(HBIG), na dose 0,5mL, até o sétimo dia de vida, preferencialmente logo ao nascer, no
membro inferior contralateral da vacina.
Contraindicações da Hepatite B
Reação anafilática prévia a qualquer componente da vacina e púrpura tromboci-
topênica pós-vacinal.
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3.3. DTP/DTPa – Difteria, Tétano e Pertussis
(tríplice bacteriana).
É uma vacina combinada composta por toxoides diftérico e tetânico e pelo com-
ponente pertussis, sendo a bactéria Bordetella pertussis inteira em suspensão celu-
lar inativada ou componentes antigênicos da bactéria (toxina pertussis, pertactina,
hemaglutinina filamentosa ou proteínas fimbriais), designada de pertussis acelular.
Uma das opções à DTP que possui células inteiras é a DTPa que é uma forma ace-
lular o que reduz a reação imune após aplicação e apresenta eficácia semelhante.
Ao todo são 5 doses, uma aos 2 meses, 4 meses, 6 meses e o primeiro reforço
aos 15 meses. Entre quatro e seis anos aplica-se a segunda dose de reforço.
As reações adversas são comuns a vacina DTP (células inteiras), sendo elas: ede-
ma temporário, aumento da sensibilidade e eritema (vermelhidão) no local da injeção
em conjunto com febre ocorrem em uma grande proporção de casos. Pode ainda
ocorrer vacina. Episódio hipotônico hiporresponsivo (EHH) e convulsões febris têm
sido relatados a uma taxa de 1 por 12.500 doses administradas. Tais casos de rea-
ções adversas graves devem ser notificados, mas a criança pode continuar com seu
esquema de vacinação normal, com a vacinação DTPa (acelular). Casos de encefa-
lopatia, está contraindicada qualquer dose subsequente, seja com a vacina tríplice
bacteriana de células inteiras ou acelular. Nessas situações, completa- se o esquema
vacinal com a vacina dupla infantil (DT).
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3.4. dT/dTpa
Pacientes com esquema primário ou incompleto devem receber doses de reforço.
Crianças com mais de 7 anos não imunizadas ou sem comprovações da vacinação
devem receber três doses da vacina.
A dTpa faz parte das vacinas da gestante e deve ser aplicada na vigésima semana
ou no puerpério, imunizando indiretamente o recém-nascido.
3.5. Hib
A HIN inclui ação contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus in-
fluenza tipo B.
A vacina Haemophilus influenzae tipo b (Hib) é composta por um
Polirribosilfosfato (PRP) (polissacáride capsular) purificado do Hib, conjugado a uma
proteína. Existem 4 tipos de vacina de acordo com a proteína conjugada: PRP-OMP
(proteína meningocócica da membrana externa), PRP-CRM (proteína diftérica mutan-
te), PRP-T (proteína tetânica) e PRP-D (toxoide diftérico).
A vacina é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade. Quando uti-
lizada pelo menos uma dose de vacina combinada com componente pertussis ace-
lular (DTPa/Hib/IPV, DTPa/Hib, DTPa/Hib/IPV,HB, etc.), uma quarta dose da Hib deve
ser aplicada aos 15 meses de vida. Essa quarta dose contribui para diminuir o risco
de ressurgimento das doenças invasivas causadas pelo Hib em longo prazo.
Contraindicações:
• Doenças febris agudas.
• Hipersensibilidade aos componentes vacinais.
3.6. VIP/VOP
A vacina injetável de poliovírus inativados (VIP) e a vacina oral de poliovírus vivos
atenuados (VOP) apresentam em sua composição poliovírus tipo 1, 2 e 3, sendo a
VOP os tipos 1 e 3 e a VIP 1, 2 e 3.
Recomenda-se que a vacina pólio inativada seja feita concomitantemente com
as três primeiras doses que são aplicadas com 2, 4 e 6 meses. Desde 2016 a vacina
VOP é bivalente, contendo os tipos 1 e 3 do poliovírus, podendo ser utilizada na roti-
na nas doses de reforço ou nas Campanhas Nacionais de Vacinação, devido a casos
associados de poliomielite viral.
Evitar VOP em todas as crianças imunocomprometidas e nos seus contatos domi-
ciliares. Nestas circunstâncias utilizar a VIP.
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Contraindicações:
• VIP: em casos de reação alérgica grave prévia aos produtos contidos na vacina.
• VOP: não deve ser administrada em pacientes imunodeprimidos e seus comuni-
cantes e em indivíduos que desenvolveram pólio vacinal associados a doses ante-
riores da vacina. Os vírus da VOP podem sofrer mutações a nível intestinal, podendo
provocar poliomielite paralítica pelo vírus da vacina – VAPP. Além disso, caso os
vírus mutantes não sejam eliminados do intestino, eles continuam circulando na
comunidade e aumentam seu grau de virulência. Caso as coberturas vacinais não
sejam adequadas e elevadas, os vírus podem causar poliomielite em surtos na popu-
lação - poliovírus circulante derivado da vacina – cVDPV.
Contraindicações:
• Reações anafiláticas com doses anteriores.
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MenACWY-CRM e MenACWY-TT a partir de 2 meses e a vacina MenACWY-D a partir
de 9 meses de vida. O esquema de doses varia conforme a vacina utilizada. MenC:
duas doses, aos 3 e 5 meses e reforço com 12 a 15 meses. Com início depois do pri-
meiro ano: dose única. MenACWY-CRM: três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade e re-
forço entre 12-15 meses. Iniciando entre 7 e 23 meses de idade: 2 doses, sendo que
a segunda dose deve ser obrigatoriamente aplicada após a idade de 1 ano (mínimo
2 meses de intervalo). Iniciando após os 24 meses de idade: dose única. MenACWY-
TT: duas doses, aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando
após 1 ano de idade: dose única. MenACWY-D: licenciada a partir de 9 meses de
idade no esquema de duas doses entre 9 e 23 meses com 3 meses de intervalo entre
elas; acima de dois anos dose única. A recomendação de doses de reforço 5 anos
após (entre 5 e 6 anos de idade para os vacinados no primeiro ano de vida) e na ado-
lescência (a partir dos 11 anos de idade) é baseada na rápida diminuição dos títulos
de anticorpos associados à proteção, evidenciada com todas as vacinas meningo-
cócicas conjugadas. Não existem dados sobre intercambialidade entre as vacinas
meningocócicas conjugadas.
Contraindicações:
• Reações anafiláticas com doses anteriores
3.10. Rotavirus
Existem duas vacinas licenciadas: a monovalente que é composta pela cepa hu-
mana atenuada (RIX4414) do sorotipo G1P1A [8] do rotavírus, disponível na rede
pública de saúde, que apresenta alguns epítopos compartilhados comuns a outras
cepas, conferindo proteção cruzada contra outras sorotipos; e a pentavalente, huma-
no- bovina, tipos G1G2G3G-4P1A, disponível somente na rede privada.
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Contraindicações
• Imunodeficiências congênitas e adquiridas (as crianças expostas ao HIV no pe-
ríodo perinatal e as infectadas que não têm sintomas e sinais de imunodepres-
são devem receber a vacina)
• Alergia a algum componente da vacina
• Doença gastrointestinal crônica
• Malformação congênita do trato digestivo ou história prévia de invaginação
intestinal.
• Em casos de doença febril aguda e em caso de vômitos e/ ou diarreia grave, a
vacinação deve ser adiada.
3.11. Influenza
A vacina influenza. É composta por vírus inativados e fragmentados.
Crianças acima de 6 meses de idade deve receber a vacina. Se a idade da criança
for menor que 9 anos recomenda-se duas doses com intervalo de um mês. O reforço
é feito anualmente devido a sazonalidade da doença.
Contraindicações
• Reações anafiláticas aos componentes da vacina
• Reações anafiláticas a proteínas do ovo.
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• Corticoterapia em altas doses ou outras drogas utilizadas na terapêutica de
neoplasias
• Imunodeficiência celular congênita ou adquirida (exceto crianças infectadas
pelo HIV assintomáticas e com percentual de linfócitos T CD4+ > 15%)
3.13 Hepatite A
Recomenda-se sua administração após o primeiro ano de vida em duas doses ou
dose única aos quinze meses.
Contraindicações
• Hipersensibilidade aos componentes da vacina.
Contraindicações:
• Imunodeficiências congênitas ou adquiridas
• Situações que levem a imunossupressão
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• Reações anafiláticas a ovo
• Gravidez.
3.15 HPV
A vacina do HPV é composta por partículas semelhantes ao vírus HPV (virus-like
particle – VLP) inativadas.
Há duas opções vacinais no Brasil contra o HPV:
1. VLPs ( vírus like-particle) em duas doses com espaço de 6 meses entre elas pa-
ra crianças de 9 a 14 anos. Adolescentes com 15 anos devem fazer três doses..
A HPV4 está indicada para ambos os sexos (é a vacina disponível no PNI);
2. a HPV2 apenas para indivíduos do sexo feminino. Imunodeprimidos por doença
ou tratamento devem receber o esquema de três doses.
Contraindicações:
• Hipersensibilidade aos componentesda vacina
• Gestantes (caso a paciente engravide após o início do esquema vacinal, as do-
ses subsequentes deverão ser adiadas até o período pós-parto)
3.16 Dengue
A vacina dengue foi licenciada em nosso país no esquema de três doses (0, 6 e 12
meses) e está recomendada para crianças e adolescentes a partir de 9 anos até no
máximo 45 anos de idade que já tiveram infecção prévia pelo vírus da dengue.
Não é recomendado durante a gestação, mulheres que amamentam e portadores
de imunodeficiências.
A vacina não deve ser administrada simultaneamente com outras vacinas do
calendário.
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Tabela 2: Calendário de vacinação 2019 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Fonte: Adaptado da SBP
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Tabela 3: Calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor
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CALENDÁRIO VACINAL
Contraindicado em: DTP reforço Indicado para indivíduos HPV (2 doses meninas
Contraindicado em casos de que já tiveram de 9 a 14 anos/
Contraindicado em casos de reações imunodeficiências infecção prévia pelo meninos: 11 a 14
reações alérgicas anafiláticas aos congênitas ou Varicela vírus da dengue anos)
prévias a vacina componentes adquiridas, situações
da vacina que levem a
às proteínas do ovo imunossupressão,
reações anafiláticas a
ovo, gravidez
12 meses 15 meses
Pneumo 10 Meningo C Tríplice viral Tetra viral VOP reforço Hepatite A DTP reforço
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4. IMUNIZAÇÃO PASSIVA
A imunização passiva é feita através de imunoglobulinas ou soros heterólogos.
A imunização passiva artificial heteróloga, é conferida por transfusão de anticor-
pos obtidos do plasma de animais previamente vacinados, geralmente equinos, ou
homóloga, conferida por transfusão de anticorpos obtidos do plasma de seres huma-
nos. A imunoglobulina humana (homóloga) é extraída de voluntários, sendo muito
menos reatogênica que os soros (heteróloga), obtidos de equinos. As imunoglobuli-
nas podem ser normais ou específicas. A imunoglobulina humana normal (gamaglo-
bulina), obtida de doadores não selecionados, tem espectro de proteção maior, pois
inclui anticorpos capazes de proteger contra mais de uma doença, como o sarampo,
hepatite A, Doença de Kawasaki. As imunoglobulinas humanas específicas (gama-
globulinas hiperimunes) são direcionadas especialmente para a proteção contra
determinados microrganismos ou toxinas, causadores de doenças tais como téta-
no, hepatite B, raiva, varicela. São obtidas de doadores humanos selecionados, que
apresentam alto título sérico de anticorpos contra a doença específica, geralmente
pessoas recentemente vacinadas contra as respectivas doenças contra as quais se
deseja proteger.
5. PROFILAXIA DA HEPATITE B
O vírus da hepatite B apresenta diversos genótipos, com distribuição geográfica
diferenciada, e que estão diversamente relacionados à gravidade da infecção e à ten-
dência a ocasionar doença crônica. A transmissão do VHB ocorre: de mãe para filho
ao nascimento, por via sexual, por ferimentos cutâneos, por compartilhamento de
seringas e agulhas entre usuários de drogas, por transfusão de sangue ou hemoderi-
vados e em acidentes com materiais biológicos.
Pode ocorrer a transmissão neonatal em 90% dos casos em que a mãe é AgHBs
positivo e AgHBe positivo, e em 10% dos casos em que é apenas AgHBs positivo.
• Prevenção de infecção perinatal: crianças a termo de mães AgHBs positivas
devem receber vacina de hepatite B mais IGHAHB (imunoglobulina hiperimune
Imunizações 17
hepatite B), administradas em grupos musculares separados. Ambas devem
ser realizadas o mais precocemente possível, nas primeiras 12 a 24 horas de
vida. Nessas condições, a proteção conferida contra transmissão no momento
do parto é de praticamente 100%. A vacinação isolada nas primeiras 12 horas
após o nascimento é muito eficaz na prevenção da transmissão vertical do
VHB, mas é possível que a adição de imunoglobulina confira uma pequena pro-
teção adicional. A imunoglobulina deve ser aplicada em até 7 dias após o parto,
porém quanto mais precoce, melhor é a eficácia.
6. PROFILAXIA PÓSEXPOSIÇÃO
VARICELA
A varicela, doença infectocontagiosa comum na infância, resulta da infecção pri-
mária produzida por vírus da família Herpes viridae, denominado vírus varicela-zoster
(VVZ). Após a primo-infecção, o VVZ pode permanecer latente no organismo hu-
mano por longo período. Sua reativação resulta em herpes-zoster, enfermidade que
ocorre com maior frequência em indivíduos imunodeprimidos e em idosos.
O início da varicela em gestantes no período compreendido entre cinco dias antes
e dois dias após o parto resulta em varicela grave em recém-nascidos. A profilaxia da
varicela deve ser feita preferencialmente pré-exposição, por intermédio de vacina. A
vacina também pode ser utilizada pós-exposição para indivíduos imunocompetentes
suscetíveis. Para indivíduos imunodeprimidos é indicado para profilaxia pós-exposi-
ção o uso de imunoglobulina humana específica (IGHAVZ). São 3 situações em que
pode ser utilizada a profilaxia pós exposição: em casos de profilaxia da varicela con-
gênita, profilaxia de varicela neonatal e bloqueio de surto de varicela hospitalar.
Imunizações 18
Saiba mais! A imunoglobulina humana antivaricela-zoster (IGHA
VZ) é obtida de plasma humano contendo títulos altos de IgG contra o vírus da
varicela. Na profilaxia pós-exposição, ela pode ser utilizada a partir de 9 meses
de idade. A dose da vacina (VZ) é, geralmente, de 0,5 mL, devendo ser aplica-
da por via subcutânea. A dose de IGHAVZ é de 125 U para cada 10 kg de peso
corporal, dose mínima de 125 U e máxima de 625 U, devendo ser aplicada por
via intramuscular, administrada nas primeiras 96 horas depois de ter ocorrido o
contato.
Imunizações 19
7. PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO DO
TÉTANO
É importante a avaliação da história de vacinação contra o tétano e o tipo de fe-
rimento (limpo e superficial ou dealto risco – profundo ou sujo, feridas puntiformes,
corpos estranhos, presença de tecidos desvitalizados, mordeduras, queimaduras, fe-
rimento por armas branca ou de fogo, politrauma e em casos de fratura exposta).
Pode ser administrada em qualquer idade, por via IM e em grupo muscular diferen-
te daquele onde for aplicada a vacina que contenha o toxoide tetânico. A dose é de
250 UI, tanto para adultos quanto para crianças. A meia vida da imunoglobulina é de
cerca de 21 a 28 dias, em indivíduos sem imunização prévia e a meia vida do soro é
de 14 dias em indivíduos normais. Na tabela a seguir você confere as indicações de
tratamento para a profilaxia pós exposição ao tétano:
Imunizações 20
FERIMENTO LIMPO E
OUTROS FERIMENTOS
HISTÓRIA DE SUPERFICIAL
VACINAÇÃO TÉTANTO
DT OU DTP IGHAT OU SAT DT OU DTP IGHAT OU SAT
VACINAÇÃO COMPLETA
*em pessoas com imunossupressão, idosos ou desnutridos graves, além de vacinação usar IGHAT OU
SAT. / Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT), soro antitetânico (SAT)
Eventos adversos:
Locais: eritema, enduração e dor de intensidade leve são comuns.
Sistêmicos: febre, mal-estar, cefaleia, sintomas gastrointestinais, exantema.
Alérgicos: anafilaxia é rara.
8. RAIVA
A raiva é um problema de saúde pública no Brasil, não pelo número de casos noti-
ficados, mas por sua alta letalidade, praticamente 100%, sendo na América do Sul o
cão o principal transmissor.
Imunizações 21
Saiba mais! As vacinas contra raiva podem ser de dois tipos: va-
cinas de tecido nervoso e vacinas de cultura de células. A IGHAR é composta
de imunoglobulinas específicas contra o vírus da raiva e é obtida do plasma de
doadores selecionados (pessoas submetidas recentemente à imunização ativa
contra raiva) com altos títulos de anticorpos específicos. A IGHAR é apresenta-
da sob forma liofilizada, em frascos-ampola com 150 UI (1 mL), 300 UI (2 mL)
e 1.500 UI (10 mL). Os soros são obtidos de equídeos imunizados contra raiva.
Ambos possuem meia vida de anticorpos de aproximadamente 21 dias. A dose
é única, de 20 UI/kg. Não aplicar mais que o volume recomendado, para evitar
possível prejuízo na imunização ativa. A imunoglobulina deve ser administrada
dentro ou ao redor do ferimento.
Sadio
Raivoso ou Cão/gato
desaparecido raivoso,
desaparecido
ou morto,
4 doses de animais
vacina (D0, D1, silvestres ou
D7 E D 14) de produção
Imunizações 22
• Em casos de acidentes graves (ferimento nas mãos, no pescoço, nos pés, na
cabeça, profundos, múltiplos, lambedura de mucosas ou de pele com lesão pro-
funda, ferimento profundo por unha de animal ), deve-se avaliar as condições
do animal:
Observar por
10 dias
Completar
esquema
(D7 e D14)
+ soro/IGAR
(aplicar ao
redor da lesão
Raivoso ou
e o restante
desaparecido
intramuscular)
em até 7 dias
Morcegos
Cão/gato raivoso,
desaparecido ou
4 doses de vacina morto, animais
+ soro/IGAR silvestres ou de
produção
Imunizações 23
Precaução pós uso das imunoglobulinas
É importante determinar o intervalo para a aplicação de vacinas atenuadas confor-
me o uso de imunoglobulinas.
Hemácias lavadas -
Imunizações 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNTON, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª
ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2012.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
WHALEN, KAREN; FINKEL, RICHARD; PANAVELIL, THOMAS A. Farmacologia ilustra-
da. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
HOOPER, DAVID C. Fluoroquinolones. UpToDate. 2019. Disponível em: < http://www.
uptodate. com/online>. Acesso em: 25/01/2020.
Imunizações 25
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Anti-Histamínicos
SUMÁRIO
1. Mecanismos imunológicos das alergias.................................................................... 3
Referências ..................................................................................................................... 13
1. MECANISMOS IMUNOLÓGICOS
DAS ALERGIAS
Anti-Histamínicos 3
mais comumente o nariz, olhos, pele e pulmões. Essas doenças incluem conjuntivi-
te, dermatite atópica extrínseca (o eczema mais comum), urticária imunomediada,
angioedema imunomediado, alergia aguda ao látex, algumas doenças pulmonares
alérgicas (asma alérgica, componentes mediados pela IgE da aspergilose bronco-
pulmonar alérgica), rinite alérgica e reações alérgicas a picadas venenosas.
Figura 1. Mecanismo de alergia. As moléculas de IgE se ligam aos mastócitos. Quando o alérgeno
entra no corpo pela segunda vez, os anticorpos IgE reagem, mastócitos liberam histamina.
Fonte: Designua/Shutterstock.com.
Anti-Histamínicos 4
Figura 3. Infográfico de sintomas de alergia. Vetor de uma mulher com sintomas de alergia.
Fonte: IgdeevaAlena/Shutterstock.com
Aeroalérgenos
Poluentes
Irritantes
Anti-Histamínicos 5
Saiba mais! Na prática clínica, é fundamental conversar
com o paciente sobre os desencadeantes de suas crises e, caso
a caso, observar quais perfumes, odores e alérgenos do ambiente
devem ser evitados visando reduzir as crises e processos inflama-
tórios mesmo que subclínicos subsequentes à exposição a essas
substâncias.
2. HISTAMINA: RECEPTORES
E PRINCIPAIS AÇÕES
FISIOLÓGICAS DA HISTAMINA
Anti-Histamínicos 6
Saiba mais! Nos últimos anos, o tratamento preconizado
para a rinite alérgica é a associação de anti-histamínicos e corticos-
teróides tópicos nasais.
Anti-Histamínicos 7
que um agonista, mas induzindo uma resposta farmacológica oposta. Os anti-histamí-
nicos, antagonistas H1inibem mecanismos inflamatórios e alérgicos e acabam sendo
utilizados para várias condições como em casos de rinite, urticária, alergia a alimentos
e outros. Os anti-histamínicos (antialérgicos) são classificados em dois grupos: anti-
-histamínicos de “primeira geração”, mais antigos, também chamados de “clássicos”
ou “sedantes”. Anti-histamínicos de “segunda geração”, mais recentes, chamados de
“não clássicos” ou “não sedantes” Em ordem de aparecimento, os anti-histamínicos se-
dativos foram desenvolvidos primeiro, seguidos dos não sedativos. Os sedativos têm
essa característica, pois conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e se liga a
receptores de histamina no sistema nervoso central e bloqueia o mecanismo de vigília.
Em razão da sua estrutura molecular lipofílica, cruzam mais facilmente essa barrei-
ra. Nesse sentido, alguns desses anti-histamínicos são utilizados com a intenção de
sedar como a prometazina (associado ao haloperidol) em emergências psiquiátricas;
a hidroxizina, por exemplo, é utilizada para sedação de crianças no caso de procedi-
mentos de exames. Contudo, devido à sua atividade em receptores muscarínicos - que
desempenham ação anticolinérgica -, adrenérgicos e serotoninérgicos, esses fármacos
possuem efeitos adversos. Na prática, conhecer tais efeitos e explica-los aos pacien-
tes é fundamental. Os efeitos colaterais dos anti-histamínicos de primeira geração (se-
dativos) são:
• Por interação com receptor H1: depressão do sistema nervoso central, expressa
em manifestações como menor rendimento cognitivo e neuropsicomotor e seda-
ção. Por outro, pode levar também a elevação de apetite;
• Por ativação de receptores alfa-1-adrenérgicos: manifestações cardiovascula-
res como taquicardia reflexa, tontura e hipotensão;
• Por ativação de receptores muscarínicos: taquicardia sinusal, diminuição do
débito urinário (retenção urinária) e diminuição da salivação (xerostomia);
• Por ativação de canais iônicos cardíacos, principalmente o IKr: arritmias ven-
triculares e possível prolongamento do intervalo Q-T;
• Por ativação de receptores serotoninérgicos: aumento importante da fome/
apetite.
Anti-Histamínicos 8
Efeitos adversos da estimulação dos receptores pela histamina.
O fato de serem não-sedativos, com menor efeito anticolinérgico, fez com que
os anti-histamínicos de segunda geração se destacassem. Em comparação com os
de primeira geração, ou clássicos, esses fármacos possuem a vantagem de ofertar
todos os resultados terapêuticos dos primeiros, sem grande parte dos seus efeitos
adversos. Os mais conhecidos representantes dessa classe são a loratadina, deslora-
tadina, fexofenadina, ebastina, carebastina, mizolastina, epinastina, cetirizina e rupa-
tadina. Apesar do que foi dito anteriormente, como todo medicamento, eles também
apresentam alguns efeitos adversos, interação com outras drogas, e peculiaridades
em sua metabolização e eliminação que devem ser conhecidas antes de prescrevê-
-los. Alguns de seus pontos positivos são sua fácil absorção e seu menor tempo de
meia-vida, o que faz com que eles sejam excretados rapidamente.
No que tange sua composição química, eles atuam como substrato da glicoprote-
ína P (gP), uma glicoproteína expressa nos tecidos humanos e que compõem o sis-
tema de desintoxicação, removendo e secretando substâncias. Por isso apresentam
menor atividade sedativa que seus antecessores. Em outras palavras, a gP os retira
do sistema nervoso central precocemente e reduz seus efeitos corticais. Ainda, o
Anti-Histamínicos 9
sistema da gP também atua no trato gastrointestinal, na porção proximal dos túbulos
renais, nas células endoteliais pertencentes ao sistema nervoso central, nos canalícu-
los biliares e até mesmo na placenta. Outros fatores que corroboram para seu menor
efeito sob estruturas nervosas é sua baixa afinidade por receptores serotoninérgicos
e adrenérgicos e sua dificuldade em atravessar a barreira hematoencefálica (devido
ao seu caráter anfotérico).
Entre os medicamentos pertencentes a essa classe e citados anteriormente, te-
mos a fexofenadina, que se mostrou um anti-histamínico seguro, sem manifestações
cardiovasculares indesejadas ainda que altas doses sejam administradas. É uma das
únicas que não são metabolizadas pelo CYP, logo, não interagem com seus agonistas
e antagonistas. Tal qual a fexofenadina, a epinastina não depende da via CYP para ser
metabolizada e, consequentemente, não interage com substâncias dessa via hepá-
tica. Já a loratadina, diferente da fexofenadina, pode interagir com substâncias que
estão associadas à via CYP. Um importante metabólito seu, a desloratadina, merece
atenção e monitoramento mais cuidadoso quando administrada junto com inibidores
do CYP (como eritromicina e cetoconazol) pois isso pode levar a aumento de suas
concentrações plasmáticas. Contudo, não há relatos de efeitos eletrocardiográficos
indesejados. Esse mesmo processo é válido para a mizolastina. Por fim, temos a
ebastina, quimicamente comparável com a terfenadina e que sofre metabolização
plena em via hepática, por ação do CYP3A4, dando origem a compostos ativos como
a carebastina.
Anti-histamínicos H1 de Anti-histamínicos H1 de
primeira geração segunda geração
Anti-Histamínicos 10
5. ANTI-HISTAMÍNICOS DE USO TÓPICO
E DESCONGESTIONANTES NASAIS
Anti-Histamínicos 11
RESUMO
Composto nitrogenado
H3 H2 H1
Reguladora na fisiologia
Células enterocromafim
-símiles
intestinal
H4
Receptores Basófilos
Neurotransmissor
N
Respostas imunológicas
ANTI - Sedação
HISTAMÍNICOS
Polens Linfócitos B
Animais de pelo
Anti-H1
Imunoglobulina
Menoresefeitos anticolinérgicos Histamina
Irritantes
Mais facilmente absorvidos IgE Mastócitos
Poluentes
Anti-Histamínicos 12
REFERÊNCIAS
DE BENEDICTIS, F. M.; DE BENEDICTIS, D.; CANONICA, G. W. New oral H1 antihista-
mines in children: facts and unmeet needs. Allergy, v. 63, n. 10, p. 1395-1404, 2008.
GOLAN, David E.; TASHJIAN Jr, Armen H.; ARMSTRONG, Ehrin J.; ARMSTRONG, April
W. Princípios de Farmacologia – A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2. ed.
Guanabara Koogan, 2009.
IV CONSENSO BRASILEIRO SOBRE RINITES 2017. Disponível em: http://www.sbai.
org.br/imageBank/consenso-rinite-9-27-11-2017_final.pdf. Acesso em: 10 jul. 2021.
NORMA DE PAULA, M. Rubini et al. Guia prático sobre controle ambiental para pa-
cientes com rinite alérgica. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, v. 1, n. 1, p.
7-22, 2017.
Figura 1: Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://
www.shutterstock.com/pt/image-illustration/mechanism-allergy-result-aberrant-
-immune-response-191956637 >. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023.
Figura 2: Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://
www.shutterstock.com/pt/image-vector/mechanism-mast-cell-degranulation-during-
-allergic-1828960358 >. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023.
Anti-Histamínicos 13
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